3. Mas o cubismo levanta explicitamente o problema da renúncia à
função decorativa, do retorno à analítica da visão e da rigorosa
objetividade da forma, da renovação total da linguagem, do sistema
dos signos e da técnica — ou seja, retoma o problema da forma e do
espaço no ponto em que Cézanne, ao morrer, o tinha deixado. Na
obra deste mestre, que justamente os críticos alemães tinham
estudado nos seus aspectos mais problemáticos, se individua então o
fundamento de toda linguagem plástica possível, portanto de toda
cultura figurativa possível: somente sobre este fundamento poder-se-á
construir uma linguagem objetivamente analítica, isenta de
determinantes históricas ou tradicionais e concretamente européia. E
não somente a história não influi na análise da visão, mas, ao
contrário, é a história que sofre a sua influência. De modo que, por
meio do cubismo, abrem-se novas perspectivas históricas, que trazem
à luz valores até então negligenciados, afastando outros, que tinham
sido exaltados.
Argan As fontes da arte moderna
4. Pablo Picasso, Fábrica em Horta del Ebro,
Georges Braque, Casas 1909.
em L`Estaque, 1908.
26. É com Mondrian que a representação do mundo se reduz a linhas,
planos e cores puras, mas que ainda há o exercício de abstração das
formas da natureza, e que é com a arte Concreta que se chega à
objetividade física da matéria, e que passando por diversas experiências
chegaram, os artistas, a necessidade de compreender o quadro como
objeto em si. Assim como, em Kandinsky a questão da subjetividade do
gesto, da cor, e a compreensão do espaço: ponto, linha e plano vão
marcar profundamente a história da pintura no século XX, até os dias de
hoje, e influenciar a obra e o pensamento de diversos artistas.