A Revista VIDA-UP tem por missão combater estereótipos, criar uma imagem positiva à volta das questões da mobilidade reduzida e contribuir para uma sociedade mais inclusiva.
Tem como objectivo motivar e envolver a sociedade para as questões do dia-a-dia das pessoas com mobilidade reduzida, sendo assim um elo de ligação entre profissionais, académicos e qualquer player que de algum modo interaja nesta profissional e científica.
Treinamento rápido de NR 06 USO CORRETO DE EPI.pptx
1ª Ed Vida-Up
1. POR UMA VIDA INCLUSIVAEDIÇÃO N.º 1 | JUN-JUL 2014
FACTORES DE MOBILIDADE • ESTADO DA NAÇÃO • SOCIEDADE SUSTENTÁVEL
INCLUSÃO DIGITAL • DESISTIR, NUNCA! • POLÍTICAS SOCIAIS
EXPERIÊNCIAS DE VIDA POSSÍVEIS • TURISMO PARA TODOS
ACESSIBILIDADE GLOBAL
2. T (+351) 239 096 900 · uhc@idealmed.pt · facebook.com/IdealMedUnidadeHospitalarDeCoimbra · WWW.IDEALMED.PT
IDEALMEDCOIMBRA•CANTANHEDE•FIGUEIRADAFOZ•POMBAL•SANGALHOS
> AAC/OAF
> ACP
> ADSE
> ADVANCECARE
> ALLIANZ
> ASSOCIAÇÃO DE BASQUETEBOL DE
COIMBRA
> ASSP
> CARES
> CÁRITAS DIOCESANA
> CEFA
> COLÉGIO RAINHA SANTA ISABEL
> FUTURE HEALTHCARE (SAUDE PRIME E
VITORIA SEGUROS)
> IASFA
> IDEALCARE
> ISCAC
> ISP
> MEDICARE
> MÉDIS
> MONTEPIO GERAL - ASSOCIAÇÃO
MUTUALISTA
> MULTICARE
> ORDEM DOS ADVOGADOS
> PREVIDÊNCIA PORTUGUESA
> RNA/SERVIMED
> SAD/PSP
> SAMS CENTRO
> SAMS QUADROS
> SAMS SIB
> SEPLEU
> SSCGD
> SSGNR
> SSPSP
> STFPSC
> SINDICATO DOS FUNCIONÁRIO JUDICIAIS
> SINTAP
> STAAE ZONA CENTRO/FNE
> TK - GLAMHEALTH
ACORDOS
ATENDIMENTOMÉDICOPERMANENTE24HORAS•BLOCOSOPERATÓRIOS•CONSULTAS•INTERNAMENTO•MATERNIDADE
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
3. Edição N.º 1 VIDA-UP
7EDITORIAL6 ÍNDICE
JOSÉ MANUEL FIGUEIREDO
Director
A Revista VIDA-UP surge no mercado para divulgar, motivar e envolver a sociedade para as
questões mais fundamentais ligadas à mobilidade reduzida.
Partindo de uma noção abrangente do conceito de mobilidade reduzida, em que incluímos todos aqueles que,
independentemente da idade, vêem a sua actividade limitada, temos como Missão combater estereótipos e criar
uma imagem positiva à volta desta problemática, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva.
Entre as pessoas com necessidades especiais, são as pessoas com mobilidade reduzida – seja esta de natureza
permanente ou temporária, originada por condição de saúde ou deficiência visual, auditiva ou cognitiva – as que
mais poderão sentir o poder da inclusão ou exclusão no seu meio e quotidiano.
Intensificar esforços para a eliminação da discriminação, promover a acessibilidade e melhorar a qualidade de vida,
a autonomia e a independência são os objectivos da VIDA-UP, que aqui se assume como elo de ligação entre os
que têm necessidades especiais e as suas famílias, os profissionais, académicos e quaisquer outros players que,
de alguma forma, possam acrescentar valor à actividade das pessoas com mobilidade reduzida, enquanto activos
indispensáveis para a construção de uma sociedade mais sustentável.
