1. http://correio.rac.com.br/_conteudo/2015/06/capa/campinas_e_rmc/290671-sanasa-
aguarda-estudo-da-usp-sobre-agua-de-esgoto-tratado.html 24/6/15
Sanasa aguarda estudo da USP sobre água
de esgoto tratado
Duas opções estão em análise: construir estação de tratamento de
água para deixar águia de esgoto potável ou descarregar a água de
reúso nos rios para aumentar a vazão nos pontos de captação
24/06/2015 - 05h00 - Atualizado em 24/06/2015 - 13h21 | Maria Teresa Costa
teresa@rac.com.br
Foto: César Rodrigues/AAN
O operador Alexander Pereira da Silva visita estação produtora de água de reuso da Sanasa
no Campina Grande
A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) aguarda estudos
encomendados ao Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra) da
Universidade de São Paulo (USP) para definir a melhor alternativa para abastecer
Campinas com água de esgoto tratado.
Duas opções estão em análise - construir uma nova estação de tratamento de água para
potabilizar a água do esgoto tratado ou implantar adutoras para descarregar a água de
2. reúso nos rios Capivari e Atibaia e poder, assim, aumentar a vazão nos pontos de
captação para abastecimento.
O presidente da Sanasa, Arly de Lara Romêo, disse na terça-feira (23) que a empresa já
decidiu que vai usar a água do esgoto tratada para reforçar o abastecimento público e só
espera os estudos que mostrarão a forma mais segura para fazer isso.
O estudo do Cirra, que vem sendo negociado desde fevereiro, está em vias de ser
contratado - o maior especialista brasileiro em reúso, o professor Ivanildo Hespanhol,
comanda as avaliações necessárias.
Se for viável o tratamento da água de reúso para ser distribuída à população, a Sanasa irá
construir uma nova estação, ao lado da Estação Produtora de Água de Reúso (Epar).
A chamada potabilização de água de reúso é bastante utilizada no exterior, mas não tem
exemplos no Brasil.
A Sanasa deverá ser pioneira no sistema que abastece regiões nos Estados Unidos, como
Nova Iorque, Texas, ou países como Singapura, Namíbia, Africa do Sul, Austrália.
O projeto é complementar o tratamento da água de reuso com dois ou três processos que
serão objeto do estudo e fazer a distribuição na rede.
Isso implicará na adoção de um sistema oxidativo avançado, o uso de carvão ativado e
demais químicas necessárias para garantir a potabilidade, dentro do que prevê a
legislação definida pela portaria 2914 do Ministério da Saúde.
O estudo vai avaliar também parâmetros que serão exigidos do órgão controlador de
qualidade, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), como avaliações de
toxicidade, mutagenicidade e poluentes emergentes como hormônios, cosméticos,
fármacos e biológicos.
O tratamento do esgoto feito pela Sanasa produz, segundo a empresa, uma água com
99% de pureza - membranas ultrafiltrantes são usadas no tratamento de efluentes. São
fibras ocas com porosidade nominal de 0,04µm (micras), milhares de vezes menores que o
diâmetro de um fio de cabelo.
Essa tecnologia, importada da Hungria, permite a remoção de vírus, bactérias, sólidos e
nutrientes, deixando a água com 99% de pureza para reúso industrial. A operação é
totalmente automática e com baixo consumo de produtos químicos.
Como esse tratamento retira tudo da água, inclusive os minerais, será preciso ter um
reservatório para fazer o balanceamento químico, que poderá ocorrer com a mistura da
água de reúso e água potável e a adição de produtos químicos.
É um processo mais econômico de abastecimento porque o custo de uma rede de água
representa dois terço do custo total de abastecimento.
A Sanasa planeja usar a água de reúso para fins potáveis como mais um manancial de
abastecimento da cidade, que hoje depende exclusivamente da água que passa nos rios
3. Atibaia e que abastece 95% de Campinas, e Capivari, responsável pelo fornecimento para
5% da cidade.
Debate sobre reúso
A Comissão Especial da Crise Hídrica da Câmara dos Deputados fará audiência pública
em Campinas, na próxima sexta-feira, para debater o reúso da água como alternativa de
consumo.
O objetivo da audiência é ouvir a população em relação a essa alternativa para consumo
em Campinas e região. A audiência ocorrerá por requerimento do deputado federal Luiz
Lauro Filho, que integra a comissão.
Estão previstas as presenças de representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), e
dos presidente e relator da comissão, Celso Pansera (PMDB) e Givaldo Vieira (PT),
respectivamente.
A água de reúso será também tema de discussão hoje, no encontro do Sindicato Nacional
das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Sindcon), que
ocorrerá no Hotel Mercure, em Campinas, às 9h. Ivanildo Hespanhol, da USP, é o
convidado do evento.
Além dele, serão apresentados durante o encontro as experiências bem-sucedidas das
concessionárias privadas em reuso, como o projeto Aquapolo, do ABC Paulista, e a
estação de tratamento de água de reuso da Prolagos, na região dos Lagos, Rio de
Janeiro.