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Preciosíssimo Sangue por nós.
Jesus Cristo é pois Rei absoluto de toda a cria-
ção, Rei das famílias e Rei dos corações, Rei das
inteligências e Rei das vontades. Devemos tudo
submeter ao seu jugo suave e leve, jugo que o
mundo moderno, na sua loucura, quer sacudir.
Mas por mais que o mundo recuse a realeza de
Nosso Senhor, Ele sempre reinará. Reinará ou
pelos benefícios infini-
tos de sua presença no
seio de uma sociedade
dócil às suas ordens
ou reinará pelas desor-
dens e ruínas causa-
das pela desobediên-
cia à sua lei.
Que as almas das cri-
anças das famílias
católicas se associem
a esta reconquista da
sociedade para pô-la
aos pés do Rei de
amor e de justiça que
quer a conversão de
nossa sociedade pois
Ele veio procurar o que
estava perdido, pondo
Sua misericórdia aci-
ma de todas as Suas
obras.
Que uma cruzada de
crianças se forme para
esta reconquista tão
desejada, a qual não
se fará senão pela
intercessão do Imaculado e Doloroso Coração de
Maria ao qual desejamos consagrar este jornal
fundado para a glória de seu divino Filho.
Confiamos aos pais de família esta mesma cru-
zada que começa pela entronização no seio das
famílias de Jesus Cristo Rei e de Sua Mãe Santís-
sima como Rainha das famílias e da sociedade.
DOIS ANOS!
Dom Tomás de Aquino O.S.B.SANTOS E
FESTAS DO MÊS:
05– São Bonifácio;
06– São Norberto;
10– Sta. Margarida, Rainha da
Escócia;
13– Sto. Antônio de Pádua;
18– Festa do Coração Eucarís-
tico de Jesus;
20– Puríssimo Coração de
Maria;
24– Natividade de São João
Batista;
27– Nª.Sª do Perpétuo Socor-
ro;
29– São Pedro e São Paulo.
N E S T A
E D I Ç Ã O :
Dois Anos 1
Sagrado Coração de Jesus 2,3
Gabrielle Lefebvre 4,5
Jesus, Rei de Amor. 6
O GREC, uma história ocul-
ta, agora revelada
Parte III
7,8
Notícias da Resistência 9
Junho/ 2015Edição 25
A Família CatólicaC A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S
E D I Ç Ã O E S P E C I A L D E A N I V E R S Á R I O
+
PAX
“Família Católica” completa dois anos. Dois
anos dedicados a esclarecer e proteger os prin-
cípios que são a base da família católica. A base
da família católica não pode ser outra senão
aquela base que Deus mesmo estabeleceu para
toda a sociedade humana, ou seja, Nosso Se-
nhor Jesus Cristo, base e fundamento de todas
as coisas pois n’Ele, por Ele e para Ele que to-
das as coisas subsistem. São
Paulo acrescenta que é n’Ele que
nós nos movemos, vivemos e
somos.
Para restaurar a família e a so-
ciedade nas suas verdadeiras
bases naturais e sobrenaturais
só há este caminho que São Pio
X resumia no programa de seu
glorioso pontificado: “Tudo res-
taurar em Cristo”.
Enquanto o mundo moderno
não renunciar às quimeras do li-
beralismo e voltar-se para Nosso
Senhor Jesus Cristo, ele continu-
ará sua marcha acelerada para o
mais profundo caos intelectual e
moral de toda a história huma-
na.
É para reagir contra esta deca-
dência que “Família Católica” foi
fundada. É seguindo as pegadas
de São Pio X, de Dom Marcel Le-
febvre e de Dom Antônio de Cas-
tro Mayer assim como de Dom
Williamson e Dom Faure que nós
trabalhamos e convidamos a
trabalhar conosco todos aqueles que crêem que
Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, o Verbo En-
carnado, Filho eterno do Pai, Verdadeiro Deus e
Verdadeiro homem, Criador e Redentor do gêne-
ro humano, rei por direito de nascença pois Ele
é o Filho eterno do Pai, gerado eternamente, e
por direito de conquista por ter derramado seu
“ O que queremos é inocular nas famílias a fé e o amor do Sagrado Cora-
ção. Se Jesus Cristo for inoculado nas raízes, toda a árvore será Jesus
Cristo” Pe. Mateo Crawley Boevey
A promessa do S. Coração
“Não temas nada, ó minha filha, eu reinarei apesar dos meus
inimigos e de todos os que quiserem opor-se ao meu reinado”
assim disse um dia Nosso Senhor à Santa Margarida Alacoque.
“Ó meu Salvador, perguntou-lhe a santa, e quando será esse
tempo feliz? A espera dele, eu deixo a Vosso cuidado a defesa
da vossa causa, e enquanto isso, sofrerei em silêncio.” “Crês tu,
lhe disse outra vez, que eu tenho o poder de o fazer? Se tu crês,
verás o poder do meu Coração, na munificência do meu amor”.
A santa religiosa acreditava no poder do Sagrado Coração de
Jesus, no retiro do seu caro mosteiro, e com uma vida de contí-
nuos sofrimentos, preparava o triunfo inconfundível da querida
devoção para a qual vivia exclusivamente.
“Que alegria para mim, dizia ela, que seja conhecido, amado e
glorificado o Coração adorável do meu Senhor! Sim, minhas
caras irmãs, é esta a maior consolação da minha vida.”
“Quereria ter milhões de vidas para sacrificá-las todas, entre
os mais medonhos tormentos, até mesmo os do inferno, exceto
o ódio a este Coração tão amante e tão amável, para fazer que
ele reine. Se fosse necessário, sacrificaria tudo, sem nenhuma
reserva, para que se cumpram os desígnios de Deus; meu cora-
ção vive preocupado exclusivamente com os interesses deste
Coração Divino...”
Eram estes os desafogos habituais da Santa Visitandina. (...)
Os primeiros germens
O dia 11 de junho de 1899 (Nota: Data da Consagração do
gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus, feita por Leão
XIII. Neste mesmo ano, em 25 de maio, o Santo Padre escreveu
uma Encíclica- Annum Sacrum– na qual ordena que em todas
as Igrejas de todas as cidades do mundo se fizesse um Tríduo
ao Sagrado Coração, nos dias 9, 10 e 11 de junho, terminando
no último dia com a Fórmula da Consagração, mandada junta-
mente com a referida Encíclica) foi o dia de maior triunfo que
obteve a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Diante de um
tal espetáculo, perguntamos, e a pergunta vem espontaneamen-
te: quando teve princípio esta amada devoção? Que caminho
percorreu ela para alcançar um semelhante triunfo? (...)
Os primeiros gérmens, os encontramos na história evangéli-
ca. O padre Macinai escreve: “Muito se enganaria, quem acredi-
tasse que esta devoção só tenha começado em nossos dias.
Houve sempre na Igreja desde os tempos do discípulo amado S.
João, almas privilegiadas que ouviram as palpitações daquele
Coração adorável e procuraram corresponder a elas do melhor
modo possível.” E noutra passagem: “A Igreja não ficou 1700
anos sem adorar este Coração, que tanto amou os homens, e
sem tributar-lhe um culto particular”. (...)
“O Novo Testamento, escreve Thomaz, contém idéias gerais da
nossa devoção em uma forma rudimentar semelhantes a pedras
preparadas para fabricação de um templo; esperam a hora es-
colhida pelo Divino Arquiteto, que deve levantar o edifício”.
O primeiro chamado
Ninguém melhor do que Jesus podia falar-nos do seu Coração
Divino, e manifestar-nos seus suaves atrativos e mais eficaz-
mente convidar as almas a aproveitarem-se dos imensos tesou-
ros de amor nele encerrados. E Jesus na sua grande misericór-
dia, se dignou revelar-nos o seu Coração. S. Mateus no Capitulo
XI do seu Evangelho, recolheu a divina revelação e no-la transmi-
tiu.
Jesus ressuscitou o filho da viúva de Nain, deu resposta aos
discípulos de S. João, é cercado dos discípulos e das multidões,
todos pobre gente ignorante e humilde. Com seu olhar, suave-
mente compassivo, e que convida cheio de atração, abraça to-
das aquelas almas humildes. Esse olhar Ele lança sobre o futu-
ro, e descobre outras almas, que segui-lo-ão no caminho da
humildade e do sacrifício. Vê os necessitados de auxilio e de
conforto no presente e no futuro; e ao pensar que a todos indis-
tintamente abria os infinitos tesouros do seu Coração Divino, se
enche de consolação e de alegria espiritual, cuja doce efusão
comove os nossos corações: “Ó Pai, exclama. Senhor do céu e
da terra, eu vos dou graças porque escondestes estas coisas
aos sábios e prudentes e as manifestastes aos pequeninos. Sim
ó Pai, tal foi o teu beneplácito.” E as palavras do Divino Mestre
se tornam mais sublimes: “Todas as coisas me foram confiadas
pelo meu Pai... Vinde a mim vós todos que gemeis debaixo de
algum peso, e eu vos aliviarei: tomai o meu jugo sobre vossos
ombros, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de Cora-
ção. Assim encontrareis a paz de vossa alma, porque o meu jugo
é suave, é leve o meu peso”. Só Jesus pode fazer um convite tão
terno às almas cansadas pela luta, combatidas continuamente
pelas paixões, e quase suplantadas pelos inimigos. Só Ele tem o
que pode consolar os seus amigos: verdade que ilumina as inte-
ligências; graça que opera as maiores, as mais prodigiosas
transformações. Sobretudo, Ele possui um Coração bom, terno,
compassivo, generoso, sempre disposto a derramar benefícios e
a comunicar-se.
Mais tarde Ele falará e dirá à humilde Visitandina: Meu cora-
ção está tão cheio de amor pelos homens que, não podendo
mais conter as chamas, necessita derrama-las, espalha-las so-
bre as almas para enriquecê-las com os preciosos tesouros que
vos manifestei. É a segunda revelação do Coração Divino de
Jesus: o segundo convite ás almas necessitadas.
A primeira conquista
As palavras do Mestre foram recebidas pela multidão, que,
vencida pela bondade de Jesus, pelo Coração manso e humilde,
não tinha coragem de separar-se Dele; foram recolhidas especi-
almente por uma alma oculta no meio da turba, que, mais do
que as outras, sentia a necessidade delas.
S. Lucas que mais do que os outros evangelistas segue a or-
dem cronológica, depois de falar da embaixada que S. João
mandou a Jesus Cristo pelos seus discípulos, nos faz menção do
banquete que teve lugar na casa de Simeão, para o qual foi o
Divino Mestre convidado e o aparecimento da Madalena na sala
do festim. Em Madalena podemos admirar a primeira alma ne-
cessitada de paz que aceita o convite de Jesus e experimenta a
misericórdia do seu Divino Coração.
A conversão de Madalena era recente. Como as gran-
des almas convertidas, ela sente a necessidade de
provar com algum sinal extraordinário a sinceridade
da conversão. Entra na sala do jantar, quebra o
vaso de alabastro derramando o unguento
precioso que ele continha sobre os pés do
“Eu Reinarei”
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus no seu
desenvolvimento histórico - Pe. Fernando Piazza
Redentor.
Esta mulher moça, rica, cheia de inteligência, tem um coração
grande e generoso, que sente a necessidade de ser amado: e
como tantas outras infelizes como ela, pede às criaturas a satis-
fação desta necessidade e arrastada por elas se perde. É inútil.
Isto ela mesma deve reconhecer: o coração não é satisfeito; é
possuído da mesma inquietação e, entretanto, continua na sua
vida buscando prazeres.
Em um momento de desânimo, Madalena ouve falar de Jesus,
dos milagres por Ele operados na vizinha cidade de Cafarnaum e
noutros lugares. Ouve contar o milagre de Nain, pouco distante
da sua vila. É preciso ver Jesus, diz ela consigo, talvez tenha para
mim uma dessas palavras das quais minha alma vive sequiosa. E
sabendo que Jesus ainda se achava nas vizinhanças de Nain,
corre ao seu encontro.
A jovem se confunde no meio das turbas: vê quanto o ensino
de Jesus é diverso dos ensinamentos dos doutores da lei. Ouve
as palavras com que Jesus convida todas as almas cansadas. E
lhes dá a segurança da bondade de seu Coração. Então, diz Ma-
dalena, estas palavras são para mim: quem poderá estar mais
cansada do que eu? Preciso de paz e de tranquilidade: que as
criaturas tantas vezes me prometeram e não são capazes de me
dar. E vai repetindo as palavras que tinha ouvido: Vós que viveis
sobrecarregados, vinde a mim que eu vos aliviarei: o meu Cora-
ção é bom, é doce, misericordioso, Ele dá a paz.
E Madalena contempla o novo Profeta. Seus olhares acostuma-
dos a procurar as belezas nas criaturas, se fixam na figura divina-
mente modesta de Jesus e ficam deslumbrados. A fisionomia
nobre do Mestre, a sua fronte pura iluminada pelo reflexo da
Divindade, seu olhar sereno e suave, o acolhimento amoroso
com que recebe todos os que a Ele recorrem, lhe são uma cara
surpresa. Absorvida por esta visão nova, ela ouve o eco das pala-
vras de Jesus... o meu Coração é doce, é humilde... vinde a mim
vós todos que estais cansados...
Madalena fica vencida, chega-se ao Divino Mestre para ouvir
sua palavra de paz e de perdão. A mulher moça convertida será,
no seu fervor e na sua generosidade, o modelo das almas aman-
tes de Jesus Cristo, não pode mais esquecer o seu Divino Liberta-
dor, não pode mais afastar-se de Jesus: segui-lo-á nas suas divi-
nas peregrinações, ao Calvário, e será a primeira, que o verá
ressuscitado e que ouvirá palavras de conforto.
Ó Madalena afortunada, que no caminho do pecado fostes en-
contrar Jesus, manso e humilde de Coração, Jesus que te fez
este chamado: Vinde a mim, vinde a meu Coração e acharás a
paz!
O Discípulo
amado
S. João é o
apostolo do
amor. Com
seu olhar de
águia pene-
tra, escruta
os mistérios
mais profun-
dos da Divin-
dade, e, com
alma ardente
de amor, se
anima, se
esforça em
narrar aque-
les fatos, que
descobrem a
c a r i d a d e
imensa do
Salvador.
Só S. João
nos refere a
conversa de
Jesus com
Nicodemos,
na qual o
Divino Mes-
tre põe em evidência o grande amor do Pai em dar ao mundo o
seu Filho no mistério da Encarnação.
Ele nos narra a conversação de Jesus com a Samaritana. “Se tu
conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te pede de
beber, disse Jesus à mulher que veio ao poço”. Ele nos descreve
o perdão concedido por Jesus à mulher culpada. “Mulher, nin-
guém te condenou? Pergunta-lhe o Salvador: Eu também não te
condeno, vai em paz; não peques mais”.
S. João nos fala do pão vivo, do pão eucarístico e da sua neces-
sidade para a vida das almas.
O mesmo apóstolo nos descobre a razão do seu grande amor a
Jesus, quando nos repete por quatro vezes que o Divino Mestre
amava-o com preferência, e como prova desta preferência, nos
recorda o singular privilégio que gozou de repousar a cabeça
sobre o peito do Salvador nos últimos momentos de sua vida
mortal.
Jesus amava todos seus apóstolos, todos lhe eram caros; mas
tinha predileção por S. João. João era o mais moço; era dos que
foram chamados primeiramente a seguir o Salvador. Os compa-
nheiros sabiam-no o predileto; mas não tinham ciúme nem inve-
ja. Não tinha por ventura Jesus o direito de distribuir graças, se-
gundo os conselhos e as inclinações do seu Coração?
No cenáculo
Achava-se Jesus no Cenáculo com seus discípulos. Iam cear.
Ainda mais: ia Ele preparar-nos a grande ceia das almas. S. João
fala do grande mistério por estas palavras: “Tendo --o Salvador—
amado os seus que estavam no mundo, os amou até o fim.” Quer
dizer que os amou com amor extremo, como não podia ser maior
o amor.
Por este motivo, Ele tivera o mais ardente desejo de comer esta
Páscoa com eles, antes de começar sua Paixão. Estando à mesa,
Jesus sente o peso de ingratidão monstruosa do discípulo traidor:
se o Coração sente um aperto extraordinariamente forte, sua
figura divina fica cheia de tristeza. Ele precisava desabafar-se.