De periodicidade bimestral, apostando numa comunicação viva, imaginativa e actual, a VIDA-UP afirma-se
positivamente: deixa para trás estereótipos e informa, promovendo o bem-estar e a concretização de sonhos
e anseios de simplificação diária a todas as pessoas com mobilidade condicionada e suas famílias, privilegiando
as notícias mais relevantes e inovadoras da área, a que se juntam a crónica, a opinião e o comentário científico.
Sendo este o primeiro número, procurámos ser generalistas, de forma a abranger várias áreas sociais e científicas
em contexto de mobilidade reduzida. Em próximas edições, seremos mais específicos, focando, em cada número,
temas seleccionados, cuja análise será exaustivamente tratada – designadamente, Cidades, Turismo, Arquitectura
de Interiores e Intimidade, sempre na perspectiva das melhores práticas para a mobilidade.
Não podemos terminar sem afirmar os nossos Valores: observamos rigorosamente os princípios éticos inerentes
às boas práticas da imprensa, nomeadamente o pluralismo e a isenção política, económica e religiosa.
A nossa Visão é ser a publicação de referência para todos os que lidam com problemas de mobilidade reduzida.
Publicamos textos dos nossos redactores e colaboradores convidados,
mas estamos abertos a publicar colaborações não solicitadas,
reservando-nos, neste caso, o direito de as editar ou mesmo recusar,
tendo em atenção este estatuto editorial.
Obrigado por apoiar (um)a VIDA-UP.
STATUTO EDITORIAL
MISSÃO, VISÃO, VALORES
Índice
Director-geral
Luís Figueiredo Trindade
Director
José Manuel Figueiredo
Editor
Rui Santos
Chefe de redação
Alice Lopes da Costa
Revisora e redactora
Luísa Ortigão
Jornalista
Carlos Caldeira
Designer e paginadora
Victória Fernandes
Colaboradores
Anabela C. Pinto
Clarisse de Oliveira Mendes
Fernando Enes Gaião
João Manhita Pereira
Maria do Rosário Ferin Cunha
Marina Hallén de Bairros
Paula Teles
Propriedade
Bravespiral Comunicação
Unip, Lda
R. Prof. Sousa da Câmara,
190, R/C D.to
, 1070-219 Lisboa
geral@vida-up.com
Impressão: Artes Gráficas
Fernandes & Terceiro, SA
Periocidade: bimestral
Depósito Legal: 376045/14
Tiragem: 5000 exemplares
Inscrição n.º 126464 na ERC
Interdita a reprodução, mesmo que
parcial, de textos, fotografias ou
ilustrações sob quaisquer meios ou
quaisquer fins, inclusive comerciais,
sem a explícita autorização da
entidade editora: Revista VIDA-UP.
5 Editorial
Estatuto editorial: Missão,
Visão, Valores
6 Radar
Notícias da actualidade
10 Enfoque
Incapacidade, deficiências e factores de
mobilidade
13 Ortopedia – CEO
Referência nacional em qualidade
14 Caso Real
Marta Rafael – Desistir, Nunca!
16 Unidade Hospitalar
IDEALMED – UHC
18 Saúde
Sociedade e doença crónica
20 Ciência
Implante coclear promete recuperar
audição total
22 Fundação – Fundação PT
Inclusão digital
24 Healthcare
Barra Talasso: centro de talassoterapia
26 Ajudas Técnicas
Invacare: a inovação torna experiências
de vida possíveis
28 Reabilitação – CMRA
Entrevista com Maria de Jesus Rodrigues
30 Certificação
Norma UNE 170001
32 Responsabilidade Social – Grace
Como podem as empresas contribuir
para a definição de políticas sociais
34 Cidades e Vilas
Acessibilidade para todos
36 Associação – Associação Salvador
É tempo de passar do papel ao terreno
39 Decoração
Espaço acessível
40 Boas Práticas
O que de bom tem sido feito
42 Factos Legais
Obras de adaptação, sem autorização
do senhorio?
44 Terapia
Abordagem interdisciplinar vs adequada
(re)integração na sociedade.
