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Desde a noite anterior que três regimentos haviam-se
deslocado dos quartéis em São Cristóvão para o Campo
 da Aclamação, depois Praça da República e mais tarde
  Campo de Santana. Duas dessas unidades eram de
    Artilharia, com canhões e cunhetes de munição.

   Declaravam-se rebelados contra o primeiro-ministro,
visconde de Ouro Preto, a quem queriam ver substituído
  por ato do imperador. Desde junho, quando assumira,
Ouro Preto se demonstrara um verdadeiro representante
  do poder civil aristocrático. Não queria os militares no
 palco, eles que desde a Guerra do Paraguai passaram a
   atores importantes. Boatos corriam as ruas da velha
capital dando conta de que Ouro Preto preparava-se para
   dissolver o Exército, fazendo voltar à antiga Guarda
Nacional, oligárquica porque dominada por fazendeiros e
        nobres, sem maiores destinações militares.
O ministério encontrava-se reunido bem defronte à tropa
   revoltada, no prédio do antigo Ministério da Guerra,
depois demolido e substituído pelo palácio atual, ao lado
    da Central do Brasil. Faltava apenas o ministro da
Marinha. Ouro Preto, cioso de sua autoridade, chamou à
 janela do segundo andar o secretário-geral do Exército,
      obviamente legalista, general Floriano Peixoto.
Passou-lhe uma descompostura dizendo dispor o governo
 de tropa superior àqueles baderneiros, estacionada nos
  fundos do ministério. Exortou-o a atacar os rebeldes à
     baioneta, mesmo que os canhões começassem a
 disparar: "No Paraguai, entre uma descarga e outra, em
   condições muito mais adversas, tomávamos as peças
                    deles à baioneta.“
A resposta definiria os destinos do regime monárquico:
"É, senhor visconde, mas no Paraguai lutávamos contra
                      paraguaios..."
A madrugada do dia 15 ia alta e nada acontecia. Foi
  quando dois dos majores comandantes da rebelião
chegaram à conclusão de que nada aconteceria mesmo
     se não dispusessem de um chefe de invulgar
            popularidade para conduzi-los.
  Alguém lembrou que numa casinha simples, logo ali ao
 lado, morava um dos mais prestigiados chefes militares,
   herói da Guerra do Paraguai e posto em desgraça por
desavenças com o governo civil. Era o marechal Deodoro
da Fonseca, que dias atrás, procurado por meia-dúzia de
     republicanos, negara-se com veemência a aderir à
conspiração de papel. Era amigo pessoal do imperador e,
    como a quase totalidade da população, só admitiria
  pensar na República depois que o imperador morresse.
 Bateram na porta e a mulher do marechal os atendeu
  com o cabo de vassoura na mão. "Querem o quê? O
    Manoel está doente, com 40 graus de febre. Vão
                      embora!"
O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, de pijamas,
   acordou e quis saber o que se passava. Um dos majores
mentiu, informando que naquela manhã Ouro Preto assinaria
  decreto dissolvendo o Exército. O velho soldado irritou-se,
    vestiu a farda e dispôs-se a liderar o movimento para a
substituição do primeiro-ministro. O imperador que nomeasse
                             outro.
  Trouxeram um cavalo encilhado, Deodoro não conseguiu
 montar, tão fraco estava. Veio uma charrete, que tomou o
 rumo de São Cristóvão, pois as notícias eram de que mais
  tropas vinham de lá, aderindo aos rebeldes. Na altura do
Canal do Mangue a charrete fez meia volta e seguiu na frente
 de novos batalhões. Até banda de música havia. Nenhuma
                 resistência dos legalistas.
As grades do pátio do Ministério da Guerra estavam fechadas
a cadeado. Já montado num cavalo baio, Deodoro exigiu que
abrissem os portões, o que aconteceu. Atrás dele ia a massa
de soldados revoltados, sem formação militar, entusiasmados
  e gritando a todo instante: "Viva Deodoro! Viva Deodoro!”
