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APTIDÃO AGRÍCOLA NA ÁREA DE RECARGA DO AQÜÍFERO GUARANI:
    CASO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO ESPRAIADO,
                                          RIBEIRÃO PRETO – SP


               Emília Hamada1; Maria Leonor Lopes Assad2; Danilla Alves Pereira3

                                                   RESUMO
O Sistema Aqüífero Guarani é considerado a maior reserva estratégica de água doce da América Latina e um dos
maiores sistemas aqüíferos do mundo, com aproximadamente 70% de sua área localizada no Brasil. As faixas de
recarga ou afloramento e áreas adjacentes são regiões de infiltração natural das águas, com elevada
vulnerabilidade. Nessas áreas estão presentes diferentes sistemas de produção agrícola e alguns desses sistemas
são de agricultura intensiva. O objetivo deste trabalho foi determinar a aptidão agrícola da microbacia
hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto-SP, localizada sobre a área de recarga do Aqüífero
Guarani, considerando as potencialidades das terras e das águas na região estudada. A microbacia ocupa uma
área de aproximadamente 4.131 ha, com predomínio da cana-de-açúcar. O projeto do banco de dados foi
estruturado no Sistema de Informação Geográfica (SIG) Idrisi 32. A avaliação da aptidão agrícola das terras foi
feita, considerando o sistema de produção agrícola intensivo predominante na microbacia, ajustado para a
vulnerabilidade das áreas de recarga do aqüífero e para a metodologia de emprego de SIG. Na microbacia
predominam Latossolos e Nitossolos, que possuem aptidão boa ou regular para culturas em sistemas de produção
intensivos. Observa-se também a presença de Neossolos Quartzarênicos, que ocorrem em pequena faixa. Esses
solos desempenham um importante papel na recarga direta do aqüífero devido à sua elevada permeabilidade. A
avaliação de aptidão agrícola de terras, em particular na área de abrangência do Aqüífero Guarani, deve
considerar tanto as potencialidades do solo, quanto o impacto que o uso agrícola pode causar na quantidade e na
qualidade da água infiltrada.
Palavras-chave: Planejamento agroambiental; Geoprocessamento.


    LAND SUITABILITY IN THE RECHARGING AREA OF GUARANI AQUIFEROUS: CASE OF
               ESPRAIADO STREAM WATERSHED, RIBEIRÃO PRETO - SP

                                                   ABSTRACT
The Guarani Aquiferous System is Latina America’s biggest strategical freshwater reserve and one of the
world’s biggest aquifer systems, with approximately 70% of its area located in Brazil. The recharging areas and
adjacent areas are regions of natural water infiltration, with high vulnerability. In these areas there are different
agricultural production systems and some of them are intensive systems. The objective of this work was to
evaluate the land suitability of the watershed of the Espraiado stream, Ribeirão Preto-SP, located on the
recharging area of the Guarani Aquifer, considering the potentialities of lands and waters in the studied region.
The area of the watershed is approximately 4,131 ha, with predominance of sugar cane culture. The data base
project was constructed in the Geographic Information System (GIS) Idrisi 32. The land suitability evaluation
was done considering the intensive agricultural production system predominant in the watershed, adjusted for the
vulnerability of the areas of recharge and for the methodology of SIG. In the watershed, Oxysols and Nitosols
are dominant, with good or regular aptitude for cultures in intensive agricultural systems. The presence of
Quartzipsamments is also observed, and it occurs in small band. These soils play an important role in the direct
recharge of the water-bearing due to its high water permeability. The land suitability evaluation in Guarani
Aquifer must consider the soils potentialities and the impact the agricultural use can cause in the quantity and the
quality of the infiltrated water.
Key words: Agroambiental planning; Geoprocessing.


Trabalho recebido em 01/12/2005 e aprovado para publicação em 05/12/2005.

1
  Pesquisador, Embrapa Meio Ambiente - CNPMA, CP 69, CEP 13820-000, Jaguariúna – SP.
2
  Professor, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, CP 153, CEP 13600-970, Araras – SP.
3
  Técnico, Embrapa Meio Ambiente - CNPMA, CP 69, CEP 13820-000, Jaguariúna – SP.




          Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
Hamada, E.; Assad, M.L.L.; Pereira, D.A./Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso....          63


