SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 8
Baixar para ler offline
semescolanemmestres@riseup.net
UM GUIA EM CONSTRUÇÃO
PARA UMA EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA
DA ESCOLA
ABAIXO
OS MUROS
DA ESCOLA
RESPONSABILIDADE
Ao viver consoante um quadro de valores maniqueístas impostos
por todos os dispositivos ideológicos (igreja, estado, escola...) a nossa
responsabilidade fica limitada. Posto isto, é preciso desenvolvermos
a capacidade de assumir e negar compromissos livremente
aceites, tanto individual como colectivamente, reconhecermos
honestamente tanto a preguiça como a vontade de fazer muitas
coisas e enfrentarmos com lucidez as nossas escolhas e decisões.
COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM
Comunidades que se organizam em função dos seus espaços/
territórios e de todos os intervenientes, formando uma espécie de
núcleos de aprendizagem ligados entre si de forma a se completarem,
se necessário, com base no apoio-mútuo.
EDUCAÇÃO INTEGRAL
O princípio da educação integral consiste em experimentar e
adquirir capacidades intelectuais e manuais contrariando a lógica da
educação tradicional que privilegia as primeiras em detrimento das
segundas. Concordamos com o companheiro Bakunin quando disse
que “a inteligência separada das actividades corporais destrói-se,
seca e morre, enquanto que a força física separada da inteligência
embrutece e através desta separação artificial cada um de nós cria
metade do que poderia”.
APOIO MÚTUO
“Enquanto eu estava a conversar consigo, um pardal veio dizer aos
outros que um saco de milho caiu no chão, e então eles foram todos
para o local comer os grãos” (citado por P. Kropotkin, Ajuda Mútua).
Entendemos o apoio mútuo como meio para alcançar a autonomia
e, neste sentido, utilizando as palavras de Raoul Vaneigem, como
“ajuda indispensável” equiparável àquela necessária para aprender
a andar, a falar ou a ler. Mas entendemos também que o apoio
mútuo se materializa, por exemplo, quando se defende uma
escola ocupada em situação de despejo - uma ajuda indispensável
se pensarmos que ocupar e libertar espaços são formas lutar
por um mundo que não o da dominação e exploração.
IGUALDADE
Paideia encara a igualdade como uma forma de contrariar as
desigualdades da sociedade contemporânea que privilegiam uma classe,
um género e um tipo de trabalho em detrimento de outros.
No contexto da educação, entendemos ser necessário criar
instrumentos que permitam favorecer relações igualitárias
como, por exemplo, nos mostram as companheiras de Paideia,
disponibilizando a mesma quantidade e oportunidade de acesso
à informação e actividades para todas, valorizando igualmente
todo o tipo de trabalho e promovendo o desempenho de todas
as tarefas independentemente do género ou da classe.
“A necessidade de induzir hábitos de trabalho rigorosos nos
estudantes tem de começar nas fases iniciais dos seus percursos
escolares”
Os processos educativos, assim como os restantes aspectos básicos
da nossa vida, não estão nas nossas mãos. O domínio do Estado sobre
as populações apoia-se, em grande medida, na institucionalização
da capacidade de produção e transmissão de conhecimentos entre
indivíduos através da escolarização, regulamentando o ensino e a
aprendizagem. Como, quando, onde, o que se aprende e o que se
ensina, é determinado nos gabinetes de um ministério, o da educação,
uma entidade que flutua ao sabor das políticas partidárias e dos
resultados eleitorais e que, por isso mesmo, não reflecte qualquer tipo
de legitimidade.
A escola, sob a tutela do Estado e respectivo ministério, configura-se
como um dispositivo que pretende substituir a capacidade das pessoas
de adquirirem saber para satisfazer os seus desejos e construir a sua
