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How to compete in a male-domin​ated
           work place

            Teresa V. Oliveira
“Não vale a pena avaliarem
candidatas. Não está na natureza
     das mulheres chefiar.”

                                       (1992)
                             Director de RH
                   Multinacional I. Farmacêutica
……..……



         (2013)
Actualmente, a discriminação de género
acontece de forma invisível

     A discriminação nos empregos associados ao
     estereótipo masculino faz-se formalmente,
     através do enviesamento na atribuição de
     recursos organizacionais, e informalmente,
     através da qualidade e natureza das relações
     que se formam entre os membros da
     organização (Heilman & Welle, 2004)
Alguns factos expressivos sobre a
discriminação de género
     2011 - 31% mulheres em posições de
     management

     2009 - 38% mulheres em posições de
     management

                     Global Leadership Forecast (2009, 2011)
Management level and gender (%)
90
80
70
60
50
                                                                   Female
40
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30
20
10
0
     First level      Mid-level   Senior-level   Executive-level

                                        Fonte: Global Leadership Forecast, 2011
Composição de Boards e CEs

  Nos EUA, em 2011:
  - 3% de mulheres eram CEOs das Fortune 500
  - 10 % de mulheres em lugares executivos

  Na UE, em 2012:
  - 9% de mulheres em lugares executivos
Membros do conselho de administração das vinte maiores empresas
   120 cotadas na Bolsa de Valores- PSI-20, por sexo, 2003-2010 (%)

   100
            96%   96%                  97%    97%    96%    95%
                          94%   93%
    80

    60                                                             Homens
                                                                   Mulheres
    40

    20

      0
           2003   2004   2005   2006   2007   2008   2009   2010
Fonte: CE, SIIC
Haverá razões organizacionais que
justifiquem estas diferenças?
   Mulheres e homens não variam grandemente nas
   suas perspectivas sobre a gestão das organizações e
   nas práticas de liderança. (Howard & Wellins, 2009)

   Mulheres e homens têm um desempenho
   equivalente em situações orientadas para a relação
   interpessoal ou para a tarefa. Na tomada de
   decisão as mulheres exibem um estilo mais
   participativo, os homens mais directivo. (Eagly &
   Johnson, 1990)
As razões pelas quais tal acontece…


   “Eu ouço mais vezes que tenho 3 filhos
   do que me lembro que tenho 3 filhos….”

                 Mid-manager de Inst. Bancária
                    (onde não existem administradoras)
Estereótipo feminino
Coletivistas - bem estar dos
outros, gentis, compassivas, sentimentais, prest
ativas e generosas

Estereótipo masculino
Proactivos -
assertivos, dominantes, confiantes, agressivos,
ambiciosos, independentes
Género e estereótipos sobre a gestão
     As características atribuídas aos middle
     managers de sucesso são também os traços
     comummente associados ao estereótipo
     masculino.



                 (Schein, 1973 & 1979, Heilman et al. 1989)
Os estudantes de gestão, especialmente os do
género masculino, têm fortes estereótipos de
género em países tão diferentes como os
EUA, Alemanha, Reino Unido, Japão e China.

             (Schein, Mueller, & Jacobson, 1989; Schein, Mueller,
            Lituchy, & Liu, 1996; Eagly, 1987; Schein & Mueller, 1992;
            Eagly & Karau, 2002)
Estarão os estereótipos finalmente a
mudar?
   Os gestores, homens e mulheres que participaram
   num novo estudo em 2005 consideram que
   mulheres e homens possuem muitos dos traços
   necessários para o sucesso de um middle manager.

   Os homens gestores consideram que a gestão de
   sucesso está menos associada a traços proactivos e
   mais traços colectivistas, de acordo com os
   modernos paradigmas de liderança.

                                       Duehr& Bono (2005)
Mas, o mesmo estudo revela que:

 Os estereótipos dos estudantes masculinos
  mudaram muito pouco

 Os homens tendem menos a atribuir às mulheres
  os atributos associado ao middle-management de
  sucesso
A investigação não é conclusiva:
  •   Os estereótipos sobre a mulher
      mudaram, havendo mais referência a
      características masculinas ou proactivas (Diekman &
      Eagly, 2000)
  •   Ao longo do tempo as mulheres têm vindo a
      classificar-se com mais traços tradicionalmente
      masculinos (meta-análise de Twenge, 1997)

