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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – ECI
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA – 2º PERÍODO - NOTURNO
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
PROF. WELDER
ALUNOS: Eliane de Oliveira Santos,
Elisete Sousa, Jaíro Rodrigues, Regina Lúcia e Rita de Cássia Gonçalves

“OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS” - FILME
UMA REFLEXÃO
&
LINHA DE TEMPO: CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO – ÂMBITO
NACIONAL E INTERNACIONAL

BELO HORIZONTE, 10 DE NOVEMBRO DE 2010
"OS SUJEITOS E ORGANIZAÇÕES GERAM E USAM INFORMAÇÃO, DE
ACORDO COM AS DIVERSAS SITUAÇÕES, OS DIFERENTES EFEITOS
DE SENTIDO E OS DIVERSOS CONTEXTOS QUE ESTÃO INSERIDOS.
DESSA FORMA O CONCEITO DE REGIME DE INFORMAÇÃO AUXILIA
NA DEFINIÇÃO E NA IMPLANTAÇÃO DE UMA POLITICA DE
INFORMAÇÃO".

1- INTRODUÇÃO

O conceito de cultura é amplo, rico e plural , merece uma abordagem coerente
com a multiplicidade . Impossível falar de cultura e sociedades sem medir o valor que
cada uma ocupa no cenário humano e social . Não existe apenas um ponto de vista
quando se analisa o modo de vida de um povo.

É pertinente falar de culturas no

plural por tratar-se de um conceito que implica diversidade,

hábitos, estilos de vida,

linguagem, costumes , religiosidade , símbolos que norteiam milhares de pessoas ao
longo da história da humanidade. Refletir e abordar sobre a cultura de um povo é uma
tarefa minuciosa, exige do expectador um olhar comprometido com a multiplicidade,
respeito e sensibilidade, uma vez que assistir a forma de vida de um povo é muitíssimo
diferente de „estar lá‟ com esse povo.
Os seres humanos nascem e herdam de sua comunidade um conjunto de atitudes
previamente formadas, um legado , pode-se dizer construído pelos antepassados e que
provavelmente os acompanharão pela vida toda. De acordo com (BERGER, 1988) o
homem se localiza, “com precisão no mapa social”, a partir daí suas atitudes ao longo
de sua vida irão de encontro com o modo de vida do seu grupo. A pessoa age dentro da
comunidade conforme um conjunto estruturado de informações recebidas e vivenciadas
pelos integrantes de sua cultura.
Este trabalho teve como objetivo compreender como se dá a organização da
informação, bem como a sua transmissão para uma determinada comunidade, levando
em consideração que os homens

se utilizam de linguagens diferenciadas para

transmitirem informação e aquisição do conhecimento.
O

ponto de partida foi assistir ao filme proposto pelo professor Welder ,

intitulado “Os deuses devem estar loucos” , fazer uma reflexão e para melhor elucidar a
compreensão do

filme, ressaltamos a necessidade de dividir o

trabalho em dois

2
momentos: a abordagem do filme e personagem central num primeiro momento e as
considerações finais relacionando –o com o tema proposto.
2- “OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS” – O FILME
Trata-se da narrativa sobre a trajetória de um habitante boxímano1 que sai de
sua aldeia para devolver uma „garrafa‟ ao seu dono. A história não é tão simples como
num primeiro momento pode-se pensar, afinal vida do personagem central , Xi, ganha
dimensões inusitadas a partir do momento em que caiu do “Céu” uma garrafa de cocacola vazia em meio ao lugar em que vivia . Para o boxímano foi uma experiência
mística , “mensagem” dos deuses; ao ocidental e „civilizado‟ , não passava de uma
garrafa vazia de refrigerante e ressalta-se que foi um ato mal educado do sujeito que
atirou a garrafa pela janela de um avião monomotor, um “pássaro barulhento” .
A história do filme é uma sucessão de fatos repletos de significados , um
verdadeiro “encontro de culturas” - cada uma com suas especificidades e possuidoras
de linguagem singular, uma verdadeira “teia” de informações para os seus receptores.
De um lado , temos uma tribo que sobrevive numa região árida, ágrafa, sem divisão de
classes provavelmente , surpreendida com um „presente‟ supostamente enviado pelos
“deuses”, até então, nunca visto por nenhum dos remanescentes deste povo. Por outro,
uma civilização tida como evoluída, técnica, industrial, racional, oriunda da cidade ,
conhecedora da escrita e exposta a todos os problemas e soluções inerentes ao sistema
capitalista do mundo moderno.
Para os nativos da aldeia habituados aos costumes bem diferentes dos ocidentais,
o objeto „ garrafa vazia‟ foi num primeiro momento uma grande novidade, contudo,
não tardou muito tornar-se um empecilho para o bom funcionamento da comunidade ,
causando transtornos ao modo de vida da população.
A família de Xi

