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Os novos espaços de atuação do educador com
as tecnologias
José Manuel Moran
Especialista em mudanças na educação presencial e a distância
Autor do livro: A educação que desejamos novos desafios e como chegar lá.
Campinas: Papirus, 2007.
Texto publicado nos anais do 12º Endipe – Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, in
ROMANOWSKI, Joana Paulin et al (Orgs). Conhecimento local e conhecimento universal:
Diversidade, mídias e tecnologias na educação. vol 2, Curitiba, Champagnat, 2004, páginas 245-253 jmmoran@usp.br

Resumo
A Internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios pedagógicos para
as universidades e escolas. Os professores, em qualquer curso presencial, precisam
aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e
inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula melhor equipada e
com atividades diferentes. Em alguns momentos o professor leva seus alunos ao
laboratório conectado à Internet para desenvolver atividades de pesquisa e de
domínio das tecnologias (segundo espaço). Estas atividades se ampliam a distância,
nos ambientes virtuais de aprendizagem conectados à Internet, o que permite
diminuir o número de aulas e continuar aprendendo juntos a distância (terceiro
espaço). Os cursos precisam prever espaços e tempos de contato com a
realidade, de experimentação e de inserção em ambientes profissionais e
informais em todas as matérias e ao longo de todos os anos (quarto espaço). Uma
das tarefas mais importantes das universidades, escolas e secretarias de educação
hoje é planejar e flexibilizar, no currículo de cada curso, o tempo de presença física
em sala de aula e o tempo de aprendizagem virtual e como integrar de forma
criativa e inovadora esses espaços e tempos.
Palavras-chave: Novas tecnologias, educação, ensino superior, didática

Introdução
Uma das reclamações generalizadas de escolas e universidades é de
que os alunos não agüentam mais nossa forma de dar aula. Os alunos
reclamam do tédio de ficar ouvindo um professor falando na frente por
horas, da rigidez dos horários, da distância entre o conteúdo das aulas e a
vida.
Colocamos tecnologias na universidade e nas escolas, mas, em geral,
para continuar fazendo o de sempre – o professor falando e o aluno ouvindo
– com um verniz de modernidade. As tecnologias são utilizadas mais para
ilustrar o conteúdo do professor do que para criar novos desafios didáticos.
O cinema, o rádio, a televisão trouxeram desafios, novos conteúdos,
histórias, linguagens. Esperavam-se muitas mudanças na educação, mas as
mídias sempre foram incorporadas marginalmente. A aula continuou
predominantemente oral e escrita, com pitadas de audiovisual, como
ilustração. Alguns professores utilizavam vídeos, filmes, em geral como
ilustração

do

conteúdo,

como

complemento.

Eles

não

modificavam

substancialmente o ensinar e o aprender, davam um verniz de novidade, de
mudança, mas era mais na embalagem.
O computador trouxe uma série de novidades, de fazer mais rápido,
mais fácil. Mas durante anos continuo sendo utilizado mais como uma
ferramenta de apoio ao professor e ao aluno. As atividades principais ainda
estavam focadas na fala do professor e na relação com os textos escritos.
Hoje, com a Internet e a fantástica evolução tecnológica, podemos
aprender de muitas formas, em lugares diferentes, de formas diferentes. A
sociedade como um todo é um espaço privilegiado de aprendizagem. Mas
ainda é a escola a organizadora e certificadora principal do processo de
ensino-aprendizagem.
Ensinar e aprender estão sendo desafiados como nunca antes. Há
informações demais, múltiplas fontes, visões diferentes de mundo. Educar
hoje é mais complexo porque a sociedade também é mais complexa e
também o são as competências necessárias. As tecnologias começam a
estar um pouco mais ao alcance do estudante e do professor. Precisamos
repensar todo o processo, reaprender a ensinar, a estar com os alunos, a
orientar atividades, a definir o que vale a pena fazer para aprender, juntos
ou separados.
Com a Internet e outras tecnologias surgem novas possibilidades de
organização das aulas dentro e fora da Universidade. Podemos ter uma
parte das aulas de forma virtual ou freqüentar cursos a distância. Como
uma universidade e seus professores podem se organizar para estas
mudanças inevitáveis, da forma mais adequada, equilibrada e coerente?
Por onde começar e continuar?

A ampliação dos espaços de ensino-aprendizagem
A sala de aula é o espaço privilegiado quando pensamos em escola, em
aprendizagem. Esta nos remete a um professor na nossa frente, a muitos
alunos sentados em cadeiras olhando para o professor, uma mesa, um
quadro negro e, às vezes, um vídeo ou computador.
Com a Internet e as redes de comunicação em tempo real, surgem
novos espaços importantes para o processo de ensino-aprendizagem, que
modificam e ampliam o que fazíamos na sala de aula.
Abrem-se novos campos na educação on-line, através da Internet,
principalmente na educação a distância.