Desde o Paraguai que o marechal introduzira um novo
   costume: em vez de bater continência, à maneira dos
   ingleses, tirava diversas vezes o quépi da cabeça e o
 abanava para a tropa. Repetiu o gesto, gritando alto para
     ser ouvido: "Viva o imperador! Viva o imperador!“

  Subiram a escadaria que levava ao segundo andar, onde
    encontraram o ministério reunido ao redor de larga
 mesa, com Ouro Preto ao centro. O primeiro-ministro não
teve a delicadeza de pedir a Deodoro que se sentasse, para
conversarem. De pé, e com a febre ainda mais adiantada, o
   marechal não conseguia articular direito as palavras.
 Repetiu diversas vezes a indignação do Exército diante das
grosserias do poder civil, sempre intercalando o comentário
     de que "nós que nos sacrificamos nos pântanos do
    Paraguai, nós que nos sacrificamos nos pântanos do
                         Paraguai"...
Foi quando Ouro Preto, irritado, deu um soco na mesa e
 exclamou: "Olha aqui, marechal, sacrifício muito maior do
que os senhores fizeram nos pântanos do Paraguai estou eu
fazendo agora, ouvindo as baboseiras de Vossa Excelência!“
  A reação foi o célebre "teje todo mundo preso!" Aquele
   mesmo grupo de republicanos de papel, que caberiam
   numa Kombi se já existissem Kombis, aproximou-se do
    marechal pedindo-lhe que considerasse a hipótese de
 naquele momento proclamar a República. Ele se insurgiu,
     repetindo sua amizade com o imperador. O coronel
Benjamim Constant, seu pupilo, atalhou: "Mas marechal, se
a República for proclamada, será governada por um ditador.
                E esse ditador é o senhor!".
  Diz a crônica que os olhos de Deodoro se arregalaram. A
     febre passou e menos de uma hora depois de haver
 invadido o pátio do ministério gritando "Viva o imperador!
Viva o imperador!", Deodoro montava de novo o cavalo baio
      e retirava-se, saudado pela tropa em paroxismo e
  respondendo às saudações com "Viva a República! Viva a
        República!". Estava proclamada a República...
(...) Em cerca de 40 minutos o marechal Deodoro da
  Fonseca mudara de idéia. Chefiara um movimento militar
  rebelde para depor o primeiro-ministro, visconde de Ouro
 Preto, mas terminara depondo o imperador e proclamado a
                         República.
Os revoltosos dividiram-se naquele instante. Alguns levaram
   Ouro Preto preso, para um quartel nas proximidades. O
ministro da Marinha, barão de Ladário, chegara atrasado, não
  conseguiu entrar no prédio do Ministério da Guerra e, ao
  tentar, foi baleado por oficiais insurrectos. Morreu o seu
   ajudante de ordens, no único tiroteio havido em todo o
                           episódio.
 O grosso da tropa, com Deodoro à frente, organizou-se para
 desfilar pela Rua Larga, hoje Rua Marechal Floriano e outras
      do centro do Rio. Com banda de música e um povo
apatetado nas calçadas, sem saber o que era aquilo. A notícia
   da proclamação da República custou a chegar à Rua do
 Ouvidor, onde ficavam as redações dos principais jornais. O
  marechal-ditador logo deixou a Parada da Vitória e voltou
para casa e o repouso imprescindível ao seu estado de saúde.
Os republicanos reuniram-se na casa de Benjamin Constant,
  em Laranjeiras, para preparar os decretos necessários ao
 novo regime. Eram poucos, além do anfitrião: Rui Barbosa,
  Quintino Bocaiúva, o major Sólon Ribeiro, Aristides Lobo
(autor da frase posterior de que o povo assistiu bestificado à
       proclamação da República) e mais dois ou três.

