UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
Reflexão módulo 0 - Vera Oliveira
1. Curso de Formação “Integração de Ferramentas Digitais no Processo de
Aprendizagem Inclusivo”
2015
Vera Oliveira
Reflexão Módulo 0
Após a realização do questionário VARK, os resultados obtidos confirmaram que o meu
perfil de aprendizagem é facilitado no que respeita ao estilo visual. Contudo, gostaria de
salientar que relativamente aos outros estilos de aprendizagem (auditivo, leitura/escrita e
cinestesia) estes apresentam valores muito semelhantes.
Assim sendo, seguidamente apresento os resultados obtidos:
- Visual – 11
- Aural – 7
- Read/Write – 6
- Kinesthetic – 7
Enquanto aluna/estudante, a minha visão sobre esta temática foi variando ao longo
dos tempos.
Durante o meu percurso escolar no ensino básico, secundário e até mesmo superior,
não tinha conhecimento sobre a Teoria das Inteligências Múltiplas. Aquando da realização do
1º Ciclo, os únicos recursos na sala de aula eram os mapas, o quadro preto e, quase sempre, o
giz branco, ou seja, nem a aprendizagem com apelo à utilização de cores diferentes era
permanente. Naquela época, segundo o que me recordo, os alunos eram tratados como “ um
modelo fast-food” em que predominava a estandardização – expressão pronunciada por Sir
Ken Robinson, sendo de frisar que achei a mesma muito interessante e pertinente face a este
meu período escolar.
Recordo-me que naqueles tempos, tínhamos de saber a tabuada na “ponta da língua”
e escrever sem erros, ou então a régua entrava em ação nas palmas das nossas mãos!
Hoje, pergunto-me a mim mesma – naquele período não existiam alunos com
problemas de dislexia e disortografia?! Foram muitas as vezes a que assisti a cenas de
humilhação do professor para com o aluno por este apresentar muitos erros ortográficos nos
ditados e nas cópias. Hoje, enquanto adulta e professora, sinto alguma revolta perante o
comportamento de alguns professores daquela época, pois alguns tinham muito pouco afeto e
compreensão face às dificuldades de aprendizagem dos seus alunos. É exatamente nesta idade
que as crianças estão no processo de formação da sua personalidade e a professora do 1º Ciclo
2. Curso de Formação “Integração de Ferramentas Digitais no Processo de
Aprendizagem Inclusivo”
2015
Vera Oliveira
será sempre uma pessoa que terá um papel preponderante na vida de um aluno. Neste
sentido, tenho a certeza de que existem muitos adultos hoje que se devem sentir bastante
frustrados e com a sensação de que são “burros” porque durante o seu 1º Ciclo foram
constantemente apelidados de “burros” e chegaram mesmo a ter umas “orelhas de burro” e o
castigo de estar voltados para a parede!
De acordo com Sir Ken Robinson, muitas pessoas não sabem quais são as suas
aptidões inatas, o que faz com que na atualidade se viva a “crise de recursos humanos”, talvez
porque não tiveram uma orientação neste sentido, nomeadamente a ajuda dos professores
para se autodescobrirem. Deste modo, muitos alunos transformaram-se em adultos
trabalhadores que, atualmente, apenas exercem uma profissão porque são obrigados mas não
o fazem com gosto/paixão, pelo que apenas suportam o que fazem em vez de desfrutarem do
que fazem, o que se reflete na sua realização profissional e, em alguns casos, no seu
desempenho profissional.
Felizmente, não me enquadro neste grupo. Sou professora, gosto do que faço e tento
melhorar as minhas práticas pedagógicas por forma a motivar os meus alunos e a promover
maior sucesso no processo de ensino-aprendizagem dos mesmos. E este é o principal motivo
que me levou a frequentar a atual formação.
Ao longo dos tempos, pude constatar que o sistema educativo português sofreu
alterações, assim como também se verificaram alterações políticas, económicas, tecnológicas,
sociais e culturais.