               1. INTRODUÇÃO                                            Conforme salientam Rosa Filho et al.
                                                                (2003), o termo Guarani foi proposto em
       O     Sistema      Aqüífero       Guarani      é
                                                                homenagem à memória da nação Guarani e
considerado a maior reserva estratégica de
                                                                para unificar, sob o ponto de vista
água doce da América Latina e um dos
                                                                hidrogeológico, uma terminologia relativa
maiores sistemas aqüíferos do mundo,
                                                                aos estratos do Triássico (Formações
cobrindo uma área de quase 1,2 milhões de
                                                                Pirambóia e Rosário do Sul, no Brasil, e
km2 (ROCHA, 1996). Estendendo-se ao
                                                                Buena Vista, no Uruguai) e do Jurássico
longo do Brasil, Paraguai, Uruguai e
                                                                (Formações Botucatu, no Brasil, Misiones
Argentina, esse sistema aqüífero refere-se
                                                                no Paraguai e Tacuarembó no Uruguai e na
ao pacote de rochas arenosas saturadas com
                                                                Argentina).
água que ocorrem subjacentes ao conjunto
de rochas que constitui a Formação Serra                                Segundo Rosa Filho et al. (2003), o
Geral. Essa camada, com espessura que                           início da formação do Guarani se deu na
varia de 200 a 800 m, distribui-se numa                         Era Mesozóica, há cerca de 200 milhões de
área de aproximadamente 1.195.000km2,                           anos, quando um imenso deserto cobria
dos quais, aproximadamente 848.800km2                           parte da América do Sul que, formava,
estão localizados no Brasil, com ocorrência                     juntamente com a África, um único
nos estados de Mato Grosso (2,2% do                             continente. A ação eólica favoreceu o
total), Goiás (4,6%), Minas Gerais (4,4%),                      transporte e a sedimentação de areia em
Mato Grosso do Sul (17,8%), São Paulo                           gigantescas dunas, formando um pacote
(13%), Paraná (11%), Santa Catarina                             sedimentar,         o     arenito,      com      grãos
(4,1%) e Rio Grande do Sul (13,2%)                              arredondados que propiciam uma formação
(ROSA FILHO et al, 2003).                                       porosa           com          muitos          espaços
                                                                intercomunicados entre si. Há cerca de 130
       No Estado de São Paulo, onde o
                                                                milhões de anos, a região foi afetada por
Aqüífero Guarani alcança 155.800 km2
(ARAÚJO;         FRANÇA;           POTTER,1995),                intenso vulcanismo fissural, isto é, foi
                                                                coberto por lavas vulcânicas saídas de
cerca de 72% dos 645 municípios são total
                                                                fendas       quilométricas         resultantes     do
ou parcialmente abastecidos por águas
subterrâneas e 47% deles são inteiramente                       processo de separação entre a América do

abastecidos        por       água       subterrânea,            Sul e a África. As lavas vulcânicas

destacando-se as cidades de Catanduva,                          cobriram o arenito e deram origem a uma

Caçapava, Jales, Lins, Ribeirão Preto e                         espessa camada basáltica que funciona

Tupã (CETESB, 1997).                                            como uma capa protetora sobre quase toda
                                                                a rocha porosa.

           Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
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       O     Aqüífero       Guarani       encontra-se                   Tanto as faixas de recarga direta ou
confinado em 90% de sua superfície e os                         de afloramento do pacote arenoso quanto
10%      restantes      têm     característica       de         as áreas de recarga lenta são regiões de
aqüífero livre e constitui sua principal área                   infiltração natural das águas, com alta
de    recarga      direta     (CAMPOS,         2000).           vulnerabilidade,         sendo       imperativo    o
Segundo Rosa Filho et al. (2003), o                             controle das fontes de poluição para que o
confinamento se dá porque a espessa                             aqüífero possa ser usado ao longo das
camada arenítica se encontra, em quase                          gerações (ROCHA, 1996).
toda a extensão do aquífero, sotoposta por                              Embora as águas subterrâneas sejam
rochas basálticas cuja espessura máxima                         naturalmente mais protegidas dos agentes
ultrapassa 1.000 metros e apenas nas                            contaminantes do que as superficiais, a
bordas, em estreita faixa a leste e oeste, o                    grande expansão das atividades antrópicas,
pacote       arenoso        aflora,       conferindo            nas áreas urbanas e rurais, tem provocado a
característica livre ao aquífero (Figura 1).                    poluição pontual das águas subterrâneas,
       Nessas áreas, a infiltração de água se                   sobretudo por meio dos lixões, aterros
dá de forma rápida por meio de águas de                         industriais, armazenamento, manuseio e
chuva e a recarga é direta, formando um                         descarte        inadequados          de      produtos
                                           3
depósito estimado de 48 mil km de água,                         químicos, efluentes e resíduos, incluindo os
em profundidades que chegam a 2 mil                             usos indiscriminados de agrotóxicos e
metros, enquanto que nas áreas onde o                           fertilizantes (CETESB, 2001).
basalto aflora, a infiltração é lenta e se dá                           Nas áreas de recarga direta do
ao longo de descontinuidades (ROSA                              Guarani ocorrem afloramentos de arenito,
FILHO et al., 2003).                                            associados aos seus produtos de alteração,
       No Estado de São Paulo, as áreas de                      que são predominantemente Latossolos
recarga direta ocupam 16 mil km2 de                             Psamíticos e Neossolos Quartzarênicos.
superfície (CETESB, 2001). É tanta água                         Nessas áreas estão presentes diferentes
que uma exploração racional poderia                             sistemas de produção agrícola (arroz
abastecer      continuamente          e   de    forma           irrigado, cana-de-açúcar, milho, soja, entre
sustentável uma população de 20 milhões                         outros). Alguns desses sistemas são de
de    pessoas,       sem      comprometer         suas          agricultura intensiva, que utilizam grande
reservas, já que o sistema tem capacidade                       quantidade de insumos. Desta forma, é
natural de recarga de 40 milhões de                             necessário o estudo da adequação do uso
m3/ano.                                                         agrícola das terras, analisando de forma


           Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
Hamada, E.; Assad, M.L.L.; Pereira, D.A./Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso....          65


integrada a vulnerabilidade dos recursos                                Foram         usadas        as       seguintes
naturais, de modo a subsidiar a gestão                          informações como dados de entrada do
ambiental das áreas críticas quanto aos                         SIG: cartas topográficas, na escala de
riscos de contaminação do aqüífero.                             1:10.000,          elaboradas       pelo      Instituto
       O     objetivo        deste     trabalho     foi         Geográfico e Cartográfico do Estado de
determinar        a        aptidão     agrícola      da         São Paulo (IGC): Fazenda Santa Rita do
microbacia hidrográfica do Córrego do                           Picadão (SF-23-V-C-I-2-SO-E), Fazenda
Espraiado,        Ribeirão           Preto     -   SP,          Santa        Maria         (SF-23-V-C-I-2-SO-F),
compatibilizada com a explotação racional                       Fazenda São Tomáz (SF-23-V-C-I-4-NE-
das águas. Esta informação pode subsidiar                       B) e Córrego do Espraiado (SF-23-V-C-I-
à gestão ambiental das áreas agrícolas em                       4-NO-A) e o mapa de solos da microbacia,
áreas de recarga do Aqüífero Guarani.                           na escala de 1:25.000 (MIKLÓS; GOMES,
                                                                1996).
                                                                        A entrada dos dados foi realizada
       2. MATERIAL E MÉTODOS
                                                                com mesa digitalizadora e o software
       A área de estudo é a microbacia
                                                                Cartalinx. O Modelo de Elevação Digital
hidrográfica          do     Córrego         Espraiado,
                                                                (MED)        foi     obtido      pelo    método     de
Ribeirão Preto, SP, que ocupa uma área de
                                                                interpolação de triangulação linear, usando
cerca de 4.131 ha, com uso predominante
                                                                o software Surfer 8.02. Posteriormente, foi
da    lavoura         de     cana-de-açúcar.       São
                                                                obtido      o      mapa     de    declividade      em
encontradas também pequenas áreas de
                                                                percentagem e classificado, a fim de se
matas ciliares marginais aos cursos d’água
                                                                obter o mapa de classes de declive.
e campos higrófilos nas áreas mal drenadas
                                                                        A avaliação da aptidão agrícola das
das planícies de inundação.
                                                                terras foi feita com base no sistema
       O projeto do banco de dados foi
                                                                proposto por Ramalho Filho; Beek (1995),
estruturado no Sistema de Informação
                                                                considerando         o    sistema       de   produção
Geográfica (SIG) Idrisi 32, com sistema de
                                                                agrícola        intensivo        predominante       na
projeção Universal Transversa de Mercator
                                                                microbacia, ajustado para a vulnerabilidade
(UTM), os limites da área de 213.002 m e
                                                                das áreas de recarga do aqüífero e a
224.498 m e 7.642.943 m e 7.654.502 m
                                                                metodologia de emprego de SIG proposta
(coordenadas x e y, respectivamente);
                                                                por     Lopes-Assad;          Hamada;        Cavalieri,
Datum 23o S e resolução espacial 5 x 5 m.
                                                                (1998).




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Figura 1. Área de ocorrência do Sistema Aqüífero Guarani (SAG). (Fonte: Modificado de
CAS/SRH/MMA (2001) por BOSCARDIN BORGHETTI; BORGHETTI; ROSA FILHO,
2004).




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      3. RESULTADOS E DISCUSSÃO                                  presença de Neossolos Quartzarênicos, que
        Na    microbacia        do       Córrego    do           ocorrem em pequena faixa (123 ha)
Espraiado predominam áreas de relevo                             (Figura 3). Esses solos desempenham um
plano a suave ondulado (0 a 8%), seguidas                        importante papel na recarga direta do
por áreas de relevo ondulado (8 a 20%)                           aqüífero        devido        à      sua    elevada
(Tabela 1 e Figura 2). Nessas áreas                              permeabilidade.              Entretanto,        eles
predominam          Latossolos       e     Nitossolos            apresentam teor de argila muito baixo (<
(Tabela 2 e Figura 3), que possuem aptidão                       15%),      o    que    lhes       confere   reduzida
boa ou regular para culturas em sistemas                         capacidade de retenção de cátions e ânions.
de produção intensivos (Tabela 3 e Figura                        Portanto, o uso agrícola intensivo desses
4).                                                              solos deve ser restrito (Figura 4), pois

        Esses solos têm importante função na                     aumenta a vulnerabilidade do aqüífero.

recarga lenta do aqüífero, entretanto, a                                Salienta-se que é necessário atender

mecanização intensiva leva à formação de                         à legislação ambiental e que todas as áreas
                                                                 de preservação permanente (APP) não
camadas       compactadas         que      afetam     a
infiltração de água. Com efeito, o uso                           podem ter uso agrícola.

contínuo de grade pesada, a circulação de
máquinas e veículos no interior dos                                              4. CONCLUSÃO

canaviais e o preparo do solo sob                                       A avaliação de aptidão agrícola de

condições       inadequadas          promovem         a          terras, em particular na área de abrangência
                                                                 do Aqüífero Guarani, deve considerar tanto
formação       de     camadas        subsuperficiais
                                                                 as potencialidades do solo, quanto o
muito        compactadas         que       restringem
                                                                 impacto que o uso agrícola pode causar na
fortemente a infiltração da água no solo e
                                                                 quantidade e na qualidade da água
contribuem para o aumento da intensidade
                                                                 infiltrada.
e abrangência dos processos erosivos
(CASAGRANDE,                   1981;         SILVA;
RIBEIRO, 1992). Constata-se também a




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Tabela 1. Classes de declividade da microbacia do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto–SP.
                                  Classe                                Área
                                 de declive                   (ha)                  (%)
                                  0–3%                                706               17,1
                                  3–8%                               1.879              45,5
                                 8 – 13 %                            1.032              25,0
                                 13 - 20 %                            314                 7,6
                                 20 - 45 %                            190                 4,6
                                45 - 100 %                             10                 0,2
                                   Total                             4.131            100,0




Figura 2. Classes de declive da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão
Preto–SP.




