SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  24
Télécharger pour lire hors ligne
indice


        Capitulo 1                 Fogo: Um problema ecológico e social............................. 06
                                   Alternativas de superação do uso do fogo ..................... 07
        Capitulo 2                 Reflorestamento ...................................................................     12
                                   É bom ter a mata e o cerrado de pé ...............................                      12
                                   As matas são importantes para preservar a água...........                               12
                                   O que diz a lei .....................................................................   13
                                   Mas dá para voltar a ter a mata fechada
                                   depois que já foi desmatado?............................................                13
        Capitulo 3                 Produção familiar no campo.............................................. 15
                                   Um exemplo de planejamento da produção
                                   Produzindo alimentos e produtos para vender................. 17
                                   Como calcular o custo e o lucro de nossas produção.... 21

                                   Redação vencedora ........................................................... 22
                                   Tabelas Auxiliares:
                                   Cálculos de lucro e custo de produção............................. 23




Esta publicação é uma realização da Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção
- ANSA, com o apoio do Programa Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-ECOS), Instituto Sociedade, População e
Natureza (ISPN), Manos Unidas, Fundação Alfons Comín e Agencia Catalana de Cooperação ao Desenvolvimento (ACCD).


Coordenação Geral                 Apoio                                                Maiores informações sobre a ANSA
Raul Vico Ferre                   Fabio Aguiar                                         Av. José Fragelli, 1050
Organização e Elaboração          Agradecimentos                                       Vila Nova
Ana Lúcia Silva Sousa             Agradecemos a todas as famílias do                   (66) 3522 1419
Maíra Taquiguthi Ribeiro          PA Dom Pedro, as Associações Família                 Cep: 78.670-000
Abilio Vinicius Barbosa Pereira   Casadão, Escolinha, Piscicultura e                   São Félix do Araguaia-MT
Carlos Garcia Paret               Iprovale pelo apoio e por todos os
Raul Vico Ferre                   trabalhos realizados em seus lotes                   www.ansaraguaia.org.br
Poesia vencedora do
      “Concurso do Poesia da Semana do Meio Ambiente
                 de São Félix do Araguaia”
                                                    5 de junho de 2009
Autora: Polliana Marques da Silva / 3º ano
Extensão trevo do Macaco P. A Dom Pedro,
Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves.




                                  Meio Ambiente e Cultura regional
    As matas verdes do Araguaia                          A degradação do ambiente
    Beleza rara de se vê,                                Virou um caso banal,
    Estão aos poucos acabando                            Trazendo vários prejuízos
    Com o desmatamento a mercê.                          Ao povo do bananal

    A temperatura aumenta                                Precisamos preservar
    A cada ano que passa                                 O ambiente em que vivemos
    E o fogo descontrolado                               Para salvar enf im
    Acaba com nossas matas.                              O futuro que teremos

    A cultura regional                                   É preciso reciclar
    Está f icando pra trás                               Não queimar, nem poluir mais.
    Plantam somente capim                                Preservando o meio ambiente
    Frutas não plantam mais.                             Que gritando pede paz
                                                         Ajude o meio ambiente
    As frutas e os vegetais                              Seja um ser humano
    Estão difíceis de encontrar                          Dele vem nosso sustento
    Pois na região do Araguaia                           E o ar que respiramos.
    O povo parou de plantar
                                                         Sou aluna Polliana
    Os animais da f loresta                              Curso o terceiro ano
    Estão f icando em extinção                           Gosto do meio ambiente
    Morrem de sede, fome,                                E tenho 16 anos.
    E de intoxicação
Mapa da Região
     São Félix do Araguaia - MT




                                                  Sao Felix do Araguaia




                                        Cuiaba




                                                                   Localização da Região

                                                                   Cidade




                                  Na região do Araguaia moram mais de 14.000 famílias
                                  repartidas entre os 45 assentamentos que existem. O modelo
                                  dominante da “grande propriedade”, centrado sobretudo na
                                  pecuária extensiva e na monocultura de alguns grãos, foi
                                  incentivado historicamente por sucessivas políticas públicas
                                  e, nos últimos anos, ganhou um impulso ainda maior devido
                                  à entrada de grandes capitais e investimentos. A expansão
                                  deste modelo “do grande” tem influenciado definitivamente
04                                para que a agricultura familiar da região do Araguaia
                                  tenha que enfrentar hoje sérios problemas de ordem social,
                                  econômico e ambiental
FOGO: UM PROBLEMA ECOLÓGICO E SOCIAL


     A
            s queimadas no Brasil têm sido objeto de     de pragas, limpeza de áreas para plantio e re-
            preocupação e polêmica. Elas atingem os      novação de pastagens. Se, por um lado, a quei-
            mais diversos sistemas ecológicos e tipos    mada facilita a vida de parte dos agricultores no
     de agricultura, gerando impactos ambientais         curto prazo, do outro, ela afeta negativamente
     em escala local e regional.                         a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas,
         Os meses entre maio e outubro inspiram cuida-   aumenta o processo de erosão do solo, deteriora
     dos especiais quando falamos em preservação         a qualidade do ar, cria conflitos entre os vizinhos,
     ambiental: A falta de chuva, a baixa umidade        e prejudica a sociedade como um todo.
     relativa do ar e a temperatura elevada que se         Outro problema causado pelas queimadas é
     dá nesse período, são fatores que favorecem o       a emissão dos gases responsáveis pelo “efeito
     surgimento das queimadas naturais, mas princi-      estufa”. O desmatamento e a queimada de flo-
     palmente daquelas provocadas pelo o homem.          restas e savanas tropicais (cerrados) respondem
         As queimadas são tragédias ecológicas que       por 20% das emissões mundiais de gases do efeito
     acontecem em grande parte do território bra-        estufa. Assunto que preocupa toda a comunida-
     sileiro, todos os anos, principalmente durante a    de. Monitorados por satélites, os focos de quei-
     época de estiagem. Com a vegetação resseca-         madas no Brasil estão crescendo em um ritmo
     da pela falta de chuva, qualquer fagulha pode       alarmante, causando a emissão de toneladas de
     virar uma catástrofe, dizimando enormes áreas       gases que contribuem para o aumento do efei-
     de vegetação e matando grande quantidade            to estufa, responsável pelo aquecimento global,
     de animais. Além disso, o prejuízo pode se es-      mudanças climáticas e outras possíveis devasta-
     tender por áreas produtivas, como pastagens,        ções ecológicas. Tanto é assim que, no Brasil, as
     lavouras ou, até mesmo, áreas habitadas. Na sua     emissões de gases de efeito estufa provocadas
     grande maioria, as queimadas constituem-se em       pelas queimadas são três vezes maiores daquelas
     prática agrícola usual, utilizadas para controle    geradas pela soma da indústria e dos transportes.




06
Alternativas de superação do uso do fogo


A
      s formas de controle do fogo tem tido            Mas nem todos têm acesso às máquinas e sa-
      maior divulgação do que àquelas desti-         bemos que elas têm um custo de manutenção
      nadas a sua superação. Por isso, quando        e gestão complexa. O que podemos fazer para
falamos em alternativas ao uso do fogo, o que        enfrentar a questão do fogo, quando não te-
primeiro vem à cabeça de muitas pessoas é o          mos as máquinas agrícolas à nossa disposição?
uso de máquinas agrícolas. Fala-se em máqui-           Primeiro, temos que mudar a idéia de que o
nas tanto para preparar plantios em áreas de         fogo é um mal necessário e que deve ser usado
juquira (vegetação que surge após a derruba-         desde que haja algum controle. Até porque nem
da) e pastagens degradadas, como para fazer          sempre essas medidas têm o efeito desejado. Po-
aceiros, que são faixas sem vegetação para           demos ir além dessa idéia e ver que o fogo não é
proteger o avanço do fogo.                           necessário, mas ao contrário, prejudicial.


a) Pecuária sem fogo
  No Brasil, a maioria dos pecuaristas deixa o re-
banho numa única área de pastagem na maior
parte do tempo. Essa prática é chamada de
“pastoreio contínuo”.
  Pastando na mesma área por meses seguidos,
o gado passa a comer as rebrotas do capim an-
tes que elas consigam se renovar com qualidade
e quantidade. Assim, o pasto fica fraco, despro-
tegido e sujeito a erosão. Em poucos anos, a pas-
tagem se degrada, precisando de uma reforma
para recuperar sua capacidade produtiva.
  O fogo é utilizado na tentativa de limpar o        o solo coberto, evitar o pisoteio excessivo e que,
pasto e melhorar a qualidade dessas pastagens.       além do mais, não precisa do fogo para abrir no-
Em curto prazo, as cinzas das plantas queimadas      vas áreas a cada ano.
fornecem alguns nutrientes, que criam um efeito        Neste sistema, o pasto é dividido em piquetes
ilusório de vigor, porém o fogo também cozinha a     que podem ser separados por cercas elétricas,
terra e acaba matando os microorganismos do          manejando o gado para que fique poucos dias
solo, bem como desperdiçando a grande maio-          em cada piquete, o ideal é de 1 a 3 dias. Assim,
ria dos nutrientes, que vão para o ar.               evita-se a reforma constante das pastagens e
  A alternativa encontrada na nossa região é         oferece ao gado sempre uma ótima condição
derrubar novas áreas de floresta ou cerrado, e       de pasto. Associado às pastagens, pode-se plan-
utilizá-las até que se degradem novamente. As-       tar árvores, leguminosas (estilosantes, pueraria
sim, a cada ano, são formadas grandes áreas de       entre outras) e frutíferas (sistemas silvipastoris)
pastagem, chamadas de pastagem extensiva,            para fornecer sombra e alimento nutritivo para
que se tornam cada vez menos produtivas.             o gado. Além do mais, este sistema é ideal para
  Esse processo nos mostra que a limpeza de          manter a conservação dos solos.
pastos com o uso do fogo e o sistema de pasto-
reio contínuo não nos levam ao desenvolvimento
                                                      Existem aproximadamente 100 milhões de
de uma atividade econômica satisfatória ou sus-
                                                      hectares de pastagens cultivadas no país.            07
tentável ao longo do tempo.
                                                      Destes, estima-se que cerca da metade já
  Existe uma forma de manejo das pastagens,
                                                      estejam seriamente degradadas.
através de um sistema de rodízio, que visa manter
b) Agroextrativismo: alternativa sustentável
       Quando falamos em agroextrativismo, pensa-            telhados e instalações rurais, culinária, fabricação
     mos em viver em harmonia com a natureza, tirar          de doces, licores, compotas, conservas, farinhas
     os recursos de forma sustentável (extrair sem der-      (como de jatobá, pequi e macaúba) entre outras.
     rubar ou causar danos), sem esgotá-los.                   Uma das formas de gerar renda com as es-
       O agroextrativismo é sinônimo de sustentabili-        pécies nativas é através da comercialização de
     dade com desenvolvimento, pois reúne aspec-             frutas como murici, pequi, buriti, cagaita, baca-
     tos sociais, ambientais, econômicos e culturais. É      ba ou mangaba, seja elas in natura ou bem pro-
     também uma forma de gerar renda a partir de             cessadas e transformadas em outros produtos.
     plantas nativas de seu lote ou comunidade.              De fato, doces, geléias, polpas, laranjinhas, etc.
       Caracteriza-se pela reuinião de atividades            passam a ter um diferencial e podem gerar uma
     agro-pastoris, extrativas e silviculturais, atingindo   renda maior.
     não só os processos produtivos, mas também os             Além da geração de renda direta, prestamos
     de transformação e os de comércio. A atividade          um serviço à nossa saúde com alimentação rica
     não exclui a incorporação de tecnologias além           em vitaminas e fibras e para o meio-ambiente,
     de agregar valor aos produtos comercializados.          pois o plantio dessas espécies regula o reflores-
       Sabemos que na vegetação nativa, seja cer-            tamento de áreas que foram queimadas ou
     rado ou floresta, há grande variedade vegetal           desmatadas no passado, e ajudam conservar a
     de aproveitamento econômico, tais como: me-             água dos rios, manter o regime de chuvas e o
     dicina, óleos, artesanato, construção de casas,         clima mais agradável.