46 Protésica
Iceross da Össur
48 Medicina Alternativa
Osteopatia: ciência terapêutica global
50 Design Inclusivo
Benefícios para todos
52 Gadgets
Dar apoio aos mais idosos
54 Turismo
Mundo acessível
56 Desporto
Viver o desporto ao mais alto nível
58 Cultura
Teatro Nacional D. Maria II
62 Internacional – Wings for Life
Correr pela mais avançada tecnologia
Distribuição gratuita
www.vida-up.com
4. Edição N.º 1 VIDA-UP
9RADAR8 RADAR
A Associação Salvador volta a lançar mais uma edição da
Acção Qualidade de Vida. Com o fecho das candidaturas,
no passado dia 28 de Março, esta iniciativa procura
ajudar pessoas com deficiência motora e comprovada
falta de recursos financeiros a desenvolverem projectos
que contribuam para um estilo de vida mais activo.
A Acção Qualidade de Vida é um processo de
candidatura anual que já conseguiu apoiar cerca de 133
pessoas, desde 2008, num valor total de 459 mil euros.
Para ser possível dar uma resposta mais justa à variedade
de pedidos recebida, foram definidas três categorias,
sendo que o candidato apenas se pode candidatar a
uma delas: Integração profissional/formação; Prática
desportiva; e Criação do próprio negócio.
Este ano, será dada prioridade a candidatos com deficiência
motora adquirida sem comprometimento cognitivo. Uma
vez que os recursos financeiros da Associação Salvador não
são suficientes para dar resposta a todos os pedidos de
apoio, todos os anos ficam candidaturas por apoiar, que são
depois apoiadas sequencialmente no «Preencha Esta Vida»,
através de uma plataforma online de angariação de fundos.
A edição de 2014 da Acção Qualidade de Vida conta
com o apoio do Banco Espírito Santo, da Semapa e da
Fundação Calouste Gulbenkian.
«Com a iniciativa Acção Qualidade de Vida 2014,
queremos encontrar e apoiar casos que sejam um
exemplo para outras pessoas na mesma situação,
pessoas que sejam inspiradoras, empreendedoras
e activas», assinala Salvador Mendes de Almeida,
fundador da Associação Salvador.•
NOVO SÍMBOLO
adoptado em Nova
Iorque reflecte uma
nova atitude
O conhecido símbolo
internacional de acessibilidade,
criado em 1969 (só mais tarde
foi adicionada a cabeça),
é alvo de um restyling. A
iniciativa partiu de um grupo
de designers americanos
denominado Accessible Icon
Project. Diferentemente do
desenho estático e mecânico –
em que a cadeira de rodas
prevalecia –, o novo símbolo
valoriza a pessoa (inclinada
para a frente), activamente a
mover a cadeira de rodas com
independência, reforçando
a ideia de movimento e
autonomia para se posicionar
no mundo.
O novo ícone começou a ser
usado como uma espécie
de «arte de guerrilha» (selos
adesivos colocados nas placas
oficiais de sinalização), em
Boston e no resto do país,
até que chegou ao secretário
municipal de Pessoas com
Deficiência em Nova Iorque,
que se junta à causa e decide
substituir a antiga sinalética
por esta nova. O novo símbolo
propõe uma renovada atitude
perante a deficiência, tendo
despertado já o interesse de
vários países.
A Sonae Sierra e a
Associação Alzheimer
Portugal, com o apoio
de diversos parceiros
institucionais (Fundação
Calouste Gulbenkian,
Fundação Montepio e
Instituto de Ciências da
Saúde da Universidade
Católica Portuguesa),
celebram o primeiro
ano de actividade do
Café Memória, iniciativa
lançada em Abril de 2013
e destinada a pessoas
com problemas de
memória ou demência,
bem como aos familiares
e cuidadores. O objectivo
reside na partilha de
experiências e no
suporte mútuo, com o
acompanhamento de
profissionais de saúde e
de acção social. Desde o
seu lançamento, o Café
Memória já realizou 24
sessões, nos primeiros
e terceiros sábados
de cada mês, nos
restaurantes Portugália
do Centro Colombo
e do CascaiShopping,
respectivamente. Mais
recentemente, através
da parceria com a Santa
Casa da Misericórdia de
Lisboa, foram criados dois
novos Café Memória, com
sessões nos segundos e
quartos sábados do mês,
na Cafetaria do Museu
de São Roque e no Espaço
Santa Casa, em Lisboa.