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Tabela 2. Solos da microbacia do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto–SP.

                                            Solo                                                            Área
                                                                                                 (ha)              (%)
 LVef – Latossolos Vermelhos Eutroférricos                                                        1.049              25,4
 LVdf – Latossolos Vermelhos Distroférricos                                                       1.163              28,2
 LVwf – Latossolos Vermelhos Acriférricos                                                            17                  0,4
 LVa,d – Latossolos Vermelhos Distróficos e Álicos                                                  398                  9,6
 LVd – Latossolos Vermelhos Distróficos                                                              96                  2,3
 LVAa,d – Latossolos Vermelhos-Amarelos Distróficos e Álicos                                         50                  1,2
 NVef – Nitossolos Vermelhos Eutroférricos                                                          476              11,5
 RLe,d – Neossolo Litólico Eutróficos e Distróficos                                                 423              10,2
 RQa,d – Neossolos Quartzarênicos Distróficos e Álicos                                              123                  3,0
 GX – Gleissolos Háplicos com ou sem associação com Organossolos                                    329                  8,0
 Horizonte de solo removido                                                                             7                0,2

                                            Total                                                 4.131             100,0




Figura 3. Solos da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto – SP.

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Tabela 3. Aptidão agrícola das terras da microbacia do Córrego do Espraiado, Ribeirão
Preto–SP.
                                  Aptidão agrícola                                       Área
                                                                                  (ha)             (%)
              Aptidão agrícola boa para culturas                                      2.688           65,0
              Aptidão agrícola regular para culturas                                     561          13,6
              Aptidão agrícola restrita para pastagens                                   452          11,0
              Sem aptidão agrícola                                                       430          10,4
                                         Total                                        4.131          100,0




Figura 4. Aptidão agrícola da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão
Preto–SP.




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                REFERÊNCIAS                                     MIKLÓS, A.A. de W.; GOMES, M.A.F.
                                                                    Levantamento semidetalhado dos
ARAÚJO,       L.M.;     FRANÇA,        A.B.;
                                                                    solos da bacia hidrográfica do
     POTTER, P.E. Aqüífero gigante do
                                                                    Córrego do Espraiado, Ribeirão
     Mercosul no Brasil, Argentina,
                                                                    Preto – SP. Jaguariúna: Embrapa-
     Uruguai      e     Paraguai:     mapas
                                                                    CNPMA, 1996. 48 p. + anexos.
     hidrogeológicos      das     formações
                                                                    Relatório de projeto.
     Botucatu, Pirambóia, Rosário do Sul,
                                                                RAMALHO FILHO, A.; BEEK, K.J.
     Buena       Vista,     Missiones     e
                                                                    Sistema de avaliação da aptidão
     Tacuarembó.         Curitiba,      PR:
                                                                    agrícola das terras. Rio de Janeiro:
     Universidade Federal do Paraná,
                                                                    Embrapa-CNPS, 1994. 65 p.
     1995.     Publicação      especial   –
                                                                ROCHA, G.A. Mega reservatório de
     convênio: PETROBRAS-UFPR.
                                                                    água subterrânea do Cone Sul:
BOSCARDIN          BORGHETTI,          N.R.;
                                                                    bases para uma política de
     BORGHETTI, J. R.; ROSA FILHO,
                                                                    desenvolvimento e gestão. Curitiba:
     E.F. da. Aqüífero Guarani: a
                                                                    UFPR,      1996.     Não   paginado.
     verdadeira integração dos países do
                                                                    Contribuição       ao      Seminário
     Mercosul.       Fundação       Roberto
                                                                    Internacional Aqüífero Gigante do
     Marinho, 2004.
                                                                    Mercosul, 23/24 de maio de 1996.
CAMPOS,         H.C.N.S.        Modelación
                                                                ROSA FILHO, E.F.; HINDI, E.C.;
     conceptual y matemática del Acuífero
                                                                    ROSTIROLLA, S.P.; FERREIRA,
     Guaraní, Cono Sur. Acta Geologica
                                                                    F.J.F.; BITTENCOURT, A.V.L.
     Leopoldensia, v. 23, n. 4, p. 3-50,
                                                                    Sistema     Aqüífero     Guarani    –
     2000.
                                                                    considerações preliminares sobre a
CASAGRANDE, A.A. Associação entre
                                                                    influência do Arco de Ponta Grossa
     sistemas de preparo do solo e
                                                                    no fluxo das águas subterrâneas. São
     fosfatagem      em      cana-de-açúcar
                                                                    Paulo: Rev. Águas Subterrâneas, v.
     (Saccharum spp). Brasil Açucareiro,
                                                                    17, p. 91-112, 2003.
     Rio de Janeiro, v.97, n.4, p.48-62,
                                                                SILVA,     M.S.L.;    RIBEIRO,       M.B.
     1981.
                                                                    Influência do cultivo contínuo da
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____. Relatório de qualidade das águas
                                                                    Ciência do Solo, Campinas, v.16,
     subterrâneas no Estado de São
                                                                    n.3, p.397-402,1992.
     Paulo: 1995-2000. São Paulo:
     CETESB, 2001. 96 p.
LOPES-ASSAD, M.L.; HAMADA, E.;
     CAVALIERI,         A.    Sistema    de
     informações geográficas na avaliação
     de terras para agricultura. In:
     ASSAD, E.D. ; SANO, E.E. Sistema
     de     informações        geográficas:
     aplicações na agricultura. Brasília:
     Embrapa-SPI/Embrapa-CPAC, 1998.
     434 p. cap. 11, p. 191 - 232.




          Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006

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Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto – SP

  • 1. APTIDÃO AGRÍCOLA NA ÁREA DE RECARGA DO AQÜÍFERO GUARANI: CASO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO ESPRAIADO, RIBEIRÃO PRETO – SP Emília Hamada1; Maria Leonor Lopes Assad2; Danilla Alves Pereira3 RESUMO O Sistema Aqüífero Guarani é considerado a maior reserva estratégica de água doce da América Latina e um dos maiores sistemas aqüíferos do mundo, com aproximadamente 70% de sua área localizada no Brasil. As faixas de recarga ou afloramento e áreas adjacentes são regiões de infiltração natural das águas, com elevada vulnerabilidade. Nessas áreas estão presentes diferentes sistemas de produção agrícola e alguns desses sistemas são de agricultura intensiva. O objetivo deste trabalho foi determinar a aptidão agrícola da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto-SP, localizada sobre a área de recarga do Aqüífero Guarani, considerando as potencialidades das terras e das águas na região estudada. A microbacia ocupa uma área de aproximadamente 4.131 ha, com predomínio da cana-de-açúcar. O projeto do banco de dados foi estruturado no Sistema de Informação Geográfica (SIG) Idrisi 32. A avaliação da aptidão agrícola das terras foi feita, considerando o sistema de produção agrícola intensivo predominante na microbacia, ajustado para a vulnerabilidade das áreas de recarga do aqüífero e para a metodologia de emprego de SIG. Na microbacia predominam Latossolos e Nitossolos, que possuem aptidão boa ou regular para culturas em sistemas de produção intensivos. Observa-se também a presença de Neossolos Quartzarênicos, que ocorrem em pequena faixa. Esses solos desempenham um importante papel na recarga direta do aqüífero devido à sua elevada permeabilidade. A avaliação de aptidão agrícola de terras, em particular na área de abrangência do Aqüífero Guarani, deve considerar tanto as potencialidades do solo, quanto o impacto que o uso agrícola pode causar na quantidade e na qualidade da água infiltrada. Palavras-chave: Planejamento agroambiental; Geoprocessamento. LAND SUITABILITY IN THE RECHARGING AREA OF GUARANI AQUIFEROUS: CASE OF ESPRAIADO STREAM WATERSHED, RIBEIRÃO PRETO - SP ABSTRACT The Guarani Aquiferous System is Latina America’s biggest strategical freshwater reserve and one of the world’s biggest aquifer systems, with approximately 70% of its area located in Brazil. The recharging areas and adjacent areas are regions of natural water infiltration, with high vulnerability. In these areas there are different agricultural production systems and some of them are intensive systems. The objective of this work was to evaluate the land suitability of the watershed of the Espraiado stream, Ribeirão Preto-SP, located on the recharging area of the Guarani Aquifer, considering the potentialities of lands and waters in the studied region. The area of the watershed is approximately 4,131 ha, with predominance of sugar cane culture. The data base project was constructed in the Geographic Information System (GIS) Idrisi 32. The land suitability evaluation was done considering the intensive agricultural production system predominant in the watershed, adjusted for the vulnerability of the areas of recharge and for the methodology of SIG. In the watershed, Oxysols and Nitosols are dominant, with good or regular aptitude for cultures in intensive agricultural systems. The presence of Quartzipsamments is also observed, and it occurs in small band. These soils play an important role in the direct recharge of the water-bearing due to its high water permeability. The land suitability evaluation in Guarani Aquifer must consider the soils potentialities and the impact the agricultural use can cause in the quantity and the quality of the infiltrated water. Key words: Agroambiental planning; Geoprocessing. Trabalho recebido em 01/12/2005 e aprovado para publicação em 05/12/2005. 1 Pesquisador, Embrapa Meio Ambiente - CNPMA, CP 69, CEP 13820-000, Jaguariúna – SP. 2 Professor, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, CP 153, CEP 13600-970, Araras – SP. 3 Técnico, Embrapa Meio Ambiente - CNPMA, CP 69, CEP 13820-000, Jaguariúna – SP. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