sentia-se feliz, unida – valorizavam a sabedoria dos mais

velhos e tratavam com carinho as crianças da aldeia. Os pequenos eram obedientes ao
que parece e retribuíam o respeito por todos. Nem Xi ou os mais velhos castigavam ou
1

Povo sul africano. Os boxímanes povo do Kalahari aprendeu a viver nesta região inóspita da África, se
adaptando ao ambiente, que pode ser presenciado em algumas partes do filme, tais como: conhecem
através da vivência dos mais velhos, os locais corretos para recolherem as raízes, e delas retirarem o
alimento e a água. A caça, somente para o sustento do grupo, a rudimentar técnica de espalhar folhas das
árvores no solo , para que o orvalho as atingisse durante a noite e de manhã poderia recolher as gotículas
que se formavam sobre as mesmas.

3
falavam grosseiramente com as crianças. Possuíam uma maneira própria para fazer
valerem a autoridade. A concepção de propriedade privada era inexistente naquela
aldeia , uma coisa tão comum no mundo „civilizado‟ que por vezes esquece-se de
que podem

ainda existir comunidades

onde

a terra pertence

a todos.

Logo

pretenderam dividir a garrafa, ou melhor, o bem comum ; tentaram , porém , não foi
possível. A solução seria o uso comunitário, também não funcionou uma vez que
aquele objeto começava a causar uma estranheza de sentimentos : inveja, sentimento de
posse, ciúmes e até a violência . A harmonia desde então entre os membros da
comunidade fora quebrada e o jeito seria livrar-se daquele objeto definido por Xi como
“coisa maligna” e assim, ele parte em busca do “fim da terra” para devolver o que não
lhes pertenciam.
O caminho que Xi percorreria não seria um dos mais fáceis dada às mais
variadas circunstâncias. Ao sentir fome, matou um animal, afinal, a caça era um meio de
saciar a fome do grupo em seu habitat – logo, foi preso pelas autoridades por ter
invadido uma propriedade alheia. Para complicar a linguagem era um ruído – não se
comunicavam . O intérprete de Xi (por acaso) não tinha compreensão do mundo de
significados de „Xi‟ e como explicar a ele o que era um castigo, o sentido da punição.
No mundo dos homens das cidades , estar atrás das grades é o resultado por infringir a
lei ; agora imaginemos o que seria

para um habitante das florestas, que vivia

praticamente desnudo submeter-se às leis dos homens da cidade?
Pois bem, para o mundo de Xi o que representariam os murmúrios daqueles
homens desconhecidos (juízes, advogados )? Punição? Castigo? Certamente

não

saberia, como não entendeu o que estava acontecendo . Seus sentimentos e crenças não
admitiam tais coisas. O confinamento a que submetido

lhe causou

uma tristeza

profunda (depressão) . O “choque cultural” no sentido antropológico “descreve o
impacto de uma cultura totalmente nova sobre um recém-chegado” (BERGER,p.33 ),
um estranhamento. O mundo de Xi era permeado de fenômenos

diferentes das

representações simbólicas daqueles homens da cidade , no entanto , havia uma estrutura
interna que ordenava a vida na sua aldeia, fornecia –lhe os instrumentos necessários
para a vida em comunidade e resultava em satisfação e alegria de viver.