“Tendo dito aquelas palavras, Jesus ficou perturbado no seu
interior e protestou e disse: na verdade, na verdade vos digo que
um de vós me há de trair.”
João chega-se a Jesus, o comtempla, o compreende, avalia a
intensidade da dor do seu Coração Divino e com filial afeto se
reclina docemente sobre o peito do Mestre, como quem queria
sentir suas pulsações, medir sua dor e protestar-lhe sua fidelida-
de em reparação da traição de Judas.
E não deve ser este um ato passageiro: ele se demora assim
por algum tempo: é o amigo que se aperta ao peito amigo no
momento solene da tristeza, na hora suprema do Adeus e da
separação. Um anjo há de confortar Jesus no horto, um outro
anjo consola-O neste instante com a cabeça reclinada sobre seu
peito adorável. “E um dos discípulos repousava sobre o peito de
Jesus e Jesus o tinha como dileto amigo.”.
Sobre o peito João está cheio de compaixão do amigo Divino e
dá-lhe tudo quanto pode dar uma alma cheia de amor.
Não só ele dá, mas recebe ainda mais do que dá. Junto à fonte
do amor, sobre o Coração de Jesus, ele tira dela o mais que po-
de, fica inebriado e um dia virá em que repetirá às almas as pala-
vras saídas daquele Coração. Depois da ceia, ele há de dar a
conhecer o magnífico discurso de Jesus e tornará conhecido o
excesso de amor que Jesus teve por nós, instituindo o Sacramen-
to da Eucaristia. João não é o historiador do Santíssimo Sacra-
mento, nem é o filósofo, nem o teólogo: não fala do fato, não se
ocupa do rito da instituição; ele só diz que o Salvador com este
divino achado, atingiu a maior altura a que o amor podia subir,
além da qual não é possível ir.
Pergunta Baunard: porventura podia outro que não fosse o
discípulo amado chegar a tanta sublimidade de doutrina? E res-
ponde: os Santos Padres da Igreja acreditam que não. Essa subli-
midade só poderia ser adquirida na fonte mesma da Divindade,
naquela noite misteriosa e solene em que João repousou sobre o
Divino peito.
Bossuet, fiel intérprete dos Santos Padres, diz expressamente
que Jesus Cristo na ultima ceia deu seu coração ao discípulo do
amor.
Nota: Seguimos nesta edição com a segunda e última parte da
entrevista concedida por S.E.R. Mons. Michael Faure sobre a Sra.
Gabrielle Lefebvre, mãe de Mons. Lefebvre. Ao final, pergunta-
mos a monsenhor quais os conselhos que ele daria para as famí-
lias de hoje. Esperamos que sua resposta possa ser de proveito
para o progresso espiritual de todos.
A mãe de família
Dois de seus filhos foram missionários do Espírito Santo (um
deles Mons. Lefebvre) e três filhas religiosas, uma na Congrega-
ção de Maria Reparadora, a segunda nas Irmãs Missionárias do
Espírito Santo e a terceira no Carmelo (esta fundou vários con-
ventos, inclusive quando adveio a crise da Igreja, fez cinco funda-
ções). Aí se vê o resultado da educação recebida, educação com
exemplos de uma vida católica perfeita, e não somente com pala-
vras. O senhor Lefebvre era um pouco severo e a mãe, claro, era
a responsável por equilibrar as coisas. A Sra. Lefebvre dizia
aos meninos, quando tinha que vencer
uma obstinação: “Jesus ficará contente”,
“Deus quer que tu faças isso”; e para
obter um sacrifício buscava o caminho do
coração: “Aí estão almas para salvar ou
para conservar (no caso de enfermos)”,
etc. E assim conseguia que as crianças
fizessem pequenos sacrifícios. Quando
tinha que fazer uma reprovação evitava
humilhar as crianças, tratava de encon-
trar uma maneira de dizer as coisas de
uma forma relativamente amável, para
evitar a humilhação. Também estimulava
os filhos para se corrigirem uns aos ou-
tros, mas sempre amavelmente. Quando
se fazia necessário castigar, a punição
era exemplar. Um dos meninos, se recor-
dou durante toda sua vida, de uma forte
bofetada que recebeu depois de ter dito
uma mentira diante de sua mãe. Nele
ficou gravado para sempre o respeito à
verdade.
Como o ócio é a mãe de todos
os vícios, a Sra. Lefebvre estava sempre
preocupada que as crianças tivessem o
que fazer (jogar, por exemplo) e havia
que se encontrar ocupações interessan-
tes para eles. Às vezes, ela também parti-
cipava de suas recreações. Era muito útil para as crianças as
férias de verão perto do mar, porém não há relatos de que nada-
vam (pois a água era muito gelada e geralmente, não faz muito
calor, mesmo no verão).
Em princípio, na escola, ela sempre estava do lado dos profes-
sores. Quando havia alguma injustiça, depois falava com as auto-
ridades, mas diante dos meninos nunca tomava a defesa deles.
Eram obrigações importantes das crianças a missa e a comu-
nhão de cada dia. Ela mesma acordava os meninos fazendo-lhes
um sinal da cruz na fronte. Quando iam para as férias nas monta-
nhas, a Sra. Lefebvre não permitia que se deixasse a comunhão
para ir admirar o nascer do sol. Primeiro a comunhão. Todas as
noites havia também a oração em comum seguida da benção
dos meninos. Durante o tempo do Advento, diante do Presépio,
cada criança tinha uma “caixinha” com um cordeiro e uma pe-
quena vela. Se o comportamento naquele dia fosse bom, a crian-
ça podia avançar com sua “caixinha” para mais perto do Menino
Jesus. No final desta pequena “cerimônia” rezavam e cantavam
alguns cânticos. É muito importante ensinar as crianças a cantar!
Na Natal, os filhos, desde a idade dos cinco anos, tinham que
assistir às três missas do dia (e isso num frio tremendo, em ple-
no inverno). Nestas ocasiões, às vezes, deixavam o filho mais
novo em casa, sozinho, sob a custódia do seu Anjo da Guarda.
A mãe sempre buscava o que era a vontade divina para eles,
não se preocupava com suas vocações, deixava isso para Deus.
Dizia ela em uma carta a uma de suas filhas que estava interna
com as Irmãs Bernardinas do Bom Socorro : “A vocação religiosa
é mais elevada e é objeto de graças particulares do bom Deus. A
vocação do matrimônio é menos perfeita, e em si mesma, me-
nos santificante. Enquanto as almas religiosas acham em tudo
alimento para sua piedade, ao contrário, a alma piedosa, mas
que vive no mundo, encontra, frequentemente, vezes ao redor
dela elementos contrários, o que dificulta muitas vezes a pieda-
de. Porém, o bom Deus não chama a todos à vida religiosa e
uma pessoa pode ser santa em qualquer estado de vida que
escolha.” Dizia que não havia que se preocupar: “Eu vou fazer
tal coisa” ou “Eu vou casar”. Dizia que não há que se pensar
nessas coisas, senão pouco a pouco. É o bom Deus que decidirá
por um sentido ou por outro. Ela escreveu essa carta em 1922.
Curiosamente, para apoiar seu filho mais velho, que acabava
de receber a batina, ela também quis
romper com os laços do mundo, e sem
se importar com o que diziam os ou-
tros, passou a se vestir de preto. Mais
tarde, inclusive, ela se esforçará para
rezar o breviário, para imitar seus fi-
lhos, como ela dizia. As filhas, que
tinham vocação, se preparavam já em
casa, antes de entrarem no noviciado.
Em um período de dificuldades e deso-
lações disse a uma delas: “Agora sim
está começando o seu noviciado, tens
que pensar em uma coisa: trate de ser
como Jesus.” Como disse São Paulo,
um outro Cristo.
Encontrou-se duzentas cartas da
senhora Gabrielle, inclusive algumas
bem extensas, então se calcula que
escreveu, provavelmente, um total de
mil cartas, a seus filhos, tias, parentes,
etc. E, claro, seguiu escrevendo a seus
três filhos missionários (dois homens e
uma mulher) e às duas religiosas, po-
rém tinha pouco tempo, devido ao mui-
to trabalho: a fábrica seguia funcionan-
do, tinha parte na contabilidade, além
de se ocupar dos afazeres domésticos,
dos meninos. Enfim, quando acabou de escrever uma de suas
cartas, já beirando a meia noite, disse “Começo pelo fim”, devi-
do ao horário. E se levantava muito cedo, às 4h30m. Eram vidas
realmente exemplares. Assim podemos ver que quando aparece
um santo, como Monsenhor Lefebvre, há sido preparado por
gerações de esforços, sacrifícios, orações.
A vida espiritual e sua morte
Depois de uma confissão geral feita em 1909, a Sra. Gabrielle
escreveu uma carta dizendo que Deus a tinha cumulado de fa-
vores quando era menina e moça, mas ao fim de sua vida muito
mais. E há várias frases que parecem indicar, com descrição,
que tinha uma ferida no coração, que era, na realidade, estigma-
tizada (não disse contudo que era visível ou aparente). Teve
durante vinte anos os conselhos de um padre santo, muito es-
clarecido na direção espiritual, Pe. Huré. Eu espero que o livri-
nho (Nota: “Une mère de famille, do R. P. Louis Le Crom, de
onde Mons. retirou a maior parte das informações desta entre-
vista) seja traduzido, pois conta a vida de uma santa vivendo no
mundo, como uma mãe de família. Diz o padre Huré em uma
carta à Gabrielle: “O que ocorreu ontem pela manhã e que pro-
vocou vosso grito é revelador. Não ao menos digo que vós me
Gabrielle Lefebvre: uma mãe de família
escrevas acerca das cicatrizes da Cruz”. Tudo isso parece indicar
que ela era realmente estigmatizada. Termina a carta dizendo: “A
crucificação vai até seu cumprimento, seu término”. Essas frases
são alusões, porém falando sobre “cicatrizes da cruz”,
“crucificação”, “parecido extraordinário com Jesus”, de
“estigmas”, inclusive, e também sobre a “chaga do coração”,
parece bastante claro e provável este fato. Se encontra aqui a
grande influência de Santa Tereza de Ávila, de quem ela havia
meditado muitas vezes a vida e os escritos.
Sempre fazer o que parecia ser mais agradável a Deus, esta
era a regra. Também foi encontrada em seus papéis a cópia de
uma página de São Luiz Maria Grignion de Montfort, sobre o voto
da santa escravidão e da Consagração total à Santíssima Virgem
e esta frase: “Fazer as pequenas coisas, assim com as grandes,
a causa da majestade de Nosso Senhor, pois Ele mesmo as fez
para nós, Ele que vive a nossa vida.” Fez um voto de manter a
pureza perfeita da alma, com a graça de Deus, em 08 de março
de 1918: “Oh, Jesus, eu, sua esposa, querendo pertencer mais a
Vós, e guardar minha alma livre de toda a servidão, segundo as
inspirações do Espírito Santo, o qual obedeci no passado, confi-
ando em minha Mãe e por obediência, faço hoje o voto perpétuo
de pureza perfeita. Renuncio os meus direitos e minha vontade à
toda satisfação natural. Só a obediência poderá diminuir este
voto de puro amor. Oh, Jesus, já não pertenço a mim e sim a Ti.
Tu és minha vida.”
Assim que é importante ver seu caráter direito, leal da consci-
ência, fundado sobre o equilíbrio do temperamento, que também
se encontrava em Mons. Lefebvre, esse equilíbrio perfeito de
todas as virtudes. Sensível na obediência, grande confiança no
diretor espiritual, que lhe havia convidado a fazer esses votos.
Assim que as características de sua vida espiritual eram uma fé
viva, um ardente amor para com Jesus e uma devoção filial à
Santíssima Virgem. Religava tudo à Deus: “O que pensa Deus
disso?”. E dizia sempre “Deus faz bem tudo o que faz” e isso lhe
deixava com uma perfeita serenidade. Dizia, como mãe, “o bom
Deus nos dá, com nossos filhos, riquezas espirituais”. “Para as
almas que buscam sua perfeição é necessário que tenham não
somente a fé, porém que vivam de sua fé. Seus olhos devem
sobrepassar o horizonte do tem-
po e ver acima das coisas pas-
sageiras, as que permanecem.
Há duas formas para isso, pri-
meiro, colocar-se acima dos
eventos, e nas penas e obscuri-
dades deste mundo, tratar de
ver as alegrias do paraíso; se-
gundo, não considerar as dificul-
dades, os sofrimentos em si
mesmos, senão dentro da provi-
dência e da vontade de Deus
que nos ordena essas penas.
São Francisco de Sales disse
que então elas (as almas) se
tornam infinitamente amáveis”.
Para ela, Deus não era um ser
abstrato e sim alguém que havia ganhado sua confiança. A fé a
fez ver Deus em seus diretores. Perfeita obediência às suas deci-
sões, grande docilidade em seguir seus conselhos, mesmo em
questões que não diziam respeito, imediatamente, à sua santifi-
cação. Sem embargo, ela não foi uma mística “nas nuvens”, pos-
suía um temperamento perfeitamente equilibrado, muito enraiza-
do, no bom sentido, na realidade, no sentido comum. Disse uma
de suas filhas a seu respeito: “Os dons da graça que Deus lhe
concedeu foram maravilhosamente apoiados pelos dons da natu-
reza: um juízo seguro, um espírito direito, com muita energia, e
um domínio de si mesma pouco comum. Uma alma alegre, de
uma grande delicadeza, vibrante, que sabia unir a liberdade com
a doçura e possuía essa medida do justo meio”. Essas palavras
poderiam definir Mons. Lefebvre. Sua fé sensível, luminosa, era
comunicativa. Dizia uma terciária (franciscana): “Nunca a vi sem
sentir em mim um grande desejo de aperfeiçoamento.” E muitas
outras pessoas sentiram isso ao vê-la, queriam ser melhores.
Ela esteve em Roma e na volta quis passar por Assis (pois era
terciária franciscana), a cidade de São Francisco, e se admirou
muito. Até mesmo seu diretor admirava a perfeição de sua alma.
Disse, em setembro de 1909, por ocasião de uma ida a Lourdes,
“que nada me tire do sobrenatural, onde quero permanecer.” A
grande paixão de sua alma foi o amor de Jesus. Em união com
seus filhos religiosos ela rezava todos os dias a oração seguinte:
“Eu quisera dizer em cada minuto, em cada segundo, eternamen-
te, oh! Jesus meu, vos amo, e que assim eu faça dia e noite, nos
momentos difíceis e também nos mais fervorosos.” Entrega total
à Nosso Senhor.
Sofreu bastante no fim de sua vida e pouco antes de morrer, no
último dia, disse com muita alegria: “Que feliz estou de comungar
assim.” (Celebrou-se a missa em sua casa e estava rodeada dos
filhos e marido). Depois disse aos três filhos mais novos, que
estavam ao redor da cama da mãe, pensando em seus futuros:
“Meus filhos, quer seja na vida do matrimônio ou na vida religio-
sa, façam tudo para comprazer ao bom Deus. Desde o Céu eu
serei mais presente do que fui sobre à terra e eu os ajudarei.
Filhos meus, não sou irmã Teresa do Menino Jesus, porém tudo o
que me pedires na oração eu lhes conseguirei”. E se voltando
para seu marido: "Para ti
também, René”. À um
irmão dela disse: “Creio
que vou ao Céu.” E a ou-
tro: “Estão me chamando
no Paraíso.” Também dis-
se em seus últimos mo-
mentos: “ Não vou morrer
agora. Vou descansar até
as 17 horas. Depois me
vou.” E assim foi.
Assim que se vê real-
mente uma vida extraordi-
nária!
***
Monsenhor, quais os conselhos o senhor poderia dar para as famílias de hoje? Qual o papel dos pais e mães de família, o que Nos-
so Senhor espera de uma família católica hoje, nessa crise da Igreja? E para os jovens que estão se preparando para o matrimônio?