Mas também na educação

presencial a chegada da Internet está trazendo novos desafios para a sala
de aula, tanto tecnológicos como pedagógicos.
O professor, em qualquer curso presencial, precisa hoje
aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta,
equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula
equipada e com atividades diferentes, que se integra com a ida ao
laboratório para desenvolver atividades de pesquisa e de domínio técnicopedagógico. Estas atividades se ampliam e complementam a distância, nos
ambientes virtuais de aprendizagem e se complementam com espaços e
tempos de experimentação, de conhecimento da realidade, de inserção em
ambientes profissionais e informais.
Antes o professor só se preocupava com o aluno em sala de aula.
Agora, continua com o aluno no laboratório (organizando a pesquisa), na
Internet (atividades a distância) e no acompanhamento das práticas, dos
projetos, das experiências que ligam o aluno à realidade, à sua profissão
(ponto entre a teoria e a prática).
Antes o professor se restringia ao espaço da sala de aula. Agora
precisa aprender a gerenciar também atividades a distância, visitas
técnicas, orientação de projetos e tudo isso fazendo parte da carga horária
da sua disciplina, estando visível na grade curricular, flexibilizando o tempo
de estada em aula e incrementando outros espaços e tempos de
aprendizagem.
Educar com qualidade implica em ter acesso e competência para organizar e
gerenciar as atividades didáticas em, pelo menos, quatro espaços:

1. Uma nova sala de aula

A sala de aula será, cada vez mais, um ponto de partida e de
chegada, um espaço importante, mas que se combina com outros espaços
para ampliar as possibilidades de atividades de aprendizagem.
O que deve ter uma sala de aula para uma educação de qualidade?
Precisa fundamentalmente de professores bem preparados, motivados, e
bem

remunerados

e

com

formação

pedagógica

atualizada.

Isso

é

incontestável.
Precisa também de salas confortáveis, com boa acústica e tecnologias, das
simples até as sofisticadas. Uma sala de aula hoje precisa ter acesso fácil ao
vídeo, DVD e, no mínimo, um ponto de Internet, para acesso a sites em
tempo real pelo professor ou pelos alunos, quando necessário.
Um computador em sala com projetor multimídia são recursos
necessários, embora ainda caros, para oferecer condições dignas de
pesquisa e apresentação de trabalhos a professores e alunos. São poucos os
cursos até agora bem equipados, mas, se queremos educação de qualidade,
uma boa infra-estrutura torna-se cada vez mais necessária.
Um projetor multimídia com acesso a Internet permite que o
professores e alunos mostrem simulações virtuais, vídeos, jogos, materiais
em CD, DVD, páginas WEB ao vivo. Serve como apoio ao professor, mas
também para a visualização de trabalhos dos alunos, de pesquisas, de
atividades realizadas no ambiente virtual de aprendizagem (um fórum
previamente realizado, por exemplo). Podem ser mostrados jornais on-line,
com notícias relacionadas com o assunto que está sendo tratado em classe.
Os alunos podem contribuir com suas próprias pesquisas on-line. Há um
campo de possibilidades didáticas até agora pouco desenvolvidas, mesmo
nas salas que detêm esses equipamentos.
Essa infra-estrutura deve estar a serviço de mudanças na postura do
professor, passando de ser uma “babá”, de dar tudo pronto, mastigado,
para ajudá-lo, de um lado, na organização do caos informativo, na gestão
das contradições dos valores e visões de mundo, enquanto, do outro lado, o
professor provoca o aluno, o “desorganiza”, o desinstala, o estimula a
mudanças, a não permanecer acomodado na primeira síntese.
Do ponto de vista metodológico o professor precisa aprender a
equilibrar processos de organização e de “provocação” na sala de aula. Uma
das dimensões fundamentais do educar é ajudar a encontrar uma lógica
dentro do caos de informações que temos, organizar numa síntese
coerente (mesmo que momentânea) das informações dentro de uma área
de

conhecimento. Compreender é

avaliar,

contextualizar.

Uma

organizar, sistematizar,

segunda

dimensão

comparar,

pedagógica

procura

questionar essa compreensão, criar uma tensão para superá-la, para
modificá-la, para avançar para novas sínteses, novos momentos e formas
de compreensão. Para isso o professor precisa questionar, tensionar,
provocar o nível da compreensão existente.
Predomina a organização no planejamento didático quando o
professor trabalha com esquemas, aulas expositivas, apostilas, avaliação
tradicional. O professor que dá tudo mastigado para o aluno, de um lado
facilita a compreensão; mas, por outro, transfere para o aluno, como um
pacote pronto, o nível de conhecimento de mundo que ele tem.
Predomina a “desorganização” no planejamento didático quando o
professor trabalha encima de experiências, projetos, novos olhares de
terceiros: artistas, escritores...
Em qualquer área de conhecimento podemos transitar entre a
organização da aprendizagem e a busca de novos desafios, sínteses. Há
atividades que facilitam a organização e outras a superação. O relato
de experiências diferentes das do grupo, uma entrevista polêmica podem
desencadear novas questões, expectativas, desejos. Mas também há relatos
de experiências ou entrevistas que servem para confirmar nossas idéias,
nossas sínteses, para reforçar o que já conhecemos.
Por exemplo, na utilização do vídeo na escola, vejo dois momentos ou
focos que podem alternar-se e combinar-se equilibradamente:
1)

Quando o vídeo provoca, sacode, provoca inquietação e serve
como abertura para um tema, como uma sacudida para a
nossa inércia. Ele age como tensionador, na busca de novos
posicionamentos, olhares, sentimentos, idéias e valores. O
contato de professores e alunos com bons filmes, poesias,
contos,

romances,

histórias,

pinturas

alimenta

o

questionamento de pontos de vista formados, abre novas
perspectivas de interpretação, de olhar, de perceber, sentir e
de avaliar com mais profundidade.
2) Quando o vídeo serve para confirmar uma teoria, uma síntese,
um olhar específico com o qual já estamos trabalhando. É o
vídeo que ilustra, amplia, exemplifica.