   Os estereótipos de género têm-se mantido
    estáveis ao longo do tempo e há até a
    possibilidade das mulheres estarem a aumentar a
    sua percepção de feminilidade (Lueptow et all, 2001)
Como se encara a transgressão dos
comportamentos esperados?
    As mulheres que têm sucesso em lugares
     tradicionalmente associados ao género masculino
     tendem a ser penalizadas através de um avaliação
     negativa das suas características pessoas.
     (Heilman et all, 2004)

    As mulheres que têm sucesso em lugares
     tradicionalmente associados ao género masculino
     são classificadas como desagradáveis do ponto de
     vista interpessoal. (Heilman & Okimoto, 2005)
 As mulheres que exibem características típicas do
  estereótipo masculino têm menor probabilidade de
  ser consideradas para promoções e usufruir das
  mesmas oportunidades de desenvolvimento, mesmo
  que sejam tão competentes como os seus pares
  masculinos. Também têm piores avaliações que os
  seus pares. (Heilman et all, 2004)

 As mulheres que agem com base no estereótipo
  masculino são menos apreciadas, independentemente
  da sua competência percebida, e são menos capazes
  de influenciar os outros. (Davison & Burke, 2000)
 As mulheres podem ser vistas como agradáveis e
  competentes simultaneamente, mas têm que mostrar
  os comportamentos do seu estereótipo prescritivo.
  (Velle& Heilman, 2004)


 Os homens têm créditos por terem um
  comportamento altruísta, e são por isso avaliados de
  forma mais positiva; as mulheres são penalizadas
  apenas por não apresentarem esses
  comportamentos. (Heilman & Chen, 2005)
 Mesmo quando as qualificações entre homens e
  mulheres são equivalentes, os homens são vistos
  como tendo maior capacidade de desempenho e
  são preferidos em processos de seleção para
  lugares associados ao estereótipo masculino
  (Davison & Burke, 2000)
 As mulheres preferem contratar outras mulheres
  com características próximas do estereótipo
  feminino (auto-depreciação) mesmo que estas
  pareçam menos competentes que as mulheres
  que se aproximam do estereótipo masculino
  (auto-valorização). (Velle& Heilman, 2004)
Os discursos sobre a liderança mudaram
claramente
   • Até anos 90 o comportamento prescrito para a
     liderança era próximo do definido para o
     estereótipo masculino
     (agressivo, competitivo, independente, autoconfia
     nte)

   • A partir dos anos 90 o comportamento prescrito
     para a liderança está próximo do definido para o
     estereótipo feminino
     (cooperação, colaboração, baixo nível de
     controlo, resolução de problemas baseada na
     intuição e na racionalidade)
Mas as práticas de gestão ainda não
    Os avaliadores tendem a apresentar um
     enviesamento pró-homem quando têm
     estereótipos de género muito fortes. (Bauer &
     Baltes, 2002; Gupta et al., 2008)
    As oportunidades facultadas às mulheres são
     menores: mentoring, acesso a redes de
     comunicação informais, culturas organizacionais
     hostis, acesso a programas de desenvolvimento de
     potencial , responsabilidades de liderança
     multinacional, suporte em transições de carreira.
     (Velle & Heilmen, 2004; Global Leadership Forecast, 2011)
 Os estereótipos dos homens face às mulheres não
  mudaram: só aprenderam que é esperado que
  considerem que mulheres e homens são similares
  no desempenho das funções (Rudman et all, 2001)
Por que é que vale a pena inverter a
situação?
   A percepção de discriminação na
   organização:
   • Afecta a qualidade da mobilidade do talento
   • Afecta a qualidade das experiências
     organizacionais
   • Gera atitudes menos positivas face ao trabalho e
     menor envolvimento
   • Aumenta o desejo de saída
                (Ensher, Grant-Vallone & Donaldson, 2001; Schafeer et all, 2000)
• Os melhores candidatos são atraídos por
  empresas onde existem oportunidades de
  carreira e promoção equitativa. (McCuiston et al, 2004)

• As políticas que promovem adequadamente a
  diversidade geram benefícios tangíveis claros:
  vantagem competitiva, melhor desempenho
  organizacional, satisfação e lealdade, e melhor
  relação com outras comunidades. (Jamrog, 2002)
• A competência é crucial para manter um
  desempenho óptimo e assegurar a adaptação a
  um mundo onde a dinâmica empresarial mudou.
  (Herling, 2000; Krohn, 2000)

• Empresas com processos sistémicos que
  identificam, promovem e desenvolvem as pessoas
  com elevado potencial de forma eficiente
  têm, em média, um retorno para o accionista
  superior em 22% (Collins, 2001)
• As empresas que têm 3 ou mais mulheres no
  sénior management apresentam melhores
  resultados financeiros, melhor rentabilidade
  e retorno para o accionista, mas é necessário
  uma cultura que suporte efectivamente as
  vantagens de equipas mistas.

