Este documento discute alternativas sustentáveis ao uso do fogo, incluindo a pecuária em sistema de rodízio, o agroextrativismo de plantas nativas e a roça sem queimadas. Promove alternativas que protegem o solo e a biodiversidade sem depender de queimadas ou insumos químicos.
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
Cartilha alternativas agricultura familiar
1.
2. indice
Capitulo 1 Fogo: Um problema ecológico e social............................. 06
Alternativas de superação do uso do fogo ..................... 07
Capitulo 2 Reflorestamento ................................................................... 12
É bom ter a mata e o cerrado de pé ............................... 12
As matas são importantes para preservar a água........... 12
O que diz a lei ..................................................................... 13
Mas dá para voltar a ter a mata fechada
depois que já foi desmatado?............................................ 13
Capitulo 3 Produção familiar no campo.............................................. 15
Um exemplo de planejamento da produção
Produzindo alimentos e produtos para vender................. 17
Como calcular o custo e o lucro de nossas produção.... 21
Redação vencedora ........................................................... 22
Tabelas Auxiliares:
Cálculos de lucro e custo de produção............................. 23
Esta publicação é uma realização da Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção
- ANSA, com o apoio do Programa Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-ECOS), Instituto Sociedade, População e
Natureza (ISPN), Manos Unidas, Fundação Alfons Comín e Agencia Catalana de Cooperação ao Desenvolvimento (ACCD).
Coordenação Geral Apoio Maiores informações sobre a ANSA
Raul Vico Ferre Fabio Aguiar Av. José Fragelli, 1050
Organização e Elaboração Agradecimentos Vila Nova
Ana Lúcia Silva Sousa Agradecemos a todas as famílias do (66) 3522 1419
Maíra Taquiguthi Ribeiro PA Dom Pedro, as Associações Família Cep: 78.670-000
Abilio Vinicius Barbosa Pereira Casadão, Escolinha, Piscicultura e São Félix do Araguaia-MT
Carlos Garcia Paret Iprovale pelo apoio e por todos os
Raul Vico Ferre trabalhos realizados em seus lotes www.ansaraguaia.org.br
3. Poesia vencedora do
“Concurso do Poesia da Semana do Meio Ambiente
de São Félix do Araguaia”
5 de junho de 2009
Autora: Polliana Marques da Silva / 3º ano
Extensão trevo do Macaco P. A Dom Pedro,
Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves.
Meio Ambiente e Cultura regional
As matas verdes do Araguaia A degradação do ambiente
Beleza rara de se vê, Virou um caso banal,
Estão aos poucos acabando Trazendo vários prejuízos
Com o desmatamento a mercê. Ao povo do bananal
A temperatura aumenta Precisamos preservar
A cada ano que passa O ambiente em que vivemos
E o fogo descontrolado Para salvar enf im
Acaba com nossas matas. O futuro que teremos
A cultura regional É preciso reciclar
Está f icando pra trás Não queimar, nem poluir mais.
Plantam somente capim Preservando o meio ambiente
Frutas não plantam mais. Que gritando pede paz
Ajude o meio ambiente
As frutas e os vegetais Seja um ser humano
Estão difíceis de encontrar Dele vem nosso sustento
Pois na região do Araguaia E o ar que respiramos.
O povo parou de plantar
Sou aluna Polliana
Os animais da f loresta Curso o terceiro ano
Estão f icando em extinção Gosto do meio ambiente
Morrem de sede, fome, E tenho 16 anos.
E de intoxicação
4. Mapa da Região
São Félix do Araguaia - MT
Sao Felix do Araguaia
Cuiaba
Localização da Região
Cidade
Na região do Araguaia moram mais de 14.000 famílias
repartidas entre os 45 assentamentos que existem. O modelo
dominante da “grande propriedade”, centrado sobretudo na
pecuária extensiva e na monocultura de alguns grãos, foi
incentivado historicamente por sucessivas políticas públicas
e, nos últimos anos, ganhou um impulso ainda maior devido
à entrada de grandes capitais e investimentos. A expansão
deste modelo “do grande” tem influenciado definitivamente
04 para que a agricultura familiar da região do Araguaia
tenha que enfrentar hoje sérios problemas de ordem social,
econômico e ambiental
5.
6. FOGO: UM PROBLEMA ECOLÓGICO E SOCIAL
A
s queimadas no Brasil têm sido objeto de de pragas, limpeza de áreas para plantio e re-
preocupação e polêmica. Elas atingem os novação de pastagens. Se, por um lado, a quei-
mais diversos sistemas ecológicos e tipos mada facilita a vida de parte dos agricultores no
de agricultura, gerando impactos ambientais curto prazo, do outro, ela afeta negativamente
em escala local e regional. a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas,
Os meses entre maio e outubro inspiram cuida- aumenta o processo de erosão do solo, deteriora
dos especiais quando falamos em preservação a qualidade do ar, cria conflitos entre os vizinhos,
ambiental: A falta de chuva, a baixa umidade e prejudica a sociedade como um todo.