Ao longo do meu percurso escolar, pude constatar que existiram mudanças nas
abordagens pedagógicas dos docentes, sendo estas maiores, quanto mais jovens eram os
professores. Aquando do ensino secundário, alguns professores já utilizaram recursos mais
inovadores e estratégias pedagógicas diferenciadas, recorrendo à utilização das novas
Tecnologias de Informação e Comunicação. Recordo-me que a avaliação de algumas disciplinas
era baseada em fichas de avaliação, trabalhos escritos e apresentações orais, pelo que havia
uma maior preocupação na diversificação de instrumentos, o que permitia aos alunos
evidenciar-se nas suas melhores formas de aprendizagem.
Na atualidade, a expressão “nativos digitais” é frequente e eu considero que faço
parte deste grupo. Quer em termos pessoais, quer em termos profissionais, utilizo
regularmente tecnologias digitais.
3. Curso de Formação “Integração de Ferramentas Digitais no Processo de
Aprendizagem Inclusivo”
2015
Vera Oliveira
Relativamente à minha prática profissional, é preponderante a utilização destas
tecnologias digitais, uma vez que existem Agrupamento de Escolas em que a comunicação
entre indivíduos é efetuada unicamente por esta via.
Por outro lado, enquanto professora de Geografia, recorro frequentemente às
Tecnologias de Informação e Comunicação: os alunos fazem muitos trabalhos de pesquisa,
realizam apresentações em powerpoint ou realizam vídeos, recebem os objetivos das fichas de
avaliação por e-mail (chego inclusivamente a manter contacto com os encarregados de
educação por e-mail, quando sou diretora de turma), entre outros.
Do meu ponto de vista, todos os alunos são capazes de aprender e de ter sucesso, se
forem utilizadas as técnicas adequadas, motivantes e relevantes para eles. Assim, costumo
partir da premissa de que os alunos possuem áreas de preferência, no modo como aprendem
e utilizam conceitos e competências, sendo que o sucesso da sua aprendizagem é ampliado
quando se recorre ao seu estilo de aprendizagem favorito.
Tendo em atenção este facto, quando faço o planeamento das minhas aulas atendo à
utilização de materiais e estratégias diversificadas, na abordagem de um conteúdo.
Tal como refere Pacheco (2008), a diferenciação curricular pressupõe que os alunos
tenham um mesmo percurso nas suas opções, mas que precisem de seguir caminhos
diferentes para que todos possam atingir o sucesso educativo, sendo essencial mudanças na
metodologia e na avaliação, assim como uma avaliação formativa que ajude o aluno a
aprender e a dominar os métodos de trabalho e de aprendizagem.
Talvez pelo facto de eu aprender mais facilmente através de um recurso visual,
costumo utilizar muito esta aprendizagem com os meus alunos e recorro frequentemente a
esquemas, diagramas e mapas, com recurso ao uso de cor; contudo, também forneço material
de escrita para aqueles que gostam mais de ler e ainda privilegio bastante a oralidade,
principalmente este ano letivo que tenho um aluno com baixa visão numa das turmas que
leciono.
“Tornar uma escola inclusiva não é tarefa fácil” (Ainscow, 1998, cit. por Ferreira, 2011)
e a heterogeneidade requer modificações estruturais importantes, quer a nível organizacional,
quer metodológico. Num contexto de diversidade, a escola deve dar resposta às necessidades
diferenciadas de aprendizagem dos seus alunos, com vista ao desenvolvimento pleno e
harmonioso das suas capacidades, pelo que o professor deve recorrer a uma variedade de
4. Curso de Formação “Integração de Ferramentas Digitais no Processo de
Aprendizagem Inclusivo”
2015
Vera Oliveira
métodos e técnicas a fim de proporcionar aprendizagens significativas e possibilitar aos alunos
ter uma maior responsabilidade e participação na sua aprendizagem.
Eu enquanto professora, tento promover dinâmicas que garantam equidade e
igualdade de oportunidades a todos os alunos, subjacente ao conceito de uma escola de todos
e para todos.
Em suma, na minha prática pedagógica dou muita importância aos perfis de
aprendizagem e ao nível de preparação e de interesses, pois assim tenho oportunidade de
diferenciar o conteúdo, o processo e o produto, apesar de em turmas muito numerosas e,
quando se tem apenas uma aula de noventas minutos por semana, esta tarefa ser bastante
dificultada e nem sempre exequível em todos os parâmetros. Ter noção que é necessário
mudar mentalidades e formas de atuação é “meio caminho andado para a mudança”… E eu
pretendo continuar a melhorar a minha prática pedagógica!