O documento discute a criação como um ato trinitário realizado pelo Pai através do Filho no Espírito Santo. Também aborda o Espírito como criador e vivificante da criação, a relação entre pessoa e terra, e a necessidade de uma espiritualidade ecológica que reconheça a sacralidade da Terra.
1. Deus na criação – Criação no
Espírito (Moltmann)
Criação como ação Trindade
Prof.Dr. RICARDO CASTRO
2. A criação é um ato trinitário
• O Pai cria através do Filho no Espírito Santo. Por isso, a criação é obra “de
Deus”, formada “por Deus”, e existe “em Deus”. A compreensão teológica
deste princípio se desenvolveu primeiramente enfatizando Deus Pai como
Criador, para depois afirmar especificamente a cristologia da criação,
através da ênfase na criação através da Palavra, falta reafirmar a
compreensão trinitária da criação enfatizando o terceiro aspecto, a
criação no Espírito.
• Na tradição bíblica toda ação divina é pneumática em seu resultado. É
sempre o Espírito que leva ao seu objetivo o agir do Pai e do Filho. Por
isso o Deus trino inspira ininterruptamente a sua criação.
Prof.Dr. RICARDO CASTRO
3. Espírito criador e vivificante de Deus
• A experiência do Espírito vivificante na fé do coração e na comunhão
do amor ultrapassa, por si mesma, os limites da igreja, levando à
redescoberta do mesmo Espírito na natureza, nas plantas, nos
animais e nos ecossistemas da terra. A experiência da comunhão do
Espírito necessariamente leva a fé cristã a ultrapassar-se para a
comunhão maior com todas as criaturas de Deus. A comunhão da
criação, em que todas as criaturas existem umas com as outras, umas
pelas outras e umas nas outras, é comunhão do Espírito de Deus.
Estas duas experiências do Espírito colocam hoje a Igreja de Cristo em
solidariedade com o cosmo ameaçado de morte.
Prof.Dr. RICARDO CASTRO
4. Terra e corporeidade
• A terra-mãe. Antiquíssima e muito espalhada é a ideia da terra como
mãe. A terra não produz apenas as plantas, mas também os animais e
até o ser humano: não é no ventre da mãe que o feto é formado, mas
no da terra, onde é transferido de modo misterioso para o ventre da
mãe.
• O símbolo da mãe-mundo está na base da concepção do mundo
como sendo a grande pessoa humana, e a pessoa humana como
sendo um pequeno mundo: o mundo é um macroantropos – a
pessoa humana é um microcosmos.
Prof.Dr. RICARDO CASTRO
5. A relação entre pessoa e terra também está
presente nas tradições bíblicas
• Adão foi feito da terra”. Ele é a “criatura terrestre” original, anterior à
diferenciação entre homem e mulher (Gn 2,7). Mas aqui, a terra não
é mais a “mãe do ser humano”, mas somente a matéria-prima para a
obra do criador.
• O monoteísmo patriarcal da religião javista desmantelou o panteísmo
matriarcal da terra através de um conceito de criação masculino.
• A simbologia da “mãe-terra” foi quase integralmente transposta para
a “mãe-igreja”: O ventre materno da Igreja, o qual exclusivamente
torna santo, faz a pessoa crente nascer para uma nova vida, e isso de
forma virginal.
Prof.Dr. RICARDO CASTRO
6. Corporeidade
• Conforme as tradições bíblicas, corporeidade é o fim das obras da criação de
Deus. A terra é o objeto e o palco do amor criativo do criador. Deus criou as
pessoas físicas, corporais para serem sua imagem, e seu primeiro
mandamento diz: “sede fecundos e multiplicai-vos...” (Gn 1,28).
• É no seu corpo que a pessoa se conscientiza de si mesma como sendo criatura
e imagem de Deus. Corporeidade é seu objetivo. Todos os caminhos do seu
espírito e todas as palavras da sua linguagem findam na forma viva de seu
corpo. Corporeidade é também o fim da obra conciliadora de Deus: “A palavra
se fez carne...” Tornando-se carne, o Deus conciliador aceita a carne pecadora,
doente e mortal da pessoa e a cura na sua comunhão. Em sua encarnação, os
corpos explorados, doentes e destruídos experimentam sua salvação e sua
dignidade indestrutível.
Prof.Dr. RICARDO CASTRO
7. Reino de Deus e Criação
• O Reino é evocado por meio de imagens radiantemente simples de
crescimento e transformação, de descoberta e do juízo ou acerto final de
contas.
• O Reino é experiência do crescimento natural, pois o Reino não é nem
estático nem uma realidade do outro mundo. É a experiência da
descoberta, pois o Reino é sempre novo.
• É a experiência da misericórdia de ter suas dividas perdoadas, pois o
Reino de Deus é a compaixão infinita de Deus. É a experiência de ser
como uma criança, pois o Reino é genuinamente simples, um estado
unitivo, não-dualista da consciência. O Reino é ao mesmo tempo, a fonte
da vida e seu objetivo.
Prof.Dr. RICARDO CASTRO
8. Espiritualidade ecológica
A espiritualidade ecológica é uma dívida das religiões
monoteístas com a humanidade e com a terra,
assim como é um desafio urgente, porque a
sociedade não resolverá a crise ecológica apenas
com soluções técnicas e políticas, por mais
importantes que estas sejam.
Para salvar o planeta Terra e a comunidade da vida é
preciso uma espécie de pacto espiritual de respeito
e cuidadoso ecológicos que envolva todas as
tradições espirituais e organizações éticas da
humanidade.
Resgatar a sacralidade da Terra é um desafio
teológico espiritual, mas é antes de tudo uma
questão de vida.Prof.Dr. RICARDO CASTRO
9. Fundamentos da Esp. Ecológica
Espiritualidade – espiritualismo – oposto a
matéria.
Espiritualidade ecológica não compreende “o
espiritual” como aquilo que não é material.
Ruach – significa ventania, sopro. Indica todo
ser que respira. Portanto todo ser vivo é
espírito, ou portador do espírito. Este
princípio de vida não é apensas o ponto de
partida da vida animal. É a fonte do amor, dos
sentimentos e da unidade entre os seres.
Prof.Dr. RICARDO CASTRO
10. Escutar
A espiritualidade como capacidade de
captar em cada criatura – uma
mensagem espiritual de beleza e de
irradiação do amor universal.
Escutar os milhares de ecos que vem desta
grande Voz – celebrar sua grandeza e
unir-se à canção de louvor que todas as
coisas fazem à vida e à sua fonte
maternal, atração unificadora de tudo.
Prof.Dr. RICARDO CASTRO