relativa do ar e a temperatura elevada que se Outro problema causado pelas queimadas é
dá nesse período, são fatores que favorecem o a emissão dos gases responsáveis pelo “efeito
surgimento das queimadas naturais, mas princi- estufa”. O desmatamento e a queimada de flo-
palmente daquelas provocadas pelo o homem. restas e savanas tropicais (cerrados) respondem
As queimadas são tragédias ecológicas que por 20% das emissões mundiais de gases do efeito
acontecem em grande parte do território bra- estufa. Assunto que preocupa toda a comunida-
sileiro, todos os anos, principalmente durante a de. Monitorados por satélites, os focos de quei-
época de estiagem. Com a vegetação resseca- madas no Brasil estão crescendo em um ritmo
da pela falta de chuva, qualquer fagulha pode alarmante, causando a emissão de toneladas de
virar uma catástrofe, dizimando enormes áreas gases que contribuem para o aumento do efei-
de vegetação e matando grande quantidade to estufa, responsável pelo aquecimento global,
de animais. Além disso, o prejuízo pode se es- mudanças climáticas e outras possíveis devasta-
tender por áreas produtivas, como pastagens, ções ecológicas. Tanto é assim que, no Brasil, as
lavouras ou, até mesmo, áreas habitadas. Na sua emissões de gases de efeito estufa provocadas
grande maioria, as queimadas constituem-se em pelas queimadas são três vezes maiores daquelas
prática agrícola usual, utilizadas para controle geradas pela soma da indústria e dos transportes.
06
7. Alternativas de superação do uso do fogo
A
s formas de controle do fogo tem tido Mas nem todos têm acesso às máquinas e sa-
maior divulgação do que àquelas desti- bemos que elas têm um custo de manutenção
nadas a sua superação. Por isso, quando e gestão complexa. O que podemos fazer para
falamos em alternativas ao uso do fogo, o que enfrentar a questão do fogo, quando não te-
primeiro vem à cabeça de muitas pessoas é o mos as máquinas agrícolas à nossa disposição?
uso de máquinas agrícolas. Fala-se em máqui- Primeiro, temos que mudar a idéia de que o
nas tanto para preparar plantios em áreas de fogo é um mal necessário e que deve ser usado
juquira (vegetação que surge após a derruba- desde que haja algum controle. Até porque nem
da) e pastagens degradadas, como para fazer sempre essas medidas têm o efeito desejado. Po-
aceiros, que são faixas sem vegetação para demos ir além dessa idéia e ver que o fogo não é
proteger o avanço do fogo. necessário, mas ao contrário, prejudicial.
a) Pecuária sem fogo
No Brasil, a maioria dos pecuaristas deixa o re-
banho numa única área de pastagem na maior
parte do tempo. Essa prática é chamada de
“pastoreio contínuo”.
Pastando na mesma área por meses seguidos,
o gado passa a comer as rebrotas do capim an-
tes que elas consigam se renovar com qualidade
e quantidade. Assim, o pasto fica fraco, despro-
tegido e sujeito a erosão. Em poucos anos, a pas-
tagem se degrada, precisando de uma reforma
para recuperar sua capacidade produtiva.
O fogo é utilizado na tentativa de limpar o o solo coberto, evitar o pisoteio excessivo e que,
pasto e melhorar a qualidade dessas pastagens. além do mais, não precisa do fogo para abrir no-
Em curto prazo, as cinzas das plantas queimadas vas áreas a cada ano.
fornecem alguns nutrientes, que criam um efeito Neste sistema, o pasto é dividido em piquetes
ilusório de vigor, porém o fogo também cozinha a que podem ser separados por cercas elétricas,
terra e acaba matando os microorganismos do manejando o gado para que fique poucos dias
solo, bem como desperdiçando a grande maio- em cada piquete, o ideal é de 1 a 3 dias. Assim,
ria dos nutrientes, que vão para o ar. evita-se a reforma constante das pastagens e
A alternativa encontrada na nossa região é oferece ao gado sempre uma ótima condição
derrubar novas áreas de floresta ou cerrado, e de pasto. Associado às pastagens, pode-se plan-
utilizá-las até que se degradem novamente. As- tar árvores, leguminosas (estilosantes, pueraria
sim, a cada ano, são formadas grandes áreas de entre outras) e frutíferas (sistemas silvipastoris)
pastagem, chamadas de pastagem extensiva, para fornecer sombra e alimento nutritivo para
que se tornam cada vez menos produtivas. o gado. Além do mais, este sistema é ideal para
Esse processo nos mostra que a limpeza de manter a conservação dos solos.
pastos com o uso do fogo e o sistema de pasto-
reio contínuo não nos levam ao desenvolvimento
Existem aproximadamente 100 milhões de
de uma atividade econômica satisfatória ou sus-
hectares de pastagens cultivadas no país. 07
tentável ao longo do tempo.
Destes, estima-se que cerca da metade já
Existe uma forma de manejo das pastagens,
estejam seriamente degradadas.
através de um sistema de rodízio, que visa manter
8. b) Agroextrativismo: alternativa sustentável
Quando falamos em agroextrativismo, pensa- telhados e instalações rurais, culinária, fabricação
mos em viver em harmonia com a natureza, tirar de doces, licores, compotas, conservas, farinhas
os recursos de forma sustentável (extrair sem der- (como de jatobá, pequi e macaúba) entre outras.
rubar ou causar danos), sem esgotá-los. Uma das formas de gerar renda com as es-
O agroextrativismo é sinônimo de sustentabili- pécies nativas é através da comercialização de
dade com desenvolvimento, pois reúne aspec- frutas como murici, pequi, buriti, cagaita, baca-
tos sociais, ambientais, econômicos e culturais. É ba ou mangaba, seja elas in natura ou bem pro-
também uma forma de gerar renda a partir de cessadas e transformadas em outros produtos.
plantas nativas de seu lote ou comunidade. De fato, doces, geléias, polpas, laranjinhas, etc.