                              (Desvaux, et all, 2008, Adler, 2001;
           Catalyst, 2004, Kocahn et al, 2003; Global Leadership
                                                  Forecast, 2011)
Programas para aumentar a diversidade
podem ter efeitos perversos
    As mulheres eram consideradas menos
     competentes, com menor capacidade de influência
     face às mulheres promovidas por mérito.
    Os homens nas mesmas condições eram avaliados de
     forma mais positiva, independentemente do grupo
     minoritário que representavam. (Welle &Heilman, 2004)

    O estatuto de “token person” dificulta
     consideravelmente a vida das mulheres líderes. Isto
     tem consequências em termos de saúde
     mental, relacionados com sentimentos de isolamento
     e exclusão, maior pressão e escrutínio sobre o seu
     trabalho. (Linehan & Walsh, 2001; Oakley, 2000)
A liderança transformacional é uma
oportunidade?
   • A liderança transformacional (LT) está
     correlacionada com melhores resultados
     organizacionais: esforço, eficiência
     organizacional, satisfação com o líder

   • Não há demonstração científica conclusiva que o
     género feminino revele maior capacidade de LT


                                     (Brown e Reilly, 2008)
O que podem as organizações fazer?
   • Programas de RH desenhados de forma a assegurar
     que mulheres e homens são avaliados pelos mesmos
     critérios (seleção; promoções; gap salarial)

   • Tomar decisões com base no conhecimento profundo
     da função e avaliar objectivamente os candidatos a
     posições-chave de liderança

   • Promover a accountability, fazer justificar as decisões
     com critérios objectivos, e promover processos de
     tomada de decisão transparentes
• Fazer uma intervenção consciente para identificar e
  promover a mudança de estereótipos através da
  inclusão

• A haver programas de diversidade, implementar com
  justiça e criar ligações claras ao desempenho

• Criar processos formais para promover acesso igual a
  redes

• Dotar as pessoas de capacidades, não com regras
O que podem as mulheres fazer?

   “No início não me apercebia, e achava que
       era uma falsa questão de algumas
         mulheres. Agora entendo-as.”


                                  Mid-manager
Antecipar a força do estereótipo
    As mulheres que se auto-promovem são
     percebidas como mais competentes que as que se
     auto-desvalorizam, mas é menos provável que
     sejam contratadas. (estudo de laboratório, Rudman 1998)

    As mulheres devem antecipar um enviesamento
     pró-homem nas decisões de recrutamento e
     avaliação. (Maas & Torres-Gonzáles, 2011)
• As mulheres são melhor cotadas em 20 de 23 áreas de
  gestão. São consideradas menos visionárias (limite a
  posições de topo)

• Os homens são melhor cotados em conhecimentos
  financeiros, perspectiva global, conhecimento da
  indústria e situação do negócio, e versatilidade
  (Wells, 2001)


• Essencialmente, são os pares homens que consideram
  as mulheres menos visionárias (Ibarra & Obodaru, 2009)
Combater o estereótipo
   • As mulheres candidatam-se a um lugar apenas
     quando acreditam que reúnem 100% dos critérios
     listados, enquanto os homens respondem aos
     lugares quando acreditam que reúnem 60% dos
     requisitos” (estudo da HP - Desvaux, Devillard-Hoellinger &
     Meaney, 2008)


   • Apesar das mulheres tenderem a exceder as
     expectativas de desempenho (em 8%), tendem a
     não se propor para uma promoção (estudo do Lloyds)
• Os gaps salariais são menores quando existem
  indicadores de desempenho objetivos
  (Gunderson, 1975; Jirjahn, 2006)