08
c) Roça sem fogo
   Como já vimos, a queimada pode garantir           berturas oferecem sombra e favorecem a infiltra-
terra boa para plantar no primeiro ano. Mas de-      ção da água, mantendo o solo úmido diminuin-
pois, a fertilidade do solo cai. O uso do fogo faz   do a necessidade de água para os plantios.
com que a terra fique exposta à ação do sol e           Esta é uma das técnicas mais importantes de
da chuva. A água da chuva “lava” os nutrientes       proteção e enriquecimento do solo, pois permi-
do solo e o sol resseca a terra, deixando-a dura     te o uso contínuo do solo, sem esgotá-lo.
e sem vida. Além de diminuir a produtividade,           • 2 Roçar com facão rente ao chão a vegeta-
essas condições favorecem o aparecimento de          ção rasteira e árvores menores que não quere-
plantas indesejadas.                                 mos que cresçam
   Não precisamos de adubo químico e agro-              • 3 Picar as plantas, folhas e ramos, resultados
tóxico para ter um sistema de produção auto-         do roçado, do corte e da poda, em pedaços e
suficiente. Enriquecemos o solo com podas su-        distribuir no solo, formando a cobertura morta
cessivas de espécies nativas ou plantadas, para
realimentar o sistema. A floresta é um exemplo       • Plantar diversas espécies
de sistema auto-suficiente mantendo as plantas         em uma mesma roça
bem nutridas e proporcionando equilíbrio entre         Na roça sem fogo, não se plantam apenas
vegetais e animais.                                  espécies para subsistência, para consumo da
   É possível produzir uma roça sem fogo, consi-     família. Não plantaremos também apenas es-
derando os seguintes passos e cuidados com a         pécies com finalidade para venda.
terra e as plantas:                                    Em uma mesma área, cultivaremos espécies
• Não usar fogo na área da roça                      para subsistência, para comercializar além de
   Fogo não é necessário e faz com que a terra       plantas medicinais. Sem nos esquecer das “plan-
fique seca e com falta de nutrientes.                tas de serviço” que são as que nos fornecerá
                                                     sombra, cobertura morta/viva, biomassa, etc.
• Preparar bem a área para o plantio
   Antes de plantar, e enquanto as plantas estão          TEcnicas de plantio sem fogo
crescendo, são necessários alguns cuidados:           Para plantarmos uma roça sem utilizar o fogo,
   • 1 Manter o solo sempre coberto                   podemos seguir os seguintes passos:
   Isso pode ser feito por meio de dois tipos de      • Traçar as linhas de cultivo.
cobertura (morta e viva) utilizando as plantas        • Abrir as covas utilizando cavadeira, no espa-
que já temos na nossa roça e/ou plantando ou-         çamento adequado do cultivo.
tras que vão ajudar no preparo da terra.              • As mudas prontas terão que ser transplanta-
   Os ramos e folhas, cortados na roça seletiva e     das: as de culturas comerciais, as frutíferas e
na poda de plantas presentes na área, podem           as nativas. Todas, quando as chuvas firmarem.
ser distribuídos, formando uma cobertura sobre        • Plantar plantas de serviço, que são as legumi-
o chão. Essa cobertura morta produz matéria or-       nosas (de adubação verde) e plantas arbustivas
gânica e protege o solo, impedindo que plantas        de ciclo curto. São podadas de forma drástica
indesejadas se desenvolvam na roça.                   para serem distribuídas no entorno das culturas.
   Já a cobertura viva inclui o cultivo de espé-      • Plantar árvores de serviço permanente. So­
cies, como leguminosas, que contribuem para           frem podas anualmente, para repor a biomassa
a fertilidade e a proteção do solo. Por exemplo:      ao sistema (urucum, manga, embaúba, etc.)
feijão de porco e feijão guandu quando plan-          • Fazer o aceiro verde através do plantio de es-
tadas em nossa roça ajudam na captação de             pécies que dificultam a passagem do fogo, como       09
nutrientes e descompactam o solo.                     cercas vivas e plantas com reservas de água,
   Além do adubo que elas produzem, essas co-         como bananeiras.
Na roça sem fogo, é preciso plantar novas                  TEcnicas de manutencao
     espécies a cada ano, de forma que o aden-                       da roca sem fogo
     samento e a diversidade sejam capazes de re-
                                                          • Coroar as mudas plantadas, roçando ao redor
     por nutrientes no solo. Espécies folhosas, como
                                                          delas e depositando muita cobertura morta para
     a mangueira, são introduzidas no plantio e são
                                                          diminuir a competição por nutriente e luz.
     manejadas com podas drásticas para gerarem
                                                          • Abrir a trilha entre as linhas de cultivo, roçan-
     mais matéria orgânica para a nossa roça.
                                                          do ao lado de cada linha de três a quatro vezes
                                                          ao ano, para garantir o espaço dos cultivos.
     • Garantir o espaço da planta
                                                          • Roçar com facão no início das chuvas, quan-
       e seu desenvolvimento
                                                          do os cultivos precisam de mais luz, antes que
        No sistema convencional, tudo o que não for
                                                          as plantas que nascem nas entrelinhas atinjam
     de interesse é eliminado.
                                                          porte que dificulte o manejo.
        No sistema de roça sem fogo, a cultura im-
                                                          • Poda de formação para definir a forma e o
     plantada convive com outras espécies já cul-
                                                          porte da árvore, desbastando galhos que pos-
     tivadas. No entanto, é preciso garantir espaço
                                                          sam trazer problemas ou induzindo uma forma
     para o desenvolvimento, o que se faz median-
                                                          que facilite a colheita.
     te o manejo periódico da vegetação ao redor.
                                                          • Poda de produção onde se eliminam os ra-
     Cada espécie possui uma necessidade espe-
                                                          mos doentes, secos, quebrados, mal situados ou
     cífica de luz e de espaçamento. Posteriormen-
                                                          muito próximos entre si. Visa a renovação dos
     te, abrem-se as trilhas roçando cada lado da
                                                          ramos de produção.
     linha de plantio, controlando a incidência do
                                                          • Poda drástica para alimentar o sistema com
     sol por meio da poda das plantas altas e re-
                                                          matéria orgânica. Costuma­se deixar apenas os
     pica-se o produto da poda, distribuindo-o ao
                                                          ramos primários e secundários.
     redor dos caules dos cultivos.

         Momento com a sua comunidade

        • Você considera importante o sistema de roça sem fogo? Por que?
        • Olhando a sua terra, você acha que daria certo a implantação do sistema da “roça sem fogo”?
        • Já usou algum outro método semelhante?




10
REFLORESTAMENTO
     É bom ter a mata e o Cerrado de pé!
        Quando saímos de um pasto e entramos              mida e recursos para as pessoas. Suas plantas
     numa floresta, logo vemos a diferença: a som-        dão frutos, óleos, palmitos, lenha, madeira e até
     bra refrescante, o ar mais úmido e frio, a terra     remédios naturais; de suas flores, as abelhas pro-
     coberta por folhas e insetos, e se cavarmos um       duzem mel.
     pouco, ela é mais escura, úmida, fofa,não esfa-
     rela e nem empedra.                                          As matas são importantes
        Essas diferenças nos mostram como a mata                   para preservar a água
     tem um papel importante para a conservação              As vegetações nas beiras de rios são cha-
     do solo, da água e da umidade do ar. As vegeta-      madas de matas ciliares, pois protegem os rios
     ções nativas prestam um serviço para nós, por isso   como os cílios protegem os olhos. Os ramos, fo-
     chamamos de serviços ambientais as vantagens         lhas e raízes são similares a um filtro purificador,
     oferecidas por uma floresta ou cerrado em pé.        pois fazem com que a terra e sujeiras trazidas
        Devido à adaptação, as árvores, arbustos e er-    pelos ventos e a chuva não cheguem até os
     vas das matas ou cerrados nascem naturalmen-         rios e nascentes. Assim, proteger as matas ci-
     te sem precisar de adubo, irrigação e cuidados.      liares ajuda para que não falte água para a
        A floresta e o cerrado fornecem muita co-         casa, os animais e a lavoura.




        Além da derrubada da mata ciliar, um problema sério
        para a proteção dos rios é a entrada de gado. O
        gado pisa e quebra plantas da mata, deixa a terra
        compactada e dura e deixa a água barreada.
        Para resolver esse problema é simples: cercando a
        mata ciliar para deixar ela se desenvolver e abrindo
        um pequeno caminho para o gado chegar até a água.

       Caracteristica do cerrado                    Adaptacao das plantas do cerrado
                                            As árvores do cerrado têm raízes longas para buscar água
      Pouca água nas camadas                mais longe no solo
      superficiais do solo                  Elas transpiram pouco para perder menos água e conseguem
                                            transpirar ainda menos na seca
      Nutrientes minerais são               As plantas conseguem crescer usando uma pequena quantidade
      lavados pela chuva                    de nutrientes nas suas folhas
      Solo contém muito alumínio            Algumas espécies conseguem acumular um pouco de alumínio
12                                          sem prejudicar o crescimento
      Sujeita a queimadas naturais          Algumas espécies de cerrado conseguem rebrotar após queimada
      (sem ação do homem)
O que diz a Lei
   Por causa de todas essas vantagens, a lei diz que toda área rural deve ter um mínimo de matas
ciliares e vegetações naturais, conforme o quadro abaixo:


                                                                                               Qual e o tamanho da
 Como sao chamadas                                  O que protegem
                                                                                                area de protecao

 Área de Proteção                           Rios de até 50m de largura   50m em cada margem
 Permanente (APP)                           Nascentes                    100m de cada lado da nascente
 Art. 58 da Lei Estadual
 Complementar n 38/95                       Lagos ou represas com área
                                            menor que 20ha em zona rural 50m ao redor do espelho d’água
 Reserva Legal (RL)                         Bioma Floresta Amazônica     Preservação de 80% da área
 Art. 16 do Código                          (e de transição)             total da propriedade
 Florestal                                  Bioma Cerrado                Preservação de 35% da área
 (Lei Federal 4771/65)                      (dentro da Amazônia Legal)   total da propriedade

 1   Área de Proteção Permanente e Reserva Legal
     Apenas uso indireto

 2 Infra-Estrutura                                                                                                            1
     Fora das APPs

 3 Pecuária                                                                    1
     Fora das APPs                                                                                                                4
 4 Agricultura                                                                                                            5
     Fora das APPs

 5 SAFs                                                          3                  2                              6
     Recuperação de APPs em pequenas propriedades

 6 Piscicultura
     Fora das APPs

 7 Atividade nas APPs                                                                               7
     Ecoturismo, apicultura e pesquisa científica

                                                            Fonte: http://www.proex.uel.br/estacao/fotos/fig3_touri.jpg       Fonte adaptada: SEMA

Mas dá para voltar a ter a mata fechada depois que já foi desmatado?
  Quando um pasto ou lavoura é abandonado,                          Assim, a recuperação de uma área degrada-
logo surge mato indesejado, que acaba com o                      da é um processo contínuo, no qual cada plan-
pasto. Mas essas são as primeiras plantas, as pio-               ta, com suas características, tem o seu papel. Se
neiras no processo de transformar a área degra-                  deixarmos, a natureza faz esse processo sozinha.
dada e desmatada em uma mata verde e rica.                          Mas esse processo natural de regeneração
   Afinal, são poucas as plantas que, assim como                 pode ser muito demorado, e dependendo do
elas, conseguem sobreviver em terras duras e se-                 estado de degradação da área, pode nem che-
cas e com muito sol e pasto.                                     gar a acontecer totalmente. Por isso, existem al-                                   13
  Essas plantas podem melhorar a terra para que                  gumas técnicas de plantio que podem fazer com
as outras possam nascer ali.                                     que o processo seja mais rápido.
Além disso, se nós ajudamos à natureza a se              O segredo é misturar plantas diferentes como
     recuperar, poderemos escolher aquelas plantas             ocorre nas matas nativas e usar todo seu co-
     que, além de ajudar na recuperação ambiental,             nhecimento sobre as plantas e cultivos para ver
     encham a barriga e o bolso! Assim, pode-se plan-          como eles podem ajudar na regeneração.
     tar abóbora para cobrir a terra, e a mandioca,              Veja no quadro abaixo, dicas de manejo
     com suas longas raízes para descompactá-la.               para o reflorestamento.


                   Manejo                                                 Utilidade

     Para não atrapalhar a regeneração:             • Restringir a entrada de animais para não pisar e comer a
     • Cercar e isolar a área                       vegetação
     • Se preciso, fazer aceiros e curvas           • Não deixar entrar fogo
     de nível                                       • Evitar erosão
     Plantio de adubos verdes e                     • Descompactar o solo     • Disponibilizar nitrogênio no solo
     leguminosas                                    • Calcarear o solo        • Sombrear e combater o pasto
     (feijão de porco, andu, crotalária, embaúba,
     urucum, entre outros)                          • Cobrir o solo           • Fornecer matéria orgânica no solo
                                                    • Dar renda e alimento
     Plantio de culturas brancas                    • Descompactar o solo
                                                    • Cobrir o solo
                                                    • Sombrear e combater o pasto
     Plantio de árvores nativas misturando:         • Dar renda e alimento
     • Frutíferas
     • Lenha e madeira                              • Regenerar a vegetação nativa e com isso:
     • Flores                                         ­ Aumentar matéria orgânica e sais minerais no solo
     • Árvores nativas que crescem sem                ­ Aumentar a diversidade vegetal
     precisar plantar, chamadas de pio-               ­ Melhorar a absorção de água pelo solo, diminuindo a erosão
     neiras (lobeira, lacre, carvoeiro, pente         ­ Sombrear e cobrir o solo
     de macaco, entre outras)




       Momento com sua comunidade!