Creio que seguir um modelo, como esse de Gabrielle é o melhor. Vida de oração, vida de sentido comum, tendo sempre diante dos
olhos Nosso Senhor. Levando em consideração sempre o nível sobrenatural, o que Deus quer. Isso ajuda a exigir algumas coisas às
crianças, da melhor maneira possível, para ser útil para eles, para formá-los em uma vida cristã. Hoje há muitas debilidades, é difícil,
muito difícil, com as escolas, os amigos, todas essas coisas. Ademais, a piedade, a fé e evitar perder tempo, evitar uma distração
excessiva com a televisão, a internet. Há coisas que é importante conhecer, mas muitas vezes perdemos muito tempo.
Não seguir o exemplo geral, tratar de convencer os filhos que uma disciplina é muito importante, e seguir o que sempre disseram os
santos, que normalmente os noivos devem ser como irmãos, e para isso tratar de evitar todas as situações de perigo. Seria bom ler
os exemplos das épocas cristãs. Vivemos hoje em uma época pagã, e claro, os adolescentes e jovens querem viver como os demais,
como todo mundo, e é difícil convencê-los do contrário. Que para receberem as graças de Deus e a felicidade futura, é necessário
manter uma disciplina. Claro que isso exige sacrifício, obediência, humildade, porém há que se cumprir os deveres em relação a
Deus, pois se não fazem isso não vão conseguir tantas bênçãos. Cumprir os mandamentos de Deus. Não é fácil. Por isso é necessário
muita oração, muitas boas leituras e não perder tempo (com televisão, internet, essas coisas).
“Deixai as criancinhas, e não queirais impedi-las de vir a mim,
porque destas tais é o reino dos céus.” Mateus, 19:14
Para preparar-se melhor para a sua Primeira Comunhão e
testemunhar a Jesus os seus ardentes desejos de recebê-lo
(uma garotinha de oito anos), se privou de qualquer bebida
durante um verão inteiro, mesmo de tomar qualquer fruta
ou refresco. Mas Nosso Senhor não se deixa vencer em
generosidade. Ele recompensou esse heroísmo por
comunicações sensíveis na Sagrada Comunhão.
A menina, pensando que todo o mundo era favorecido
como ela, falava a quem quisesse ouvi-la sobre o que Jesus
lhe dizia, e quando eu lhe observei que ela não devia fazê-
lo:
“- Por que? Diz ela.
- Ora, porque são pequenos segredos entre Jesus e você, e
que, se você os contasse, assim, a todo o mundo, Jesus
poderia calar-se.
- Oh! Compreendo. Então eu não direi mais nada”.
Eu vou no entanto revelar-vos um deste colóquios íntimos
e divinos e vereis a ternura e a familiaridade que pode
reinar entre Jesus e as almas.
Aquela florzinha do Coração de Jesus fala-Lhe como uma
irmãzinha falaria ao seu irmãozinho, e Jesus responde-Lhe
do mesmo modo:
“Dizei-me, minha irmãzinha, tu me amas? Pergunta-Lhe
um dia Jesus.
- Meu Jesus, responde ela, essas coisas não se perguntam.
- Por que minha irmãzinha?
- Ora, por que tu sabes muito bem, meu Jesus, que eu
gosto de Ti e que o meu coração é todo teu.
- Sim, diz então Jesus, eu bem o sabia; mas, vês? Eu gosto
de ouvi-lo muitas vezes, e é por isso que eu t’o perguntava.
Há tantos que me dizem o contrário”.
Algum tempo depois, a criança tinha esquecido a sua
ingênua conversa. Por sua vez, ela sente necessidade de
perguntar a Jesus:
“Meu Jesus, tu gostas muito da tua irmãzinha?”
E Jesus lhe responde por sua vez:
“Minha irmãzinha, essas coisas não se perguntam.
- Por que? Retorna ela temendo ter dito coisa
inconveniente.
- Ora, porque tu bem sabes que o meu Coração divino é
todo teu.
- Vês? Jesus querido, eu bem o sabia mas queria ouvi-lo
de Ti”.
Querendo certificar-me de que não se tratava aí de
JESUS, REI DE AMOR — PE. MATEO CRAWLEY-BOEVEY
imaginação, mas da obra de Deus, eu disse um dia à criança:
“Amanhã na sua comunhão você vai pedir um presente a
Jesus.
- Que presente, Padre?
- Você vai dizer: ‘Querido Jesus, o meu confessor mandou-
me pedir-Te uma alma como prova de que és Tu mesmo
que me falas’. E se Jesus perguntasse: ‘Que alma?’ Você
responderia: ‘Tu deves conhecê-la, uma alma bem difícil de
converter’.”
E eis que na sua confissão seguinte ela me diz:
“Padre, está feito”.
Como eu fingisse não me lembrar:
“Ora, o senhor bem sabe, o senhor me disse para pedir
uma prova ao bom Jesus. Pois bem, Ele me disse: ‘Minha
irmãzinha, está feito’. Disse-me também: ‘Pede-Me almas,
Eu te satisfarei. Dize ao Padre que ele sempre Me peça
almas, ele as obterá...Mas é preciso que sejas bem
pequenina, bem obediente, bem amorosa, que faças
sacrifícios para ganhá-las. Somente, tu não farás nada sem
pedir permissão ao teu confessor. Se ele permitir, está bem;
se ele não deixar, tu sabes que Eu preciso da obediência’.
- Padre, essa alma já vem vindo. Dê-me depressa a
absolvição, porque Jesus disse que ela viria no dia em que
eu fosse me confessar”.
Tentei então distraí-la, falando-lhe de outra coisa; mas,
aproveitando um momento de silêncio:
“Padre, diz a menina, por favor, dê-me a absolvição...Sinto
que essa alma se aproxima...”
Como a menina se dirigia para o altar para fazer sua
penitência, saio do confessionário e noto uma pessoa
importante, um homem que nunca se tinha visto de joelhos.
Ele se adianta...era bem esse que eu tinha visado.
“Padre, diz ele, não sei como foi isso, sinto-me atraído
irresistivelmente, estou derrubado pela graça, sinto-me
inteiramente mudado... Venho confessar-me”.
Ah! Como foi tocante aquela confissão feita no meio de
lágrimas! “Não sei como, repetia ele, não sei porque!”
Eu teria podido mostrar-lhe aquela piedosa criança
fazendo humildemente a sua penitência e dizer-lhe: “O
senhor é a sua conquista; é à sua oração que o senhor o
deve”.
Eis aí como as almas simples são todo poderosas sobre o
Coração de Jesus. Ele não lhes pode recusar nada porque
elas tem plena confiança n’Ele
Os dois são franceses, ele relojoeiro, ela rendeira.
Ambos eram filhos de militares e foram educados em um ambiente católico, piedoso e rígido. Ele foi educado nos “Irmãos
das Escolas Cristãs”, e ela era externa no colégio da Adoração Perpétua de Alençon. A sociedade já vinha decaindo há al-
guns séculos, mas em suas famílias o liberalismo não havia entrado.
Tentaram ambos ingressar na vida religiosa, ele não é aceito junto aos cônegos de Santo Agostinho, por não ter aprendido
latim, e ela tenta entrar para a ordem das Filhas de Caridade de São Vicente de Paulo, mas sua superiora pensa que esta
não é sua vocação.
Ele, foi à Rennes para iniciar seu aprendizado no ofício de relojoeiro, a exemplo de sua família, e depois abriu sua própria
relojoaria. Ela, depois de suplicar a Nossa Senhora como haveria de se sustentar, recebeu uma locução interior que lhe dis-
se “ocupa-te com o ponto de Alençon”.
Um dia, no ano de 1858, os dois passavam na ponte de São Leonardo, e, como dizia o doutor Robert Cadéot1 “a ponte é
feita para unir. Aqui ela vai unir dois seres que eram feitos para se entenderem”. Ele tinha 35 anos, ela, 27. E se entreolha-
ram. Para os dois que queriam ser santos, bastou esse olhar para saber a vontade de Deus. E na simplicidade em que Deus
quer as coisas, depois de três meses de namoro e noivado, eles se casaram e foram modelos acabados de vida paroquial. E
assim nasceu uma família especial, preciosa aos olhos de Nosso Senhor, pois se Deus quis ter uma família, nesta Ele relem-
brava muito a sua.
O casal sonhava em ter filhos santos, e quando tiveram, não hesitaram em dar a formação católica ideal, sem nenhum
trato com o mundo, criavam seus filhos somente para Deus e por isso eram mais felizes do que qualquer família atual.
“Felicidades desconhecidas”2, dizia São João Bosco, a respeito das alegrias que o mundo não conhece, e que nascem do
amor à Nosso Senhor. Nesta família encontramos exatamente isso, o que não exclui as cruzes e sofrimentos, muito pelo
contrário, elas também são bem vindas, são méritos, quando bem aceitas, para chegarmos ao céu. Essa família sabia disso,
enxergou isso, quisera que todas as famílias cristãs enxergassem também. E encontramos principalmente o amor, do casal
para os filhos e vice-versa, um amor sobrenatural e real que hoje em dia se destaca principalmente pela sua ausência. Um
amor ordenado às criaturas por amor ao Criador, faz com que ele seja verdadeiro e forte, diferente do “amor” atual, desor-
denado, com o fim ultimo na criatura, que o transforma em um sentimento esvaziado, e não raras vezes, em pecado.
Do seu casamento tiveram nove filhos, dos quais quatro morreram prematuramente.
Nesta família todos são santos, mas somente a última filha foi canonizada.
A última filha por sinal foi uma provação à parte, humanamente falando talvez não devessem tentar, mas o casal que vivia
só para Deus, essa última prova aceitou, e não com menos felicidade e sacrifícios tiveram mais uma filhinha em seu lar. E
somos eternamente gratos.
Assim vemos o belo quadro que se forma, a maravilha que se encerra em uma família Católica, onde o fogo de amor Divi-
no está por toda parte, todos se amam de verdade e onde Deus quis que todas as filhas se fizessem religiosas!
No fim da vida ela, a mãe, morre de câncer com uma resignação de causar admiração, e mesmo nos dias finais, já agoni-
zando, não quer abrir mão de fazer os jejuns e abstinências prescritos nas têmporas da Igreja.
E ele, o pai, fica só ainda alguns anos, e quando sente que está chegando o fim, se oferece como Vítima de amor para
Deus. Um pedido que mais se encaixaria para um cartuxo do que para um simples leigo já idoso, como uma vez me disse
um grande amigo, mas não para um pai de família que descobriu a Verdade e a felicidade que existe no sofrer por Nosso
Senhor, e que quis levar esse amor até as alturas. “A águia alcançou seu voo!”3 , exclamara Santo Antônio Maria Claret, ao
perceber por uma graça particular que sua conhecida religiosa, Madre Sacramento, tinha alcançado os cumes da santidade.
Podemos dizer o mesmo deste pai de família já idoso ao se oferecer como Vítima de amor.
Uma família extraordinária, mais digna do céu que da terra... E o mundo moderno que se diz saber e conhecer de tudo,
desconhece e não se interessa em formar famílias assim. Ora, o que pode oferecer de bom e verdadeiro uma sociedade
onde não existem mais famílias Católicas? “Sem Mim nada podeis fazer”4, disse Nosso Senhor. Pois o mundo moderno reti-
rou Nosso Senhor das sociedades, o que sobrou então? Nada. Muito menos famílias de verdade.
Os casados que querem ter algo de verdadeiro em suas vidas, em suas famílias, leiam a biografia deste casal. Ele se cha-
ma Luís Martin, ela, Zélia Guérin, e graças a eles, temos a última filha, Teresa Martin ou Santa Teresinha do Menino Jesus,
que, segundo São Pio X, foi a maior santa dos tempos modernos.
1- Louis Martin: Incomparável pai de Santa Teresa do Menino Jesus, pág 41, Ed. Cultor de Livros, 2015.
2- Felicidades Desconhecidas, leituras Catholicas, nº176, typ. Salesiana, 1904.
3- Santo Antônio Maria Claret, 2º edição, ed. Ave Maria, 1962.
4- Jo XV, 5.
Um santo casal
Ir. Júlio Maria
formação filosófica falseada.
Quando já não se busca a verdade, não resta nada além do
“diálogo”, para encontrar um modo de viver juntos sem fazer
guerra, chegar a certa unidade respeitosa de nossas divergên-
cias. A palavra diálogo volve sem cessar em toda a obra:
Quando estamos em amizade, disse o Pe. Lelong, penso fre-
quentemente em Gilbert Pérol que, ao participar ativamente no
diálogo islâmico-cristão, teve a ideia deste diálogo entre católi-
cos (p. 27).
Desde o Vaticano II, se fala muito na Igreja do diálogo com os
protestantes, os judeus, os muçulmanos, o Dalai Lama, e tam-
bém com os ateus. Com os quais não havia diálogo eram os fiéis
apegados à missa de São Pio V, etiquetados como integristas (p.
60).3
A finalidade mesma do colóquio parece ter tido seu êxito: os
católicos franceses, de sensibilidades diversas e, inclusive, opos-
tas, aceitaram livremente o comprometimento com um diálogo
que não prejudicam em nada uma total reconciliação – domínio
reservado aos superiores competentes – mas que abre a possibi-
lidade, quando chegue o dia, em que as instâncias do diálogo se
encontrem ante companheiros capazes de compreensão e res-
peito mútuos, já não acantonados em oposições radicais.4
Em sua obra magistral Iota Unum, Romano Amerio dedica todo
um capítulo ao diálogo (capítulo XVI)5:
Este termo é totalmente desconhecido e inusitado na doutrina
antes do concílio Vaticano II (p. 296). (...) O diálogo, dizem agora,
não tem como finalidade a refutação do erro nem a conversão do
interlocutor.6
O papa Bento XVI, em seu último discurso de Natal à Cúria,
antes de sua lamentável demissão, disse claramente qual é a
concepção do diálogo para a igreja conciliar:
- O diálogo não tem como finalidade a conversão, senão que a
compreensão. Nisto se distingue da Evangelização, da missão.
- Neste diálogo, as duas partes permanecem conscientemente
no interior de sua identidade, que não questionam nem para elas
mesmas nem para os outros7.
O GREC se situa resolutamente nesta perspectiva. O Pe. Le-
long, falando da fundação deste grupo de reflexão, escreve:
Faltava precisar a melhor maneira de realizar este belo projeto,
associando a ele católicos pertencentes a correntes de pensa-
mentos muito diversas, mas que compartilham nossa preocupa-
ção em contribuir para a unidade da Igreja, no que diz respeito
às legítimas diversidades (p. 25).
Até que ponto é legítima a diversidade? O Pe. Lelong dá a solu-
ção:
Depois do Motu proprio do Santo Padre, de julho de 2007, se
pode esperar que o antigo e o novo rito não somente vão coabi-
tar, senão que enriquecer-se mutuamente, como deseja Bento
XVI (p. 82). É necessário que a FSSPX compreenda que, se ela
tem muito que contribuir à Igreja de Roma, ela também tem mui-
to que receber. Por isso, é necessário que ela cesse de rechaçar
em bloco o Vaticano II, e que aceite suas grandes orientações,
interpretando-as como propõe hoje o Santo Padre (p. 85).
O Pe. Barthe pensa que esta coabitação dos contrários pode
fazer voltar pouco a pouco as autoridades da Igreja à Tradição:
Igualmente que, do ponto de vista litúrgico, o Motu proprio
disse: a missa tradicional jamais foi abolida, chegaremos a uma
situação onde se dirá: a doutrina anterior ao Concílio, sobre os
pontos controvertidos, jamais foi abolida. Se pode seguir a
“doutrina extraordinária”. E assim como a liturgia extraordinária
Em 2010, quando começaram as discussões doutrinais em
Roma, entre a Santa Sé e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, o
GREC cessou suas atividades, pelo menos as conferências-
debates1. Correios, conversas telefônicas, continuaram para
avançar a “necessária reconciliação”? É muito possível. Quando
se compartilha o mesmo objetivo, não é da noite para o dia que
se cortam as relações e as amizades estabelecidas no passo dos
anos. Por outro lado, é muito perigoso manter contatos com os
hereges, e a heresia modernista é a mais perigosa a este respei-
to, pois ela não afirma claramente seus erros. Encontrando-se
frequentemente, acaba-se por ligar com amizade, relativizar o
que nos opõe, não falar mais daquilo, até que se abandona o
combate. Quantos sacerdotes da Tradição caíram por terem joga-
do este jogo imprudente, com boas intenções no início. Para um
tal apostolado, é necessário homens fortes como foi Mons. Lefe-
bvre. Tendo conhecido Roma de Pio XI e Pio XII, não se deixou
impressionar pela Roma de Paulo VI ou de João Paulo II. Inclusi-
ve, um bispo da envergadura de Mons. Lefebvre esteve a ponto
de cair na armadilha, firmando um protocolo de acordo em 5 de
maio de 1988. Mas se recobrou heroicamente durante a noite e
nos salvou.