• As pessoas que tiveram experiências passadas
  positivas com mulheres gestoras tendem a
  classificar melhor as mulheres nas
  características de gestão (Duehr & Bono, 2005)
Lidar com o estereótipo
  • Self-awareness e reflexão
  • Aumentar as capacidades de poder e influência e
    de negociação
  • Integrar a sua atividade na estratégia
    organizacional
  • Tornar as suas intenções conhecidas
  • Considerar projectos multinacionais
• Cultivar relações internas e externas (procurar
  um(a) mentor(a)
• Discutir o desempenho com base em evidências e
  resultados
• Reforçar as competências de gestão
• Decidir com consciência dos estereótipos
Cinco competências críticas
             Passado                               Futuro
     Driving & managing change           Driving & managing change

   Executing organizational strategy    Identifying/developing future
                                                    talent

   Coaching and developing others      Fostering creativity & innovation

      Making difficult decisions       Coaching and developing others

  Improving employee engagement Executing organizational strategy


                                          (Global Leadership Forecast, 2011)
Escolher os métodos de
desenvolvimento mais eficientes
   • Formação em sala formal (73%)

   • Projectos e assignments especiais (66%)

   • Coaching pela hierarquia (63%)
No one can make you feel inferior
without your consent.
                         Eleanor Roosevelt
Referências mais relevantes
   Richard Bolden; Jonathan Gosling (2006) “Leadership competencies: time to change
   the tune?”, Leadership 2006; 2
   Uma D. Jogulu, Glenice J. Wood, (2006),“The role of leadership theory in raising the
   profile of women in management", Equal opportunities international, vol. 25
   Emily Duehr; Joyce E. Bono (2006), “Men, women, and managers: are stereotypes
   finally changing?” Personnel psychology , 2006, 59
   Marja-liisa Payne (SD) “The impact of rater’s gender on performance evaluations of HR
   managers “, Maryville University, St. Louis,
   Victor s. Maas; Raquel torres-gonzález (2010), “Subjective performance evaluation
   and gender discrimination,” Amsterdam business school ,
   Brian Welle ; Madeline E. Heilman (sd) “Formal and informal discrimination against
   women at work the role of gender stereotypes”, Working paper, Centre for Public
   Leadership
   H. Ibarra ; Obodaru, O. (2009) “Women and the vision thing”, HBR, jan
   DDI Global Leadership Forecast 2011, Pittsburgh
   F. William Brown; Michael D. Reilly (2008) “Emotional Intelligence, Transformational
   Leadership and Gender: Correlation and Interaction Possibilities” The Journal of
   International Management Studies, Volume 3, Number 2, August
Conceito de liderança
   ‘the ability of an individual to
  influence, motivate, and enable others to contribute
  toward the effectiveness and success of the
  organizations of which they are members’’ (House et
  al., 2004, p. 56)
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  • Sobre o The Lisbon MBA:
                 Sofia Ribeiro
                sofia.ribeiro@thelisbonmba.com


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                Mónica Santigo
                monicaoreysantiago@gmail.com

