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Décima Parte
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa




                    Evidências do Erro Paleontológico

	        Toda pesquisa geológica é baseada em mapas feitos com as diversas rochas que compõem a
crosta do planeta. As rochas assim mapeadas têm de ser obrigatoriamente datadas e a datação consis-
te na determinação da exata ordem do seu aparecimento na crosta. Este o problema que se apresentou
aos cientistas brasileiros que iniciaram o trabalho de pesquisa geológica, e especialmente de petróleo,
na primeira parte do século passado. Em 1938 fora fundado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP)
e seus dirigentes tomaram providências para que as rochas, especialmente aquelas onde seria feita a
pesquisa de petróleo fossem datadas. Antes daquele ano, no Brasil, nada havia sobre o assunto, e as
datações eram feitas pelo sentimento de cada um dos homens incumbidos dos serviços do mapea-
mento.
	        Em 1942 foram tomadas as providências para que a informação fosse obtida. Contratou-se
um cientista especialista no assunto, e ele tomou providências para obter as informações de que pre-
cisavam os geólogos para desincumbir-se de obter o petróleo para o Brasil. Amostras de testemunhos
obtidas nos poços de petróleo construídos na Bacia do Recôncavo foram mandadas a laboratórios
especializados, tanto na Europa como nos Estado Unidos onde foram estudados por cientistas de
renome internacional naquele tempo.
	        As respostas pavimentaram um conhecimento que viria a ser um dos mais refinados estudos
feitos pela Estatal do Petróleo Brasileiro. Desse início formou-se no Brasil uma equipe de paleon-
tólogos que durante muito tempo pontificou no assunto. Material para ser estudado era abundante,
pois a fundação da Petrobras, no início da segunda metade do século, incrementou muito o serviço
de perfuração dos poços para pesquisa. Os sedimentos da Bacia são muito fossilíferos e este fato
ajudou os pesquisadores a montar uma coluna bioestratigráfica e com isso ficou completado o estudo
essencial para o mapeamento da Bacia.
	        Entretanto havia algo estranho no comportamento dos resultados das perfurações que cau-
sava preocupação. Os prospectos não funcionavam como era esperado. O estudo dos fósseis era per-
feito, mas não acontecia nas formações onde eles eram esperados. A continuidade da ocorrência dos
fósseis, completamente ao acaso, ou fora das suas posições esperadas levou ao surgimento de várias
teorias, algumas das quais se mantiveram e se mantêm até hoje, a despeito da sua fraca sustentação
teórica. Falhas que apareciam apenas para justificar a desordem paleontológica, diápiros sem qual-
quer apoio de fatos, discordâncias não reconhecidas regionalmente e até o simples desconhecimento
ou desprezo da análise feita no laboratório da Companhia se esta entrava em conflito com a opinião
do geólogo ou das chefias. A ocorrência aleatória dos fósseis colocou em cheque outra importante
arma da pesquisa na Bacia do Recôncavo. O serviço da geofísica também não funcionava. As pro-
fundidades previstas e encontradas eram conflitantes e até o embasamento era confundido com os
sedimentos e vice-versa.
	        A confusa bioestratigrafia entrou em contradição e conflito com a litoestratigrafia, seguindo-
se o desastre.
	        O serviço de perfuração ia de bom para melhor e o número de poços aumentava as descober-
tas e a produção de petróleo, o que embalava a nova posição do Brasil entre os países que produziam

                                                   280
Evidências do Erro Paleontológi

petróleo. A euforia pelo fato fazia esquecer o conflito existente entre as duas faces científicas que
embasavam a pesquisa do petróleo, aqui e no resto do mundo.
	       A produção de petróleo na Bacia cresceu, por meros golpes da sorte, até o início dos anos
70, quando entrou na fase declinante da produção. Naquela época a produção chegou a pouco mais
do que 170.000 bpd. Atualmente (2007), a produção está reduzida a menos de 1/4 daquele número e
é considerada atualmente uma bacia em extinção, relegada a segundo plano.
	       Estes fatos provocaram a pesquisa que terminou por concluir:
	       Os fósseis existentes nas três dimensões da Bacia do Recôncavo estão misturados por
motivos geológicos e não servem para datar, nem para caracterizar ambientes e/ou qualquer
formação geológica.
	       Com as datações erradas e conseqüentemente a coluna estratigráfica também desajustada, a
geofísica e todos os outros métodos exploratórios, que dependiam daquelas datações, foram induzi-
dos ao erro, e explorar petróleo na Bacia do Recôncavo, ficou por conta da boa ou da má sorte e da
grande quantidade de petróleo existente na subsuperfície da Bacia. Justificava-se o erro com “falhas”
inexistentes.
	       Vejamos se os fósseis estão de fato misturados e desordenados usando os relatórios do pró-
prio laboratório de Paleontologia existentes nas pastas de cada poço, apenas acentuando o fenômeno
que queremos demonstrar através de gráficos e destaques feitos com os dados dos poços.

                                      Área de Capianga
	        1-CG-1-BA
	        Prospecto furado em 1959, na parte norte da Bacia. O poço verificaria uma “transgressão dos
mares Ilhas sobre um Candeias erodido”.
	        A partir dos dados sísmicos e do mapeamento de superfície, previu-se no prospecto uma
coluna estratigráfica que não correspondeu a encontrada. Na figura 10.1A, vê-se como seria o poço
quando estivesse pronto. Na figura 10.1B o que aconteceu depois da perfuração. Como pode ser vis-
to, não há qualquer relação entre uma e outra coisa.
	        A previsão sísmica para a profundidade do Sergi (formação da base da coluna estratigráfica)
a 1.117m, combinada com a informação do Laboratório de Paleontologia, segundo a qual a 1.100m
foram constatados fósseis do tempo Ilhas, formação jovem no topo da coluna, levou o geólogo a lan-
çar mão de uma falha colocando o Sergi contra o Ilhas. Tal falha, que não fora prevista pela Geofísi-
ca, eliminou toda a formação Candeias, toda a Zona “A” e o topo do Sergi que eram os reservatórios
mais interessantes para petróleo, segundo as tradições existentes na cúpula exploratória. O geólogo
quase foi demitido e o relatório foi rejeitado (documentos na pasta do poço).
	        A interpretação foi severamente criticada pela chefia. Isso provocou uma carta-justificativa
do geólogo autor do relatório, sugerindo uma segunda possibilidade estratigráfica, onde,ao contrário
do primeiro o Candeias reaparecia em contato falhado ou discordante com o Ilhas aos 778m - com
um ponto de interrogação ao lado. Nessa interpretação, a parte inferior da coluna, até o embasamento
passou a incluir o Sergi e a Zona “A” e a falha desaparecera como havia aparecido: por encanto (Fig.
10.1C).
	        Na carta-justificativa, o geólogo explicou: “...a colocação do contato Ilhas/Sergi a 1104m:
ele levara em consideração as informações paleontológicas que indicavam fósseis do Ilhas a profun-
didade de 1100m. De fato, o reestudo das amostras laterais retiradas a 975m e 1058m ainda regis-
travam fósseis do Candeias inferior e do Itaparica, respectivamente dentro do intervalo do Sergi”,
configurando erro de interpretação geológica. E mais, até o fundo do poço, os fósseis analisados
eram somente os associados à “formação” Ilhas.


                                              281
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

	        Admitida a divisão estratigráfica feita no perfil elétrico do poço sob estudo, corrompe-se
a Lei da Sucessão Faunal e a estratigrafia fica incompreensível, sem qualquer tintura de Geologia.
Animais e rochas anacrônicos tornados sincrônicos por força de um relatório. Em Capianga existem
fósseis jovens do tempo Ilhas (topo da coluna), dentro do Aliança (base da coluna) algo impossível
na natureza. A determinação paleontológica é um fato correto. O fóssil é sincrônico ao tempo Ilhas. O
erro consiste em chamar-se “formação” Aliança para aqueles estratos. Eles ainda seriam da “forma-
ção” Ilhas, e os sedimentos acima deles não poderiam ser chamados de Candeias, Zona “A” e Sergi.
	        A interpretação da coluna estratigráfica do poço de Capianga gerou muitas discussões entre
o Distrito e a sede da Empresa.
	        No Rio de Janeiro (Fig. 10.1D) os relatórios e cartas foram cotejados, e a partir de cópia
do perfil elétrico, modificou-se a posição da Zona “A” (que saiu dos 837m para 955m) e de outros
parâmetros da coluna, sendo adotada outra solução, também não geológica, pois não considerou, de
novo, a Segunda Lei da Sedimentação.
	        Essa atitude em nada alterou a solução do problema estratigráfico da Bacia, mas mostrou a
existência de determinado grau de confusão sobre a estratigrafia, tanto na gerência exploratória da
Bahia, como na do Rio de Janeiro.
	        A determinação de fósseis Ilhas a 1090m, torna impossível a existência das “formações”
Candeias, Zona “A”, e Itaparica acima desse ponto, pela Segunda Lei da Sedimentação. Não estava
em discussão o erro cometido pela sísmica de colocar o Sergi naquela profundidade. Eram dois erros
cometidos ao mesmo tempo: A solução estratigráfica adotada pela arbitragem feita no Rio de Janeiro
e todas as anteriores estavam geologicamente erradas, e o erro virou uma tradição, e uma lenda con-
servada até hoje entre os geólogos brasileiros. Vejamos o segundo poço da área.

	       1-CG-2-BA
	       Prospecto de 1962, cujo “...strongest suport... comes from seismic data.” (Do prospecto).
	       A espessura dos sedimentos seria de 585m, com o Sergi a 535m. Previu-se também que a
estrutura neste poço, estaria 500m mais alta que o CG-1 (do prospecto).
	       A estratigrafia deveria ser como a mostrada na figura 10.2, já comparada com a coluna per-
furada.
	       Ao fim da perfuração, o geólogo que acompanhou este poço foi mais sensato, e fez um rela-
tório mais agradável à gerência achando que o prospecto atingira plenamente o objetivo (o Sergi fora
encontrado praticamente onde a sísmica o previra) e a correlação elétrica feita com o primeiro poço
era excelente nas palavras do geólogo.
	       Na verdade nada era tão excelente assim. O poço não estava 500m mais alto que o primeiro
como previra o prospecto e, além disso, a excelente correlação fora feita com o primeiro poço que
estava completamente errado do ponto de vista geológico/estratigráfico como vimos anteriormente.

                                     Relatório da Palinologia
0/210m   Zona palinológica 3, Ilhas Superior.
210/300m Em uma destas amostras situa-se o horizonte palinológico 4a, i.e., topo do Ilhas infe-
         rior
300/390m Zona 4 superior, i.e., Ilhas inferior.
390/480m Possivelmente zona 4 superior possivelmente zona 5 inf (?), com muito material caído
         da seção superior, possivelmente Ilhas inferior ou possivelmente Candeias inferior.
         Observação do autor: ter em conta a diversidade paleontológica para o interva-
         lo!!
480/561m Zona palinológica 6, i.e., Itaparica

                                                  282
Evidências do Erro Paleontológi

      Observação do autor: ter em mente que o topo do Sergi está marcado aos 515m.
      Impossível o Sergi com fósseis do Itaparica
                                   Relatório de Ostracóides
	        Início do poço na formação Ilhas superior parte inferior.
	        Topo do Ilhas inferior entre 240-270m.
	        Não há indicações para Candeias.
	        Primeiros ostracóides da formação Itaparica aparecem entre 480 e 510m
	        Observação: não podemos excluir a possibilidade da existência de um pouco de Candeias,
parte inferior acima da Zona “A”, mas achamos que deve ser menos do que 30m.

       210-240m             Ilhas superior, parte inferior
       240-450m             Ilhas inferior
       450-480m             Ilhas inferior (?)
       480-510m             Itaparica
       510-561m             Itaparica

	        Observação do autor: topo do Sergi marcado a 515m!
	        Testemunho nº1: 496,68 a 500,68 Itaparica.
	        Os erros cometidos neste poço enquadram-se no mesmo caso dos anteriores.
	        O topo do Sergi está marcado à profundidade de 515m e abaixo desse parâmetro, até o fundo
do poço a 563m, há fósseis do tempo da sedimentação do Itaparica, contrariando a Segunda Lei da
Sedimentação, impossibilitando a divisão estratigráfica feita no perfil elétrico.
	        Observe-se ainda que, na divisão estratigráfica apresentada, a espessura do Candeias fica en-
tre 388m e 491m, onde a análise dos ostracóides diz que ocorrem fósseis do Ilhas, por isso seguidas
de um ponto de interrogação que se observa ao lado, uma situação estratigráfica absurda que não foi
justificada.
	        A Palinologia havia determinado Candeias inferior, enquanto a análise dos ostracóides afir-
mava que não havia indicação para o Candeias.
	        Vejamos outros poços ainda na mesma região, e com outras irregularidades técnicas prejudi-
ciais à exploração. Aparentemente, somente a sísmica não tinha errado nada.

                                       Área de Subaúma
	       Outro poço pioneiro na mesma Região de Capianga. Prospecto de 1959, oriundo da sísmica
(ES-7 e ES-12), e no qual está assinalado:
      	 “...Não se espera que esta locação esteja afetada de maneira incomum pelo rápido
      acunhamento do Ilhas, como seria o caso do CG-1-BA.”

	       Segundo as interpretações sísmicas, a coluna estratigráfica seria como a que se vê na figura
10.3, confrontada com a verificada após a perfuração: aqui também, nada deu certo.
	       Como anteriormente, durante a perfuração do poço não houve quem pudesse situar-se na
coluna estratigráfica. A 1686m, ultrapassada a profundidade final prevista para o poço (que devia ter
terminado aos 1634m segundo o prospecto), a Paleontologia informou que os fósseis encontrados
nas amostras eram do Ilhas, repetindo-se o fenômeno de Capianga.


                                                283
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

	        A 1814m de profundidade, esgotada a capacidade de perfuração da sonda designada para a
locação (sonda no 47 com capacidade para perfurar 1800m), sem que tivessem sido encontrados os
objetivos do poço, o geólogo brasileiro que o acompanhava, foi substituído por um americano mais
experiente.
	        A coluna de perfuração foi trocada por uma mais leve de maneira pudesse ser alcançada
maior profundidade por que
       “...The confusing facies change exibited in the lower Candeias and Itaparica formation
       in CG-1-BA has caused the decision to continue to the botton of the Sergi.” (Relatório
       semanal no 9 da pasta do poço).
	        Com a coluna mais leve o poço chegou a 1896m de profundidade, ou seja, 96m além da ca-
pacidade nominal de perfuração da mesma e 262m além da previsão do prospecto para a profundida-
de final, havendo neste ponto um acidente: a ferramenta de perfuração prendeu ameaçando perder-se
o poço.
	        Conseguida a liberação da coluna, perfilou-se o mesmo, que foi tamponado e abandonado
como seco. Interpretaram-se os resultados do perfil elétrico, dando nomes correntes da estratigrafia
regional aos diversos intervalos, sem terem em conta as informações do laboratório da paleontologia
que mostravam haver:
         •	 até o fundo do poço, fósseis da zona palinológica no 6, correspondentes à formação Ita-
            parica;
         •	 nas amostras de calha até o fundo do poço, só foram encontrados microfósseis correspon-
            dentes ao Ilhas;
         •	 os testemunhos no 24 (1780,5-1786,5m) e 25 (1837-1839m), ambos pertencentes à for-
            mação Sergi, cujo topo está marcado a 1744m de profundidade, são portadores de fósseis
            do Ilhas.

	       A formação Sergi é um intervalo estéril, isto é, não ocorrem fósseis. Em Subauma não so-
mente ocorriam fósseis, como estes eram de outra formação e, pior de tudo, geologicamente, bem
mais jovem que o Sergi.
	       Aparentemente essas informações não tinham importância. Mas era só aparentemente, pois
de novo prostituía-se a Segunda Lei da Sedimentação - pedra angular da ciência geológica e pavi-
mentava-se o caminho para o abandono da Bacia e o fim dos estudos paleontológicos na Petrobras.

                                        Área de Caboclo
	       1-CLO-1-BA
	       Naquela área foram furados dois poços: o primeiro em 1962 e o segundo em 1964. Em Ca-
boclo (Fig. 10.4) a sísmica tinha determinado:
	
	       “...um nariz estrutural no embasamento que favorecia os dois principais reservatórios da
bacia.”

	        Como sempre, o Sergi e a Zona A como objetivos principais. O quadro das previsões estrati-
gráficas e dos topos da estratigrafia achada depois da perfuração do poço é o seguinte (a discrepância
entre a coisa prevista e a encontrada, é também uma evidência muito forte de que a estratigrafia da
Bacia era desconhecida e aparentemente não era coisa de maior importância):




                                                  284
Evidências do Erro Paleontológi

           Formações                Topos previstos                       Encontrados
    S.Sebastião            Superfície                          Não Encontrados
    Ilhas Superior         227m(-100m)                         Superfície (127m)
    Ilhas Inferior         Não Previsto                        200m
    Candeias               427m(-300m)                         379m(-250m)
    Zona “A”               502m(-375m)                         426m(-297m)
    Itaparica              507m(-380m)                         444m(-215m)
    Sergi                  527m(-400m)                         468m(-339m)
    Aliança                N.Previsto                          558m(-431m)
    Profundidade final     570m                                756m(-629m)

	         Todos os topos das formações foram encontrados mais altos que os esperados.

	       A 426m topou-se com a Zona A enquanto o Sergi inferior estava a 468m, com 90m de es-
pessura, pois fora cortado por uma falha que apareceu após a perfuração do poço para justificar o
inusitado. A sísmica não a tinha previsto.
	       O Aliança, que não tinha sido previsto, apareceu, pouco abaixo da previsão do Sergi, e o
poço que iria até 570m na profundidade final, com 50m dentro do Sergi, foi até 756m dentro do que
foi chamado de Aliança, ultrapassando toda a espessura do Sergi. O topo do Sergi, que tinha sido
previsto a 527m, ficou marcado no perfil a 468m. O relatório paleontológico diz o seguinte:

                             Relatório Paleontológico: Ostracóides.
			
 0-60m    Ilhas Superior
 60-150m  Ilhas Superior Parte Inferior
 150-375m Ilhas Inferior
 375-465m Ilhas Inferior (?)
 465-525m Desmoronamento do Ilhas Inferior (topo do Sergi)
 525-540m Desmoronamento do Itaparica
 540-555m Desmoronamento do Ilhas inferior
 555-615m Aliança
 615-660m Desmoronamento

  	     Obs: A amostra entre 525 e 540m mostrou 2 tipos da formação Itaparica o que faz crer que
Itaparica esteja presente na seção (provavelmente entre 444 e 468m).
	       Testemunho nº1: Ilhas inferior.
	       Observação do autor: topo do Sergi está marcado a 468m e o uso do verbete “desmoro-
namento” é a maneira de tentar encobrir os erros de fósseis fora das “formações” correspon-
dentes. O Sergi neste poço é portador de fósseis do Ilhas e do Itaparica.

