1. CURSO : FORMAÇÃO DE TUTORES PARA CURSOS ON-LINE
TRABALHO DA U2 – AULA 02
TUTORA: ROSEMARY DOS SANTOS
ALUNA: SUZILEY RAMOS MAINARDI
DATA: 27/06/2012
TEORIAS DA APRENDIZAGEM
A aprendizagem é algo concreto e acontece mesmo sem que se tenha a intenção de
ensinar. Há diferentes formas de aprendizagem e o que as diferencia é como são
adquiridas e como se manifestam.
As teorias de aprendizagem são elaboradas a partir de observações de fatos reais e
procuram facilitar e melhorar a qualidade de vida. Essas teorias se dividem em dois
grandes grupos: teorias comportamentais e teorias cognitivas.
TEORIAS COMPORTAMENTAIS
Algumas características e pontos relevantes apontados por seus pesquisadores:
a) Ivan Pavlov (1849-1936)
Médico russo descobriu os comportamentos que são reflexos condicionados.
Realizou estudos no campo da fisiologia, com cães de laboratório, e provou que
o “reflexo condicionado” podia ser adquirido por experiência. Esse processo
passou a ser chamado “condicionamento”.
Fez experiências com cães, fazendo soar uma campainha anunciando o
alimento, ao que o cão respondia com salivação. A campainha, então, passou a
ser um estímulo que provocava o reflexo da salivação, mesmo sem o alimento.
Essa relação, estímulo – reflexo, ou seja, reflexo condicionado, exerceu uma
influência importante no comportamento humano e na educação. Tornou-se a
2. base de uma nova corrente psicológica: o behaviorismo, fundado por John
Watson, em 1913.
A partir daí, a aprendizagem foi entendida como uma resposta obtida por
estímulos condicionados, diferentes das respostas naturais que o indivíduo
viesse a apresentar.
A aquisição da aprendizagem pelo condicionamento é relativamente fácil, mas
sua retenção é fraca. Logo, ao planejar processos de ensino e de aprendizagem
através desse processo, é preciso questionar se os resultados desejados,
deverão ser de curto ou longo prazo.
b) B. F. Skinner (1904-1990)
Norte americano, estudou o behaviorismo. Dedicou-se a experiências com
ratos e pombos.
Observava os animais nas “caixas de Skinner”, pequenos ambientes fechados
criados especialmente para isso. Surgiu então o “condicionamento operante”,
que “premia” uma determinada resposta do indivíduo, até que se torne
condicionado.
A diferença entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante está
no fato de que, no primeiro, o estímulo é puramente externo e no segundo,
esse estímulo é gerado por uma ação do indivíduo.
No comportamento respondente de Pavlov, a um estímulo segue-se uma
resposta. No comportamento operante de Skinner, o ambiente é modificado, é
um mecanismo de aprendizagem de novo comportamento, cujo instrumento
fundamental é o “reforço”. O objetivo é fortalecer uma resposta, torná-la mais
provável, mais frequente.
Os processos de aprendizagem que utilizam o condicionamento operante,
fazem com que o educando tenha pouca participação, não precisando de
motivação própria, sendo manipulado por alguém que seleciona os reforços
para conseguir a aprendizagem.
O professor que utiliza esse processo, deve estar ciente de que seus alunos
terão uma aprendizagem dependente dele, que vai manipular a escolha e o
fornecimento de reforços, prêmios.
c) Albert Bandura (1925...)
Psicólogo, canadense, realizou experimentos a partir dos princípios do
condicionamento operante de Skinner. Observou que o reforço oferecido ao
sujeito que emitiu a resposta, pode ter efeito sobre os demais sujeitos que
estão próximos, que passarão a imitar o “premiado” com o objetivo de
receberem o mesmo prêmio.
3. Reforços que acontecem sobre um indivíduo separadamente, mas que têm o
poder de ação sobre todos os outros, são chamados de vicariantes. É a forma
de condicionamento social mais seguido ao longo da humanidade.
A aprendizagem imitativa ou vicarial acontece em grupos mais homogêneos,
principalmente em sala de aula, porém a retenção é pequena, uma vez que
esse tipo de aprendizagem continua sob a dependência de reforços que sejam
apresentados a um determinado aluno, ou a alguém que ele possa imitar.
Cabe ao professor, conforme a situação, usar ou não as práticas pedagógicas
restritas a condicionamentos vicariantes.
TEORIAS COGNITIVAS
a) Gestalt
Gestalt é o nome genérico que engloba as teorias cognitivas que resultaram,
principalmente, das pesquisas de Wertheimer (1880-1943), Kofka (1896-
1941), Köhler (1887-1947) e Kurt Lewin (1890-1947). Trata-se de um
movimento visando buscar respostas científicas para as indagações sobre o
processo de conhecimento e, ao mesmo tempo, oferecer uma reação às
teorias de condicionamento, analisando os efeitos da percepção.
