Na sequência da iniciativa do PSD de Torres Novas em colaboração com a Comissão Política Distrital do PSD de Santarém, realizada ontem, quinta-feira, 19 de Fevereiro, no Auditório do Hotel dos Cavaleiros, em Torres Novas, aqui fica a apresentação do Deputado Miguel Frasquilho, subordinada ao tema "Da Crise Financeira à Crise Económica: Impactos e Soluções para a Economia Portuguesa".
E se um bloom de cianobactérias batesse à tua porta?
Crise Financeira e Crise Económica
1. Da Crise Financeira à Crise Económica:
Impactos e Soluções Para a Economia Portuguesa.
Miguel Frasquilho
Fevereiro 2009
2. Estrutura da Apresentação
Background: A economia mundial na última década
•
subprime à crise financeira
• As origens: Do
• Os efeitos: Da crise financeira à crise económica
• A economia portuguesa perante a crise
• Implicações e desafios para a economia global
1
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
3. A resposta da política monetária ao fim do boom dos investimentos dos
anos 90 ajudou a criar um ambiente global de juros baixos
Evolução das taxas de juro de referência nos
Estados Unidos (Percentagem)
Aceleração da
Aceleração da
Fim da bolha
Fim da bolha actividade, bolha nos
actividade, bolha nos
% das dot.com
das dot.com activos imobiliários e
activos imobiliários e
7
financeiros, pressões
financeiros, pressões
6 inflacionistas
inflacionistas
Crise do crédito
Crise do crédito
5
subprime
subprime
4
3
2
1
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
As acentuadas mudanças de ciclos na política monetária dos EUA facilitaram
As acentuadas mudanças de ciclos na política monetária dos EUA facilitaram
inicialmente o endividamento e, a partir de 2004, aceleraram os riscos de crédito.
inicialmente o endividamento e, a partir de 2004, aceleraram os riscos de crédito.
Fonte: Banco Mundial
2
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
4. “Arranjo de conveniência” entre a Ásia Emergente e o Ocidente. As
economias emergentes disponibilizam liquidez, reforçando a tendência de
baixa dos juros e fomentando a despesa nas economias desenvolvidas do
Ocidente
Despesa
Juros
baixos,
Poupança,
Despesa
Liquidez Reservas
Fluxo anual de crédito
(Percentagem do PIB)
3
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
5. Forte expansão do consumo privado e do investimento residencial,
assente num aumento significativo do endividamento
EUA – Responsabilidades financeiras Investimento Residencial
das famílias (% do Rendimento Disponível) (% do PIB)
13
18 12 Zona Euro
17 11
% do PIB
Percent
Milhões
16 10
EUA
15 9
14 8
13 7
1980 1985 1990 1995 2000 2005 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
Fontes: OMC, UN.
4
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
6. Ampla liquidez global alimentou valorização de activos imobiliários.
Procura especulativa acentuou movimento de subida dos preços
Preços da habitação (taxa de variação homóloga)
30
25
Reino Unido
20
15
10
Percent
5
Espanha
0
-5 EUA
-10
-15
-20
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
Fonte: Reuters EcoWin Pro
5
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
7. Ampla liquidez global alimentou também forte valorização do mercado
accionista.
Índice Dow Jones (Evolução de longo prazo)
Bolha do crédito
(Habitação,
Sector
15000
Financeiro)
12500
Bolha das
empresas
10000
dot.com
Index
7500
5000
2500
Outubro 2007
0
1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
Fonte: Reuters EcoWin Pro
6
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
8. Evolução da economia mundial na última década marcada pela procura
de rendibilidades mais elevadas num contexto de juros baixos e maior
sofisticação financeira
1 Resposta da política monetária à recessão de 2001 manteve juros
em níveis reduzidos por um período prolongado de tempo
2 Poupança excedentária da Ásia Emergente canalizada para
economias desenvolvidas, pressionando os juros em baixa
Forte expansão da liquidez global resulta na valorização de diversas
3 classes de activos (habitação, acções, commodities, etc), a partir de
um maior endividamento e com uma componente de especulação
Prolongamento de um ambiente de juros baixos vai motivar uma
4 procura de retornos mais elevados, com o recurso a novos e mais
sofisticados instrumentos financeiros
7
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
9. Estrutura da Apresentação
Background: A economia mundial na última década
•
subprime à crise financeira
• As origens: Do
• Os efeitos: Da crise financeira à crise económica
• A economia portuguesa perante a crise
• Implicações e desafios para a economia global
8
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
10. A dispersão do risco pelo sistema financeiro (via securitizações) ajudou a
sustentar esta dinâmica de forte expansão da liquidez, sobretudo a partir
dos activos gerados nos segmento subprime.