      E o imperador? O imperador estava em Petrópolis,
 veraneando. De madrugada recebeu um telegrama de Ouro
Preto, avisando da rebeldia militar e pedindo-lhe que viesse à
 capital. Antes de pegar o trem, que naqueles idos ligava as
duas cidades, telegrafou de volta a Ouro Preto, perguntando
  quem liderava a rebelião. Ao ser informado de que era o
 marechal Deodoro da Fonseca, comentou com a imperatriz:
               "Ora, o Manoel é meu amigo...".
Dispunha-se D. Pedro II a continuar a prática de muitos anos: se
 havia reclamações contra os primeiros-ministros, simplesmente os
 demitia e substituía por outros, até adversários. Ao descer a serra
   estava disposto a mandar Ouro Preto passear e até chegou a
comentar com auxiliares que nomearia o gaúcho Gaspar de Silveira
   Martins. Alguém o avisou da impossibilidade, porque Silveira
Martins, além de inimigo declarado de Deodoro, estava inatingível.
 Embarcara dois dias antes, de vapor, do Rio Grande do Sul para a
   capital federal. Só chegaria dentro de uma semana ou mais.

   O imperador dirigiu-se ao paço da Quinta da Boa Vista e ficou
    aguardando os acontecimentos. Surpreendeu-se quando, às
primeiras horas da tarde, viu retirada a guarnição de Cavalaria que
fazia a guarda de sua residência, substituída por tropa com ordens
                       para mantê-lo preso.

Como fazia todas as manhãs, a princesa Isabel e o marido, o conde
  D'Eu, saíram cedo do Palácio Guanabara, onde residiam, para
 cavalgar num areal chamado Botafogo. Retornaram por volta do
meio-dia e souberam que alguma confusão acontecia no centro da
     cidade e que o pai retornara de Petrópolis. Dirigiram-se
              imediatamente à Quinta da Boa Vista.
Enquanto isso se espalhava a notícia da
     proclamação da República. Na Câmara de
   Vereadores do Rio um vereador republicano e
jornalista, José do Patrocínio, convocou os colegas
   a aderirem ao novo regime. Juntou pequena
multidão e conclamou-a a comparecerem à casa de
Deodoro, para homenageá-lo. Chegaram ao fim da
        tarde, quando o marechal acordava.

  Assustou-se ao abrir a janela da sala e deparar
   com o povo entusiasmado, entre discursos de
  Patrocínio e outros. Agradeceu meio espantado,
dando lugar à versão de que a República havia sido
   proclamada duas vezes: uma no Ministério da
         Guerra, outra diante de sua casa.
Logo chegaram os republicanos ditos históricos e
   insistentes, com Benjamin Constant e Rui Barbosa à
frente. O baiano havia preparado os primeiros decretos
   para Deodoro assinar, extinguindo a monarquia e os
 títulos nobiliárquicos, considerando cidadãos brasileiros
        quantos se encontrassem no Brasil, mesmo
estrangeiros, desde que nada declarassem, revogando a
   Constituição do império, fechando Câmara e Senado,
    retirando da Igreja o privilégio de ser a religião do
                      Estado e outros.
  Improvisaram-se cadeiras. Diz a lenda que Deodoro
   reagiu. Se não esquecera, ao menos duvidava da
  eficiência do gesto anterior, quando o sol nascia. Foi
     convencido de que a República era irrevogável.
Foi quando o major Sólon Ribeiro, esfogueado, indagou
   sobre o que fariam com a família real. Ele mesmo
sugeriu: "Vamos fuzilá-los a todos para evitar qualquer
            movimento pela restauração!"
(...) Na tarde de 15 de novembro de 1889, Deodoro da Fonseca quis
  ou não voltar atrás no golpe perpetrado de madrugada, quando o
      sol começava a nascer? De qualquer forma, ao acabar com o
     Império, o generalíssimo cedeu ao império das circunstâncias.