A percepção, conceito básico da Gestalt, é a capacidade por meio da qual o
indivíduo estrutura a realidade, criando uma configuração. “Insight” é o
momento em que a percepção acontece e o todo se estrutura.
A aplicabilidade da Gestalt na educação é importante porque recusa o
exercício mecânico no processo de aprendizagem. São necessárias situações
ricas e variadas para levar o indivíduo ao amadurecimento e à emergência do
“insight”.
Na aprendizagem, segundo as explicações da Gestalt, existem três elementos
primordiais: aquisição, retenção e transferência.
- Aquisição: ocorre por meio do insight. O aluno aprende a partir da
emergência de uma estrutura que organiza o caos anterior que impossibilita a
aprendizagem.
- Retenção: é a permanência das estruturas emergentes na memória do aluno
e na sua reutilização.
- Transferência: a ligação entre as estruturas se dá por meio de um resíduo
proveniente de uma estrutura que permite conexão com o momento seguinte
em que outra estrutura deverá emergir.
b) Jean Piaget (1896-1980)
Biólogo, suíço, estudou o processo de construção do conhecimento e a
evolução do pensamento até a adolescência, procurando entender os
4. mecanismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo. Centrou
seus estudos no pensamento lógico-matemático.
Piaget, a partir da observação, concluiu que as crianças não pensam como os
adultos por lhes faltarem certas habilidades. Formulou a teoria do
desenvolvimento cognitivo como uma teoria de etapas, pois os seres
humanos passam por mudanças ordenadas e previsíveis.
As premissas da teoria de Piaget são: o interacionismo, a idéia de
construtivismo seqüencial e os fatores que interferem no desenvolvimento. É
a teoria que mais vem oferecendo contribuições em diferentes ambientes de
ensino e aprendizagem nos dias de hoje, principalmente na educação de
adultos.
O eixo central da teoria de Piaget é a interação organismo-meio, que
acontece através de dois processos simultâneos: a organização interna e a
adaptação ao meio, funções exercidas pelo organismo ao longo da vida,
chamadas de “invariáveis funcionais”. A adaptação ocorre através da
assimilação e acomodação. Os esquemas de assimilação vão se modificando,
configurando os estágios de desenvolvimento.
As “variáveis funcionais” são representadas pelas estruturas, esquemas e
conteúdos.
- Estruturas são sistemas organizados regidos por leis de conservação,
transformação e auto-regulação. Surgem da construção realizada pelo próprio
sujeito e vão se tornando cada vez mais complexas.
- Esquemas são unidades de conhecimento geralmente construídas numa fase
primária, quando a criança ainda não consegue construir estruturas lógicas.
- Conteúdos são dados da realidade ou da imaginação que se tornam os
elementos do conhecimento.
Segundo a teoria de Piaget, a aprendizagem ocorre por um processo contínuo
de construção de estruturas, obedecendo a uma seqüência fixa de acordo
com a progressão dos períodos cognitivos.
O processo de desenvolvimento é influenciado por fatores como a maturação,
exercitação, aprendizagem social e equilibração.
A teoria de Piaget explica o conhecimento por meio da interação do sujeito
com o meio ambiente físico e social, sendo a aprendizagem entendida como a
própria adaptação obtida num processo de equilibração e desequilibração
constantes. As capacidades não são inatas, mas resultam da interação do
sujeito com seu meio. Sendo assim, o indivíduo aprende os conteúdos e
aprende a aprender.
Na prática dos processos de ensino aprendizagem, o professor deve agir como
fator desequilibrador. Dessa forma, ao invés de transmitir conhecimento, vai
permitir que o aluno compare, exclua, ordene categorize, classifique,
reformule, comprove, formule hipóteses etc.
5. A transferência de aprendizagem constitui um ponto alto na teoria de Piaget,
pois a cada nova situação, o sujeito comparece munido de todas as suas
aprendizagens anteriores.
Uma das implicações do pensamento piagetiano diz respeito ao fato de que os
conteúdos são instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo
natural.
c) Jerome Bruner (1915...)
Psicólogo, norte americano, discípulo de Piaget. Acrescentou às ideias de
Piaget, a intuição e as categorias cognitivas.
Considera a intuição como uma capacidade fundamental de apreensão da
realidade em todas as épocas da vida do sujeito. Segundo Bruner, a criança
pode aprender qualquer coisa em qualquer momento, desde que esta coisa
lhe seja apresentada de forma honesta.
As categorias cognitivas são grupos conceituais que aglutinam aprendizagens
com elementos em comum e que permanentemente encontram-se à
disposição para que novas aprendizagens venham a ser incorporadas.
