1. O documento discute o conceito de democracia digital e como a internet pode fortalecer a democracia através de mecanismos como participação, deliberação e transparência.
2. No entanto, existem desafios como a exclusão digital, centros de visibilidade e o excesso de informação. Projetos de democracia digital precisam considerar o contexto, objetivos, participantes e valor democrático.
3. Democracia digital significa o uso de tecnologias digitais para suplementar práticas políticas e
2. Conceito
O que seria democracia digital?
Democracia online x Democratização através de
meios digitais
Internet não iniciou a discussão?
3.
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5.
6.
7. Por que precisamos da democracia
digital?
Déficit das democracias liberais-representativas:
- gap ou afastamento entre esfera civil e esfera de
decisão política (e a “autonomia” dessa);
- dificuldade de os eleitores monitorarem seus
representantes;
- apatia dos eleitores (queda do número de votos);
- cinismo e desconfiança em relação às ações dos
agentes políticos;
- falta de eficácia da opinião dos cidadãos (self-
efficacy);
- falta de informação política relevante;
- falta de mecanismos para tornar os
representantes mais accountables ou os cidadãos
mais empowered.
8. Como a internet poderia incrementar
a democracia?
Comunicação direta, rápida e barata entre muitos
com potencial acesso universal;
Não hierárquica (sem centro), sem filtros ou
controles;
Acesso a uma gama maior de informações.
Liberação do pólo de emissão – receptor se torna
produtor de informação;
Comunicação multidirigida e anônima;
9. O que isso permitiria
potencialmente?
e-Voting
e-Polling
e-engagement
e-Participation
e-Democracy
Virtual Public Sphere?
“Ágora” Digital?
Direct Democracy?
10. O outro lado da moeda
Não há acesso universal. Há exclusão digital e reforço
de outras exclusões (velhas elites);
Comercialização ao invés de democracia;
Panoptificação ao invés de acesso livre (e.g. China);
Afastamento da realidade
(e-voting);
Falta de censura (“Anonimato
facilita o discurso do ódio”).
11. Overload de informação;
Centros de visibilidade ao invés de liberação do pólo
de emissão (portais e jornalismo);
Like-minded ao invés de esfera pública virtual;
Aumento do número de conectados não se traduziu
em maior participação (Gomes, 2008; Sampaio,
2010).
12. Determinismos
Tecnológico
-“A internet vai salvar a democracia”: Pierre Lévy
-“A internet vai causar o fim da raça humana” – Paul
Virilio (Media Malaise)
Social (“A internet não muda nada. As estruturas
sócio-político-econômicas continuam a ditar as
transformações”);
Pesquisas empíricas diversas (USA; UK)
13. Outra divisão
Normalização (grandes agentes também sabem
utilizar a internet)
Reforço (“Pregando para os convertidos” – Pipa
Norris, 2003)
Mobilização (Fenômeno Obama)
“Política é lenta para absorver mudanças”.
14. Falsidade dos determinismos
Internet não é ferramenta neutra. O meio também
molda a mensagem (Lemos);
Ignoram que por trás de toda ferramenta de e-
Democracia há um modelo de democracia;
Subestimam como o meio molda a mensagem
Baseados na separação online x off-line ou virtual x
“real”.
Importa também as formas como as tecnologias vão
ser utilizadas. Os objetivos iniciais podem ser
modificados (e.g. Twitter);
15.
16. A internet é uma só??
Websites de governos;
Websites de partidos;
Websites de ongs e movimentos sociais;
Websites de jornais;
Redes Sociais (Twitter, Facebook);
Compartilhadores de conteúdo (YouTube;
Flickr)
Wikis
Blogs.
Infinidade de ferramentas sobre a alcunha
17. O que não pode ser
desconsiderado?
1)Geração de conteúdo
aumentou a geração pelo indivíduo, mas
ainda é mais visível e concentrada nas
corporações de jornalismo e de
entretenimento;
“Pós-News” Mais que produção de conteúdo,
muitas vezes os indivíduos estão reagindo a
ele (discutindo em redes sociais, criando
vídeos no YouTube, repassando material).