Bancos/ Bancos de Mercado de
Mortgage SIVs
Investimento Papel Comercial
Brokers
Concedem Tomam esses Mantêm fora de Instituições
crédito a créditos balanço o obtêm
devedores com (expectativa de crédito de maior financiamento
Famílias
historial valorização das risco oferecendo
contraem
desconhecido habitações), como colateral
hipotecas,
ou duvidoso incorporam-nos estes créditos
assumindo a
(subprime); com outros créditos
permanência
ausência de em produtos
de juros baixos
incentivos para complexos (CDOs)
e valorização
escrutínio
permanente Fundos de investimento,
adequado do
das habitações hedge funds, fundos de
Agências de
risco
pensões, seguradoras, etc.
Rating*
Tomam estes produtos com
Conferem a expectativas de retornos
estes produtos elevados, e sem uma noção clara
uma percepção dos riscos associados
de segurança
Search for yield, sofisticação financeira… e subavaliação do risco
* E também as seguradoras de crédito
9
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
11. A crise iniciada no mercado hipotecário dos EUA impacta o Sistema
Financeiro Mundial, as Economias e os Clientes dos Bancos
Incerteza sobre Escassez de liquidez Repercussão
valor do crédito no mercado e no Sistema
titulado e saúde agravamento do Financeiro
de instituições custo de funding
Em 2007, após quase três
anos de subida dos juros:
Maior selectividade na
Crise do
•Incumprimento no crédito Repercussão
concessão de crédito
mercado
aumenta de forma nos Clientes
e agravamento do
hipotecário
significativa, inicialmente nos
custo de crédito
dos EUA
segmentos subprime.
•Preços das habitações em
queda, reforçando a
tendência de incumprimento
Quebra dos indicadores
no crédito.
Repercussão
de confiança e
na Economia
desaceleração do
crescimento económico
A globalização do sistema financeiro
levou a que uma crise com uma
origem geograficamente delimitada
tivesse repercussões em todo o Mundo
10
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
12. Financiamento dos bancos e concessão de crédito numa situação “normal”
Investidores
Outros Bancos
Mercado de
Mercado BCE
Poupanças Crédito
Monetário Lender of
Depósitos (médio / longo
Interbancário Last Resort
prazo)
(curto prazo)
Taxa swap ou dívida
pública + SPREAD
EURIBOR menos
TAXA REFI
EURIBOR
SPREAD
$ $ $ $
Bancos
EURIBOR
SPREAD
$
+
Empresas
Compra de equipamento e Famílias Crescimento da
matérias-primas para a produção e Consumo: compra de ECONOMIA REAL
venda dos seus produtos. casa, carro, etc
Pagamento de salários
Nota: Em que a EURIBOR ~ Refi rate
11
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
13. Crise do subprime: Maiores spreads e financiamento menos disponível
reflectem maior risco; aumenta o recurso ao BCE
Investidores
Outros Bancos
Mercado de
Mercado BCE
Poupanças Crédito
Monetário Lender of
Depósitos (médio / longo
Interbancário Last Resort
prazo)
(curto prazo)
pública + >>SPREAD
Taxa swap ou dívida
EURIBOR + Spread
EURIBOR menos
$
TAXA REFI
SPREAD
$ $ $ $
$
Bancos
EURIBOR +
SPREAD
$
>>
Empresas
Famílias
Maiores custos de
Abrandamento da
Maiores custos de
financiamento; menores margens
ECONOMIA REAL
financiamento,
e/ou maiores preços dos produtos
menor consumo
vendidos
Nota: Em que a EURIBOR ~ Refi rate + Spread ou prémio de liquidez/risco
12
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
14. Crise de confiança: secam as fontes de liquidez; BCE como lender of only
resort; seca o crédito às famílias e empresas
Investidores
Outros Bancos
Mercado de
Mercado BCE
Poupanças Crédito
Monetário Lender of
Depósitos (médio / longo
Interbancário Last Resort
prazo)
(curto prazo)
pública + >>SPREAD
EURIBOR + Spread
Taxa swap ou dívida
EURIBOR menos
$
TAXA REFI
SPREAD
$ $ $ $
$
Bancos
EURIBOR +
>>SPREAD
$
Famílias
Empresas
Forte recuo no Recessão na
Forte recuo no investimento
consumo
privado, aumento do desemprego Economia Real
Privado
13
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
15. Do subprime à crise financeira
Duas fases da crise financeira
Spreads da Taxa Euribor vs. Taxa dos BTs a 3 Meses.