Assinou todos os decretos que Rui Barbosa preparara mas indignou-
 se quando o major Sólon Ribeiro sugeriu o fuzilamento de toda a
 família real. O imperador era seu amigo. Assim, mandou preparar
outro decreto, dando a D. Pedro II uma dotação orçamentária capaz
    de prover-lhe o sustento na Europa, para onde seria exilado.

 O decreto não demorou a chegar à Quinta da Boa Vista, recebido
 pela princesa Isabel, que, a pedido do pai, recusou. A família real
   tinha 48 horas para deixar o Brasil e o faria apenas com seus
pertences, jóias e prataria. E um saquinho de terra brasileira tirada
do jardim, que o imperador destinou à almofada de seu sarcófago,
                         quando morresse.
A reunião na pequena casa de Deodoro prosseguia, ele começaria a
governar como presidente provisório da República, mas convocaria
      no ano seguinte eleições para uma Assembléia Nacional
 Constituinte, onde todos poderiam votar, menos os mendigos e as
                             mulheres.
Foi quando voltou-se à questão da família real. Havia, no porto do
Rio, um pequeno navio em condições de levar D. Pedro II até um
 vapor maior, estacionado nas costas da Ilha Grande, e que logo
   seguiria para a Europa. Estava tudo acertado quando veio a
pergunta: "E sob que bandeira o imperador viajará? Não pode ser
   a bandeira do Império, seria uma desmoralização para nós!".
Nessa hora ficou clara a precipitação da implantação da República
 entre nós. A República não tinha bandeira! Mandaram chamar
 uma costureira, vizinha de Deodoro, dando-lhe instruções para
  preparar nossa primeira bandeira republicana. Parece que a
        sugestão veio de Rui Barbosa, e assim foi feito.
  Ainda desfila nas paradas de 7 de setembro essa bandeira que
durou apenas alguns dias, sendo felizmente substituída pela antiga
 bandeira do Império, mas sem o brasão imperial no centro, posto
em seu lugar o lema positivista de "Ordem e Progresso", em meio
 às constelações do Hemisfério Sul. Mas o imperador viajou para a
     Europa debaixo de um pavilhão igualzinho ao dos Estados
Unidos, com stars and stripes, só que, em vez de listras brancas e
   vermelhas, apresentava listras verdes e amarelas... Qualquer
         semelhança terá sido apenas mera coincidência?

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A queda do Império e a proclamação da República Brasileira

  • 1.
  • 2.
  • 3. Desde a noite anterior que três regimentos haviam-se deslocado dos quartéis em São Cristóvão para o Campo da Aclamação, depois Praça da República e mais tarde Campo de Santana. Duas dessas unidades eram de Artilharia, com canhões e cunhetes de munição. Declaravam-se rebelados contra o primeiro-ministro, visconde de Ouro Preto, a quem queriam ver substituído por ato do imperador. Desde junho, quando assumira, Ouro Preto se demonstrara um verdadeiro representante do poder civil aristocrático. Não queria os militares no palco, eles que desde a Guerra do Paraguai passaram a atores importantes. Boatos corriam as ruas da velha capital dando conta de que Ouro Preto preparava-se para dissolver o Exército, fazendo voltar à antiga Guarda Nacional, oligárquica porque dominada por fazendeiros e nobres, sem maiores destinações militares.
  • 4.
  • 5. O ministério encontrava-se reunido bem defronte à tropa revoltada, no prédio do antigo Ministério da Guerra, depois demolido e substituído pelo palácio atual, ao lado da Central do Brasil. Faltava apenas o ministro da Marinha. Ouro Preto, cioso de sua autoridade, chamou à janela do segundo andar o secretário-geral do Exército, obviamente legalista, general Floriano Peixoto. Passou-lhe uma descompostura dizendo dispor o governo de tropa superior àqueles baderneiros, estacionada nos fundos do ministério. Exortou-o a atacar os rebeldes à baioneta, mesmo que os canhões começassem a disparar: "No Paraguai, entre uma descarga e outra, em condições muito mais adversas, tomávamos as peças deles à baioneta.“ A resposta definiria os destinos do regime monárquico: "É, senhor visconde, mas no Paraguai lutávamos contra paraguaios..."