14    1) Existe alguma nascente degradada em nossa comunidade? O que fazer para recuperá­la?
      2) O que fazer para proteger as mata ciliares que temos em nossa comunidade?
      3) Você sabe como funciona a Lei Ambiental? Comente.
PRODUÇÃO FAMILIAR NO CAMPO


     P
           roduzir os próprios alimentos e vender pro-       cialização na pequena propriedade é essencial
           dutos cultivados no campo é um dos maio-          para o rendimento e a sustentabilidade da uni-
           res desafios das famílias dos assentamentos.      dade familiar e da comunidade. Toda produção
       Seja pela ausência de financiamentos ou de            significa um investimento de dinheiro e de traba-
     apoios adequados, pela falta de tempo e de              lho, portanto, antes de qualquer atividade, deve-
     mão-de-obra ou, às vezes, por termos os merca-          mos considerar os seguintes pontos:
     dos muito longe dos assentamentos, o fato é que            • Auto-consumo: é importante garantir os ali-
     os produtos que vêm das nossas roças e plantios         mentos para o consumo da família, que podem
     ainda não conseguem abastecer as cidades da             ser produzidos sem muitas dificuldades. Primeiro,
     região. Inclusive nos próprios assentamentos é          precisa-se pensar no essencial para a vida e não
     comum adquirirmos produtos “de fora”, fazendo           só no que produzir para o mercado, mantendo a
     com que a renda que conseguimos com a ven-              diversidade da produção.
     da da nossa produção não circule no mercado                • Trocas: o próximo passo é pensar, junto com
     local e acabe indo também para fora.                    os vizinhos, o que um pode produzir e trocar com
       Mas, será que poderíamos cultivar mais pro-           o outro, sem precisar necessariamente vender e
     dutos? Será que existem outras culturas mais            comprar fora da comunidade ou assentamento.
     lucrativas que o gado de corte? Será que vale              • Mercados locais, regionais, nacionais e inter-
     a pena investir em outros produtos tais como os         nacionais: é preciso pesquisa de mercado e con-
     pequenos animais, as frutas, as hortas, a criação       versar com pessoas e grupos que entendam do
     de galinhas, o mel, etc.?                               assunto, conhecendo compradores e buscando
       A proposta deste capítulo é discutir as possíveis     informações. É mais fácil em grupos organizados,
     formas de produção no campo e refletir sobre as         podendo ser informais ou como associação ou
     possibilidades de comercialização dos produtos.         cooperativa. A união dá força, ajuda na divi-
       Daremos informações e novas possibilidades            são dos custos e potencializa os lucros. Cada
     de se produzir nos assentamentos. Porém, é claro        mercado tem as suas próprias características
     que cada família, grupo, comunidade ou asso-            e exigências, mas um fator é básico: garantir a
     ciação, deverá buscar os seus próprios caminhos         continuidade da produção para abastecer os
       .                                                     mercados. Isso é mais fácil em grupos também,
     Produção no campo                                       planejando juntos para quando a produção de
       Planejar a produção, o consumo e a comer-             um acaba, a safra do outro está pronta.


       Soberania Alimentar
       O direito a alimentos depende do direito à terra, à água, a sementes e, também, do conhecimento e
       de condições de produção.
       A soberania alimentar depende do valor que se dá à cultura e aos alimentos que os antepassados
       costumavam preparar.
       Como garantir a soberania alimentar:
       • Cultivar, sempre que possível, plantas nativas da região, em equilíbrio com o ambiente, que dificilmente
       precisarão de defensivos ou cuidados especiais.
       • Produzir e consumir alimentos orgânicos, deixando de precisar dos insumos das multinacionais e
       garantindo a saúde.
16
       • Pesquisar e divulgar o valor nutricional do alimento.
       • Aproveitar o máximo possível dos alimentos, de várias maneiras na cozinha, e colocar as cascas e
       sobras que não puderem ser utilizadas, para a compostagem. Isso fecha o ciclo de produção.
       • Preferira alimentos que, além de saborosos e nutritivos, façam parte da história do povo.
Existe também o mercado institucional, dos go-        turas anuais, pastagens ou florestas, hortas, etc.
vernos locais, apoiados pelos governos estaduais           Produzir no campo, seja para a alimentação
e federal para a compra de alimentos para as es-        da família ou pensando no mercado, significa
colas, hospitais e outras instituições públicas. Para   grande esforço e dedicação de tempo e dinhei-
garantir que o lucro da venda permaneça na              ro. Por isso, planejar é uma boa técnica que nos
comunidade e possa ser investido na melhoria da         ajuda a melhorar os resultados. Planejar não é
qualidade de vida, é preciso evitar a ação dos          um bicho-de-sete-cabeças, é apenas uma for-
atravessadores e organizar a venda em conjunto.         ma de pensar em todos os elementos da nossa
  • Potenciais: conhecendo as possibilidades dos        produção antes de começar com os trabalhos.
mercados podemos aproveitar o potencial das             É saber aonde queremos chegar antes de iniciar-
localidades, analisando as áreas aptas para cul-        mos o caminho que nos levará ao objetivo.




                 Um exemplo de planejamento da produção
                Produzindo alimentos e produtos para vender

O sistema agroflorestal (SAF) ou agrofloresta
  O SAF, conhecido como “casadão”, é agricul-
tura e floresta juntas, em harmonia. Uma forma
de produzirmos alimentos tendo a mata como
referência a ser copiada.
  Nos sistemas agroflorestais, associa-se a agri-
cultura e a pecuária com árvores, combinando
produção e conservação dos recursos naturais,
além de buscar atender às várias necessidades
das famílias rurais, como a obtenção de ali-
mento, extração de madeira, cultivo de plantas
medicinais, etc. Portanto com o “casadão” (ou
agrofloresta) conseguimos diversificar a produ-           Plantar abacaxi, maracujá, caju, mamão ou acerola junto com feijão, arroz,
ção no campo, proporcionando uma oferta mais             madioca, etc. é uma boa forma de produzir alimentos dentro da agrofloresta

estável de produtos ao longo do ano. Além disso,        mesma área, com diversas funções que vão des-
a agrofloresta auxilia na conservação dos solos,        de a produção de matéria orgânica para o solo;
das águas e das áreas de vegetação nativa.              leguminosas para fixação de nitrogênio; adubos;
  Uma agrofloresta pode ser implantada em               forragem; madeiras para lenha; alimentos e in-
qualquer área, desde que o(a) agricultor(a) co-         cremento de renda para as famílias.
nheça as potencialidades de cada uma e consi-              Ao contrário do que muitas pessoas pensam,
dere quatro pontos importantes: as condições do         a agrofloresta não é uma “bagunça” de plan-
solo, o que se quer produzir, o calendário agrícola     tas: cada uma delas tem uma função diferente.
e a vegetação nativa.                                   É uma forma inteligente de plantio, que requer
  A partir destes princípios pode-se partir para        planejamento, seguimento e cuidados, levando-
uma boa organização do SAF.
  Fazendo parte deste sistema colaboramos
                                                          Objetivo da Agrofloresta: Diversificar a                                     17
com a natureza e suas potencialidades.
                                                          produção, garantindo a produtividade dos solos
  A agrofloresta combina várias espécies numa
                                                          durante o ano todo, em todos os anos.
se em conta a permanência no sistema, a altura         Qual destas formas de plantio precisa
     das plantas, a época e tempo de produção, etc.         de mais água, adubo e mão-de-obra?
       De acordo com a FAO (1989), os agricultores
     utilizavam cerca de 10.000 espécies de plantas
     com propósitos agrícolas. Porém, nos últimos 100
     anos, deixou-se de cultivar mais de ¾ destas es-
     pécies e passou-se a depender de apenas qua-
     tro espécies para abastecer mais de 75% da ali-
     mentação mundial. Este fato tem incrementado
     de forma significativa a vulnerabilidade dos agri-
     cultores às flutuações do mercado, propiciando
     o surgimento de pragas e doenças, alterações
     climáticas locais e globais, intensificado a erosão,
     acelerado o declínio da produtividade e aumen-
     tado o número de famílias agricultoras que saem
     do campo e vão para a cidade.
       A diversificação é uma das grandes vantagens
     dos sistemas agroflorestais. A produção é variada
     e, por isso, quando o preço de um produto vai
     mal, outro pode estar em alta, proporcionando
     maior equilíbrio para o bolso do agricultor            uniforme durante o ano porque os tratos culturais
       Os sistemas florestais se adaptam bem à agri-        e a colheita ocorrem em épocas diferentes.
     cultura familiar, pois a demanda de mão-de-obra          A diversidade da produção e a sua distribui-
     não é sazonal, isto é, não precisa se concentrar       ção ao longo do ano proporcionam alternativa
     em uma determinada época do ano, como                  de fonte de renda, principalmente pelas receitas
     acontece com as monoculturas. A distribuição é         obtidas com os cultivos de ciclo curto e maiores
                                                            lucros por unidade de área cultivada, além de
        Produzir alimentos em um mesmo
         espaco traz outras vantagens:                      maior estabilidade econômica pela redução dos
                                                            riscos e incertezas de mercado.
      • Aproveita­se melhor a terra, pois as espécies         Outra vantagem da agrofloresta é que o va-
      são plantadas juntas, no espaçamento usual            lor a ser investido é menor do que se exige para
      entre elas.                                           implementar uma lavoura convencional. Elas se
      • A agrofloresta não precisa ser capinada, ape-       baseiam, principalmente, no uso dos recursos
      nas feita uma roçagem seletiva quando neces-          locais disponíveis. Desta forma, não precisamos
      sária, podando ou eliminando as plantas indese-       comprar adubos, sementes ou ferramentas que
      jadas e as adubadoras.                                não tenhamos em casa. No caso das sementes,
      • O solo se mantém coberto. Não gastaríamos           no aparecimento das primeiras rendas, a família
      com correções com calcário e pouparíamos              pode adquirir sementes ou mudas de fora para
      água da irrigação.                                    enriquecer ainda mais a sua agrofloresta.
      • Permite trabalharmos na sombra, numa área             Para maior rentabilidade, é aconselhá-
      pequena. Pode ser feita próxima a nossa casa.         vel que a escolha das espécies cultivadas se
                                                            apóie em um estudo de mercado, para saber
18       Momento com sua comunidade!                        os produtos de maior aceitação. O plantio
     • Quais as plantas nativas na sua comunidade           deve considerar os gostos e preferências ali-
     que poderiam ser plantadas?                            mentares de cada família.
Qual destes dois pastos fornece melhor alimentação para as vacas?




Comercialização
  Depois da alimentação da família, o outro      e do campo são atividades diferentes. Cada
grande desafio de todo processo de produção      uma delas exige conhecimento e competência
é colocar o produto no mercado de forma lu-      específica. O produtor que deseja comerciali-
crativa, ou seja, de modo que a venda da pro-    zar seu produto, deverá negociar com comer-
dução garanta a cobertura dos custos e que       ciantes e consumidores, e, para isso, terá que
sobre um percentual para novos investimentos.    possuir informações sobre a oferta, a procura e
  A comercialização dos produtos da roça         o sistema de preços.


Materias-Primas                                                                  Oferta

  Mao-de-Obra                                                                    Procura
                             Produzir                    Vender
    Embalagem                                                                     Preco

   Combustivel                                                                Transporte


• OFERTA
  A oferta é composta pelos produtos que         estar ofertando os mesmos produtos no merca-
pretendemos vender. A quantidade que ire-        do. Por isso, é importante conhecermos qual é
mos colocar à venda, a forma que terão esses     a oferta total do produto a ser comercializado.
produtos, os meses do ano em que poderemos       O tamanho da oferta, as características dos
ofertá-los, são tarefas que devemos fazer para   produtos oferecidos, o preço dos mesmos, são
planejarmos melhor as vendas.                    alguns dos fatores que podem ajudar ou atra-
  Outras pessoas, empresas ou grupos podem       palhar a comercialização.