400
350
300
250
Basis Points
200
150
100 Falência do Lehman
50 Brothers:
Setembro 15, 2008
0
Jan. Abr. Jul. Out. Jan. Abr. Jul. Out. Jan.
2007 2007 2007 2007 2008 2008 2008 2008 2009
Fonte: Bloomberg.
Aumento do incumprimento no crédito subprime; incerteza sobre o valor de activos
1ª FASE
titulados e sobre a saúde das instituições financeiras; escassez de liquidez no mercado e
agravamento nos custos de funding; maior selectividade na concessão de crédito.
A partir da falência do Lehman Brothers, em 15 de Setembro de 2008; aumento dos
2ª FASE riscos sistémicos; extrema aversão à exposição entre instituições; crise de confiança
resulta em secagem de liquidez nos mercados de capitais; injecções massivas de liquidez
pelas autoridades (bancos centrais como lenders of only resort); riscos acrescidos de
insolvência; perspectiva de forte travão no crédito e no crescimento. Necessidade de
intervenções públicas (incluindo orçamentais) na estabilização do sistema financeiro.
14
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
16. Extrema aversão ao risco seca liquidez nos mercados…
Zona Euro – Indicador de criação monetária
Depósitos dos Bancos no BCE
(Crédito bancário ao sector privado/Crédito do BCE
(EUR mil milhões)
ao sector bancário)
24
300 23
22
250 21
20
200 19
EUR (billions)
18
EUR
150 17
16
100 15
14
50 13
12
-0 11
2007 2008 2009 Jan Mar May Jul Sep Nov Jan Mar May Jul Sep Nov
2007 2008
Fontes: Reserva Federal, BCE, Reuters Ecowin.
Mantém-se, em geral, uma elevada indisponibilidade de cedência de liquidez
entre as instituições (i.e. comportamentos de hoarding – ou “açambarcamento”
– de liquidez).
Injecções de liquidez dos bancos centrais sem “tracção” no sistema financeiro e
na economia, i.e. os canais do crédito e da criação monetária não estão a
funcionar.
15
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
17. … e sustenta custos de funding mais elevados, visíveis num elevado
prémio de liquidez nos mercados monetário e de crédito.
Spreads de crédito, sector financeiro e total
Euribor vs. Taxa refi (%)
(Índice iBOXX EUR, bps)
Spread Médio
%
400
Spread Médio Jul07-
Jul07-Set08
5.5
Jun05-
Jun05-Jun07 72 pb 350
5.0 38 pb
300
4.5
iBOXX EUR
250
4.0
Basis Points
Financials
Taxa Euribor a 6
200
3.5 Meses
3.0 150
Spread Médio
2.5 100
Set08- iBOXX EUR Total
Set08-Jan09
2.0 87 pb
Taxa Refi 50
1.5 0
Jun. Dez. Jun. Dez. Jun. Dez. Jun. Dez. Nov. 2007 Fev. 2008 Mai. 2008 Ago. 2008 Nov. 2008
2005 2005 2006 2006 2007 2007 2008 2008
Fonte: Bloomberg.