É tempo de fazer um balanço das atividades desta agrupação
entre 1998 e 2010.
O fracasso das conferências-debates
É impressionante ver, lendo a obra de Pe. Lelong, que depois
de doze anos de discussões, não houve mudança do lado dos
“conciliares”, sabendo todas as tendências que existem naque-
les que reivindicam o Vaticano II: “cada um manteve sua posi-
ção2”.
Dom de Lesquen, todavia, está persuadido de que as consagra-
ções episcopais de 1988 foram “um ato cismático”, podendo
conduzir a um “cisma real” (p. 13).
O Pe. Lelong é tão entusiasta do último concílio que consagrou
um capítulo inteiro da obra para defendê-lo sem nenhuma reser-
va (Cap. IV, p. 71-87).
Inclusive, os preconceitos mais grosseiros a respeito dos tradi-
cionalistas se mantiveram intactos. Assim, relatando uma entre-
vista de março de 2003 com o cardeal Castrillón Hoyos, o Pe.
Lelong escreve:
“Observamos que, em nosso país, as incompreensões e ten-
sões entre o episcopado e a FSSPX, tinham frequentemente
motivações políticas, muito mais que razões verdadeiramente
teológicas. Esta observação me pareceu muito justa, pois, nos
anos 70, frequentemente escutei os bispos franceses censura-
rem os católicos apegados à missa em latim como sendo de
“extrema direita” (p. 44-45).
Estar ali depois de doze anos de reuniões, discussões, confe-
rências-debates, tem algo de desesperador. O Pe. Lelong replica-
rá que a finalidade do GREC não era reparar a questão doutrinal,
coisa que só a autoridade pode fazer. Certo, mas sem ter a pre-
tensão de resolver os problemas atuais com toda a técnica dos
teólogos, é difícil compreender que os sacerdotes, bispos, falan-
do de doutrina durante doze anos, não tenham avançado nem
um passo. E como explicar que as discussões que tiveram lugar
em 2010 e 2011 entre os teólogos romanos e os da FSSPX, diri-
gidos notavelmente por estes últimos, fracassaram igualmente?
De onde vem a impossibilidade de discutir sobre a crise na Igre-
ja? A primeira causa, no clero atual é, de maneira geral, uma
concepção subjetiva e evolutiva da verdade, proveniente de uma
Dominicanos de Avrillé: O Grec (Grupo de Reflexão entre
Católicos), uma história oculta, agora revelada – parte III
Pelo irmão Marie-Dominique O.P.
Le Sel de la Terre Nº 90, pg. 142-158
Retirado de Non Possumus
Tradução: Capela Nossa Senhora das Alegrias
Os resultados do GREC
atrai até ela a liturgia ordinária, assim se pode desejar que a
“doutrina extraordinária” atrairá a ela a “doutrina ordinária” (p.
121).
Queremos gritar sufficit!
Qual é a parte que diz respeito às pressões romanas e do GREC
na evolução do pensamento de Mons. Fellay? É difícil dizer. Am-
bos tiveram certamente sua influência. Em todo caso, o espírito
do GREC se encontra perfeitamente na Declaração Doutrinal de
Monsenhor Fellay enviada ao cardeal Levada, em 15 de abril de
2012, para comprometer a todos os católicos fieis (que ignora-
vam o fato) em um acordo prático com a Roma conciliar:
“A completa Tradição da Fé católica deve ser o critério e o guia
para a compreensão dos ensinamentos do Concílio Vaticano II, o
qual, por sua vez, ilumina – isto é, aprofunda e explica ulterior-
mente – certos aspectos da vida e da doutrina da Igreja, implici-
tamente presentes nela, e ainda não formulados conceitualmen-
te” (nº 4).
“Nós declaramos reconhecer a validez do sacrifício da Missa e
dos Sacramentos celebrados com a intenção de fazer o que faz a
Igreja segundo os ritos indicados nas edições típicas do Missal
romano e dos Rituais dos Sacramentos legitimamente promulga-
dos pelos papas Paulo VI e João Paulo II” (nº 7).
Esta Declaração Doutrinal jamais foi retratada por Monsenhor
Fellay. Foi simplesmente “retirada” com a justificativa de que
“desgraçadamente, no contexto atual da Fraternidade, ela não
passará”.8
Monsenhor Fellay deveria saber que o compromisso com o erro
jamais fará a unidade. Para a Igreja, o primeiro princípio da uni-
dade é a fé:
Jesus quis que a unidade da fé existisse em sua Igreja, pois a
fé é o primeiro de todos os vínculos que unem o homem com
Deus, e a ela é a que devemos o nome de fiéis. (...) A Igreja nada
desejou com tanto ardor nem procurou com tanto esforço como
conservar de modo mais perfeito a integridade da fé. 9
Um “diálogo”, donde uma parte dos interlocutores não busca a
verdade, senão o contrário, uma união fora do ensinamento infa-
lível da Igreja, não pode ser mais que um fracasso. E quem perde
é a Igreja e a Fé.
Nestas condições, se compreende que depois de doze anos de
discussões – às vezes mensais – os interlocutores conciliares
dos representantes oficiosos da Fraternidade, permaneceram em
suas posições.
Uma diplomacia perigosa e uma fragilização da Tradição
Se o GREC se limitou às discussões que não obtiveram resulta-
dos, podemos dizer com muita razão que se perdeu tempo, e que
a hora da restauração da Igreja não chegou.
Mas por em movimento todas as autoridades da Igreja, as fa-
zendo pensar que a FSSPX deseja uma regularização canônica e
estar em plena comunhão com a Santa Sé, há algo mais perigoso
em uma hora em que a igreja conciliar continua sua caída na
apostasia?
Isto foi completamente o oposto das resoluções que a mesma
Fraternidade tomou em seu capítulo geral de 2006:
“Os contatos que a Fraternidade mantém episodicamente com
as autoridades romanas têm como único objeto ajudá-las a recu-
perar a Tradição que a Igreja não pode renegar sem perder sua
identidade, e não a busca de uma vantagem para ela mesma, ou
de chegar a um impossível “acordo” puramente prático. O dia em
que a Tradição recuperar todos os seus direitos, o problema da
reconciliação não terá razão de ser e a Igreja encontrará uma
nova juventude”.10
Esta firme resolução tinha de, normalmente, deter as tratativas
diplomáticas do GREC a partir de 2006. Não o fez.
Então, enquanto no mundo inteiro a Tradição continuava viven-
do e desenvolvendo-se na paz, crendo-se protegida pelas deci-
sões das mais altas instâncias da Fraternidade, um grupo infor-
mal composto por personalidades tradici-
onalistas e conciliares, continuava discre-
tamente a preparar a via a um acordo
prático com “a Roma de tendência neo-
modernista e neo-protestante”.11
O resultado é que a Tradição ficou no
limite da catástrofe em junho de 2012: o
levantamento das “excomunhões” em
2009, que pôs em marcha “um processo
inevitável de aproximação em vista de acor-
dos entre a Santa Sé e a FSSPX”, como
previram os animadores do GREC em sua
carta ao papa 12. Mons. Tissier de Mallerais
comentará:
Tenhamos confiança na Santíssima Virgem, que nos preservou
de um passo muito ruim, é verdade. Este ano, Ela nos preservou
deste mau passo, Ela não quis esta história dos acordos: a sa-
ber, que fomos à Roma nos submeter às autoridades conciliares.
Certamente eles são as autoridades na Igreja, o papa é papa,
sucessor de Pedro, mas também é o representante deste siste-
ma de Igreja que cobre a Igreja, que paralisa a Igreja, que enve-
nena a Igreja, é o que chamamos de igreja conciliar por comodi-
dade de linguagem. Não é outra Igreja, é outro tipo de Igreja, é
uma nova religião que penetrou na Igreja católica, sustentada
pelo papa e por toda a hierarquia, todos os bispos, salvo exce-
ções raríssimas.
Como querem, queridos fiéis, que nos submetamos a tal hierar-
quia? Teria sido impossível colaborar, teria sido uma pseudo-
colaboração, uma mentira. Jamais teríamos colaborado e tería-
mos sido perseguidos sem cessar, ameaçados pelos bispos e por
Roma. Como querem sobreviver sob tais condições? 13
Sem embargo, a Tradição terminou debilitada.
É difícil dizer que parte exata teve o GREC na evolução da Tradi-
ção desde 1998. Em todo caso, não podemos deixar de relacio-
nar os chamamos reiterados desta agrupação para cessar os
ataques contra Roma, e o feito – constatado por todos – da per-
da do espírito de combate e da Tradição. Pelo menos de maneira
geral. O exemplo emblemático é o boletim do DICI, órgão oficial
da Casa Geral da Fraternidade. Dirigido pelo Pe. Lorans, um dos
principais animadores do GREC, DICI se aplica em mostrar sem-
pre o que é menos mau no papa e se cala nos escândalos que
fazem perder a fé. As queixas e reclamações contínuas a Monse-
nhor Fellay, provenientes das autoridades da Fraternidade, sa-
cerdotes, fiéis, jamais tiveram efeito algum. Tal pertinácia nos dá
a evidência de uma mudança de orientação.
Na conferência citada mais acima, Mons. Tissier tocou o sinal
de alarme: Mons. Lefebvre transmitiu o que recebeu. Toda a
herança de Pe. Le Floch 14, do Seminário, toda sua experiência,
as transmitiu na Fraternidade, e esta seguirá com a condição de
que continuemos com o mesmo espírito de combate. Não se
trata de baixar as armas em plena batalha; não iremos buscar
um armistício quando a guerra está em seu pior momento, com
Assis III ou IV, com a beatificação de um falso beato – o papa
João Paulo II – uma coisa falsa, uma falsa beatificação e a exi-
gência recordada sem cessar por Bento XVI de aceitar o concílio
e as reformas, e o magistério posterior do concílio.
A voz de Mons. Tissier, eco da de Mons. Lefebvre, parece ter se
perdido no deserto. Não pensemos que sem consequências.
As primeiras gerações construíram a Tradição à ponta de espa-
da. As novas gerações receberam tudo sem ter de combater:
capelas, escolas, seminários, casas religiosas, etc. Estão dor-
mentes em um conforto burguês. Como recém escreveu um edi-
torialista:
A imensa maioria dos fiéis de nossas capelas não se formam,
não lêem, não se preocupam mais que esporadicamente de pro-
ver sua família e seus filhos. A assistência à missa – a qual che-
gam tarde muito frequentemente – constitui para eles o máximo
que podem consentir para sua salvação. Alguns agregam a reza
do terço diário, os mais fervorosos, o Rosário completo. Alguns
liberarão sua consciência firmando uma petição ou arriscando-
se em alguma “manifestação”, mas isso é tudo. Não lhes fale de
um trabalho de profundidade, de estudo – por exemplo – sobre a
maçonaria e seu papel no estado atual de uma sociedade que se
descristianiza. Evoque com eles as raízes da decomposição da
Igreja convertida em conciliar, ou da crise que afeta gravemente
a Tradição neste instante, e isso lhes importa muito pouco, os
tem sem cuidado.
Teria de agregar a imodéstia no vestir cada vez maior em nu-
merosas capelas, a diminuição de fiéis que assistem os exercí-
cios espirituais, e, como consequência, a insuficiência no número
de vocações, etc.
Há, por suposto, felizes e edificantes ex-
ceções, mas não são numerosas para dar
um sopro de fervor ao conjunto.
No momento em que escrevemos este
artigo, não sabemos se um acordo prático
da FSSPX com Roma modernista se fará
em um futuro mais ou menos próximo. Mas
o simples fato de já não denunciar os es-
cândalos de Roma, ou de fazê-lo timida-
mente e sob a pressão dos fiéis e de sacer-
dotes inquietos, evitando atacar nominal-
mente o papa, faz com que a Fraternidade
se pareça cada vez mais com as comunida-
des Ecclesia Dei que abandonaram o com-
bate da fé. Quando o espírito destas comu-
nidades for tomado plenamente, um acordo
prático com a Roma atual não suscitará um
problema para ninguém. A nova orientação
da Casa Geral da Fraternidade terá destruí-
do a obra de Mons. Lefebvre. O inimigo terá
vencido.
A Providência suscitará um pequeno
resto para continuar o combate e salvar o
que puder ser salvo?
Notas:
1- É o que a senhora Pérol afirmou em sua
entrevista na Radio Courtoisie (13 de abril
de 2012)
2- Pe. Lelong, entrevista sobre o GREC na
Radio Courtoisie.
3- Intervenção da senhora Huguette Pérol
durante a conferência-debate de 26 de
abril de 2007.
4- Carta do Pe. de la Brosse O.P. ao cardeal
Castrillón Hoyos, de 6 de janeiro de 2004.
5- Romano Amerio, Iota Unum, París, NEL,
1987, pág. 301.
6- Isto dizer La instrucción para el diálogo,
publicada em 28 de agosto de 1968 pelo
Secretariado para os não-crentes (Nota 7,
pág. 301, do livro Iota Unum).
7- Bento XVI, Discurso a la Curia, 21 de
dezembro de 2012, La Documentation
Catholique, 20 de janeiro de 2013, n°
2504, pág. 55.
8- Carta de Mons. Fellay ao papa Bento XVI,
datada de 17 de junho de 2012.
9- Leão XIII, encíclica Satis Cognitum de 29
de junho de 1896.
10- O capítulo geral retomou aqui os ter-
mos da carta de Mons. Lefebvre ao papa
João Paulo II, de 2 de junho de 1988.
11- Mons. Lefebvre, Declaración del 21 de
noviembre de 1974.
12- Carta de 20 de outubro de 2008, citada
mais acima.
13- Mons. Tissier de Mallerais, Conferencia
en Gastines, 16 de setembro de 2012.
14- O Pe. Le Floch foi o diretor do Seminá-
rio Francês de Roma, onde Mons. Lefebvre
realizou seus estudos sacerdotais e onde
se nutriu dos ensinamentos dos papas,
especialmente contra os erros modernos.
Edição:
Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES.
http:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br
Entre em contato conosco pelo e-mail:
jornalafamiliacatolica@gmail.com
Notícias da Resistência
Tivemos em nossa Capela neste mês de Junho :
* Primeira reunião sobre a Congregação Mariana e o Apostolado da Oração que pretendemos implementar em breve. Teremos como
diretor das associações o Rev. Pe. Joaquim, FBMV. A reunião ocorreu dia 14 de junho, o padre deu-nos as primeiras orientações e os
fiéis se comprometeram a estudar os respectivos regulamentos para que no próximo mês de agosto possamos fazer a recepção dos
interessados. A Congregação Mariana é destinada somente para os homens e o Apostolado da Oração, embora possa receber mem-
bros de ambos os sexos, em nossa Capela, será composto exclusivamente por mulheres. Decidimos por isto a fim de explicitar, em
todos os meios ao nosso alcance, a recomendada e salutar distinção dos sexos que sempre foi praticada na Igreja e que quase já
não vemos atualmente. A este respeito, contam que Mgr. Lefebvre, falando aos jovens do MJCF, disse que suas reuniões mistas
eram sinal de pouca fé.
* No próximo mês de julho, ocorrerá na França, nos dominicanos de Avrillé, as já tradicionais jornadas Jean Vaquié, que tratam basi-
camente do combate entre a cidade de Deus (a Santa Igreja) e a cidade dos homens (os inimigos de Deus), tal qual descreve santo
Agostinho e o Papa Leão XIII na sua encíclica sobre a Maçonaria (Humanum Genus). Os Rev. Dom Tomás de Aquino, OSB, e Pe. Joa-
quim, FBMV, estarão presentes nas jornadas dando, respectivamente, as seguintes conferências: “A subversão em Campos - de Dom
Antônio de Castro Mayer a Dom Fernando Rifan” e “A Revolução de 1964”. No domingo, 14 de junho, ambos os padres estavam de
passagem em nossa Capela e aproveitaram para nos dar uma prévia de suas conferências.