própria vida, pela capacidade de obedecer à necessidade de competir
por um emprego.
Se, inicialmente, a escola se destinava a formar bons religiosos, com
a revolução industrial passou a formar operários obedientes, e no
quadro da noção de estado-nação os imprescindíveis “bons” soldados e
“bons” burocratas.
A escola, vocacionada a educar para o conformismo, passividade
e consumismo, serve de espaço de normalização e reprodução das
relações de dominação e submissão típicas do mercado de trabalho.
Mas a ilusão de que seguir um recto e obediente percurso escolar
conduz à recompensa de um emprego e um salário já não existe.
(*declaração de Pestana da Costa - presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática
(SPM), cargo ocupado pelo actual ministro da educação Nuno Crato, entre 2004 e 2010
– referente às provas finais).
porquÊ uma escola? para quÊ?
para quem? com quem? como?
como vivencias o espaÇo da
escola?
atÉ que ponto a escola
influencia as tuas escolhas?
qual É a condiÇÃo da
professora na actualidade?
AUTONOMIA
Autonomia é constantemente confundida com a “liberdade” de
escolher o que consumir. No entanto, a autonomia não se limita às
escolhas individuais que podemos fazer dentro dos limites legais e
morais do mundo onde vivemos. Autonomia consiste em gerir todos os
aspectos da nossa vida num clima de apoio mútuo e de aprendizagem
colectiva, capacidades contra as quais a escola tradicional se edifica.
ANTI-AUTORITARISMO
Num processo de aprendizagem global a tomada de decisão é
colectiva e configura uma organização social horizontal/igualitária,
onde o saber é partilhado sem reservas e onde já não existem
detentores do conhecimento que o debitam em troca do silêncio
apático dos estudantes. Permite viver segundo princípios construídos
colectivamente e não submetidas a qualquer tipo de poder.
ACÇÃO DIRECTA
Como dizem as companheiras do colectivo Crimethinc, acção
directa refere-se a qualquer acção ou estratégia que sirva para
resolver problemas pelas próprias mãos, sem apelar a representantes,
interesses corporativos ou qualquer estrutura de dominação. Uma
acção directa pode ser uma bomba de mau cheiro lançada dentro
de uma sala de aula, ocupar uma escola, apropriar-se dos meios
educativos necessários à aprendizagem, entre muitas outras acções.
Seguindo a ideia do poema, a liberdade quer-se por todo o lado. Talvez,
quando destruirmos os dispositivos de dominação que medeiam a
relação de todos os seres com o mundo e construirmos as nossas
formas de viver poderemos experimentar outra liberdade.
AUTO-GESTÃO
A auto-gestão é o modo de funcionamento destas comunidades
educativas. Permite-nos associar a liberdade à responsabilidade, em
matéria de aprendizagem, mas também para o conjunto da vida da
comunidade. A auto-gestão favorece a autonomia do indivíduo e a
criação de novas formas de convivência, permitindo o desenvolvimento
das capacidades de cada pessoa no respeito dos seus diversos interesses.
o que sÃo conhecimentos?
o que É adquirir conhecimentos?
quais as consequÊncias da
escolarizaÇÃo?
o que É a indisciplina?
o que podemos fazer aqui e agora?
Resta-nos então intuir que a escola ficou reduzida à função de castrar a
capacidade de aprender e ensinar consoante os nossos desejos através
de métodos repressivos que todas conhecemos como “regras de bom
comportamento”.
Num cenário como estes não será por acaso que quando os especialistas
falam das escolas e, mais propriamente, da população que estas
encerram, a “indisciplina” surge como “problema”. Mas a “indisciplina”,
como conjunto de reacções de oposição às regras de funcionamento
da escola, materializa-se no espaço escolar em actos que misturam
desespero e tédio, mas também resistência e desobediência.
Contudo, é com inquietude que verificamos que a criatividade,