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  • 1. How to compete in a male-domin​ated work place Teresa V. Oliveira
  • 2. “Não vale a pena avaliarem candidatas. Não está na natureza das mulheres chefiar.” (1992) Director de RH Multinacional I. Farmacêutica
  • 3. ……..…… (2013)
  • 4. Actualmente, a discriminação de género acontece de forma invisível A discriminação nos empregos associados ao estereótipo masculino faz-se formalmente, através do enviesamento na atribuição de recursos organizacionais, e informalmente, através da qualidade e natureza das relações que se formam entre os membros da organização (Heilman & Welle, 2004)
  • 5. Alguns factos expressivos sobre a discriminação de género 2011 - 31% mulheres em posições de management 2009 - 38% mulheres em posições de management Global Leadership Forecast (2009, 2011)
  • 6. Management level and gender (%) 90 80 70 60 50 Female 40 Male 30 20 10 0 First level Mid-level Senior-level Executive-level Fonte: Global Leadership Forecast, 2011
  • 7. Composição de Boards e CEs Nos EUA, em 2011: - 3% de mulheres eram CEOs das Fortune 500 - 10 % de mulheres em lugares executivos Na UE, em 2012: - 9% de mulheres em lugares executivos
  • 8. Membros do conselho de administração das vinte maiores empresas 120 cotadas na Bolsa de Valores- PSI-20, por sexo, 2003-2010 (%) 100 96% 96% 97% 97% 96% 95% 94% 93% 80 60 Homens Mulheres 40 20 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: CE, SIIC
  • 9. Haverá razões organizacionais que justifiquem estas diferenças? Mulheres e homens não variam grandemente nas suas perspectivas sobre a gestão das organizações e nas práticas de liderança. (Howard & Wellins, 2009) Mulheres e homens têm um desempenho equivalente em situações orientadas para a relação interpessoal ou para a tarefa. Na tomada de decisão as mulheres exibem um estilo mais participativo, os homens mais directivo. (Eagly & Johnson, 1990)
  • 10. As razões pelas quais tal acontece… “Eu ouço mais vezes que tenho 3 filhos do que me lembro que tenho 3 filhos….” Mid-manager de Inst. Bancária (onde não existem administradoras)
  • 11. Estereótipo feminino Coletivistas - bem estar dos outros, gentis, compassivas, sentimentais, prest ativas e generosas Estereótipo masculino Proactivos - assertivos, dominantes, confiantes, agressivos, ambiciosos, independentes
  • 12. Género e estereótipos sobre a gestão As características atribuídas aos middle managers de sucesso são também os traços comummente associados ao estereótipo masculino. (Schein, 1973 & 1979, Heilman et al. 1989)
  • 13. Os estudantes de gestão, especialmente os do género masculino, têm fortes estereótipos de género em países tão diferentes como os EUA, Alemanha, Reino Unido, Japão e China. (Schein, Mueller, & Jacobson, 1989; Schein, Mueller, Lituchy, & Liu, 1996; Eagly, 1987; Schein & Mueller, 1992; Eagly & Karau, 2002)
  • 14. Estarão os estereótipos finalmente a mudar? Os gestores, homens e mulheres que participaram num novo estudo em 2005 consideram que mulheres e homens possuem muitos dos traços necessários para o sucesso de um middle manager. Os homens gestores consideram que a gestão de sucesso está menos associada a traços proactivos e mais traços colectivistas, de acordo com os modernos paradigmas de liderança. Duehr& Bono (2005)
  • 15. Mas, o mesmo estudo revela que:  Os estereótipos dos estudantes masculinos mudaram muito pouco  Os homens tendem menos a atribuir às mulheres os atributos associado ao middle-management de sucesso
  • 16. A investigação não é conclusiva: • Os estereótipos sobre a mulher mudaram, havendo mais referência a características masculinas ou proactivas (Diekman & Eagly, 2000) • Ao longo do tempo as mulheres têm vindo a classificar-se com mais traços tradicionalmente masculinos (meta-análise de Twenge, 1997)  Os estereótipos de género têm-se mantido estáveis ao longo do tempo e há até a possibilidade das mulheres estarem a aumentar a sua percepção de feminilidade (Lueptow et all, 2001)
  • 17. Como se encara a transgressão dos comportamentos esperados?  As mulheres que têm sucesso em lugares tradicionalmente associados ao género masculino tendem a ser penalizadas através de um avaliação negativa das suas características pessoas. (Heilman et all, 2004)  As mulheres que têm sucesso em lugares tradicionalmente associados ao género masculino são classificadas como desagradáveis do ponto de vista interpessoal. (Heilman & Okimoto, 2005)
  • 18.  As mulheres que exibem características típicas do estereótipo masculino têm menor probabilidade de ser consideradas para promoções e usufruir das mesmas oportunidades de desenvolvimento, mesmo que sejam tão competentes como os seus pares masculinos. Também têm piores avaliações que os seus pares. (Heilman et all, 2004)  As mulheres que agem com base no estereótipo masculino são menos apreciadas, independentemente da sua competência percebida, e são menos capazes de influenciar os outros. (Davison & Burke, 2000)
