3. 100 PREVENIR junho 2012
ção. O simples desejo de melhorar
a relação, a comunicação, também
é um motivo. O sentimento de
solidão, o aborrecimento, a des-
confiança, as lutas pelo poder, a
critica constante ou um episódio
que deixou marcas profundas,
como uma relação extraconjugal,
são sinais de alarme de que o casal
precisa de ajuda.
P) O que acontece numa primei-
ra sessão?
AW) O casal descreve o seu pro-
blema e objetivo. Geralmente,
seguem-se seis sessões, em que sigo
um método sistémico. Estamos
habituados a pensar linearmente
(achamos que cada problema tem
uma causa), mas as relações não
funcionam assim: uma causa é
sempre um efeito e um efeito é
sempre uma causa. Esta circula-
ridade é uma das condições mais
importantes do método sistémico.
P) Que sistemas são analisados
pelo terapeuta de casal?
AW) Analisamos, por exemplo,
as famílias de origem de ambos
os cônjuges (que influenciam a
perceção de cada um, os papéis, os
padrões e também os nossos limi-
tes), assim como a comunicação
verbal e não-verbal do casal, no
qual se enquadra a questão sexual.
Antes de tudo, o terapeuta vai
identificar a fase do ciclo da rela-
ção em que se encontra o casal,
porque em cada etapa há mudan-
ças e ajustamentos.
P) Por exemplo...
AW) O terapeuta de casal alemão
Arnold Retzer descreve o nasci-
mento do primeiro filho como
P) No início
da sua carreira,
como terapeuta
familiar,
começou por
trabalhar
com mulheres
vítimas
de cancro
da mama...
AW)
Acompanhava,
na fase de
diagnóstico, na
fase crónica
e/ou terminal,
essas mulheres
e a sua família.
A estratégia
principal de
um terapeuta
familiar é a
manutenção
dacomunicação
entre os
membros da
família e entre
a família e a
equipa médica.
P) Quais os maiores desafios
para as famílias?
AW) É preciso que se ajustem às
exigências físicas, emocionais e
financeiras, de modo a que possam
responder às necessidades do fami-
liar doente, mas simultaneamente
também precisam de continuar a
viver as suas próprias vidas. Este é
o ponto de equilíbrio que o tera-
peuta ajuda a encontrar.
P) O que aprendeu com essa
experiência?
AW)O diagnóstico de cancro pode
provocar desorientação, negação da
doença, revolta, depressão e medo,
ligado à confrontação com a mor-
te. Durante este trabalho, conheci
verdadeiras guerreiras com quem
aprendi que o medo pode permitir-
-nos florescer. No início, é uma
montanha de escuridão mas quase
todas as mulheres que conheci con-
seguiam usá-lo como um mecanis-
mo criador de energia positiva.
Esta experiência permitiu-me
também conhecer a associação
Laço, que faz um trabalho exce-
cional na luta contra o cancro da
mama, e da qual fiquei membro.
P) É possível voltar a ser feliz de-
pois de se perder parte da nossa
identidade corporal, sexual?
AW) Absolutamente. Não conheci
nenhuma mulher que não tivesse
voltado a sorrir.
P) Atualmente, dedica-se à te-
rapia de casal. Em que casos se
justifica procurar a ajuda de um
terapeuta?
AW) Quando, pelo menos, um
dos cônjuges sente que há mais so-
frimento do que satisfação na rela-
4. 101junho 2012 PREVENIR
IDADE
40ANOS
MEDIDAS
90-69-94
ROUPA36
ALTURA1,76M
PESO58KG
1 REGULARMENTE
Faz limpezas de pele
profundas, na Clínica
Maló, e já experimentou
microdermoabrasão
(esfoliação com
cristais finos).
Faz drenagem linfática,
para estimular a circulação,
eliminar toxinas e
combater a celulite.
1 TODOS OS DIAS
Usa hidratante, protetor
solar FPS 50 e creme
de contorno de olhos,
de manhã.
1 TODAS AS NOITES
Aplica um sérum anti-idade
e um creme de noite.
1 SEMANALMENTE
Esfolia a pele do rosto
e aplica uma máscara
de hidratação.
ANTI-IDADE
9 CUIDADOS
DE BELEZA
QUE ASTRID
WERDNIG
NÃO
DISPENSA
5. SEGREDOS
DE UMA
MODELO
PARA UM
CORPO
SAUDÁVEL
EXERCÍCIO +
ALIMENTAÇÃO
102 PREVENIR junho 2012
«um ataque terrorista à relação».
Nesta fase, é preciso incluir o papel
parental e, ao mesmo tempo, man-
ter o espaço para o casal. É natural
"congelar" a relação amorosa, du-
rante algum tempo, mas um dia é
preciso "retirá-la do gelo".
P) Qual a intervenção
do terapeuta?
AW) Vai conduzir a conversa, o
que significa que o diálogo será
diferente dos que o casal tem em
casa. O terapeuta pode alterar
o foco da atenção, colocando-
-o em áreas para as quais o casal
não costuma olhar. Uma pequena
diferença na perceção de cada um
pode introduzir uma mudança no
sistema, no comportamento.