Caracteriza-se pela reuinião de atividades passam a ter um diferencial e podem gerar uma
agro-pastoris, extrativas e silviculturais, atingindo renda maior.
não só os processos produtivos, mas também os Além da geração de renda direta, prestamos
de transformação e os de comércio. A atividade um serviço à nossa saúde com alimentação rica
não exclui a incorporação de tecnologias além em vitaminas e fibras e para o meio-ambiente,
de agregar valor aos produtos comercializados. pois o plantio dessas espécies regula o reflores-
Sabemos que na vegetação nativa, seja cer- tamento de áreas que foram queimadas ou
rado ou floresta, há grande variedade vegetal desmatadas no passado, e ajudam conservar a
de aproveitamento econômico, tais como: me- água dos rios, manter o regime de chuvas e o
dicina, óleos, artesanato, construção de casas, clima mais agradável.
08
9. c) Roça sem fogo
Como já vimos, a queimada pode garantir berturas oferecem sombra e favorecem a infiltra-
terra boa para plantar no primeiro ano. Mas de- ção da água, mantendo o solo úmido diminuin-
pois, a fertilidade do solo cai. O uso do fogo faz do a necessidade de água para os plantios.
com que a terra fique exposta à ação do sol e Esta é uma das técnicas mais importantes de
da chuva. A água da chuva “lava” os nutrientes proteção e enriquecimento do solo, pois permi-
do solo e o sol resseca a terra, deixando-a dura te o uso contínuo do solo, sem esgotá-lo.
e sem vida. Além de diminuir a produtividade, • 2 Roçar com facão rente ao chão a vegeta-
essas condições favorecem o aparecimento de ção rasteira e árvores menores que não quere-
plantas indesejadas. mos que cresçam
Não precisamos de adubo químico e agro- • 3 Picar as plantas, folhas e ramos, resultados
tóxico para ter um sistema de produção auto- do roçado, do corte e da poda, em pedaços e
suficiente. Enriquecemos o solo com podas su- distribuir no solo, formando a cobertura morta
cessivas de espécies nativas ou plantadas, para
realimentar o sistema. A floresta é um exemplo • Plantar diversas espécies
de sistema auto-suficiente mantendo as plantas em uma mesma roça
bem nutridas e proporcionando equilíbrio entre Na roça sem fogo, não se plantam apenas
vegetais e animais. espécies para subsistência, para consumo da
É possível produzir uma roça sem fogo, consi- família. Não plantaremos também apenas es-
derando os seguintes passos e cuidados com a pécies com finalidade para venda.
terra e as plantas: Em uma mesma área, cultivaremos espécies
• Não usar fogo na área da roça para subsistência, para comercializar além de
Fogo não é necessário e faz com que a terra plantas medicinais. Sem nos esquecer das “plan-
fique seca e com falta de nutrientes. tas de serviço” que são as que nos fornecerá
sombra, cobertura morta/viva, biomassa, etc.
• Preparar bem a área para o plantio
Antes de plantar, e enquanto as plantas estão TEcnicas de plantio sem fogo
crescendo, são necessários alguns cuidados: Para plantarmos uma roça sem utilizar o fogo,
• 1 Manter o solo sempre coberto podemos seguir os seguintes passos:
Isso pode ser feito por meio de dois tipos de • Traçar as linhas de cultivo.
cobertura (morta e viva) utilizando as plantas • Abrir as covas utilizando cavadeira, no espa-
que já temos na nossa roça e/ou plantando ou- çamento adequado do cultivo.
tras que vão ajudar no preparo da terra. • As mudas prontas terão que ser transplanta-
Os ramos e folhas, cortados na roça seletiva e das: as de culturas comerciais, as frutíferas e
na poda de plantas presentes na área, podem as nativas. Todas, quando as chuvas firmarem.
ser distribuídos, formando uma cobertura sobre • Plantar plantas de serviço, que são as legumi-
o chão. Essa cobertura morta produz matéria or- nosas (de adubação verde) e plantas arbustivas
gânica e protege o solo, impedindo que plantas de ciclo curto. São podadas de forma drástica
indesejadas se desenvolvam na roça. para serem distribuídas no entorno das culturas.
Já a cobertura viva inclui o cultivo de espé- • Plantar árvores de serviço permanente. So
cies, como leguminosas, que contribuem para frem podas anualmente, para repor a biomassa
a fertilidade e a proteção do solo. Por exemplo: ao sistema (urucum, manga, embaúba, etc.)
feijão de porco e feijão guandu quando plan- • Fazer o aceiro verde através do plantio de es-
tadas em nossa roça ajudam na captação de pécies que dificultam a passagem do fogo, como 09
nutrientes e descompactam o solo. cercas vivas e plantas com reservas de água,
Além do adubo que elas produzem, essas co- como bananeiras.
10. Na roça sem fogo, é preciso plantar novas TEcnicas de manutencao
espécies a cada ano, de forma que o aden- da roca sem fogo
samento e a diversidade sejam capazes de re-
• Coroar as mudas plantadas, roçando ao redor
por nutrientes no solo. Espécies folhosas, como
delas e depositando muita cobertura morta para
a mangueira, são introduzidas no plantio e são
diminuir a competição por nutriente e luz.
manejadas com podas drásticas para gerarem
• Abrir a trilha entre as linhas de cultivo, roçan-
mais matéria orgânica para a nossa roça.
do ao lado de cada linha de três a quatro vezes
ao ano, para garantir o espaço dos cultivos.