  • 2. Hamada, E.; Assad, M.L.L.; Pereira, D.A./Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso.... 63 1. INTRODUÇÃO Conforme salientam Rosa Filho et al. (2003), o termo Guarani foi proposto em O Sistema Aqüífero Guarani é homenagem à memória da nação Guarani e considerado a maior reserva estratégica de para unificar, sob o ponto de vista água doce da América Latina e um dos hidrogeológico, uma terminologia relativa maiores sistemas aqüíferos do mundo, aos estratos do Triássico (Formações cobrindo uma área de quase 1,2 milhões de Pirambóia e Rosário do Sul, no Brasil, e km2 (ROCHA, 1996). Estendendo-se ao Buena Vista, no Uruguai) e do Jurássico longo do Brasil, Paraguai, Uruguai e (Formações Botucatu, no Brasil, Misiones Argentina, esse sistema aqüífero refere-se no Paraguai e Tacuarembó no Uruguai e na ao pacote de rochas arenosas saturadas com Argentina). água que ocorrem subjacentes ao conjunto de rochas que constitui a Formação Serra Segundo Rosa Filho et al. (2003), o Geral. Essa camada, com espessura que início da formação do Guarani se deu na varia de 200 a 800 m, distribui-se numa Era Mesozóica, há cerca de 200 milhões de área de aproximadamente 1.195.000km2, anos, quando um imenso deserto cobria dos quais, aproximadamente 848.800km2 parte da América do Sul que, formava, estão localizados no Brasil, com ocorrência juntamente com a África, um único nos estados de Mato Grosso (2,2% do continente. A ação eólica favoreceu o total), Goiás (4,6%), Minas Gerais (4,4%), transporte e a sedimentação de areia em Mato Grosso do Sul (17,8%), São Paulo gigantescas dunas, formando um pacote (13%), Paraná (11%), Santa Catarina sedimentar, o arenito, com grãos (4,1%) e Rio Grande do Sul (13,2%) arredondados que propiciam uma formação (ROSA FILHO et al, 2003). porosa com muitos espaços intercomunicados entre si. Há cerca de 130 No Estado de São Paulo, onde o milhões de anos, a região foi afetada por Aqüífero Guarani alcança 155.800 km2 (ARAÚJO; FRANÇA; POTTER,1995), intenso vulcanismo fissural, isto é, foi coberto por lavas vulcânicas saídas de cerca de 72% dos 645 municípios são total fendas quilométricas resultantes do ou parcialmente abastecidos por águas subterrâneas e 47% deles são inteiramente processo de separação entre a América do abastecidos por água subterrânea, Sul e a África. As lavas vulcânicas destacando-se as cidades de Catanduva, cobriram o arenito e deram origem a uma Caçapava, Jales, Lins, Ribeirão Preto e espessa camada basáltica que funciona Tupã (CETESB, 1997). como uma capa protetora sobre quase toda a rocha porosa. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
  • 3. Hamada, E.; Assad, M.L.L.; Pereira, D.A./Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso.... 64 O Aqüífero Guarani encontra-se Tanto as faixas de recarga direta ou confinado em 90% de sua superfície e os de afloramento do pacote arenoso quanto 10% restantes têm característica de as áreas de recarga lenta são regiões de aqüífero livre e constitui sua principal área infiltração natural das águas, com alta de recarga direta (CAMPOS, 2000). vulnerabilidade, sendo imperativo o Segundo Rosa Filho et al. (2003), o controle das fontes de poluição para que o confinamento se dá porque a espessa aqüífero possa ser usado ao longo das camada arenítica se encontra, em quase gerações (ROCHA, 1996). toda a extensão do aquífero, sotoposta por Embora as águas subterrâneas sejam rochas basálticas cuja espessura máxima naturalmente mais protegidas dos agentes ultrapassa 1.000 metros e apenas nas contaminantes do que as superficiais, a bordas, em estreita faixa a leste e oeste, o grande expansão das atividades antrópicas, pacote arenoso aflora, conferindo nas áreas urbanas e rurais, tem provocado a característica livre ao aquífero (Figura 1). poluição pontual das águas subterrâneas, Nessas áreas, a infiltração de água se sobretudo por meio dos lixões, aterros dá de forma rápida por meio de águas de industriais, armazenamento, manuseio e chuva e a recarga é direta, formando um descarte inadequados de produtos 3 depósito estimado de 48 mil km de água, químicos, efluentes e resíduos, incluindo os em profundidades que chegam a 2 mil usos indiscriminados de agrotóxicos e metros, enquanto que nas áreas onde o fertilizantes (CETESB, 2001). basalto aflora, a infiltração é lenta e se dá Nas áreas de recarga direta do ao longo de descontinuidades (ROSA Guarani ocorrem afloramentos de arenito, FILHO et al., 2003). associados aos seus produtos de alteração, No Estado de São Paulo, as áreas de que são predominantemente Latossolos recarga direta ocupam 16 mil km2 de Psamíticos e Neossolos Quartzarênicos. superfície (CETESB, 2001). É tanta água Nessas áreas estão presentes diferentes que uma exploração racional poderia sistemas de produção agrícola (arroz abastecer continuamente e de forma irrigado, cana-de-açúcar, milho, soja, entre sustentável uma população de 20 milhões outros). Alguns desses sistemas são de de pessoas, sem comprometer suas agricultura intensiva, que utilizam grande reservas, já que o sistema tem capacidade quantidade de insumos. Desta forma, é natural de recarga de 40 milhões de necessário o estudo da adequação do uso m3/ano. agrícola das terras, analisando de forma Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