Segundo a teoria de Bruner:
- Aquisição: acontece pela intuição do sujeito em relação ao mundo que o
rodeia.
- Percepção: permite ao indivíduo captar informações e dados novos.
- Categorização: corresponde à inserção do novo em categorias já existentes.
- Retenção: acontece na medida em que o conteúdo intuído e incorporado a
uma categoria, passa a fazer parte desta, ficando disponível para ser utilizado
posteriormente.
- Transferência: é realizada pela possibilidade de novas intuições provocadas
pelas estruturas já existentes que, por sua vez, já resultaram de outras
intuições num sistema altamente integrado.
Bruner difere de Piaget em relação à linguagem. Para ele, o pensamento da
criança evolui com a linguagem e dela depende. Para Piaget, o
desenvolvimento da linguagem acontece paralelamente ao do pensamento,
caminha em paralelo com a lógica.
d) Lev Vygotsky (1896-1934)
Psicólogo russo contemporâneo de Piaget. Sua teoria tem por base o
desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-
histórico, enfatizando nesse desenvolvimento o papel da linguagem e da
aprendizagem. A questão central de sua teoria consiste na aquisição de
conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.
Vygotsky enfatiza, a construção do conhecimento como uma interação
mediada por várias relações, feita por outros sujeitos. O “outro social” pode
6. apresentar-se por meio de objetos, da organização do ambiente, do mundo
cultural que rodeia o indivíduo.
O conceito de zona de desenvolvimento proximal corresponde ao intervalo
entre a capacidade potencial de um indivíduo e a capacidade real por ele
demonstrada. A passagem da capacidade potencial para a real exige a
intervenção de uma outra pessoa, mas isso não significa que o indivíduo só
sabe fazer com a ajuda de alguém, pois a aprendizagem vai se tornar real. O
que hoje é proximal, amanhã será real.
A zona de desenvolvimento real corresponde ao nível das funções mentais da
criança, que se estabelece como resultado de ciclos de desenvolvimento já
completados.
É fundamental que o professor esteja sempre atento à importância de saber o
que o aluno já sabe, a fim de evitar promover ações inúteis que só servirão
para interferir negativamente no grau de motivação e interesse por parte de
toda a classe. Para Vygotsky, dizer o que o aluno já sabe, não acarretará
aprendizagem e, consequentemente, não haverá desenvolvimento, pois o
indivíduo aprende para se desenvolver.
Segundo Vygotsky, o processo de aquisição se faz por meio da mediação
simbólica, levando o sujeito a construir sua própria aprendizagem, sendo a
linguagem e o pensamento elementos altamente significativos para que a
construção ocorra.
A retenção é explicada por sua vinculação total ao contexto histórico-sócio-
cultural que confere a cada conteúdo uma significação profunda.
A transferência, sendo constante nessa teoria, ocorre principalmente através
da mobilidade dos conteúdos já construídos na interação que o sujeito é
chamado a realizar em seu meio sociocultural.
e) Howard Gardner (1943...)
Psicólogo, norte americano, autor da teoria das inteligências múltiplas. Para
ele, assim como as inteligências são diversificadas, também a aprendizagem o
é.
Cada uma das formas de inteligência: linguística, musical, lógica-matemática,
espacial, corporal-cinestésica, interpessoal e intrapessoal, corresponde a uma
capacidade que se encontra mais aguçada no indivíduo ou a uma habilidade
mais bem desenvolvida pelo sujeito. A ocorrência mais evidenciada de
determinada inteligência não significa a ausência das outras, e isto constitui
um aspecto fundamental para a prática do professor, que deverá estar
sempre atento às manifestações das capacidades dos alunos, a fim de melhor
aproveitá-las durante o processo de aprendizagem.
A aquisição da aprendizagem ocorre mediante a forma de inteligência mais
adequada para cada um dos conteúdos a ser trabalhado num determinado
7. momento. A retenção se explica pela validade do uso da inteligência mais
adequada no processo de aquisição, o que sempre permitirá um domínio
maior desse conteúdo específico. A transferência é realizada na medida em
que as múltiplas inteligências se interligam, favorecendo o intercâmbio entre
as possibilidades de aprendizagem.
Referências:
LINS, Maria Judith Sucupira da Costa. A aprendizagem. In: A aprendizagem e a
tutoria. Rio de Janeiro: Senac, 2005.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São
Paulo: EPU, 1986.
PIMENTA, Selma Garrido (Coord.). Pedagogia: ciência da educação. São
Paulo: Cortez, 1996.
VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente: o desenvolvimento dos
processos psicológicos superiores. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1984.
Site: eadnaoformal.blogspot.com/2009/03/teoria-da-aprendizagem.html