                                   Oferta dos Produtos

         O que oferecer ao mercado?                   Existem produtos parecidos no mercado?
    Qual é a quantidade que vou oferecer?              Quais são os principais concorrentes?       19
    Qual a frequência vou poder oferecer?             Qual é o diferencial que posso oferecer?
• PROCURA
       Demanda ou procura significa que para se
                                                        Lembre-se
     produzir tem de existir a necessidade do produ-
     to no mercado, ou seja, ter a noção de quantas     O preço depende da quantidade e da quali-
     pessoas querem comprar do produto.                 dade do produto que se oferece no mercado,
       Os clientes não compram apenas produtos, mas     portanto se todos da região resolverem plantar
     soluções para algo que precisam ou desejam.        melancia com certeza haverá muita oferta de
       Você pode identificar essas soluções se co-      melancia. Uma quantidade acima do que os
     nhecê-los melhor.                                  consumidores habitualmente adquirem faz o
       Para isso, responda às perguntas e siga os       preço cair.
     passos a seguir:


     1º passo: identificando os clientes               • PREÇO
       • Qual a faixa etária?                             A fabricação de um produto gera custos.
       • Na maioria são homens ou mulheres?            Por exemplo: para produzirmos farinha de
       • Têm família grande ou pequena?                mandioca, precisamos da mandioca, da
       • Qual é o seu trabalho?                        mão-de-obra, da lenha para torrar, etc.Além
       • Quanto ganham?                                do mais, normalmente, os membros da família
       • Qual é a sua escolaridade?                    trabalham no campo e, embora não recebam
       • Onde moram?                                   salários, seu trabalho tem um custo e deve
                                                       entrar na contabilidade final. O tempo que os
     2 º passo: quais os interesses e                  membros da família investem na roça poderia
     comportamentos dos clientes                       ser como trabalhadores assalariados.
       • Que quantidade e com qual freqüência
     compram esse tipo de produto ou serviço?          • TRANSPORTE
       • Onde costumam comprar?                           O transporte é um dos fatores que mais in-
       • Que preço pagam atualmente por esse           fluencia na venda dos produtos.
     produto ou serviço similar?                          Medir bem o custo do transporte, conhecer
                                                       os diferentes tipos de locomoção que temos dis-
     3º passo: o que os leva a comprar                 poníveis são fatores a serem considerados.
       • O preço?
       • A qualidade dos produtos e/ou serviços?         TEMOS QUE SABER ESSAS COISAS?
       • A marca?                                        Para se ter um custo menor que a receita ar-
       • O prazo de entrega?                           recadada essas informações são necessárias,
       • O prazo de pagamento?                         pois se o saldo for negativo, quer dizer que não
       • O atendimento da empresa?                     há viabilidade para esse produto.
                                                         Uma solução é buscar informações sobre a
     4º passo: onde estão os seus clientes?            quantidade do produto que está sendo vendi-
       • Qual o tamanho do mercado que atuará?         da no mercado e a que preço, por exemplo,
       • É apenas sua rua?                             nos últimos três anos. Essas informações per-
       • O seu bairro?                                 mitirão saber se é um bom negócio plantar a
       • Sua cidade?                                   quantidade planejada, se é melhor diminuí-la
       • Todo o Estado?                                ou até mesmo não plantar.
20     • O País todo ou outros países?                   Portanto, vamos evitar entregar o produto a
       • Seus clientes encontrarão sua empresa com     preços abaixo de seus custos para não termos
       facilidade?                                     prejuízos.
Como calcular o custo
                     e o lucro de nossas produções
               Veja e recorte a tabela da última página com os passos
                    para calcular o custo e lucro de sua produção

Um método em 5 passos:
Passo 1 - Os serviços que teremos                   Passo 3 - As unidades que precisaremos
  Para sabermos o custo total dos plantios que         Pensaremos agora em quantas unidades
queremos fazer, o melhor sistema é pensar e         iremos precisar: quantas diárias, quantas horas
anotar todas as etapas que teremos que cum-         máquina, quantos sacos de sementes, etc...
prir até o produto final.
  Por exemplo: para sabermos quanto vai nos         Passo 4 - O preço de cada atividade
custar fazer farinha de mandioca, temos que           Precisamos saber o preço de cada item e de
fazer uma lista com TODOS os trabalhos rela-        cada atividades a serem realizadas, tais como:
cionados: preparar a terra, plantar a mandio-       o preço das diárias, do saco de sementes, das
ca, colher, descascar, torrar, etc.                 horas das máquinas, e assim por diante.


Passo 2 - Anotando as unidades                      Passo 5 - O custo total da produção
  O segundo passo é anotarmos, do lado de             É só multiplicar as unidades necessárias (pas-
cada serviço, as unidades de cada um deles.         so 3) pelo preço de cada unidade (passo 4).




  Finalmente, um bom planejamento significa            Por exemplo, se plantarmos 1 hectare de mi-
saber, antes de começar a plantar, colher e pro-    lho, precisamos saber, quantos quilos de milho
duzir, quanto é que podemos ganhar com isso.        será produzido; ou quantas sacas vamos colher.
De fato, calculando esse “lucro possível” podere-      • Qual é o preço de venda? Venderemos por
mos ter uma idéia do que vale mais a pena pro-      quanto? Precisamos saber esse valor (em reais)
duzir e vender, de forma a dedicar mais esforços    para calcularmos o quanto ganharemos. O pre-
às atividades que mais lucro possam nos dar.        ço que devemos colocar na ficha se refere ao
  Uma vez calculado o custo de produção, a          preço por cada unidade de produção: reais por
tabela (pág. 23) vai nos guiar para sabermos o      quilo ou reais por saca ou reais por lata.
quanto de lucro teremos. Os únicos dados que           • Agora, basta apenas fazer as operações
temos que saber para preencher a ficha são:         que se indicam na ficha:
  • Quanta será a produção? Precisamos ter             • Quantidade produzida x Preço de Venda =       21
uma idéia de quantos quilos, litros, sacos ou la-   Receitas Totais
tas dará o nosso plantio.                              • Receitas Totais – Despesas = Lucro
Redação vencedora do
                “Concurso de Redação da Semana do Meio
                   Ambiente de São Félix do Araguaia”
                                                      05 de junho 2009
     Autora: Maeli Jemina Rodrigues / 7ª série
     Escola Estadual Prof. Hilda Rocha Sousa




                                                 São Félix e sua preocupação ecológica
                   Hoje, há uma grande preocupação dos cientistas com o aquecimento global, com as
                mudanças climáticas, com o aumento da população.
                   Procura-se alternativas fazendo reflorestamento de algumas espécies, o manejo de
                alguns animais, principalmente o silvestre, para evitar a degradação e a extinção.
                   Para a produção da energia, a utilização dos ventos e do sol já está acontecendo.
                   A população em geral também precisar se sensibilizar e agir, porque a natureza vai
                acabar e no futuro seremos vitima de maiores catástrofes como: tufões, avalanches e
                outros.
                   Nós moradores do Município de São Félix do Araguaia, não podemos ficar alheios a esta
                preocupação mundial. Precisamos buscar alternativas de produção e desenvolvimento que
                sejam compatíveis com os outros princípios ecológicos.
                   Podemos criar peixes em nossos lagos ou construir tanques apropriados; plantar frutas
                para produção de suco; aproveitar as frutas nativas como pequi, buriti, jenipapo, murici,
                para produção de conservas, licores e comercializar-los para os turistas e para todo o
                Brasil; aproveitar a criatividade de nosso povo e desenvolver o artesanato.
                   Este é um trabalho que necessita o empenho de todos: autoridade e população.




22
Qual pode ser nosso lucro?


Estou querendo produzir:

      Qual é meu           Qual será a produção?                Qual é o           A minha receita
                                                                                                      LUCRO TOTAL
 “custo de produção”?      (Quilogramas, litros, etc...)    preço de venda?           será de:


                                                           Aqui colocamos apenas    Multiplicamos:
     Colocamos o custo      Temos que saber quanto                                     Produção           Fazemos:
      calculado antes         vai dar de produção            o preço de venda              x          Receita - Despesas
                                                                 do produto         Preço de Venda




                            Tabela para calcular o custo de producao


  O que queremos produzir?
          ETAPA 1                   ETAPA 2                      ETAPA 3              ETAPA 4          ETAPA 5
         Quais serviços          Como medimos o              Quais quantidades      Qual é o custo
                                                                                                      CUSTO TOTAL
        terei que fazer?        serviço? (unidades)            irei precisar?      de cada unidade?


 1

 2

 3

 4

 5

 6

 7

 8


                                                                                           TOTAL
                                                                                                                           23
APOIO

Contenu connexe

Tendances

Barragens/Oficio Copaiba para gaema
Barragens/Oficio Copaiba para gaemaBarragens/Oficio Copaiba para gaema
Barragens/Oficio Copaiba para gaemaresgate cambui ong
 
Sistemas agroflorestais em espaços protegidos
Sistemas agroflorestais em espaços protegidosSistemas agroflorestais em espaços protegidos
Sistemas agroflorestais em espaços protegidosGeraldo Henrique
 
Agroecológico Junho 2012
Agroecológico Junho 2012Agroecológico Junho 2012
Agroecológico Junho 2012sintermg
 
Coleção Saber na Prática - Vol. 1, Banheiro Seco
Coleção Saber na Prática - Vol. 1, Banheiro Seco  Coleção Saber na Prática - Vol. 1, Banheiro Seco
Coleção Saber na Prática - Vol. 1, Banheiro Seco Cepagro
 
Periódico Extensão Rural 2013-1 (DEAER/UFSM)
Periódico Extensão Rural 2013-1 (DEAER/UFSM)Periódico Extensão Rural 2013-1 (DEAER/UFSM)
Periódico Extensão Rural 2013-1 (DEAER/UFSM)Ezequiel Redin
 
Jornal de maio
Jornal de maioJornal de maio
Jornal de maioBOLETIM
 
Estufa ecologica-feita-de-bambu
Estufa ecologica-feita-de-bambuEstufa ecologica-feita-de-bambu
Estufa ecologica-feita-de-bambuJuci Santos
 
Pesquisa Cafeeira Na Zona Da Mata
Pesquisa Cafeeira Na Zona Da MataPesquisa Cafeeira Na Zona Da Mata
Pesquisa Cafeeira Na Zona Da MataSergio Pereira
 
Edição nº104 informativo semanal o serrano
Edição nº104 informativo semanal o serranoEdição nº104 informativo semanal o serrano
Edição nº104 informativo semanal o serranoEcos Alcântaras
 
Livro das aguas_wwf_brasil
Livro das aguas_wwf_brasilLivro das aguas_wwf_brasil
Livro das aguas_wwf_brasilVanlisaPinheiro
 
Projeto Pesquisa TRANSIÇÃO DA AGRICULTURA CONVENCIONAL PARA AGROECOLÓGICA
Projeto  Pesquisa TRANSIÇÃO DA AGRICULTURA CONVENCIONAL PARA AGROECOLÓGICAProjeto  Pesquisa TRANSIÇÃO DA AGRICULTURA CONVENCIONAL PARA AGROECOLÓGICA
Projeto Pesquisa TRANSIÇÃO DA AGRICULTURA CONVENCIONAL PARA AGROECOLÓGICASirleitr
 
Lista de Trabalhos Aprovados
Lista de Trabalhos AprovadosLista de Trabalhos Aprovados
Lista de Trabalhos AprovadosSINTDS
 
Projeto Óleo pela Natureza
Projeto Óleo pela NaturezaProjeto Óleo pela Natureza
Projeto Óleo pela NaturezaDiana Pilatti
 
Coleção Saber na Prática - Vol. 4, Diversificação Produtiva
Coleção Saber na Prática - Vol. 4, Diversificação ProdutivaColeção Saber na Prática - Vol. 4, Diversificação Produtiva
Coleção Saber na Prática - Vol. 4, Diversificação ProdutivaCepagro
 
Consultas Públicas - Parque Nacional da Serra da Gandarela
Consultas Públicas - Parque Nacional da Serra da GandarelaConsultas Públicas - Parque Nacional da Serra da Gandarela
Consultas Públicas - Parque Nacional da Serra da GandarelaTerra Brasilis
 

Tendances (20)

Barragens/Oficio Copaiba para gaema
Barragens/Oficio Copaiba para gaemaBarragens/Oficio Copaiba para gaema
Barragens/Oficio Copaiba para gaema
 
Sistemas agroflorestais em espaços protegidos
Sistemas agroflorestais em espaços protegidosSistemas agroflorestais em espaços protegidos
Sistemas agroflorestais em espaços protegidos
 
Agroecológico Junho 2012
Agroecológico Junho 2012Agroecológico Junho 2012
Agroecológico Junho 2012
 
Coleção Saber na Prática - Vol. 1, Banheiro Seco
Coleção Saber na Prática - Vol. 1, Banheiro Seco  Coleção Saber na Prática - Vol. 1, Banheiro Seco
Coleção Saber na Prática - Vol. 1, Banheiro Seco
 
Manual RMC-SP
Manual RMC-SPManual RMC-SP
Manual RMC-SP
 
Periódico Extensão Rural 2013-1 (DEAER/UFSM)
Periódico Extensão Rural 2013-1 (DEAER/UFSM)Periódico Extensão Rural 2013-1 (DEAER/UFSM)
Periódico Extensão Rural 2013-1 (DEAER/UFSM)
 