  • 19.  As mulheres podem ser vistas como agradáveis e competentes simultaneamente, mas têm que mostrar os comportamentos do seu estereótipo prescritivo. (Velle& Heilman, 2004)  Os homens têm créditos por terem um comportamento altruísta, e são por isso avaliados de forma mais positiva; as mulheres são penalizadas apenas por não apresentarem esses comportamentos. (Heilman & Chen, 2005)
  • 20.  Mesmo quando as qualificações entre homens e mulheres são equivalentes, os homens são vistos como tendo maior capacidade de desempenho e são preferidos em processos de seleção para lugares associados ao estereótipo masculino (Davison & Burke, 2000)
  • 21.  As mulheres preferem contratar outras mulheres com características próximas do estereótipo feminino (auto-depreciação) mesmo que estas pareçam menos competentes que as mulheres que se aproximam do estereótipo masculino (auto-valorização). (Velle& Heilman, 2004)
  • 22. Os discursos sobre a liderança mudaram claramente • Até anos 90 o comportamento prescrito para a liderança era próximo do definido para o estereótipo masculino (agressivo, competitivo, independente, autoconfia nte) • A partir dos anos 90 o comportamento prescrito para a liderança está próximo do definido para o estereótipo feminino (cooperação, colaboração, baixo nível de controlo, resolução de problemas baseada na intuição e na racionalidade)
  • 23. Mas as práticas de gestão ainda não  Os avaliadores tendem a apresentar um enviesamento pró-homem quando têm estereótipos de género muito fortes. (Bauer & Baltes, 2002; Gupta et al., 2008)  As oportunidades facultadas às mulheres são menores: mentoring, acesso a redes de comunicação informais, culturas organizacionais hostis, acesso a programas de desenvolvimento de potencial , responsabilidades de liderança multinacional, suporte em transições de carreira. (Velle & Heilmen, 2004; Global Leadership Forecast, 2011)
  • 24.  Os estereótipos dos homens face às mulheres não mudaram: só aprenderam que é esperado que considerem que mulheres e homens são similares no desempenho das funções (Rudman et all, 2001)
  • 25. Por que é que vale a pena inverter a situação? A percepção de discriminação na organização: • Afecta a qualidade da mobilidade do talento • Afecta a qualidade das experiências organizacionais • Gera atitudes menos positivas face ao trabalho e menor envolvimento • Aumenta o desejo de saída (Ensher, Grant-Vallone & Donaldson, 2001; Schafeer et all, 2000)
  • 26. • Os melhores candidatos são atraídos por empresas onde existem oportunidades de carreira e promoção equitativa. (McCuiston et al, 2004) • As políticas que promovem adequadamente a diversidade geram benefícios tangíveis claros: vantagem competitiva, melhor desempenho organizacional, satisfação e lealdade, e melhor relação com outras comunidades. (Jamrog, 2002)
  • 27. • A competência é crucial para manter um desempenho óptimo e assegurar a adaptação a um mundo onde a dinâmica empresarial mudou. (Herling, 2000; Krohn, 2000) • Empresas com processos sistémicos que identificam, promovem e desenvolvem as pessoas com elevado potencial de forma eficiente têm, em média, um retorno para o accionista superior em 22% (Collins, 2001)
  • 28. • As empresas que têm 3 ou mais mulheres no sénior management apresentam melhores resultados financeiros, melhor rentabilidade e retorno para o accionista, mas é necessário uma cultura que suporte efectivamente as vantagens de equipas mistas. (Desvaux, et all, 2008, Adler, 2001; Catalyst, 2004, Kocahn et al, 2003; Global Leadership Forecast, 2011)
  • 29. Programas para aumentar a diversidade podem ter efeitos perversos  As mulheres eram consideradas menos competentes, com menor capacidade de influência face às mulheres promovidas por mérito.  Os homens nas mesmas condições eram avaliados de forma mais positiva, independentemente do grupo minoritário que representavam. (Welle &Heilman, 2004)  O estatuto de “token person” dificulta consideravelmente a vida das mulheres líderes. Isto tem consequências em termos de saúde mental, relacionados com sentimentos de isolamento e exclusão, maior pressão e escrutínio sobre o seu trabalho. (Linehan & Walsh, 2001; Oakley, 2000)
  • 30. A liderança transformacional é uma oportunidade? • A liderança transformacional (LT) está correlacionada com melhores resultados organizacionais: esforço, eficiência organizacional, satisfação com o líder • Não há demonstração científica conclusiva que o género feminino revele maior capacidade de LT (Brown e Reilly, 2008)
  • 31. O que podem as organizações fazer? • Programas de RH desenhados de forma a assegurar que mulheres e homens são avaliados pelos mesmos critérios (seleção; promoções; gap salarial) • Tomar decisões com base no conhecimento profundo da função e avaliar objectivamente os candidatos a posições-chave de liderança • Promover a accountability, fazer justificar as decisões com critérios objectivos, e promover processos de tomada de decisão transparentes