P) Que erros podem destruir
um casamento?
AW) Embora cada relação seja
formada por dois indivíduos com
famílias de origem distintas, com
segredos, histórias e memórias
individuais e conjugais únicas, há
erros estudados por especialistas,
como John Gottman. Este psicó-
logo aponta como «cavaleiros do
apocalipse» da relação, por exem-
plo, a crítica negativa sobre o cará-
ter do outro e o desprezo, marcado
pelo sarcasmo, que conduz ao con-
flito. Destaca ainda a reação defen-
siva, que traduz a negação da res-
ponsabilidade dos erros, e o “muro
de silêncio” - que se forma quando
conversa se tornou impossível.
P) Da sua experiência enquanto
terapeuta familiar, quais os se-
gredos dos casais felizes?
AW) Alguns têm um ritual que
pode terminar uma discussão,
uma espécie de tábua de salvação
num estádio crítico, normalmente
associado ao riso, por exemplo,
fazer uma careta ou usar pistolas
de água... Rir frequentemente a
dois é, de resto, um dos grandes
segredos dos casais felizes. É tam-
bém muito útil quando encaramos
o nosso parceiro como um private
couch para o desenvolvimento da
personalidade. Desta forma, as crí-
ticas tornam-se úteis, ajudam-nos
no processo de desenvolvimento
pessoal.
P) Há outras estratégias?
AW) Saber encontrar o equilíbrio
entre a intimidade e a distância.
Muitas vezes, uma elevada neces-
sidade para a proximidade faz com
que um dos dois se sinta preso, que
não há nada de novo. O erotismo
e a paixão precisam de distância
e de uma pequena quantidade de
incerteza, especialmente em rela-
ções de longa duração.
É também preciso sentir e mostrar
reconhecimento ao outro e termos
sonhos, objetivos em comum.
P) É importante o casal projetar-
-se no futuro?
AW) Mais profundo do que isso, é
importante o casal ter uma filoso-
fia de vida, encontrar um sentido
de vida comum. Também é im-
portante ter uma memória seletiva,
lembrar os momentos positivos.
P) Dá aulas de filosofia. Qual o
lugar desta disciplina numa so-
ciedade quase sem lugar para a
reflexão? O que nos ensina sobre
a felicidade?
AW) A relação com a felicidade
foi sempre um dos temas centrais
1 «Privilegio produtos
biológicos e compro-os em
espaços de produtos de
mercado justo.»
1 «Não uso alimentos que
a minha bisavó não fosse
capaz de identificar»
1 «Adoro cozinhar e leio
imenso sobre alimentação
saudável.»
1 «Uso apenas óleo de
colza, azeite e óleo de
sementes de abóbora.»
1 «Preparo pratos
coloridos, com legumes e
fruta que ingiro pelo menos
três vezes por dia.
1 «Como cada vez menos
carne por razões éticas – não
concordo com a produção
em massa e o tratamento
dos animais.»
1 «Faço pão em casa.
Misturo farinha de centeio
com farinha de espelta
biológica.»
1 «Quase não uso produtos
brancos, prefiro a versão
integral (farinha, açúcar.)»
1 «Bebo todos os dias pelo
menos três chávenas de chá
verde do Japão.»
1 «Faço exercício, três
vezes por semana, na clínica
Maló onde sigo um plano no
ginásio definido pelo meu
personal trainer.»
1 «Pratico yoga em casa
e adoro fazer passeios de
bicicleta, em família, pelo
Alentejo e Algarve.»
«um ataque terrorista à relação».
Nesta fase, é preciso incluir o papel
parental e, ao mesmo tempo, man-
ter o espaço para o casal. É natural
"congelar" a relação amorosa, du-
«um ataque terrorista à relação».
6. 103junho 2012 PREVENIR
da filosofia. Aristóteles definia-a
como o objetivo final da nossa
existência, associando-a a virtu-
de, prosperidade, à vivência de
uma vida justa, à prática de ativi-
dade cívica e da própria filosofia.
Muitos dos conceitos de Epicuro
também estão presentes, hoje em
dia, na Psicologia Positiva.
P) Por exemplo?
AW) Vivermos de forma social-
mente ativa, o facto da amiza-
de, das relações familiares e da
relação conjugal serem fonte de
felicidade. Outra regra é viver
o aqui e agora, sem nos preocu-
parmos com o futuro e, ainda
menos, com a morte, porque
está fora da nossa capacidade de
perceção. É importante focar-
mo-nos nos aspetos positivos e
esta capacidade pode ser treina-
da: podemos regular ativamente
os nossos pensamentos, dando-
-lhes um significado positivo
ou negativo.
P) Há outras estratégias para
sermos felizes?
AW) Não nos compararmos com
os outros. Fazer comparações é
um mecanismo fantástico para fi-
carmos infelizes. A psicologia po-
sitiva dá-nos muitas outras regras,
por exemplo quanto ao signifi-
cado do trabalho na nossa vida, à
importância de termos expectati-
vas realistas. Eu sublinhava ainda a
necessidade de encontrarmos um
sentido para a vida... p
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INCERTEZA»