As sessões do Café
Memória têm sido
procuradas enquanto
locais de partilha de
experiências e de
apoio, por pessoas que
acabam por sentir, no
seu dia-a-dia, os efeitos
do isolamento e do
preconceito social face
a estas questões.
Neste primeiro ano de
actividade, o projecto
mobilizou cerca de
400 participações,
maioritariamente de
cuidadores e familiares
de pessoas com
demência. Contou com
a coordenação de uma
equipa constituída por
duas técnicas e o apoio
de 30 voluntários, que
dedicaram perto de 700
horas ao projecto.
A criação do Café
Memória insere-se num
projecto mais vasto,
o Cuidar Melhor, para
apoio aos cuidadores
de pessoas com demência,
lançado igualmente pela
Associação Alzheimer
Portugal e pelos referidos
parceiros institucionais.•
CAFÉ MEMÓRIA CELEBRA 1.º ANO DE ACTIVIDADE
Iniciativa da Sonae Sierra e da Associação Alzheimer Portugal
ASSOCIAÇÃO SALVADOR LANÇOU ACÇÃO QUALIDADE DE VIDA 2014
Shubham Banerjee, uma criança de
12 anos da Califórnia, transformou
um modelo da Lego (o Minstrom
EV3, de € 250) numa impressora de
braille (cujos modelos convencionais
rondam, no mercado, os € 1500).
Shubham, que tinha o dever de
preparar uma experiência para a aula
de Ciências, aproveitou para provar
que é possível ter uma impressora
de braille a baixo custo. À invenção,
Shubham deu o nome de Braigo
(abreviatura de braille com Lego).
A partir de peças do brinquedo
Lego e em menos de dez segundos,
a impressora imprime qualquer
letra do alfabeto em braille. O
utilizador insere as letras e a agulha
da Braigo e… imprime. «Isto é
tão simples, até a minha irmã
consegue fazê-lo», diz Shubham
no vídeo de demonstração. Em vez
de comercializar a sua invenção,
publicou na Internet as instruções
e o software, para que qualquer
pessoa possa fazer o mesmo.
Na página do Facebook da Braigo
(BraigoPrinter) são publicados dados
de relatórios da Organização Mundial
de Saúde, que estimam haver 285
milhões de deficientes visuais em
todo o mundo, 90% dos quais em
países em desenvolvimento.
A invenção de baixo custo pode ser
uma solução acessível para pessoas
cegas e desfavorecidas em todo o
mundo, afirma Shubham Banerjee.
O grande objectivo para a próxima
geração da Braigo é dispor da
capacidade de fazer o scan de uma
página com texto e convertê-la numa
página de braille.
O Grupo Lego já manifestou o seu
louvor pelo projecto, twittando:
«Estamos muito orgulhosos deste
impressionante trabalho por uma tão
grande causa!»•
INVENÇÃO: IMPRESSORA COM PEÇAS DA LEGO IMPRIME EM BRAILLE
Volta a oferecer uma semana
de repouso aos pais com filhos
com deficiência
O Santuário de Fátima oferece-se para cuidar
dos filhos com limitações profundas, enquanto
os pais usufruem de uma semana de repouso,
podendo optar por acompanhar os filhos
ou deixá-los ao cuidado de uma equipa
especializada, indo-os buscar no final do
período de férias.