                              Relatório da Palinologia: Polens
	         “Test. Nº1 (336,3-340,3) e Test. Nº2 (346-349m): provavelmente zona palinológica 5

                                              285
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

inferior, parte inferior, i.é., provavelmente Candeias inferior parte inferior”.
	        Observação do autor: Observar a forte evidência da misturada de fósseis. Fósseis de
tempos diferentes (ostracoides do tempo Ilhas e pólens do Candeias inferior) no mesmo teste-
munho.
	        Neste pioneiro, o aparecimento de sedimentos de cor vermelha a 558m, balizou a coluna
daí para cima. Foram eles chamados de formação Aliança e a parte superior a eles foi segmentada
convenientemente para completar a coluna estratigráfica.
	        O resultado da análise paleontológica não foi levado em consideração, e por isso a divisão
estratigráfica feita no perfil elétrico é contraditória e errada.
	        O topo do Sergi marcado que foi a 468m de profundidade condicionou os “desmoronamen-
tos” apontados no relatório da Paleontologia. Essa palavra, é uma espécie de expediente encontrado
para justificar fósseis do Candeias, Ilhas, Aliança, Itaparica etc, dentro de outras formações, ou fora
dos seus lugares.
	        Mais uma vez repetia-se o fenômeno: fósseis jovens ocorrendo em formações antigas, trom-
bando com conceitos de geologia primária.
	        Os fósseis fora dos seus sedimentos associados foram considerados como desabados, geran-
do os pontos de interrogação (fósseis Ilhas dentro da formação Candeias) e uma explicação de como
o fenômeno poderia ter acontecido.
	        Com efeito, estão corretas as determinações paleontológicas. É fácil a um paleontólogo ex-
periente reconhecer os diversos fósseis que ocorrem em superfície e subsuperfície Os fósseis analisa-
dos são característicos do tempo Ilhas. Errada está a interpretação estratigráfica feita pelos geólogos.
	        Uma informação que deve ser destacada é o resultado surgido da análise do testemunho nº
1. Segundo a Paleontologia, os fósseis (ostracóides) encontrados são do Ilhas. Segundo o exame
palinológico, os pólens são do Candeias inferior, demonstrando factualmente que os fósseis estão
misturados.
	        Vejamos o segundo poço.

	       1-CLO-2-BA
	       É o segundo poço dessa série (Fig. 10.5A), furado em 1964, dois anos após o primeiro. Pros-
pecto da sísmica para verificar a parte alta da estrutura determinada pelo falhamento que ocorrera no
primeiro poço.
	       Veja-se a previsão e o resultado da perfuração.

           Formações                    Topos previstos                  Topos achados
 Barreiras                      Superf.(+200m)                  Não encontrado
 Ilhas                          15m(+185)                       Superf.(+200m)
 Candeias                       340m(-140m)                     517m(-314m)
 Zona “A”                       400m(-200m)                     Não encontrada
 Itaparica                      420m(-220m)                     568m(-365m)
 Sergi                          450m(-250m)                     637m(-434m)
 Aliança                        Não previsto                    735m(-532m)
 Prof.final                     520m                            780m
Veja o esquema.
Observe-se o que diz o relatório do Paleolab (documento da pasta do poço):
                             Relatório da Paleontologia: Ostracóides

                                                   286
Evidências do Erro Paleontológi

     0-165m                              Sem ostracóides
     165/180m                            Primeiros ostracóides Ilhas Superior
     375/390m                            Topo Ilhas Inferior
     390/630m                            Ilhas inferior
     630/750m                            Desmoronamento (topo do Sergi = 637m)
     750/765m                            Topo da formação Aliança
     Testemunho Nº2                      Sem ostracóides
     Testemunho Nº3                      Sem ostracóides
     Amostra lateral:461m                Sem ostracóides
     Amostra lateral:535m                Ilhas Inferior

                                    Resultados Palinológicos:

165/360m                       Zona palinológica 3 correspondente a Ilhas Superior, parte inferior
360/600m                       Zona palinológica 4 superior correspondente a Ilhas Inferior
600/750m                       Zona palinológica 5 média, correspondente a Candeias Médio, pro-
                               vavelmente parte basal (topo do Sergi = 637m)

	         O topo do Sergi fora marcado aos 637m, mas a Paleontologia encontrara fósseis do Ilhas em
toda a espessura daquela formação, “desmoronados”, explicam, tentando não ferir fundamente a Lei
da Sucessão Faunal ou Segunda Lei da Sedimentação. O testemunho retirado a 535m mostra fósseis
do Ilhas infestando a “formação” Candeias desmontando a coluna estratigráfica feita sobre o perfil
elétrico.
	         Ao fim e ao cabo, não somente esses poços apresentavam essas anomalias, mas todos os
furados na Bacia, foi o que se verificou no prosseguimento da pesquisa.
	         Vejamos mais alguns exemplos marcantes do fenômeno através dos relatórios do próprio
Paleolab.


                                       Área de Riachão
	        1-RIA-1-BA (Fig. 10.6)
	        Oriundo de estudos de superfície feitos pela EPE-3, deveria este prospecto ser raso e testa-
ria arenitos do Ilhas superior, os quais seriam atingidos a 80m de profundidade enquanto o arenito
S.Paulo-Catu seria encontrado a 900m de profundidade.
	        A chefia da exploração no Rio de Janeiro atendendo argumentações razoáveis para testar as
contestações sobre a validade da estratigrafia vigente na exploração do petróleo da Bacia, que naque-
le tempo já era um assunto bastante comentado entre os técnicos implicados nos serviços de pesquisa
transformou o pioneiro em um poço de pesquisa. Dali por diante, o poço não seria mais raso e deveria
parfurar até o embasamento e bem testemunhado. Para isso, acrescentou-se um Adendo do Programa
Geológico e de Perfuração do 1-RIA-1-BA nos seguintes termos (documento da pasta do poço):

      	 “O intervalo compreendido entre o topo do Ilhas inferior e o Embasamento deverá ser
      testemunhado no sentido de dar uma contribuição definitiva ao Estudo da Discordân-
      cia, que está sendo efetuado pela Seção de Hidrodinâmica. A referida testemunhagem
      obedecerá um programa maleável, sendo necessária nas evidências de hidrocarbonetos,

                                              287
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

      mudanças abruptas de fácies litológicos e outras anomalias estratigráficas passíveis de
      estudos através de testemunhos.”

	         Fez-se um novo prospecto para o poço, onde foram modificados os objetivos, a profundidade
final prevista que agora passava a ser 3.425m no embasamento, e a capacidade da sonda, agora pedi-
da para 4.000m. A estratigrafia prevista seria a que se vê no quadro, que aqui vai confrontada com a
encontrada apos a perfuração do poço.
           Formações                     Topos previstos                   Topos achados
  Barreiras                     Superf.(+115m)                    ?
  S.Sebastião                   20m(+95m)                         ?
  Ilhas superior                80m(+35m)                         12m
  Ilhas inferior                1015m(-900m)                      ?
  Candeias                      1815m(-1700m)                     1662m
  Zona A                        3175m(-3060m)                     Não encontrado
  Itaparica(?)                  3185m(-3070m)                     Não encontrado
  Sergi(?)                      3225m(-3110m)                     Não encontrado
  Aliança(?)                    3325m(-3210m)                     2741m
  Embasamento                   3425m(-3310m)                     2846m
  Prof.final                    3425m                             2863m

	        A sonda que perfurou o poço foi uma Bethlehm modelo 1013, com capacidade de perfurar
5.000m, operada pela Petrobras. Como sempre, durante a perfuração do poço, ninguém pôde situar-
se na estratigrafia. Os parâmetros de subsuperfície mudaram de profundidade várias vezes, a depen-
der do geólogo que estivesse acompanhando o poço, não permitindo conhecer a posição dos contatos
entre as formações postuladas. Observe-se os pontos de interrogação na tabela.
	        O fenômeno dos fósseis jovens ocorrendo em formações mais antigas continuou a se verifi-
car, e foi constante a ocorrência de petróleo no poço. A correlação com os poços vizinhos foi impos-
sível. A 2.846m a sonda toca o embasamento sem alcançar qualquer dos seus objetivos. Em seguida o
poço foi perfilado tamponado e abandonado como seco. O embasamento, que estava sendo esperado
a mais de 4.000m de profundidade, estava mais raso a 2846m. O relatório final da Paleontologia diz
textualmente:

      	 “A partir do testemunho no 25, até a profundidade de 2820m, foram estéreis as amos-
      tras. Em 2820-2850 encontram-se ostracóides de biozonas mais novas que R-10 (001) e
      outros não diagnósticos. Na última amostra recebida (2850...?) foram encontrados ainda
      ostracóides de R-10, junto com outros de R-9 (002).”

	       Observação do autor: notar que os fósseis reportados no intervalo 2820-2850 foram en-
contrados 100m dentro do Aliança cujo topo está marcado a 2741m. Notar ainda que o topo do
embasamento está marcado a 2848 (-2728m) e foi furado até 2863m, o que configura 15m de um
“embasamento fossilífero”, não com fósseis contemporâneos a sedimentação do embasamento, mas
com fósseis do “Aliança” misturados aos do “Candeias médio”. Este erro chama atenção de qualquer
pesquisador. Não é o embasamento, mas o conglomerado com seixos do embasamento.
	       A maior parte da profundidade do poço é estéril mostrando que em algumas partes da Bacia
a abundancia de fósseis pode ser transformada em raridade.


                                                 288
Evidências do Erro Paleontológi

	        Dentro da “formação Aliança” existem fósseis de biozonas mais novas, o absurdo geológico
que estamos demonstrando.
	        Os fósseis estão abrasados de maneira que o seu reconhecimento torna-se difícil.
	        Dentro do embasamento aparecem fósseis do Aliança e do Itaparica juntos, um absurdo du-
plicado: fósseis de formações diferentes (anacrônicos), e dentro do embasamento...
Bastaria este poço para demonstrar que havia algo completamente fora das leis geológicas que regem
a exploração.
	        De fato os fósseis estão misturados por uma razão geológica (que veremos adiante), e por
isso são, e devem ser considerados como refossilizações, ou seja, eles foram depositados normal-
mente e posteriormente redepositados, e não podem ser usados como foram.
	        O Sergi tinha sido descoberto pelo perfil elétrico com muito óleo e o poço foi parado, pois
segundo a chefia “...a Petrobrás precisava de petróleo e não de teorias”. Em seguida o poço foi com-
pletado e testado, produzindo água e somente água. Hoje, é seco, abandonado, sem petróleo, sem
teorias e com um prejuízo incalculável.
	        Observemos outras análises paleontológicas de poços situados em diversas regiões da Bacia,
para mostrar mais evidências do fenômeno da mistura dos fósseis segundo a linguagem dos próprios
paleontólogos, com grifos nossos.


                                        Área de Caldeirão
	        1-CAL-1-BA
	        Este prospecto (Fig. 10.7) originou-se do trabalho da equipe de mapeamento de superfície
com o auxílio de furos rasos (EPE-3). A locação não tinha apoio da gravimetria nem da sísmica. Di-
ziam os técnicos daquelas áreas que, a estrutura da superfície não se refletia em profundidade. Sua
estratigrafia original prevista era a seguinte, confrontada com a achada:

              Formações                      Previsão                        Achado
    S.Sebastião                   Superf.(+135m)                  Superf.(+135m)
    Ilhas superior                935m.(-800m)                    1038m.(-898m)
    Ilhas inferior                1535m.(-1400m)                  1714m(-1574m)
    Candeias médio                2055m.(-1920m)                  2231m(-2091m)
    Candeias inferior             2765m(-2630m)                   ?
    Zona “A”                      2845m(-2710m)                   2972m(-2832m)
    Itaparica                     2865m(-2730m)                   3018m(-2878m)
    Sergi                         2935m(-2800m)                   3075m(-2935m)
    Aliança                       Não previsto                    3344m(-3204m)
    P.final                       3000m                           3449m

	         Diz o relatório da Paleontologia:

        	 “Não foram encontrados ostracóides da zona R-8. Na amostra 2460m-2490m aparece
        um conjunto de ostracóides, apresentando formas com preservação diferente, bastante
        escuros, mal delineados, alguns deformados e desgastados, com indícios de abrasão e
        rolamento. Outros espécimes mostram-se mais claros, mas com preservação também


                                              289
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

      precária impedindo a sua determinação precisa. Entretanto, as características ainda per-
      ceptíveis parecem sugerir tipos da subzona R-8.1, o que registramos com as devidas
      restrições.
      	 Desta profundidade até 2880-2910m ainda são encontrados estes mesmos elementos
      esparsos, ao lado de ostracóides não diagnósticos, fragmentos não identificáveis e ostra-
      cóides de seções mais novas.
      	 A subzona R-9.1 está muito bem representada a partir do intervalo 2910-2940m e
      principalmente no test. no 2 (2919,5-2922,0m) que apresenta uma abundante fauna,
      diminuindo em quantidade até a profundidade de 3030-3060m; daí para baixo até 3330-
      3360m somente são encontrados fragmentos não determináveis, ostracóides não diag-
      nósticos ao lado de ostracóides de seções mais novas.
      	 Não foram encontrados ostracóides de R-9.2.
      	 Nas amostras 3360-3390m e 3420-3450m aparece em cada uma, um fragmento de
      ostracóide não diagnóstico, porém com coloração típica da dos osstracóides de R-10
      (Aliança).

      	 No testemunho no23, (3363m-3367m) foram encontrados raros fragmentos de folhe-
      lho cinza escuros com alguns ostracóides mal preservados e impossíveis de determinar,
      mas que não possuem qualquer semelhança com a fauna R-10. Admitindo a possibilida-
      de de contaminação foram preparadas mais três porções do mesmo testemunho, as quais
      se apresentaram estéreis.”

	        Os fósseis referidos no último parágrafo já tinham sido identificados ao tempo da perfuração
como da fauna associada ao Candeias inferior, o mesmo fenômeno que vinha sendo verificado desde
1959 nos diversos poços perfurados na Bacia. Testemunhos não sofrem contaminação, mas a consta-
tação do fato mostrava que a Lei da Sucessão Faunal continuava em xeque, tornando a estratigrafia
definida sobre o perfil elétrico ininteligível. A interpretação estratigráfica feita sobre o perfil elétrico
é um erro sério na exploração de petróleo feita na Bacia. Realmente as interpretações feitas sobre o
perfil elétrico, como acontece com a sísmica, também estão prejudicadas pelo erro de datação que
ocorre nos sedimentos da Bacia do Recôncavo.

                                     Área de D. João Central
	       6-DJC-2-BA
	       Nesta área (mais de 1000 sondagens!) selecionamos este poço (Fig. 10.8), furado dentro
da Baia de Todos os Santos, cuja profundidade final seria aos 750m, por erros na estratigrafia, foi
perfurado até 847m, quando sofreu um blow out.

	       A estratigrafia prevista e a achada estão na tabela abaixo, onde podem ser observadas as
discrepâncias da desorientação estratigráfica:


           Formações                         Topos previstos                     Topos achados
 Candeias inf.                      -5m                                 -5m
 Zona “A”                           -50m                                -10m
 Itaparica                          -67m                                -31m

                                                     290
Evidências do Erro Paleontológi

    Zona B                        -140m                            -138m
    Sergi                         -192m                            -197m
    Aliança                       -450m                            -647m
    Prof.final                    -750m                            -847m
    Embasamento                   -1126m
	        Veja-se o esquema acima e compare-se com o Relatório da Paleontologia.:

                                    Relatório da Paleontologia

                       Moldes indetermináveis na amostra-----> 0-30m
                       Topo da Subzona R-9.2 na amostra-----> 30-60m
	      Obs: Ostracóides da Subzona R-9.2 presentes em toda a seção até a profundidade final e
como desmoronamento a partir da amostra 210-240m. (topo do Sergi a 197m)

	       Os ostracóides do Itaparica estão presentes até a profundidade final ou seja, 847m, dentro
das formações Sergi e Aliança, e nesse caso dados como desabados para tentar evitar a colisão fron-
tal com a Segunda Lei da Sedimentação.
	       A própria linguagem do Relatório é sintomática: “o desmoronamento se dá apenas a partir do
topo da areia que foi chamada de Sergi”. Fenômeno absolutamente despropositado em Geologia.
	       Vejamos o relatório da Palinologia:

                                            Palinologia
	
           0 a 60m                 Zona palinológica 6, correspondente a Itaparica
           210-750m                Desmoronamento!

	        Observações:
         1.	A zona palinológica 6 é muito bem caracterizada, inclusive a parte basal, que raramente
            se oferece tão completa para estudo.
         2.	Desde 90-120 a 720-750 são determinados palinomorfos de retrabalhamento de zonas
            paleozóicas, principalmente do Carbonífero Inferior e Devoniano Médio.
         3.	Nos intervalos da calha 300 aos 450 e de 600 a 750, encontra-se boa quantidade de pólen
            da Zona 6 (Itaparica), parte basal e abundantemente palinomorfos do Carbonífero Inferior
            e Devoniano Médio, como desmoronamento.

	        Chamou-se de Sergi uma areia errática que havia aparecido com petróleo inesperado aos
197m, e a partir dessa profundidade, os fósseis foram dados como desabados...
	        Acentuemos as irregularidades tendo em conta a observação no1 do relatório da Palinologia
onde a zona 6 “é muito bem caracterizada...que raramente se oferece tão completa para estudo”:
	        Os fósseis estão misturados em toda a espessura dos sedimentos perfurados.
	        Aparecem palinomorfos, não somente do Cretáceo, mas também do Paleozóico (Carbonífero
inferior e Devoniano médio).
	        A “teoria do desabamento” fica desmoralizada, pois não pode haver “desabamento” de sedi-
mentos não perfurados.
	        Se a bacia é de idade Cretácea, como explicar a presença de fósseis do Paleozóico?
	        O 6-DJC-2 é um poço produtor de petróleo, e pequenos detalhes, aparentemente, não eram
importantes, e por isso podiam passar como desconhecidos.

                                              291
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa


                                        Área de Rosário
	       1-RR-1-BA
	       Esta área fica regionalmente ao sul da Bacia a leste do campo de D.João.
	       É um poço-exemplo da confusão entre os estudos paleontológicos e a tentativa de determinar
onde é o contato entre o Ilhas e Candeias. Não há maneira nem modos de conciliação, devido exata-
mente à misturada dos fósseis existente na Bacia. Neste pioneiro de Rosário, a análise paleontológica
termina com a seguinte observação (Documento do poço) reproduzida no Relatório final do geólogo:
      	 “Obs: As determinações paleontológicas do topo do Ilhas inferior e Candeias médio
      são fornecidos com restrições face a forte contaminação de fósseis dessas formações,
      que aparecem a partir de 120m. De acordo com a informação do geólogo do poço, essa
      contaminação deve-se a utilização de lama de perfuração já usada, transferida do campo
      de Candeias (Relatório Semanal.3). Lamentamos esse fato, principalmente em se tratan-
      do de um poço pioneiro.”

	       Aqui também os fósseis estão misturados dificultando o entendimento da estratigrafia o que
se diz no relatório com todas as letras. Apenas que dá origem ao aparecimento de nova teoria para
explicar a mistura: a lama de perfuração estava contaminada...


                                        Área de Apraiuz
	       3-APR-3D-BA
	       Área na parte centro-leste da Bacia, ao norte do Campo de Miranga. Nesse poço lê-se o se-
guinte resumo paleontológico:

    Subzona RT-008.3                      501-510m
    Topo da subzona RT-007                1110-1140m
    Topo da subzona RT-006                1260-1290m
    Topo da subzona RT-004                2220-2250m

seguindo-se a seguinte observação:

      		        “Obs: O poço apresenta uma seção contaminada, abrangendo o intervalo até
      a profundidade de 1320m com ostracóides da biozona RT-003 e também foraminíferos.
      O intervalo foi repreparado, inclusive uma nova remessa de amostras, confirmando-se a
      contaminação originária da sonda. Posteriormente descobrimos que o poço foi perfura-
      do pela sonda 26, proveniente da RPNE, onde deve ter operado em seções marinhas.
      		        A contaminação deve ter sido causada por resíduos de lama deixados no tan-
      que e/ou em tubos de perfuração mal lavados. Apesar dessa forte contaminação, foi
      possível estabelecer-se a seqüência bioestratigráfica normal, embora sujeita a restrições
      em face do fato citado.”

