O documento discute como a cultura e as artes podem contribuir para os objetivos da estratégia Europa 2020 de tornar a União Europeia uma economia inteligente, sustentável e inclusiva. Ele identifica projetos culturais que promovem o crescimento inteligente através da inovação, o crescimento sustentável por meio do turismo cultural e patrimônio, e o crescimento inclusivo por meio da coesão social. O documento argumenta que a cultura tem um grande potencial não explorado para impulsionar a competitividade e desemp
Abstract book «Participation in planning and public policy» 23/24 Feb 2017 Un...
12.2.12. #2 jenny campos
1. A Cultura e das Artes na estratégia
da Europa 2020
Jenny Campos (UA/UM/FCT)
Maria Manuel Baptista (UA)
2. Apesar dos termos Cultura e Artes não serem
referidos uma única vez nos documentos oficiais da
estratégia Europa 2020 acreditamos ser possível
identificar estas duas áreas como elementos
potenciadores do desenvolvimento e capazes de
contribuir para o alcançar dos objetivos
referidos pela Europa 2020.
Nesta comunicação propomo-nos identificar formas,
caminhos e projetos/áreas que poderão ser trabalhados
com vista a justificar o papel que a Cultura e as
Artes têm no objetivo de converter a União
Europeia numa economia inteligente,
sustentável e inclusiva identificável a nível
internacional, nacional e local
3. PRIORIDADES DA ESTRATÉGIA EUROPA
2020
Crescimento inteligente: visa
reforçar o conhecimento e a
inovação, enquanto fatores
determinantes do crescimento.
Busca melhorar a qualidade do
ensino, promover a inovação e a
transferência de conhecimentos e
assegurando a transformação das
ideias inovadoras em novos
produtos e serviços que criam
crescimento e emprego de qualidade.
4. PRIORIDADES DA ESTRATÉGIA EUROPA
2020
Crescimento sustentável: visa construir
uma economia sustentável, competitiva e em
que os recursos sejam utilizados de forma
eficiente, explorando a liderança da Europa
na corrida ao desenvolvimento de novos
processos e tecnologias, incluindo as
tecnologias «verdes», acelerando a
implantação das redes inteligentes que
recorrem às TIC, explorando redes à escala da
UE e reforçando as vantagens competitivas
das nossas empresas.
5. PRIORIDADES DA ESTRATÉGIA EUROPA
2020
Crescimento inclusivo: pretende
“capacitar as pessoas através de taxas
elevadas de emprego, investir nas
qualificações, lutar contra a pobreza
e modernizar os mercados de trabalho
e os sistemas de formação e de protecção
social, para ajudar as pessoas a antecipar
e a gerir a mudança, e construir uma
sociedade coesa”
(Comissão Europeia, 2010: 21)
6. O ESPAÇO QUE A CULTURA E AS ARTES
DESEMPENHAM NA EUROPA 2020
Contributo da Cultura e das Artes para um
crescimento inteligente:
As indústrias culturais e criativas: um sector
bastante dinâmico cujos resultados se demonstram
não só pelo dinamismo gerado em seu torno,
como também pela sua ligação à inovação e ao
crescimento das localidades;
Ligação da Cultura com a Educação, uma vez
que esta parceria pode contribuir eficazmente para
a formação de uma mão-de-obra qualificada e
adaptável, complementando assim o desempenho
económico e permitindo aumentar e potenciar
uma Europa inteligente.
7. O ESPAÇO QUE A CULTURA E AS ARTES
DESEMPENHAM NA EUROPA 2020
Contributo da Cultura e das Artes para um
crescimento sustentável:
O projeto Promise (Uusimaa (FIN), Palermo (IT),
Toscânia (IT), Porto (POR) e Newcastle (UK)) está a criar,
através da rede Internet, um museu virtual europeu
sobre o seu património histórico, que pretende fomentar o
desenvolvimento turístico
visa a cooperação inter-regional, recorrendo para isso à Cultura
e às novas tecnologias e dando um contributo marcante para o
crescimento inteligente destas regiões.
É também relevante aqui o apoio e desenvolvimento da
tecnologia que permitiu e permite a criação de soluções
interativas inovadoras que modificam a relação dos
visitantes com os espaços e que permitem um novo
discurso face ao turismo e ao património.
8. Educação
(ambiental) pela
Arte – Fundação
Narciso Ferreira
Sons do Arco
Ribeirinho – Sapal de
Coina
um dos princípios da
sustentabilidade está
relacionado com a
equidade inter-
geracional.
Resta referir que o
tratamento equitativo
dos cidadãos não
termina na geração
atual, estende-se às
responsabilidades para
com as próximas
gerações.
9. O dinamismo da Cultura e das Artes, bem
como a todo o seu potencial criativo podem
gerar mudanças de comportamento.
Se entendermos que a chave para o
crescimento sustentável exige uma
mudança real na forma como vemos o
nosso mundo podemos então pensar as
Artes e a Cultura como elementos que
alavancam e sustentam esta mudança.