Em prioridade, estão os pais que se encontrem
em situações mais graves e que nunca tenham
participado nestes encontros. As inscrições
deverão ser remetidas ao Santuário de Fátima
(Secretariado Nacional do Movimento da
Mensagem de Fátima, Apartado 31, 2496-908,
Fátima) ou por e-mail (mmf@fatima.pt). Os turnos
são os seguintes: 30 de Julho-05 de Agosto;
08-14 de Agosto; 18-24 de Agosto; 28 de
Agosto-03 de Setembro. As inscrições devem
ser efectuadas até 15 de Junho.•
5. 10 RADAR
O documento tripartido foi
assinado pelos presidentes do
Instituto Português do Desporto
e Juventude, do Instituto
Nacional para a Reabilitação
e do Comité Paralímpico de
Portugal (CPP). Os secretários
de Estado do Desporto e da
Juventude, Emídio Guerreiro,
e da Solidariedade e
Segurança Social, Agostinho
Branquinho, procederam à
homologação do documento.
A contratualização agora
formalizada visa garantir o
financiamento dos praticantes
integrados no programa de
preparação Rio 2016, bem
como as respectivas bolsas.
O contrato vai ainda permitir
desenvolver duas novas
dimensões, até hoje nunca
apoiadas, designadamente,
Esperanças Paralímpicas e
Apoio Complementar, as quais
são legítimas aspirações do
CPP e que, finalmente, serão
dinamizadas.
O secretário de Estado do
Desporto e Juventude realçou
o facto de o «movimento
paralímpico ser a excepção
aos cortes no sector do
desporto», acrescentando
ainda que há «vontade
política» de reduzir as
diferenças que existem para
com os atletas paralímpicos,
em comparação com o
projecto olímpico.•
Os inovadores instrumentos cirúrgicos
para o tratamento da síndrome do
túnel do carpo (STC), concebidos
pelo cirurgião-ortopedista português
Dinis Carmo, apresentados no 34.º
Congresso Brasileiro de Cirurgia da
Mão (Março, em Maceió), despertam
o interesse de diversas entidades no
Brasil (Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto e universidades federais
de São Paulo e de Brasília), que
pretendem adquirir o material e utilizar
o método do cirurgião-ortopedista.
A STC é uma patologia da mão que
afecta cerca de seis milhões de pessoas
no mundo, sobretudo mulheres a
partir dos 35 anos. Carateriza-se
por fortes dores, formigueiros e
adormecimentos nocturnos no
punho, mãos e dedos, decorrentes
sobretudo de actividades que
implicam o uso repetitivo das mãos,
como é o caso dos teclados ou ratos
dos computadores, sendo apelidada
como uma «doença do séc. XXI».
Segundo Dinis Carmo, é na
adaptabilidade destes instrumentos
cirúrgicos que reside o «segredo»
para o grande interesse que os seus
inventos suscitam no Brasil. «A
utilização do conjunto de instrumentos
cirúrgicos que desenvolvi permite
executar incisões menores e,
sobretudo, com muito mais segurança
do corte a realizar para a libertação
nervosa, evitando, assim, complicações
inesperadas», explica. O kit de material
cirúrgico concebido por Dinis Carmo
está em fase de processo de patente
junto da Organização Mundial de
Propriedade Intelectual.•
INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS MADE IN PORTUGAL
Despertam grande interesse no Brasil
JOGOS PARALÍMPICOS RIO 2016:
assinatura do contrato-programa
PORTUGAL TELECOM (PT)
A primeira no mundo a
autodeclarar a Norma ISO 26000
A Portugal Telecom (PT) é a primeira
empresa nacional e a primeira do
sector, ao nível mundial, a autodeclarar
que aplica as recomendações do
referencial NP ISO 26000:2011. Esta norma
internacional de Responsabilidade Social
Corporativa fornece orientações sobre as políticas,
os processos e os procedimentos a serem
adoptados pelas empresas que pretendam
assumir-se como Empresa Socialmente Responsável.