	        A zona RT-003 pertence a parte profunda da Bacia (antiga R-8 correspondente a Candeias
médio.), que não foi perfurada pelo poço, o que criou dificuldades para explicar sua presença na parte
rasa da locação. Na impossibilidade de considerar como desabamento, recorreu-se ao expediente já
usado em Rosário e D. João: haveria uma “contaminação causada por resíduos de lama deixados no
tanque e/ou em tubos de perfuração mal lavados”.

                                                  292
Evidências do Erro Paleontológi

	        Na realidade, o fato é mais uma evidência da mistura de fósseis anacrônicos que anula as
interpretações estratigráficas feitas sobre o perfil elétrico.
	        Vale notar apenas a versatilidade das explicações: no exemplo anterior o fluido de perfuração
tinha vindo de Candeias já contaminada. Neste exemplo, foi a sonda a culpada, pois andara perfuran-
do na RPNE...e voltara contaminada.


                                         Área de Carijó
	         1-CJ-1-BA
	         Foi proposto nesta área, ao sul da Bacia, um novo poço baseado no mapeamento da superfí-
cie - feito com ajuda dos fósseis como era praxe - o qual definia a área, a semelhança de Malombê,
como recoberta por sedimentos da “formação Candeias”. O Candeias em superfície configurava um
alto estrutural do embasamento. Esperava-se a Zona “A” a 890m e o Sergi a 990m.
	         O geólogo que acompanhou o poço esperava que os fósseis nas amostras fossem os fósseis
característicos da “formação Candeias” e que o poço fosse raso. Entretanto, durante a perfuração, os
relatórios da Paleontologia reportavam fósseis do Ilhas, o que causou perplexidade ao geólogo que
acompanhava a perfuração. Pior de tudo havia contradição entre as informações da Palinologia e da
Paleontologia. Os polens indicavam Candeias enquanto os ostracóides indicavam Ilhas. Os relatórios
semanais, até o último, continuaram com um ponto de interrogação para a profundidade do Candeias
desde que, nem mesmo os técnicos dos laboratórios sabiam o que estava acontecendo.
	         A perfuração terminou aos 2.058m, mais do que o dobro da profundidade prevista sem al-
cançar o Sergi que fora previsto para 990m, ou seja, sem que os objetivos do poço fossem encontra-
dos, ficando a broca pendurada em sedimentos desconhecidos. Este poço proporcionou um estudo
paleontológico bastante elaborado, onde se constatou que os fósseis estavam de fato misturados, em
virtude de um impossível fenômeno de diapirismo existente na locação, teoria esta sem qualquer base
científica de apoio.
	         Naquele relatório aparece a seguinte conclusão:

      	 “Damos a descrição detalhada das amostras deste poço por se tratar de um caso parti-
      cular, em que a seção perfurada apresenta uma grande mistura de fósseis, desde a super-
      fície até mais ou menos 1950m. A partir desta profundidade podem tirar-se conclusões
      precisas e efetuar determinação segura em vista de as amostras conterem fósseis índices
      da zona, sem evidência de mistura ou retrabalhamento. Esta feição anômala, evidencia-
      da ao longo de quase toda a coluna bioestratigráfica, sugere fenômeno semelhante ao
      ocorrido nas áreas de Cinzento e Morro do Barro.”

                                     Área de Santa Maria
	       1-STM-1-BA
	       Situada na parte sul da Bacia, nas imediações do Centro Industrial de Aratu.
	       O Relatório da Paleontologia diz ao final:

      	 “Obs: Como se pode observar desde as amostras iniciais, encontramos mistura de
      fósseis de biozonas diversas, sem que seja possível dar os limites exatos nem sequer
      sugeri-los até a profundidade de 3.690m. A partir daí entretanto podemos reconhecer as
      biozonas R-9.1 e R-9.2 perfeitamente.”


                                               293
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

	       O pesquisador não está deduzindo a mistura de fósseis através de evidências. São os paleon-
tólogos que constatam a mistura.
	       Observar ainda que, tanto os fósseis podem aparecer misturados como acontece na parte
superior da coluna, como podem estar bem preservados em grandes blocos da formação original
fornecedora de clásticos para a formação que lhe sucedeu, como acontece a partir dos 3.690m de
profundidade.

                                       Área de Miranga
	        4-MGL-1-BA
	        Nesta área, situada na parte centro-leste da Bacia nas imediações do Campo de Água Gran-
de, fica este outro campo de petróleo onde foram furados muitos poços, todos com problemas pale-
ontológicos. O relatório da Paleontologia diz:
                    Sem ostracóides                        0-60m
                    Amostras contaminadas                  60-330m
                    Subzona R-2.2                          330-360m
                    Topo da zona R-3                       510-540m
                    Topo da subzona R-3.1                  690-720m
                    Topo da zona R-4                       870-900m
                    Topo da subzona R-5.1                  1230-1260m

      	 “Obs: A partir de 1380-1410 a 1860-1890m a zona R-5 (Ilhas) está presente com
      predominância de R-5.2, porém apresentando a ocorrência esparsa de ostracóides da
      zona R-8 (Candeias), outros com amplitude muito grande abrangendo as zonas R-6.1
      (Ilhas inferior) a R-9.1 (Itaparica) além de um único ostracóides característico de R-9.1
      encontrado no intervalo 1740-1770. Não foram encontrados ostracóides característicos
      de R-6.”

	       Parece que o relatório foi escrito para comprovar a misturada dos fósseis, não para guiar o
geólogo na estratigrafia.
	       Em qualquer parte da Bacia, o fenômeno é exatamente o mesmo! Qualquer poço que seja
furado, a mistura de fósseis será evidenciada.


                                       Área de Lamarão
	       1-LM-1-BA
	       Nesta área temos dois poços que serão estudados em conjunto. No pioneiro de Lamarão, si-
tuado ao centro-sul da Bacia, diz uma das partes do relatório da Paleontologia (Documentos da pasta
do poço):

      	 “A partir de 2.160m tornam-se raros os fósseis em toda a seção do poço. A única
      evidência de R-8 (dado em base de um exemplar de C.(M) candeiense var. Spingifera)
      foi encontrada na amostra 4080-4110. Abaixo desta profundidade apenas se constatou a
      existência de fósseis desmoronados de R-6, havendo também outros não identificáveis
      pela má preservação.”

                                                  294
Evidências do Erro Paleontológi

 	       A Zona R-6 é mais jovem do que a R-8 e não pode ocorrer nesta posição. Para compreender
a inversão veja figura (ela é importante para compreender o fenômeno da mistura dos fósseis), onde
aparecem as zonas paleontológicas organizadas pelo estudo das diversas faunas. A Zona R-8 (R quer
dizer Recôncavo e RT, Recôncavo/Tucano) é mais antiga que R-6 e por isso, não pode ficar acima
dela (2a Lei da Sedimentação). Notar ainda a profundidade onde foi encontrado o único fóssil do
Candeias: a mais de 4km de profundidade.

	          1-LM-2-BA
	          Vejamos o segundo poço observando o que diz o relatório paleontológico do mesmo:

         	 “Desde a superfície até a profundidade de 240m foi observada a presença de ostra-
         cóides das zonas R-8 (Candeias) e R-9 (Itaparica) misturados aos de R-2 (S.Sebastião).
         Na amostra 420-450m foram encontrados exemplares típicos da subzona R-4.1 (Ilhas
         superior parte superior). Na 480-510 ostracóides de R-8 (Candeias médio) e de 630 a
         660 ostracóides de R-5 (Ilhas).”

	        No primeiro poço, achou-se um fóssil R-8 a mais de 4100m de profundidade e assim foi
determinada a formação Candeias. No segundo poço, pioneiro adjacente do primeiro, os fósseis Can-
deias estão presentes desde a superfície, misturados aos fósseis do Itaparica, fósseis de S.Sebastião e
nas partes mais profundas, junto com fósseis do tempo Ilhas tornando-se um problema nomear qual
a formação que está sendo estudada ou datar qualquer coisa, porque, obviamente, os fósseis estão
misturados, não interpretativamente pelo pesquisador, mas na linguagem clara dos próprios cientistas
da paleontologia.

                                         Área de D. João
	      1-DJX-6-BA
	      Nesta área, cerca de mil poços têm o mesmo problema. A estratigrafia prevista confrontada
com a achada é a seguinte:

              Formações                    Topos previstos                     Topos achados
    Ilhas                           Fundo do mar                      -6m
    Candeias                        -125m                             -219,8m
    Zona A                          -625m                             -905m
    Itaparica                       -630m                             -909m
    Sergi                           -800m                             -1044m
    Prof. final                                                       -1125m

	          Vejamos o que diz o Relatório da Paleontologia

    Início na Zona R-6
    Topo da Zona R-8 (?)                              entre 255-270m
    Topo da Sub-zona R-9.1                            660-675m
    Topo da Subzona R-9.2                             (test. nº3)915,6-918,5



                                                295
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

      	 “Obs. A determinação paleontológica do topo da Zona R-8 torna-se difícil não só pela
      pobreza da fauna como pela ocorrência de fósseis retrabalhados desta seção dentro da
      Zona R-6”.

	        Veja-se na outra tabela o Relatório da Paleontologia as mesmas incorreções geológicas e as
mesmas incertezas.
	        Geologicamente impossível a Zona R-8 dentro da Zona R-6. É um erro grave de estratigrafia
que precisa ser corrigido. Por isso o ponto de interrogação ao lado do “Topo da Zona R-8” que se
observa na tabela.
	        Os fósseis Candeias e Ilhas estão misturados e quem o diz é o relatório dos próprios paleon-
tólogos. Neste caso, não houve “desabamento”. Os fósseis de R-8 foram dados como “retrabalhados”
o que implica em redeposição, uma teoria não justificada pelos paleontólogos. A mistura dos fósseis
verifica-se desde a superfície, dificultando a separação das “formações” Ilhas e Candeias. Note-se
ainda a pobreza da fauna.
                                       Área de Malombê
	        3-ML-6-BA
	        Área situada ao norte da Bacia onde afloram sedimentos Candeias recobertos por delgada
camada de sedimentos da “formação Barreiras”. Em outras palavras, somente a parte inferior da co-
luna estratigráfica, de Candeias para baixo, ocorre na área. Da parte superior, somente o Barreiras se
acha presente (Fig. 10.10).
A estratigrafia prevista/achada é a seguinte:

          Formações                      Topos previstos                    Topos achados
 Barreiras                        Superf.(+80m)                     Superf.(+80m)
 Candeias Méd.                    30m(+50m)                         10m (+72m)
 Candeias Inf.                    840m(-760m)                       Falhada
 Zona “A”                         910m(-830m)                       Falhada
 Itaparica                        930m(-850m)                       Falhada
 Sergi                            1000m(-920m)                      Falhado
 Aliança Sup.                     não previsto                      Falhado
 Aliança Med.                     não previsto                      1190m(-1104m)
 Prof.final                       1100m no Sergi                    1250m no Aliança

	       Observar que antes de perfurar o poço, o prospecto dá a impressão de que a área era bem
conhecida. Depois da perfuração observa-se que nada do que foi previsto aconteceu o que mostrava
que a área era desconhecida, pois nada do que foi previsto aconteceu.
	       As “formações” que se pensava existirem não existiam e existia uma “falha” que ninguém
pensava existir. Nem mesmo os técnicos da Sísmica.
	       O poço deveria atingir o Sergi aos 1000m e terminar a 1100. Terminou a 1250m dentro de
uma “formação” que não foi prevista: o Aliança.
	       O Itaparica está ausente por falha, mas seus fósseis foram achados pelos paleontólogos. Pior
de tudo, dentro do que foi chamada de formação Aliança, uma impossibilidade geológica.
	       Observe-se o Relatório da Paleontologia para mais perplexidade:



                                                  296
Evidências do Erro Paleontológi

    Poço iniciado na Zona           R-6.1
    Primeiros ostracóides de        R-8                              30-60m
    Apenas ostracóides de           R-6.1                            60-150m
    Topo (?) da Zona                R-8                              150-180m
    Topo da Subzona                 R-8.1                            330-360m
    Topo da Zona                    R-9                              1110-1140m

	         Seguindo-se esta observação:

         	 “Não sabemos se os ostracóides da Zona R-8 encontrados no intervalo 30-60m são
         provenientes de contaminação, hipótese esta que é mais aceitável dado a ocorrência ser
         de apenas dois (2) ostracóides com predominância da fauna R-6.1. Neste caso é mais
         lógico dar o topo de R-8 em 150-180m. Como aconteceu com o poço 3-ML-3-BA, a
         subzona R-8.1 apresenta-se bastante espessa. A zona R-9 não apresenta ostracóides de
         qualquer das suas duas (2) subzonas.”

	        A incerteza do paleontólogo vem do fato da área ter sido mapeada com clásticos do tempo
Candeias à superfície, mais antiga que o Ilhas, não se justificando a presença dos fósseis do Ilhas
especialmente com predominância.
	        É o mesmo caso já acontecido em Rosário quando o geólogo esperava somente fósseis Can-
deias e o laboratório achava fósseis do Ilhas.
	        Os fósseis do Ilhas não eram esperados, mas foram encontrados, daí a “contaminação”, (des-
de que a área é mapeada como Candeias!) e não o contrário como foi apresentado. Em fevereiro de
1969, outro relatório da Paleontologia sugeria a espessura das diversas formações, inclusive a da for-
mação Itaparica entre 1110m-1260m. Esta formação está falhada no poço, ou seja, ela está ausente da
coluna estratigráfica por efeito do falhamento, o que coloca os fósseis Itaparica dentro da “formação
Aliança”, informação que resvala para o surrealismo geológico. Impossível. E se a formação está
falhada, ou seja, ausente da seção, como explicar a presença dos seus fósseis?
	        Aparentemente, mas só aparentemente, detalhes sem importância. O fenômeno se repete
no 1-ML-1-BA e no 3-ML-2-BA, quando os fósseis do Itaparica, também aparecem até o fundo do
poço, passando por dentro da espessura da “formação Sergi”.
	        É evidente o erro do mapeamento. Com mapas errados, descobrir petróleo é pura sorte.

                                          Área de Progresso
	        1-PE-1-BA
	        Esta área fica situada na parte centro-leste da Bacia, 5km ao sul do Campo de Araçás.
	        Especificamente, neste poço, após o recebimento de um rádio do laboratório de paleontolo-
gia informando que,
	        “..último intervalo examinado 2280-2310. Desmoronamento do Ilhas superior parte infe-
rior.”

	        O geólogo do poço escreveu carta mal humorada ao seu supervisor (documento na pasta do
poço), tecendo críticas ao laboratório da Paleontologia, chamando atenção para o fato de que o inter-
valo de onde teriam desmoronado os fósseis do Ilhas superior parte inferior, já estava revestido com
tubos de aço, tornando impossível o desmoronamento.

                                                297
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

	       A observação é nossa: é mais simples e coerente admitir que os fósseis estão misturados e
por isso podem aparecer a qualquer profundidade, do que tentar justificativas que soam impertinen-
tes.

                                Área de Fazenda Mangueira
	       1-FM-1-BA
	       Este poço (Fig. 10.11) fica situado na mesma latitude dos poços de Lamarão e D.João na
borda leste da Bacia, área onde hoje se localiza o Pólo Petroquímico de Camaçari. Vamos apreciá-lo
sob dois pontos de vista exploratórios, sísmico e paleontológico, suas inter-relações e influências. É
um prospecto de 1964 que diz:

      	 “...baseado em trabalhos sísmicos de reflexão que delineou... ...A profundidade final
      será no embasamento esperado a aproximadamente 3600m de profundidade... ...obje-
      tivos desta locação são a Formação Sergi e a Zona “A” bem como os arenitos erráticos
      das Formações Ilhas e Candeias, visando também um melhor conhecimento da estrati-
      grafia ao sul do trend Mata/Catu. A profundidade final será no embasamento, cujo topo
      é esperado a 3600m. Recomenda-se uma sonda com capacidade de 4000m para uma boa
      margem de segurança.”

	        O sumário estratigráfico prevê todas as formações conhecidas da coluna geológica da bacia
até o embasamento. A sonda 14, com capacidade de perfurar 5000m, foi a encarregada da perfuração.
O poço foi tamponado e abandonado como seco a 4.704m de profundidade, 1.104m além da previsão
inicial, sem encontrar qualquer dos objetivos esperados, inclusive o embasamento. A sonda ficou
pendurada em sedimentos desconhecidos.
	        Quando o poço chegou a profundidade de 3315m, próximo ao embasamento previsto pela
sísmica, a Paleontologia verificou e informou que os fósseis ainda eram do Ilhas superior (parte rasa
da Bacia), mas que seriam desmoronados, devido a perplexidade causada pela notícia. Pouco antes,
os responsáveis pela locação redigiram um expediente justificando alguns pontos de vista e reformu-
lando as interpretações, como aconteceria mais tarde em outras locações (locações de 1-CAB-1-BA
e Jacuipe):

      	 “Sob o ponto de vista da sísmica, lembramos que o mapa do embasamento utilizado,
      quando da aprovação de Fazenda Mangueira e Jacuipe Sul, baseou-se fortemente na in-
      formação de refração no local, na suposição de que os mesmos refletissem em essência
      a situação real ou aproximada do embasamento. Como resultante este mapa deixou de
      considerar reflexões mais profundas que o nível indicado por refração...”

	       Argumentando que as análises paleontológicas indicavam que o poço ainda estava perfuran-
do o Ilhas superior, e que ainda faltavam as formações do Grupo Sto.Amaro (Candeias e Itaparica),
argüia-se que o embasamento poderia ser encontrado a mais de 5000m de profundidade, ou seja,
além da capacidade de perfuração da sonda nº 14. A Paleontologia confirmaria seus resultados com
muita ênfase:

	      “...o poço terminou dentro da Formação Ilhas superior, parte inferior a profundidade de
4702m.”


                                                  298
Evidências do Erro Paleontológi

	       Ressaltou ainda que dentro das camadas de conglomerados não foram encontrados ostra-
cóides, mas nos folhelhos aparecidos dentro do conglomerado, os fósseis achavam-se muito bem
preservados...

      	 “...permitindo uma fácil e segura determinação bioestratigráfica. É interessante obser-
      var que a despeito da grande profundidade atingida por este poço, a contaminação por
      desmoronamento é praticamente nula não prejudicando a identificação das formações
      S.Sebastião e Ilhas, apesar das dúvidas surgidas quanto a excessiva espessura das for-
      mações S.Sebastião e Ilhas obtidas com base nas determinações paleontológicas. Ne-
      nhuma evidência forte existe que modifique os resultados da micropaleontologia. Até
      que novos fatos surjam consideraremos como definitivas as informações contidas no re-
      sumo acima indicado. Convém assinalar o fato, para nós importante, de que pela primei-
      ra vez foram encontrados ostracóides com boa preservação, em profundidades maiores
      que 4000m, contrariando o conceito de que, em áreas com espesso pacote sedimentar,
      os fósseis não resistiriam à compactação dos sedimentos. A fauna encontrada surgiu à
      profundidade de 3960-3975m, o poço tem revestimento intermediário até 2003m, o que
      exclui a possibilidade de desmoronamento das camadas superiores. Tal fato abre novas
      perspectivas para a identificação das formações em poços profundos.”

	       Em Fazenda Mangueira, não são os fósseis antigos que aparecem nas camadas superficiais,
ao contrário. São os mais jovens que se aprofundam. Por estarem misturados nas três dimensões é
impossível predizer o aparecimento ou desaparecimento de qualquer biozona . Observe-se ainda que
neste poço o revestimento intermediário

	       “...exclui a possibilidade de desmoronamento das camadas superiores.”