• Garantir o espaço da planta
• Roçar com facão no início das chuvas, quan-
e seu desenvolvimento
do os cultivos precisam de mais luz, antes que
No sistema convencional, tudo o que não for
as plantas que nascem nas entrelinhas atinjam
de interesse é eliminado.
porte que dificulte o manejo.
No sistema de roça sem fogo, a cultura im-
• Poda de formação para definir a forma e o
plantada convive com outras espécies já cul-
porte da árvore, desbastando galhos que pos-
tivadas. No entanto, é preciso garantir espaço
sam trazer problemas ou induzindo uma forma
para o desenvolvimento, o que se faz median-
que facilite a colheita.
te o manejo periódico da vegetação ao redor.
• Poda de produção onde se eliminam os ra-
Cada espécie possui uma necessidade espe-
mos doentes, secos, quebrados, mal situados ou
cífica de luz e de espaçamento. Posteriormen-
muito próximos entre si. Visa a renovação dos
te, abrem-se as trilhas roçando cada lado da
ramos de produção.
linha de plantio, controlando a incidência do
• Poda drástica para alimentar o sistema com
sol por meio da poda das plantas altas e re-
matéria orgânica. Costumase deixar apenas os
pica-se o produto da poda, distribuindo-o ao
ramos primários e secundários.
redor dos caules dos cultivos.
Momento com a sua comunidade
• Você considera importante o sistema de roça sem fogo? Por que?
• Olhando a sua terra, você acha que daria certo a implantação do sistema da “roça sem fogo”?
• Já usou algum outro método semelhante?
10
11.
12. REFLORESTAMENTO
É bom ter a mata e o Cerrado de pé!
Quando saímos de um pasto e entramos mida e recursos para as pessoas. Suas plantas
numa floresta, logo vemos a diferença: a som- dão frutos, óleos, palmitos, lenha, madeira e até
bra refrescante, o ar mais úmido e frio, a terra remédios naturais; de suas flores, as abelhas pro-
coberta por folhas e insetos, e se cavarmos um duzem mel.
pouco, ela é mais escura, úmida, fofa,não esfa-
rela e nem empedra. As matas são importantes
Essas diferenças nos mostram como a mata para preservar a água
tem um papel importante para a conservação As vegetações nas beiras de rios são cha-
do solo, da água e da umidade do ar. As vegeta- madas de matas ciliares, pois protegem os rios
ções nativas prestam um serviço para nós, por isso como os cílios protegem os olhos. Os ramos, fo-
chamamos de serviços ambientais as vantagens lhas e raízes são similares a um filtro purificador,
oferecidas por uma floresta ou cerrado em pé. pois fazem com que a terra e sujeiras trazidas
Devido à adaptação, as árvores, arbustos e er- pelos ventos e a chuva não cheguem até os
vas das matas ou cerrados nascem naturalmen- rios e nascentes. Assim, proteger as matas ci-
te sem precisar de adubo, irrigação e cuidados. liares ajuda para que não falte água para a
A floresta e o cerrado fornecem muita co- casa, os animais e a lavoura.
Além da derrubada da mata ciliar, um problema sério
para a proteção dos rios é a entrada de gado. O
gado pisa e quebra plantas da mata, deixa a terra
compactada e dura e deixa a água barreada.
Para resolver esse problema é simples: cercando a
mata ciliar para deixar ela se desenvolver e abrindo
um pequeno caminho para o gado chegar até a água.
Caracteristica do cerrado Adaptacao das plantas do cerrado
As árvores do cerrado têm raízes longas para buscar água
Pouca água nas camadas mais longe no solo
superficiais do solo Elas transpiram pouco para perder menos água e conseguem
transpirar ainda menos na seca
Nutrientes minerais são As plantas conseguem crescer usando uma pequena quantidade
lavados pela chuva de nutrientes nas suas folhas
Solo contém muito alumínio Algumas espécies conseguem acumular um pouco de alumínio
12 sem prejudicar o crescimento
Sujeita a queimadas naturais Algumas espécies de cerrado conseguem rebrotar após queimada
(sem ação do homem)
13. O que diz a Lei
Por causa de todas essas vantagens, a lei diz que toda área rural deve ter um mínimo de matas
ciliares e vegetações naturais, conforme o quadro abaixo:
Qual e o tamanho da
Como sao chamadas O que protegem
area de protecao
Área de Proteção Rios de até 50m de largura 50m em cada margem
Permanente (APP) Nascentes 100m de cada lado da nascente
Art. 58 da Lei Estadual
Complementar n 38/95 Lagos ou represas com área
menor que 20ha em zona rural 50m ao redor do espelho d’água
Reserva Legal (RL) Bioma Floresta Amazônica Preservação de 80% da área
Art. 16 do Código (e de transição) total da propriedade
Florestal Bioma Cerrado Preservação de 35% da área
(Lei Federal 4771/65) (dentro da Amazônia Legal) total da propriedade
1 Área de Proteção Permanente e Reserva Legal
Apenas uso indireto
2 Infra-Estrutura 1
Fora das APPs
3 Pecuária 1
Fora das APPs 4
4 Agricultura 5
Fora das APPs
5 SAFs 3 2 6
Recuperação de APPs em pequenas propriedades
6 Piscicultura
Fora das APPs
7 Atividade nas APPs 7
Ecoturismo, apicultura e pesquisa científica
Fonte: http://www.proex.uel.br/estacao/fotos/fig3_touri.jpg Fonte adaptada: SEMA
Mas dá para voltar a ter a mata fechada depois que já foi desmatado?