* E para fechar o mês de Junho, nos dias 19 a 21, recebemos em nossa Capela o Irmão João Batista, do Mosteiro da Santa Cruz.
Fomos agraciados com duas conferências diárias sobre: a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo; modos como podemos meditar Ne-
le, em seus mistérios e nas verdades sobrenaturais; a Paixão de Nosso Senhor, sua profundidade e seus frutos; o Santo Sudário e a
Santa Missa, o Sacrifício de Nosso Senhor. Aproveitamos a oportunidade para agradecer, em primeiro lugar a nosso diretor, Dom
Tomás de Aquino, por ter permitido a vinda do irmão e, principalmente, a ele por ter tido a caridade de vir aqui ajudar em nossa for-
mação e crescimento espiritual.
MÊS DE ANIVERSÁRIO!
Completamos neste mês de junho mais um ano de jornal. Agradecemos a Nosso Senhor pelas graças concedidas e Lhe pedimos
que nos dê, principalmente, a graça da perseverança. Agradecemos também a todos que nos auxiliam e a nossos leitores. Como
de costume sortearemos um livro entre nossos leitores e mandaremos rezar uma missa em suas intenções. Aos interessados, pe-
dimos enviar o nome para nosso e-mail: jornalafamiliacatolica@gmail.com.

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Jesus Cristo, o Rei absoluto de toda a criação

  • 1. Preciosíssimo Sangue por nós. Jesus Cristo é pois Rei absoluto de toda a cria- ção, Rei das famílias e Rei dos corações, Rei das inteligências e Rei das vontades. Devemos tudo submeter ao seu jugo suave e leve, jugo que o mundo moderno, na sua loucura, quer sacudir. Mas por mais que o mundo recuse a realeza de Nosso Senhor, Ele sempre reinará. Reinará ou pelos benefícios infini- tos de sua presença no seio de uma sociedade dócil às suas ordens ou reinará pelas desor- dens e ruínas causa- das pela desobediên- cia à sua lei. Que as almas das cri- anças das famílias católicas se associem a esta reconquista da sociedade para pô-la aos pés do Rei de amor e de justiça que quer a conversão de nossa sociedade pois Ele veio procurar o que estava perdido, pondo Sua misericórdia aci- ma de todas as Suas obras. Que uma cruzada de crianças se forme para esta reconquista tão desejada, a qual não se fará senão pela intercessão do Imaculado e Doloroso Coração de Maria ao qual desejamos consagrar este jornal fundado para a glória de seu divino Filho. Confiamos aos pais de família esta mesma cru- zada que começa pela entronização no seio das famílias de Jesus Cristo Rei e de Sua Mãe Santís- sima como Rainha das famílias e da sociedade. DOIS ANOS! Dom Tomás de Aquino O.S.B.SANTOS E FESTAS DO MÊS: 05– São Bonifácio; 06– São Norberto; 10– Sta. Margarida, Rainha da Escócia; 13– Sto. Antônio de Pádua; 18– Festa do Coração Eucarís- tico de Jesus; 20– Puríssimo Coração de Maria; 24– Natividade de São João Batista; 27– Nª.Sª do Perpétuo Socor- ro; 29– São Pedro e São Paulo. N E S T A E D I Ç Ã O : Dois Anos 1 Sagrado Coração de Jesus 2,3 Gabrielle Lefebvre 4,5 Jesus, Rei de Amor. 6 O GREC, uma história ocul- ta, agora revelada Parte III 7,8 Notícias da Resistência 9 Junho/ 2015Edição 25 A Família CatólicaC A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S E D I Ç Ã O E S P E C I A L D E A N I V E R S Á R I O + PAX “Família Católica” completa dois anos. Dois anos dedicados a esclarecer e proteger os prin- cípios que são a base da família católica. A base da família católica não pode ser outra senão aquela base que Deus mesmo estabeleceu para toda a sociedade humana, ou seja, Nosso Se- nhor Jesus Cristo, base e fundamento de todas as coisas pois n’Ele, por Ele e para Ele que to- das as coisas subsistem. São Paulo acrescenta que é n’Ele que nós nos movemos, vivemos e somos. Para restaurar a família e a so- ciedade nas suas verdadeiras bases naturais e sobrenaturais só há este caminho que São Pio X resumia no programa de seu glorioso pontificado: “Tudo res- taurar em Cristo”. Enquanto o mundo moderno não renunciar às quimeras do li- beralismo e voltar-se para Nosso Senhor Jesus Cristo, ele continu- ará sua marcha acelerada para o mais profundo caos intelectual e moral de toda a história huma- na. É para reagir contra esta deca- dência que “Família Católica” foi fundada. É seguindo as pegadas de São Pio X, de Dom Marcel Le- febvre e de Dom Antônio de Cas- tro Mayer assim como de Dom Williamson e Dom Faure que nós trabalhamos e convidamos a trabalhar conosco todos aqueles que crêem que Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, o Verbo En- carnado, Filho eterno do Pai, Verdadeiro Deus e Verdadeiro homem, Criador e Redentor do gêne- ro humano, rei por direito de nascença pois Ele é o Filho eterno do Pai, gerado eternamente, e por direito de conquista por ter derramado seu “ O que queremos é inocular nas famílias a fé e o amor do Sagrado Cora- ção. Se Jesus Cristo for inoculado nas raízes, toda a árvore será Jesus Cristo” Pe. Mateo Crawley Boevey
  • 2. A promessa do S. Coração “Não temas nada, ó minha filha, eu reinarei apesar dos meus inimigos e de todos os que quiserem opor-se ao meu reinado” assim disse um dia Nosso Senhor à Santa Margarida Alacoque. “Ó meu Salvador, perguntou-lhe a santa, e quando será esse tempo feliz? A espera dele, eu deixo a Vosso cuidado a defesa da vossa causa, e enquanto isso, sofrerei em silêncio.” “Crês tu, lhe disse outra vez, que eu tenho o poder de o fazer? Se tu crês, verás o poder do meu Coração, na munificência do meu amor”. A santa religiosa acreditava no poder do Sagrado Coração de Jesus, no retiro do seu caro mosteiro, e com uma vida de contí- nuos sofrimentos, preparava o triunfo inconfundível da querida devoção para a qual vivia exclusivamente. “Que alegria para mim, dizia ela, que seja conhecido, amado e glorificado o Coração adorável do meu Senhor! Sim, minhas caras irmãs, é esta a maior consolação da minha vida.” “Quereria ter milhões de vidas para sacrificá-las todas, entre os mais medonhos tormentos, até mesmo os do inferno, exceto o ódio a este Coração tão amante e tão amável, para fazer que ele reine. Se fosse necessário, sacrificaria tudo, sem nenhuma reserva, para que se cumpram os desígnios de Deus; meu cora- ção vive preocupado exclusivamente com os interesses deste Coração Divino...” Eram estes os desafogos habituais da Santa Visitandina. (...) Os primeiros germens O dia 11 de junho de 1899 (Nota: Data da Consagração do gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus, feita por Leão XIII. Neste mesmo ano, em 25 de maio, o Santo Padre escreveu uma Encíclica- Annum Sacrum– na qual ordena que em todas as Igrejas de todas as cidades do mundo se fizesse um Tríduo ao Sagrado Coração, nos dias 9, 10 e 11 de junho, terminando no último dia com a Fórmula da Consagração, mandada junta- mente com a referida Encíclica) foi o dia de maior triunfo que obteve a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Diante de um tal espetáculo, perguntamos, e a pergunta vem espontaneamen- te: quando teve princípio esta amada devoção? Que caminho percorreu ela para alcançar um semelhante triunfo? (...) Os primeiros gérmens, os encontramos na história evangéli- ca. O padre Macinai escreve: “Muito se enganaria, quem acredi- tasse que esta devoção só tenha começado em nossos dias. Houve sempre na Igreja desde os tempos do discípulo amado S. João, almas privilegiadas que ouviram as palpitações daquele Coração adorável e procuraram corresponder a elas do melhor modo possível.” E noutra passagem: “A Igreja não ficou 1700 anos sem adorar este Coração, que tanto amou os homens, e sem tributar-lhe um culto particular”. (...) “O Novo Testamento, escreve Thomaz, contém idéias gerais da nossa devoção em uma forma rudimentar semelhantes a pedras preparadas para fabricação de um templo; esperam a hora es- colhida pelo Divino Arquiteto, que deve levantar o edifício”. O primeiro chamado Ninguém melhor do que Jesus podia falar-nos do seu Coração Divino, e manifestar-nos seus suaves atrativos e mais eficaz- mente convidar as almas a aproveitarem-se dos imensos tesou- ros de amor nele encerrados. E Jesus na sua grande misericór- dia, se dignou revelar-nos o seu Coração. S. Mateus no Capitulo XI do seu Evangelho, recolheu a divina revelação e no-la transmi- tiu. Jesus ressuscitou o filho da viúva de Nain, deu resposta aos discípulos de S. João, é cercado dos discípulos e das multidões, todos pobre gente ignorante e humilde. Com seu olhar, suave- mente compassivo, e que convida cheio de atração, abraça to- das aquelas almas humildes. Esse olhar Ele lança sobre o futu- ro, e descobre outras almas, que segui-lo-ão no caminho da humildade e do sacrifício. Vê os necessitados de auxilio e de conforto no presente e no futuro; e ao pensar que a todos indis- tintamente abria os infinitos tesouros do seu Coração Divino, se enche de consolação e de alegria espiritual, cuja doce efusão comove os nossos corações: “Ó Pai, exclama. Senhor do céu e da terra, eu vos dou graças porque escondestes estas coisas aos sábios e prudentes e as manifestastes aos pequeninos. Sim ó Pai, tal foi o teu beneplácito.” E as palavras do Divino Mestre se tornam mais sublimes: “Todas as coisas me foram confiadas pelo meu Pai... Vinde a mim vós todos que gemeis debaixo de algum peso, e eu vos aliviarei: tomai o meu jugo sobre vossos ombros, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de Cora- ção. Assim encontrareis a paz de vossa alma, porque o meu jugo é suave, é leve o meu peso”. Só Jesus pode fazer um convite tão terno às almas cansadas pela luta, combatidas continuamente pelas paixões, e quase suplantadas pelos inimigos. Só Ele tem o que pode consolar os seus amigos: verdade que ilumina as inte- ligências; graça que opera as maiores, as mais prodigiosas transformações. Sobretudo, Ele possui um Coração bom, terno, compassivo, generoso, sempre disposto a derramar benefícios e a comunicar-se. Mais tarde Ele falará e dirá à humilde Visitandina: Meu cora- ção está tão cheio de amor pelos homens que, não podendo mais conter as chamas, necessita derrama-las, espalha-las so- bre as almas para enriquecê-las com os preciosos tesouros que vos manifestei. É a segunda revelação do Coração Divino de Jesus: o segundo convite ás almas necessitadas. A primeira conquista As palavras do Mestre foram recebidas pela multidão, que, vencida pela bondade de Jesus, pelo Coração manso e humilde, não tinha coragem de separar-se Dele; foram recolhidas especi- almente por uma alma oculta no meio da turba, que, mais do que as outras, sentia a necessidade delas. S. Lucas que mais do que os outros evangelistas segue a or- dem cronológica, depois de falar da embaixada que S. João mandou a Jesus Cristo pelos seus discípulos, nos faz menção do banquete que teve lugar na casa de Simeão, para o qual foi o Divino Mestre convidado e o aparecimento da Madalena na sala do festim. Em Madalena podemos admirar a primeira alma ne- cessitada de paz que aceita o convite de Jesus e experimenta a misericórdia do seu Divino Coração. A conversão de Madalena era recente. Como as gran- des almas convertidas, ela sente a necessidade de provar com algum sinal extraordinário a sinceridade da conversão. Entra na sala do jantar, quebra o vaso de alabastro derramando o unguento precioso que ele continha sobre os pés do “Eu Reinarei” A devoção ao Sagrado Coração de Jesus no seu desenvolvimento histórico - Pe. Fernando Piazza
  • 3. Redentor. Esta mulher moça, rica, cheia de inteligência, tem um coração grande e generoso, que sente a necessidade de ser amado: e como tantas outras infelizes como ela, pede às criaturas a satis- fação desta necessidade e arrastada por elas se perde. É inútil. Isto ela mesma deve reconhecer: o coração não é satisfeito; é possuído da mesma inquietação e, entretanto, continua na sua vida buscando prazeres. Em um momento de desânimo, Madalena ouve falar de Jesus, dos milagres por Ele operados na vizinha cidade de Cafarnaum e noutros lugares. Ouve contar o milagre de Nain, pouco distante da sua vila. É preciso ver Jesus, diz ela consigo, talvez tenha para mim uma dessas palavras das quais minha alma vive sequiosa. E sabendo que Jesus ainda se achava nas vizinhanças de Nain, corre ao seu encontro. A jovem se confunde no meio das turbas: vê quanto o ensino de Jesus é diverso dos ensinamentos dos doutores da lei. Ouve as palavras com que Jesus convida todas as almas cansadas. E lhes dá a segurança da bondade de seu Coração. Então, diz Ma- dalena, estas palavras são para mim: quem poderá estar mais cansada do que eu? Preciso de paz e de tranquilidade: que as criaturas tantas vezes me prometeram e não são capazes de me dar. E vai repetindo as palavras que tinha ouvido: Vós que viveis sobrecarregados, vinde a mim que eu vos aliviarei: o meu Cora- ção é bom, é doce, misericordioso, Ele dá a paz. E Madalena contempla o novo Profeta. Seus olhares acostuma- dos a procurar as belezas nas criaturas, se fixam na figura divina- mente modesta de Jesus e ficam deslumbrados. A fisionomia nobre do Mestre, a sua fronte pura iluminada pelo reflexo da Divindade, seu olhar sereno e suave, o acolhimento amoroso com que recebe todos os que a Ele recorrem, lhe são uma cara surpresa. Absorvida por esta visão nova, ela ouve o eco das pala- vras de Jesus... o meu Coração é doce, é humilde... vinde a mim vós todos que estais cansados... Madalena fica vencida, chega-se ao Divino Mestre para ouvir sua palavra de paz e de perdão. A mulher moça convertida será, no seu fervor e na sua generosidade, o modelo das almas aman- tes de Jesus Cristo, não pode mais esquecer o seu Divino Liberta- dor, não pode mais afastar-se de Jesus: segui-lo-á nas suas divi- nas peregrinações, ao Calvário, e será a primeira, que o verá ressuscitado e que ouvirá palavras de conforto. Ó Madalena afortunada, que no caminho do pecado fostes en- contrar Jesus, manso e humilde de Coração, Jesus que te fez este chamado: Vinde a mim, vinde a meu Coração e acharás a paz! O Discípulo amado S. João é o apostolo do amor. Com seu olhar de águia pene- tra, escruta os mistérios mais profun- dos da Divin- dade, e, com alma ardente de amor, se anima, se esforça em narrar aque- les fatos, que descobrem a c a r i d a d e imensa do Salvador. Só S. João nos refere a conversa de Jesus com Nicodemos, na qual o Divino Mes- tre põe em evidência o grande amor do Pai em dar ao mundo o seu Filho no mistério da Encarnação. Ele nos narra a conversação de Jesus com a Samaritana. “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te pede de beber, disse Jesus à mulher que veio ao poço”. Ele nos descreve o perdão concedido por Jesus à mulher culpada. “Mulher, nin- guém te condenou? Pergunta-lhe o Salvador: Eu também não te condeno, vai em paz; não peques mais”. S. João nos fala do pão vivo, do pão eucarístico e da sua neces- sidade para a vida das almas. O mesmo apóstolo nos descobre a razão do seu grande amor a Jesus, quando nos repete por quatro vezes que o Divino Mestre amava-o com preferência, e como prova desta preferência, nos recorda o singular privilégio que gozou de repousar a cabeça sobre o peito do Salvador nos últimos momentos de sua vida mortal. Jesus amava todos seus apóstolos, todos lhe eram caros; mas tinha predileção por S. João. João era o mais moço; era dos que foram chamados primeiramente a seguir o Salvador. Os compa- nheiros sabiam-no o predileto; mas não tinham ciúme nem inve- ja. Não tinha por ventura Jesus o direito de distribuir graças, se- gundo os conselhos e as inclinações do seu Coração? No cenáculo Achava-se Jesus no Cenáculo com seus discípulos. Iam cear. Ainda mais: ia Ele preparar-nos a grande ceia das almas. S. João fala do grande mistério por estas palavras: “Tendo --o Salvador— amado os seus que estavam no mundo, os amou até o fim.” Quer dizer que os amou com amor extremo, como não podia ser maior o amor. Por este motivo, Ele tivera o mais ardente desejo de comer esta Páscoa com eles, antes de começar sua Paixão. Estando à mesa, Jesus sente o peso de ingratidão monstruosa do discípulo traidor: se o Coração sente um aperto extraordinariamente forte, sua figura divina fica cheia de tristeza. Ele precisava desabafar-se. “Tendo dito aquelas palavras, Jesus ficou perturbado no seu interior e protestou e disse: na verdade, na verdade vos digo que um de vós me há de trair.” João chega-se a Jesus, o comtempla, o compreende, avalia a intensidade da dor do seu Coração Divino e com filial afeto se reclina docemente sobre o peito do Mestre, como quem queria sentir suas pulsações, medir sua dor e protestar-lhe sua fidelida- de em reparação da traição de Judas. E não deve ser este um ato passageiro: ele se demora assim por algum tempo: é o amigo que se aperta ao peito amigo no momento solene da tristeza, na hora suprema do Adeus e da separação. Um anjo há de confortar Jesus no horto, um outro anjo consola-O neste instante com a cabeça reclinada sobre seu peito adorável. “E um dos discípulos repousava sobre o peito de Jesus e Jesus o tinha como dileto amigo.”. Sobre o peito João está cheio de compaixão do amigo Divino e dá-lhe tudo quanto pode dar uma alma cheia de amor. Não só ele dá, mas recebe ainda mais do que dá. Junto à fonte do amor, sobre o Coração de Jesus, ele tira dela o mais que po- de, fica inebriado e um dia virá em que repetirá às almas as pala- vras saídas daquele Coração. Depois da ceia, ele há de dar a conhecer o magnífico discurso de Jesus e tornará conhecido o excesso de amor que Jesus teve por nós, instituindo o Sacramen- to da Eucaristia. João não é o historiador do Santíssimo Sacra- mento, nem é o filósofo, nem o teólogo: não fala do fato, não se ocupa do rito da instituição; ele só diz que o Salvador com este divino achado, atingiu a maior altura a que o amor podia subir, além da qual não é possível ir. Pergunta Baunard: porventura podia outro que não fosse o discípulo amado chegar a tanta sublimidade de doutrina? E res- ponde: os Santos Padres da Igreja acreditam que não. Essa subli- midade só poderia ser adquirida na fonte mesma da Divindade, naquela noite misteriosa e solene em que João repousou sobre o Divino peito. Bossuet, fiel intérprete dos Santos Padres, diz expressamente que Jesus Cristo na ultima ceia deu seu coração ao discípulo do amor.