	      Vale lembrar o prospecto de Capianga onde o geólogo que acompanhou o poço quase foi
demitido por sacar uma falha que colocava o Ilhas contra o Sergi devido à desordem dos fósseis no
volume dos sedimentos da Bacia.
	      Mapas errados são antieconômicos.

                                       Área de Cinzento
	       1-CZ-1-BA
	       Nesta área, nos arredores do Centro Industrial de Aratu na parte sul da Bacia, foram furados,
à época deste estudo, dois poços. O primeiro é um poço profundo com 4430m, e como em Fazenda
Mangueira, sem qualquer definição estratigráfica.
	       O relatório da Paleontologia diz textualmente:

      	 “Obs: Este poço apresenta um sério problema de retrabalhamento de sedimentos o
      que torna difícil ou mesmo impossível a obtenção de resultados paleontológicos preci-
      sos, pois os ostracóides apresentam a preservação original. Desde a primeira amostra
      encontram-se ostracóides de diversas biozonas, numa clara evidência de desordem es-
      tratigráfica, onde a seqüência sedimentar mostra-se amplamente perturbada. Não existe
      predominância de ostracóides de determinada zona, pois a freqüência dos mesmos é va-
      riável neste poço. Nota-se porém que até a profundidade de 300m encontram-se apenas
      ostracóides das zonas R-6 (Ilhas basal) e R-8 (Candeias). Entretanto, abaixo dos 300m
      começam a surgir fósseis da zona R-5 e, principalmente da zona R-5.2. Mesmo abaixo

                                              299
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

      do intervalo com revestimento intermediário (1832m) ainda encontramos ostracóides
      das três zonas citadas com ligeira redução dos tipos da zona R-8.”

	       O relatório final do geólogo diz textualmente (p.6).

      	 “A mesma ocorrência misturada de fósseis existente na Formação Ilhas, continua per-
      sistente na Formação Candeias, sem possibilidade de definição paleontológica, apenas
      litológica. Pertence ao Cretáceo inferior.”

	       Observar que a misturada de fósseis continua a aparecer, mesmo abaixo do intervalo reves-
tido, como em Progresso e Fazenda Mangueira evidenciando um fenômeno abrangente.
	       1-CZ-2-BA
	       O segundo poço da área tem o seguinte resultado paleontológico:

      	 “Obs. Não houve possibilidade de estabelecer topos de zonas de ostracóides. Apenas
      foi constatada a presença dos mesmos formando uma miscelânea sem seqüência estra-
      tigráfica.”

	       Algumas vezes a mistura de fósseis é muito clara, que não há necessidade de interpretações.


                                       Área de Buracica
	       7-BA-184-BA
	       Esta área fica 5 km sudoeste da cidade de Alagoinhas no noroeste da Bacia. Este seria um
poço externo no flanco oeste do campo, que visava testar um bloco interpretado como rebaixado aos
níveis dos topos das formações Itaparica e Sergi (Ver documentos da pasta do poço). O item 4 da Ata
da Reunião da Comissão de Completação e de Abandono de Poços de Desenvolvimento diz:

      	 “A seção estratigráfica atravessada apresentou-se anômala: foram atravessados sedi-
      mentos do Grupo Ilhas e da Formação Candeias, penetrando aos 269m em uma seção
      pelítica vermelha de características litológicas da Formação Aliança (inclusive dados
      paleontológicos situaram essa seção no Andar D.João-RT-001) que persistiu até os
      700m. A partir de então foi atravessada a seção normal da formação Sergi (zonas F a
      H) e da Formação Aliança, com seus membros Capianga, Boipeba e Afligidos, tendo
      encerrado a perfuração neste último, já bastante próximo ao embasamento.”

	       A situação descrita inverte a estratigrafia da Bacia colocando o Aliança sobre o Sergi tendo-
se de admitir uma “falha” reversa dentro da Bacia sem uma justificativa teórica para amparar a idéia.
A Paleontologia confirmou a estranha inversão.
	       Evidentemente que não existe a inversão. Os fósseis é que estão misturados e aparecem em
qualquer profundidade. São frutos de redeposição e tem de ser reportados como refossilizações, sem
evidenciar qualidades ambientais e muito menos caracterizar e/ou datar qualquer coisa.

                                   Área de Fazenda Imbé
	       1-FI-1-BA
	       É outro campo de petróleo com algumas dezenas de poços. Este pioneiro (Fig. 10.12) é um
poço de 1963 com a seguinte estratigrafia prevista/achada:


                                                  300
Evidências do Erro Paleontológi

         Formações                       Topos previstos                 Topos achados
  S.Sebastião                    Superf.111m(+107m)               Superf.(+107m)
  Ilhas sup.                     120m (-13m)                      294m(-183m)
  Ilhas inf.                     Não previsto                     952m(-841m)
  Candeias                       1600m(-1493m)                    1350m(-1239m)
  Zona “A”                       2140m(-2033m)                    Falhada
  Itaparica                      2150m(-2043m)                    Falhada
  Sergi                          2200m(-2093m)                    Falhada
  Aliança                        Não prevista                     1581m(-1470m)
  Embasamento                    Não previsto                     1768m(-1657m)
	         Diz o Resumo da Paleontologia sobre os resultados do poço:

                                           Ostracóides
1290 - 1350m                                     Ilhas inferior
1350 - 1500m                                     Candeias médio
1500 - 1650m                                     Desmoronamento
1650 - 1680m                                     um ostracóide do Aliança
1680 - 1710m                                     um ostracóide do Aliança
1710 - 1740m                                     Desmoronamento
1740 - 1770m                                     Desmoronamento

	       Evidente que, até o fundo do poço, os fósseis misturados são de seções mais novas sendo
por isso dados como desmoronados, pois é antigeológico reportá-los àquelas profundidades, junto
com formações mais antigas. Apenas que não há o desmoronamento do poço, os fósseis é que estão
misturados e os geólogos ignoram o fato.

                               Área de Fazenda Azevedo
	       1-FA-1-BA
	       Situa-se esta área ao norte do Campo de Imbé e tem os mesmos problemas dos outros poços
da Bacia (Fig. 10.13).


Formações    	     	   Topos Previstos     	     Topos achados

S.Sebastião 		         Superf.(+92m)    	        Superf.(+92m)
Ilhas         		       342m(-250m)       	       145m (-49m)
ILhas inf.    		       Não previsto   	          1057m (-961m)
Candeias      		       1542m(-1450m)	            1695m (-1599m)
Candeias inf. 		       Não previsto   	          2020m (-1924m)
Zona “A”      		       Não prevista   	          2152m (-2056m)
Itaparica     		       Não prevista   	          2162m (-2066m)
Sergi      		          Não previsto   	          2192m (-2096m)
Aliança      		        Não prevista   	          2310m (-2214m)

                                               301
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

Embasamento          	    1842m(-1750m) 	                Não atingido
Prof. final              				                            2335m (-2239m)

Relatório parcial da Paleontologia:

0-120m           	               S.Sebastião inferior
120-150m                 	       Topo Ilhas superior, pte superior
510-540m                 	       Topo Ilhas superior, pte inferior
1050-1080m               	       Topo Ilhas inferior
1710-1740m                	      Candeias médio
1920-1950m               	       Candeias médio
1950-1980m                	      Desmoronamento
1980-2010m                	      Desmoronamento
2010-2070m                   	   Microfósseis ausentes
2070-2100m                	      Desmoronamento
2100-2130m                	      Desmoronamento
2130-2160m                   	   Candeias inferior
2160-2196m                	      Microfósseis ausentes.

	      Ainda aqui repete-se a mistura dos fósseis anacrônicos explicados pela teoria tola do desmo-
ronamento.

	       FA-5 e FA-5R
	       Nesta mesma área há um caso interessante. Durante a perfuração do poço FA-5, houve um
acidente na sonda quando o poço estava a 1909m de profundidade. Desde o intervalo 1410-1440m,
o laboratório da Paleontologia informava que os fósseis presentes nas amostras eram possivelmente
do Candeias ou R-8.
	       O acidente provocou a mudança de lugar original da sonda, para outro, 40m ao norte do
primeiro, que tomou a sigla FA-5R (o R quer dizer repetição). Neste Repetição a Paleontologia foi
encontrar o primeiro fóssil Candeias a 2100-2130m de profundidade, ou 700m de intervalo vertical
entre poços distantes 40m horizontalmente. Dizendo:

      	 “..Somos obrigados mais uma vez a discordar dos dados paleontológicos...” (Relató-
      rio semanal Nº5).

	        O geólogo colocou o topo do Candeias a 1704m de profundidade. Na oitava semana de
perfuração, muda o geólogo e com ele também muda o topo da formação Candeias para 1885m e
no relatório final ficou este parâmetro a 1820m, sem que as análises paleontológicas influenciassem
minimamente aquela decisão.
	        Não havia nenhuma disciplina no mapeamento, porque, ninguém compreendia o que se pas-
sava na paleontologia, nem mesmo as chefias.
	        Se o critério (Zona Diferencial Superior) para marcar o topo de uma formação (o apareci-
mento do fóssil ligado à formação) fosse obedecido, como explicar a variação do topo do Candeias
neste caso? Tivesse sido perfurado apenas o primeiro poço acidentado, o contato do Candeias poderia
ter ficado na primeira ocorrência do fóssil (1440m). O acidente com a perfuração mostrou que a va-
riação espacial da ocorrência dos fósseis dentro da Bacia é tão grande, que é melhor, mais fácil e mais
inteligente, considerar os fósseis misturados, do que julgá-los sincrônicos com as supostas formações
da coluna estratigráfica ortodoxa usada na exploração.

                                                          302
Evidências do Erro Paleontológi


                                       Área de Bom Lugar
	       1-BL-3-BA
	       Neste Pioneiro (Fig. 10.14) a seção geológica prevista/achada é a seguinte:

Formações     		        Previsão   	      	     Achada

S.Sebastião 		           Superf.(+80m) 		        Superf.(+88m)
Ilhas sup. 		            1056m(-971m) 	          1167m(-1064m)
Ilhas inf. 		            1670m(-1585m) 	         1786m(-1693m)
Candeias      		         2446m(-2361m) 	         2552m(-2459m)
Zona “A”      		         3118m(-3033m) 		                 ?
Itaparica    		          3131m(-3046m) 		                 ?
Sergi       		           3204m(-3119m) 		                 ?
Embasamento       	      N.P.	    	        	     3236m(-3143m)
	        A profundidade final, segundo o prospecto, seria a 2600m na formação Candeias. Recomen-
da-se uma sonda para 3000m. Vai para a locação a sonda 65, com capacidade para perfurar 3.000m.
	        Transcrição do Relatório Final:

      	 “..A profundidade final prevista era de 2600m, na formação Candeias. Entretanto,
      após ser penetrado o topo da formação Candeias, como o Laboratório da Paleontologia
      indicasse para o intervalo 2610-2640m a sub-zona R-9.1 (Candeias inferior), decidiu-se
      que o poço fosse perfurado até o Sergi.”
	       A profundidade final do poço foi de 3238,5m (638m além do previsto e 238 além da capa-
cidade de perfuração da sonda) no... Embasamento Cristalino. A “Formação Candeias”, que fora
penetrada a 2580m, foi encontrada diretamente em contato com o Embasamento cristalino a 3236m.
	       O Relatório da Paleontologia, após a Zona R-6 diz:

	       Topo da zona   		                R-6 		          1800-1830m
	       Topo da subzona 		               R-6.1 		        2340-2370m
	       Topo da subzona 		               R-9.1 		        Testemunho nº6, 2557,0/2559,8

	       Observação: Não foram encontrados ostracóides característicos da zona R-8. A sub-zona
R-9.1 está bem representada principalmente no intervalo 2580-2610 e 2670-2700m; daí até as últi-
mas amostras são encontrados, esparsos elementos característicos de R-9.1 ao lado de ostracóides
não diagnósticos, fragmentos mal preservados e ostracóides de seções mais novas. Não foram encon-
trados ostracóides da sub-zona R-9.2.
	       Transcrição do Relatório Final do poço:

      	 “Estão ausentes por falha as formações Aliança, Sergi, Itaparica e possivelmente a
      parte basal da formação Candeias. Esta última formação apresentou um zoneamento
      paleontológico anômalo, com a sub-zona R-9.1 próxima a seu topo, havendo ausência
      total da zona R-8”.

	        Zoneamento paleontológico anômalo é a maneira eufemística dos paleontólogos referirem-
se ao problema dos fósseis misturados, que arrasam qualquer possibilidade de definição e interpre-
tação estratigráfica. Outro ponto interessante: a zona R-8 correspondente ao Candeias está ausente
mas a formação está presente, acontecendo o contrário com o Itaparica que está ausente da coluna
por efeito de um “falhamento”, mas os fósseis correspondentes àquela formação estão presentes nas
                                              303
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

amostras coletadas durante a perfuração e examinadas no laboratório. Como explicar o fenômeno?
Provavelmente não é possível explicá-lo. Mas fica explicado porquê a exploração da Bacia do Re-
côncavo é dita tão difícil.


                                              Área de Irai
	       1-IR-1-BA
	       Este poço é o pioneiro da área (Fig. 10.15). A estratigrafia prevista/ achada é a seguinte:

Formações 	           	   Topos previstos 	        Topos achados

Barr./Mariz. 		           Superf.(392m) 	          Superf.(392m)
S.Sebastião      		       Não previsto 	 	         277m (+115m)
Ilhas        		           130m (269m) 	            626m (-234m)
Ilhas inferior 		         Não previsto 		          1139m (-747m)
Candeias        		        550m (-161m) 	           1223m (-831m)
Itaparica      		         980m (-591m)		           Falhada
Sergi         		          1010m (-621m) 	          Falhado
Aliança        		         1215m (-826m) 	          1359m (-967m)
Embasamento 	             1465m (-1076m) 	         1545m (-1153m)
Prof. total    		         1110m (-721m) 	          1551m.

	       A falta do Itaparica e do Sergi foi explicada por falhamento, porque o poço não encontrou os
seus objetivos.

Resultados Palinológicos.
Amostras de calha:
1230-1290m 	      Zona palinológica 4 sup. Isto é, Ilhas inferior.
1290-1350m 	 Zona palinológica 5 sup e média ou Candeias.

	       Obs: de 1359 a 1545m Aliança médio, sem resultados Palinológicos definitivos.

Ostracóides:
Até 270m 		                Sem ostracóides.
270-480m      	            S.Sebastião parte inferior
482,1-486,1  		            Test.no1, sem microfósseis
480-690       	            Ilhas superior, pte superior
690-1260        	         Ilhas superior, pte inferior
1380-1545m      	         Desmoronamento de Candeias médio

	        Observação: “Segundo o log elétrico o poço penetrou a partir de 1359m no Aliança, parte
média, o que não pode ser provado por microfósseis, porque os mesmos não existem nessa parte da
Fm.Aliança.”
	        O topo do Aliança está marcado a 1359m, mas até o fundo do poço, a 1545m os fósseis ana-
lisados são do Candeias médio, dados como desmoronados.
	        De fato, é impossível a ocorrência de fósseis do tempo Candeias dentro do Aliança, pois, ao
tempo da sedimentação do Aliança, os fósseis do tempo Candeias ainda não existiam, não podendo

                                                   304
Evidências do Erro Paleontológi

por isso fossilizarem. O paleontólogo chama atenção para o fato, pois sua maior intimidade com o
assunto diz-lhe que é errado assim proceder.
	       No capítulo das correlações diz o geólogo:

      	 “The stratigraphic section in this well is completely different from its counterpart
      in EI-1 (Estação de Iraí-1, outro poço da área). No positive E-log correlation can be
      made.”

	      1-IR-2-BA
	      Neste poço (Fig. 10.16), o topo do Sergi está marcado a 1202m, mas até o fundo do poço,
a 1270m, somente ocorrem fósseis do Candeias inferior que a partir de 1200m, foram dados como
desmoronados, o modo paleontológico de justificar o absurdo.



                                    Área de Estação de Iraí
	       3-EI-1-BA
	       Em Estação de Irai 1 (Fig. 10.17), a 4,5km sul do poço acima, havia problema semelhante. O
topo do arenito Sergi fora marcado a 417m, e no relatório final do poço, no resumo paleontológico,
há o seguinte:

      	 “Primeiros ostracóides de Itaparica entre 420 e 435m. Observação: Em virtude de
      estar a amostra de Itaparica já no Sergi, a indicação de Itaparica significa somente a
      presença dessa formação talvez entre 405-417m com espessura pequena.”

	       Os paleontólogos tentavam justificar o erro de constatar a ocorrência de fósseis jovens em
formações antigas como no caso acima. Neste poço o topo do Sergi está marcado a 218m, e o poço
tem a profundidade final em 700m.

O relatório da Paleontologia diz:

“150-180m 	     Provavelmente Candeias inferior
 180-270m 	     Ostracóides não diagnósticos. Possivelmente desmoronamento.”

A Palinologia confirma:

“90-120 	       Zona palinológica 5 média, parte inferior correspondente a Candeias médio parte
inferior;
 120-240m 	     Zona palinológica 5 inferior correspondente a Candeias inferior.”

	       3-EI-4-BA
	       Em Irai 4 o geólogo marcou o topo do Sergi a 279m e o topo do Aliança a 570m, furando o
poço até a profundidade final de 735m. A Paleontologia diz em seu relatório:

180-270	        Candeias inferior
270-570	        Desmoronamento
570-753	        Aliança
                                             305
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

	     Ver a figura 10.18 para compreender melhor o fenômeno.
	     Diante da contradição estratigráfica, o Supervisor do Laboratório de Paleontologia emitiu
uma comunicação interna dirigida ao geólogo do poço (documento da pasta):

       	 “Informamos-lhe que o topo da formação Aliança está evidenciado a 570-600m, bem
       como a presença de fósseis de Itaparica, dentro da seção de Sergi do poço EI-4.”
	        Essa informação torna impossível chamar de Sergi a areia dos 279m e desmonta toda a estra-
tigrafia prognosticada e achada. O Sergi está infestado com fósseis mais jovens que a sedimentação
da referida areia. Isto constitui erro de Geologia e contradiz fatos da natureza.


                                       Área Norte de Iraí
	       1-NI-1-BA
	       Na área de Norte de Irai, o prospecto do pioneiro, geologicamente falando na mesma área
dos dois poços antes estudados, diz o seguinte na parte da estratigrafia prevista/achada:


Formações 	       Topos previstos 	        Topos achados

Barreiras 	        Superf. (+340m)     	 Superf. (+340m)
Ilhas         	   200m (+140m)        	  180m     (+160m)
Candeias    	     600m (-260m)        	  487m     (-145m)
Itaparica   	     1000m (-660m)        	 não encontrado
Sergi        	    1020m (-680m)       	 792m      (-450m)

	       O relatório da Paleontologia revela:

      	 “O testemunho nº2, retirado na profundidade de 806,3-810,8, portanto dentro do Sergi
      (topo marcado a 792m ou -450m), apresentou pólens do Candeias inferior”.

	       Trata-se do mesmo caso que viemos analisando desde o princípio: fósseis ocorrendo fora
das formações originais, ou seja, a repetição do erro grave de estratigrafia primária. A informação do
Laboratório tenta chamar atenção do geólogo responsável pelo mapeamento, para o erro que estava
cometendo. É impossível a ocorrência de fósseis jovens em formações antigas. Isso colide frontal-
mente com a Segunda Lei da Sedimentação, e o relatório reflete a preocupação do paleontólogo,
infelizmente, sem nenhum sucesso.

	       4-NI-3-BA
	       Diz o relatório da Paleontologia (Fig. 10.19):

      	 “Observação: Os testemunhos números 2 e 3 entre 1286 e 1289m considerados como
      pertencentes ao Sergi, mostraram ostracóides do Candeias inferior ou provavelmente
      Itaparica.”