Empenhada na adopção das melhores práticas e em
permanecer uma referência em sustentabilidade,
a PT reúne hoje condições para afirmar que
adicionou estas novas linhas de orientação à sua
actuação diária e aos respectivos processos de
gestão, reforçando o compromisso da empresa com
os princípios da responsabilidade social e garantindo
a total convergência das recomendações da
Norma ISO 26000 com os seus Sistemas de Gestão
Integrados (Qualidade, Ambiente e Segurança),
no que respeita aos temas de Governação
Organizacional, Práticas Laborais e Ambiente.•
PUB
6. Edição N.º 1 VIDA-UP
12 ENFOQUE 13ENFOQUE
U
ma das mais importantes características
do ser humano é a mobilidade, em todas
as suas dimensões – sociais, económicas,
políticas, culturais e outras. É, pois, natural
que a deficiência e a incapacidade, na
medida em que interferem com esta
característica, constituam um dos grandes
problemas da sociedade actual. É por isso que se torna
prementemente necessária uma nova atitude da sociedade,
que envolva na problemática todos os actores políticos e
sociais, públicos e privados, bem como a própria população
com deficiência e incapacidade. Esta mudança impõe, em
geral, exigências de maior acessibilidade e, especialmente,
que o sistema de ensino e o mercado de trabalho garantam
maior abertura àqueles com mobilidade reduzida.
Historicamente, deficiência e incapacidade têm sido objecto
de preconceito e discriminação, atribuindo-se quase sempre
estas condições a características pessoais. Nas últimas
décadas, porém, o conceito de deficiência tem-se alterado,
criando-se uma relação entre deficiência e incapacidade que
as define melhor.
Hoje, considera-se que a incapacidade não é um atributo
inerente à pessoa, mas o resultado da interacção da pessoa
com o meio ambiente, no contexto de relações sociais,
culturais e físicas, em que a discriminação se torna evidente
pela própria envolvente. Já a deficiência, física ou outra,
é uma característica pessoal e individual, surgindo aqui
a discriminação num contexto de responsabilidade social.
E há ainda hoje quem entenda que pessoas com deficiência
e incapacidade são doentes.
Se considerarmos que a deficiência não traz
imprescindivelmente incapacidade, abre-se, então, um
debate assente em diferentes tipos de discriminação:
a discriminação entre pessoas com deficiência, atributo
pessoal que se pode medir, e a discriminação por
incapacidade, cuja medida é o próprio desempenho social,
definido e determinado pela sociedade.
Em Portugal, a noção de deficiência está mais conotada
com condições orgânicas, alterações anatómicas e
limitações funcionais decorrentes. Este entendimento nem
sempre corresponde à realidade, pois a deficiência será
mais ou menos evidente conforme a sociedade estiver
organizada ou souber responder às necessidades das
pessoas com deficiência. Neste sentido, mais do que
uma questão pessoal, a deficiência é uma questão social.
Segundo estatísticas de 2011, em Portugal, 53% da
população tem algum tipo de deficiência. Destes,
apenas 11% apresentam um grau de deficiência
superior a 80% – e são apenas estes que têm
incapacidade. Toda a restante população não
possui qualquer tipo de incapacidade.
Do ponto de vista ético, humano e político, estes cidadãos
têm todos os mesmos direitos individuais e sociais. Porque
as situações de deficiência e incapacidade são múltiplas
e complexas, também a esfera de integração individual,
social e política destas pessoas se reveste de complexidade
e diversidade. As âncoras fundamentais da integração
social para os cidadãos com deficiência não podem ser-lhes
negadas, sob pena de discriminação – educação, saúde,
emprego e uma vida digna são direitos que assistem a
todos os cidadãos.
A acessibilidade é um conceito que engloba tudo
o que tem a ver com os meios necessários à vida
quotidiana, para que os deficientes, tanto quanto
possível, sejam autónomos: meios de transporte
de fácil utilização e acesso; meios de locomoção
com toda a tecnologia existente para a locomoção
ser fácil, segura e rápida; meios de comunicação
modernos, utilizando técnicas inclusivamente
inovadoras; utensílios e aparelhos domésticos que
os doentes possam utilizar sozinhos; e tantos outros
sistemas de auxílio, matéria que dá para escrever
livros e manuais. Todas estas medidas devem ser
garantidas universalmente, mas variáveis, em função
das situações muito especiais de cada caso. Cabe ao
Estado promover programas e incentivar privados a
proporcionar aos deficientes uma vida quotidiana
mais fácil e mais móvel.