demonstrada na infância, em desenvolver estratégias que rompam
com a normalidade, em especial a das salas de aula, é reprimida
desde tão cedo.
Posto isto, parece-nos vital resgatar o questionamento que, enquanto
crianças, se formula perante as figuras de autoridade que são mais
evidentes–os adultos em geral, e professores e funcionários escolares
em particular–para que, aqui e agora, as acções de desobediência
levadas a cabo em cumplicidade com os amigos da turma se propaguem
e, entre outras coisas, possam dar lugar a experiências de ensino e de
aprendizagem construídas pelas próprias mãos.
LIBERDADE
Nos meus cadernos da escola,
Sobre a mesa, nas árvores,
Sobre a neve e na areia
- escrevo o teu nome
Em todas as páginas lidas,
Em todas as páginas em branco,
Na pedra, no sangue, no papel ou na cinza
- escrevo o teu nome
(...)
Na floresta e no deserto,
Sobre os ninhos, sobre as giestas,
Nos ecos da minha infância
- escrevo o teu nome
(...)
Sobre as veredas despertas,
Nos caminhos desdobrados,
Nas praças transbordantes
- escrevo o teu nome
Nos meus refúgios destruídos,
Nos meus faróis ruídos,
Nas paredes do meu tédio
- escrevo o teu nome
(...)
E pelo poder de um nome,
Começo a viver de novo:
Nasci para te conhecer e te chamar
LIBERDADE.
Liberté de Paul Éluard in Poésies et vérités (1942)
A questão educativa encontra-se no centro do pensamento e da
prática anarquistas como processo de construção colectiva da
liberdade. A construção colectiva da liberdade envolve o indivíduo, a
comunidade e o mundo nos vários espaços de vida. Não há liberdade
enquanto construção social como um todo individual e colectivo sem:
auto-gestão, autonomia, anti-autoritarismo, acção directa, apoio-
mútuo, responsabilidade e igualdade.
Estando estes princípios aplicados em comunidades de aprendizagem,
baseadas na educação integral, onde as assembleias constituem
momentos de discussão, decisão e/ou de retroacção. Nestas bases é
possível elaborar múltiplos e variados projectos educativos adaptados
às respectivas faixas etárias de acordo com os princípios e as linhas
orientadoras definidas pelo contexto.
Como é preciso começar, procurámos uma definição naturalmente
inacabada e imperfeita de cada uma das palavras que sustentam a
educação libertária.
Mas como?
Não pretendemos trazer soluções definitivas, mas procurar, numa
reflexão colectiva, a construção de algo que faça sentido e, pelo
menos, trazer questões relacionadas com a pedagogia libertária e
sobre uma perspectiva crítica da escolarização para fora dos círculos
académicos.
Isto leva-nos ao difícil exercício de pensar a educação fora dos
paradigmas instituídos e a repensar a educação desfragmentando os
saberes e os fazeres dando-lhes igual importância de forma a actuar a
longo prazo na destruição da hierarquização das profissões.
E assim, para além de idealizar contrapontos ao modelo institucional
em vigor, podemos inspirar-nos nas experiências que surgem
por estas e outras paragens. Desde os estudantes de Ayotzinapa
– México – que tomaram nas suas mãos os recursos necessários
para a gestão da sua comunidade, aos do Chile, que ocupam liceus
e aí autogestionam as suas aprendizagens, passando por Paideia
em Mérida, até às aventuras do Es.Col.A e dos acampamentos
promovidos pela Associação Terra Viva no Porto.
Tudo isto para dizer que, idealmente, as teorias e práticas libertárias
ao assumirem-se como instrumentos de emancipação intelectual
individual e colectiva desenvolver-se-iam tanto melhor a partir
de experiências organizadas em função dos espaços/territórios
libertados e dos seus intervenientes, formando uma espécie de núcleos
de aprendizagem autónomos, mas ligados entre si, de forma a se
completarem, se necessário, com base no apoio-mútuo.
Guia print