Apesar das descidas recentes, juros do mercado monetário mantêm-se
anormalmente afastados das taxas de referência e, no mercado de crédito, os
spreads das emissões de dívida mantêm-se elevados, reflectindo a elevada
percepção de risco e a baixa disponibilidade de cedência de liquidez.
16
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
18. Deleverage leva a “fuga” de activos com maior percepção de risco –
incluindo Emergentes – e a uma redução da liquidez global.
EUA – Fluxos líquidos de activos externos Principais índices accionistas
(USD mil milhões) (Junho 2007 = 100)
140
40 130 Brasil:
Brasil: Bovespa
120
30 Desinvestimento em activos
110
externos, Repatriamento de USD
20 100 EUA: Dow Jones
90
10
Index
80
0 Japão:
Japão: Nikkei
70
-10 60 Zona Euro:
Euro STOXX 50
50
-20 Investimento em activos
40
externos,
-30 30
Saída de USD
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Jun Aug Oct Dec Feb Apr Jun Aug Oct Dec Feb
2007 2008 2009
Fontes: Bloomberg, Reuters EcoWin. * Média das taxas de câmbio bilaterais face às divisas dos principais parceiros comerciais, ponderada pelo respectivo
peso do comércio bilateral no comércio total de cada economia.
Maior aversão ao risco, expectativa de desvalorização de activos e necessidade
de reduzir níveis de endividamento implica uma “fuga” dos activos de maior
risco (ex. acções, activos dos mercados Emergentes, etc.). Em suma, uma
redução da liquidez a nível global e saída de capitais das economias emergentes.
17
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
19. Desvalorização de activos, maiores necessidades de capital.
Write-Downs e Injecções de Capital em
Continuam a
Instituições Financeiras
aumentar as perdas
(USD mil milhões)*
reconhecidas pelas
instituições
financeiras 1200 1064
971
(associadas a 31
1000
desvalorização de 56
296
activos,
800 342
incumprimento no
crédito, etc.). 600
400
737
Aumenta pressão 573
sobre rácios de 200
capital (restringindo
0
capacidade de
Write-Downs Capital Injections
concessão de crédito
das instituições
Americas Europe Asia
financeiras) e
necessidade de * Actualizado até 29 Janeiro de 2009.
procurar novas Fonte: Bloomberg.
fontes de capital.
18
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
20. 2ª fase da crise: Forte aumento dos riscos de liquidez e de solvabilidade
Secagem de
liquidez e forte
aumento dos
custos de funding
Repercussões no Repercussões na
sistema financeiro economia real
Crise de confiança
Aumento dos juros e dos spreads
Desvalorização de activos
financeiros (títulos de dívida, para as famílias e empresas,
acções); maior dificuldade de desvalorização de activos reais
fazer o roll-over da dívida; maior (ex. habitação), aumento do
risco de falências incumprimento no crédito
Risco de a 2ª fase da crise financeira conduzir a um círculo vicioso de write-
downs, perdas de capital, desaceleração do crédito, desvalorização de activos,
novos write-downs, novas perdas de capital, secagem do crédito, etc. Riscos
acrescidos de recessão em 2008-2009 e de prolongamento de um período de
baixo crescimento para lá deste período; forte pressão
desinflacionista/deflacionista.
19
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
21. Estrutura da Apresentação
Background: A economia mundial na última década
•
subprime à crise financeira
• As origens: Do
• Os efeitos: Da crise financeira à crise económica
• A economia portuguesa perante a crise
• Implicações e desafios para a economia global
20
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
22. Ondas de choque da crise financeira traduziram-se numa deterioração
das expectativas de crescimento da economia mundial
Previsões da Comissão Europeia para o crescimento do PIB em
2009 (Percentagem)
%
2.6 2.5
3.0 2.3
2.1
1.6 1.6
2.0
1.1
0.7
1.0
0.1
0.0
-0.4
-1.0 -0.5
-1.0
-2.0 -1.6
-1.9
-2.4
-3.0
-2.8
-4.0
Estados Unidos Zona Euro Reino Unido Japão
Outono 2007 Primavera 2008 Outono 2008 Janeiro 2009
Fonte: Comissão Europeia.