  • 4. Nota: Seguimos nesta edição com a segunda e última parte da entrevista concedida por S.E.R. Mons. Michael Faure sobre a Sra. Gabrielle Lefebvre, mãe de Mons. Lefebvre. Ao final, pergunta- mos a monsenhor quais os conselhos que ele daria para as famí- lias de hoje. Esperamos que sua resposta possa ser de proveito para o progresso espiritual de todos. A mãe de família Dois de seus filhos foram missionários do Espírito Santo (um deles Mons. Lefebvre) e três filhas religiosas, uma na Congrega- ção de Maria Reparadora, a segunda nas Irmãs Missionárias do Espírito Santo e a terceira no Carmelo (esta fundou vários con- ventos, inclusive quando adveio a crise da Igreja, fez cinco funda- ções). Aí se vê o resultado da educação recebida, educação com exemplos de uma vida católica perfeita, e não somente com pala- vras. O senhor Lefebvre era um pouco severo e a mãe, claro, era a responsável por equilibrar as coisas. A Sra. Lefebvre dizia aos meninos, quando tinha que vencer uma obstinação: “Jesus ficará contente”, “Deus quer que tu faças isso”; e para obter um sacrifício buscava o caminho do coração: “Aí estão almas para salvar ou para conservar (no caso de enfermos)”, etc. E assim conseguia que as crianças fizessem pequenos sacrifícios. Quando tinha que fazer uma reprovação evitava humilhar as crianças, tratava de encon- trar uma maneira de dizer as coisas de uma forma relativamente amável, para evitar a humilhação. Também estimulava os filhos para se corrigirem uns aos ou- tros, mas sempre amavelmente. Quando se fazia necessário castigar, a punição era exemplar. Um dos meninos, se recor- dou durante toda sua vida, de uma forte bofetada que recebeu depois de ter dito uma mentira diante de sua mãe. Nele ficou gravado para sempre o respeito à verdade. Como o ócio é a mãe de todos os vícios, a Sra. Lefebvre estava sempre preocupada que as crianças tivessem o que fazer (jogar, por exemplo) e havia que se encontrar ocupações interessan- tes para eles. Às vezes, ela também parti- cipava de suas recreações. Era muito útil para as crianças as férias de verão perto do mar, porém não há relatos de que nada- vam (pois a água era muito gelada e geralmente, não faz muito calor, mesmo no verão). Em princípio, na escola, ela sempre estava do lado dos profes- sores. Quando havia alguma injustiça, depois falava com as auto- ridades, mas diante dos meninos nunca tomava a defesa deles. Eram obrigações importantes das crianças a missa e a comu- nhão de cada dia. Ela mesma acordava os meninos fazendo-lhes um sinal da cruz na fronte. Quando iam para as férias nas monta- nhas, a Sra. Lefebvre não permitia que se deixasse a comunhão para ir admirar o nascer do sol. Primeiro a comunhão. Todas as noites havia também a oração em comum seguida da benção dos meninos. Durante o tempo do Advento, diante do Presépio, cada criança tinha uma “caixinha” com um cordeiro e uma pe- quena vela. Se o comportamento naquele dia fosse bom, a crian- ça podia avançar com sua “caixinha” para mais perto do Menino Jesus. No final desta pequena “cerimônia” rezavam e cantavam alguns cânticos. É muito importante ensinar as crianças a cantar! Na Natal, os filhos, desde a idade dos cinco anos, tinham que assistir às três missas do dia (e isso num frio tremendo, em ple- no inverno). Nestas ocasiões, às vezes, deixavam o filho mais novo em casa, sozinho, sob a custódia do seu Anjo da Guarda. A mãe sempre buscava o que era a vontade divina para eles, não se preocupava com suas vocações, deixava isso para Deus. Dizia ela em uma carta a uma de suas filhas que estava interna com as Irmãs Bernardinas do Bom Socorro : “A vocação religiosa é mais elevada e é objeto de graças particulares do bom Deus. A vocação do matrimônio é menos perfeita, e em si mesma, me- nos santificante. Enquanto as almas religiosas acham em tudo alimento para sua piedade, ao contrário, a alma piedosa, mas que vive no mundo, encontra, frequentemente, vezes ao redor dela elementos contrários, o que dificulta muitas vezes a pieda- de. Porém, o bom Deus não chama a todos à vida religiosa e uma pessoa pode ser santa em qualquer estado de vida que escolha.” Dizia que não havia que se preocupar: “Eu vou fazer tal coisa” ou “Eu vou casar”. Dizia que não há que se pensar nessas coisas, senão pouco a pouco. É o bom Deus que decidirá por um sentido ou por outro. Ela escreveu essa carta em 1922. Curiosamente, para apoiar seu filho mais velho, que acabava de receber a batina, ela também quis romper com os laços do mundo, e sem se importar com o que diziam os ou- tros, passou a se vestir de preto. Mais tarde, inclusive, ela se esforçará para rezar o breviário, para imitar seus fi- lhos, como ela dizia. As filhas, que tinham vocação, se preparavam já em casa, antes de entrarem no noviciado. Em um período de dificuldades e deso- lações disse a uma delas: “Agora sim está começando o seu noviciado, tens que pensar em uma coisa: trate de ser como Jesus.” Como disse São Paulo, um outro Cristo. Encontrou-se duzentas cartas da senhora Gabrielle, inclusive algumas bem extensas, então se calcula que escreveu, provavelmente, um total de mil cartas, a seus filhos, tias, parentes, etc. E, claro, seguiu escrevendo a seus três filhos missionários (dois homens e uma mulher) e às duas religiosas, po- rém tinha pouco tempo, devido ao mui- to trabalho: a fábrica seguia funcionan- do, tinha parte na contabilidade, além de se ocupar dos afazeres domésticos, dos meninos. Enfim, quando acabou de escrever uma de suas cartas, já beirando a meia noite, disse “Começo pelo fim”, devi- do ao horário. E se levantava muito cedo, às 4h30m. Eram vidas realmente exemplares. Assim podemos ver que quando aparece um santo, como Monsenhor Lefebvre, há sido preparado por gerações de esforços, sacrifícios, orações. A vida espiritual e sua morte Depois de uma confissão geral feita em 1909, a Sra. Gabrielle escreveu uma carta dizendo que Deus a tinha cumulado de fa- vores quando era menina e moça, mas ao fim de sua vida muito mais. E há várias frases que parecem indicar, com descrição, que tinha uma ferida no coração, que era, na realidade, estigma- tizada (não disse contudo que era visível ou aparente). Teve durante vinte anos os conselhos de um padre santo, muito es- clarecido na direção espiritual, Pe. Huré. Eu espero que o livri- nho (Nota: “Une mère de famille, do R. P. Louis Le Crom, de onde Mons. retirou a maior parte das informações desta entre- vista) seja traduzido, pois conta a vida de uma santa vivendo no mundo, como uma mãe de família. Diz o padre Huré em uma carta à Gabrielle: “O que ocorreu ontem pela manhã e que pro- vocou vosso grito é revelador. Não ao menos digo que vós me Gabrielle Lefebvre: uma mãe de família
  • 5. escrevas acerca das cicatrizes da Cruz”. Tudo isso parece indicar que ela era realmente estigmatizada. Termina a carta dizendo: “A crucificação vai até seu cumprimento, seu término”. Essas frases são alusões, porém falando sobre “cicatrizes da cruz”, “crucificação”, “parecido extraordinário com Jesus”, de “estigmas”, inclusive, e também sobre a “chaga do coração”, parece bastante claro e provável este fato. Se encontra aqui a grande influência de Santa Tereza de Ávila, de quem ela havia meditado muitas vezes a vida e os escritos. Sempre fazer o que parecia ser mais agradável a Deus, esta era a regra. Também foi encontrada em seus papéis a cópia de uma página de São Luiz Maria Grignion de Montfort, sobre o voto da santa escravidão e da Consagração total à Santíssima Virgem e esta frase: “Fazer as pequenas coisas, assim com as grandes, a causa da majestade de Nosso Senhor, pois Ele mesmo as fez para nós, Ele que vive a nossa vida.” Fez um voto de manter a pureza perfeita da alma, com a graça de Deus, em 08 de março de 1918: “Oh, Jesus, eu, sua esposa, querendo pertencer mais a Vós, e guardar minha alma livre de toda a servidão, segundo as inspirações do Espírito Santo, o qual obedeci no passado, confi- ando em minha Mãe e por obediência, faço hoje o voto perpétuo de pureza perfeita. Renuncio os meus direitos e minha vontade à toda satisfação natural. Só a obediência poderá diminuir este voto de puro amor. Oh, Jesus, já não pertenço a mim e sim a Ti. Tu és minha vida.” Assim que é importante ver seu caráter direito, leal da consci- ência, fundado sobre o equilíbrio do temperamento, que também se encontrava em Mons. Lefebvre, esse equilíbrio perfeito de todas as virtudes. Sensível na obediência, grande confiança no diretor espiritual, que lhe havia convidado a fazer esses votos. Assim que as características de sua vida espiritual eram uma fé viva, um ardente amor para com Jesus e uma devoção filial à Santíssima Virgem. Religava tudo à Deus: “O que pensa Deus disso?”. E dizia sempre “Deus faz bem tudo o que faz” e isso lhe deixava com uma perfeita serenidade. Dizia, como mãe, “o bom Deus nos dá, com nossos filhos, riquezas espirituais”. “Para as almas que buscam sua perfeição é necessário que tenham não somente a fé, porém que vivam de sua fé. Seus olhos devem sobrepassar o horizonte do tem- po e ver acima das coisas pas- sageiras, as que permanecem. Há duas formas para isso, pri- meiro, colocar-se acima dos eventos, e nas penas e obscuri- dades deste mundo, tratar de ver as alegrias do paraíso; se- gundo, não considerar as dificul- dades, os sofrimentos em si mesmos, senão dentro da provi- dência e da vontade de Deus que nos ordena essas penas. São Francisco de Sales disse que então elas (as almas) se tornam infinitamente amáveis”. Para ela, Deus não era um ser abstrato e sim alguém que havia ganhado sua confiança. A fé a fez ver Deus em seus diretores. Perfeita obediência às suas deci- sões, grande docilidade em seguir seus conselhos, mesmo em questões que não diziam respeito, imediatamente, à sua santifi- cação. Sem embargo, ela não foi uma mística “nas nuvens”, pos- suía um temperamento perfeitamente equilibrado, muito enraiza- do, no bom sentido, na realidade, no sentido comum. Disse uma de suas filhas a seu respeito: “Os dons da graça que Deus lhe concedeu foram maravilhosamente apoiados pelos dons da natu- reza: um juízo seguro, um espírito direito, com muita energia, e um domínio de si mesma pouco comum. Uma alma alegre, de uma grande delicadeza, vibrante, que sabia unir a liberdade com a doçura e possuía essa medida do justo meio”. Essas palavras poderiam definir Mons. Lefebvre. Sua fé sensível, luminosa, era comunicativa. Dizia uma terciária (franciscana): “Nunca a vi sem sentir em mim um grande desejo de aperfeiçoamento.” E muitas outras pessoas sentiram isso ao vê-la, queriam ser melhores. Ela esteve em Roma e na volta quis passar por Assis (pois era terciária franciscana), a cidade de São Francisco, e se admirou muito. Até mesmo seu diretor admirava a perfeição de sua alma. Disse, em setembro de 1909, por ocasião de uma ida a Lourdes, “que nada me tire do sobrenatural, onde quero permanecer.” A grande paixão de sua alma foi o amor de Jesus. Em união com seus filhos religiosos ela rezava todos os dias a oração seguinte: “Eu quisera dizer em cada minuto, em cada segundo, eternamen- te, oh! Jesus meu, vos amo, e que assim eu faça dia e noite, nos momentos difíceis e também nos mais fervorosos.” Entrega total à Nosso Senhor. Sofreu bastante no fim de sua vida e pouco antes de morrer, no último dia, disse com muita alegria: “Que feliz estou de comungar assim.” (Celebrou-se a missa em sua casa e estava rodeada dos filhos e marido). Depois disse aos três filhos mais novos, que estavam ao redor da cama da mãe, pensando em seus futuros: “Meus filhos, quer seja na vida do matrimônio ou na vida religio- sa, façam tudo para comprazer ao bom Deus. Desde o Céu eu serei mais presente do que fui sobre à terra e eu os ajudarei. Filhos meus, não sou irmã Teresa do Menino Jesus, porém tudo o que me pedires na oração eu lhes conseguirei”. E se voltando para seu marido: "Para ti também, René”. À um irmão dela disse: “Creio que vou ao Céu.” E a ou- tro: “Estão me chamando no Paraíso.” Também dis- se em seus últimos mo- mentos: “ Não vou morrer agora. Vou descansar até as 17 horas. Depois me vou.” E assim foi. Assim que se vê real- mente uma vida extraordi- nária! *** Monsenhor, quais os conselhos o senhor poderia dar para as famílias de hoje? Qual o papel dos pais e mães de família, o que Nos- so Senhor espera de uma família católica hoje, nessa crise da Igreja? E para os jovens que estão se preparando para o matrimônio? Creio que seguir um modelo, como esse de Gabrielle é o melhor. Vida de oração, vida de sentido comum, tendo sempre diante dos olhos Nosso Senhor. Levando em consideração sempre o nível sobrenatural, o que Deus quer. Isso ajuda a exigir algumas coisas às crianças, da melhor maneira possível, para ser útil para eles, para formá-los em uma vida cristã. Hoje há muitas debilidades, é difícil, muito difícil, com as escolas, os amigos, todas essas coisas. Ademais, a piedade, a fé e evitar perder tempo, evitar uma distração excessiva com a televisão, a internet. Há coisas que é importante conhecer, mas muitas vezes perdemos muito tempo. Não seguir o exemplo geral, tratar de convencer os filhos que uma disciplina é muito importante, e seguir o que sempre disseram os santos, que normalmente os noivos devem ser como irmãos, e para isso tratar de evitar todas as situações de perigo. Seria bom ler os exemplos das épocas cristãs. Vivemos hoje em uma época pagã, e claro, os adolescentes e jovens querem viver como os demais, como todo mundo, e é difícil convencê-los do contrário. Que para receberem as graças de Deus e a felicidade futura, é necessário manter uma disciplina. Claro que isso exige sacrifício, obediência, humildade, porém há que se cumprir os deveres em relação a Deus, pois se não fazem isso não vão conseguir tantas bênçãos. Cumprir os mandamentos de Deus. Não é fácil. Por isso é necessário muita oração, muitas boas leituras e não perder tempo (com televisão, internet, essas coisas).