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Solciologia da educacao
Solciologia da educacaoSolciologia da educacao
Solciologia da educacaoRonei Costa
 
Guilherme carlos corrêa educação, comunicação, anarquia
Guilherme carlos corrêa educação, comunicação, anarquiaGuilherme carlos corrêa educação, comunicação, anarquia
Guilherme carlos corrêa educação, comunicação, anarquiamoratonoise
 
A sociologia no cotidiano
A sociologia no cotidianoA sociologia no cotidiano
A sociologia no cotidianoLaize Naipe
 
Vf ebook geral_escolas que aprendem_
Vf ebook geral_escolas que aprendem_Vf ebook geral_escolas que aprendem_
Vf ebook geral_escolas que aprendem_João Paulo Silva
 
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênioSão vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênioTania Braga
 
Combate a alienação imposta
Combate a alienação impostaCombate a alienação imposta
Combate a alienação impostaBeatriz
 
Autodeterminação ou o Poder e a Liberdade em dar Sentido à Singularidade*
Autodeterminação ou o Poder e a Liberdade em dar Sentido à Singularidade*Autodeterminação ou o Poder e a Liberdade em dar Sentido à Singularidade*
Autodeterminação ou o Poder e a Liberdade em dar Sentido à Singularidade*Joaquim Colôa
 
Escolainclusiva1
Escolainclusiva1Escolainclusiva1
Escolainclusiva1Isla Campos
 

Mais procurados (20)

Solciologia da educacao
Solciologia da educacaoSolciologia da educacao
Solciologia da educacao
 
1s sociologia da educacao(1)
1s   sociologia da educacao(1)1s   sociologia da educacao(1)
1s sociologia da educacao(1)
 
Guilherme carlos corrêa educação, comunicação, anarquia
Guilherme carlos corrêa educação, comunicação, anarquiaGuilherme carlos corrêa educação, comunicação, anarquia
Guilherme carlos corrêa educação, comunicação, anarquia
 
Apostila sociologia da educação fak
Apostila sociologia da educação   fakApostila sociologia da educação   fak
Apostila sociologia da educação fak
 
4. durkheim e a educação
4. durkheim e a educação4. durkheim e a educação
4. durkheim e a educação
 
Paschoal lemme
Paschoal lemmePaschoal lemme
Paschoal lemme
 
Educação Inclusiva
Educação InclusivaEducação Inclusiva
Educação Inclusiva
 
A sociologia no cotidiano
A sociologia no cotidianoA sociologia no cotidiano
A sociologia no cotidiano
 
Edilberto Sastre
Edilberto SastreEdilberto Sastre
Edilberto Sastre
 
Des.confinar
Des.confinarDes.confinar
Des.confinar
 
Vf ebook geral_escolas que aprendem_
Vf ebook geral_escolas que aprendem_Vf ebook geral_escolas que aprendem_
Vf ebook geral_escolas que aprendem_
 
Projetos variados
Projetos variadosProjetos variados
Projetos variados
 
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênioSão vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
 
Combate a alienação imposta
Combate a alienação impostaCombate a alienação imposta
Combate a alienação imposta
 
Apostila completa concurso professor (1) 1
Apostila completa concurso professor (1) 1Apostila completa concurso professor (1) 1
Apostila completa concurso professor (1) 1
 
Fluzz capítulo 7
Fluzz capítulo 7Fluzz capítulo 7
Fluzz capítulo 7
 
Politecnia palestra
Politecnia palestraPolitecnia palestra
Politecnia palestra
 
Autodeterminação ou o Poder e a Liberdade em dar Sentido à Singularidade*
Autodeterminação ou o Poder e a Liberdade em dar Sentido à Singularidade*Autodeterminação ou o Poder e a Liberdade em dar Sentido à Singularidade*
Autodeterminação ou o Poder e a Liberdade em dar Sentido à Singularidade*
 
Educação politécnica
Educação politécnicaEducação politécnica
Educação politécnica
 
Escolainclusiva1
Escolainclusiva1Escolainclusiva1
Escolainclusiva1
 

Semelhante a Guia print

Buscadores & polinizadores 4a versão
Buscadores & polinizadores 4a versãoBuscadores & polinizadores 4a versão
Buscadores & polinizadores 4a versãoaugustodefranco .
 
Sacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temosSacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temosmarcaocampos
 
CURSO_SINESP_BETE_GODOhfddfhhgfddghgfdghhggf
CURSO_SINESP_BETE_GODOhfddfhhgfddghgfdghhggfCURSO_SINESP_BETE_GODOhfddfhhgfddghgfdghhggf
CURSO_SINESP_BETE_GODOhfddfhhgfddghgfdghhggfVERONICA47548
 
Trabalho escolar
Trabalho escolarTrabalho escolar
Trabalho escolarLeao0304
 
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteQuadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteE.E. Mario Martins Pereira
 
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteQuadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteAdriana Bueno
 
O Educador como Modelo Pedagógico
O Educador como Modelo PedagógicoO Educador como Modelo Pedagógico
O Educador como Modelo PedagógicoHenrique Santos
 
Educadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazemEducadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazemsandrinavalente
 
Analise de pensamento de dois grandes autores
Analise de pensamento de dois grandes autoresAnalise de pensamento de dois grandes autores
Analise de pensamento de dois grandes autoresClayton Bezerra
 

Semelhante a Guia print (20)

Buscadores & polinizadores 4a versão
Buscadores & polinizadores 4a versãoBuscadores & polinizadores 4a versão
Buscadores & polinizadores 4a versão
 
Não-Escolas
Não-EscolasNão-Escolas
Não-Escolas
 
Fluzz & Escola
Fluzz & EscolaFluzz & Escola
Fluzz & Escola
 
AEL
AELAEL
AEL
 
Fluzz & Escola
Fluzz & EscolaFluzz & Escola
Fluzz & Escola
 
Sacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temosSacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temos
 
CURSO_SINESP_BETE_GODOhfddfhhgfddghgfdghhggf
CURSO_SINESP_BETE_GODOhfddfhhgfddghgfdghhggfCURSO_SINESP_BETE_GODOhfddfhhgfddghgfdghhggf
CURSO_SINESP_BETE_GODOhfddfhhgfddghgfdghhggf
 
Ter é querer
Ter é quererTer é querer
Ter é querer
 
Quatro pilares
Quatro pilaresQuatro pilares
Quatro pilares
 
Instituição escolar
Instituição escolarInstituição escolar
Instituição escolar
 
Trabalho escolar
Trabalho escolarTrabalho escolar
Trabalho escolar
 
Liberdade de Educação e Qualidade Educativa
Liberdade de Educação e Qualidade EducativaLiberdade de Educação e Qualidade Educativa
Liberdade de Educação e Qualidade Educativa
 
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteQuadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
 
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteQuadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
 
O Educador como Modelo Pedagógico
O Educador como Modelo PedagógicoO Educador como Modelo Pedagógico
O Educador como Modelo Pedagógico
 
Educadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazemEducadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazem
 
G ped didp_3_1_06
G ped didp_3_1_06G ped didp_3_1_06
G ped didp_3_1_06
 
Analise de pensamento de dois grandes autores
Analise de pensamento de dois grandes autoresAnalise de pensamento de dois grandes autores
Analise de pensamento de dois grandes autores
 
Educacao como processo_de_desenvolvimento
Educacao como processo_de_desenvolvimentoEducacao como processo_de_desenvolvimento
Educacao como processo_de_desenvolvimento
 
Tr 38
Tr 38Tr 38
Tr 38
 

Último

Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidadeAcessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidadeLEONIDES PEREIRA DE SOUZA
 
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)Centro Jacques Delors
 
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdfMissa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdfFbioFerreira207918
 
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedJaquelineBertagliaCe
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...marcelafinkler
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmicolourivalcaburite
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...marcelafinkler
 