	       Este resultado é corroborado pelo exame palinológico que diz:

      	 “Testemunhos números 2 e 3 provavelmente zona palinológica 5 correspondente a

                                                  306
Evidências do Erro Paleontológi

       Candeias inferior, ou provavelmente zona palinológica 6, correspondente a Itaparica”.

	        Estes avisos não foram levado em consideração, constituindo apenas a repetição monótona
do mesmo fenômeno que estamos demonstrando existir ao longo desta pesquisa, e configura um erro
estratigráfico primário mas de importância crucial e fundamental para a exploração.

	       4-NI-4-BA
	       Neste poço (Fig. 10.20), o topo do Sergi está marcado a 1038m. O relatório paleontológico
diz:
	       “Testemunho nº3, 1044-1048m ostracóides mal preservados não determináveis;
	        Testemunho nº 4, 1048-1052m, ostracóides mal preservados não determináveis.”

	       A Palinologia informa:

        “Testemunho nº 4, 1048-1052m Zona palinológica no6, correspondente a Itaparica.”

	      4-NI-5-BA
	      Aqui (Fig. 10.21) o topo do Sergi está marcado a 1853m, e a profundidade final do poço
alcançou 1957m. Em um dos relatórios parciais a Paleontologia informou:

	       1740-1770		             Candeias médio
	       1830-1860		             Candeias inferior	
	       1869-1890		             Desmoronamento
	       1890-1920		             Desmoronamento
	       1920-1950		             Desmoronamento
	       Obs. do autor: topo do Sergi marcado a 1853m

	       É que o Sergi é uma formação estéril. Entretanto, nesta região, não somente a formação é
portadora de fósseis, como são eles mais jovens que a sua própria sedimentação. Não é um absurdo
da natureza. É um erro de Paleontologia!
	       As contradições sobre a estratigrafia na área de Irai provocaram um documento da parte do
Laboratório da Paleontologia sob o título Acontecimentos mais importantes no mês de dezembro de
1963 que diz no primeiro item:

       	 “1. O poço NI-2-BA mostrou no testemunho Nº2 entre 1031,6 e 1035,8m a fauna de
       Itaparica; assim o topo do Sergi, marcado para 1018m deve ser mudado. Sugerimos que
       fossem examinadas mais uma vez os topos do Sergi por meio do E-log em poços adja-
       centes, para que o topo do Sergi fique bem estabelecido.”

	       As várias advertências dos paleontólogos sobre a ocorrência de fósseis fora dos seus lugares
de nada valeram, e a estratigrafia da região continuou desconhecida e a área, produtora de hidrocar-
bonetos que é, está abandonada. Quantos poços forem furados, e quantos forem examinados, tantas
vezes o fenômeno se repetirá.

	        Conclusão: os fósseis existentes no volume dos sedimentos que formam a Bacia do Recôn-
cavo foram misturados na ocasião da gênese da mesma, e foram usados indevidamente na definição
da estratigrafia da Bacia. A exploração de petróleo nesta Bacia pode ser retomada em novas bases se
o erro for corrigido.
                                              307