  • 4. Hamada, E.; Assad, M.L.L.; Pereira, D.A./Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso.... 65 integrada a vulnerabilidade dos recursos Foram usadas as seguintes naturais, de modo a subsidiar a gestão informações como dados de entrada do ambiental das áreas críticas quanto aos SIG: cartas topográficas, na escala de riscos de contaminação do aqüífero. 1:10.000, elaboradas pelo Instituto O objetivo deste trabalho foi Geográfico e Cartográfico do Estado de determinar a aptidão agrícola da São Paulo (IGC): Fazenda Santa Rita do microbacia hidrográfica do Córrego do Picadão (SF-23-V-C-I-2-SO-E), Fazenda Espraiado, Ribeirão Preto - SP, Santa Maria (SF-23-V-C-I-2-SO-F), compatibilizada com a explotação racional Fazenda São Tomáz (SF-23-V-C-I-4-NE- das águas. Esta informação pode subsidiar B) e Córrego do Espraiado (SF-23-V-C-I- à gestão ambiental das áreas agrícolas em 4-NO-A) e o mapa de solos da microbacia, áreas de recarga do Aqüífero Guarani. na escala de 1:25.000 (MIKLÓS; GOMES, 1996). A entrada dos dados foi realizada 2. MATERIAL E MÉTODOS com mesa digitalizadora e o software A área de estudo é a microbacia Cartalinx. O Modelo de Elevação Digital hidrográfica do Córrego Espraiado, (MED) foi obtido pelo método de Ribeirão Preto, SP, que ocupa uma área de interpolação de triangulação linear, usando cerca de 4.131 ha, com uso predominante o software Surfer 8.02. Posteriormente, foi da lavoura de cana-de-açúcar. São obtido o mapa de declividade em encontradas também pequenas áreas de percentagem e classificado, a fim de se matas ciliares marginais aos cursos d’água obter o mapa de classes de declive. e campos higrófilos nas áreas mal drenadas A avaliação da aptidão agrícola das das planícies de inundação. terras foi feita com base no sistema O projeto do banco de dados foi proposto por Ramalho Filho; Beek (1995), estruturado no Sistema de Informação considerando o sistema de produção Geográfica (SIG) Idrisi 32, com sistema de agrícola intensivo predominante na projeção Universal Transversa de Mercator microbacia, ajustado para a vulnerabilidade (UTM), os limites da área de 213.002 m e das áreas de recarga do aqüífero e a 224.498 m e 7.642.943 m e 7.654.502 m metodologia de emprego de SIG proposta (coordenadas x e y, respectivamente); por Lopes-Assad; Hamada; Cavalieri, Datum 23o S e resolução espacial 5 x 5 m. (1998). Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
  • 5. Hamada, E.; Assad, M.L.L.; Pereira, D.A./Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso.... 66 Figura 1. Área de ocorrência do Sistema Aqüífero Guarani (SAG). (Fonte: Modificado de CAS/SRH/MMA (2001) por BOSCARDIN BORGHETTI; BORGHETTI; ROSA FILHO, 2004). Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
  • 6. Hamada, E.; Assad, M.L.L.; Pereira, D.A./Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso.... 67 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO presença de Neossolos Quartzarênicos, que Na microbacia do Córrego do ocorrem em pequena faixa (123 ha) Espraiado predominam áreas de relevo (Figura 3). Esses solos desempenham um plano a suave ondulado (0 a 8%), seguidas importante papel na recarga direta do por áreas de relevo ondulado (8 a 20%) aqüífero devido à sua elevada (Tabela 1 e Figura 2). Nessas áreas permeabilidade. Entretanto, eles predominam Latossolos e Nitossolos apresentam teor de argila muito baixo (< (Tabela 2 e Figura 3), que possuem aptidão 15%), o que lhes confere reduzida boa ou regular para culturas em sistemas capacidade de retenção de cátions e ânions. de produção intensivos (Tabela 3 e Figura Portanto, o uso agrícola intensivo desses 4). solos deve ser restrito (Figura 4), pois Esses solos têm importante função na aumenta a vulnerabilidade do aqüífero. recarga lenta do aqüífero, entretanto, a Salienta-se que é necessário atender mecanização intensiva leva à formação de à legislação ambiental e que todas as áreas de preservação permanente (APP) não camadas compactadas que afetam a infiltração de água. Com efeito, o uso podem ter uso agrícola. contínuo de grade pesada, a circulação de máquinas e veículos no interior dos 4. CONCLUSÃO canaviais e o preparo do solo sob A avaliação de aptidão agrícola de condições inadequadas promovem a terras, em particular na área de abrangência do Aqüífero Guarani, deve considerar tanto formação de camadas subsuperficiais as potencialidades do solo, quanto o muito compactadas que restringem impacto que o uso agrícola pode causar na fortemente a infiltração da água no solo e quantidade e na qualidade da água contribuem para o aumento da intensidade infiltrada. e abrangência dos processos erosivos (CASAGRANDE, 1981; SILVA; RIBEIRO, 1992). Constata-se também a Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