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LP
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LPQuestões de Língua Portuguesa - gincana da LP
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LPEli Gonçalves
 
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfMESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docPauloHenriqueGarciaM
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...AnaAugustaLagesZuqui
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...azulassessoria9
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptNathaliaFreitas32
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...azulassessoria9
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do séculoBiblioteca UCS
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024azulassessoria9
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024azulassessoria9
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.denisecompasso2
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...andreiavys
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptxJssicaCassiano2
 

Último (20)

Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidadeAcessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
 
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
 
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdfMissa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
 
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LP
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LPQuestões de Língua Portuguesa - gincana da LP
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LP
 
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfMESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 

Guia print

  • 1. semescolanemmestres@riseup.net UM GUIA EM CONSTRUÇÃO PARA UMA EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA DA ESCOLA ABAIXO OS MUROS DA ESCOLA
  • 2. RESPONSABILIDADE Ao viver consoante um quadro de valores maniqueístas impostos por todos os dispositivos ideológicos (igreja, estado, escola...) a nossa responsabilidade fica limitada. Posto isto, é preciso desenvolvermos a capacidade de assumir e negar compromissos livremente aceites, tanto individual como colectivamente, reconhecermos honestamente tanto a preguiça como a vontade de fazer muitas coisas e enfrentarmos com lucidez as nossas escolhas e decisões. COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM Comunidades que se organizam em função dos seus espaços/ territórios e de todos os intervenientes, formando uma espécie de núcleos de aprendizagem ligados entre si de forma a se completarem, se necessário, com base no apoio-mútuo. EDUCAÇÃO INTEGRAL O princípio da educação integral consiste em experimentar e adquirir capacidades intelectuais e manuais contrariando a lógica da educação tradicional que privilegia as primeiras em detrimento das segundas. Concordamos com o companheiro Bakunin quando disse que “a inteligência separada das actividades corporais destrói-se, seca e morre, enquanto que a força física separada da inteligência embrutece e através desta separação artificial cada um de nós cria metade do que poderia”.
  • 3. APOIO MÚTUO “Enquanto eu estava a conversar consigo, um pardal veio dizer aos outros que um saco de milho caiu no chão, e então eles foram todos para o local comer os grãos” (citado por P. Kropotkin, Ajuda Mútua). Entendemos o apoio mútuo como meio para alcançar a autonomia e, neste sentido, utilizando as palavras de Raoul Vaneigem, como “ajuda indispensável” equiparável àquela necessária para aprender a andar, a falar ou a ler. Mas entendemos também que o apoio mútuo se materializa, por exemplo, quando se defende uma escola ocupada em situação de despejo - uma ajuda indispensável se pensarmos que ocupar e libertar espaços são formas lutar por um mundo que não o da dominação e exploração. IGUALDADE Paideia encara a igualdade como uma forma de contrariar as desigualdades da sociedade contemporânea que privilegiam uma classe, um género e um tipo de trabalho em detrimento de outros. No contexto da educação, entendemos ser necessário criar instrumentos que permitam favorecer relações igualitárias como, por exemplo, nos mostram as companheiras de Paideia, disponibilizando a mesma quantidade e oportunidade de acesso à informação e actividades para