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  • 2. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa Evidências do Erro Paleontológico Toda pesquisa geológica é baseada em mapas feitos com as diversas rochas que compõem a crosta do planeta. As rochas assim mapeadas têm de ser obrigatoriamente datadas e a datação consis- te na determinação da exata ordem do seu aparecimento na crosta. Este o problema que se apresentou aos cientistas brasileiros que iniciaram o trabalho de pesquisa geológica, e especialmente de petróleo, na primeira parte do século passado. Em 1938 fora fundado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP) e seus dirigentes tomaram providências para que as rochas, especialmente aquelas onde seria feita a pesquisa de petróleo fossem datadas. Antes daquele ano, no Brasil, nada havia sobre o assunto, e as datações eram feitas pelo sentimento de cada um dos homens incumbidos dos serviços do mapea- mento. Em 1942 foram tomadas as providências para que a informação fosse obtida. Contratou-se um cientista especialista no assunto, e ele tomou providências para obter as informações de que pre- cisavam os geólogos para desincumbir-se de obter o petróleo para o Brasil. Amostras de testemunhos obtidas nos poços de petróleo construídos na Bacia do Recôncavo foram mandadas a laboratórios especializados, tanto na Europa como nos Estado Unidos onde foram estudados por cientistas de renome internacional naquele tempo. As respostas pavimentaram um conhecimento que viria a ser um dos mais refinados estudos feitos pela Estatal do Petróleo Brasileiro. Desse início formou-se no Brasil uma equipe de paleon- tólogos que durante muito tempo pontificou no assunto. Material para ser estudado era abundante, pois a fundação da Petrobras, no início da segunda metade do século, incrementou muito o serviço de perfuração dos poços para pesquisa. Os sedimentos da Bacia são muito fossilíferos e este fato ajudou os pesquisadores a montar uma coluna bioestratigráfica e com isso ficou completado o estudo essencial para o mapeamento da Bacia. Entretanto havia algo estranho no comportamento dos resultados das perfurações que cau- sava preocupação. Os prospectos não funcionavam como era esperado. O estudo dos fósseis era per- feito, mas não acontecia nas formações onde eles eram esperados. A continuidade da ocorrência dos fósseis, completamente ao acaso, ou fora das suas posições esperadas levou ao surgimento de várias teorias, algumas das quais se mantiveram e se mantêm até hoje, a despeito da sua fraca sustentação teórica. Falhas que apareciam apenas para justificar a desordem paleontológica, diápiros sem qual- quer apoio de fatos, discordâncias não reconhecidas regionalmente e até o simples desconhecimento ou desprezo da análise feita no laboratório da Companhia se esta entrava em conflito com a opinião do geólogo ou das chefias. A ocorrência aleatória dos fósseis colocou em cheque outra importante arma da pesquisa na Bacia do Recôncavo. O serviço da geofísica também não funcionava. As pro- fundidades previstas e encontradas eram conflitantes e até o embasamento era confundido com os sedimentos e vice-versa. A confusa bioestratigrafia entrou em contradição e conflito com a litoestratigrafia, seguindo- se o desastre. O serviço de perfuração ia de bom para melhor e o número de poços aumentava as descober- tas e a produção de petróleo, o que embalava a nova posição do Brasil entre os países que produziam 280
  • 3. Evidências do Erro Paleontológi petróleo. A euforia pelo fato fazia esquecer o conflito existente entre as duas faces científicas que embasavam a pesquisa do petróleo, aqui e no resto do mundo. A produção de petróleo na Bacia cresceu, por meros golpes da sorte, até o início dos anos 70, quando entrou na fase declinante da produção. Naquela época a produção chegou a pouco mais do que 170.000 bpd. Atualmente (2007), a produção está reduzida a menos de 1/4 daquele número e é considerada atualmente uma bacia em extinção, relegada a segundo plano. Estes fatos provocaram a pesquisa que terminou por concluir: Os fósseis existentes nas três dimensões da Bacia do Recôncavo estão misturados por motivos geológicos e não servem para datar, nem para caracterizar ambientes e/ou qualquer formação geológica. Com as datações erradas e conseqüentemente a coluna estratigráfica também desajustada, a geofísica e todos os outros métodos exploratórios, que dependiam daquelas datações, foram induzi- dos ao erro, e explorar petróleo na Bacia do Recôncavo, ficou por conta da boa ou da má sorte e da grande quantidade de petróleo existente na subsuperfície da Bacia. Justificava-se o erro com “falhas” inexistentes. Vejamos se os fósseis estão de fato misturados e desordenados usando os relatórios do pró- prio laboratório de Paleontologia existentes nas pastas de cada poço, apenas acentuando o fenômeno que queremos demonstrar através de gráficos e destaques feitos com os dados dos poços. Área de Capianga 1-CG-1-BA Prospecto furado em 1959, na parte norte da Bacia. O poço verificaria uma “transgressão dos mares Ilhas sobre um Candeias erodido”. A partir dos dados sísmicos e do mapeamento de superfície, previu-se no prospecto uma coluna estratigráfica que não correspondeu a encontrada. Na figura 10.1A, vê-se como seria o poço quando estivesse pronto. Na figura 10.1B o que aconteceu depois da perfuração. Como pode ser vis- to, não há qualquer relação entre uma e outra coisa. A previsão sísmica para a profundidade do Sergi (formação da base da coluna estratigráfica) a 1.117m, combinada com a informação do Laboratório de Paleontologia, segundo a qual a 1.100m foram constatados fósseis do tempo Ilhas, formação jovem no topo da coluna, levou o geólogo a lan- çar mão de uma falha colocando o Sergi contra o Ilhas. Tal falha, que não fora prevista pela Geofísi- ca, eliminou toda a formação Candeias, toda a Zona “A” e o topo do Sergi que eram os reservatórios mais interessantes para petróleo, segundo as tradições existentes na cúpula exploratória. O geólogo quase foi demitido e o relatório foi rejeitado (documentos na pasta do poço). A interpretação foi severamente criticada pela chefia. Isso provocou uma carta-justificativa do geólogo autor do relatório, sugerindo uma segunda possibilidade estratigráfica, onde,ao contrário do primeiro o Candeias reaparecia em contato falhado ou discordante com o Ilhas aos 778m - com um ponto de interrogação ao lado. Nessa interpretação, a parte inferior da coluna, até o embasamento passou a incluir o Sergi e a Zona “A” e a falha desaparecera como havia aparecido: por encanto (Fig. 10.1C). Na carta-justificativa, o geólogo explicou: “...a colocação do contato Ilhas/Sergi a 1104m: ele levara em consideração as informações paleontológicas que indicavam fósseis do Ilhas a profun- didade de 1100m. De fato, o reestudo das amostras laterais retiradas a 975m e 1058m ainda regis- travam fósseis do Candeias inferior e do Itaparica, respectivamente dentro do intervalo do Sergi”, configurando erro de interpretação geológica. E mais, até o fundo do poço, os fósseis analisados eram somente os associados à “formação” Ilhas. 281
  • 4. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa Admitida a divisão estratigráfica feita no perfil elétrico do poço sob estudo, corrompe-se a Lei da Sucessão Faunal e a estratigrafia fica incompreensível, sem qualquer tintura de Geologia. Animais e rochas anacrônicos tornados sincrônicos por força de um relatório. Em Capianga existem fósseis jovens do tempo Ilhas (topo da coluna), dentro do Aliança (base da coluna) algo impossível na natureza. A determinação paleontológica é um fato correto. O fóssil é sincrônico ao tempo Ilhas. O erro consiste em chamar-se “formação” Aliança para aqueles estratos. Eles ainda seriam da “forma- ção” Ilhas, e os sedimentos acima deles não poderiam ser chamados de Candeias, Zona “A” e Sergi. A interpretação da coluna estratigráfica do poço de Capianga gerou muitas discussões entre o Distrito e a sede da Empresa. No Rio de Janeiro (Fig. 10.1D) os relatórios e cartas foram cotejados, e a partir de cópia do perfil elétrico, modificou-se a posição da Zona “A” (que saiu dos 837m para 955m) e de outros parâmetros da coluna, sendo adotada outra solução, também não geológica, pois não considerou, de novo, a Segunda Lei da Sedimentação. Essa atitude em nada alterou a solução do problema estratigráfico da Bacia, mas mostrou a existência de determinado grau de confusão sobre a estratigrafia, tanto na gerência exploratória da Bahia, como na do Rio de Janeiro. A determinação de fósseis Ilhas a 1090m, torna impossível a existência das “formações” Candeias, Zona “A”, e Itaparica acima desse ponto, pela Segunda Lei da Sedimentação. Não estava em discussão o erro cometido pela sísmica de colocar o Sergi naquela profundidade. Eram dois erros cometidos ao mesmo tempo: A solução estratigráfica adotada pela arbitragem feita no Rio de Janeiro e todas as anteriores estavam geologicamente erradas, e o erro virou uma tradição, e uma lenda con- servada até hoje entre os geólogos brasileiros. Vejamos o segundo poço da área. 1-CG-2-BA Prospecto de 1962, cujo “...strongest suport... comes from seismic data.” (Do prospecto). A espessura dos sedimentos seria de 585m, com o Sergi a 535m. Previu-se também que a estrutura neste poço, estaria 500m mais alta que o CG-1 (do prospecto). A estratigrafia deveria ser como a mostrada na figura 10.2, já comparada com a coluna per- furada. Ao fim da perfuração, o geólogo que acompanhou este poço foi mais sensato, e fez um rela- tório mais agradável à gerência achando que o prospecto atingira plenamente o objetivo (o Sergi fora encontrado praticamente onde a sísmica o previra) e a correlação elétrica feita com o primeiro poço era excelente nas palavras do geólogo. Na verdade nada era tão excelente assim. O poço não estava 500m mais alto que o primeiro como previra o prospecto e, além disso, a excelente correlação fora feita com o primeiro poço que estava completamente errado do ponto de vista geológico/estratigráfico como vimos anteriormente. Relatório da Palinologia 0/210m Zona palinológica 3, Ilhas Superior. 210/300m Em uma destas amostras situa-se o horizonte palinológico 4a, i.e., topo do Ilhas infe- rior 300/390m Zona 4 superior, i.e., Ilhas inferior. 390/480m Possivelmente zona 4 superior possivelmente zona 5 inf (?), com muito material caído da seção superior, possivelmente Ilhas inferior ou possivelmente Candeias inferior. Observação do autor: ter em conta a diversidade paleontológica para o interva- lo!! 480/561m Zona palinológica 6, i.e., Itaparica 282
  • 5. Evidências do Erro Paleontológi Observação do autor: ter em mente que o topo do Sergi está marcado aos 515m. Impossível o Sergi com fósseis do Itaparica Relatório de Ostracóides Início do poço na formação Ilhas superior parte inferior. Topo do Ilhas inferior entre 240-270m. Não há indicações para Candeias. Primeiros ostracóides da formação Itaparica aparecem entre 480 e 510m Observação: não podemos excluir a possibilidade da existência de um pouco de Candeias, parte inferior acima da Zona “A”, mas achamos que deve ser menos do que 30m. 210-240m Ilhas superior, parte inferior 240-450m Ilhas inferior 450-480m Ilhas inferior (?) 480-510m Itaparica 510-561m Itaparica Observação do autor: topo do Sergi marcado a 515m! Testemunho nº1: 496,68 a 500,68 Itaparica. Os erros cometidos neste poço enquadram-se no mesmo caso dos anteriores. O topo do Sergi está marcado à profundidade de 515m e abaixo desse parâmetro, até o fundo do poço a 563m, há fósseis do tempo da sedimentação do Itaparica, contrariando a Segunda Lei da Sedimentação, impossibilitando a divisão estratigráfica feita no perfil elétrico. Observe-se ainda que, na divisão estratigráfica apresentada, a espessura do Candeias fica en- tre 388m e 491m, onde a análise dos ostracóides diz que ocorrem fósseis do Ilhas, por isso seguidas de um ponto de interrogação que se observa ao lado, uma situação estratigráfica absurda que não foi justificada. A Palinologia havia determinado Candeias inferior, enquanto a análise dos ostracóides afir- mava que não havia indicação para o Candeias. Vejamos outros poços ainda na mesma região, e com outras irregularidades técnicas prejudi- ciais à exploração. Aparentemente, somente a sísmica não tinha errado nada. Área de Subaúma Outro poço pioneiro na mesma Região de Capianga. Prospecto de 1959, oriundo da sísmica (ES-7 e ES-12), e no qual está assinalado: “...Não se espera que esta locação esteja afetada de maneira incomum pelo rápido acunhamento do Ilhas, como seria o caso do CG-1-BA.” Segundo as interpretações sísmicas, a coluna estratigráfica seria como a que se vê na figura 10.3, confrontada com a verificada após a perfuração: aqui também, nada deu certo. Como anteriormente, durante a perfuração do poço não houve quem pudesse situar-se na coluna estratigráfica. A 1686m, ultrapassada a profundidade final prevista para o poço (que devia ter terminado aos 1634m segundo o prospecto), a Paleontologia informou que os fósseis encontrados nas amostras eram do Ilhas, repetindo-se o fenômeno de Capianga. 283
  • 6. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa A 1814m de profundidade, esgotada a capacidade de perfuração da sonda designada para a locação (sonda no 47 com capacidade para perfurar 1800m), sem que tivessem sido encontrados os objetivos do poço, o geólogo brasileiro que o acompanhava, foi substituído por um americano mais experiente. A coluna de perfuração foi trocada por uma mais leve de maneira pudesse ser alcançada maior profundidade por que “...The confusing facies change exibited in the lower Candeias and Itaparica formation in CG-1-BA has caused the decision to continue to the botton of the Sergi.” (Relatório semanal no 9 da pasta do poço). Com a coluna mais leve o poço chegou a 1896m de profundidade, ou seja, 96m além da ca- pacidade nominal de perfuração da mesma e 262m além da previsão do prospecto para a profundida- de final, havendo neste ponto um acidente: a ferramenta de perfuração prendeu ameaçando perder-se o poço. Conseguida a liberação da coluna, perfilou-se o mesmo, que foi tamponado e abandonado como seco. Interpretaram-se os resultados do perfil elétrico, dando nomes correntes da estratigrafia regional aos diversos intervalos, sem terem em conta as informações do laboratório da paleontologia que mostravam haver: • até o fundo do poço, fósseis da zona palinológica no 6, correspondentes à formação Ita- parica; • nas amostras de calha até o fundo do poço, só foram encontrados microfósseis correspon- dentes ao Ilhas; • os testemunhos no 24 (1780,5-1786,5m) e 25 (1837-1839m), ambos pertencentes à for- mação Sergi, cujo topo está marcado a 1744m de profundidade, são portadores de fósseis do Ilhas. A formação Sergi é um intervalo estéril, isto é, não ocorrem fósseis. Em Subauma não so- mente ocorriam fósseis, como estes eram de outra formação e, pior de tudo, geologicamente, bem mais jovem que o Sergi. Aparentemente essas informações não tinham importância. Mas era só aparentemente, pois de novo prostituía-se a Segunda Lei da Sedimentação - pedra angular da ciência geológica e pavi- mentava-se o caminho para o abandono da Bacia e o fim dos estudos paleontológicos na Petrobras. Área de Caboclo 1-CLO-1-BA Naquela área foram furados dois poços: o primeiro em 1962 e o segundo em 1964. Em Ca- boclo (Fig. 10.4) a sísmica tinha determinado: “...um nariz estrutural no embasamento que favorecia os dois principais reservatórios da bacia.” Como sempre, o Sergi e a Zona A como objetivos principais. O quadro das previsões estrati- gráficas e dos topos da estratigrafia achada depois da perfuração do poço é o seguinte (a discrepância entre a coisa prevista e a encontrada, é também uma evidência muito forte de que a estratigrafia da Bacia era desconhecida e aparentemente não era coisa de maior importância): 284
  • 7. Evidências do Erro Paleontológi Formações Topos previstos Encontrados S.Sebastião Superfície Não Encontrados Ilhas Superior 227m(-100m) Superfície (127m) Ilhas Inferior Não Previsto 200m Candeias 427m(-300m) 379m(-250m) Zona “A” 502m(-375m) 426m(-297m) Itaparica 507m(-380m) 444m(-215m) Sergi 527m(-400m) 468m(-339m) Aliança N.Previsto 558m(-431m) Profundidade final 570m 756m(-629m) Todos os topos das formações foram encontrados mais altos que os esperados. A 426m topou-se com a Zona A enquanto o Sergi inferior estava a 468m, com 90m de es- pessura, pois fora cortado por uma falha que apareceu após a perfuração do poço para justificar o inusitado. A sísmica não a tinha previsto. O Aliança, que não tinha sido previsto, apareceu, pouco abaixo da previsão do Sergi, e o poço que iria até 570m na profundidade final, com 50m dentro do Sergi, foi até 756m dentro do que foi chamado de Aliança, ultrapassando toda a espessura do Sergi. O topo do Sergi, que tinha sido previsto a 527m, ficou marcado no perfil a 468m. O relatório paleontológico diz o seguinte: Relatório Paleontológico: Ostracóides. 0-60m Ilhas Superior 60-150m Ilhas Superior Parte Inferior 150-375m Ilhas Inferior 375-465m Ilhas Inferior (?) 465-525m Desmoronamento do Ilhas Inferior (topo do Sergi) 525-540m Desmoronamento do Itaparica 540-555m Desmoronamento do Ilhas inferior 555-615m Aliança 615-660m Desmoronamento Obs: A amostra entre 525 e 540m mostrou 2 tipos da formação Itaparica o que faz crer que Itaparica esteja presente na seção (provavelmente entre 444 e 468m). Testemunho nº1: Ilhas inferior. Observação do autor: topo do Sergi está marcado a 468m e o uso do verbete “desmoro- namento” é a maneira de tentar encobrir os erros de fósseis fora das “formações” correspon- dentes. O Sergi neste poço é portador de fósseis do Ilhas e do Itaparica. Relatório da Palinologia: Polens “Test. Nº1 (336,3-340,3) e Test. Nº2 (346-349m): provavelmente zona palinológica 5 285
  • 8. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa inferior, parte inferior, i.é., provavelmente Candeias inferior parte inferior”. Observação do autor: Observar a forte evidência da misturada de fósseis. Fósseis de tempos diferentes (ostracoides do tempo Ilhas e pólens do Candeias inferior) no mesmo teste- munho. Neste pioneiro, o aparecimento de sedimentos de cor vermelha a 558m, balizou a coluna daí para cima. Foram eles chamados de formação Aliança e a parte superior a eles foi segmentada convenientemente para completar a coluna estratigráfica. O resultado da análise paleontológica não foi levado em consideração, e por isso a divisão estratigráfica feita no perfil elétrico é contraditória e errada. O topo do Sergi marcado que foi a 468m de profundidade condicionou os “desmoronamen- tos” apontados no relatório da Paleontologia. Essa palavra, é uma espécie de expediente encontrado para justificar fósseis do Candeias, Ilhas, Aliança, Itaparica etc, dentro de outras formações, ou fora dos seus lugares. Mais uma vez repetia-se o fenômeno: fósseis jovens ocorrendo em formações antigas, trom- bando com conceitos de geologia primária. Os fósseis fora dos seus sedimentos associados foram considerados como desabados, geran- do os pontos de interrogação (fósseis Ilhas dentro da formação Candeias) e uma explicação de como o fenômeno poderia ter acontecido. Com efeito, estão corretas as determinações paleontológicas. É fácil a um paleontólogo ex- periente reconhecer os diversos fósseis que ocorrem em superfície e subsuperfície Os fósseis analisa- dos são característicos do tempo Ilhas. Errada está a interpretação estratigráfica feita pelos geólogos. Uma informação que deve ser destacada é o resultado surgido da análise do testemunho nº 1. Segundo a Paleontologia, os fósseis (ostracóides) encontrados são do Ilhas. Segundo o exame palinológico, os pólens são do Candeias inferior, demonstrando factualmente que os fósseis estão misturados. Vejamos o segundo poço. 1-CLO-2-BA É o segundo poço dessa série (Fig. 10.5A), furado em 1964, dois anos após o primeiro. Pros- pecto da sísmica para verificar a parte alta da estrutura determinada pelo falhamento que ocorrera no primeiro poço. Veja-se a previsão e o resultado da perfuração. Formações Topos previstos Topos achados Barreiras Superf.(+200m) Não encontrado Ilhas 15m(+185) Superf.(+200m) Candeias 340m(-140m) 517m(-314m) Zona “A” 400m(-200m) Não encontrada Itaparica 420m(-220m) 568m(-365m) Sergi 450m(-250m) 637m(-434m) Aliança Não previsto 735m(-532m) Prof.final 520m 780m Veja o esquema. Observe-se o que diz o relatório do Paleolab (documento da pasta do poço): Relatório da Paleontologia: Ostracóides 286
  • 9. Evidências do Erro Paleontológi 0-165m Sem ostracóides 165/180m Primeiros ostracóides Ilhas Superior 375/390m Topo Ilhas Inferior 390/630m Ilhas inferior 630/750m Desmoronamento (topo do Sergi = 637m) 750/765m Topo da formação Aliança Testemunho Nº2 Sem ostracóides Testemunho Nº3 Sem ostracóides Amostra lateral:461m Sem ostracóides Amostra lateral:535m Ilhas Inferior Resultados Palinológicos: 165/360m Zona palinológica 3 correspondente a Ilhas Superior, parte inferior 360/600m Zona palinológica 4 superior correspondente a Ilhas Inferior 600/750m Zona palinológica 5 média, correspondente a Candeias Médio, pro- vavelmente parte basal (topo do Sergi = 637m) O topo do Sergi fora marcado aos 637m, mas a Paleontologia encontrara fósseis do Ilhas em toda a espessura daquela formação, “desmoronados”, explicam, tentando não ferir fundamente a Lei da Sucessão Faunal ou Segunda Lei da Sedimentação. O testemunho retirado a 535m mostra fósseis do Ilhas infestando a “formação” Candeias desmontando a coluna estratigráfica feita sobre o perfil elétrico. Ao fim e ao cabo, não somente esses poços apresentavam essas anomalias, mas todos os furados na Bacia, foi o que se verificou no prosseguimento da pesquisa. Vejamos mais alguns exemplos marcantes do fenômeno através dos relatórios do próprio Paleolab. Área de Riachão 1-RIA-1-BA (Fig. 10.6) Oriundo de estudos de superfície feitos pela EPE-3, deveria este prospecto ser raso e testa- ria arenitos do Ilhas superior, os quais seriam atingidos a 80m de profundidade enquanto o arenito S.Paulo-Catu seria encontrado a 900m de profundidade. A chefia da exploração no Rio de Janeiro atendendo argumentações razoáveis para testar as contestações sobre a validade da estratigrafia vigente na exploração do petróleo da Bacia, que naque- le tempo já era um assunto bastante comentado entre os técnicos implicados nos serviços de pesquisa transformou o pioneiro em um poço de pesquisa. Dali por diante, o poço não seria mais raso e deveria parfurar até o embasamento e bem testemunhado. Para isso, acrescentou-se um Adendo do Programa Geológico e de Perfuração do 1-RIA-1-BA nos seguintes termos (documento da pasta do poço): “O intervalo compreendido entre o topo do Ilhas inferior e o Embasamento deverá ser testemunhado no sentido de dar uma contribuição definitiva ao Estudo da Discordân- cia, que está sendo efetuado pela Seção de Hidrodinâmica. A referida testemunhagem obedecerá um programa maleável, sendo necessária nas evidências de hidrocarbonetos, 287