4
3- CONSIDERAÇÕES FINAIS

O relato do filme nos deu um paralelo entre culturas , uma distância entre as
diversas formas de linguagem, seja a falada, escrita, por meio de sinais, objetos e dos
contextos, mundo ocidental e mundo intocado natural, há quem diga que trata-se de um
mundo “selvagem” , ou “primitivo” ; no entanto, tornou-se possível fazer algumas
analogias :

as porteiras que surgiram ao longo do caminho devem ser mantidas

fechadas, não é necessário estar escrito;

os bandidos que assaltaram o posto de

gasolina, o objetivo era roubar: dinheiro e suprimentos, sobrevivência e ganância –
para a comunidade de Xi, dinheiro era inexistente, tanto que ele ao receber uma
gratificação , joga fora. Havia para a cultura de Xi outras formas de recompensas ; o
velho que não ouvia, não percebeu o roubo que ocorrera no posto; a professora branca
que chega na aldeia cheia de boas intenções e não conhece as tradições e os costumes
da comunidade , sua recepção foi calorosa através da musicalidade. A mulher loira
com suas características físicas nos evidencia que os padrões de beleza são relativos e
variam . Xi vê a professora e a percebe como uma mulher “feia”, “sem graça”.
O contexto informacional permitiu interpretações significativas : a chegada do
objeto ( informação) irá transformar a vida de todos da aldeia ( receptores /usuários). O
que foi um ato grosseiro de arremessar uma garrafa de vidro do alto de um avião
comprometeu a harmonia de um povo, quebrou a ordem concebida e pré-estabelecida
pelos membros daquela comunidade , provocou discórdia, se prevalecesse causaria
transtornos muito maiores , distanciou a família, colocou em risco a vida de um
habitante da aldeia que ao sair de seu habitat encontrou-se com formas de vida
totalmente diferentes e incompreensíveis . Os choques culturais foram inevitáveis,
contudo, houve aprendizados tanto pelo nativo Xi quanto pelos homens da cidade que
o acompanharam : a dependência entre eles criou uma interação , fosse pela barreira da
língua ou mesmo as técnicas diferenciadas para

lidarem com a natureza;

o

conhecimento da mata e o rastreamento de animais mostraram-se relevantes para os
colegas (veterinários) de Xi , os soníferos nas flechas serviram para capturar os
bandidos que assaltaram o posto e raptaram as crianças e professora.
Ocorreu um emaranhado de informações nos desdobramentos do filme, o que
refletiu a pluralidade cultural . Em meio às diversidades, quais seriam as tarefas de um
profissional da informação? Ao

profissional

da informação compete organizar a

informação de tal forma que seja possível a devida recuperação no momento oportuno
5
assim como a solução de problemas. E mais , ao definir e implementar uma política de
informação , o profissional responsável (gestor, gerente, bibliotecário) precisa conhecer
bem o usuário a que se destina , seu universo permeado de significados, as redes (teias)
em que estão envolvidos culturalmente, os símbolos, a linguagem, religiosidade , modo
de vida, valores econômicos.
A sociedade ocidental moderna tem seus pilares pautados na racionalidade,
individualismo , competitividade

e técnica ; privilegia o dinheiro, indústria, conforto,

consumismo, padrões estéticos, estabilidade econômica, diferença de classes, entre
outras coisas , no entanto, existem outras sociedades totalmente diferentes . A pergunta
se dá : como é elaborada e organizada uma informação partindo de premissas que não
são as mesmas do cientista da informação? Objetivar a finalidade da informação e o seu
destino/usuário, exige dos