O vídeo e as outras tecnologias tanto podem ser utilizados para
organizar como para desorganizar o conhecimento. Depende de
como e quando os utilizamos.
Educar um processo dialético, quando bem realizado, mas que, em muitas
situações concretas, se vê diluído pelo peso da organização, da
massificação, da burocratização, da “rotinização”, que freia o impulso
questionador, superador, inovador.

2. O espaço do laboratório conectado

Um dia todas as salas de aula estarão conectadas às redes de comunicação
instantânea. Como isso ainda está distante, é importante que cada
professor programe em uma de suas primeiras aulas uma visita com os
alunos ao “laboratório de informática”, a uma sala de aula com micros
suficientes conectados à Internet. Nessa aula (uma ou duas) o professor
pode orientá-los a fazer pesquisa na Internet, a encontrar os materiais mais
significativos para a área de conhecimento que ele vai trabalhar com os
alunos; a que aprendam a distinguir informações relevantes de informações
sem referência. Ensinar a pesquisar na WEB ajuda muito aos alunos na
realização de atividades virtuais depois, a sentir-se seguros na pesquisa
individual e grupal.
Uma outra atividade importante nesse momento é a capacitação
para o uso das tecnologias necessárias para acompanhar o curso em seus
momentos virtuais: conhecer a plataforma virtual, as ferramentas, como se
coloca material, como se enviam atividades, como se participa num fórum,
num chat, tirar dúvidas técnicas. Esse contato com o laboratório é
fundamental porque há alunos pouco familiarizados com essas novas
tecnologias e para que todos tenham uma informação comum sobre as
ferramentas, sobre como pesquisar e sobre os materiais virtuais do curso.
Tudo isto pressupõe que os professores foram capacitados antes para
fazer esse trabalho didático com os alunos no laboratório e nos ambientes
virtuais de aprendizagem (o que muitas vezes não acontece).

Quando temos um curso parcialmente presencial podemos
organizar os encontros ao vivo como pontuadores de momentos marcantes.
Primeiro, nos encontramos fisicamente para facilitar o conhecimento mútuo
de professores e alunos. Ao vivo é muito mais fácil que a distância e
confiamos mais rapidamente ao estar ao lado da pessoa como um todo, ao
vê-la, ouvi-la, senti-la. Depois, é mais fácil explicar e organizar o processo
de aprendizagem, esclarecer, tirar dúvidas, organizar grupos, discutir
propostas. É muito mais fácil também aprender a utilizar os ambientes
tecnológicos da educação on-line. Podemos ir a um laboratório e nivelar os
alunos, os que sabem se sentam junto com os que sabem menos e todos
aprendem juntos. No presencial também é mais fácil motivar os alunos,
atender às demandas específicas, fazer os ajustes necessários no programa.
O foco do curso deve ser o desenvolvimento de pesquisa, fazer do
aluno um parceiro-pesquisador. Pesquisar de todas as formas, utilizando
todas as mídias, todas as fontes, todas as formas de interação. Pesquisar às
vezes todos juntos, outras em pequenos grupos, outras individualmente.
Pesquisar às vezes na escola; outras, em outros espaços e tempos.
Combinar pesquisa presencial e virtual. Comunicar os resultados da
pesquisa para todos e para o professor. Relacionar os resultados, comparálos, contextualizá-los, aprofundá-los, sintetizá-los.
Mais tarde, depois de uma primeira etapa de aprendizagem on-line, a volta
ao presencial adquire uma outra dimensão. É um reencontro tanto
intelectual como afetivo. Já nos conhecemos, mas fortalecemos esses
vínculos; trocamos experiências, vivências, pesquisas. Aprendemos juntos,
tiramos dúvidas coletivas, avaliamos o processo virtual. Fazemos novos
ajustes. Explicamos o que acontecerá na próxima etapa e motivamos os
alunos para que continuem pesquisando, se encontrando virtualmente,
contribuindo.
Os próximos encontros presenciais já devem trazer maiores
contribuições dos alunos, dos resultados de pesquisas, de projetos, de
solução de problemas, entre outras formas de avaliação.

3. A utilização de ambientes virtuais de aprendizagem
Os alunos já se conhecem, já tem as informações básicas de como
pesquisar e de como utilizar os ambientes virtuais de aprendizagem. Agora
já podem iniciar a parte a distância do curso, combinando momentos em
sala de aula com atividades de pesquisa, comunicação e produção a
distância, individuais, em pequenos grupos e todos juntos.
O professor precisa hoje adquirir a competência da gestão dos
tempos a distância combinado com o presencial. O que vale a pena fazer
pela Internet que ajuda a melhorar a aprendizagem, que mantém a
motivação, que traz novas experiências para a classe, que enriquece o
repertório do grupo.
Os ambientes virtuais aqui complementam o que fazemos em sala de
aula. O professor e os alunos são “liberados” de algumas aulas presenciais e
precisam aprender a gerenciar classes virtuais, a organizar atividades que
se

encaixem

em

cada

momento

do

processo

e

que

dialoguem

e

complementem o que estamos fazendo na sala de aula e no laboratório.
Começamos algumas atividades na sala de aula: informações básicas de um
tema, organização de grupos, explicitar os objetivos da pesquisa, tirar as
dúvidas

iniciais.