Jornal de maio
Jornal de maioJornal de maio
Jornal de maio
 
Estufa ecologica-feita-de-bambu
Estufa ecologica-feita-de-bambuEstufa ecologica-feita-de-bambu
Estufa ecologica-feita-de-bambu
 
Ecolbrasil 05
Ecolbrasil 05Ecolbrasil 05
Ecolbrasil 05
 
Pesquisa Cafeeira Na Zona Da Mata
Pesquisa Cafeeira Na Zona Da MataPesquisa Cafeeira Na Zona Da Mata
Pesquisa Cafeeira Na Zona Da Mata
 
Edição nº104 informativo semanal o serrano
Edição nº104 informativo semanal o serranoEdição nº104 informativo semanal o serrano
Edição nº104 informativo semanal o serrano
 
Agrofloresta
AgroflorestaAgrofloresta
Agrofloresta
 
Livro das aguas_wwf_brasil
Livro das aguas_wwf_brasilLivro das aguas_wwf_brasil
Livro das aguas_wwf_brasil
 
Projeto Pesquisa TRANSIÇÃO DA AGRICULTURA CONVENCIONAL PARA AGROECOLÓGICA
Projeto  Pesquisa TRANSIÇÃO DA AGRICULTURA CONVENCIONAL PARA AGROECOLÓGICAProjeto  Pesquisa TRANSIÇÃO DA AGRICULTURA CONVENCIONAL PARA AGROECOLÓGICA
Projeto Pesquisa TRANSIÇÃO DA AGRICULTURA CONVENCIONAL PARA AGROECOLÓGICA
 
Lista de Trabalhos Aprovados
Lista de Trabalhos AprovadosLista de Trabalhos Aprovados
Lista de Trabalhos Aprovados
 
Projeto Óleo pela Natureza
Projeto Óleo pela NaturezaProjeto Óleo pela Natureza
Projeto Óleo pela Natureza
 
Coleção Saber na Prática - Vol. 4, Diversificação Produtiva
Coleção Saber na Prática - Vol. 4, Diversificação ProdutivaColeção Saber na Prática - Vol. 4, Diversificação Produtiva
Coleção Saber na Prática - Vol. 4, Diversificação Produtiva
 
Meio ambiente em Bom Jardim MA
Meio ambiente em Bom Jardim   MAMeio ambiente em Bom Jardim   MA
Meio ambiente em Bom Jardim MA
 
Consultas Públicas - Parque Nacional da Serra da Gandarela
Consultas Públicas - Parque Nacional da Serra da GandarelaConsultas Públicas - Parque Nacional da Serra da Gandarela
Consultas Públicas - Parque Nacional da Serra da Gandarela
 
Apostila reserva legal
Apostila   reserva legalApostila   reserva legal
Apostila reserva legal
 

Similaire à Cartilha alternativas agricultura familiar

Manual de educação ambiental vol 2
Manual de educação ambiental vol 2Manual de educação ambiental vol 2
Manual de educação ambiental vol 2Ananda Helena
 
Pegada ecologicawwf
Pegada ecologicawwfPegada ecologicawwf
Pegada ecologicawwfcarinacipo
 
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2Lenildo Araujo
 
Biodiversidade joão sousa
Biodiversidade  joão sousaBiodiversidade  joão sousa
Biodiversidade joão sousaMayjö .
 
A defesa do código florestas e a produção de alimentes saudáveis pela agricul...
A defesa do código florestas e a produção de alimentes saudáveis pela agricul...A defesa do código florestas e a produção de alimentes saudáveis pela agricul...
A defesa do código florestas e a produção de alimentes saudáveis pela agricul...FeabCrato
 
A Defesa do Código Florestal e a Produção de Alimentos Saudáveis Pela Agricul...
A Defesa do Código Florestal e a Produção de Alimentos Saudáveis Pela Agricul...A Defesa do Código Florestal e a Produção de Alimentos Saudáveis Pela Agricul...
A Defesa do Código Florestal e a Produção de Alimentos Saudáveis Pela Agricul...Feab Brasil
 
Carbono neutro social briefing pdf
Carbono neutro social briefing pdfCarbono neutro social briefing pdf
Carbono neutro social briefing pdfRede Jatropha
 
Manual de Boas Práticas- Medronheiro
Manual de Boas Práticas- MedronheiroManual de Boas Práticas- Medronheiro
Manual de Boas Práticas- MedronheiroJoão Soares
 
Ambiente E Sustentabilidade Para Stc 21 De MarçO
Ambiente E Sustentabilidade Para Stc 21 De MarçOAmbiente E Sustentabilidade Para Stc 21 De MarçO
Ambiente E Sustentabilidade Para Stc 21 De MarçOpaulanapalma
 
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e AgricultoresManual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e AgricultoresSérgio Amaral
 
Novos Rurais E Novos Urbanos
Novos Rurais E Novos UrbanosNovos Rurais E Novos Urbanos
Novos Rurais E Novos UrbanosJoão Soares
 
Agricultura ecológica príncipios básicos 2010
Agricultura ecológica   príncipios básicos 2010Agricultura ecológica   príncipios básicos 2010
Agricultura ecológica príncipios básicos 2010Edson Talarico
 
Cartilha agricultura ecologica
Cartilha agricultura ecologicaCartilha agricultura ecologica
Cartilha agricultura ecologicaLenildo Araujo
 
Cartilha agricultura ecologica
Cartilha agricultura ecologicaCartilha agricultura ecologica
Cartilha agricultura ecologicagimalucelli_bio
 
Curso de agronomia
Curso de agronomiaCurso de agronomia
Curso de agronomialeticiatunes
 
Consumo x sustentabilidade
Consumo x sustentabilidadeConsumo x sustentabilidade
Consumo x sustentabilidadeFabio Cruz
 
Painel II - O ambiente como factor limitante – o caso da Pegada Ecológica – S...
Painel II - O ambiente como factor limitante – o caso da Pegada Ecológica – S...Painel II - O ambiente como factor limitante – o caso da Pegada Ecológica – S...
Painel II - O ambiente como factor limitante – o caso da Pegada Ecológica – S...CIDAADS
 

Similaire à Cartilha alternativas agricultura familiar (20)

Manual de educação ambiental vol 2
Manual de educação ambiental vol 2Manual de educação ambiental vol 2
Manual de educação ambiental vol 2
 
Pegada ecologicawwf
Pegada ecologicawwfPegada ecologicawwf
Pegada ecologicawwf
 
01 banheiro seco
01 banheiro seco01 banheiro seco
01 banheiro seco
 
Cartilha final
Cartilha finalCartilha final
Cartilha final
 
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2
 
Biodiversidade joão sousa
Biodiversidade  joão sousaBiodiversidade  joão sousa
Biodiversidade joão sousa
 
A defesa do código florestas e a produção de alimentes saudáveis pela agricul...
A defesa do código florestas e a produção de alimentes saudáveis pela agricul...A defesa do código florestas e a produção de alimentes saudáveis pela agricul...
A defesa do código florestas e a produção de alimentes saudáveis pela agricul...
 
A Defesa do Código Florestal e a Produção de Alimentos Saudáveis Pela Agricul...
A Defesa do Código Florestal e a Produção de Alimentos Saudáveis Pela Agricul...A Defesa do Código Florestal e a Produção de Alimentos Saudáveis Pela Agricul...
A Defesa do Código Florestal e a Produção de Alimentos Saudáveis Pela Agricul...
 
Carbono neutro social briefing pdf
Carbono neutro social briefing pdfCarbono neutro social briefing pdf
Carbono neutro social briefing pdf
 
Manual de Boas Práticas- Medronheiro
Manual de Boas Práticas- MedronheiroManual de Boas Práticas- Medronheiro
Manual de Boas Práticas- Medronheiro
 
Ambiente E Sustentabilidade Para Stc 21 De MarçO
Ambiente E Sustentabilidade Para Stc 21 De MarçOAmbiente E Sustentabilidade Para Stc 21 De MarçO
Ambiente E Sustentabilidade Para Stc 21 De MarçO
 
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e AgricultoresManual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
 
Novos Rurais E Novos Urbanos
Novos Rurais E Novos UrbanosNovos Rurais E Novos Urbanos
Novos Rurais E Novos Urbanos
 
Cartilha agricultura ecologica
Cartilha agricultura ecologicaCartilha agricultura ecologica
Cartilha agricultura ecologica
 
Agricultura ecológica príncipios básicos 2010
Agricultura ecológica   príncipios básicos 2010Agricultura ecológica   príncipios básicos 2010
Agricultura ecológica príncipios básicos 2010
 
Cartilha agricultura ecologica
Cartilha agricultura ecologicaCartilha agricultura ecologica
Cartilha agricultura ecologica
 
Cartilha agricultura ecologica
Cartilha agricultura ecologicaCartilha agricultura ecologica
Cartilha agricultura ecologica
 
Curso de agronomia
Curso de agronomiaCurso de agronomia
Curso de agronomia
 
Consumo x sustentabilidade
Consumo x sustentabilidadeConsumo x sustentabilidade
Consumo x sustentabilidade
 
Painel II - O ambiente como factor limitante – o caso da Pegada Ecológica – S...
Painel II - O ambiente como factor limitante – o caso da Pegada Ecológica – S...Painel II - O ambiente como factor limitante – o caso da Pegada Ecológica – S...
Painel II - O ambiente como factor limitante – o caso da Pegada Ecológica – S...
 