gestores o conhecimento prévio do contexto vivenciado

pelos possíveis usuários. Os profissionais que lidam com a informação precisam
inteirar-se quanto à organização social, política e econômica de seus usuários. Ao
contrário, se o trabalho do profissional da informação não considerar a pluralidade
cultural e o mundo vivido dos usuários , sua gestão será um fracasso, os objetivos não
serão alcançados ,ainda que seja atender às pessoas situadas em um mesmo país, porém
, com necessidades diferentes.
À medida em que a tecnologia se expande, os limites de alcance desse
desenvolvimento só terá sentido se realizar as necessidades do grupo em questão, no
ambiente da comunidade , para lazer, estudos, universidades, escolas, bibliotecas,
arquivos – afinal as técnicas são utilizados para colaborar como o trabalho humano.

O filme mostrou que há formas diferentes de vida e consequentemente as
necessidades de informação das pessoas são variadas . O modelo informacional que faz
a hermenêutica entre a comunidade e suas necessidades nos parece o mais adequado .
O que isso representa para o profissional da informação é de suma importância , porque
ao estabelecer uma política de informação em uma determinada unidade de informação
, esta deve ser

coerente com o mundo vivido das pessoas (usuários) , além , de

realizar uma interação entre técnica e subjetividade, uma política que esteja em
consonância com os interesses dos usuários alcança seus objetivos. Efetivamente
informação e conhecimento devem estar a serviço das coletividades e para a realização
do bem comum. Neste sentido o filme foi didático e proveitoso , relevante para o

6
entendimento das várias formas de comunicação, necessidades

e transmissão da

informação.

4- REFERÊNCIAS

BERGER, Peter L. Perspectivas sociológicas: uma visão humanística . Petrópolis:
Vozes,1986.208p.
CÉNDON, Beatriz Valadares Et Al . Ciência da informação e biblioteconomia: novos
conteúdos e espaços de atuação. OLIVEIRA, Marlene (Org.).Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2005.
OS DEUSES devem estar loucos. Direção e produção Jamie Uys. Los Angeles:
Columbia Tristar, 1980. 1dvd. (110 min): son. cor.

2- LINHA DE TEMPO EM ÂMBITO

NACIONAL E INTERNACIONAL DA

CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.

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Os deuses devem estar loucos trabalho completo de fundamentos-filme e linha de tempo