Depois

vamos

para

a

Internet

e

orientamos

e

acompanhamos as pesquisas que os alunos realizam individualmente ou em
pequenos grupos. Pedimos que os alunos coloquem os resultados em uma
página, um portfólio ou que nos as enviem virtualmente, dependendo da
orientação dada. Colocamos um tema relevante para discussão no fórum ou
numa lista e procuramos acompanhá-la sem sermos centralizadores nem
omissos. Os alunos se posicionam primeiro e, depois, fazemos alguns
comentários mais gerais, incentivamos, reorientamos algum tema que
pareça

prioritário,

fazemos

sínteses

provisórias

do

andamento

das

discussões ou pedimos que alguns alunos o façam.
Podemos convidar um colega, um pesquisador ou um especialista para um
debate com os alunos num chat, realizando uma entrevista a distância,
atuando como mediadores. Os alunos gostam de participar deste tipo de
atividade.
Nós mesmos, professores, podemos marcar alguns tempos de atendimento
semanais, se o acharmos conveniente, para tirar dúvidas on-line, para
atender grupos, acompanhar o que está sendo feito pelos alunos. Sempre
que possível incentivaremos os alunos a que criem seu portfólio, seu espaço
virtual de aprendizagem próprio e que disponibilizem o acesso aos colegas,
como forma de aprender colaborativamente.
Dependendo do número de horas virtuais, a integração com o
presencial é mais fácil, Um tópico discutido no fórum pode ser aprofundado
na volta à sala de aula, tornando mais claros os pontos de divergência que
havia no virtual.
Creio que há três campos importantes para as atividades virtuais: o da
pesquisa, o da comunicação e o da produção. Pesquisa individual de temas,
experiências, projetos, textos. Comunicação, realizando debates off e online sobre esses temas e experiências pesquisados. Produção, divulgando os
resultados no formato multimídia, hipertextual, “linkada” e publicando os
resultados para os colegas e, eventualmente, para a comunidade externa ao
curso.
A Internet favorece a construção colaborativa, o trabalho conjunto
entre professores e alunos, próximos física ou virtualmente. Podemos
participar de uma pesquisa em tempo real, de um projeto entre vários
grupos, de uma investigação sobre um problema de atualidade. O
importante é combinar o que podemos fazer melhor em sala de aula:
conhecer-nos, motivar-nos, reencontrar-nos, com o que podemos fazer a
distância pela lista, fórum ou chat – pesquisar, comunicar-nos e
divulgar as produções dos professores e dos alunos.
É fundamental hoje pensar o currículo de cada curso como um
todo, e planejar o tempo de presença física em sala de aula e o
tempo de aprendizagem virtual. A maior parte das disciplinas pode
utilizar parcialmente atividades a distância. Algumas que exigem menos
laboratório ou estar juntos fisicamente podem ter uma carga maior de
atividades e tempo virtuais. A flexibilização de gestão de tempo, espaços e
atividades é necessária, principalmente no ensino superior ainda tão
engessado, burocratizado e confinado à monotonia da fala do professor num
único espaço que é o da sala de aula.

4. Inserção em ambientes experimentais e profissionais
(prática/teoria/prática)
Os cursos de formação, os de longa duração, como os de
graduação, precisam ampliar o conceito de integração de reflexão e
ação, teoria e prática, sem confinar essa integração somente ao
estágio, no fim do curso. Todo o currículo pode ser pensando em
inserir os alunos em ambientes próximos da realidade que ele estuda,
para que possam sentir na prática o que aprendem na teoria e trazer
experiências, cases, projetos do cotidiano para a sala de aula. Em
algumas áreas, como administração, engenharia, parece mais fácil e
evidente essa relação, mas é importante que aconteça em todos os
cursos e em todas as etapas do processo de aprendizagem, levando
em consideração as peculiaridades de cada um.
Se

os

alunos

fazem

pontes

entre

o

que

aprendem

intelectualmente e as situações reais, experimentais, profissionais
ligadas aos seus estudos, a aprendizagem será mais significativa, viva,
enriquecedora. As universidades e os professores precisam organizar
nos seus currículos e cursos atividades integradoras da prática com a
teoria, do compreender com o vivenciar, o fazer e o refletir, de forma
sistemática, presencial e virtualmente, em todas as áreas e ao longo
de todo o curso.

Conclusão
A Internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios
pedagógicos para as universidades e escolas. Os professores, em qualquer
curso presencial, precisam aprender a gerenciar vários espaços e a integrálos de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma
nova sala de aula equipada e com atividades diferentes, que se integra com
a ida ao laboratório conectado em rede para desenvolver atividades de
pesquisa e de domínio técnico-pedagógico. Estas atividades se ampliam a
distância, nos ambientes virtuais de aprendizagem conectados à Internet e
se complementam com espaços e tempos de experimentação, de
conhecimento da realidade, de inserção em ambientes profissionais e
informais.
É fundamental hoje planejar e flexibilizar, no currículo de cada curso,
o tempo e as atividades de presença física em sala de aula e o tempo e as
atividades de aprendizagem conectadas, a distância. Só assim avançaremos
de verdade e poderemos falar de qualidade na educação e de uma nova
didática.