Fontes e centros de visibilidade são mantidos
(ao contrário da visão da liberação do pólo de
18. 2) Distribuição
Mais que a produção de conteúdo, o
fenômeno da internet está no seu
gigantesco poder de distribuição.
A) Os produtos passam a chegar
potencialmente a qualquer um (sem
limitação espaço-temporal);
B) todas as mídias anteriores podem ser
distribuídas digitalmente (impresso, rádio,
TV);
C) Diferente das mídias tradicionais, passa
a haver a possibilidade de se guardar e de
19. 3) Consumo
A questão é que o consumo não é,
necessariamente, online. A internet pode
ser apenas o meio para adquirir conteúdo.
Boa parte dos consumidores baixa o
conteúdo e o consome na “tela” mais
agradável, que pode ser uma TV, um
tablet, um celular ou no próprio
computador. É consumido na tela e na
hora desejada.
Ao contrário do que se defende, grande
parte do conteúdo visto na internet não é
gerado pela ou para a internet (ao menos
20. Geração de conteúdo – aumentou a
geração individual de conteúdo, mas
ainda se prioriza fontes oficiais (e.g.
governo) e fontes tradicionais,
empresas jornalísticas, pela questão da
credibilidade. Logo, também há centros
de visibilidade na rede (Wilson Gomes,
2011).
21. Como usualmente se entende
Democracia Digital?
E-Democracy como sinônimo a e-
participation. Quanto mais participação
melhor.
Em última instância, a democracia
digital significa democracia direta ou
ágora virtual.
Pensamento basista ou mesmo “default”
de democracia (Gomes, 2010).
22. “Tanto teórica quanto
empiricamente, há bases para
esperar que a e-democracia opere
melhor em autonomia do estado. A
política convencional (vulgo Estado)
é o lugar menos provável para
acontecerem grandes mudanças.
Sindicatos, partidos
políticos, governos, campanhas
eleitorais tendem a adaptar as novas
tecnologias de comunicação para
23. Complexificando: Modelos de
Democracia
Liberal (Accountability e Transparência)
Pluralista (mais agentes e agendas)
Comunitarista (Capital Social)
Participacionista (Participação civil)
Deliberacionista (Discussão pública)
Gomes, 2010; Dahlberg, 2011
26. Finalmente, um conceito
Entendo por democracia digital qualquer
forma de emprego de dispositivos
(computadores, celulares, smart phones,
palmtops, ipads...), aplicativos (programas) e
ferramentas (fóruns, sites, redes sociais,
medias sociais...) de tecnologias digitais de
comunicação para suplementar, reforçar ou
corrigir aspectos das práticas políticas e
sociais do Estado e dos cidadãos em
benefício do teor democrático da comunidade
política (GOMES, 2011, p. 27-28).
27. Não abandonar democracia liberal e
seus ganhos;
Constituição, divisão de
poderes, Liberdade, e igualdade política
entre cidadãos;
Dar maior empowerment aos setores
menos representados ou menos
presentes nas discussões de políticas
públicas e nas tomadas de decisão;
Não importa necessariamente se top-
down ou bottom-up, mas a esfera civil
deve ser incrementada ou reforçada em
28. Como fazer isso?
Projetos ou iniciativas de democracia digital
Iniciativas são projetos ou idéias que
articulam ferramentas, dispositivos e
aplicativos para realizar determinadas
funções dedicadas a resolver problemas
ou alcançar propósitos específicos (Gomes,
2011).