10. O ESPAÇO QUE A CULTURA E AS ARTES
DESEMPENHAM NA EUROPA 2020
Contributo da Cultura para um
crescimento inclusivo:
As atividades e os programas culturais
podem fortalecer a coesão social e o
desenvolvimento comunitário, bem
como capacitar os indivíduos ou toda uma
comunidade para a plena participação na
vida social, cultural e económica.
projeto “A casa vai a casa” da Casa da Música:
11. As Artes e a Cultura podem ser também
compreendidas como vetores de coesão social
e regional pois têm o poder de regenerar
localidades, envolvendo toda a comunidade num
esforço coletivo e levantando o capital social de
toda uma região:
Montemor-o-Novo
Bilbao
Também as paisagens culturais - enquanto
lugares que transmitem histórias que
preservam a memória e as tradições – são
fatores de qualificação do espaço público,
atente-se no exemplo dos sítios classificados como
Património Mundial ou as Capitais Europeias da
Cultura
12. A importância da criação de sinergias e de
promoverem parcerias entre instituições de
Educação, de Cultura e de investigação e o
sector empresarial a nível nacional, regional
e local.
A Comissão Europeia incentiva que se
incluam nos processos artísticos e
culturais tecnologias sustentáveis e
ecológicas e que se apoiem os artistas e o
sector cultural no aumento da
sensibilização para as questões do
desenvolvimento sustentável, através
nomeadamente de atividades educativas
formais e informais.
13. OUTRAS INICIATIVAS
Domínio digital:
Na Europa, há ainda uma série de
obstáculos e barreiras invisíveis que
impedem a livre circulação de pessoas
criativas e de produtos e atividades
culturais, até mesmo dentro do ambiente
digital. Por exemplo a distribuição de bens
e serviços culturais, fora de um contexto
nacional constitui um desafio tremendo que
dificulta a itinerância.
Projetos como o Anmenese são portanto fundamentais. Este
projeto aliou a tecnologia, às Artes e a questão da
mobilidade.
Este projeto é uma tentativa de articular a realidade artística
nacional com a comunidade internacional.
14. OUTRAS INICIATIVAS
Turismo Cultural (como motor de coesão e
desenvolvimento económico):
Sicilia, onde os trabalhos de escavação da cidade
de Segesta permitiram a descoberta da Agora, a
antiga muralha da cidade, as ruínas de uma antiga
cidade árabe e de uma Colónia normanda posterior.
O complexo atrai atualmente numerosos turistas
em todas as estações do ano e constitui um
exemplo da contribuição dos fundos estruturais
para reforçar o turismo não sazonal e o
emprego permanente no sector cultural.
15. Em suma, pretende-se demonstrar que esta
contribuição da Cultura e das Artes para
as sociedades inteligentes, sustentáveis
e inclusivas é uma realidade. No entanto,
estamos muito aquém de aproveitar o
enorme potencial da Cultura e das
Artes.
A Cultura não é apenas uma atividade
pública criadora de despesas suplementares,
é também uma parte cada vez mais
importante da economia privada, com um
forte potencial de crescimento e elementos de
criatividade, inovação e produção benéficos
para as economias regionais e locais.
16. IMPORTÂNCIA TRIPLA PARA O
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Em 1º lugar, é fonte de emprego pois as atividades
relacionadas com o património ou turismo cultural,
assim como os produtos e as indústrias de vocação
cultural, criam, direta e indiretamente, emprego.
Em 2º lugar, é um fator cada vez mais decisivo na
localização de novos investimentos, dado que
reforça a imagem e a capacidade de atração de
uma região.
Em 3º lugar, pode favorecer a integração social e,
deste modo, contribuir para a coesão social.
17. CONCLUSÕES:
Mesmo que a Cultura e as Artes não sejam referidas
na estratégia Europa 2020, parece claro que estas
são forças que alavancarão o aumento da
competitividade, da sustentabilidade,
excelência e do desempenho económico da
União Europeia.
Do ponto de vista da Cultura e das Artes este
envolvimento poderá concentrar-se em vários
tipos de iniciativas e projetos que transmitem
um significado simbólico e incorporam um
valor cultural que transcende qualquer valor
comercial que possam ter.
18. Daí que nos próximos anos seja necessário
compreender os benefícios económicos
da Cultura e das Artes e promover a
política cultural como uma função
essencial dos governos e, em simultâneo,
criar projetos com parcerias entre diferentes
ministérios. As ações dos Ministérios da
Cultura ou no caso português da Secretaria
de Estado da Cultura têm que começar a
revelar um entendimento da sociedade e
época em que estão inseridos mostrando
que a política tem também uma faceta
mensurável, baseada em evidências
numéricas, comportamentais,
simbólicas, entre outras.
19. Acreditamos que desta forma a Cultura e
as Artes podem abraçar plenamente a
mudança digital e desempenhar o seu
papel de impulsionadores da
inovação na economia, enquanto
promovem a inclusão social,
provando que na União Europeia há
também espaço para uma Cultura
viva e ativa que procura dar o seu
contributo para uma Europa mais
sustentável, verde, tecnológica,
inclusiva equitativa e inteligente.