O documento discute o Pré-Modernismo no Brasil, com foco na obra de Euclides da Cunha "Os Sertões". A obra caracteriza detalhadamente o povoado de Canudos e seus habitantes, misturando elementos literários, jornalísticos e científicos. Os pré-modernistas buscavam apresentar um retrato verdadeiro do Brasil e criticar sua realidade social. "Os Sertões" é considerada uma obra fundadora da identidade nacional brasileira por seu retrato sincero do sertanejo nordestino.
1. Pré-Modernismo
Objetivos
1. Compreender por que o Pré Modernismo não é considerado
uma estética literária;
2. Identificar as características gerais das obras pré-modernistas;
3. Caracterizar as Obras de Euclides da Cunha;
4. Explicar como, em Os Sertões, literatura e jornalismo se
aproximam e identificar traços naturalistas presentes nessa obra;
5. Reconhecer como o desejo de apresentar um Brasil Verdadeiro,
presente na obra dos pré-modernistas, dialoga com a produção
literária de autores modernistas e contemporâneos.
Rendição dos conselheirstas em 2 de outubro de 1897.
trezentos prisioneiros de Canudos. Essa guerra fez parte do
contexto em que surgiram as obras pré-modernistas.
2.
3. Leitura da imagem
1- Observe a fotografia acima. Ela apresenta dois
grupos de pessoas:as que estão sentadas e as
outras, atrás em pé. Como você caracteriza esses
dois grupos?
2- A foto foi tirada por Flavio de Barros em 1897,
durante a Guerra de Canudos. O conflito opôs os
seguidores do beato Antônio Conselheiro e as
tropas do Governo Federal. O que a aparência
das pessoas sentadas sugere entre suas condições
sócio econômicas?
3- Que tipo de emoções ou sentimento estes rostos
revelam.
4.
5. Aspecto Original
A urbs monstruosa, de barro, definia bem a
civitas sinistra do erro. O povoado surgia,
dentro de algumas semanas, já feito em ruínas.
Nascia velho. Visto de longe, desdobrado pelos
cômoros, atulhando as canhadas cobrindo área
enorme, trucando nas quebradas, revolto nos
pendores – tinha o aspecto perfeito de uma
cidade cujo solo houvesse sido sacudido e
brutalmente dobrado por um terremoto. [...]
6. Feitas de pau a pique e divididas em três
compartimentos minúsculos, as casas eram paródia
grosseira da antiga morada romana: um vestíbulo
exíguo, um atrium servindo ao mesmo tempo de
cozinha, sala de jantar e de recepção; e uma
alcova ( quarto) lateral, furna escuríssima mal
revelada por uma porta estreita e baixa.[...] Traíam
a fase transitória entre a caverna primitiva e a
casa.[...] O mesmo desconforto e, sobretudo, a
mesma pobreza repugnante, traduzindo de certo
modo, mais do que a miséria do homem, a
decrepitude da raça.[...]
7. [...] Vinham [as caravanas de fiéis] de todos os
pontos, carregando os haveres todos; e, transpostas
as últimas voltas do caminho, quando divisavam o
campanário humilde da antiga Capela, caíam
genuflexos sobre o chão aspérrimo. Estava
atingindo o termo da romagem. Estavam salvos da
pavorosa hecatombe, que vaticinavam as profecias
do evangelizador. Pisavam, afinal, a terra da
promissão- Canaã sagrada, que o Bom Jesus isolara
do resto do mundo por uma cintura de serras...
Chegavam estropeados da jornada longa, mas
felizes. [...]
CUNHA, Euclides da. Os CUNHA,
Euclides da. Os Sertões Obra completa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar,1995.
8. Como é descrito o povoado que está
sendo construído pelos seguidores de
Antonio Conselheiro em Canudos?
Releia este trecho, observando os adjetivos
destacados.
Feitas de pau a pique e dividida em três
compartimentos minúsculos, as casa eram paródia
grosseira da antiga moradia romana: Um vestíbulo
exíguo, um atrium servindo ao mesmo tempo de
cozinha, sala de jantar e de recepção; e uma
alcova lateral, furna escuríssima mal revelada por
uma porta estreita e baixa . [...] Tratam a fase
transitória entre a caverna primitiva e a casa”.
9. a)O que os adjetivos sugerem a respeito das casa
de Canudos?
b)No fim desse parágrafo, o narrador conclui que
aquelas casas traduziam “mais do que a miséria
do homem, a decrepitude da raça”. Que
relação há entre essa conclusão e a
comparação entre as casas romanas e as
habitações dos fiéis?
5-Depois de descrever o povoado, o narrador
volta-se para as pessoas. Que motivação elas
tinham para ir até o povoado e aí ficar?
a) Transcreva o trecho que comprove sua resposta.
b) “Vinham de todos os pontos, carregando os
haveres todos”, essa frase oferece uma
importante pista sobre a condição social dos
fiéis que mudam para canudos. Que condição
é essa? Justifique com base no texto.
10. Que explicação o texto dá para o fato de,
mesmo chegando “estropeados” os
romeiros estariam felizes?
11. Projeto Modernismo
Desejo de mostrar o Brasil real aos brasileiros
Crítica à realidade social e econômica
Linguagem mais próxima do texto jornalístico
12. Euclides da Cunha
Euclides da Cunha foi o pioneiro entre os pré-modernistas na
aproximação entre a Literatura e a história.
O escritor Joaquim Nabuco definiu Os Sertões como “a Bíblia da
nacionalidade brasileira”.
Os Sertões são um livro de difícil classificação, pois apresenta
características:
de texto literário por captar a sinceridade da alma simples e leal
do sertanejo;
de tratado científico por analisar as características do solo do
sertão nordestino;
de investigação socioantropológica por se preocupar em
caracterizar minuciosamente o sertanejo ou explicar a gênese de
Antônio Conselheiro como líder messiânico;
de matéria jornalística por registrar em detalhes as lutas entre as
tropas oficiais e os revoltosos.
13. O sertanejo descrito por Euclides
da Cunha
O sertanejo
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo
exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o
contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a
estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo,
reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem
firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a
translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura
normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe
dá um caráter de humildade deprimente.