Contudo, iniciativas de democracia digital não
são um fim em si mesmas, ou seja, não
incrementam valores democráticos se não
foram empregadas em situação específicas
29. Iniciativas digitais relevantes
1- fortalecimento da capacidade concorrencial
da cidadania (aumentar e/ou consolidar quotas
relevantes do poder do cidadão em relação a
outras instâncias na disputa da produção de
decisão política, sendo geralmente alcançado por
transparência ou participação);
2 – consolidar e reforçar uma sociedade de
direitos (assegurar que minorias políticas e
setores vulneráveis da sociedade tinham acesso a
justiça);
3- promover o aumento da diversidade de
agentes e agendas na discussão pública e nas
instâncias de decisão política, aumentando
30. Categorias de Análise
1. Monitoramento de contas, obras e
políticas
2. Acompanhamento dos
representantes
3. Informação e educação para a
cidadania
4. Expressão de reivindicação civil
5. Participação e democracia direta
6. Deliberação
31. Dificuldades para e-Democracia
Três grandes motivos para serem difícil de
serem implementados:
1) Políticos se sentem desconfortáveis em
compartilhar poder;
2)Custos da participação são transferidos para
os representantes (excesso de
emails, presença em todas redes
sociais, criação e manutenção de programas
de e-Democracia);
3) Projetos são concebidos por consultores de
tecnologia; (MARQUES, 2010).
32. O que é vital considerar?
1) Desenho do projeto ou iniciativa;
Contexto; Quem promove; objetivo,
duração, Direção da comunicação;
Interessados (e sua motivação); Estágio
no ciclo da política pública; Regras de
engajamento; Empowerment
(motivação), sucesso ou não. Avaliação.
Quem participa, como participa e influência
da participação?
33. 2) Design das ferramentas/eficiência
técnica;
Usabilidade, navegabilidade, acesso (hardware
e skills), canal, conteúdo claro, bem
organizado.
3) Valor democrático a ser desenvolvido
Participação
Deliberação
Transparência
Controle social
Pluralismo
Macintosh, Whyte, (2008)
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47. 1 – Internet como plataforma de
discussão (Funcionamento em rede);
“Cala boca, Galvão”
2- Inteligência coletiva (colaborativa);
Tsunami no Japão
3 – Importância da informação acima de
softwares ou hardwares;
Wikileaks
4– Experimentalismo no domínio
público (Beta);
e-Democracia
48. Criação de projetos de engajamento
5–
político de pequena escala;
Orçamento participativo digital; PPA participativo
Propagação de conteúdo através de
6–
múltiplos aplicativos
Mapas de enchentes ou de assaltos
Riqueza das experiências dos
7–
usuários em websites políticos
Google Analytics e Comentários de notícias
Chadwick, Howard, 2009
49. Referências
CHADWICK, A.; HOWARD, P. (Orgs.) Routledge Handbook of Internet Politics. 2009.
COLEMAN, S.; BLUMLER, J.G. The Internet and Democratic Citizenship: theory,
practice and policy. Cambridge University Press. 2009.
DAHLBERG, Lincoln. Re-constructing digital democracy: An outline of four „positions‟.
New Media & Society, V. 13, N. 6, p. 855–872, 2011.
GOMES, Wilson. Democracia digital: Que democracia?. In: MIGUEL, Luís Felipe;
BIROLI, Flávia. (Org.). Mídia, representação e democracia. São Paulo: Hucitec, 2010,
v. , p. 241-259.
GOMES, W. Internet e participação política. In: GOMES, W.; MAIA, R. C. M.
Comunicação e Democracia: problemas e perspectivas. São Paulo: Paulus, 2008,
p.293-326.
GOMES, W. S. Participação política online: Questões e hipóteses de trabalho. In:
MAIA, R. C. M.; GOMES, W.; MARQUES, F. P. J. A. (Orgs.). Internet e Participação
Política no Brasil, Sulina, 2011.
MACINTOSH, Ann; WHYTE, Angus. Towards an evaluation framework for
eParticipation. Transforming Government: People, Process and Policy, Vol. 2 No. 1,
2008, pp. 16-30.
MARQUES, F. P. J. A. . "Muro baixo, o povo pula": iniciativas institucionais de
participação digital e seus desafios fundamentais. Opinião Pública (UNICAMP.
Impresso), v. 16, p. 117-142, 2010.
NORRIS, P. Preaching To the Converted? Pluralism, Participation and Party Websites.
Party Politics 9(1), p. 21-45, 2003.