  • 6. “Deixai as criancinhas, e não queirais impedi-las de vir a mim, porque destas tais é o reino dos céus.” Mateus, 19:14 Para preparar-se melhor para a sua Primeira Comunhão e testemunhar a Jesus os seus ardentes desejos de recebê-lo (uma garotinha de oito anos), se privou de qualquer bebida durante um verão inteiro, mesmo de tomar qualquer fruta ou refresco. Mas Nosso Senhor não se deixa vencer em generosidade. Ele recompensou esse heroísmo por comunicações sensíveis na Sagrada Comunhão. A menina, pensando que todo o mundo era favorecido como ela, falava a quem quisesse ouvi-la sobre o que Jesus lhe dizia, e quando eu lhe observei que ela não devia fazê- lo: “- Por que? Diz ela. - Ora, porque são pequenos segredos entre Jesus e você, e que, se você os contasse, assim, a todo o mundo, Jesus poderia calar-se. - Oh! Compreendo. Então eu não direi mais nada”. Eu vou no entanto revelar-vos um deste colóquios íntimos e divinos e vereis a ternura e a familiaridade que pode reinar entre Jesus e as almas. Aquela florzinha do Coração de Jesus fala-Lhe como uma irmãzinha falaria ao seu irmãozinho, e Jesus responde-Lhe do mesmo modo: “Dizei-me, minha irmãzinha, tu me amas? Pergunta-Lhe um dia Jesus. - Meu Jesus, responde ela, essas coisas não se perguntam. - Por que minha irmãzinha? - Ora, por que tu sabes muito bem, meu Jesus, que eu gosto de Ti e que o meu coração é todo teu. - Sim, diz então Jesus, eu bem o sabia; mas, vês? Eu gosto de ouvi-lo muitas vezes, e é por isso que eu t’o perguntava. Há tantos que me dizem o contrário”. Algum tempo depois, a criança tinha esquecido a sua ingênua conversa. Por sua vez, ela sente necessidade de perguntar a Jesus: “Meu Jesus, tu gostas muito da tua irmãzinha?” E Jesus lhe responde por sua vez: “Minha irmãzinha, essas coisas não se perguntam. - Por que? Retorna ela temendo ter dito coisa inconveniente. - Ora, porque tu bem sabes que o meu Coração divino é todo teu. - Vês? Jesus querido, eu bem o sabia mas queria ouvi-lo de Ti”. Querendo certificar-me de que não se tratava aí de JESUS, REI DE AMOR — PE. MATEO CRAWLEY-BOEVEY imaginação, mas da obra de Deus, eu disse um dia à criança: “Amanhã na sua comunhão você vai pedir um presente a Jesus. - Que presente, Padre? - Você vai dizer: ‘Querido Jesus, o meu confessor mandou- me pedir-Te uma alma como prova de que és Tu mesmo que me falas’. E se Jesus perguntasse: ‘Que alma?’ Você responderia: ‘Tu deves conhecê-la, uma alma bem difícil de converter’.” E eis que na sua confissão seguinte ela me diz: “Padre, está feito”. Como eu fingisse não me lembrar: “Ora, o senhor bem sabe, o senhor me disse para pedir uma prova ao bom Jesus. Pois bem, Ele me disse: ‘Minha irmãzinha, está feito’. Disse-me também: ‘Pede-Me almas, Eu te satisfarei. Dize ao Padre que ele sempre Me peça almas, ele as obterá...Mas é preciso que sejas bem pequenina, bem obediente, bem amorosa, que faças sacrifícios para ganhá-las. Somente, tu não farás nada sem pedir permissão ao teu confessor. Se ele permitir, está bem; se ele não deixar, tu sabes que Eu preciso da obediência’. - Padre, essa alma já vem vindo. Dê-me depressa a absolvição, porque Jesus disse que ela viria no dia em que eu fosse me confessar”. Tentei então distraí-la, falando-lhe de outra coisa; mas, aproveitando um momento de silêncio: “Padre, diz a menina, por favor, dê-me a absolvição...Sinto que essa alma se aproxima...” Como a menina se dirigia para o altar para fazer sua penitência, saio do confessionário e noto uma pessoa importante, um homem que nunca se tinha visto de joelhos. Ele se adianta...era bem esse que eu tinha visado. “Padre, diz ele, não sei como foi isso, sinto-me atraído irresistivelmente, estou derrubado pela graça, sinto-me inteiramente mudado... Venho confessar-me”. Ah! Como foi tocante aquela confissão feita no meio de lágrimas! “Não sei como, repetia ele, não sei porque!” Eu teria podido mostrar-lhe aquela piedosa criança fazendo humildemente a sua penitência e dizer-lhe: “O senhor é a sua conquista; é à sua oração que o senhor o deve”. Eis aí como as almas simples são todo poderosas sobre o Coração de Jesus. Ele não lhes pode recusar nada porque elas tem plena confiança n’Ele
  • 7. Os dois são franceses, ele relojoeiro, ela rendeira. Ambos eram filhos de militares e foram educados em um ambiente católico, piedoso e rígido. Ele foi educado nos “Irmãos das Escolas Cristãs”, e ela era externa no colégio da Adoração Perpétua de Alençon. A sociedade já vinha decaindo há al- guns séculos, mas em suas famílias o liberalismo não havia entrado. Tentaram ambos ingressar na vida religiosa, ele não é aceito junto aos cônegos de Santo Agostinho, por não ter aprendido latim, e ela tenta entrar para a ordem das Filhas de Caridade de São Vicente de Paulo, mas sua superiora pensa que esta não é sua vocação. Ele, foi à Rennes para iniciar seu aprendizado no ofício de relojoeiro, a exemplo de sua família, e depois abriu sua própria relojoaria. Ela, depois de suplicar a Nossa Senhora como haveria de se sustentar, recebeu uma locução interior que lhe dis- se “ocupa-te com o ponto de Alençon”. Um dia, no ano de 1858, os dois passavam na ponte de São Leonardo, e, como dizia o doutor Robert Cadéot1 “a ponte é feita para unir. Aqui ela vai unir dois seres que eram feitos para se entenderem”. Ele tinha 35 anos, ela, 27. E se entreolha- ram. Para os dois que queriam ser santos, bastou esse olhar para saber a vontade de Deus. E na simplicidade em que Deus quer as coisas, depois de três meses de namoro e noivado, eles se casaram e foram modelos acabados de vida paroquial. E assim nasceu uma família especial, preciosa aos olhos de Nosso Senhor, pois se Deus quis ter uma família, nesta Ele relem- brava muito a sua. O casal sonhava em ter filhos santos, e quando tiveram, não hesitaram em dar a formação católica ideal, sem nenhum trato com o mundo, criavam seus filhos somente para Deus e por isso eram mais felizes do que qualquer família atual. “Felicidades desconhecidas”2, dizia São João Bosco, a respeito das alegrias que o mundo não conhece, e que nascem do amor à Nosso Senhor. Nesta família encontramos exatamente isso, o que não exclui as cruzes e sofrimentos, muito pelo contrário, elas também são bem vindas, são méritos, quando bem aceitas, para chegarmos ao céu. Essa família sabia disso, enxergou isso, quisera que todas as famílias cristãs enxergassem também. E encontramos principalmente o amor, do casal para os filhos e vice-versa, um amor sobrenatural e real que hoje em dia se destaca principalmente pela sua ausência. Um amor ordenado às criaturas por amor ao Criador, faz com que ele seja verdadeiro e forte, diferente do “amor” atual, desor- denado, com o fim ultimo na criatura, que o transforma em um sentimento esvaziado, e não raras vezes, em pecado. Do seu casamento tiveram nove filhos, dos quais quatro morreram prematuramente. Nesta família todos são santos, mas somente a última filha foi canonizada. A última filha por sinal foi uma provação à parte, humanamente falando talvez não devessem tentar, mas o casal que vivia só para Deus, essa última prova aceitou, e não com menos felicidade e sacrifícios tiveram mais uma filhinha em seu lar. E somos eternamente gratos. Assim vemos o belo quadro que se forma, a maravilha que se encerra em uma família Católica, onde o fogo de amor Divi- no está por toda parte, todos se amam de verdade e onde Deus quis que todas as filhas se fizessem religiosas! No fim da vida ela, a mãe, morre de câncer com uma resignação de causar admiração, e mesmo nos dias finais, já agoni- zando, não quer abrir mão de fazer os jejuns e abstinências prescritos nas têmporas da Igreja. E ele, o pai, fica só ainda alguns anos, e quando sente que está chegando o fim, se oferece como Vítima de amor para Deus. Um pedido que mais se encaixaria para um cartuxo do que para um simples leigo já idoso, como uma vez me disse um grande amigo, mas não para um pai de família que descobriu a Verdade e a felicidade que existe no sofrer por Nosso Senhor, e que quis levar esse amor até as alturas. “A águia alcançou seu voo!”3 , exclamara Santo Antônio Maria Claret, ao perceber por uma graça particular que sua conhecida religiosa, Madre Sacramento, tinha alcançado os cumes da santidade. Podemos dizer o mesmo deste pai de família já idoso ao se oferecer como Vítima de amor. Uma família extraordinária, mais digna do céu que da terra... E o mundo moderno que se diz saber e conhecer de tudo, desconhece e não se interessa em formar famílias assim. Ora, o que pode oferecer de bom e verdadeiro uma sociedade onde não existem mais famílias Católicas? “Sem Mim nada podeis fazer”4, disse Nosso Senhor. Pois o mundo moderno reti- rou Nosso Senhor das sociedades, o que sobrou então? Nada. Muito menos famílias de verdade. Os casados que querem ter algo de verdadeiro em suas vidas, em suas famílias, leiam a biografia deste casal. Ele se cha- ma Luís Martin, ela, Zélia Guérin, e graças a eles, temos a última filha, Teresa Martin ou Santa Teresinha do Menino Jesus, que, segundo São Pio X, foi a maior santa dos tempos modernos. 1- Louis Martin: Incomparável pai de Santa Teresa do Menino Jesus, pág 41, Ed. Cultor de Livros, 2015. 2- Felicidades Desconhecidas, leituras Catholicas, nº176, typ. Salesiana, 1904. 3- Santo Antônio Maria Claret, 2º edição, ed. Ave Maria, 1962. 4- Jo XV, 5. Um santo casal Ir. Júlio Maria
  • 8. formação filosófica falseada. Quando já não se busca a verdade, não resta nada além do “diálogo”, para encontrar um modo de viver juntos sem fazer guerra, chegar a certa unidade respeitosa de nossas divergên- cias. A palavra diálogo volve sem cessar em toda a obra: Quando estamos em amizade, disse o Pe. Lelong, penso fre- quentemente em Gilbert Pérol que, ao participar ativamente no diálogo islâmico-cristão, teve a ideia deste diálogo entre católi- cos (p. 27). Desde o Vaticano II, se fala muito na Igreja do diálogo com os protestantes, os judeus, os muçulmanos, o Dalai Lama, e tam- bém com os ateus. Com os quais não havia diálogo eram os fiéis apegados à missa de São Pio V, etiquetados como integristas (p. 60).3 A finalidade mesma do colóquio parece ter tido seu êxito: os católicos franceses, de sensibilidades diversas e, inclusive, opos- tas, aceitaram livremente o comprometimento com um diálogo que não prejudicam em nada uma total reconciliação – domínio reservado aos superiores competentes – mas que abre a possibi- lidade, quando chegue o dia, em que as instâncias do diálogo se encontrem ante companheiros capazes de compreensão e res- peito mútuos, já não acantonados em oposições radicais.4 Em sua obra magistral Iota Unum, Romano Amerio dedica todo um capítulo ao diálogo (capítulo XVI)5: Este termo é totalmente desconhecido e inusitado na doutrina antes do concílio Vaticano II (p. 296). (...) O diálogo, dizem agora, não tem como finalidade a refutação do erro nem a conversão do interlocutor.6 O papa Bento XVI, em seu último discurso de Natal à Cúria, antes de sua lamentável demissão, disse claramente qual é a concepção do diálogo para a igreja conciliar: - O diálogo não tem como finalidade a conversão, senão que a compreensão. Nisto se distingue da Evangelização, da missão. - Neste diálogo, as duas partes permanecem conscientemente no interior de sua identidade, que não questionam nem para elas mesmas nem para os outros7. O GREC se situa resolutamente nesta perspectiva. O Pe. Le- long, falando da fundação deste grupo de reflexão, escreve: Faltava precisar a melhor maneira de realizar este belo projeto, associando a ele católicos pertencentes a correntes de pensa- mentos muito diversas, mas que compartilham nossa preocupa- ção em contribuir para a unidade da Igreja, no que diz respeito às legítimas diversidades (p. 25). Até que ponto é legítima a diversidade? O Pe. Lelong dá a solu- ção: Depois do Motu proprio do Santo Padre, de julho de 2007, se pode esperar que o antigo e o novo rito não somente vão coabi- tar, senão que enriquecer-se mutuamente, como deseja Bento XVI (p. 82). É necessário que a FSSPX compreenda que, se ela tem muito que contribuir à Igreja de Roma, ela também tem mui- to que receber. Por isso, é necessário que ela cesse de rechaçar em bloco o Vaticano II, e que aceite suas grandes orientações, interpretando-as como propõe hoje o Santo Padre (p. 85). O Pe. Barthe pensa que esta coabitação dos contrários pode fazer voltar pouco a pouco as autoridades da Igreja à Tradição: Igualmente que, do ponto de vista litúrgico, o Motu proprio disse: a missa tradicional jamais foi abolida, chegaremos a uma situação onde se dirá: a doutrina anterior ao Concílio, sobre os pontos controvertidos, jamais foi abolida. Se pode seguir a “doutrina extraordinária”. E assim como a liturgia extraordinária Em 2010, quando começaram as discussões doutrinais em Roma, entre a Santa Sé e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, o GREC cessou suas atividades, pelo menos as conferências- debates1. Correios, conversas telefônicas, continuaram para avançar a “necessária reconciliação”? É muito possível. Quando se compartilha o mesmo objetivo, não é da noite para o dia que se cortam as relações e as amizades estabelecidas no passo dos anos. Por outro lado, é muito perigoso manter contatos com os hereges, e a heresia modernista é a mais perigosa a este respei- to, pois ela não afirma claramente seus erros. Encontrando-se frequentemente, acaba-se por ligar com amizade, relativizar o que nos opõe, não falar mais daquilo, até que se abandona o combate. Quantos sacerdotes da Tradição caíram por terem joga- do este jogo imprudente, com boas intenções no início. Para um tal apostolado, é necessário homens fortes como foi Mons. Lefe- bvre. Tendo conhecido Roma de Pio XI e Pio XII, não se deixou impressionar pela Roma de Paulo VI ou de João Paulo II. Inclusi- ve, um bispo da envergadura de Mons. Lefebvre esteve a ponto de cair na armadilha, firmando um protocolo de acordo em 5 de maio de 1988. Mas se recobrou heroicamente durante a noite e nos salvou. É tempo de fazer um balanço das atividades desta agrupação entre 1998 e 2010. O fracasso das conferências-debates É impressionante ver, lendo a obra de Pe. Lelong, que depois de doze anos de discussões, não houve mudança do lado dos “conciliares”, sabendo todas as tendências que existem naque- les que reivindicam o Vaticano II: “cada um manteve sua posi- ção2”. Dom de Lesquen, todavia, está persuadido de que as consagra- ções episcopais de 1988 foram “um ato cismático”, podendo conduzir a um “cisma real” (p. 13). O Pe. Lelong é tão entusiasta do último concílio que consagrou um capítulo inteiro da obra para defendê-lo sem nenhuma reser- va (Cap. IV, p. 71-87). Inclusive, os preconceitos mais grosseiros a respeito dos tradi- cionalistas se mantiveram intactos. Assim, relatando uma entre- vista de março de 2003 com o cardeal Castrillón Hoyos, o Pe. Lelong escreve: “Observamos que, em nosso país, as incompreensões e ten- sões entre o episcopado e a FSSPX, tinham frequentemente motivações políticas, muito mais que razões verdadeiramente teológicas. Esta observação me pareceu muito justa, pois, nos anos 70, frequentemente escutei os bispos franceses censura- rem os católicos apegados à missa em latim como sendo de “extrema direita” (p. 44-45). Estar ali depois de doze anos de reuniões, discussões, confe- rências-debates, tem algo de desesperador. O Pe. Lelong replica- rá que a finalidade do GREC não era reparar a questão doutrinal, coisa que só a autoridade pode fazer. Certo, mas sem ter a pre- tensão de resolver os problemas atuais com toda a técnica dos teólogos, é difícil compreender que os sacerdotes, bispos, falan- do de doutrina durante doze anos, não tenham avançado nem um passo. E como explicar que as discussões que tiveram lugar em 2010 e 2011 entre os teólogos romanos e os da FSSPX, diri- gidos notavelmente por estes últimos, fracassaram igualmente? De onde vem a impossibilidade de discutir sobre a crise na Igre- ja? A primeira causa, no clero atual é, de maneira geral, uma concepção subjetiva e evolutiva da verdade, proveniente de uma Dominicanos de Avrillé: O Grec (Grupo de Reflexão entre Católicos), uma história oculta, agora revelada – parte III Pelo irmão Marie-Dominique O.P. Le Sel de la Terre Nº 90, pg. 142-158 Retirado de Non Possumus Tradução: Capela Nossa Senhora das Alegrias Os resultados do GREC