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – ECI CURSO DE BIBLIOTECONOMIA – 2º PERÍODO - NOTURNO DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO PROF. WELDER ALUNOS: Eliane de Oliveira Santos, Elisete Sousa, Jaíro Rodrigues, Regina Lúcia e Rita de Cássia Gonçalves “OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS” - FILME UMA REFLEXÃO & LINHA DE TEMPO: CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO – ÂMBITO NACIONAL E INTERNACIONAL BELO HORIZONTE, 10 DE NOVEMBRO DE 2010
  • 2. "OS SUJEITOS E ORGANIZAÇÕES GERAM E USAM INFORMAÇÃO, DE ACORDO COM AS DIVERSAS SITUAÇÕES, OS DIFERENTES EFEITOS DE SENTIDO E OS DIVERSOS CONTEXTOS QUE ESTÃO INSERIDOS. DESSA FORMA O CONCEITO DE REGIME DE INFORMAÇÃO AUXILIA NA DEFINIÇÃO E NA IMPLANTAÇÃO DE UMA POLITICA DE INFORMAÇÃO". 1- INTRODUÇÃO O conceito de cultura é amplo, rico e plural , merece uma abordagem coerente com a multiplicidade . Impossível falar de cultura e sociedades sem medir o valor que cada uma ocupa no cenário humano e social . Não existe apenas um ponto de vista quando se analisa o modo de vida de um povo. É pertinente falar de culturas no plural por tratar-se de um conceito que implica diversidade, hábitos, estilos de vida, linguagem, costumes , religiosidade , símbolos que norteiam milhares de pessoas ao longo da história da humanidade. Refletir e abordar sobre a cultura de um povo é uma tarefa minuciosa, exige do expectador um olhar comprometido com a multiplicidade, respeito e sensibilidade, uma vez que assistir a forma de vida de um povo é muitíssimo diferente de „estar lá‟ com esse povo. Os seres humanos nascem e herdam de sua comunidade um conjunto de atitudes previamente formadas, um legado , pode-se dizer construído pelos antepassados e que provavelmente os acompanharão pela vida toda. De acordo com (BERGER, 1988) o homem se localiza, “com precisão no mapa social”, a partir daí suas atitudes ao longo de sua vida irão de encontro com o modo de vida do seu grupo. A pessoa age dentro da comunidade conforme um conjunto estruturado de informações recebidas e vivenciadas pelos integrantes de sua cultura. Este trabalho teve como objetivo compreender como se dá a organização da informação, bem como a sua transmissão para uma determinada comunidade, levando em consideração que os homens se utilizam de linguagens diferenciadas para transmitirem informação e aquisição do conhecimento. O ponto de partida foi assistir ao filme proposto pelo professor Welder , intitulado “Os deuses devem estar loucos” , fazer uma reflexão e para melhor elucidar a compreensão do filme, ressaltamos a necessidade de dividir o trabalho em dois 2
  • 3. momentos: a abordagem do filme e personagem central num primeiro momento e as considerações finais relacionando –o com o tema proposto. 2- “OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS” – O FILME Trata-se da narrativa sobre a trajetória de um habitante boxímano1 que sai de sua aldeia para devolver uma „garrafa‟ ao seu dono. A história não é tão simples como num primeiro momento pode-se pensar, afinal vida do personagem central , Xi, ganha dimensões inusitadas a partir do momento em que caiu do “Céu” uma garrafa de cocacola vazia em meio ao lugar em que vivia . Para o boxímano foi uma experiência mística , “mensagem” dos deuses; ao ocidental e „civilizado‟ , não passava de uma garrafa vazia de refrigerante e ressalta-se que foi um ato mal educado do sujeito que atirou a garrafa pela janela de um avião monomotor, um “pássaro barulhento” . A história do filme é uma sucessão de fatos repletos de significados , um verdadeiro “encontro de culturas” - cada uma com suas especificidades e possuidoras de linguagem singular, uma verdadeira “teia” de informações para os seus receptores. De um lado , temos uma tribo que sobrevive numa região árida, ágrafa, sem divisão de classes provavelmente , surpreendida com um „presente‟ supostamente enviado pelos “deuses”, até então, nunca visto por nenhum dos remanescentes deste povo. Por outro, uma civilização tida como evoluída, técnica, industrial, racional, oriunda da cidade , conhecedora da escrita e exposta a todos os problemas e soluções inerentes ao sistema capitalista do mundo moderno. Para os nativos da aldeia habituados aos costumes bem diferentes dos ocidentais, o objeto „ garrafa vazia‟ foi num primeiro momento uma grande novidade, contudo, não tardou muito tornar-se um empecilho para o bom funcionamento da comunidade , causando transtornos ao modo de vida da população. A