21
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
23. Expectativa de forte travão no crédito…
Zona Euro – Percentagem líquida de bancos a
Inquérito do BCE ao mercado do
adoptar maior restritividade no crédito.
crédito (de Outubro) revela que 65%
70 70
dos bancos da Zona Euro restringiram
60 60
os critérios de financiamento às Firms,
Firms, previous quarter
50 50
Firms,
Firms, this quarter
empresas, citando dificuldades de 40 40
funding e perspectivas negativas para
Net balance
30 30
Housing,
Housing,
a actividade real. 20 20
this quarter
10 10
0 0
Housing,
Housing,
-10 -10
last quarter
-20 -20
-30 -30
2003 2004 2005 2006 2007 2008
Zona Euro – Crédito ao sector privado vs. PIB
Aversão ao risco (expectativas de (Taxa de Variação Homóloga, %)
maior incumprimento), pressões sobre
13 5.0
o capital e condições mais restritivas (y
Loans to private sector (y-o-y, %, LHS)
12
de funding das instituições financeiras 4.0
11
deverão resultar num crédito menos 10 3.0
disponível para famílias e empresas, 9
Percent
Percent
8 2.0
contribuindo para o
7
abrandamento/contracção da liquidez 1.0
6
e para uma evolução desfavorável da
5 0.0
(y
GDP (y-o-y, %, RHS)
actividade económica real. 4
3 -1.0
2000 2002 2004 2006 2008
Fontes: Reuters EcoWin Pro, Bloomberg.
22
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
24. … com consequências negativas sobre a evolução do consumo…
Zona euro – Intenções de compras das
EUA – Vendas a retalho e vendas de automóveis
famílias a 12 meses
(Taxa de Variação Homóloga)
(Saldo entre respostas positivas e negativas)
30 15.0
-11
Total (RHS) 12.5
20 10.0 -13
7.5
10
Index (Points)
-15
5.0
Percent
Percent
0 2.5 -17
0.0
-10 -19
-2.5
Automobile and
-5.0
other motor vehicles (LHS)
-20 -21
-7.5
-23
-30 -10.0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
2002 2004 2006 2008
Fontes: Reuters EcoWin Pro, Bloomberg.
Os consumidores deverão ser condicionados por um crédito menos disponível e
mais restritivo. Por outro lado, o consumo privado deverá reagir à queda (ou à
expectativa de queda) do rendimento disponível. Finalmente, e
independentemente deste último factor, há uma pressão para o aumento da
poupança das famílias, sobretudo por motivos de precaução.
23
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
25. … e com reflexos particulares no sector da construção
Zona Euro – Avaliação da carteira de
Sector da habitação particularmente
encomendas no sector da construção
afectado por condições de (Saldo entre respostas positivas e negativas)
financiamento mais restritivas e pela 0
redução dos níveis de endividamento -5
das famílias e empresas. -10
-15
Index (Points)
-20
Mas o sector da construção como um
-25
todo poderá vir a beneficiar de um
-30
esforço de investimento público em
-35
infraestruturas.
-40
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
EUA – Construção de novas habitações
Peso do sector da construção no PIB, 2007
(Taxa de Variação Homóloga, %)
(Percentagem)
30
14
12.3
20
12
10
10
0
8
% PIB
6.5 6.5 6.4 6.3
Percent
6
-10
4.1 4.0
4
-20
2
-30
0
-40
Portugal
Espanha
França
Reino Unido
Itália
Alemanha
EUA
-50
1998 2000 2002 2004 2006 2008
Fontes: Bloomberg.
24
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
26. Expectativas de aumento de falências e do desemprego
Taxa de Desemprego, EUA e Zona Euro EUA – Número de declarações de falência de
empresas por trimestre
(Percentagem da População Activa)
12000
10
11000
Zona
9
10000
Euro
% da população activa
8
9000
7
Number
8000
6 7000
EUA
5 6000
4 5000
3 4000
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Q1 Q2 Q3 Q4 Q1 Q2 Q3 Q4 Q1 Q2 Q3
2006 2007 2008
Fontes: Bloomberg, Reuter EcoWin Pro.