Quando um pasto ou lavoura é abandonado, Assim, a recuperação de uma área degrada-
logo surge mato indesejado, que acaba com o da é um processo contínuo, no qual cada plan-
pasto. Mas essas são as primeiras plantas, as pio- ta, com suas características, tem o seu papel. Se
neiras no processo de transformar a área degra- deixarmos, a natureza faz esse processo sozinha.
dada e desmatada em uma mata verde e rica. Mas esse processo natural de regeneração
Afinal, são poucas as plantas que, assim como pode ser muito demorado, e dependendo do
elas, conseguem sobreviver em terras duras e se- estado de degradação da área, pode nem che-
cas e com muito sol e pasto. gar a acontecer totalmente. Por isso, existem al- 13
Essas plantas podem melhorar a terra para que gumas técnicas de plantio que podem fazer com
as outras possam nascer ali. que o processo seja mais rápido.
14. Além disso, se nós ajudamos à natureza a se O segredo é misturar plantas diferentes como
recuperar, poderemos escolher aquelas plantas ocorre nas matas nativas e usar todo seu co-
que, além de ajudar na recuperação ambiental, nhecimento sobre as plantas e cultivos para ver
encham a barriga e o bolso! Assim, pode-se plan- como eles podem ajudar na regeneração.
tar abóbora para cobrir a terra, e a mandioca, Veja no quadro abaixo, dicas de manejo
com suas longas raízes para descompactá-la. para o reflorestamento.
Manejo Utilidade
Para não atrapalhar a regeneração: • Restringir a entrada de animais para não pisar e comer a
• Cercar e isolar a área vegetação
• Se preciso, fazer aceiros e curvas • Não deixar entrar fogo
de nível • Evitar erosão
Plantio de adubos verdes e • Descompactar o solo • Disponibilizar nitrogênio no solo
leguminosas • Calcarear o solo • Sombrear e combater o pasto
(feijão de porco, andu, crotalária, embaúba,
urucum, entre outros) • Cobrir o solo • Fornecer matéria orgânica no solo
• Dar renda e alimento
Plantio de culturas brancas • Descompactar o solo
• Cobrir o solo
• Sombrear e combater o pasto
Plantio de árvores nativas misturando: • Dar renda e alimento
• Frutíferas
• Lenha e madeira • Regenerar a vegetação nativa e com isso:
• Flores Aumentar matéria orgânica e sais minerais no solo
• Árvores nativas que crescem sem Aumentar a diversidade vegetal
precisar plantar, chamadas de pio- Melhorar a absorção de água pelo solo, diminuindo a erosão
neiras (lobeira, lacre, carvoeiro, pente Sombrear e cobrir o solo
de macaco, entre outras)
Momento com sua comunidade!
14 1) Existe alguma nascente degradada em nossa comunidade? O que fazer para recuperála?
2) O que fazer para proteger as mata ciliares que temos em nossa comunidade?
3) Você sabe como funciona a Lei Ambiental? Comente.
15.
16. PRODUÇÃO FAMILIAR NO CAMPO
P
roduzir os próprios alimentos e vender pro- cialização na pequena propriedade é essencial
dutos cultivados no campo é um dos maio- para o rendimento e a sustentabilidade da uni-
res desafios das famílias dos assentamentos. dade familiar e da comunidade. Toda produção
Seja pela ausência de financiamentos ou de significa um investimento de dinheiro e de traba-
apoios adequados, pela falta de tempo e de lho, portanto, antes de qualquer atividade, deve-
mão-de-obra ou, às vezes, por termos os merca- mos considerar os seguintes pontos:
dos muito longe dos assentamentos, o fato é que • Auto-consumo: é importante garantir os ali-
os produtos que vêm das nossas roças e plantios mentos para o consumo da família, que podem
ainda não conseguem abastecer as cidades da ser produzidos sem muitas dificuldades. Primeiro,
região. Inclusive nos próprios assentamentos é precisa-se pensar no essencial para a vida e não
comum adquirirmos produtos “de fora”, fazendo só no que produzir para o mercado, mantendo a
com que a renda que conseguimos com a ven- diversidade da produção.
da da nossa produção não circule no mercado • Trocas: o próximo passo é pensar, junto com
local e acabe indo também para fora. os vizinhos, o que um pode produzir e trocar com
Mas, será que poderíamos cultivar mais pro- o outro, sem precisar necessariamente vender e
dutos? Será que existem outras culturas mais comprar fora da comunidade ou assentamento.
lucrativas que o gado de corte? Será que vale • Mercados locais, regionais, nacionais e inter-
a pena investir em outros produtos tais como os nacionais: é preciso pesquisa de mercado e con-
pequenos animais, as frutas, as hortas, a criação versar com pessoas e grupos que entendam do
de galinhas, o mel, etc.? assunto, conhecendo compradores e buscando
A proposta deste capítulo é discutir as possíveis informações. É mais fácil em grupos organizados,
formas de produção no campo e refletir sobre as podendo ser informais ou como associação ou
possibilidades de comercialização dos produtos. cooperativa. A união dá força, ajuda na divi-
Daremos informações e novas possibilidades são dos custos e potencializa os lucros. Cada
de se produzir nos assentamentos. Porém, é claro mercado tem as suas próprias características
que cada família, grupo, comunidade ou asso- e exigências, mas um fator é básico: garantir a
ciação, deverá buscar os seus próprios caminhos continuidade da produção para abastecer os
. mercados. Isso é mais fácil em grupos também,
Produção no campo planejando juntos para quando a produção de
Planejar a produção, o consumo e a comer- um acaba, a safra do outro está pronta.