Cartilha alternativas agricultura familiar

  • 1.
  • 2. indice Capitulo 1 Fogo: Um problema ecológico e social............................. 06 Alternativas de superação do uso do fogo ..................... 07 Capitulo 2 Reflorestamento ................................................................... 12 É bom ter a mata e o cerrado de pé ............................... 12 As matas são importantes para preservar a água........... 12 O que diz a lei ..................................................................... 13 Mas dá para voltar a ter a mata fechada depois que já foi desmatado?............................................ 13 Capitulo 3 Produção familiar no campo.............................................. 15 Um exemplo de planejamento da produção Produzindo alimentos e produtos para vender................. 17 Como calcular o custo e o lucro de nossas produção.... 21 Redação vencedora ........................................................... 22 Tabelas Auxiliares: Cálculos de lucro e custo de produção............................. 23 Esta publicação é uma realização da Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção - ANSA, com o apoio do Programa Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-ECOS), Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Manos Unidas, Fundação Alfons Comín e Agencia Catalana de Cooperação ao Desenvolvimento (ACCD). Coordenação Geral Apoio Maiores informações sobre a ANSA Raul Vico Ferre Fabio Aguiar Av. José Fragelli, 1050 Organização e Elaboração Agradecimentos Vila Nova Ana Lúcia Silva Sousa Agradecemos a todas as famílias do (66) 3522 1419 Maíra Taquiguthi Ribeiro PA Dom Pedro, as Associações Família Cep: 78.670-000 Abilio Vinicius Barbosa Pereira Casadão, Escolinha, Piscicultura e São Félix do Araguaia-MT Carlos Garcia Paret Iprovale pelo apoio e por todos os Raul Vico Ferre trabalhos realizados em seus lotes www.ansaraguaia.org.br
  • 3. Poesia vencedora do “Concurso do Poesia da Semana do Meio Ambiente de São Félix do Araguaia” 5 de junho de 2009 Autora: Polliana Marques da Silva / 3º ano Extensão trevo do Macaco P. A Dom Pedro, Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves. Meio Ambiente e Cultura regional As matas verdes do Araguaia A degradação do ambiente Beleza rara de se vê, Virou um caso banal, Estão aos poucos acabando Trazendo vários prejuízos Com o desmatamento a mercê. Ao povo do bananal A temperatura aumenta Precisamos preservar A cada ano que passa O ambiente em que vivemos E o fogo descontrolado Para salvar enf im Acaba com nossas matas. O futuro que teremos A cultura regional É preciso reciclar Está f icando pra trás Não queimar, nem poluir mais. Plantam somente capim Preservando o meio ambiente Frutas não plantam mais. Que gritando pede paz Ajude o meio ambiente As frutas e os vegetais Seja um ser humano Estão difíceis de encontrar Dele vem nosso sustento Pois na região do Araguaia E o ar que respiramos. O povo parou de plantar Sou aluna Polliana Os animais da f loresta Curso o terceiro ano Estão f icando em extinção Gosto do meio ambiente Morrem de sede, fome, E tenho 16 anos. E de intoxicação
  • 4. Mapa da Região São Félix do Araguaia - MT Sao Felix do Araguaia Cuiaba Localização da Região Cidade Na região do Araguaia moram mais de 14.000 famílias repartidas entre os 45 assentamentos que existem. O modelo dominante da “grande propriedade”, centrado sobretudo na pecuária extensiva e na monocultura de alguns grãos, foi incentivado historicamente por sucessivas políticas públicas e, nos últimos anos, ganhou um impulso ainda maior devido à entrada de grandes capitais e investimentos. A expansão deste modelo “do grande” tem influenciado definitivamente 04 para que a agricultura familiar da região do Araguaia tenha que enfrentar hoje sérios problemas de ordem social, econômico e ambiental
  • 5.
  • 6. FOGO: UM PROBLEMA ECOLÓGICO E SOCIAL A s queimadas no Brasil têm sido objeto de de pragas, limpeza de áreas para plantio e re- preocupação e polêmica. Elas atingem os novação de pastagens. Se, por um lado, a quei- mais diversos sistemas ecológicos e tipos mada facilita a vida de parte dos agricultores no de agricultura, gerando impactos ambientais curto prazo, do outro, ela afeta negativamente em escala local e regional. a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas, Os meses entre maio e outubro inspiram cuida- aumenta o processo de erosão do solo, deteriora dos especiais quando falamos em preservação a qualidade do ar, cria conflitos entre os vizinhos, ambiental: A falta de chuva, a baixa umidade e prejudica a sociedade como um todo. relativa do ar e a temperatura elevada que se Outro problema causado pelas queimadas é dá nesse período, são fatores que favorecem o a emissão dos gases responsáveis pelo “efeito surgimento das queimadas naturais, mas princi- estufa”. O desmatamento e a queimada de flo- palmente daquelas provocadas pelo o homem. restas e savanas tropicais (cerrados) respondem As queimadas são tragédias ecológicas que por 20% das emissões mundiais de gases do efeito acontecem em grande parte do território bra- estufa. Assunto que preocupa toda a comunida- sileiro, todos os anos, principalmente durante a de. Monitorados por satélites, os focos de quei- época de estiagem. Com a vegetação resseca- madas no Brasil estão crescendo em um ritmo da pela falta de chuva, qualquer fagulha pode alarmante, causando a emissão de toneladas de virar uma catástrofe, dizimando enormes áreas gases que contribuem para o aumento do efei- de vegetação e matando grande quantidade to estufa, responsável pelo aquecimento global, de animais. Além disso, o prejuízo pode se es- mudanças climáticas e outras possíveis devasta- tender por áreas produtivas, como pastagens, ções ecológicas. Tanto é assim que, no Brasil, as lavouras ou, até mesmo, áreas habitadas. Na sua emissões de gases de efeito estufa provocadas grande maioria, as queimadas constituem-se em pelas queimadas são três vezes maiores daquelas prática agrícola usual, utilizadas para controle geradas pela soma da indústria e dos transportes. 06
  • 7. Alternativas de superação do uso do fogo A s formas de controle do fogo tem tido Mas nem todos têm acesso às máquinas e sa- maior divulgação do que àquelas desti- bemos que elas têm um custo de manutenção nadas a sua superação. Por isso, quando e gestão complexa. O que podemos fazer para falamos em alternativas ao uso do fogo, o que enfrentar a questão do fogo, quando não te- primeiro vem à cabeça de muitas pessoas é o mos as máquinas agrícolas à nossa disposição? uso de máquinas agrícolas. Fala-se em máqui- Primeiro, temos que mudar a idéia de que o nas tanto para preparar plantios em áreas de fogo é um mal necessário e que deve ser usado juquira (vegetação que surge após a derruba- desde que haja algum controle. Até porque nem da) e pastagens degradadas, como para fazer sempre essas medidas têm o efeito desejado. Po- aceiros, que são faixas sem vegetação para demos ir além dessa idéia e ver que o fogo não é proteger o avanço do fogo. necessário, mas ao contrário, prejudicial. a) Pecuária sem fogo No Brasil, a maioria dos pecuaristas deixa o re- banho numa única área de pastagem na maior parte do tempo. Essa prática é chamada de “pastoreio contínuo”. Pastando na mesma área por meses seguidos, o gado passa a comer as rebrotas do capim an- tes que elas consigam se renovar com qualidade e quantidade. Assim, o pasto fica fraco, despro- tegido e sujeito a erosão. Em poucos anos, a pas- tagem se degrada, precisando de uma reforma para recuperar sua capacidade produtiva. O fogo é utilizado na tentativa de limpar o o solo coberto, evitar o pisoteio excessivo e que, pasto e melhorar a qualidade dessas pastagens. além do mais, não precisa do fogo para abrir no- Em curto prazo, as cinzas das plantas queimadas vas áreas a cada ano. fornecem alguns nutrientes, que criam um efeito Neste sistema, o pasto é dividido em piquetes ilusório de vigor, porém o fogo também cozinha a que podem ser separados por cercas elétricas, terra e acaba matando os microorganismos do manejando o gado para que fique poucos dias solo, bem como desperdiçando a grande maio- em cada piquete, o ideal é de 1 a 3 dias. Assim, ria dos nutrientes, que vão para o ar. evita-se a reforma constante das pastagens e A alternativa encontrada na nossa região é oferece ao gado sempre uma ótima condição derrubar novas áreas de floresta ou cerrado, e de pasto. Associado às pastagens, pode-se plan- utilizá-las até que se degradem novamente. As- tar árvores, leguminosas (estilosantes, pueraria sim, a cada ano, são formadas grandes áreas de entre outras) e frutíferas (sistemas silvipastoris) pastagem, chamadas de pastagem extensiva, para fornecer sombra e alimento nutritivo para que se tornam cada vez menos produtivas. o gado. Além do mais, este sistema é ideal para Esse processo nos mostra que a limpeza de manter a conservação dos solos. pastos com o uso do fogo e o sistema de pasto- reio contínuo não nos levam ao desenvolvimento Existem aproximadamente 100 milhões de de uma atividade econômica satisfatória ou sus- hectares de pastagens cultivadas no país. 07 tentável ao longo do tempo. Destes, estima-se que cerca da metade já Existe uma forma de manejo das pastagens, estejam seriamente degradadas. através de um sistema de rodízio, que visa manter
  • 8. b) Agroextrativismo: alternativa sustentável Quando falamos em agroextrativismo, pensa- telhados e instalações rurais, culinária, fabricação mos em viver em harmonia com a natureza, tirar de doces, licores, compotas, conservas, farinhas os recursos de forma sustentável (extrair sem der- (como de jatobá, pequi e macaúba) entre outras. rubar ou causar danos), sem esgotá-los. Uma das formas de gerar renda com as es- O agroextrativismo é sinônimo de sustentabili- pécies nativas é através da comercialização de dade com desenvolvimento, pois reúne aspec- frutas como murici, pequi, buriti, cagaita, baca- tos sociais, ambientais, econômicos e culturais. É ba ou mangaba, seja elas in natura ou bem pro- também uma forma de gerar renda a partir de cessadas e transformadas em outros produtos. plantas nativas de seu lote ou comunidade. De fato, doces, geléias, polpas, laranjinhas, etc. Caracteriza-se pela reuinião de atividades passam a ter um diferencial e podem gerar uma agro-pastoris, extrativas e silviculturais, atingindo renda maior. não só os processos produtivos, mas também os Além da geração de renda direta, prestamos de transformação e os de comércio. A atividade um serviço à nossa saúde com alimentação rica não exclui a incorporação de tecnologias além em vitaminas e fibras e para o meio-ambiente, de agregar valor aos produtos comercializados. pois o plantio dessas espécies regula o reflores- Sabemos que na vegetação nativa, seja cer- tamento de áreas que foram queimadas ou rado ou floresta, há grande variedade vegetal desmatadas no passado, e ajudam conservar a de aproveitamento econômico, tais como: me- água dos rios, manter o regime de chuvas e o dicina, óleos, artesanato, construção de casas, clima mais agradável. 08
  • 9. c) Roça sem fogo Como já vimos, a queimada pode garantir berturas oferecem sombra e favorecem a infiltra- terra boa para plantar no primeiro ano. Mas de- ção da água, mantendo o solo úmido diminuin- pois, a fertilidade do solo cai. O uso do fogo faz do a necessidade de água para os plantios. com que a terra fique exposta à ação do sol e Esta é uma das técnicas mais importantes de da chuva. A água da chuva “lava” os nutrientes proteção e enriquecimento do solo, pois permi- do solo e o sol resseca a terra, deixando-a dura te o uso contínuo do solo, sem esgotá-lo. e sem vida. Além de diminuir a produtividade, • 2 Roçar com facão rente ao chão a vegeta- essas condições favorecem o aparecimento de ção rasteira e árvores menores que não quere- plantas indesejadas. mos que cresçam Não precisamos de adubo químico e agro- • 3 Picar as plantas, folhas e ramos, resultados tóxico para ter um sistema de produção auto- do roçado, do corte e da poda, em pedaços e suficiente. Enriquecemos o solo com podas su- distribuir no solo, formando a cobertura morta cessivas de espécies nativas ou plantadas, para realimentar o sistema. A floresta é um exemplo • Plantar diversas espécies de sistema auto-suficiente mantendo as plantas em uma mesma roça bem nutridas e proporcionando equilíbrio entre Na roça sem fogo, não se plantam apenas vegetais e animais. espécies para subsistência, para consumo da É possível produzir uma roça sem fogo, consi- família. Não plantaremos também apenas es- derando os seguintes passos e cuidados com a pécies com finalidade para venda. terra e as plantas: Em uma mesma área, cultivaremos espécies • Não usar fogo na área da roça para subsistência, para comercializar além de Fogo não é necessário e faz com que a terra plantas medicinais. Sem nos esquecer das “plan- fique seca e com falta de nutrientes. tas de serviço” que são as que nos fornecerá sombra, cobertura morta/viva, biomassa, etc. • Preparar bem a área para o plantio Antes de plantar, e enquanto as plantas estão TEcnicas de plantio sem fogo crescendo, são necessários alguns cuidados: Para plantarmos uma roça sem utilizar o fogo, • 1 Manter o solo sempre coberto podemos seguir os seguintes passos: Isso pode ser feito por meio de dois tipos de • Traçar as linhas de cultivo. cobertura (morta e viva) utilizando as plantas • Abrir as covas utilizando cavadeira, no espa- que já temos na nossa roça e/ou plantando ou- çamento adequado do cultivo. tras que vão ajudar no preparo da terra. • As mudas prontas terão que ser transplanta- Os ramos e folhas, cortados na roça seletiva e das: as de culturas comerciais, as frutíferas e na poda de plantas presentes na área, podem as nativas. Todas, quando as chuvas firmarem. ser distribuídos, formando uma cobertura sobre • Plantar plantas de serviço, que são as legumi- o chão. Essa cobertura morta produz matéria or- nosas (de adubação verde) e plantas arbustivas gânica e protege o solo, impedindo que plantas de ciclo curto. São podadas de forma drástica indesejadas se desenvolvam na roça. para serem distribuídas no entorno das culturas. Já a cobertura viva inclui o cultivo de espé- • Plantar árvores de serviço permanente. So­ cies, como leguminosas, que contribuem para frem podas anualmente, para repor a biomassa a fertilidade e a proteção do solo. Por exemplo: ao sistema (urucum, manga, embaúba, etc.) feijão de porco e feijão guandu quando plan- • Fazer o aceiro verde através do plantio de es- tadas em nossa roça ajudam na captação de pécies que dificultam a passagem do fogo, como 09 nutrientes e descompactam o solo. cercas vivas e plantas com reservas de água, Além do adubo que elas produzem, essas co- como bananeiras.