  • 10. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa mudanças abruptas de fácies litológicos e outras anomalias estratigráficas passíveis de estudos através de testemunhos.” Fez-se um novo prospecto para o poço, onde foram modificados os objetivos, a profundidade final prevista que agora passava a ser 3.425m no embasamento, e a capacidade da sonda, agora pedi- da para 4.000m. A estratigrafia prevista seria a que se vê no quadro, que aqui vai confrontada com a encontrada apos a perfuração do poço. Formações Topos previstos Topos achados Barreiras Superf.(+115m) ? S.Sebastião 20m(+95m) ? Ilhas superior 80m(+35m) 12m Ilhas inferior 1015m(-900m) ? Candeias 1815m(-1700m) 1662m Zona A 3175m(-3060m) Não encontrado Itaparica(?) 3185m(-3070m) Não encontrado Sergi(?) 3225m(-3110m) Não encontrado Aliança(?) 3325m(-3210m) 2741m Embasamento 3425m(-3310m) 2846m Prof.final 3425m 2863m A sonda que perfurou o poço foi uma Bethlehm modelo 1013, com capacidade de perfurar 5.000m, operada pela Petrobras. Como sempre, durante a perfuração do poço, ninguém pôde situar- se na estratigrafia. Os parâmetros de subsuperfície mudaram de profundidade várias vezes, a depen- der do geólogo que estivesse acompanhando o poço, não permitindo conhecer a posição dos contatos entre as formações postuladas. Observe-se os pontos de interrogação na tabela. O fenômeno dos fósseis jovens ocorrendo em formações mais antigas continuou a se verifi- car, e foi constante a ocorrência de petróleo no poço. A correlação com os poços vizinhos foi impos- sível. A 2.846m a sonda toca o embasamento sem alcançar qualquer dos seus objetivos. Em seguida o poço foi perfilado tamponado e abandonado como seco. O embasamento, que estava sendo esperado a mais de 4.000m de profundidade, estava mais raso a 2846m. O relatório final da Paleontologia diz textualmente: “A partir do testemunho no 25, até a profundidade de 2820m, foram estéreis as amos- tras. Em 2820-2850 encontram-se ostracóides de biozonas mais novas que R-10 (001) e outros não diagnósticos. Na última amostra recebida (2850...?) foram encontrados ainda ostracóides de R-10, junto com outros de R-9 (002).” Observação do autor: notar que os fósseis reportados no intervalo 2820-2850 foram en- contrados 100m dentro do Aliança cujo topo está marcado a 2741m. Notar ainda que o topo do embasamento está marcado a 2848 (-2728m) e foi furado até 2863m, o que configura 15m de um “embasamento fossilífero”, não com fósseis contemporâneos a sedimentação do embasamento, mas com fósseis do “Aliança” misturados aos do “Candeias médio”. Este erro chama atenção de qualquer pesquisador. Não é o embasamento, mas o conglomerado com seixos do embasamento. A maior parte da profundidade do poço é estéril mostrando que em algumas partes da Bacia a abundancia de fósseis pode ser transformada em raridade. 288
  • 11. Evidências do Erro Paleontológi Dentro da “formação Aliança” existem fósseis de biozonas mais novas, o absurdo geológico que estamos demonstrando. Os fósseis estão abrasados de maneira que o seu reconhecimento torna-se difícil. Dentro do embasamento aparecem fósseis do Aliança e do Itaparica juntos, um absurdo du- plicado: fósseis de formações diferentes (anacrônicos), e dentro do embasamento... Bastaria este poço para demonstrar que havia algo completamente fora das leis geológicas que regem a exploração. De fato os fósseis estão misturados por uma razão geológica (que veremos adiante), e por isso são, e devem ser considerados como refossilizações, ou seja, eles foram depositados normal- mente e posteriormente redepositados, e não podem ser usados como foram. O Sergi tinha sido descoberto pelo perfil elétrico com muito óleo e o poço foi parado, pois segundo a chefia “...a Petrobrás precisava de petróleo e não de teorias”. Em seguida o poço foi com- pletado e testado, produzindo água e somente água. Hoje, é seco, abandonado, sem petróleo, sem teorias e com um prejuízo incalculável. Observemos outras análises paleontológicas de poços situados em diversas regiões da Bacia, para mostrar mais evidências do fenômeno da mistura dos fósseis segundo a linguagem dos próprios paleontólogos, com grifos nossos. Área de Caldeirão 1-CAL-1-BA Este prospecto (Fig. 10.7) originou-se do trabalho da equipe de mapeamento de superfície com o auxílio de furos rasos (EPE-3). A locação não tinha apoio da gravimetria nem da sísmica. Di- ziam os técnicos daquelas áreas que, a estrutura da superfície não se refletia em profundidade. Sua estratigrafia original prevista era a seguinte, confrontada com a achada: Formações Previsão Achado S.Sebastião Superf.(+135m) Superf.(+135m) Ilhas superior 935m.(-800m) 1038m.(-898m) Ilhas inferior 1535m.(-1400m) 1714m(-1574m) Candeias médio 2055m.(-1920m) 2231m(-2091m) Candeias inferior 2765m(-2630m) ? Zona “A” 2845m(-2710m) 2972m(-2832m) Itaparica 2865m(-2730m) 3018m(-2878m) Sergi 2935m(-2800m) 3075m(-2935m) Aliança Não previsto 3344m(-3204m) P.final 3000m 3449m Diz o relatório da Paleontologia: “Não foram encontrados ostracóides da zona R-8. Na amostra 2460m-2490m aparece um conjunto de ostracóides, apresentando formas com preservação diferente, bastante escuros, mal delineados, alguns deformados e desgastados, com indícios de abrasão e rolamento. Outros espécimes mostram-se mais claros, mas com preservação também 289
  • 12. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa precária impedindo a sua determinação precisa. Entretanto, as características ainda per- ceptíveis parecem sugerir tipos da subzona R-8.1, o que registramos com as devidas restrições. Desta profundidade até 2880-2910m ainda são encontrados estes mesmos elementos esparsos, ao lado de ostracóides não diagnósticos, fragmentos não identificáveis e ostra- cóides de seções mais novas. A subzona R-9.1 está muito bem representada a partir do intervalo 2910-2940m e principalmente no test. no 2 (2919,5-2922,0m) que apresenta uma abundante fauna, diminuindo em quantidade até a profundidade de 3030-3060m; daí para baixo até 3330- 3360m somente são encontrados fragmentos não determináveis, ostracóides não diag- nósticos ao lado de ostracóides de seções mais novas. Não foram encontrados ostracóides de R-9.2. Nas amostras 3360-3390m e 3420-3450m aparece em cada uma, um fragmento de ostracóide não diagnóstico, porém com coloração típica da dos osstracóides de R-10 (Aliança). No testemunho no23, (3363m-3367m) foram encontrados raros fragmentos de folhe- lho cinza escuros com alguns ostracóides mal preservados e impossíveis de determinar, mas que não possuem qualquer semelhança com a fauna R-10. Admitindo a possibilida- de de contaminação foram preparadas mais três porções do mesmo testemunho, as quais se apresentaram estéreis.” Os fósseis referidos no último parágrafo já tinham sido identificados ao tempo da perfuração como da fauna associada ao Candeias inferior, o mesmo fenômeno que vinha sendo verificado desde 1959 nos diversos poços perfurados na Bacia. Testemunhos não sofrem contaminação, mas a consta- tação do fato mostrava que a Lei da Sucessão Faunal continuava em xeque, tornando a estratigrafia definida sobre o perfil elétrico ininteligível. A interpretação estratigráfica feita sobre o perfil elétrico é um erro sério na exploração de petróleo feita na Bacia. Realmente as interpretações feitas sobre o perfil elétrico, como acontece com a sísmica, também estão prejudicadas pelo erro de datação que ocorre nos sedimentos da Bacia do Recôncavo. Área de D. João Central 6-DJC-2-BA Nesta área (mais de 1000 sondagens!) selecionamos este poço (Fig. 10.8), furado dentro da Baia de Todos os Santos, cuja profundidade final seria aos 750m, por erros na estratigrafia, foi perfurado até 847m, quando sofreu um blow out. A estratigrafia prevista e a achada estão na tabela abaixo, onde podem ser observadas as discrepâncias da desorientação estratigráfica: Formações Topos previstos Topos achados Candeias inf. -5m -5m Zona “A” -50m -10m Itaparica -67m -31m 290
  • 13. Evidências do Erro Paleontológi Zona B -140m -138m Sergi -192m -197m Aliança -450m -647m Prof.final -750m -847m Embasamento -1126m Veja-se o esquema acima e compare-se com o Relatório da Paleontologia.: Relatório da Paleontologia Moldes indetermináveis na amostra-----> 0-30m Topo da Subzona R-9.2 na amostra-----> 30-60m Obs: Ostracóides da Subzona R-9.2 presentes em toda a seção até a profundidade final e como desmoronamento a partir da amostra 210-240m. (topo do Sergi a 197m) Os ostracóides do Itaparica estão presentes até a profundidade final ou seja, 847m, dentro das formações Sergi e Aliança, e nesse caso dados como desabados para tentar evitar a colisão fron- tal com a Segunda Lei da Sedimentação. A própria linguagem do Relatório é sintomática: “o desmoronamento se dá apenas a partir do topo da areia que foi chamada de Sergi”. Fenômeno absolutamente despropositado em Geologia. Vejamos o relatório da Palinologia: Palinologia 0 a 60m Zona palinológica 6, correspondente a Itaparica 210-750m Desmoronamento! Observações: 1. A zona palinológica 6 é muito bem caracterizada, inclusive a parte basal, que raramente se oferece tão completa para estudo. 2. Desde 90-120 a 720-750 são determinados palinomorfos de retrabalhamento de zonas paleozóicas, principalmente do Carbonífero Inferior e Devoniano Médio. 3. Nos intervalos da calha 300 aos 450 e de 600 a 750, encontra-se boa quantidade de pólen da Zona 6 (Itaparica), parte basal e abundantemente palinomorfos do Carbonífero Inferior e Devoniano Médio, como desmoronamento. Chamou-se de Sergi uma areia errática que havia aparecido com petróleo inesperado aos 197m, e a partir dessa profundidade, os fósseis foram dados como desabados... Acentuemos as irregularidades tendo em conta a observação no1 do relatório da Palinologia onde a zona 6 “é muito bem caracterizada...que raramente se oferece tão completa para estudo”: Os fósseis estão misturados em toda a espessura dos sedimentos perfurados. Aparecem palinomorfos, não somente do Cretáceo, mas também do Paleozóico (Carbonífero inferior e Devoniano médio). A “teoria do desabamento” fica desmoralizada, pois não pode haver “desabamento” de sedi- mentos não perfurados. Se a bacia é de idade Cretácea, como explicar a presença de fósseis do Paleozóico? O 6-DJC-2 é um poço produtor de petróleo, e pequenos detalhes, aparentemente, não eram importantes, e por isso podiam passar como desconhecidos. 291
  • 14. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa Área de Rosário 1-RR-1-BA Esta área fica regionalmente ao sul da Bacia a leste do campo de D.João. É um poço-exemplo da confusão entre os estudos paleontológicos e a tentativa de determinar onde é o contato entre o Ilhas e Candeias. Não há maneira nem modos de conciliação, devido exata- mente à misturada dos fósseis existente na Bacia. Neste pioneiro de Rosário, a análise paleontológica termina com a seguinte observação (Documento do poço) reproduzida no Relatório final do geólogo: “Obs: As determinações paleontológicas do topo do Ilhas inferior e Candeias médio são fornecidos com restrições face a forte contaminação de fósseis dessas formações, que aparecem a partir de 120m. De acordo com a informação do geólogo do poço, essa contaminação deve-se a utilização de lama de perfuração já usada, transferida do campo de Candeias (Relatório Semanal.3). Lamentamos esse fato, principalmente em se tratan- do de um poço pioneiro.” Aqui também os fósseis estão misturados dificultando o entendimento da estratigrafia o que se diz no relatório com todas as letras. Apenas que dá origem ao aparecimento de nova teoria para explicar a mistura: a lama de perfuração estava contaminada... Área de Apraiuz 3-APR-3D-BA Área na parte centro-leste da Bacia, ao norte do Campo de Miranga. Nesse poço lê-se o se- guinte resumo paleontológico: Subzona RT-008.3 501-510m Topo da subzona RT-007 1110-1140m Topo da subzona RT-006 1260-1290m Topo da subzona RT-004 2220-2250m seguindo-se a seguinte observação: “Obs: O poço apresenta uma seção contaminada, abrangendo o intervalo até a profundidade de 1320m com ostracóides da biozona RT-003 e também foraminíferos. O intervalo foi repreparado, inclusive uma nova remessa de amostras, confirmando-se a contaminação originária da sonda. Posteriormente descobrimos que o poço foi perfura- do pela sonda 26, proveniente da RPNE, onde deve ter operado em seções marinhas. A contaminação deve ter sido causada por resíduos de lama deixados no tan- que e/ou em tubos de perfuração mal lavados. Apesar dessa forte contaminação, foi possível estabelecer-se a seqüência bioestratigráfica normal, embora sujeita a restrições em face do fato citado.” A zona RT-003 pertence a parte profunda da Bacia (antiga R-8 correspondente a Candeias médio.), que não foi perfurada pelo poço, o que criou dificuldades para explicar sua presença na parte rasa da locação. Na impossibilidade de considerar como desabamento, recorreu-se ao expediente já usado em Rosário e D. João: haveria uma “contaminação causada por resíduos de lama deixados no tanque e/ou em tubos de perfuração mal lavados”. 292
  • 15. Evidências do Erro Paleontológi Na realidade, o fato é mais uma evidência da mistura de fósseis anacrônicos que anula as interpretações estratigráficas feitas sobre o perfil elétrico. Vale notar apenas a versatilidade das explicações: no exemplo anterior o fluido de perfuração tinha vindo de Candeias já contaminada. Neste exemplo, foi a sonda a culpada, pois andara perfuran- do na RPNE...e voltara contaminada. Área de Carijó 1-CJ-1-BA Foi proposto nesta área, ao sul da Bacia, um novo poço baseado no mapeamento da superfí- cie - feito com ajuda dos fósseis como era praxe - o qual definia a área, a semelhança de Malombê, como recoberta por sedimentos da “formação Candeias”. O Candeias em superfície configurava um alto estrutural do embasamento. Esperava-se a Zona “A” a 890m e o Sergi a 990m. O geólogo que acompanhou o poço esperava que os fósseis nas amostras fossem os fósseis característicos da “formação Candeias” e que o poço fosse raso. Entretanto, durante a perfuração, os relatórios da Paleontologia reportavam fósseis do Ilhas, o que causou perplexidade ao geólogo que acompanhava a perfuração. Pior de tudo havia contradição entre as informações da Palinologia e da Paleontologia. Os polens indicavam Candeias enquanto os ostracóides indicavam Ilhas. Os relatórios semanais, até o último, continuaram com um ponto de interrogação para a profundidade do Candeias desde que, nem mesmo os técnicos dos laboratórios sabiam o que estava acontecendo. A perfuração terminou aos 2.058m, mais do que o dobro da profundidade prevista sem al- cançar o Sergi que fora previsto para 990m, ou seja, sem que os objetivos do poço fossem encontra- dos, ficando a broca pendurada em sedimentos desconhecidos. Este poço proporcionou um estudo paleontológico bastante elaborado, onde se constatou que os fósseis estavam de fato misturados, em virtude de um impossível fenômeno de diapirismo existente na locação, teoria esta sem qualquer base científica de apoio. Naquele relatório aparece a seguinte conclusão: “Damos a descrição detalhada das amostras deste poço por se tratar de um caso parti- cular, em que a seção perfurada apresenta uma grande mistura de fósseis, desde a super- fície até mais ou menos 1950m. A partir desta profundidade podem tirar-se conclusões precisas e efetuar determinação segura em vista de as amostras conterem fósseis índices da zona, sem evidência de mistura ou retrabalhamento. Esta feição anômala, evidencia- da ao longo de quase toda a coluna bioestratigráfica, sugere fenômeno semelhante ao ocorrido nas áreas de Cinzento e Morro do Barro.” Área de Santa Maria 1-STM-1-BA Situada na parte sul da Bacia, nas imediações do Centro Industrial de Aratu. O Relatório da Paleontologia diz ao final: “Obs: Como se pode observar desde as amostras iniciais, encontramos mistura de fósseis de biozonas diversas, sem que seja possível dar os limites exatos nem sequer sugeri-los até a profundidade de 3.690m. A partir daí entretanto podemos reconhecer as biozonas R-9.1 e R-9.2 perfeitamente.” 293
  • 16. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa O pesquisador não está deduzindo a mistura de fósseis através de evidências. São os paleon- tólogos que constatam a mistura. Observar ainda que, tanto os fósseis podem aparecer misturados como acontece na parte superior da coluna, como podem estar bem preservados em grandes blocos da formação original fornecedora de clásticos para a formação que lhe sucedeu, como acontece a partir dos 3.690m de profundidade. Área de Miranga 4-MGL-1-BA Nesta área, situada na parte centro-leste da Bacia nas imediações do Campo de Água Gran- de, fica este outro campo de petróleo onde foram furados muitos poços, todos com problemas pale- ontológicos. O relatório da Paleontologia diz: Sem ostracóides 0-60m Amostras contaminadas 60-330m Subzona R-2.2 330-360m Topo da zona R-3 510-540m Topo da subzona R-3.1 690-720m Topo da zona R-4 870-900m Topo da subzona R-5.1 1230-1260m “Obs: A partir de 1380-1410 a 1860-1890m a zona R-5 (Ilhas) está presente com predominância de R-5.2, porém apresentando a ocorrência esparsa de ostracóides da zona R-8 (Candeias), outros com amplitude muito grande abrangendo as zonas R-6.1 (Ilhas inferior) a R-9.1 (Itaparica) além de um único ostracóides característico de R-9.1 encontrado no intervalo 1740-1770. Não foram encontrados ostracóides característicos de R-6.” Parece que o relatório foi escrito para comprovar a misturada dos fósseis, não para guiar o geólogo na estratigrafia. Em qualquer parte da Bacia, o fenômeno é exatamente o mesmo! Qualquer poço que seja furado, a mistura de fósseis será evidenciada. Área de Lamarão 1-LM-1-BA Nesta área temos dois poços que serão estudados em conjunto. No pioneiro de Lamarão, si- tuado ao centro-sul da Bacia, diz uma das partes do relatório da Paleontologia (Documentos da pasta do poço): “A partir de 2.160m tornam-se raros os fósseis em toda a seção do poço. A única evidência de R-8 (dado em base de um exemplar de C.(M) candeiense var. Spingifera) foi encontrada na amostra 4080-4110. Abaixo desta profundidade apenas se constatou a existência de fósseis desmoronados de R-6, havendo também outros não identificáveis pela má preservação.” 294
  • 17. Evidências do Erro Paleontológi A Zona R-6 é mais jovem do que a R-8 e não pode ocorrer nesta posição. Para compreender a inversão veja figura (ela é importante para compreender o fenômeno da mistura dos fósseis), onde aparecem as zonas paleontológicas organizadas pelo estudo das diversas faunas. A Zona R-8 (R quer dizer Recôncavo e RT, Recôncavo/Tucano) é mais antiga que R-6 e por isso, não pode ficar acima dela (2a Lei da Sedimentação). Notar ainda a profundidade onde foi encontrado o único fóssil do Candeias: a mais de 4km de profundidade. 1-LM-2-BA Vejamos o segundo poço observando o que diz o relatório paleontológico do mesmo: “Desde a superfície até a profundidade de 240m foi observada a presença de ostra- cóides das zonas R-8 (Candeias) e R-9 (Itaparica) misturados aos de R-2 (S.Sebastião). Na amostra 420-450m foram encontrados exemplares típicos da subzona R-4.1 (Ilhas superior parte superior). Na 480-510 ostracóides de R-8 (Candeias médio) e de 630 a 660 ostracóides de R-5 (Ilhas).” No primeiro poço, achou-se um fóssil R-8 a mais de 4100m de profundidade e assim foi determinada a formação Candeias. No segundo poço, pioneiro adjacente do primeiro, os fósseis Can- deias estão presentes desde a superfície, misturados aos fósseis do Itaparica, fósseis de S.Sebastião e nas partes mais profundas, junto com fósseis do tempo Ilhas tornando-se um problema nomear qual a formação que está sendo estudada ou datar qualquer coisa, porque, obviamente, os fósseis estão misturados, não interpretativamente pelo pesquisador, mas na linguagem clara dos próprios cientistas da paleontologia. Área de D. João 1-DJX-6-BA Nesta área, cerca de mil poços têm o mesmo problema. A estratigrafia prevista confrontada com a achada é a seguinte: Formações Topos previstos Topos achados Ilhas Fundo do mar -6m Candeias -125m -219,8m Zona A -625m -905m Itaparica -630m -909m Sergi -800m -1044m Prof. final -1125m Vejamos o que diz o Relatório da Paleontologia Início na Zona R-6 Topo da Zona R-8 (?) entre 255-270m Topo da Sub-zona R-9.1 660-675m Topo da Subzona R-9.2 (test. nº3)915,6-918,5 295
  • 18. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa “Obs. A determinação paleontológica do topo da Zona R-8 torna-se difícil não só pela pobreza da fauna como pela ocorrência de fósseis retrabalhados desta seção dentro da Zona R-6”. Veja-se na outra tabela o Relatório da Paleontologia as mesmas incorreções geológicas e as mesmas incertezas. Geologicamente impossível a Zona R-8 dentro da Zona R-6. É um erro grave de estratigrafia que precisa ser corrigido. Por isso o ponto de interrogação ao lado do “Topo da Zona R-8” que se observa na tabela. Os fósseis Candeias e Ilhas estão misturados e quem o diz é o relatório dos próprios paleon- tólogos. Neste caso, não houve “desabamento”. Os fósseis de R-8 foram dados como “retrabalhados” o que implica em redeposição, uma teoria não justificada pelos paleontólogos. A mistura dos fósseis verifica-se desde a superfície, dificultando a separação das “formações” Ilhas e Candeias. Note-se ainda a pobreza da fauna. Área de Malombê 3-ML-6-BA Área situada ao norte da Bacia onde afloram sedimentos Candeias recobertos por delgada camada de sedimentos da “formação Barreiras”. Em outras palavras, somente a parte inferior da co- luna estratigráfica, de Candeias para baixo, ocorre na área. Da parte superior, somente o Barreiras se acha presente (Fig. 10.10). A estratigrafia prevista/achada é a seguinte: Formações Topos previstos Topos achados Barreiras Superf.(+80m) Superf.(+80m) Candeias Méd. 30m(+50m) 10m (+72m) Candeias Inf. 840m(-760m) Falhada Zona “A” 910m(-830m) Falhada Itaparica 930m(-850m) Falhada Sergi 1000m(-920m) Falhado Aliança Sup. não previsto Falhado Aliança Med. não previsto 1190m(-1104m) Prof.final 1100m no Sergi 1250m no Aliança Observar que antes de perfurar o poço, o prospecto dá a impressão de que a área era bem conhecida. Depois da perfuração observa-se que nada do que foi previsto aconteceu o que mostrava que a área era desconhecida, pois nada do que foi previsto aconteceu. As “formações” que se pensava existirem não existiam e existia uma “falha” que ninguém pensava existir. Nem mesmo os técnicos da Sísmica. O poço deveria atingir o Sergi aos 1000m e terminar a 1100. Terminou a 1250m dentro de uma “formação” que não foi prevista: o Aliança. O Itaparica está ausente por falha, mas seus fósseis foram achados pelos paleontólogos. Pior de tudo, dentro do que foi chamada de formação Aliança, uma impossibilidade geológica. Observe-se o Relatório da Paleontologia para mais perplexidade: 296
  • 19. Evidências do Erro Paleontológi Poço iniciado na Zona R-6.1 Primeiros ostracóides de R-8 30-60m Apenas ostracóides de R-6.1 60-150m Topo (?) da Zona R-8 150-180m Topo da Subzona R-8.1 330-360m Topo da Zona R-9 1110-1140m Seguindo-se esta observação: “Não sabemos se os ostracóides da Zona R-8 encontrados no intervalo 30-60m são provenientes de contaminação, hipótese esta que é mais aceitável dado a ocorrência ser de apenas dois (2) ostracóides com predominância da fauna R-6.1. Neste caso é mais lógico dar o topo de R-8 em 150-180m. Como aconteceu com o poço 3-ML-3-BA, a subzona R-8.1 apresenta-se bastante espessa. A zona R-9 não apresenta ostracóides de qualquer das suas duas (2) subzonas.” A incerteza do paleontólogo vem do fato da área ter sido mapeada com clásticos do tempo Candeias à superfície, mais antiga que o Ilhas, não se justificando a presença dos fósseis do Ilhas especialmente com predominância. É o mesmo caso já acontecido em Rosário quando o geólogo esperava somente fósseis Can- deias e o laboratório achava fósseis do Ilhas. Os fósseis do Ilhas não eram esperados, mas foram encontrados, daí a “contaminação”, (des- de que a área é mapeada como Candeias!) e não o contrário como foi apresentado. Em fevereiro de 1969, outro relatório da Paleontologia sugeria a espessura das diversas formações, inclusive a da for- mação Itaparica entre 1110m-1260m. Esta formação está falhada no poço, ou seja, ela está ausente da coluna estratigráfica por efeito do falhamento, o que coloca os fósseis Itaparica dentro da “formação Aliança”, informação que resvala para o surrealismo geológico. Impossível. E se a formação está falhada, ou seja, ausente da seção, como explicar a presença dos seus fósseis? Aparentemente, mas só aparentemente, detalhes sem importância. O fenômeno se repete no 1-ML-1-BA e no 3-ML-2-BA, quando os fósseis do Itaparica, também aparecem até o fundo do poço, passando por dentro da espessura da “formação Sergi”. É evidente o erro do mapeamento. Com mapas errados, descobrir petróleo é pura sorte. Área de Progresso 1-PE-1-BA Esta área fica situada na parte centro-leste da Bacia, 5km ao sul do Campo de Araçás. Especificamente, neste poço, após o recebimento de um rádio do laboratório de paleontolo- gia informando que, “..último intervalo examinado 2280-2310. Desmoronamento do Ilhas superior parte infe- rior.” O geólogo do poço escreveu carta mal humorada ao seu supervisor (documento na pasta do poço), tecendo críticas ao laboratório da Paleontologia, chamando atenção para o fato de que o inter- valo de onde teriam desmoronado os fósseis do Ilhas superior parte inferior, já estava revestido com tubos de aço, tornando impossível o desmoronamento. 297