Bibliografia
AZEVÊDO, Wilson. A vanguarda (tecnológica) do atraso (pedagógico): impressões
de um educador online a partir do uso de ferramentas de courseware. Disponível
em <www.aquifolium.com.br/educacional/artigos/vanguarda.html>. Acesso em:
18/01/2004.
BELLONI, Maria Luisa. Educação a distância. Campinas: Autores Associados,
1999.
LITWIN, Edith (org). Educação a distância; temas para o debate de uma nova
agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2000.
LUCENA, Carlos & FUKS, Hugo. A educação na era da Internet. Rio de Janeiro:
Clube do Futuro, 2000.
MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias
e mediação pedagógica. 15a ed. São Paulo: Papirus, 2008.
_____________________. Textos sobre Tecnologias e Comunicação in
www.eca.usp.br/prof/moran
PALLOFF, Rena M. & PRATT, Keith. Construindo comunidades de aprendizagem
no ciberespaço – Estratégias eficientes para salas de aula on-line. Porto
Alegre: Artmed Editora, 2002.
PETERS, Otto. Didática do ensino a distância. São Leopoldo, RS: Editora
Unisinos, 2001.
SILVA, Marcos (Org.). Educação Online: teorias, práticas, legislação,
formação corporativa. São Paulo: Loyola, 2003

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Os novos espaços de atuação do educador com as tecnologias