  • 10. Na roça sem fogo, é preciso plantar novas TEcnicas de manutencao espécies a cada ano, de forma que o aden- da roca sem fogo samento e a diversidade sejam capazes de re- • Coroar as mudas plantadas, roçando ao redor por nutrientes no solo. Espécies folhosas, como delas e depositando muita cobertura morta para a mangueira, são introduzidas no plantio e são diminuir a competição por nutriente e luz. manejadas com podas drásticas para gerarem • Abrir a trilha entre as linhas de cultivo, roçan- mais matéria orgânica para a nossa roça. do ao lado de cada linha de três a quatro vezes ao ano, para garantir o espaço dos cultivos. • Garantir o espaço da planta • Roçar com facão no início das chuvas, quan- e seu desenvolvimento do os cultivos precisam de mais luz, antes que No sistema convencional, tudo o que não for as plantas que nascem nas entrelinhas atinjam de interesse é eliminado. porte que dificulte o manejo. No sistema de roça sem fogo, a cultura im- • Poda de formação para definir a forma e o plantada convive com outras espécies já cul- porte da árvore, desbastando galhos que pos- tivadas. No entanto, é preciso garantir espaço sam trazer problemas ou induzindo uma forma para o desenvolvimento, o que se faz median- que facilite a colheita. te o manejo periódico da vegetação ao redor. • Poda de produção onde se eliminam os ra- Cada espécie possui uma necessidade espe- mos doentes, secos, quebrados, mal situados ou cífica de luz e de espaçamento. Posteriormen- muito próximos entre si. Visa a renovação dos te, abrem-se as trilhas roçando cada lado da ramos de produção. linha de plantio, controlando a incidência do • Poda drástica para alimentar o sistema com sol por meio da poda das plantas altas e re- matéria orgânica. Costuma­se deixar apenas os pica-se o produto da poda, distribuindo-o ao ramos primários e secundários. redor dos caules dos cultivos. Momento com a sua comunidade • Você considera importante o sistema de roça sem fogo? Por que? • Olhando a sua terra, você acha que daria certo a implantação do sistema da “roça sem fogo”? • Já usou algum outro método semelhante? 10
  • 11.
  • 12. REFLORESTAMENTO É bom ter a mata e o Cerrado de pé! Quando saímos de um pasto e entramos mida e recursos para as pessoas. Suas plantas numa floresta, logo vemos a diferença: a som- dão frutos, óleos, palmitos, lenha, madeira e até bra refrescante, o ar mais úmido e frio, a terra remédios naturais; de suas flores, as abelhas pro- coberta por folhas e insetos, e se cavarmos um duzem mel. pouco, ela é mais escura, úmida, fofa,não esfa- rela e nem empedra. As matas são importantes Essas diferenças nos mostram como a mata para preservar a água tem um papel importante para a conservação As vegetações nas beiras de rios são cha- do solo, da água e da umidade do ar. As vegeta- madas de matas ciliares, pois protegem os rios ções nativas prestam um serviço para nós, por isso como os cílios protegem os olhos. Os ramos, fo- chamamos de serviços ambientais as vantagens lhas e raízes são similares a um filtro purificador, oferecidas por uma floresta ou cerrado em pé. pois fazem com que a terra e sujeiras trazidas Devido à adaptação, as árvores, arbustos e er- pelos ventos e a chuva não cheguem até os vas das matas ou cerrados nascem naturalmen- rios e nascentes. Assim, proteger as matas ci- te sem precisar de adubo, irrigação e cuidados. liares ajuda para que não falte água para a A floresta e o cerrado fornecem muita co- casa, os animais e a lavoura. Além da derrubada da mata ciliar, um problema sério para a proteção dos rios é a entrada de gado. O gado pisa e quebra plantas da mata, deixa a terra compactada e dura e deixa a água barreada. Para resolver esse problema é simples: cercando a mata ciliar para deixar ela se desenvolver e abrindo um pequeno caminho para o gado chegar até a água. Caracteristica do cerrado Adaptacao das plantas do cerrado As árvores do cerrado têm raízes longas para buscar água Pouca água nas camadas mais longe no solo superficiais do solo Elas transpiram pouco para perder menos água e conseguem transpirar ainda menos na seca Nutrientes minerais são As plantas conseguem crescer usando uma pequena quantidade lavados pela chuva de nutrientes nas suas folhas Solo contém muito alumínio Algumas espécies conseguem acumular um pouco de alumínio 12 sem prejudicar o crescimento Sujeita a queimadas naturais Algumas espécies de cerrado conseguem rebrotar após queimada (sem ação do homem)
  • 13. O que diz a Lei Por causa de todas essas vantagens, a lei diz que toda área rural deve ter um mínimo de matas ciliares e vegetações naturais, conforme o quadro abaixo: Qual e o tamanho da Como sao chamadas O que protegem area de protecao Área de Proteção Rios de até 50m de largura 50m em cada margem Permanente (APP) Nascentes 100m de cada lado da nascente Art. 58 da Lei Estadual Complementar n 38/95 Lagos ou represas com área menor que 20ha em zona rural 50m ao redor do espelho d’água Reserva Legal (RL) Bioma Floresta Amazônica Preservação de 80% da área Art. 16 do Código (e de transição) total da propriedade Florestal Bioma Cerrado Preservação de 35% da área (Lei Federal 4771/65) (dentro da Amazônia Legal) total da propriedade 1 Área de Proteção Permanente e Reserva Legal Apenas uso indireto 2 Infra-Estrutura 1 Fora das APPs 3 Pecuária 1 Fora das APPs 4 4 Agricultura 5 Fora das APPs 5 SAFs 3 2 6 Recuperação de APPs em pequenas propriedades 6 Piscicultura Fora das APPs 7 Atividade nas APPs 7 Ecoturismo, apicultura e pesquisa científica Fonte: http://www.proex.uel.br/estacao/fotos/fig3_touri.jpg Fonte adaptada: SEMA Mas dá para voltar a ter a mata fechada depois que já foi desmatado? Quando um pasto ou lavoura é abandonado, Assim, a recuperação de uma área degrada- logo surge mato indesejado, que acaba com o da é um processo contínuo, no qual cada plan- pasto. Mas essas são as primeiras plantas, as pio- ta, com suas características, tem o seu papel. Se neiras no processo de transformar a área degra- deixarmos, a natureza faz esse processo sozinha. dada e desmatada em uma mata verde e rica. Mas esse processo natural de regeneração Afinal, são poucas as plantas que, assim como pode ser muito demorado, e dependendo do elas, conseguem sobreviver em terras duras e se- estado de degradação da área, pode nem che- cas e com muito sol e pasto. gar a acontecer totalmente. Por isso, existem al- 13 Essas plantas podem melhorar a terra para que gumas técnicas de plantio que podem fazer com as outras possam nascer ali. que o processo seja mais rápido.
  • 14. Além disso, se nós ajudamos à natureza a se O segredo é misturar plantas diferentes como recuperar, poderemos escolher aquelas plantas ocorre nas matas nativas e usar todo seu co- que, além de ajudar na recuperação ambiental, nhecimento sobre as plantas e cultivos para ver encham a barriga e o bolso! Assim, pode-se plan- como eles podem ajudar na regeneração. tar abóbora para cobrir a terra, e a mandioca, Veja no quadro abaixo, dicas de manejo com suas longas raízes para descompactá-la. para o reflorestamento. Manejo Utilidade Para não atrapalhar a regeneração: • Restringir a entrada de animais para não pisar e comer a • Cercar e isolar a área vegetação • Se preciso, fazer aceiros e curvas • Não deixar entrar fogo de nível • Evitar erosão Plantio de adubos verdes e • Descompactar o solo • Disponibilizar nitrogênio no solo leguminosas • Calcarear o solo • Sombrear e combater o pasto (feijão de porco, andu, crotalária, embaúba, urucum, entre outros) • Cobrir o solo • Fornecer matéria orgânica no solo • Dar renda e alimento Plantio de culturas brancas • Descompactar o solo • Cobrir o solo • Sombrear e combater o pasto Plantio de árvores nativas misturando: • Dar renda e alimento • Frutíferas • Lenha e madeira • Regenerar a vegetação nativa e com isso: • Flores ­ Aumentar matéria orgânica e sais minerais no solo • Árvores nativas que crescem sem ­ Aumentar a diversidade vegetal precisar plantar, chamadas de pio- ­ Melhorar a absorção de água pelo solo, diminuindo a erosão neiras (lobeira, lacre, carvoeiro, pente ­ Sombrear e cobrir o solo de macaco, entre outras) Momento com sua comunidade! 14 1) Existe alguma nascente degradada em nossa comunidade? O que fazer para recuperá­la? 2) O que fazer para proteger as mata ciliares que temos em nossa comunidade? 3) Você sabe como funciona a Lei Ambiental? Comente.
  • 15.
  • 16. PRODUÇÃO FAMILIAR NO CAMPO P roduzir os próprios alimentos e vender pro- cialização na pequena propriedade é essencial dutos cultivados no campo é um dos maio- para o rendimento e a sustentabilidade da uni- res desafios das famílias dos assentamentos. dade familiar e da comunidade. Toda produção Seja pela ausência de financiamentos ou de significa um investimento de dinheiro e de traba- apoios adequados, pela falta de tempo e de lho, portanto, antes de qualquer atividade, deve- mão-de-obra ou, às vezes, por termos os merca- mos considerar os seguintes pontos: dos muito longe dos assentamentos, o fato é que • Auto-consumo: é importante garantir os ali- os produtos que vêm das nossas roças e plantios mentos para o consumo da família, que podem ainda não conseguem abastecer as cidades da ser produzidos sem muitas dificuldades. Primeiro, região. Inclusive nos próprios assentamentos é precisa-se pensar no essencial para a vida e não comum adquirirmos produtos “de fora”, fazendo só no que produzir para o mercado, mantendo a com que a renda que conseguimos com a ven- diversidade da produção. da da nossa produção não circule no mercado • Trocas: o próximo passo é pensar, junto com local e acabe indo também para fora. os vizinhos, o que um pode produzir e trocar com Mas, será que poderíamos cultivar mais pro- o outro, sem precisar necessariamente vender e dutos? Será que existem outras culturas mais comprar fora da comunidade ou assentamento. lucrativas que o gado de corte? Será que vale • Mercados locais, regionais, nacionais e inter- a pena investir em outros produtos tais como os nacionais: é preciso pesquisa de mercado e con- pequenos animais, as frutas, as hortas, a criação versar com pessoas e grupos que entendam do de galinhas, o mel, etc.? assunto, conhecendo compradores e buscando A proposta deste capítulo é discutir as possíveis informações. É mais fácil em grupos organizados, formas de produção no campo e refletir sobre as podendo ser informais ou como associação ou possibilidades de comercialização dos produtos. cooperativa. A união dá força, ajuda na divi- Daremos informações e novas possibilidades são dos custos e potencializa os lucros. Cada de se produzir nos assentamentos. Porém, é claro mercado tem as suas próprias características que cada família, grupo, comunidade ou asso- e exigências, mas um fator é básico: garantir a ciação, deverá buscar os seus próprios caminhos continuidade da produção para abastecer os . mercados. Isso é mais fácil em grupos também, Produção no campo planejando juntos para quando a produção de Planejar a produção, o consumo e a comer- um acaba, a safra do outro está pronta. Soberania Alimentar O direito a alimentos depende do direito à terra, à água, a sementes e, também, do conhecimento e de condições de produção. A soberania alimentar depende do valor que se dá à cultura e aos alimentos que os antepassados costumavam preparar. Como garantir a soberania alimentar: • Cultivar, sempre que possível, plantas nativas da região, em equilíbrio com o ambiente, que dificilmente precisarão de defensivos ou cuidados especiais. • Produzir e consumir alimentos orgânicos, deixando de precisar dos insumos das multinacionais e garantindo a saúde. 16 • Pesquisar e divulgar o valor nutricional do alimento. • Aproveitar o máximo possível dos alimentos, de várias maneiras na cozinha, e colocar as cascas e sobras que não puderem ser utilizadas, para a compostagem. Isso fecha o ciclo de produção. • Preferira alimentos que, além de saborosos e nutritivos, façam parte da história do povo.