Contracção da actividade económica, aumento do número de falências de
empresas e redução forçada da escala e custos de produção tenderão a traduzir-se
num aumento do desemprego na generalidade dos países.
25
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
27. Estrutura da Apresentação
Background: A economia mundial na última década
•
subprime à crise financeira
• As origens: Do
• Os efeitos: Da crise financeira à crise económica
• A economia portuguesa perante a crise
• Implicações e desafios para a economia global
26
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
28. A adaptação insuficiente da economia portuguesa à nova economia
global é visível numa produção de baixo valor acrescentado e na
divergência do rendimento per capita face à média europeia
Evolução do PIB Potencial Evolução do PIB per capita* de Portugal face
(Percentagem) à Média Europeia (Percentagem)
%
78
3.5
76
3.0
74
2.5 72
EU15
UE27=100
70
2.0
68
1.5
66
1.0
64
Portugal
0.5 62
60
0.0
1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
* PIB per capita ajustado pela paridade de poderes de compra.
Fonte: Comissão Europeia.
27
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
29. O crescimento insuficiente da produtividade mantém-se como a explicação
principal para a baixa criação de valor e para a falta de competitividade da
economia portuguesa
Produtividade do trabalho em Portugal
(UE27 = 100)
75
70
Num ambiente
65 global de
maior
UE27=100
60 concorrência,
implica uma
55 maior
dificuldade de
50 as empresas
portuguesas se
45 afirmarem no
contexto
40
externo
1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009
Fontes: Comissão Europeia, ES Research
28
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
30. A insuficiente criação de valor limita a capacidade de o rendimento
interno suportar o investimento e o consumo, o que provoca um
aumento sustentado do endividamento da economia.
Peso do crédito no PIB Endividamento das famílias e das empresas
(Percentagem) (Percentagem do PIB )
%
155
150
F amílias
145
120 114
Empr esas
107
110
140 104
100 99
100 95 95
135
91
88
90 83
130
78
80 73
125 68
70 64
120
60
115
50
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
/ Portugal, Expenditure Approach, Gross Domestic Product, Total, Current Prices, EUR * 100
Fonte: Reuters EcoWin Pro.
Fonte: Reuters EcoWin
29
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
31. As necessidades de financiamento da economia portuguesa face ao
exterior mais do que duplicaram nos últimos 4 anos, representando
actualmente cerca de 9% do PIB.
Necessidades de Financiamento do Exterior
Falta de competitividade (Saldo da Balança Corrente e de Capital, % PIB)
%
Entrada de dinheiro com (P)
9.4
10 (E)
9.3
exportações < saída de dinheiro 9.0
8.9 9.0
9 8.3 (P)
8.3
com importações 7.9
8
6.6
6.4
7 6.1
6
4.9
Saída de dinheiro para pagar 5 4.2
juros da dívida externa 4 3.4
3 2.3
2
Tendência estrutural de 1
redução das transferências do 0
exterior (exs. remessas de 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
emigrantes, fundos europeus) E: Estimativa; P: Previsão.
Fonte: Banco de Portugal.
Consumo e investimento sustentam crescimento das importações. Valor
acrescentado tipicamente baixo da actividade produtiva implica reduzida penetração
das exportações nos mercados internacionais e sustenta défices crónicos da balança
comercial, não compensados por outras componentes da balança de pagamentos.
Em suma, economia portuguesa muito dependente do financiamento do exterior
para sustentar o consumo e investimento internos.
30
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
32. Recurso crescente à poupança do exterior, sobretudo com a
intermediação do sector bancário
Stock das responsabilidades externas líquidas de Portugal,
Total e Sector Bancário
(Percentagem do PIB)
100 90.0
Uma proporção
80.0
80 crescente do rendimento
70.2
64.0 33.7 gerado internamente é
59.2
57.3 30.6 afecto ao serviço da
60 48.8
dívida externa (i.e. é
32.4
41.1 13.2 25.1
13.7
capturado por não
8.1
33.1
40 residentes).
11.9
56.2
15.6 49.2 Acumulação de dívida
46.0
43.6
20 40.7 38.9 37.8
29.2 externa aumenta o
17.5
prémio de risco
0 associado à economia
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 portuguesa.