  • 1. Os novos espaços de atuação do educador com as tecnologias José Manuel Moran Especialista em mudanças na educação presencial e a distância Autor do livro: A educação que desejamos novos desafios e como chegar lá. Campinas: Papirus, 2007. Texto publicado nos anais do 12º Endipe – Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, in ROMANOWSKI, Joana Paulin et al (Orgs). Conhecimento local e conhecimento universal: Diversidade, mídias e tecnologias na educação. vol 2, Curitiba, Champagnat, 2004, páginas 245-253 jmmoran@usp.br Resumo A Internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios pedagógicos para as universidades e escolas. Os professores, em qualquer curso presencial, precisam aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula melhor equipada e com atividades diferentes. Em alguns momentos o professor leva seus alunos ao laboratório conectado à Internet para desenvolver atividades de pesquisa e de domínio das tecnologias (segundo espaço). Estas atividades se ampliam a distância, nos ambientes virtuais de aprendizagem conectados à Internet, o que permite diminuir o número de aulas e continuar aprendendo juntos a distância (terceiro espaço). Os cursos precisam prever espaços e tempos de contato com a realidade, de experimentação e de inserção em ambientes profissionais e informais em todas as matérias e ao longo de todos os anos (quarto espaço). Uma das tarefas mais importantes das universidades, escolas e secretarias de educação hoje é planejar e flexibilizar, no currículo de cada curso, o tempo de presença física em sala de aula e o tempo de aprendizagem virtual e como integrar de forma criativa e inovadora esses espaços e tempos. Palavras-chave: Novas tecnologias, educação, ensino superior, didática Introdução Uma das reclamações generalizadas de escolas e universidades é de que os alunos não agüentam mais nossa forma de dar aula. Os alunos reclamam do tédio de ficar ouvindo um professor falando na frente por
  • 2. horas, da rigidez dos horários, da distância entre o conteúdo das aulas e a vida. Colocamos tecnologias na universidade e nas escolas, mas, em geral, para continuar fazendo o de sempre – o professor falando e o aluno ouvindo – com um verniz de modernidade. As tecnologias são utilizadas mais para ilustrar o conteúdo do professor do que para criar novos desafios didáticos. O cinema, o rádio, a televisão trouxeram desafios, novos conteúdos, histórias, linguagens. Esperavam-se muitas mudanças na educação, mas as mídias sempre foram incorporadas marginalmente. A aula continuou predominantemente oral e escrita, com pitadas de audiovisual, como ilustração. Alguns professores utilizavam vídeos, filmes, em geral como ilustração do conteúdo, como complemento. Eles não modificavam substancialmente o ensinar e o aprender, davam um verniz de novidade, de mudança, mas era mais na embalagem. O computador trouxe uma série de novidades, de fazer mais rápido, mais fácil. Mas durante anos continuo sendo utilizado mais como uma ferramenta de apoio ao professor e ao aluno. As atividades principais ainda estavam focadas na fala do professor e na relação com os textos escritos. Hoje, com a Internet e a fantástica evolução tecnológica, podemos aprender de muitas formas, em lugares diferentes, de formas diferentes. A sociedade como um todo é um espaço privilegiado de aprendizagem. Mas ainda é a escola a organizadora e certificadora principal do processo de ensino-aprendizagem. Ensinar e aprender estão sendo desafiados como nunca antes. Há informações demais, múltiplas fontes, visões diferentes de mundo. Educar hoje é mais complexo porque a sociedade também é mais complexa e também o são as competências necessárias. As tecnologias começam a estar um pouco mais ao alcance do estudante e do professor. Precisamos repensar todo o processo, reaprender a ensinar, a estar com os alunos, a orientar atividades, a definir o que vale a pena fazer para aprender, juntos ou separados.
  • 3. Com a Internet e outras tecnologias surgem novas possibilidades de organização das aulas dentro e fora da Universidade. Podemos ter uma parte das aulas de forma virtual ou freqüentar cursos a distância. Como uma universidade e seus professores podem se organizar para estas mudanças inevitáveis, da forma mais adequada, equilibrada e coerente? Por onde começar e continuar? A ampliação dos espaços de ensino-aprendizagem A sala de aula é o espaço privilegiado quando pensamos em escola, em aprendizagem. Esta nos remete a um professor na nossa frente, a muitos alunos sentados em cadeiras olhando para o professor, uma mesa, um quadro negro e, às vezes, um vídeo ou computador. Com a Internet e as redes de comunicação em tempo real, surgem novos espaços importantes para o processo de ensino-aprendizagem, que modificam e ampliam o que fazíamos na sala de aula. Abrem-se novos campos na educação on-line, através da Internet, principalmente na educação a distância. Mas também na educação presencial a chegada da Internet está trazendo novos desafios para a sala de aula, tanto tecnológicos como pedagógicos. O professor, em qualquer curso presencial, precisa hoje aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula equipada e com atividades diferentes, que se integra com a ida ao laboratório para desenvolver atividades de pesquisa e de domínio técnicopedagógico. Estas atividades se ampliam e complementam a distância, nos ambientes virtuais de aprendizagem e se complementam com espaços e tempos de experimentação, de conhecimento da realidade, de inserção em ambientes profissionais e informais. Antes o professor só se preocupava com o aluno em sala de aula. Agora, continua com o aluno no laboratório (organizando a pesquisa), na Internet (atividades a distância) e no acompanhamento das práticas, dos
  • 4. projetos, das experiências que ligam o aluno à realidade, à sua profissão (ponto entre a teoria e a prática). Antes o professor se restringia ao espaço da sala de aula. Agora precisa aprender a gerenciar também atividades a distância, visitas técnicas, orientação de projetos e tudo isso fazendo parte da carga horária da sua disciplina, estando visível na grade curricular, flexibilizando o tempo de estada em aula e incrementando outros espaços e tempos de aprendizagem. Educar com qualidade implica em ter acesso e competência para organizar e gerenciar as atividades didáticas em, pelo menos, quatro espaços: 1. Uma nova sala de aula A sala de aula será, cada vez mais, um ponto de partida e de chegada, um espaço importante, mas que se combina com outros espaços para ampliar as possibilidades de atividades de aprendizagem. O que deve ter uma sala de aula para uma educação de qualidade? Precisa fundamentalmente de professores bem preparados, motivados, e bem remunerados e com formação pedagógica atualizada. Isso é incontestável. Precisa também de salas confortáveis, com boa acústica e tecnologias, das simples até as sofisticadas. Uma sala de aula hoje precisa ter acesso fácil ao vídeo, DVD e, no mínimo, um ponto de Internet, para acesso a sites em tempo real pelo professor ou pelos alunos, quando necessário. Um computador em sala com projetor multimídia são recursos necessários, embora ainda caros, para oferecer condições dignas de