  • 20. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa A observação é nossa: é mais simples e coerente admitir que os fósseis estão misturados e por isso podem aparecer a qualquer profundidade, do que tentar justificativas que soam impertinen- tes. Área de Fazenda Mangueira 1-FM-1-BA Este poço (Fig. 10.11) fica situado na mesma latitude dos poços de Lamarão e D.João na borda leste da Bacia, área onde hoje se localiza o Pólo Petroquímico de Camaçari. Vamos apreciá-lo sob dois pontos de vista exploratórios, sísmico e paleontológico, suas inter-relações e influências. É um prospecto de 1964 que diz: “...baseado em trabalhos sísmicos de reflexão que delineou... ...A profundidade final será no embasamento esperado a aproximadamente 3600m de profundidade... ...obje- tivos desta locação são a Formação Sergi e a Zona “A” bem como os arenitos erráticos das Formações Ilhas e Candeias, visando também um melhor conhecimento da estrati- grafia ao sul do trend Mata/Catu. A profundidade final será no embasamento, cujo topo é esperado a 3600m. Recomenda-se uma sonda com capacidade de 4000m para uma boa margem de segurança.” O sumário estratigráfico prevê todas as formações conhecidas da coluna geológica da bacia até o embasamento. A sonda 14, com capacidade de perfurar 5000m, foi a encarregada da perfuração. O poço foi tamponado e abandonado como seco a 4.704m de profundidade, 1.104m além da previsão inicial, sem encontrar qualquer dos objetivos esperados, inclusive o embasamento. A sonda ficou pendurada em sedimentos desconhecidos. Quando o poço chegou a profundidade de 3315m, próximo ao embasamento previsto pela sísmica, a Paleontologia verificou e informou que os fósseis ainda eram do Ilhas superior (parte rasa da Bacia), mas que seriam desmoronados, devido a perplexidade causada pela notícia. Pouco antes, os responsáveis pela locação redigiram um expediente justificando alguns pontos de vista e reformu- lando as interpretações, como aconteceria mais tarde em outras locações (locações de 1-CAB-1-BA e Jacuipe): “Sob o ponto de vista da sísmica, lembramos que o mapa do embasamento utilizado, quando da aprovação de Fazenda Mangueira e Jacuipe Sul, baseou-se fortemente na in- formação de refração no local, na suposição de que os mesmos refletissem em essência a situação real ou aproximada do embasamento. Como resultante este mapa deixou de considerar reflexões mais profundas que o nível indicado por refração...” Argumentando que as análises paleontológicas indicavam que o poço ainda estava perfuran- do o Ilhas superior, e que ainda faltavam as formações do Grupo Sto.Amaro (Candeias e Itaparica), argüia-se que o embasamento poderia ser encontrado a mais de 5000m de profundidade, ou seja, além da capacidade de perfuração da sonda nº 14. A Paleontologia confirmaria seus resultados com muita ênfase: “...o poço terminou dentro da Formação Ilhas superior, parte inferior a profundidade de 4702m.” 298
  • 21. Evidências do Erro Paleontológi Ressaltou ainda que dentro das camadas de conglomerados não foram encontrados ostra- cóides, mas nos folhelhos aparecidos dentro do conglomerado, os fósseis achavam-se muito bem preservados... “...permitindo uma fácil e segura determinação bioestratigráfica. É interessante obser- var que a despeito da grande profundidade atingida por este poço, a contaminação por desmoronamento é praticamente nula não prejudicando a identificação das formações S.Sebastião e Ilhas, apesar das dúvidas surgidas quanto a excessiva espessura das for- mações S.Sebastião e Ilhas obtidas com base nas determinações paleontológicas. Ne- nhuma evidência forte existe que modifique os resultados da micropaleontologia. Até que novos fatos surjam consideraremos como definitivas as informações contidas no re- sumo acima indicado. Convém assinalar o fato, para nós importante, de que pela primei- ra vez foram encontrados ostracóides com boa preservação, em profundidades maiores que 4000m, contrariando o conceito de que, em áreas com espesso pacote sedimentar, os fósseis não resistiriam à compactação dos sedimentos. A fauna encontrada surgiu à profundidade de 3960-3975m, o poço tem revestimento intermediário até 2003m, o que exclui a possibilidade de desmoronamento das camadas superiores. Tal fato abre novas perspectivas para a identificação das formações em poços profundos.” Em Fazenda Mangueira, não são os fósseis antigos que aparecem nas camadas superficiais, ao contrário. São os mais jovens que se aprofundam. Por estarem misturados nas três dimensões é impossível predizer o aparecimento ou desaparecimento de qualquer biozona . Observe-se ainda que neste poço o revestimento intermediário “...exclui a possibilidade de desmoronamento das camadas superiores.” Vale lembrar o prospecto de Capianga onde o geólogo que acompanhou o poço quase foi demitido por sacar uma falha que colocava o Ilhas contra o Sergi devido à desordem dos fósseis no volume dos sedimentos da Bacia. Mapas errados são antieconômicos. Área de Cinzento 1-CZ-1-BA Nesta área, nos arredores do Centro Industrial de Aratu na parte sul da Bacia, foram furados, à época deste estudo, dois poços. O primeiro é um poço profundo com 4430m, e como em Fazenda Mangueira, sem qualquer definição estratigráfica. O relatório da Paleontologia diz textualmente: “Obs: Este poço apresenta um sério problema de retrabalhamento de sedimentos o que torna difícil ou mesmo impossível a obtenção de resultados paleontológicos preci- sos, pois os ostracóides apresentam a preservação original. Desde a primeira amostra encontram-se ostracóides de diversas biozonas, numa clara evidência de desordem es- tratigráfica, onde a seqüência sedimentar mostra-se amplamente perturbada. Não existe predominância de ostracóides de determinada zona, pois a freqüência dos mesmos é va- riável neste poço. Nota-se porém que até a profundidade de 300m encontram-se apenas ostracóides das zonas R-6 (Ilhas basal) e R-8 (Candeias). Entretanto, abaixo dos 300m começam a surgir fósseis da zona R-5 e, principalmente da zona R-5.2. Mesmo abaixo 299
  • 22. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa do intervalo com revestimento intermediário (1832m) ainda encontramos ostracóides das três zonas citadas com ligeira redução dos tipos da zona R-8.” O relatório final do geólogo diz textualmente (p.6). “A mesma ocorrência misturada de fósseis existente na Formação Ilhas, continua per- sistente na Formação Candeias, sem possibilidade de definição paleontológica, apenas litológica. Pertence ao Cretáceo inferior.” Observar que a misturada de fósseis continua a aparecer, mesmo abaixo do intervalo reves- tido, como em Progresso e Fazenda Mangueira evidenciando um fenômeno abrangente. 1-CZ-2-BA O segundo poço da área tem o seguinte resultado paleontológico: “Obs. Não houve possibilidade de estabelecer topos de zonas de ostracóides. Apenas foi constatada a presença dos mesmos formando uma miscelânea sem seqüência estra- tigráfica.” Algumas vezes a mistura de fósseis é muito clara, que não há necessidade de interpretações. Área de Buracica 7-BA-184-BA Esta área fica 5 km sudoeste da cidade de Alagoinhas no noroeste da Bacia. Este seria um poço externo no flanco oeste do campo, que visava testar um bloco interpretado como rebaixado aos níveis dos topos das formações Itaparica e Sergi (Ver documentos da pasta do poço). O item 4 da Ata da Reunião da Comissão de Completação e de Abandono de Poços de Desenvolvimento diz: “A seção estratigráfica atravessada apresentou-se anômala: foram atravessados sedi- mentos do Grupo Ilhas e da Formação Candeias, penetrando aos 269m em uma seção pelítica vermelha de características litológicas da Formação Aliança (inclusive dados paleontológicos situaram essa seção no Andar D.João-RT-001) que persistiu até os 700m. A partir de então foi atravessada a seção normal da formação Sergi (zonas F a H) e da Formação Aliança, com seus membros Capianga, Boipeba e Afligidos, tendo encerrado a perfuração neste último, já bastante próximo ao embasamento.” A situação descrita inverte a estratigrafia da Bacia colocando o Aliança sobre o Sergi tendo- se de admitir uma “falha” reversa dentro da Bacia sem uma justificativa teórica para amparar a idéia. A Paleontologia confirmou a estranha inversão. Evidentemente que não existe a inversão. Os fósseis é que estão misturados e aparecem em qualquer profundidade. São frutos de redeposição e tem de ser reportados como refossilizações, sem evidenciar qualidades ambientais e muito menos caracterizar e/ou datar qualquer coisa. Área de Fazenda Imbé 1-FI-1-BA É outro campo de petróleo com algumas dezenas de poços. Este pioneiro (Fig. 10.12) é um poço de 1963 com a seguinte estratigrafia prevista/achada: 300
  • 23. Evidências do Erro Paleontológi Formações Topos previstos Topos achados S.Sebastião Superf.111m(+107m) Superf.(+107m) Ilhas sup. 120m (-13m) 294m(-183m) Ilhas inf. Não previsto 952m(-841m) Candeias 1600m(-1493m) 1350m(-1239m) Zona “A” 2140m(-2033m) Falhada Itaparica 2150m(-2043m) Falhada Sergi 2200m(-2093m) Falhada Aliança Não prevista 1581m(-1470m) Embasamento Não previsto 1768m(-1657m) Diz o Resumo da Paleontologia sobre os resultados do poço: Ostracóides 1290 - 1350m Ilhas inferior 1350 - 1500m Candeias médio 1500 - 1650m Desmoronamento 1650 - 1680m um ostracóide do Aliança 1680 - 1710m um ostracóide do Aliança 1710 - 1740m Desmoronamento 1740 - 1770m Desmoronamento Evidente que, até o fundo do poço, os fósseis misturados são de seções mais novas sendo por isso dados como desmoronados, pois é antigeológico reportá-los àquelas profundidades, junto com formações mais antigas. Apenas que não há o desmoronamento do poço, os fósseis é que estão misturados e os geólogos ignoram o fato. Área de Fazenda Azevedo 1-FA-1-BA Situa-se esta área ao norte do Campo de Imbé e tem os mesmos problemas dos outros poços da Bacia (Fig. 10.13). Formações Topos Previstos Topos achados S.Sebastião Superf.(+92m) Superf.(+92m) Ilhas 342m(-250m) 145m (-49m) ILhas inf. Não previsto 1057m (-961m) Candeias 1542m(-1450m) 1695m (-1599m) Candeias inf. Não previsto 2020m (-1924m) Zona “A” Não prevista 2152m (-2056m) Itaparica Não prevista 2162m (-2066m) Sergi Não previsto 2192m (-2096m) Aliança Não prevista 2310m (-2214m) 301
  • 24. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa Embasamento 1842m(-1750m) Não atingido Prof. final 2335m (-2239m) Relatório parcial da Paleontologia: 0-120m S.Sebastião inferior 120-150m Topo Ilhas superior, pte superior 510-540m Topo Ilhas superior, pte inferior 1050-1080m Topo Ilhas inferior 1710-1740m Candeias médio 1920-1950m Candeias médio 1950-1980m Desmoronamento 1980-2010m Desmoronamento 2010-2070m Microfósseis ausentes 2070-2100m Desmoronamento 2100-2130m Desmoronamento 2130-2160m Candeias inferior 2160-2196m Microfósseis ausentes. Ainda aqui repete-se a mistura dos fósseis anacrônicos explicados pela teoria tola do desmo- ronamento. FA-5 e FA-5R Nesta mesma área há um caso interessante. Durante a perfuração do poço FA-5, houve um acidente na sonda quando o poço estava a 1909m de profundidade. Desde o intervalo 1410-1440m, o laboratório da Paleontologia informava que os fósseis presentes nas amostras eram possivelmente do Candeias ou R-8. O acidente provocou a mudança de lugar original da sonda, para outro, 40m ao norte do primeiro, que tomou a sigla FA-5R (o R quer dizer repetição). Neste Repetição a Paleontologia foi encontrar o primeiro fóssil Candeias a 2100-2130m de profundidade, ou 700m de intervalo vertical entre poços distantes 40m horizontalmente. Dizendo: “..Somos obrigados mais uma vez a discordar dos dados paleontológicos...” (Relató- rio semanal Nº5). O geólogo colocou o topo do Candeias a 1704m de profundidade. Na oitava semana de perfuração, muda o geólogo e com ele também muda o topo da formação Candeias para 1885m e no relatório final ficou este parâmetro a 1820m, sem que as análises paleontológicas influenciassem minimamente aquela decisão. Não havia nenhuma disciplina no mapeamento, porque, ninguém compreendia o que se pas- sava na paleontologia, nem mesmo as chefias. Se o critério (Zona Diferencial Superior) para marcar o topo de uma formação (o apareci- mento do fóssil ligado à formação) fosse obedecido, como explicar a variação do topo do Candeias neste caso? Tivesse sido perfurado apenas o primeiro poço acidentado, o contato do Candeias poderia ter ficado na primeira ocorrência do fóssil (1440m). O acidente com a perfuração mostrou que a va- riação espacial da ocorrência dos fósseis dentro da Bacia é tão grande, que é melhor, mais fácil e mais inteligente, considerar os fósseis misturados, do que julgá-los sincrônicos com as supostas formações da coluna estratigráfica ortodoxa usada na exploração. 302
  • 25. Evidências do Erro Paleontológi Área de Bom Lugar 1-BL-3-BA Neste Pioneiro (Fig. 10.14) a seção geológica prevista/achada é a seguinte: Formações Previsão Achada S.Sebastião Superf.(+80m) Superf.(+88m) Ilhas sup. 1056m(-971m) 1167m(-1064m) Ilhas inf. 1670m(-1585m) 1786m(-1693m) Candeias 2446m(-2361m) 2552m(-2459m) Zona “A” 3118m(-3033m) ? Itaparica 3131m(-3046m) ? Sergi 3204m(-3119m) ? Embasamento N.P. 3236m(-3143m) A profundidade final, segundo o prospecto, seria a 2600m na formação Candeias. Recomen- da-se uma sonda para 3000m. Vai para a locação a sonda 65, com capacidade para perfurar 3.000m. Transcrição do Relatório Final: “..A profundidade final prevista era de 2600m, na formação Candeias. Entretanto, após ser penetrado o topo da formação Candeias, como o Laboratório da Paleontologia indicasse para o intervalo 2610-2640m a sub-zona R-9.1 (Candeias inferior), decidiu-se que o poço fosse perfurado até o Sergi.” A profundidade final do poço foi de 3238,5m (638m além do previsto e 238 além da capa- cidade de perfuração da sonda) no... Embasamento Cristalino. A “Formação Candeias”, que fora penetrada a 2580m, foi encontrada diretamente em contato com o Embasamento cristalino a 3236m. O Relatório da Paleontologia, após a Zona R-6 diz: Topo da zona R-6 1800-1830m Topo da subzona R-6.1 2340-2370m Topo da subzona R-9.1 Testemunho nº6, 2557,0/2559,8 Observação: Não foram encontrados ostracóides característicos da zona R-8. A sub-zona R-9.1 está bem representada principalmente no intervalo 2580-2610 e 2670-2700m; daí até as últi- mas amostras são encontrados, esparsos elementos característicos de R-9.1 ao lado de ostracóides não diagnósticos, fragmentos mal preservados e ostracóides de seções mais novas. Não foram encon- trados ostracóides da sub-zona R-9.2. Transcrição do Relatório Final do poço: “Estão ausentes por falha as formações Aliança, Sergi, Itaparica e possivelmente a parte basal da formação Candeias. Esta última formação apresentou um zoneamento paleontológico anômalo, com a sub-zona R-9.1 próxima a seu topo, havendo ausência total da zona R-8”. Zoneamento paleontológico anômalo é a maneira eufemística dos paleontólogos referirem- se ao problema dos fósseis misturados, que arrasam qualquer possibilidade de definição e interpre- tação estratigráfica. Outro ponto interessante: a zona R-8 correspondente ao Candeias está ausente mas a formação está presente, acontecendo o contrário com o Itaparica que está ausente da coluna por efeito de um “falhamento”, mas os fósseis correspondentes àquela formação estão presentes nas 303
  • 26. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa amostras coletadas durante a perfuração e examinadas no laboratório. Como explicar o fenômeno? Provavelmente não é possível explicá-lo. Mas fica explicado porquê a exploração da Bacia do Re- côncavo é dita tão difícil. Área de Irai 1-IR-1-BA Este poço é o pioneiro da área (Fig. 10.15). A estratigrafia prevista/ achada é a seguinte: Formações Topos previstos Topos achados Barr./Mariz. Superf.(392m) Superf.(392m) S.Sebastião Não previsto 277m (+115m) Ilhas 130m (269m) 626m (-234m) Ilhas inferior Não previsto 1139m (-747m) Candeias 550m (-161m) 1223m (-831m) Itaparica 980m (-591m) Falhada Sergi 1010m (-621m) Falhado Aliança 1215m (-826m) 1359m (-967m) Embasamento 1465m (-1076m) 1545m (-1153m) Prof. total 1110m (-721m) 1551m. A falta do Itaparica e do Sergi foi explicada por falhamento, porque o poço não encontrou os seus objetivos. Resultados Palinológicos. Amostras de calha: 1230-1290m Zona palinológica 4 sup. Isto é, Ilhas inferior. 1290-1350m Zona palinológica 5 sup e média ou Candeias. Obs: de 1359 a 1545m Aliança médio, sem resultados Palinológicos definitivos. Ostracóides: Até 270m Sem ostracóides. 270-480m S.Sebastião parte inferior 482,1-486,1 Test.no1, sem microfósseis 480-690 Ilhas superior, pte superior 690-1260 Ilhas superior, pte inferior 1380-1545m Desmoronamento de Candeias médio Observação: “Segundo o log elétrico o poço penetrou a partir de 1359m no Aliança, parte média, o que não pode ser provado por microfósseis, porque os mesmos não existem nessa parte da Fm.Aliança.” O topo do Aliança está marcado a 1359m, mas até o fundo do poço, a 1545m os fósseis ana- lisados são do Candeias médio, dados como desmoronados. De fato, é impossível a ocorrência de fósseis do tempo Candeias dentro do Aliança, pois, ao tempo da sedimentação do Aliança, os fósseis do tempo Candeias ainda não existiam, não podendo 304
  • 27. Evidências do Erro Paleontológi por isso fossilizarem. O paleontólogo chama atenção para o fato, pois sua maior intimidade com o assunto diz-lhe que é errado assim proceder. No capítulo das correlações diz o geólogo: “The stratigraphic section in this well is completely different from its counterpart in EI-1 (Estação de Iraí-1, outro poço da área). No positive E-log correlation can be made.” 1-IR-2-BA Neste poço (Fig. 10.16), o topo do Sergi está marcado a 1202m, mas até o fundo do poço, a 1270m, somente ocorrem fósseis do Candeias inferior que a partir de 1200m, foram dados como desmoronados, o modo paleontológico de justificar o absurdo. Área de Estação de Iraí 3-EI-1-BA Em Estação de Irai 1 (Fig. 10.17), a 4,5km sul do poço acima, havia problema semelhante. O topo do arenito Sergi fora marcado a 417m, e no relatório final do poço, no resumo paleontológico, há o seguinte: “Primeiros ostracóides de Itaparica entre 420 e 435m. Observação: Em virtude de estar a amostra de Itaparica já no Sergi, a indicação de Itaparica significa somente a presença dessa formação talvez entre 405-417m com espessura pequena.” Os paleontólogos tentavam justificar o erro de constatar a ocorrência de fósseis jovens em formações antigas como no caso acima. Neste poço o topo do Sergi está marcado a 218m, e o poço tem a profundidade final em 700m. O relatório da Paleontologia diz: “150-180m Provavelmente Candeias inferior 180-270m Ostracóides não diagnósticos. Possivelmente desmoronamento.” A Palinologia confirma: “90-120 Zona palinológica 5 média, parte inferior correspondente a Candeias médio parte inferior; 120-240m Zona palinológica 5 inferior correspondente a Candeias inferior.” 3-EI-4-BA Em Irai 4 o geólogo marcou o topo do Sergi a 279m e o topo do Aliança a 570m, furando o poço até a profundidade final de 735m. A Paleontologia diz em seu relatório: 180-270 Candeias inferior 270-570 Desmoronamento 570-753 Aliança 305
  • 28. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa Ver a figura 10.18 para compreender melhor o fenômeno. Diante da contradição estratigráfica, o Supervisor do Laboratório de Paleontologia emitiu uma comunicação interna dirigida ao geólogo do poço (documento da pasta): “Informamos-lhe que o topo da formação Aliança está evidenciado a 570-600m, bem como a presença de fósseis de Itaparica, dentro da seção de Sergi do poço EI-4.” Essa informação torna impossível chamar de Sergi a areia dos 279m e desmonta toda a estra- tigrafia prognosticada e achada. O Sergi está infestado com fósseis mais jovens que a sedimentação da referida areia. Isto constitui erro de Geologia e contradiz fatos da natureza. Área Norte de Iraí 1-NI-1-BA Na área de Norte de Irai, o prospecto do pioneiro, geologicamente falando na mesma área dos dois poços antes estudados, diz o seguinte na parte da estratigrafia prevista/achada: Formações Topos previstos Topos achados Barreiras Superf. (+340m) Superf. (+340m) Ilhas 200m (+140m) 180m (+160m) Candeias 600m (-260m) 487m (-145m) Itaparica 1000m (-660m) não encontrado Sergi 1020m (-680m) 792m (-450m) O relatório da Paleontologia revela: “O testemunho nº2, retirado na profundidade de 806,3-810,8, portanto dentro do Sergi (topo marcado a 792m ou -450m), apresentou pólens do Candeias inferior”. Trata-se do mesmo caso que viemos analisando desde o princípio: fósseis ocorrendo fora das formações originais, ou seja, a repetição do erro grave de estratigrafia primária. A informação do Laboratório tenta chamar atenção do geólogo responsável pelo mapeamento, para o erro que estava cometendo. É impossível a ocorrência de fósseis jovens em formações antigas. Isso colide frontal- mente com a Segunda Lei da Sedimentação, e o relatório reflete a preocupação do paleontólogo, infelizmente, sem nenhum sucesso. 4-NI-3-BA Diz o relatório da Paleontologia (Fig. 10.19): “Observação: Os testemunhos números 2 e 3 entre 1286 e 1289m considerados como pertencentes ao Sergi, mostraram ostracóides do Candeias inferior ou provavelmente Itaparica.” Este resultado é corroborado pelo exame palinológico que diz: “Testemunhos números 2 e 3 provavelmente zona palinológica 5 correspondente a 306
  • 29. Evidências do Erro Paleontológi Candeias inferior, ou provavelmente zona palinológica 6, correspondente a Itaparica”. Estes avisos não foram levado em consideração, constituindo apenas a repetição monótona do mesmo fenômeno que estamos demonstrando existir ao longo desta pesquisa, e configura um erro estratigráfico primário mas de importância crucial e fundamental para a exploração. 4-NI-4-BA Neste poço (Fig. 10.20), o topo do Sergi está marcado a 1038m. O relatório paleontológico diz: “Testemunho nº3, 1044-1048m ostracóides mal preservados não determináveis; Testemunho nº 4, 1048-1052m, ostracóides mal preservados não determináveis.” A Palinologia informa: “Testemunho nº 4, 1048-1052m Zona palinológica no6, correspondente a Itaparica.” 4-NI-5-BA Aqui (Fig. 10.21) o topo do Sergi está marcado a 1853m, e a profundidade final do poço alcançou 1957m. Em um dos relatórios parciais a Paleontologia informou: 1740-1770 Candeias médio 1830-1860 Candeias inferior 1869-1890 Desmoronamento 1890-1920 Desmoronamento 1920-1950 Desmoronamento Obs. do autor: topo do Sergi marcado a 1853m É que o Sergi é uma formação estéril. Entretanto, nesta região, não somente a formação é portadora de fósseis, como são eles mais jovens que a sua própria sedimentação. Não é um absurdo da natureza. É um erro de Paleontologia! As contradições sobre a estratigrafia na área de Irai provocaram um documento da parte do Laboratório da Paleontologia sob o título Acontecimentos mais importantes no mês de dezembro de 1963 que diz no primeiro item: “1. O poço NI-2-BA mostrou no testemunho Nº2 entre 1031,6 e 1035,8m a fauna de Itaparica; assim o topo do Sergi, marcado para 1018m deve ser mudado. Sugerimos que fossem examinadas mais uma vez os topos do Sergi por meio do E-log em poços adja- centes, para que o topo do Sergi fique bem estabelecido.” As várias advertências dos paleontólogos sobre a ocorrência de fósseis fora dos seus lugares de nada valeram, e a estratigrafia da região continuou desconhecida e a área, produtora de hidrocar- bonetos que é, está abandonada. Quantos poços forem furados, e quantos forem examinados, tantas vezes o fenômeno se repetirá. Conclusão: os fósseis existentes no volume dos sedimentos que formam a Bacia do Recôn- cavo foram misturados na ocasião da gênese da mesma, e foram usados indevidamente na definição da estratigrafia da Bacia. A exploração de petróleo nesta Bacia pode ser retomada em novas bases se o erro for corrigido. 307