Soberania Alimentar
O direito a alimentos depende do direito à terra, à água, a sementes e, também, do conhecimento e
de condições de produção.
A soberania alimentar depende do valor que se dá à cultura e aos alimentos que os antepassados
costumavam preparar.
Como garantir a soberania alimentar:
• Cultivar, sempre que possível, plantas nativas da região, em equilíbrio com o ambiente, que dificilmente
precisarão de defensivos ou cuidados especiais.
• Produzir e consumir alimentos orgânicos, deixando de precisar dos insumos das multinacionais e
garantindo a saúde.
16
• Pesquisar e divulgar o valor nutricional do alimento.
• Aproveitar o máximo possível dos alimentos, de várias maneiras na cozinha, e colocar as cascas e
sobras que não puderem ser utilizadas, para a compostagem. Isso fecha o ciclo de produção.
• Preferira alimentos que, além de saborosos e nutritivos, façam parte da história do povo.
17. Existe também o mercado institucional, dos go- turas anuais, pastagens ou florestas, hortas, etc.
vernos locais, apoiados pelos governos estaduais Produzir no campo, seja para a alimentação
e federal para a compra de alimentos para as es- da família ou pensando no mercado, significa
colas, hospitais e outras instituições públicas. Para grande esforço e dedicação de tempo e dinhei-
garantir que o lucro da venda permaneça na ro. Por isso, planejar é uma boa técnica que nos
comunidade e possa ser investido na melhoria da ajuda a melhorar os resultados. Planejar não é
qualidade de vida, é preciso evitar a ação dos um bicho-de-sete-cabeças, é apenas uma for-
atravessadores e organizar a venda em conjunto. ma de pensar em todos os elementos da nossa
• Potenciais: conhecendo as possibilidades dos produção antes de começar com os trabalhos.
mercados podemos aproveitar o potencial das É saber aonde queremos chegar antes de iniciar-
localidades, analisando as áreas aptas para cul- mos o caminho que nos levará ao objetivo.
Um exemplo de planejamento da produção
Produzindo alimentos e produtos para vender
O sistema agroflorestal (SAF) ou agrofloresta
O SAF, conhecido como “casadão”, é agricul-
tura e floresta juntas, em harmonia. Uma forma
de produzirmos alimentos tendo a mata como
referência a ser copiada.
Nos sistemas agroflorestais, associa-se a agri-
cultura e a pecuária com árvores, combinando
produção e conservação dos recursos naturais,
além de buscar atender às várias necessidades
das famílias rurais, como a obtenção de ali-
mento, extração de madeira, cultivo de plantas
medicinais, etc. Portanto com o “casadão” (ou
agrofloresta) conseguimos diversificar a produ- Plantar abacaxi, maracujá, caju, mamão ou acerola junto com feijão, arroz,
ção no campo, proporcionando uma oferta mais madioca, etc. é uma boa forma de produzir alimentos dentro da agrofloresta
estável de produtos ao longo do ano. Além disso, mesma área, com diversas funções que vão des-
a agrofloresta auxilia na conservação dos solos, de a produção de matéria orgânica para o solo;
das águas e das áreas de vegetação nativa. leguminosas para fixação de nitrogênio; adubos;
Uma agrofloresta pode ser implantada em forragem; madeiras para lenha; alimentos e in-
qualquer área, desde que o(a) agricultor(a) co- cremento de renda para as famílias.
nheça as potencialidades de cada uma e consi- Ao contrário do que muitas pessoas pensam,
dere quatro pontos importantes: as condições do a agrofloresta não é uma “bagunça” de plan-
solo, o que se quer produzir, o calendário agrícola tas: cada uma delas tem uma função diferente.
e a vegetação nativa. É uma forma inteligente de plantio, que requer
A partir destes princípios pode-se partir para planejamento, seguimento e cuidados, levando-
uma boa organização do SAF.
Fazendo parte deste sistema colaboramos
Objetivo da Agrofloresta: Diversificar a 17
com a natureza e suas potencialidades.
produção, garantindo a produtividade dos solos
A agrofloresta combina várias espécies numa
durante o ano todo, em todos os anos.
18. se em conta a permanência no sistema, a altura Qual destas formas de plantio precisa
das plantas, a época e tempo de produção, etc. de mais água, adubo e mão-de-obra?
De acordo com a FAO (1989), os agricultores
utilizavam cerca de 10.000 espécies de plantas
com propósitos agrícolas. Porém, nos últimos 100
anos, deixou-se de cultivar mais de ¾ destas es-
pécies e passou-se a depender de apenas qua-
tro espécies para abastecer mais de 75% da ali-
mentação mundial. Este fato tem incrementado
de forma significativa a vulnerabilidade dos agri-
cultores às flutuações do mercado, propiciando
o surgimento de pragas e doenças, alterações
climáticas locais e globais, intensificado a erosão,
acelerado o declínio da produtividade e aumen-
tado o número de famílias agricultoras que saem
do campo e vão para a cidade.
A diversificação é uma das grandes vantagens
dos sistemas agroflorestais. A produção é variada
e, por isso, quando o preço de um produto vai
mal, outro pode estar em alta, proporcionando
maior equilíbrio para o bolso do agricultor uniforme durante o ano porque os tratos culturais
Os sistemas florestais se adaptam bem à agri- e a colheita ocorrem em épocas diferentes.
cultura familiar, pois a demanda de mão-de-obra A diversidade da produção e a sua distribui-
não é sazonal, isto é, não precisa se concentrar ção ao longo do ano proporcionam alternativa
em uma determinada época do ano, como de fonte de renda, principalmente pelas receitas
acontece com as monoculturas. A distribuição é obtidas com os cultivos de ciclo curto e maiores
lucros por unidade de área cultivada, além de
Produzir alimentos em um mesmo
espaco traz outras vantagens: maior estabilidade econômica pela redução dos
riscos e incertezas de mercado.