  • 6.
  • 7. A madrugada do dia 15 ia alta e nada acontecia. Foi quando dois dos majores comandantes da rebelião chegaram à conclusão de que nada aconteceria mesmo se não dispusessem de um chefe de invulgar popularidade para conduzi-los. Alguém lembrou que numa casinha simples, logo ali ao lado, morava um dos mais prestigiados chefes militares, herói da Guerra do Paraguai e posto em desgraça por desavenças com o governo civil. Era o marechal Deodoro da Fonseca, que dias atrás, procurado por meia-dúzia de republicanos, negara-se com veemência a aderir à conspiração de papel. Era amigo pessoal do imperador e, como a quase totalidade da população, só admitiria pensar na República depois que o imperador morresse. Bateram na porta e a mulher do marechal os atendeu com o cabo de vassoura na mão. "Querem o quê? O Manoel está doente, com 40 graus de febre. Vão embora!"
  • 8.
  • 9. O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, de pijamas, acordou e quis saber o que se passava. Um dos majores mentiu, informando que naquela manhã Ouro Preto assinaria decreto dissolvendo o Exército. O velho soldado irritou-se, vestiu a farda e dispôs-se a liderar o movimento para a substituição do primeiro-ministro. O imperador que nomeasse outro. Trouxeram um cavalo encilhado, Deodoro não conseguiu montar, tão fraco estava. Veio uma charrete, que tomou o rumo de São Cristóvão, pois as notícias eram de que mais tropas vinham de lá, aderindo aos rebeldes. Na altura do Canal do Mangue a charrete fez meia volta e seguiu na frente de novos batalhões. Até banda de música havia. Nenhuma resistência dos legalistas. As grades do pátio do Ministério da Guerra estavam fechadas a cadeado. Já montado num cavalo baio, Deodoro exigiu que abrissem os portões, o que aconteceu. Atrás dele ia a massa de soldados revoltados, sem formação militar, entusiasmados e gritando a todo instante: "Viva Deodoro! Viva Deodoro!”
  • 10.
  • 11. Desde o Paraguai que o marechal introduzira um novo costume: em vez de bater continência, à maneira dos ingleses, tirava diversas vezes o quépi da cabeça e o abanava para a tropa. Repetiu o gesto, gritando alto para ser ouvido: "Viva o imperador! Viva o imperador!“ Subiram a escadaria que levava ao segundo andar, onde encontraram o ministério reunido ao redor de larga mesa, com Ouro Preto ao centro. O primeiro-ministro não teve a delicadeza de pedir a Deodoro que se sentasse, para conversarem. De pé, e com a febre ainda mais adiantada, o marechal não conseguia articular direito as palavras. Repetiu diversas vezes a indignação do Exército diante das grosserias do poder civil, sempre intercalando o comentário de que "nós que nos sacrificamos nos pântanos do Paraguai, nós que nos sacrificamos nos pântanos do Paraguai"...
  • 12.
  • 13. Foi quando Ouro Preto, irritado, deu um soco na mesa e exclamou: "Olha aqui, marechal, sacrifício muito maior do que os senhores fizeram nos pântanos do Paraguai estou eu fazendo agora, ouvindo as baboseiras de Vossa Excelência!“ A reação foi o célebre "teje todo mundo preso!" Aquele mesmo grupo de republicanos de papel, que caberiam numa Kombi se já existissem Kombis, aproximou-se do marechal pedindo-lhe que considerasse a hipótese de naquele momento proclamar a República. Ele se insurgiu, repetindo sua amizade com o imperador. O coronel Benjamim Constant, seu pupilo, atalhou: "Mas marechal, se a República for proclamada, será governada por um ditador. E esse ditador é o senhor!". Diz a crônica que os olhos de Deodoro se arregalaram. A febre passou e menos de uma hora depois de haver invadido o pátio do ministério gritando "Viva o imperador! Viva o imperador!", Deodoro montava de novo o cavalo baio e retirava-se, saudado pela tropa em paroxismo e respondendo às saudações com "Viva a República! Viva a República!". Estava proclamada a República...