  • 5. pesquisa e apresentação de trabalhos a professores e alunos. São poucos os cursos até agora bem equipados, mas, se queremos educação de qualidade, uma boa infra-estrutura torna-se cada vez mais necessária. Um projetor multimídia com acesso a Internet permite que o professores e alunos mostrem simulações virtuais, vídeos, jogos, materiais em CD, DVD, páginas WEB ao vivo. Serve como apoio ao professor, mas também para a visualização de trabalhos dos alunos, de pesquisas, de atividades realizadas no ambiente virtual de aprendizagem (um fórum previamente realizado, por exemplo). Podem ser mostrados jornais on-line, com notícias relacionadas com o assunto que está sendo tratado em classe. Os alunos podem contribuir com suas próprias pesquisas on-line. Há um campo de possibilidades didáticas até agora pouco desenvolvidas, mesmo nas salas que detêm esses equipamentos. Essa infra-estrutura deve estar a serviço de mudanças na postura do professor, passando de ser uma “babá”, de dar tudo pronto, mastigado, para ajudá-lo, de um lado, na organização do caos informativo, na gestão das contradições dos valores e visões de mundo, enquanto, do outro lado, o professor provoca o aluno, o “desorganiza”, o desinstala, o estimula a mudanças, a não permanecer acomodado na primeira síntese. Do ponto de vista metodológico o professor precisa aprender a equilibrar processos de organização e de “provocação” na sala de aula. Uma das dimensões fundamentais do educar é ajudar a encontrar uma lógica dentro do caos de informações que temos, organizar numa síntese coerente (mesmo que momentânea) das informações dentro de uma área de conhecimento. Compreender é avaliar, contextualizar. Uma organizar, sistematizar, segunda dimensão comparar, pedagógica procura questionar essa compreensão, criar uma tensão para superá-la, para modificá-la, para avançar para novas sínteses, novos momentos e formas de compreensão. Para isso o professor precisa questionar, tensionar, provocar o nível da compreensão existente. Predomina a organização no planejamento didático quando o professor trabalha com esquemas, aulas expositivas, apostilas, avaliação
  • 6. tradicional. O professor que dá tudo mastigado para o aluno, de um lado facilita a compreensão; mas, por outro, transfere para o aluno, como um pacote pronto, o nível de conhecimento de mundo que ele tem. Predomina a “desorganização” no planejamento didático quando o professor trabalha encima de experiências, projetos, novos olhares de terceiros: artistas, escritores... Em qualquer área de conhecimento podemos transitar entre a organização da aprendizagem e a busca de novos desafios, sínteses. Há atividades que facilitam a organização e outras a superação. O relato de experiências diferentes das do grupo, uma entrevista polêmica podem desencadear novas questões, expectativas, desejos. Mas também há relatos de experiências ou entrevistas que servem para confirmar nossas idéias, nossas sínteses, para reforçar o que já conhecemos. Por exemplo, na utilização do vídeo na escola, vejo dois momentos ou focos que podem alternar-se e combinar-se equilibradamente: 1) Quando o vídeo provoca, sacode, provoca inquietação e serve como abertura para um tema, como uma sacudida para a nossa inércia. Ele age como tensionador, na busca de novos posicionamentos, olhares, sentimentos, idéias e valores. O contato de professores e alunos com bons filmes, poesias, contos, romances, histórias, pinturas alimenta o questionamento de pontos de vista formados, abre novas perspectivas de interpretação, de olhar, de perceber, sentir e de avaliar com mais profundidade. 2) Quando o vídeo serve para confirmar uma teoria, uma síntese, um olhar específico com o qual já estamos trabalhando. É o vídeo que ilustra, amplia, exemplifica. O vídeo e as outras tecnologias tanto podem ser utilizados para organizar como para desorganizar o conhecimento. Depende de como e quando os utilizamos.
  • 7. Educar um processo dialético, quando bem realizado, mas que, em muitas situações concretas, se vê diluído pelo peso da organização, da massificação, da burocratização, da “rotinização”, que freia o impulso questionador, superador, inovador. 2. O espaço do laboratório conectado Um dia todas as salas de aula estarão conectadas às redes de comunicação instantânea. Como isso ainda está distante, é importante que cada professor programe em uma de suas primeiras aulas uma visita com os alunos ao “laboratório de informática”, a uma sala de aula com micros suficientes conectados à Internet. Nessa aula (uma ou duas) o professor pode orientá-los a fazer pesquisa na Internet, a encontrar os materiais mais significativos para a área de conhecimento que ele vai trabalhar com os alunos; a que aprendam a distinguir informações relevantes de informações sem referência. Ensinar a pesquisar na WEB ajuda muito aos alunos na realização de atividades virtuais depois, a sentir-se seguros na pesquisa individual e grupal. Uma outra atividade importante nesse momento é a capacitação para o uso das tecnologias necessárias para acompanhar o curso em seus momentos virtuais: conhecer a plataforma virtual, as ferramentas, como se coloca material, como se enviam atividades, como se participa num fórum, num chat, tirar dúvidas técnicas. Esse contato com o laboratório é fundamental porque há alunos pouco familiarizados com essas novas tecnologias e para que todos tenham uma informação comum sobre as ferramentas, sobre como pesquisar e sobre os materiais virtuais do curso. Tudo isto pressupõe que os professores foram capacitados antes para fazer esse trabalho didático com os alunos no laboratório e nos ambientes virtuais de aprendizagem (o que muitas vezes não acontece). Quando temos um curso parcialmente presencial podemos organizar os encontros ao vivo como pontuadores de momentos marcantes.
  • 8. Primeiro, nos encontramos fisicamente para facilitar o conhecimento mútuo de professores e alunos. Ao vivo é muito mais fácil que a distância e confiamos mais rapidamente ao estar ao lado da pessoa como um todo, ao vê-la, ouvi-la, senti-la. Depois, é mais fácil explicar e organizar o processo de aprendizagem, esclarecer, tirar dúvidas, organizar grupos, discutir propostas. É muito mais fácil também aprender a utilizar os ambientes tecnológicos da educação on-line. Podemos ir a um laboratório e nivelar os alunos, os que sabem se sentam junto com os que sabem menos e todos aprendem juntos. No presencial também é mais fácil motivar os alunos, atender às demandas específicas, fazer os ajustes necessários no programa. O foco do curso deve ser o desenvolvimento de pesquisa, fazer do aluno um parceiro-pesquisador. Pesquisar de todas as formas, utilizando todas as mídias, todas as fontes, todas as formas de interação. Pesquisar às vezes todos juntos, outras em pequenos grupos, outras individualmente. Pesquisar às vezes na escola; outras, em outros espaços e tempos. Combinar pesquisa presencial e virtual. Comunicar os resultados da pesquisa para todos e para o professor. Relacionar os resultados, comparálos, contextualizá-los, aprofundá-los, sintetizá-los. Mais tarde, depois de uma primeira etapa de aprendizagem on-line, a volta ao presencial adquire uma outra dimensão. É um reencontro tanto intelectual como afetivo. Já nos conhecemos, mas fortalecemos esses vínculos; trocamos experiências, vivências, pesquisas. Aprendemos juntos, tiramos dúvidas coletivas, avaliamos o processo virtual. Fazemos novos ajustes. Explicamos o que acontecerá na próxima etapa e motivamos os alunos para que continuem pesquisando, se encontrando virtualmente, contribuindo. Os próximos encontros presenciais já devem trazer maiores contribuições dos alunos, dos resultados de pesquisas, de projetos, de solução de problemas, entre outras formas de avaliação. 3. A utilização de ambientes virtuais de aprendizagem