• Aproveitase melhor a terra, pois as espécies Outra vantagem da agrofloresta é que o va-
são plantadas juntas, no espaçamento usual lor a ser investido é menor do que se exige para
entre elas. implementar uma lavoura convencional. Elas se
• A agrofloresta não precisa ser capinada, ape- baseiam, principalmente, no uso dos recursos
nas feita uma roçagem seletiva quando neces- locais disponíveis. Desta forma, não precisamos
sária, podando ou eliminando as plantas indese- comprar adubos, sementes ou ferramentas que
jadas e as adubadoras. não tenhamos em casa. No caso das sementes,
• O solo se mantém coberto. Não gastaríamos no aparecimento das primeiras rendas, a família
com correções com calcário e pouparíamos pode adquirir sementes ou mudas de fora para
água da irrigação. enriquecer ainda mais a sua agrofloresta.
• Permite trabalharmos na sombra, numa área Para maior rentabilidade, é aconselhá-
pequena. Pode ser feita próxima a nossa casa. vel que a escolha das espécies cultivadas se
apóie em um estudo de mercado, para saber
18 Momento com sua comunidade! os produtos de maior aceitação. O plantio
• Quais as plantas nativas na sua comunidade deve considerar os gostos e preferências ali-
que poderiam ser plantadas? mentares de cada família.
19. Qual destes dois pastos fornece melhor alimentação para as vacas?
Comercialização
Depois da alimentação da família, o outro e do campo são atividades diferentes. Cada
grande desafio de todo processo de produção uma delas exige conhecimento e competência
é colocar o produto no mercado de forma lu- específica. O produtor que deseja comerciali-
crativa, ou seja, de modo que a venda da pro- zar seu produto, deverá negociar com comer-
dução garanta a cobertura dos custos e que ciantes e consumidores, e, para isso, terá que
sobre um percentual para novos investimentos. possuir informações sobre a oferta, a procura e
A comercialização dos produtos da roça o sistema de preços.
Materias-Primas Oferta
Mao-de-Obra Procura
Produzir Vender
Embalagem Preco
Combustivel Transporte
• OFERTA
A oferta é composta pelos produtos que estar ofertando os mesmos produtos no merca-
pretendemos vender. A quantidade que ire- do. Por isso, é importante conhecermos qual é
mos colocar à venda, a forma que terão esses a oferta total do produto a ser comercializado.
produtos, os meses do ano em que poderemos O tamanho da oferta, as características dos
ofertá-los, são tarefas que devemos fazer para produtos oferecidos, o preço dos mesmos, são
planejarmos melhor as vendas. alguns dos fatores que podem ajudar ou atra-
Outras pessoas, empresas ou grupos podem palhar a comercialização.
Oferta dos Produtos
O que oferecer ao mercado? Existem produtos parecidos no mercado?
Qual é a quantidade que vou oferecer? Quais são os principais concorrentes? 19
Qual a frequência vou poder oferecer? Qual é o diferencial que posso oferecer?
20. • PROCURA
Demanda ou procura significa que para se
Lembre-se
produzir tem de existir a necessidade do produ-
to no mercado, ou seja, ter a noção de quantas O preço depende da quantidade e da quali-
pessoas querem comprar do produto. dade do produto que se oferece no mercado,
Os clientes não compram apenas produtos, mas portanto se todos da região resolverem plantar
soluções para algo que precisam ou desejam. melancia com certeza haverá muita oferta de
Você pode identificar essas soluções se co- melancia. Uma quantidade acima do que os
nhecê-los melhor. consumidores habitualmente adquirem faz o
Para isso, responda às perguntas e siga os preço cair.
passos a seguir:
1º passo: identificando os clientes • PREÇO
• Qual a faixa etária? A fabricação de um produto gera custos.
• Na maioria são homens ou mulheres? Por exemplo: para produzirmos farinha de
• Têm família grande ou pequena? mandioca, precisamos da mandioca, da
• Qual é o seu trabalho? mão-de-obra, da lenha para torrar, etc.Além
• Quanto ganham? do mais, normalmente, os membros da família
• Qual é a sua escolaridade? trabalham no campo e, embora não recebam
• Onde moram? salários, seu trabalho tem um custo e deve
entrar na contabilidade final. O tempo que os
2 º passo: quais os interesses e membros da família investem na roça poderia
comportamentos dos clientes ser como trabalhadores assalariados.
• Que quantidade e com qual freqüência
compram esse tipo de produto ou serviço? • TRANSPORTE
• Onde costumam comprar? O transporte é um dos fatores que mais in-
• Que preço pagam atualmente por esse fluencia na venda dos produtos.
produto ou serviço similar? Medir bem o custo do transporte, conhecer
os diferentes tipos de locomoção que temos dis-
3º passo: o que os leva a comprar poníveis são fatores a serem considerados.
• O preço?
• A qualidade dos produtos e/ou serviços? TEMOS QUE SABER ESSAS COISAS?
• A marca? Para se ter um custo menor que a receita ar-
• O prazo de entrega? recadada essas informações são necessárias,
• O prazo de pagamento? pois se o saldo for negativo, quer dizer que não
• O atendimento da empresa? há viabilidade para esse produto.