  • 9. atrai até ela a liturgia ordinária, assim se pode desejar que a “doutrina extraordinária” atrairá a ela a “doutrina ordinária” (p. 121). Queremos gritar sufficit! Qual é a parte que diz respeito às pressões romanas e do GREC na evolução do pensamento de Mons. Fellay? É difícil dizer. Am- bos tiveram certamente sua influência. Em todo caso, o espírito do GREC se encontra perfeitamente na Declaração Doutrinal de Monsenhor Fellay enviada ao cardeal Levada, em 15 de abril de 2012, para comprometer a todos os católicos fieis (que ignora- vam o fato) em um acordo prático com a Roma conciliar: “A completa Tradição da Fé católica deve ser o critério e o guia para a compreensão dos ensinamentos do Concílio Vaticano II, o qual, por sua vez, ilumina – isto é, aprofunda e explica ulterior- mente – certos aspectos da vida e da doutrina da Igreja, implici- tamente presentes nela, e ainda não formulados conceitualmen- te” (nº 4). “Nós declaramos reconhecer a validez do sacrifício da Missa e dos Sacramentos celebrados com a intenção de fazer o que faz a Igreja segundo os ritos indicados nas edições típicas do Missal romano e dos Rituais dos Sacramentos legitimamente promulga- dos pelos papas Paulo VI e João Paulo II” (nº 7). Esta Declaração Doutrinal jamais foi retratada por Monsenhor Fellay. Foi simplesmente “retirada” com a justificativa de que “desgraçadamente, no contexto atual da Fraternidade, ela não passará”.8 Monsenhor Fellay deveria saber que o compromisso com o erro jamais fará a unidade. Para a Igreja, o primeiro princípio da uni- dade é a fé: Jesus quis que a unidade da fé existisse em sua Igreja, pois a fé é o primeiro de todos os vínculos que unem o homem com Deus, e a ela é a que devemos o nome de fiéis. (...) A Igreja nada desejou com tanto ardor nem procurou com tanto esforço como conservar de modo mais perfeito a integridade da fé. 9 Um “diálogo”, donde uma parte dos interlocutores não busca a verdade, senão o contrário, uma união fora do ensinamento infa- lível da Igreja, não pode ser mais que um fracasso. E quem perde é a Igreja e a Fé. Nestas condições, se compreende que depois de doze anos de discussões – às vezes mensais – os interlocutores conciliares dos representantes oficiosos da Fraternidade, permaneceram em suas posições. Uma diplomacia perigosa e uma fragilização da Tradição Se o GREC se limitou às discussões que não obtiveram resulta- dos, podemos dizer com muita razão que se perdeu tempo, e que a hora da restauração da Igreja não chegou. Mas por em movimento todas as autoridades da Igreja, as fa- zendo pensar que a FSSPX deseja uma regularização canônica e estar em plena comunhão com a Santa Sé, há algo mais perigoso em uma hora em que a igreja conciliar continua sua caída na apostasia? Isto foi completamente o oposto das resoluções que a mesma Fraternidade tomou em seu capítulo geral de 2006: “Os contatos que a Fraternidade mantém episodicamente com as autoridades romanas têm como único objeto ajudá-las a recu- perar a Tradição que a Igreja não pode renegar sem perder sua identidade, e não a busca de uma vantagem para ela mesma, ou de chegar a um impossível “acordo” puramente prático. O dia em que a Tradição recuperar todos os seus direitos, o problema da reconciliação não terá razão de ser e a Igreja encontrará uma nova juventude”.10 Esta firme resolução tinha de, normalmente, deter as tratativas diplomáticas do GREC a partir de 2006. Não o fez. Então, enquanto no mundo inteiro a Tradição continuava viven- do e desenvolvendo-se na paz, crendo-se protegida pelas deci- sões das mais altas instâncias da Fraternidade, um grupo infor- mal composto por personalidades tradici- onalistas e conciliares, continuava discre- tamente a preparar a via a um acordo prático com “a Roma de tendência neo- modernista e neo-protestante”.11 O resultado é que a Tradição ficou no limite da catástrofe em junho de 2012: o levantamento das “excomunhões” em 2009, que pôs em marcha “um processo inevitável de aproximação em vista de acor- dos entre a Santa Sé e a FSSPX”, como previram os animadores do GREC em sua carta ao papa 12. Mons. Tissier de Mallerais comentará: Tenhamos confiança na Santíssima Virgem, que nos preservou de um passo muito ruim, é verdade. Este ano, Ela nos preservou deste mau passo, Ela não quis esta história dos acordos: a sa- ber, que fomos à Roma nos submeter às autoridades conciliares. Certamente eles são as autoridades na Igreja, o papa é papa, sucessor de Pedro, mas também é o representante deste siste- ma de Igreja que cobre a Igreja, que paralisa a Igreja, que enve- nena a Igreja, é o que chamamos de igreja conciliar por comodi- dade de linguagem. Não é outra Igreja, é outro tipo de Igreja, é uma nova religião que penetrou na Igreja católica, sustentada pelo papa e por toda a hierarquia, todos os bispos, salvo exce- ções raríssimas. Como querem, queridos fiéis, que nos submetamos a tal hierar- quia? Teria sido impossível colaborar, teria sido uma pseudo- colaboração, uma mentira. Jamais teríamos colaborado e tería- mos sido perseguidos sem cessar, ameaçados pelos bispos e por Roma. Como querem sobreviver sob tais condições? 13 Sem embargo, a Tradição terminou debilitada. É difícil dizer que parte exata teve o GREC na evolução da Tradi- ção desde 1998. Em todo caso, não podemos deixar de relacio- nar os chamamos reiterados desta agrupação para cessar os ataques contra Roma, e o feito – constatado por todos – da per- da do espírito de combate e da Tradição. Pelo menos de maneira geral. O exemplo emblemático é o boletim do DICI, órgão oficial da Casa Geral da Fraternidade. Dirigido pelo Pe. Lorans, um dos principais animadores do GREC, DICI se aplica em mostrar sem- pre o que é menos mau no papa e se cala nos escândalos que fazem perder a fé. As queixas e reclamações contínuas a Monse- nhor Fellay, provenientes das autoridades da Fraternidade, sa- cerdotes, fiéis, jamais tiveram efeito algum. Tal pertinácia nos dá a evidência de uma mudança de orientação. Na conferência citada mais acima, Mons. Tissier tocou o sinal de alarme: Mons. Lefebvre transmitiu o que recebeu. Toda a herança de Pe. Le Floch 14, do Seminário, toda sua experiência, as transmitiu na Fraternidade, e esta seguirá com a condição de que continuemos com o mesmo espírito de combate. Não se trata de baixar as armas em plena batalha; não iremos buscar um armistício quando a guerra está em seu pior momento, com Assis III ou IV, com a beatificação de um falso beato – o papa João Paulo II – uma coisa falsa, uma falsa beatificação e a exi- gência recordada sem cessar por Bento XVI de aceitar o concílio e as reformas, e o magistério posterior do concílio. A voz de Mons. Tissier, eco da de Mons. Lefebvre, parece ter se perdido no deserto. Não pensemos que sem consequências. As primeiras gerações construíram a Tradição à ponta de espa- da. As novas gerações receberam tudo sem ter de combater: capelas, escolas, seminários, casas religiosas, etc. Estão dor- mentes em um conforto burguês. Como recém escreveu um edi- torialista: A imensa maioria dos fiéis de nossas capelas não se formam, não lêem, não se preocupam mais que esporadicamente de pro- ver sua família e seus filhos. A assistência à missa – a qual che- gam tarde muito frequentemente – constitui para eles o máximo que podem consentir para sua salvação. Alguns agregam a reza do terço diário, os mais fervorosos, o Rosário completo. Alguns liberarão sua consciência firmando uma petição ou arriscando- se em alguma “manifestação”, mas isso é tudo. Não lhes fale de um trabalho de profundidade, de estudo – por exemplo – sobre a maçonaria e seu papel no estado atual de uma sociedade que se descristianiza. Evoque com eles as raízes da decomposição da Igreja convertida em conciliar, ou da crise que afeta gravemente a Tradição neste instante, e isso lhes importa muito pouco, os tem sem cuidado. Teria de agregar a imodéstia no vestir cada vez maior em nu- merosas capelas, a diminuição de fiéis que assistem os exercí- cios espirituais, e, como consequência, a insuficiência no número de vocações, etc.
  • 10. Há, por suposto, felizes e edificantes ex- ceções, mas não são numerosas para dar um sopro de fervor ao conjunto. No momento em que escrevemos este artigo, não sabemos se um acordo prático da FSSPX com Roma modernista se fará em um futuro mais ou menos próximo. Mas o simples fato de já não denunciar os es- cândalos de Roma, ou de fazê-lo timida- mente e sob a pressão dos fiéis e de sacer- dotes inquietos, evitando atacar nominal- mente o papa, faz com que a Fraternidade se pareça cada vez mais com as comunida- des Ecclesia Dei que abandonaram o com- bate da fé. Quando o espírito destas comu- nidades for tomado plenamente, um acordo prático com a Roma atual não suscitará um problema para ninguém. A nova orientação da Casa Geral da Fraternidade terá destruí- do a obra de Mons. Lefebvre. O inimigo terá vencido. A Providência suscitará um pequeno resto para continuar o combate e salvar o que puder ser salvo? Notas: 1- É o que a senhora Pérol afirmou em sua entrevista na Radio Courtoisie (13 de abril de 2012) 2- Pe. Lelong, entrevista sobre o GREC na Radio Courtoisie. 3- Intervenção da senhora Huguette Pérol durante a conferência-debate de 26 de abril de 2007. 4- Carta do Pe. de la Brosse O.P. ao cardeal Castrillón Hoyos, de 6 de janeiro de 2004. 5- Romano Amerio, Iota Unum, París, NEL, 1987, pág. 301. 6- Isto dizer La instrucción para el diálogo, publicada em 28 de agosto de 1968 pelo Secretariado para os não-crentes (Nota 7, pág. 301, do livro Iota Unum). 7- Bento XVI, Discurso a la Curia, 21 de dezembro de 2012, La Documentation Catholique, 20 de janeiro de 2013, n° 2504, pág. 55. 8- Carta de Mons. Fellay ao papa Bento XVI, datada de 17 de junho de 2012. 9- Leão XIII, encíclica Satis Cognitum de 29 de junho de 1896. 10- O capítulo geral retomou aqui os ter- mos da carta de Mons. Lefebvre ao papa João Paulo II, de 2 de junho de 1988. 11- Mons. Lefebvre, Declaración del 21 de noviembre de 1974. 12- Carta de 20 de outubro de 2008, citada mais acima. 13- Mons. Tissier de Mallerais, Conferencia en Gastines, 16 de setembro de 2012. 14- O Pe. Le Floch foi o diretor do Seminá- rio Francês de Roma, onde Mons. Lefebvre realizou seus estudos sacerdotais e onde se nutriu dos ensinamentos dos papas, especialmente contra os erros modernos. Edição: Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES. http:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br Entre em contato conosco pelo e-mail: jornalafamiliacatolica@gmail.com Notícias da Resistência Tivemos em nossa Capela neste mês de Junho : * Primeira reunião sobre a Congregação Mariana e o Apostolado da Oração que pretendemos implementar em breve. Teremos como diretor das associações o Rev. Pe. Joaquim, FBMV. A reunião ocorreu dia 14 de junho, o padre deu-nos as primeiras orientações e os fiéis se comprometeram a estudar os respectivos regulamentos para que no próximo mês de agosto possamos fazer a recepção dos interessados. A Congregação Mariana é destinada somente para os homens e o Apostolado da Oração, embora possa receber mem- bros de ambos os sexos, em nossa Capela, será composto exclusivamente por mulheres. Decidimos por isto a fim de explicitar, em todos os meios ao nosso alcance, a recomendada e salutar distinção dos sexos que sempre foi praticada na Igreja e que quase já não vemos atualmente. A este respeito, contam que Mgr. Lefebvre, falando aos jovens do MJCF, disse que suas reuniões mistas eram sinal de pouca fé. * No próximo mês de julho, ocorrerá na França, nos dominicanos de Avrillé, as já tradicionais jornadas Jean Vaquié, que tratam basi- camente do combate entre a cidade de Deus (a Santa Igreja) e a cidade dos homens (os inimigos de Deus), tal qual descreve santo Agostinho e o Papa Leão XIII na sua encíclica sobre a Maçonaria (Humanum Genus). Os Rev. Dom Tomás de Aquino, OSB, e Pe. Joa- quim, FBMV, estarão presentes nas jornadas dando, respectivamente, as seguintes conferências: “A subversão em Campos - de Dom Antônio de Castro Mayer a Dom Fernando Rifan” e “A Revolução de 1964”. No domingo, 14 de junho, ambos os padres estavam de passagem em nossa Capela e aproveitaram para nos dar uma prévia de suas conferências. * E para fechar o mês de Junho, nos dias 19 a 21, recebemos em nossa Capela o Irmão João Batista, do Mosteiro da Santa Cruz. Fomos agraciados com duas conferências diárias sobre: a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo; modos como podemos meditar Ne- le, em seus mistérios e nas verdades sobrenaturais; a Paixão de Nosso Senhor, sua profundidade e seus frutos; o Santo Sudário e a Santa Missa, o Sacrifício de Nosso Senhor. Aproveitamos a oportunidade para agradecer, em primeiro lugar a nosso diretor, Dom Tomás de Aquino, por ter permitido a vinda do irmão e, principalmente, a ele por ter tido a caridade de vir aqui ajudar em nossa for- mação e crescimento espiritual. MÊS DE ANIVERSÁRIO! Completamos neste mês de junho mais um ano de jornal. Agradecemos a Nosso Senhor pelas graças concedidas e Lhe pedimos que nos dê, principalmente, a graça da perseverança. Agradecemos também a todos que nos auxiliam e a nossos leitores. Como de costume sortearemos um livro entre nossos leitores e mandaremos rezar uma missa em suas intenções. Aos interessados, pe- dimos enviar o nome para nosso e-mail: jornalafamiliacatolica@gmail.com.