É do conhecimento geral que as deficiências
e as incapacidades estão associadas a um baixo nível
de escolarização, o que, como resultado, leva
a condicionamentos no acesso a oportunidades,
na participação social e na própria existência. Se, em
geral, os níveis de instrução da população são baixos,
nos deficientes estes níveis ainda se agravam mais.
Assim, consideramos que os níveis de escolarização são
uma dimensão fundamental na vida social, constituindo
um recurso essencial para a inclusão social e cultural,
com claro impacto no acesso ao mercado de trabalho.
Até há alguns anos, estes deficientes ficavam
nas famílias, que se organizavam em associações
e lhes davam apoio. Felizmente, o Estado tem
vindo a tratar este tema com maior atenção,
existindo já organizações controladas e apoiadas
institucionalmente, que respondem às necessidades
dos deficientes e incapacitados, a fim de lhes dar
instrução e formação, para enfrentarem as dificuldades
diárias de integração social.
Uma das mais
importantes
características do
ser humano é a
mobilidade, em todas
as suas dimensões –
sociais, económicas,
políticas, culturais...
FERNANDO ENES GAIÃO
Médico
INCAPACIDADE,
DEFICIÊNCIAS E FACTORES
DE MOBILIDADE
7. Edição N.º 1 VIDA-UP
1514 ENFOQUE ORTOPEDIA
A formação de educadores e professores
especializados nestas áreas é uma realidade,
mas ainda há muito a fazer no programa de
formação e instrução. A dinâmica social e a própria
evolução humana empurram para uma formação
que nunca terminará, pois constantemente surgem
aspectos novos, que impõem a continuação e o
desenvolvimento da formação. A integração no
mercado de trabalho de pessoas com incapacidade
e deficiência é indispensável para a obtenção de
autonomia e capacidade de decisão.
Em Portugal, os incapacitados e deficientes
apresentam uma taxa de desemprego de 3,6%
(o indicador nacional geral de desemprego
ronda os 16%), o que é muitas vezes
aproveitado pelos políticos. Porém, na verdade,
estes trabalhadores são tradicionalmente
pior remunerados do que a média, o que por
vezes conduz a uma estagnação na motivação,
causando resignação e acomodamento entre a
população referida.
A integração no mercado de trabalho da população
com deficiência deve ser um direito independente
do tipo de deficiência e incapacidade, desde que
esta integração seja viável. Há, naturalmente,
situações em que as pessoas não têm perfil
de empregabilidade – nestes casos, tem de se
procurar soluções de ocupação pelo trabalho que
valorizem as suas competências, dentro das suas
capacidades. O Estado tem de colaborar nesta
integração, bem como empregadores, associações
de famílias e os próprios. Esta integração pode,
ainda, constituir um factor de valorização das
empresas sob o aspecto social, fazendo desenvolver
na própria empresa valores sociais e humanos, que
a sociedade reconhece e valoriza.
Porém, se bem que pareça ser fácil a execução de
programas desta natureza, eles exigem uma enorme
preparação profissional. O Estado possui organizações
que apoiam fortemente estes programas, orientados
para aplanar desigualdades e discriminações.
Um outro aspecto da problemática da população
com incapacidade e deficiência é o problema da
solidariedade. Esta é uma prática que, embora
em grau diferenciado, se verifica em todas as
estruturas sociais e tem como finalidade apoiar grupos
mais fragilizados. Nas sociedades contemporâneas,
ela detém um muito importante papel de função
agregadora, solucionando muitos problemas.
Há inúmeras associações que se ocupam das pessoas
deficientes e há enormes melhorias neste sector.
São, no entanto, as famílias as grandes obreiras
na inserção das pessoas com dificuldades, pelo que
têm o direito de ser apoiadas com todos os meios
disponíveis, que lhes permitam pôr em prática o que
humanamente desejam. Este trabalho, embora possa
e deva ser controlado pelo Estado, tem como principal
base de êxito uma necessária mudança cultural.
A problemática da deficiência merece, em Portugal, uma
posição central, não só pela evidente discriminação que
sofrem as pessoas com deficiência, mas também pelo
carácter particular do problema da «família providência»,
que, na sua autopreservação, sofre, portas adentro,
diversos dramas, envolvendo o elemento que tem menos
oportunidades de integração.