  • 7. Hamada, E.; Assad, M.L.L.; Pereira, D.A./Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso.... 68 Tabela 1. Classes de declividade da microbacia do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto–SP. Classe Área de declive (ha) (%) 0–3% 706 17,1 3–8% 1.879 45,5 8 – 13 % 1.032 25,0 13 - 20 % 314 7,6 20 - 45 % 190 4,6 45 - 100 % 10 0,2 Total 4.131 100,0 Figura 2. Classes de declive da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto–SP. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
  • 8. Hamada, E.; Assad, M.L.L.; Pereira, D.A./Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso.... 69 Tabela 2. Solos da microbacia do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto–SP. Solo Área (ha) (%) LVef – Latossolos Vermelhos Eutroférricos 1.049 25,4 LVdf – Latossolos Vermelhos Distroférricos 1.163 28,2 LVwf – Latossolos Vermelhos Acriférricos 17 0,4 LVa,d – Latossolos Vermelhos Distróficos e Álicos 398 9,6 LVd – Latossolos Vermelhos Distróficos 96 2,3 LVAa,d – Latossolos Vermelhos-Amarelos Distróficos e Álicos 50 1,2 NVef – Nitossolos Vermelhos Eutroférricos 476 11,5 RLe,d – Neossolo Litólico Eutróficos e Distróficos 423 10,2 RQa,d – Neossolos Quartzarênicos Distróficos e Álicos 123 3,0 GX – Gleissolos Háplicos com ou sem associação com Organossolos 329 8,0 Horizonte de solo removido 7 0,2 Total 4.131 100,0 Figura 3. Solos da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto – SP. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
  • 9. Hamada, E.; Assad, M.L.L.; Pereira, D.A./Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso.... 70 Tabela 3. Aptidão agrícola das terras da microbacia do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto–SP. Aptidão agrícola Área (ha) (%) Aptidão agrícola boa para culturas 2.688 65,0 Aptidão agrícola regular para culturas 561 13,6 Aptidão agrícola restrita para pastagens 452 11,0 Sem aptidão agrícola 430 10,4 Total 4.131 100,0 Figura 4. Aptidão agrícola da microbacia hidrográfica do Córrego do Espraiado, Ribeirão Preto–SP. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006
  • 10. Hamada, E.; Assad, M.L.L.; Pereira, D.A./Aptidão agrícola na área de recarga do Aqüífero Guarani: caso.... 71 REFERÊNCIAS MIKLÓS, A.A. de W.; GOMES, M.A.F. Levantamento semidetalhado dos ARAÚJO, L.M.; FRANÇA, A.B.; solos da bacia hidrográfica do POTTER, P.E. Aqüífero gigante do Córrego do Espraiado, Ribeirão Mercosul no Brasil, Argentina, Preto – SP. Jaguariúna: Embrapa- Uruguai e Paraguai: mapas CNPMA, 1996. 48 p. + anexos. hidrogeológicos das formações Relatório de projeto. Botucatu, Pirambóia, Rosário do Sul, RAMALHO FILHO, A.; BEEK, K.J. Buena Vista, Missiones e Sistema de avaliação da aptidão Tacuarembó. Curitiba, PR: agrícola das terras. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Paraná, Embrapa-CNPS, 1994. 65 p. 1995. Publicação especial – ROCHA, G.A. Mega reservatório de convênio: PETROBRAS-UFPR. água subterrânea do Cone Sul: BOSCARDIN BORGHETTI, N.R.; bases para uma política de BORGHETTI, J. R.; ROSA FILHO, desenvolvimento e gestão. Curitiba: E.F. da. Aqüífero Guarani: a UFPR, 1996. Não paginado. verdadeira integração dos países do Contribuição ao Seminário Mercosul. Fundação Roberto Internacional Aqüífero Gigante do Marinho, 2004. Mercosul, 23/24 de maio de 1996. CAMPOS, H.C.N.S. Modelación ROSA FILHO, E.F.; HINDI, E.C.; conceptual y matemática del Acuífero ROSTIROLLA, S.P.; FERREIRA, Guaraní, Cono Sur. Acta Geologica F.J.F.; BITTENCOURT, A.V.L. Leopoldensia, v. 23, n. 4, p. 3-50, Sistema Aqüífero Guarani – 2000. considerações preliminares sobre a CASAGRANDE, A.A. Associação entre influência do Arco de Ponta Grossa sistemas de preparo do solo e no fluxo das águas subterrâneas. São fosfatagem em cana-de-açúcar Paulo: Rev. Águas Subterrâneas, v. (Saccharum spp). Brasil Açucareiro, 17, p. 91-112, 2003. Rio de Janeiro, v.97, n.4, p.48-62, SILVA, M.S.L.; RIBEIRO, M.B. 1981. Influência do cultivo contínuo da CETESB. Poluição das águas cana-de-açúcar em propriedades subterrâneas no Estado de São morfológicas e físicas de solos Paulo: 1994. São Paulo: CETESB, argilosos de tabuleiro do Estado de 1996. 95 p. Alagoas. Revista Brasileira de ____. Relatório de qualidade das águas Ciência do Solo, Campinas, v.16, subterrâneas no Estado de São n.3, p.397-402,1992. Paulo: 1995-2000. São Paulo: CETESB, 2001. 96 p. LOPES-ASSAD, M.L.; HAMADA, E.; CAVALIERI, A. Sistema de informações geográficas na avaliação de terras para agricultura. In: ASSAD, E.D. ; SANO, E.E. Sistema de informações geográficas: aplicações na agricultura. Brasília: Embrapa-SPI/Embrapa-CPAC, 1998. 434 p. cap. 11, p. 191 - 232. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 3, n. 1, p. 062-071, jan/jun 2006