  • 17. Existe também o mercado institucional, dos go- turas anuais, pastagens ou florestas, hortas, etc. vernos locais, apoiados pelos governos estaduais Produzir no campo, seja para a alimentação e federal para a compra de alimentos para as es- da família ou pensando no mercado, significa colas, hospitais e outras instituições públicas. Para grande esforço e dedicação de tempo e dinhei- garantir que o lucro da venda permaneça na ro. Por isso, planejar é uma boa técnica que nos comunidade e possa ser investido na melhoria da ajuda a melhorar os resultados. Planejar não é qualidade de vida, é preciso evitar a ação dos um bicho-de-sete-cabeças, é apenas uma for- atravessadores e organizar a venda em conjunto. ma de pensar em todos os elementos da nossa • Potenciais: conhecendo as possibilidades dos produção antes de começar com os trabalhos. mercados podemos aproveitar o potencial das É saber aonde queremos chegar antes de iniciar- localidades, analisando as áreas aptas para cul- mos o caminho que nos levará ao objetivo. Um exemplo de planejamento da produção Produzindo alimentos e produtos para vender O sistema agroflorestal (SAF) ou agrofloresta O SAF, conhecido como “casadão”, é agricul- tura e floresta juntas, em harmonia. Uma forma de produzirmos alimentos tendo a mata como referência a ser copiada. Nos sistemas agroflorestais, associa-se a agri- cultura e a pecuária com árvores, combinando produção e conservação dos recursos naturais, além de buscar atender às várias necessidades das famílias rurais, como a obtenção de ali- mento, extração de madeira, cultivo de plantas medicinais, etc. Portanto com o “casadão” (ou agrofloresta) conseguimos diversificar a produ- Plantar abacaxi, maracujá, caju, mamão ou acerola junto com feijão, arroz, ção no campo, proporcionando uma oferta mais madioca, etc. é uma boa forma de produzir alimentos dentro da agrofloresta estável de produtos ao longo do ano. Além disso, mesma área, com diversas funções que vão des- a agrofloresta auxilia na conservação dos solos, de a produção de matéria orgânica para o solo; das águas e das áreas de vegetação nativa. leguminosas para fixação de nitrogênio; adubos; Uma agrofloresta pode ser implantada em forragem; madeiras para lenha; alimentos e in- qualquer área, desde que o(a) agricultor(a) co- cremento de renda para as famílias. nheça as potencialidades de cada uma e consi- Ao contrário do que muitas pessoas pensam, dere quatro pontos importantes: as condições do a agrofloresta não é uma “bagunça” de plan- solo, o que se quer produzir, o calendário agrícola tas: cada uma delas tem uma função diferente. e a vegetação nativa. É uma forma inteligente de plantio, que requer A partir destes princípios pode-se partir para planejamento, seguimento e cuidados, levando- uma boa organização do SAF. Fazendo parte deste sistema colaboramos Objetivo da Agrofloresta: Diversificar a 17 com a natureza e suas potencialidades. produção, garantindo a produtividade dos solos A agrofloresta combina várias espécies numa durante o ano todo, em todos os anos.
  • 18. se em conta a permanência no sistema, a altura Qual destas formas de plantio precisa das plantas, a época e tempo de produção, etc. de mais água, adubo e mão-de-obra? De acordo com a FAO (1989), os agricultores utilizavam cerca de 10.000 espécies de plantas com propósitos agrícolas. Porém, nos últimos 100 anos, deixou-se de cultivar mais de ¾ destas es- pécies e passou-se a depender de apenas qua- tro espécies para abastecer mais de 75% da ali- mentação mundial. Este fato tem incrementado de forma significativa a vulnerabilidade dos agri- cultores às flutuações do mercado, propiciando o surgimento de pragas e doenças, alterações climáticas locais e globais, intensificado a erosão, acelerado o declínio da produtividade e aumen- tado o número de famílias agricultoras que saem do campo e vão para a cidade. A diversificação é uma das grandes vantagens dos sistemas agroflorestais. A produção é variada e, por isso, quando o preço de um produto vai mal, outro pode estar em alta, proporcionando maior equilíbrio para o bolso do agricultor uniforme durante o ano porque os tratos culturais Os sistemas florestais se adaptam bem à agri- e a colheita ocorrem em épocas diferentes. cultura familiar, pois a demanda de mão-de-obra A diversidade da produção e a sua distribui- não é sazonal, isto é, não precisa se concentrar ção ao longo do ano proporcionam alternativa em uma determinada época do ano, como de fonte de renda, principalmente pelas receitas acontece com as monoculturas. A distribuição é obtidas com os cultivos de ciclo curto e maiores lucros por unidade de área cultivada, além de Produzir alimentos em um mesmo espaco traz outras vantagens: maior estabilidade econômica pela redução dos riscos e incertezas de mercado. • Aproveita­se melhor a terra, pois as espécies Outra vantagem da agrofloresta é que o va- são plantadas juntas, no espaçamento usual lor a ser investido é menor do que se exige para entre elas. implementar uma lavoura convencional. Elas se • A agrofloresta não precisa ser capinada, ape- baseiam, principalmente, no uso dos recursos nas feita uma roçagem seletiva quando neces- locais disponíveis. Desta forma, não precisamos sária, podando ou eliminando as plantas indese- comprar adubos, sementes ou ferramentas que jadas e as adubadoras. não tenhamos em casa. No caso das sementes, • O solo se mantém coberto. Não gastaríamos no aparecimento das primeiras rendas, a família com correções com calcário e pouparíamos pode adquirir sementes ou mudas de fora para água da irrigação. enriquecer ainda mais a sua agrofloresta. • Permite trabalharmos na sombra, numa área Para maior rentabilidade, é aconselhá- pequena. Pode ser feita próxima a nossa casa. vel que a escolha das espécies cultivadas se apóie em um estudo de mercado, para saber 18 Momento com sua comunidade! os produtos de maior aceitação. O plantio • Quais as plantas nativas na sua comunidade deve considerar os gostos e preferências ali- que poderiam ser plantadas? mentares de cada família.
  • 19. Qual destes dois pastos fornece melhor alimentação para as vacas? Comercialização Depois da alimentação da família, o outro e do campo são atividades diferentes. Cada grande desafio de todo processo de produção uma delas exige conhecimento e competência é colocar o produto no mercado de forma lu- específica. O produtor que deseja comerciali- crativa, ou seja, de modo que a venda da pro- zar seu produto, deverá negociar com comer- dução garanta a cobertura dos custos e que ciantes e consumidores, e, para isso, terá que sobre um percentual para novos investimentos. possuir informações sobre a oferta, a procura e A comercialização dos produtos da roça o sistema de preços. Materias-Primas Oferta Mao-de-Obra Procura Produzir Vender Embalagem Preco Combustivel Transporte • OFERTA A oferta é composta pelos produtos que estar ofertando os mesmos produtos no merca- pretendemos vender. A quantidade que ire- do. Por isso, é importante conhecermos qual é mos colocar à venda, a forma que terão esses a oferta total do produto a ser comercializado. produtos, os meses do ano em que poderemos O tamanho da oferta, as características dos ofertá-los, são tarefas que devemos fazer para produtos oferecidos, o preço dos mesmos, são planejarmos melhor as vendas. alguns dos fatores que podem ajudar ou atra- Outras pessoas, empresas ou grupos podem palhar a comercialização. Oferta dos Produtos O que oferecer ao mercado? Existem produtos parecidos no mercado? Qual é a quantidade que vou oferecer? Quais são os principais concorrentes? 19 Qual a frequência vou poder oferecer? Qual é o diferencial que posso oferecer?
  • 20. • PROCURA Demanda ou procura significa que para se Lembre-se produzir tem de existir a necessidade do produ- to no mercado, ou seja, ter a noção de quantas O preço depende da quantidade e da quali- pessoas querem comprar do produto. dade do produto que se oferece no mercado, Os clientes não compram apenas produtos, mas portanto se todos da região resolverem plantar soluções para algo que precisam ou desejam. melancia com certeza haverá muita oferta de Você pode identificar essas soluções se co- melancia. Uma quantidade acima do que os nhecê-los melhor. consumidores habitualmente adquirem faz o Para isso, responda às perguntas e siga os preço cair. passos a seguir: 1º passo: identificando os clientes • PREÇO • Qual a faixa etária? A fabricação de um produto gera custos. • Na maioria são homens ou mulheres? Por exemplo: para produzirmos farinha de • Têm família grande ou pequena? mandioca, precisamos da mandioca, da • Qual é o seu trabalho? mão-de-obra, da lenha para torrar, etc.Além • Quanto ganham? do mais, normalmente, os membros da família • Qual é a sua escolaridade? trabalham no campo e, embora não recebam • Onde moram? salários, seu trabalho tem um custo e deve entrar na contabilidade final. O tempo que os 2 º passo: quais os interesses e membros da família investem na roça poderia comportamentos dos clientes ser como trabalhadores assalariados. • Que quantidade e com qual freqüência compram esse tipo de produto ou serviço? • TRANSPORTE • Onde costumam comprar? O transporte é um dos fatores que mais in- • Que preço pagam atualmente por esse fluencia na venda dos produtos. produto ou serviço similar? Medir bem o custo do transporte, conhecer os diferentes tipos de locomoção que temos dis- 3º passo: o que os leva a comprar poníveis são fatores a serem considerados. • O preço? • A qualidade dos produtos e/ou serviços? TEMOS QUE SABER ESSAS COISAS? • A marca? Para se ter um custo menor que a receita ar- • O prazo de entrega? recadada essas informações são necessárias, • O prazo de pagamento? pois se o saldo for negativo, quer dizer que não • O atendimento da empresa? há viabilidade para esse produto. Uma solução é buscar informações sobre a 4º passo: onde estão os seus clientes? quantidade do produto que está sendo vendi- • Qual o tamanho do mercado que atuará? da no mercado e a que preço, por exemplo, • É apenas sua rua? nos últimos três anos. Essas informações per- • O seu bairro? mitirão saber se é um bom negócio plantar a • Sua cidade? quantidade planejada, se é melhor diminuí-la • Todo o Estado? ou até mesmo não plantar. 20 • O País todo ou outros países? Portanto, vamos evitar entregar o produto a • Seus clientes encontrarão sua empresa com preços abaixo de seus custos para não termos facilidade? prejuízos.
  • 21. Como calcular o custo e o lucro de nossas produções Veja e recorte a tabela da última página com os passos para calcular o custo e lucro de sua produção Um método em 5 passos: Passo 1 - Os serviços que teremos Passo 3 - As unidades que precisaremos Para sabermos o custo total dos plantios que Pensaremos agora em quantas unidades queremos fazer, o melhor sistema é pensar e iremos precisar: quantas diárias, quantas horas anotar todas as etapas que teremos que cum- máquina, quantos sacos de sementes, etc... prir até o produto final. Por exemplo: para sabermos quanto vai nos Passo 4 - O preço de cada atividade custar fazer farinha de mandioca, temos que Precisamos saber o preço de cada item e de fazer uma lista com TODOS os trabalhos rela- cada atividades a serem realizadas, tais como: cionados: preparar a terra, plantar a mandio- o preço das diárias, do saco de sementes, das ca, colher, descascar, torrar, etc. horas das máquinas, e assim por diante. Passo 2 - Anotando as unidades Passo 5 - O custo total da produção O segundo passo é anotarmos, do lado de É só multiplicar as unidades necessárias (pas- cada serviço, as unidades de cada um deles. so 3) pelo preço de cada unidade (passo 4). Finalmente, um bom planejamento significa Por exemplo, se plantarmos 1 hectare de mi- saber, antes de começar a plantar, colher e pro- lho, precisamos saber, quantos quilos de milho duzir, quanto é que podemos ganhar com isso. será produzido; ou quantas sacas vamos colher. De fato, calculando esse “lucro possível” podere- • Qual é o preço de venda? Venderemos por mos ter uma idéia do que vale mais a pena pro- quanto? Precisamos saber esse valor (em reais) duzir e vender, de forma a dedicar mais esforços para calcularmos o quanto ganharemos. O pre- às atividades que mais lucro possam nos dar. ço que devemos colocar na ficha se refere ao Uma vez calculado o custo de produção, a preço por cada unidade de produção: reais por tabela (pág. 23) vai nos guiar para sabermos o quilo ou reais por saca ou reais por lata. quanto de lucro teremos. Os únicos dados que • Agora, basta apenas fazer as operações temos que saber para preencher a ficha são: que se indicam na ficha: • Quanta será a produção? Precisamos ter • Quantidade produzida x Preço de Venda = 21 uma idéia de quantos quilos, litros, sacos ou la- Receitas Totais tas dará o nosso plantio. • Receitas Totais – Despesas = Lucro
  • 22. Redação vencedora do “Concurso de Redação da Semana do Meio Ambiente de São Félix do Araguaia” 05 de junho 2009 Autora: Maeli Jemina Rodrigues / 7ª série Escola Estadual Prof. Hilda Rocha Sousa São Félix e sua preocupação ecológica Hoje, há uma grande preocupação dos cientistas com o aquecimento global, com as mudanças climáticas, com o aumento da população. Procura-se alternativas fazendo reflorestamento de algumas espécies, o manejo de alguns animais, principalmente o silvestre, para evitar a degradação e a extinção. Para a produção da energia, a utilização dos ventos e do sol já está acontecendo. A população em geral também precisar se sensibilizar e agir, porque a natureza vai acabar e no futuro seremos vitima de maiores catástrofes como: tufões, avalanches e outros. Nós moradores do Município de São Félix do Araguaia, não podemos ficar alheios a esta preocupação mundial. Precisamos buscar alternativas de produção e desenvolvimento que sejam compatíveis com os outros princípios ecológicos. Podemos criar peixes em nossos lagos ou construir tanques apropriados; plantar frutas para produção de suco; aproveitar as frutas nativas como pequi, buriti, jenipapo, murici, para produção de conservas, licores e comercializar-los para os turistas e para todo o Brasil; aproveitar a criatividade de nosso povo e desenvolver o artesanato. Este é um trabalho que necessita o empenho de todos: autoridade e população. 22
  • 23. Qual pode ser nosso lucro? Estou querendo produzir: Qual é meu Qual será a produção? Qual é o A minha receita LUCRO TOTAL “custo de produção”? (Quilogramas, litros, etc...) preço de venda? será de: Aqui colocamos apenas Multiplicamos: Colocamos o custo Temos que saber quanto Produção Fazemos: calculado antes vai dar de produção o preço de venda x Receita - Despesas do produto Preço de Venda Tabela para calcular o custo de producao O que queremos produzir? ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 4 ETAPA 5 Quais serviços Como medimos o Quais quantidades Qual é o custo CUSTO TOTAL terei que fazer? serviço? (unidades) irei precisar? de cada unidade? 1 2 3 4 5 6 7 8 TOTAL 23
  • 24. APOIO