família de Xi sentia-se feliz, unida – valorizavam a sabedoria dos mais velhos e tratavam com carinho as crianças da aldeia. Os pequenos eram obedientes ao que parece e retribuíam o respeito por todos. Nem Xi ou os mais velhos castigavam ou 1 Povo sul africano. Os boxímanes povo do Kalahari aprendeu a viver nesta região inóspita da África, se adaptando ao ambiente, que pode ser presenciado em algumas partes do filme, tais como: conhecem através da vivência dos mais velhos, os locais corretos para recolherem as raízes, e delas retirarem o alimento e a água. A caça, somente para o sustento do grupo, a rudimentar técnica de espalhar folhas das árvores no solo , para que o orvalho as atingisse durante a noite e de manhã poderia recolher as gotículas que se formavam sobre as mesmas. 3
  • 4. falavam grosseiramente com as crianças. Possuíam uma maneira própria para fazer valerem a autoridade. A concepção de propriedade privada era inexistente naquela aldeia , uma coisa tão comum no mundo „civilizado‟ que por vezes esquece-se de que podem ainda existir comunidades onde a terra pertence a todos. Logo pretenderam dividir a garrafa, ou melhor, o bem comum ; tentaram , porém , não foi possível. A solução seria o uso comunitário, também não funcionou uma vez que aquele objeto começava a causar uma estranheza de sentimentos : inveja, sentimento de posse, ciúmes e até a violência . A harmonia desde então entre os membros da comunidade fora quebrada e o jeito seria livrar-se daquele objeto definido por Xi como “coisa maligna” e assim, ele parte em busca do “fim da terra” para devolver o que não lhes pertenciam. O caminho que Xi percorreria não seria um dos mais fáceis dada às mais variadas circunstâncias. Ao sentir fome, matou um animal, afinal, a caça era um meio de saciar a fome do grupo em seu habitat – logo, foi preso pelas autoridades por ter invadido uma propriedade alheia. Para complicar a linguagem era um ruído – não se comunicavam . O intérprete de Xi (por acaso) não tinha compreensão do mundo de significados de „Xi‟ e como explicar a ele o que era um castigo, o sentido da punição. No mundo dos homens das cidades , estar atrás das grades é o resultado por infringir a lei ; agora imaginemos o que seria para um habitante das florestas, que vivia praticamente desnudo submeter-se às leis dos homens da cidade? Pois bem, para o mundo de Xi o que representariam os murmúrios daqueles homens desconhecidos (juízes, advogados )? Punição? Castigo? Certamente não saberia, como não entendeu o que estava acontecendo . Seus sentimentos e crenças não admitiam tais coisas. O confinamento a que submetido lhe causou uma tristeza profunda (depressão) . O “choque cultural” no sentido antropológico “descreve o impacto de uma cultura totalmente nova sobre um recém-chegado” (BERGER,p.33 ), um estranhamento. O mundo de Xi era permeado de fenômenos diferentes das representações simbólicas daqueles homens da cidade , no entanto , havia uma estrutura interna que ordenava a vida na sua aldeia, fornecia –lhe os instrumentos necessários para a vida em comunidade e resultava em satisfação e alegria de viver. 4
  • 5. 3- CONSIDERAÇÕES FINAIS O relato do filme nos deu um paralelo entre culturas , uma distância entre as diversas formas de linguagem, seja a falada, escrita, por meio de sinais, objetos e dos contextos, mundo ocidental e mundo intocado natural, há quem diga que trata-se de um mundo “selvagem” , ou “primitivo” ; no entanto, tornou-se possível fazer algumas analogias : as porteiras que surgiram ao longo do caminho devem ser mantidas fechadas, não é necessário estar escrito; os bandidos que assaltaram o posto de gasolina, o objetivo era roubar: dinheiro e suprimentos, sobrevivência e ganância – para a comunidade de Xi, dinheiro era inexistente, tanto que ele ao receber uma gratificação , joga fora. Havia para a cultura de Xi outras formas de recompensas ; o velho que não ouvia, não percebeu o roubo que ocorrera no posto; a professora branca que chega na aldeia cheia de boas intenções e não conhece as tradições e os costumes da comunidade , sua recepção foi calorosa através da musicalidade. A mulher loira com suas características físicas nos evidencia que os padrões de beleza são relativos e variam . Xi vê a professora e a percebe como uma mulher “feia”, “sem graça”. O contexto informacional permitiu interpretações significativas : a chegada do objeto ( informação) irá transformar a vida de todos da aldeia ( receptores /usuários). O que foi um ato grosseiro de