  • 9. Os alunos já se conhecem, já tem as informações básicas de como pesquisar e de como utilizar os ambientes virtuais de aprendizagem. Agora já podem iniciar a parte a distância do curso, combinando momentos em sala de aula com atividades de pesquisa, comunicação e produção a distância, individuais, em pequenos grupos e todos juntos. O professor precisa hoje adquirir a competência da gestão dos tempos a distância combinado com o presencial. O que vale a pena fazer pela Internet que ajuda a melhorar a aprendizagem, que mantém a motivação, que traz novas experiências para a classe, que enriquece o repertório do grupo. Os ambientes virtuais aqui complementam o que fazemos em sala de aula. O professor e os alunos são “liberados” de algumas aulas presenciais e precisam aprender a gerenciar classes virtuais, a organizar atividades que se encaixem em cada momento do processo e que dialoguem e complementem o que estamos fazendo na sala de aula e no laboratório. Começamos algumas atividades na sala de aula: informações básicas de um tema, organização de grupos, explicitar os objetivos da pesquisa, tirar as dúvidas iniciais. Depois vamos para a Internet e orientamos e acompanhamos as pesquisas que os alunos realizam individualmente ou em pequenos grupos. Pedimos que os alunos coloquem os resultados em uma página, um portfólio ou que nos as enviem virtualmente, dependendo da orientação dada. Colocamos um tema relevante para discussão no fórum ou numa lista e procuramos acompanhá-la sem sermos centralizadores nem omissos. Os alunos se posicionam primeiro e, depois, fazemos alguns comentários mais gerais, incentivamos, reorientamos algum tema que pareça prioritário, fazemos sínteses provisórias do andamento das discussões ou pedimos que alguns alunos o façam. Podemos convidar um colega, um pesquisador ou um especialista para um debate com os alunos num chat, realizando uma entrevista a distância, atuando como mediadores. Os alunos gostam de participar deste tipo de atividade.
  • 10. Nós mesmos, professores, podemos marcar alguns tempos de atendimento semanais, se o acharmos conveniente, para tirar dúvidas on-line, para atender grupos, acompanhar o que está sendo feito pelos alunos. Sempre que possível incentivaremos os alunos a que criem seu portfólio, seu espaço virtual de aprendizagem próprio e que disponibilizem o acesso aos colegas, como forma de aprender colaborativamente. Dependendo do número de horas virtuais, a integração com o presencial é mais fácil, Um tópico discutido no fórum pode ser aprofundado na volta à sala de aula, tornando mais claros os pontos de divergência que havia no virtual. Creio que há três campos importantes para as atividades virtuais: o da pesquisa, o da comunicação e o da produção. Pesquisa individual de temas, experiências, projetos, textos. Comunicação, realizando debates off e online sobre esses temas e experiências pesquisados. Produção, divulgando os resultados no formato multimídia, hipertextual, “linkada” e publicando os resultados para os colegas e, eventualmente, para a comunidade externa ao curso. A Internet favorece a construção colaborativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos, próximos física ou virtualmente. Podemos participar de uma pesquisa em tempo real, de um projeto entre vários grupos, de uma investigação sobre um problema de atualidade. O importante é combinar o que podemos fazer melhor em sala de aula: conhecer-nos, motivar-nos, reencontrar-nos, com o que podemos fazer a distância pela lista, fórum ou chat – pesquisar, comunicar-nos e divulgar as produções dos professores e dos alunos. É fundamental hoje pensar o currículo de cada curso como um todo, e planejar o tempo de presença física em sala de aula e o tempo de aprendizagem virtual. A maior parte das disciplinas pode utilizar parcialmente atividades a distância. Algumas que exigem menos laboratório ou estar juntos fisicamente podem ter uma carga maior de atividades e tempo virtuais. A flexibilização de gestão de tempo, espaços e atividades é necessária, principalmente no ensino superior ainda tão
  • 11. engessado, burocratizado e confinado à monotonia da fala do professor num único espaço que é o da sala de aula. 4. Inserção em ambientes experimentais e profissionais (prática/teoria/prática) Os cursos de formação, os de longa duração, como os de graduação, precisam ampliar o conceito de integração de reflexão e ação, teoria e prática, sem confinar essa integração somente ao estágio, no fim do curso. Todo o currículo pode ser pensando em inserir os alunos em ambientes próximos da realidade que ele estuda, para que possam sentir na prática o que aprendem na teoria e trazer experiências, cases, projetos do cotidiano para a sala de aula. Em algumas áreas, como administração, engenharia, parece mais fácil e evidente essa relação, mas é importante que aconteça em todos os cursos e em todas as etapas do processo de aprendizagem, levando em consideração as peculiaridades de cada um. Se os alunos fazem pontes entre o que aprendem intelectualmente e as situações reais, experimentais, profissionais ligadas aos seus estudos, a aprendizagem será mais significativa, viva, enriquecedora. As universidades e os professores precisam organizar nos seus currículos e cursos atividades integradoras da prática com a teoria, do compreender com o vivenciar, o fazer e o refletir, de forma sistemática, presencial e virtualmente, em todas as áreas e ao longo de todo o curso. Conclusão A Internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios pedagógicos para as universidades e escolas. Os professores, em qualquer curso presencial, precisam aprender a gerenciar vários espaços e a integrálos de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma
  • 12. nova sala de aula equipada e com atividades diferentes, que se integra com a ida ao laboratório conectado em rede para desenvolver atividades de pesquisa e de domínio técnico-pedagógico. Estas atividades se ampliam a distância, nos ambientes virtuais de aprendizagem conectados à Internet e se complementam com espaços e tempos de experimentação, de conhecimento da realidade, de inserção em ambientes profissionais e informais. É fundamental hoje planejar e flexibilizar, no currículo de cada curso, o tempo e as atividades de presença física em sala de aula e o tempo e as atividades de aprendizagem conectadas, a distância. Só assim avançaremos de verdade e poderemos falar de qualidade na educação e de uma nova didática. Bibliografia AZEVÊDO, Wilson. A vanguarda (tecnológica) do atraso (pedagógico): impressões de um educador online a partir do uso de ferramentas de courseware. Disponível em <www.aquifolium.com.br/educacional/artigos/vanguarda.html>. Acesso em: 18/01/2004. BELLONI, Maria Luisa. Educação a distância. Campinas: Autores Associados, 1999. LITWIN, Edith (org). Educação a distância; temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2000. LUCENA, Carlos & FUKS, Hugo. A educação na era da Internet. Rio de Janeiro: Clube do Futuro, 2000. MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 15a ed. São Paulo: Papirus, 2008. _____________________. Textos sobre Tecnologias e Comunicação in www.eca.usp.br/prof/moran
  • 13. PALLOFF, Rena M. & PRATT, Keith. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço – Estratégias eficientes para salas de aula on-line. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002. PETERS, Otto. Didática do ensino a distância. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2001. SILVA, Marcos (Org.). Educação Online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa. São Paulo: Loyola, 2003