todas, valorizando igualmente todo o tipo de trabalho e promovendo o desempenho de todas as tarefas independentemente do género ou da classe. “A necessidade de induzir hábitos de trabalho rigorosos nos estudantes tem de começar nas fases iniciais dos seus percursos escolares” Os processos educativos, assim como os restantes aspectos básicos da nossa vida, não estão nas nossas mãos. O domínio do Estado sobre as populações apoia-se, em grande medida, na institucionalização da capacidade de produção e transmissão de conhecimentos entre indivíduos através da escolarização, regulamentando o ensino e a aprendizagem. Como, quando, onde, o que se aprende e o que se ensina, é determinado nos gabinetes de um ministério, o da educação, uma entidade que flutua ao sabor das políticas partidárias e dos resultados eleitorais e que, por isso mesmo, não reflecte qualquer tipo de legitimidade. A escola, sob a tutela do Estado e respectivo ministério, configura-se como um dispositivo que pretende substituir a capacidade das pessoas de adquirirem saber para satisfazer os seus desejos e construir a sua própria vida, pela capacidade de obedecer à necessidade de competir por um emprego. Se, inicialmente, a escola se destinava a formar bons religiosos, com a revolução industrial passou a formar operários obedientes, e no quadro da noção de estado-nação os imprescindíveis “bons” soldados e “bons” burocratas. A escola, vocacionada a educar para o conformismo, passividade e consumismo, serve de espaço de normalização e reprodução das relações de dominação e submissão típicas do mercado de trabalho. Mas a ilusão de que seguir um recto e obediente percurso escolar conduz à recompensa de um emprego e um salário já não existe. (*declaração de Pestana da Costa - presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), cargo ocupado pelo actual ministro da educação Nuno Crato, entre 2004 e 2010 – referente às provas finais).
  • 4. porquÊ uma escola? para quÊ? para quem? com quem? como? como vivencias o espaÇo da escola? atÉ que ponto a escola influencia as tuas escolhas? qual É a condiÇÃo da professora na actualidade? AUTONOMIA Autonomia é constantemente confundida com a “liberdade” de escolher o que consumir. No entanto, a autonomia não se limita às escolhas individuais que podemos fazer dentro dos limites legais e morais do mundo onde vivemos. Autonomia consiste em gerir todos os aspectos da nossa vida num clima de apoio mútuo e de aprendizagem colectiva, capacidades contra as quais a escola tradicional se edifica. ANTI-AUTORITARISMO Num processo de aprendizagem global a tomada de decisão é colectiva e configura uma organização social horizontal/igualitária, onde o saber é partilhado sem reservas e onde já não existem detentores do conhecimento que o debitam em troca do silêncio apático dos estudantes. Permite viver segundo princípios construídos colectivamente e não submetidas a qualquer tipo de poder. ACÇÃO DIRECTA Como dizem as companheiras do colectivo Crimethinc, acção directa refere-se a qualquer acção ou estratégia que sirva para resolver problemas pelas próprias mãos, sem apelar a representantes, interesses corporativos ou qualquer estrutura de dominação. Uma acção directa pode ser uma bomba de mau cheiro lançada dentro de uma sala de aula, ocupar uma escola, apropriar-se dos meios educativos necessários à aprendizagem, entre muitas outras acções.
  • 5. Seguindo a ideia do poema, a liberdade quer-se por todo o lado. Talvez, quando destruirmos os dispositivos de dominação que medeiam a relação de todos os seres com o mundo e construirmos as nossas formas de viver poderemos experimentar outra liberdade. AUTO-GESTÃO A auto-gestão é o modo de funcionamento destas comunidades educativas. Permite-nos associar a liberdade à responsabilidade, em matéria de aprendizagem, mas também para o conjunto da vida da comunidade. A auto-gestão favorece a autonomia do indivíduo e a criação de novas formas de convivência, permitindo o desenvolvimento das capacidades de cada pessoa no respeito dos seus diversos interesses. o que sÃo conhecimentos? o que É adquirir conhecimentos? quais as consequÊncias da escolarizaÇÃo? o que É a indisciplina? o que podemos fazer aqui e agora?