  • 32. • Fazer uma intervenção consciente para identificar e promover a mudança de estereótipos através da inclusão • A haver programas de diversidade, implementar com justiça e criar ligações claras ao desempenho • Criar processos formais para promover acesso igual a redes • Dotar as pessoas de capacidades, não com regras
  • 33. O que podem as mulheres fazer? “No início não me apercebia, e achava que era uma falsa questão de algumas mulheres. Agora entendo-as.” Mid-manager
  • 34. Antecipar a força do estereótipo  As mulheres que se auto-promovem são percebidas como mais competentes que as que se auto-desvalorizam, mas é menos provável que sejam contratadas. (estudo de laboratório, Rudman 1998)  As mulheres devem antecipar um enviesamento pró-homem nas decisões de recrutamento e avaliação. (Maas & Torres-Gonzáles, 2011)
  • 35. • As mulheres são melhor cotadas em 20 de 23 áreas de gestão. São consideradas menos visionárias (limite a posições de topo) • Os homens são melhor cotados em conhecimentos financeiros, perspectiva global, conhecimento da indústria e situação do negócio, e versatilidade (Wells, 2001) • Essencialmente, são os pares homens que consideram as mulheres menos visionárias (Ibarra & Obodaru, 2009)
  • 36. Combater o estereótipo • As mulheres candidatam-se a um lugar apenas quando acreditam que reúnem 100% dos critérios listados, enquanto os homens respondem aos lugares quando acreditam que reúnem 60% dos requisitos” (estudo da HP - Desvaux, Devillard-Hoellinger & Meaney, 2008) • Apesar das mulheres tenderem a exceder as expectativas de desempenho (em 8%), tendem a não se propor para uma promoção (estudo do Lloyds)
  • 37. • Os gaps salariais são menores quando existem indicadores de desempenho objetivos (Gunderson, 1975; Jirjahn, 2006) • As pessoas que tiveram experiências passadas positivas com mulheres gestoras tendem a classificar melhor as mulheres nas características de gestão (Duehr & Bono, 2005)
  • 38. Lidar com o estereótipo • Self-awareness e reflexão • Aumentar as capacidades de poder e influência e de negociação • Integrar a sua atividade na estratégia organizacional • Tornar as suas intenções conhecidas • Considerar projectos multinacionais
  • 39. • Cultivar relações internas e externas (procurar um(a) mentor(a) • Discutir o desempenho com base em evidências e resultados • Reforçar as competências de gestão • Decidir com consciência dos estereótipos
  • 40. Cinco competências críticas Passado Futuro Driving & managing change Driving & managing change Executing organizational strategy Identifying/developing future talent Coaching and developing others Fostering creativity & innovation Making difficult decisions Coaching and developing others Improving employee engagement Executing organizational strategy (Global Leadership Forecast, 2011)
  • 41. Escolher os métodos de desenvolvimento mais eficientes • Formação em sala formal (73%) • Projectos e assignments especiais (66%) • Coaching pela hierarquia (63%)
  • 42. No one can make you feel inferior without your consent. Eleanor Roosevelt
  • 43. Referências mais relevantes Richard Bolden; Jonathan Gosling (2006) “Leadership competencies: time to change the tune?”, Leadership 2006; 2 Uma D. Jogulu, Glenice J. Wood, (2006),“The role of leadership theory in raising the profile of women in management", Equal opportunities international, vol. 25 Emily Duehr; Joyce E. Bono (2006), “Men, women, and managers: are stereotypes finally changing?” Personnel psychology , 2006, 59 Marja-liisa Payne (SD) “The impact of rater’s gender on performance evaluations of HR managers “, Maryville University, St. Louis, Victor s. Maas; Raquel torres-gonzález (2010), “Subjective performance evaluation and gender discrimination,” Amsterdam business school , Brian Welle ; Madeline E. Heilman (sd) “Formal and informal discrimination against women at work the role of gender stereotypes”, Working paper, Centre for Public Leadership H. Ibarra ; Obodaru, O. (2009) “Women and the vision thing”, HBR, jan DDI Global Leadership Forecast 2011, Pittsburgh F. William Brown; Michael D. Reilly (2008) “Emotional Intelligence, Transformational Leadership and Gender: Correlation and Interaction Possibilities” The Journal of International Management Studies, Volume 3, Number 2, August
  • 44. Conceito de liderança ‘the ability of an individual to influence, motivate, and enable others to contribute toward the effectiveness and success of the organizations of which they are members’’ (House et al., 2004, p. 56)
  • 46. Entre em contacto connosco! • Sobre o The Lisbon MBA: Sofia Ribeiro sofia.ribeiro@thelisbonmba.com • Sobre a EPWN: Mónica Santigo monicaoreysantiago@gmail.com