  • 14.
  • 15. (...) Em cerca de 40 minutos o marechal Deodoro da Fonseca mudara de idéia. Chefiara um movimento militar rebelde para depor o primeiro-ministro, visconde de Ouro Preto, mas terminara depondo o imperador e proclamado a República. Os revoltosos dividiram-se naquele instante. Alguns levaram Ouro Preto preso, para um quartel nas proximidades. O ministro da Marinha, barão de Ladário, chegara atrasado, não conseguiu entrar no prédio do Ministério da Guerra e, ao tentar, foi baleado por oficiais insurrectos. Morreu o seu ajudante de ordens, no único tiroteio havido em todo o episódio. O grosso da tropa, com Deodoro à frente, organizou-se para desfilar pela Rua Larga, hoje Rua Marechal Floriano e outras do centro do Rio. Com banda de música e um povo apatetado nas calçadas, sem saber o que era aquilo. A notícia da proclamação da República custou a chegar à Rua do Ouvidor, onde ficavam as redações dos principais jornais. O marechal-ditador logo deixou a Parada da Vitória e voltou para casa e o repouso imprescindível ao seu estado de saúde.
  • 16.
  • 17. Os republicanos reuniram-se na casa de Benjamin Constant, em Laranjeiras, para preparar os decretos necessários ao novo regime. Eram poucos, além do anfitrião: Rui Barbosa, Quintino Bocaiúva, o major Sólon Ribeiro, Aristides Lobo (autor da frase posterior de que o povo assistiu bestificado à proclamação da República) e mais dois ou três. E o imperador? O imperador estava em Petrópolis, veraneando. De madrugada recebeu um telegrama de Ouro Preto, avisando da rebeldia militar e pedindo-lhe que viesse à capital. Antes de pegar o trem, que naqueles idos ligava as duas cidades, telegrafou de volta a Ouro Preto, perguntando quem liderava a rebelião. Ao ser informado de que era o marechal Deodoro da Fonseca, comentou com a imperatriz: "Ora, o Manoel é meu amigo...".
  • 18.
  • 19. Dispunha-se D. Pedro II a continuar a prática de muitos anos: se havia reclamações contra os primeiros-ministros, simplesmente os demitia e substituía por outros, até adversários. Ao descer a serra estava disposto a mandar Ouro Preto passear e até chegou a comentar com auxiliares que nomearia o gaúcho Gaspar de Silveira Martins. Alguém o avisou da impossibilidade, porque Silveira Martins, além de inimigo declarado de Deodoro, estava inatingível. Embarcara dois dias antes, de vapor, do Rio Grande do Sul para a capital federal. Só chegaria dentro de uma semana ou mais. O imperador dirigiu-se ao paço da Quinta da Boa Vista e ficou aguardando os acontecimentos. Surpreendeu-se quando, às primeiras horas da tarde, viu retirada a guarnição de Cavalaria que fazia a guarda de sua residência, substituída por tropa com ordens para mantê-lo preso. Como fazia todas as manhãs, a princesa Isabel e o marido, o conde D'Eu, saíram cedo do Palácio Guanabara, onde residiam, para cavalgar num areal chamado Botafogo. Retornaram por volta do meio-dia e souberam que alguma confusão acontecia no centro da cidade e que o pai retornara de Petrópolis. Dirigiram-se imediatamente à Quinta da Boa Vista.
  • 20.