  • 6. Resta-nos então intuir que a escola ficou reduzida à função de castrar a capacidade de aprender e ensinar consoante os nossos desejos através de métodos repressivos que todas conhecemos como “regras de bom comportamento”. Num cenário como estes não será por acaso que quando os especialistas falam das escolas e, mais propriamente, da população que estas encerram, a “indisciplina” surge como “problema”. Mas a “indisciplina”, como conjunto de reacções de oposição às regras de funcionamento da escola, materializa-se no espaço escolar em actos que misturam desespero e tédio, mas também resistência e desobediência. Contudo, é com inquietude que verificamos que a criatividade, demonstrada na infância, em desenvolver estratégias que rompam com a normalidade, em especial a das salas de aula, é reprimida desde tão cedo. Posto isto, parece-nos vital resgatar o questionamento que, enquanto crianças, se formula perante as figuras de autoridade que são mais evidentes–os adultos em geral, e professores e funcionários escolares em particular–para que, aqui e agora, as acções de desobediência levadas a cabo em cumplicidade com os amigos da turma se propaguem e, entre outras coisas, possam dar lugar a experiências de ensino e de aprendizagem construídas pelas próprias mãos. LIBERDADE Nos meus cadernos da escola, Sobre a mesa, nas árvores, Sobre a neve e na areia - escrevo o teu nome Em todas as páginas lidas, Em todas as páginas em branco, Na pedra, no sangue, no papel ou na cinza - escrevo o teu nome (...) Na floresta e no deserto, Sobre os ninhos, sobre as giestas, Nos ecos da minha infância - escrevo o teu nome (...) Sobre as veredas despertas, Nos caminhos desdobrados, Nas praças transbordantes - escrevo o teu nome Nos meus refúgios destruídos, Nos meus faróis ruídos, Nas paredes do meu tédio - escrevo o teu nome (...) E pelo poder de um nome, Começo a viver de novo: Nasci para te conhecer e te chamar LIBERDADE. Liberté de Paul Éluard in Poésies et vérités (1942)
  • 7. A questão educativa encontra-se no centro do pensamento e da prática anarquistas como processo de construção colectiva da liberdade. A construção colectiva da liberdade envolve o indivíduo, a comunidade e o mundo nos vários espaços de vida. Não há liberdade enquanto construção social como um todo individual e colectivo sem: auto-gestão, autonomia, anti-autoritarismo, acção directa, apoio- mútuo, responsabilidade e igualdade. Estando estes princípios aplicados em comunidades de aprendizagem, baseadas na educação integral, onde as assembleias constituem momentos de discussão, decisão e/ou de retroacção. Nestas bases é possível elaborar múltiplos e variados projectos educativos adaptados às respectivas faixas etárias de acordo com os princípios e as linhas orientadoras definidas pelo contexto. Como é preciso começar, procurámos uma definição naturalmente inacabada e imperfeita de cada uma das palavras que sustentam a educação libertária. Mas como? Não pretendemos trazer soluções definitivas, mas procurar, numa reflexão colectiva, a construção de algo que faça sentido e, pelo menos, trazer questões relacionadas com a pedagogia libertária e sobre uma perspectiva crítica da escolarização para fora dos círculos académicos. Isto leva-nos ao difícil exercício de pensar a educação fora dos paradigmas instituídos e a repensar a educação desfragmentando os saberes e os fazeres dando-lhes igual importância de forma a actuar a longo prazo na destruição da hierarquização das profissões. E assim, para além de idealizar contrapontos ao modelo institucional em vigor, podemos inspirar-nos nas experiências que surgem por estas e outras paragens. Desde os estudantes de Ayotzinapa – México – que tomaram nas suas mãos os recursos necessários para a gestão da sua comunidade, aos do Chile, que ocupam liceus e aí autogestionam as suas aprendizagens, passando por Paideia em Mérida, até às aventuras do Es.Col.A e dos acampamentos promovidos pela Associação Terra Viva no Porto. Tudo isto para dizer que, idealmente, as teorias e práticas libertárias ao assumirem-se como instrumentos de emancipação intelectual individual e colectiva desenvolver-se-iam tanto melhor a partir de experiências organizadas em função dos espaços/territórios libertados e dos seus intervenientes, formando uma espécie de núcleos de aprendizagem autónomos, mas ligados entre si, de forma a se completarem, se necessário, com base no apoio-mútuo.