Uma solução é buscar informações sobre a
4º passo: onde estão os seus clientes? quantidade do produto que está sendo vendi-
• Qual o tamanho do mercado que atuará? da no mercado e a que preço, por exemplo,
• É apenas sua rua? nos últimos três anos. Essas informações per-
• O seu bairro? mitirão saber se é um bom negócio plantar a
• Sua cidade? quantidade planejada, se é melhor diminuí-la
• Todo o Estado? ou até mesmo não plantar.
20 • O País todo ou outros países? Portanto, vamos evitar entregar o produto a
• Seus clientes encontrarão sua empresa com preços abaixo de seus custos para não termos
facilidade? prejuízos.
21. Como calcular o custo
e o lucro de nossas produções
Veja e recorte a tabela da última página com os passos
para calcular o custo e lucro de sua produção
Um método em 5 passos:
Passo 1 - Os serviços que teremos Passo 3 - As unidades que precisaremos
Para sabermos o custo total dos plantios que Pensaremos agora em quantas unidades
queremos fazer, o melhor sistema é pensar e iremos precisar: quantas diárias, quantas horas
anotar todas as etapas que teremos que cum- máquina, quantos sacos de sementes, etc...
prir até o produto final.
Por exemplo: para sabermos quanto vai nos Passo 4 - O preço de cada atividade
custar fazer farinha de mandioca, temos que Precisamos saber o preço de cada item e de
fazer uma lista com TODOS os trabalhos rela- cada atividades a serem realizadas, tais como:
cionados: preparar a terra, plantar a mandio- o preço das diárias, do saco de sementes, das
ca, colher, descascar, torrar, etc. horas das máquinas, e assim por diante.
Passo 2 - Anotando as unidades Passo 5 - O custo total da produção
O segundo passo é anotarmos, do lado de É só multiplicar as unidades necessárias (pas-
cada serviço, as unidades de cada um deles. so 3) pelo preço de cada unidade (passo 4).
Finalmente, um bom planejamento significa Por exemplo, se plantarmos 1 hectare de mi-
saber, antes de começar a plantar, colher e pro- lho, precisamos saber, quantos quilos de milho
duzir, quanto é que podemos ganhar com isso. será produzido; ou quantas sacas vamos colher.
De fato, calculando esse “lucro possível” podere- • Qual é o preço de venda? Venderemos por
mos ter uma idéia do que vale mais a pena pro- quanto? Precisamos saber esse valor (em reais)
duzir e vender, de forma a dedicar mais esforços para calcularmos o quanto ganharemos. O pre-
às atividades que mais lucro possam nos dar. ço que devemos colocar na ficha se refere ao
Uma vez calculado o custo de produção, a preço por cada unidade de produção: reais por
tabela (pág. 23) vai nos guiar para sabermos o quilo ou reais por saca ou reais por lata.
quanto de lucro teremos. Os únicos dados que • Agora, basta apenas fazer as operações
temos que saber para preencher a ficha são: que se indicam na ficha:
• Quanta será a produção? Precisamos ter • Quantidade produzida x Preço de Venda = 21
uma idéia de quantos quilos, litros, sacos ou la- Receitas Totais
tas dará o nosso plantio. • Receitas Totais – Despesas = Lucro
22. Redação vencedora do
“Concurso de Redação da Semana do Meio
Ambiente de São Félix do Araguaia”
05 de junho 2009
Autora: Maeli Jemina Rodrigues / 7ª série
Escola Estadual Prof. Hilda Rocha Sousa
São Félix e sua preocupação ecológica
Hoje, há uma grande preocupação dos cientistas com o aquecimento global, com as
mudanças climáticas, com o aumento da população.
Procura-se alternativas fazendo reflorestamento de algumas espécies, o manejo de
alguns animais, principalmente o silvestre, para evitar a degradação e a extinção.
Para a produção da energia, a utilização dos ventos e do sol já está acontecendo.
A população em geral também precisar se sensibilizar e agir, porque a natureza vai
acabar e no futuro seremos vitima de maiores catástrofes como: tufões, avalanches e
outros.
Nós moradores do Município de São Félix do Araguaia, não podemos ficar alheios a esta
preocupação mundial. Precisamos buscar alternativas de produção e desenvolvimento que
sejam compatíveis com os outros princípios ecológicos.
Podemos criar peixes em nossos lagos ou construir tanques apropriados; plantar frutas
para produção de suco; aproveitar as frutas nativas como pequi, buriti, jenipapo, murici,
para produção de conservas, licores e comercializar-los para os turistas e para todo o
Brasil; aproveitar a criatividade de nosso povo e desenvolver o artesanato.
Este é um trabalho que necessita o empenho de todos: autoridade e população.
22
23. Qual pode ser nosso lucro?
Estou querendo produzir:
Qual é meu Qual será a produção? Qual é o A minha receita
LUCRO TOTAL
“custo de produção”? (Quilogramas, litros, etc...) preço de venda? será de:
Aqui colocamos apenas Multiplicamos:
Colocamos o custo Temos que saber quanto Produção Fazemos:
calculado antes vai dar de produção o preço de venda x Receita - Despesas
do produto Preço de Venda
Tabela para calcular o custo de producao
O que queremos produzir?
ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 4 ETAPA 5
Quais serviços Como medimos o Quais quantidades Qual é o custo
CUSTO TOTAL
terei que fazer? serviço? (unidades) irei precisar? de cada unidade?
1
2
3
4
5
6
7
8
TOTAL
23