  • 21. Enquanto isso se espalhava a notícia da proclamação da República. Na Câmara de Vereadores do Rio um vereador republicano e jornalista, José do Patrocínio, convocou os colegas a aderirem ao novo regime. Juntou pequena multidão e conclamou-a a comparecerem à casa de Deodoro, para homenageá-lo. Chegaram ao fim da tarde, quando o marechal acordava. Assustou-se ao abrir a janela da sala e deparar com o povo entusiasmado, entre discursos de Patrocínio e outros. Agradeceu meio espantado, dando lugar à versão de que a República havia sido proclamada duas vezes: uma no Ministério da Guerra, outra diante de sua casa.
  • 22.
  • 23. Logo chegaram os republicanos ditos históricos e insistentes, com Benjamin Constant e Rui Barbosa à frente. O baiano havia preparado os primeiros decretos para Deodoro assinar, extinguindo a monarquia e os títulos nobiliárquicos, considerando cidadãos brasileiros quantos se encontrassem no Brasil, mesmo estrangeiros, desde que nada declarassem, revogando a Constituição do império, fechando Câmara e Senado, retirando da Igreja o privilégio de ser a religião do Estado e outros. Improvisaram-se cadeiras. Diz a lenda que Deodoro reagiu. Se não esquecera, ao menos duvidava da eficiência do gesto anterior, quando o sol nascia. Foi convencido de que a República era irrevogável. Foi quando o major Sólon Ribeiro, esfogueado, indagou sobre o que fariam com a família real. Ele mesmo sugeriu: "Vamos fuzilá-los a todos para evitar qualquer movimento pela restauração!"
  • 24.
  • 25. (...) Na tarde de 15 de novembro de 1889, Deodoro da Fonseca quis ou não voltar atrás no golpe perpetrado de madrugada, quando o sol começava a nascer? De qualquer forma, ao acabar com o Império, o generalíssimo cedeu ao império das circunstâncias. Assinou todos os decretos que Rui Barbosa preparara mas indignou- se quando o major Sólon Ribeiro sugeriu o fuzilamento de toda a família real. O imperador era seu amigo. Assim, mandou preparar outro decreto, dando a D. Pedro II uma dotação orçamentária capaz de prover-lhe o sustento na Europa, para onde seria exilado. O decreto não demorou a chegar à Quinta da Boa Vista, recebido pela princesa Isabel, que, a pedido do pai, recusou. A família real tinha 48 horas para deixar o Brasil e o faria apenas com seus pertences, jóias e prataria. E um saquinho de terra brasileira tirada do jardim, que o imperador destinou à almofada de seu sarcófago, quando morresse. A reunião na pequena casa de Deodoro prosseguia, ele começaria a governar como presidente provisório da República, mas convocaria no ano seguinte eleições para uma Assembléia Nacional Constituinte, onde todos poderiam votar, menos os mendigos e as mulheres.
  • 26.
  • 27. Foi quando voltou-se à questão da família real. Havia, no porto do Rio, um pequeno navio em condições de levar D. Pedro II até um vapor maior, estacionado nas costas da Ilha Grande, e que logo seguiria para a Europa. Estava tudo acertado quando veio a pergunta: "E sob que bandeira o imperador viajará? Não pode ser a bandeira do Império, seria uma desmoralização para nós!". Nessa hora ficou clara a precipitação da implantação da República entre nós. A República não tinha bandeira! Mandaram chamar uma costureira, vizinha de Deodoro, dando-lhe instruções para preparar nossa primeira bandeira republicana. Parece que a sugestão veio de Rui Barbosa, e assim foi feito. Ainda desfila nas paradas de 7 de setembro essa bandeira que durou apenas alguns dias, sendo felizmente substituída pela antiga bandeira do Império, mas sem o brasão imperial no centro, posto em seu lugar o lema positivista de "Ordem e Progresso", em meio às constelações do Hemisfério Sul. Mas o imperador viajou para a Europa debaixo de um pavilhão igualzinho ao dos Estados Unidos, com stars and stripes, só que, em vez de listras brancas e vermelhas, apresentava listras verdes e amarelas... Qualquer semelhança terá sido apenas mera coincidência?