Banking sector Other sectors
Fonte: Banco de Portugal.
O recurso crescente à poupança do exterior traduziu-se num aumento das responsabilidades
externas líquidas totais da economia portuguesa para um valor equivalente a 90% do PIB. Cerca de
dois terços deste valor é intermediado através do sector bancário (que enfrenta, agora, condições
de financiamento difíceis nos mercados financeiros internacionais).
31
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
33. Contexto desfavorável sugere um período difícil para a economia
portuguesa, quer na procura interna, quer na procura externa
Intenções de compras das famílias
Indicador de encomendas externas
nos próximos 12 meses (Saldo entre
(Saldo entre respostas positivas e negativas)
respostas positivas e negativas)
30
15
20
10
10
5
0
0
Net balance
-10
Net balance
-5
-20
-10
-30
-15
-40
-20
-50
-25
-60
-30
-70
1992 1996 2000 2004 2008
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
Indicadores de confiança nas empresas Produto Interno Bruto
(Saldo entre respostas positivas e negativas) (Taxa de Variação Homóloga)
30
%
Services
20 6
10 5
0 4
Index (Points)
-10 3
-20 Manufacturing 2
-30
1
Construction
-40 0
-50
-1
-60
-2
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
Fontes: Banco de Portugal, Bloomberg, Reuters EcoWin Pro.
32
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
34. Downgrade do rating de Portugal pela S&P torna a vida (ainda) mais difícil
para os portugueses
• Se emprestar ao Estado Português é, agora, mais arriscado, o mesmo sucederá aos bancos, que enfrentarão
juros mais elevados e os repercutirão no crédito que concedem.
• Fundamentos da S&P para esta decisão não derivam do plano anti-crise lançado pelo Governo, mas sim das
fraquezas estruturais da economia portuguesa: as reformas estruturais realizadas não chegaram para resolver
os problemas de competitividade, baixa produtividade e elevado défice externo, que terá, mais cedo ou mais
tarde, que ser corrigido, limitando o ritmo de crescimento (cerca de 1% na próxima década).
• A S&P salienta os atrasos na reforma do Estado (o famoso PRACE), os fracos resultados obtidos com a
mobilidade especial na função pública e a redução, iniciada já em 2008, do esforço de consolidação orçamental
o Governo…
Spread dos títulos de dívida pública
Taxas dos títulos de dívida pública a 10
a 10 anos face à dívida alemã
anos
(pontos base)
(%)
%
7.0 350
6.5 300
Grécia
6.0 250 Grécia
Pontos base
200
5.5
Portugal
5.0 150
Irlanda
100
4.5 Espanha
Portugal
Irlanda
4.0 50
Espanha 0
3.5
-50
3.0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Fonte: Reuters EcoWin Pro.
33
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
35. Previsões da Comissão Europeia para a economia portuguesa
2006 2007 2008 2009 2010
Taxas de variação real (%), excepto quando indicado
1.4 1.9 0.2 -1.6 -0.2
PIB
1.9 1.6 1.4 -0.2 0.1
Consumo Privado
-1.4 0.0 0.1 0.3 0.4
Consumo Público
-0.7 3.2 -0.8 -5.5 -3.8
Investimento
8.7 7.5 0.3 -3.8 0.8
Exportações de bens e serviços
5.1 5.6 2.3 -2.8 -0.4
Importações de bens e serviços
3.0 2.4 2.7 1.0 2.0
Inflação média anual
Taxa de desemprego (% da pop. activa) 7.8 8.1 7.8 8.8 9.1
-3.9 -2.6 -2.2 -4.6 -4.4
Saldo orçamental (% do PIB)
Saldo da balança corrente (% do PIB) -10.4 -9.9 -11.8 -9.7 -10.1
Fonte: Comissão Europeia.
34
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
36. Estrutura da Apresentação
Background: A economia mundial na última década
•
subprime à crise financeira
• As origens: Do
• Os efeitos: Da crise financeira à crise económica
• A economia portuguesa perante a crise
• Implicações e desafios para a economia global
35
Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009