arremessar uma garrafa de vidro do alto de um avião comprometeu a harmonia de um povo, quebrou a ordem concebida e pré-estabelecida pelos membros daquela comunidade , provocou discórdia, se prevalecesse causaria transtornos muito maiores , distanciou a família, colocou em risco a vida de um habitante da aldeia que ao sair de seu habitat encontrou-se com formas de vida totalmente diferentes e incompreensíveis . Os choques culturais foram inevitáveis, contudo, houve aprendizados tanto pelo nativo Xi quanto pelos homens da cidade que o acompanharam : a dependência entre eles criou uma interação , fosse pela barreira da língua ou mesmo as técnicas diferenciadas para lidarem com a natureza; o conhecimento da mata e o rastreamento de animais mostraram-se relevantes para os colegas (veterinários) de Xi , os soníferos nas flechas serviram para capturar os bandidos que assaltaram o posto e raptaram as crianças e professora. Ocorreu um emaranhado de informações nos desdobramentos do filme, o que refletiu a pluralidade cultural . Em meio às diversidades, quais seriam as tarefas de um profissional da informação? Ao profissional da informação compete organizar a informação de tal forma que seja possível a devida recuperação no momento oportuno 5
  • 6. assim como a solução de problemas. E mais , ao definir e implementar uma política de informação , o profissional responsável (gestor, gerente, bibliotecário) precisa conhecer bem o usuário a que se destina , seu universo permeado de significados, as redes (teias) em que estão envolvidos culturalmente, os símbolos, a linguagem, religiosidade , modo de vida, valores econômicos. A sociedade ocidental moderna tem seus pilares pautados na racionalidade, individualismo , competitividade e técnica ; privilegia o dinheiro, indústria, conforto, consumismo, padrões estéticos, estabilidade econômica, diferença de classes, entre outras coisas , no entanto, existem outras sociedades totalmente diferentes . A pergunta se dá : como é elaborada e organizada uma informação partindo de premissas que não são as mesmas do cientista da informação? Objetivar a finalidade da informação e o seu destino/usuário, exige dos gestores o conhecimento prévio do contexto vivenciado pelos possíveis usuários. Os profissionais que lidam com a informação precisam inteirar-se quanto à organização social, política e econômica de seus usuários. Ao contrário, se o trabalho do profissional da informação não considerar a pluralidade cultural e o mundo vivido dos usuários , sua gestão será um fracasso, os objetivos não serão alcançados ,ainda que seja atender às pessoas situadas em um mesmo país, porém , com necessidades diferentes. À medida em que a tecnologia se expande, os limites de alcance desse desenvolvimento só terá sentido se realizar as necessidades do grupo em questão, no ambiente da comunidade , para lazer, estudos, universidades, escolas, bibliotecas, arquivos – afinal as técnicas são utilizados para colaborar como o trabalho humano. O filme mostrou que há formas diferentes de vida e consequentemente as necessidades de informação das pessoas são variadas . O modelo informacional que faz a hermenêutica entre a comunidade e suas necessidades nos parece o mais adequado . O que isso representa para o profissional da informação é de suma importância , porque ao estabelecer uma política de informação em uma determinada unidade de informação , esta deve ser coerente com o mundo vivido das pessoas (usuários) , além , de realizar uma interação entre técnica e subjetividade, uma política que esteja em consonância com os interesses dos usuários alcança seus objetivos. Efetivamente informação e conhecimento devem estar a serviço das coletividades e para a realização do bem comum. Neste sentido o filme foi didático e proveitoso , relevante para o 6
  • 7. entendimento das várias formas de comunicação, necessidades e transmissão da informação. 4- REFERÊNCIAS BERGER, Peter L. Perspectivas sociológicas: uma visão humanística . Petrópolis: Vozes,1986.208p. CÉNDON, Beatriz Valadares Et Al . Ciência da informação e biblioteconomia: novos conteúdos e espaços de atuação. OLIVEIRA, Marlene (Org.).Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. OS DEUSES devem estar loucos. Direção e produção Jamie Uys. Los Angeles: Columbia Tristar, 1980. 1dvd. (110 min): son. cor. 2- LINHA DE TEMPO EM ÂMBITO NACIONAL E INTERNACIONAL DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO. 7
  • 8. 8
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