A Convenção das Nações Unidas sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência
diz que, perante a Lei, elas têm igual
reconhecimento. Em Portugal, este princípio
ainda não está na Lei nem na mentalidade
cultural, social e política, pois poucas
destas pessoas se encontram efectivamente
integradas nas várias dimensões da vida social.
Só quando se accionarem todos os recursos da
sociedade, quando o Estado e todos os agentes sociais
participarem fortemente na promoção da igualdade de
oportunidades, se poderá melhorar a integração
desta população.
O Estado e as instituições sociais têm de ser mais
responsabilizados, devendo alargar a sua acção e
competências, reforçando os meios de intervenção.
Legislar não resolve, só por si, os muitos problemas
que se colocam à plena integração da população de
deficientes e incapacitados.•
O Centro Europeu de Ortopedia
(CEO) apresenta-se como uma
das maiores referências no
fabrico de próteses e ortóteses
em Portugal. Esta equipa alia
experiência, inovação e sentido de
responsabilidade, adaptando-se
às constantes necessidades dos
seus clientes, que constituem o seu
principal foco. Com este objectivo,
o CEO aposta numa política de
Qualidade, visando sempre satisfazer
e superar as necessidades dos
clientes. O CEO é hoje, ao nível
nacional, a única empresa certificada
no seu ramo com o ISO 9001:2008.
O CEO tem-se distinguido ainda na
sua vertente humana e relacional, na
forma como recebe os seus clientes,
considerando-os sempre como parte
da família, como amigos, pessoas
reais com necessidades especiais
e diferentes entre si.
A produção é desenvolvida
nas oficinas da empresa, sob a
direcção técnica de Gustavo de
Melo Menezes e Vasconcelos, um
dos técnicos mais experientes e
credenciados do sector. Conta com
uma experiência de mais de 40
anos, entre formações, actividade
e relação com as principais marcas
mundiais, contribuindo desde muito
cedo para o desenvolvimento da
indústria ortopédica em Portugal.
A direcção técnica do CEO está,
assim, intimamente ligada ao
prestígio e ao sucesso alcançados.
O CEO orgulha-se ainda de fazer
parte de um protocolo com as
universidades do Algarve e de
Lisboa, integrando um programa
de estágios curriculares com
rotação a cada seis meses.•
CEO
CENTRO EUROPEU DE ORTOPEDIA
Referência nacional em qualidade, relacionamento e tecnologia
8. Edição N.º 1 VIDA-UP
17CASO REAL16 CASO REAL
O acidente de 1996 não
a impediu de concretizar as
suas ambições profissionais,
nomeadamente, ser professora
de Educação Física. Quais os
maiores desafios que enfrentou
para conseguir exercer esta
profissão?
O maior desafio de todos foi, sem
dúvida, o preconceito, aquela
questão que muitos colocavam e
ainda colocam: «Como é que alguém
em cadeira de rodas pode dar aulas
de Educação Física?» Por parte dos
alunos, nunca senti qualquer tipo de
rejeição ou de questionamento das
minhas capacidades para orientá-los
– muito pelo contrário, são sempre
muito colaborantes.
Quais foram as etapas biográficas
mais importantes e que impacto
tiveram na sua vida actual?
A educação e o exemplo dados
pela minha família foram-me
moldando e formando pilares,
ensinando-me a nunca desistir. Vir
de uma família ligada ao desporto
de alta competição e ter praticado
desporto desde a infância deu-me
um espírito combativo, incutiu-me
disciplina, a vontade de dar sempre
o meu melhor e superar-me.
Sem dúvida que o acidente foi
a etapa que mais impacto teve,
porque mudou por completo toda
a minha vida. De um momento
para o outro, todos os objectivos e
sonhos desapareceram, ainda que,
com o tempo, tenham vindo a ser
ajustados à realidade.
Antes do acidente, o que mais
gostava de fazer?
Antes do acidente era extremamente
independente e andava sempre a 200
à hora, bastante ocupada, com tudo
planeado ao minuto.
O que mais gostava de fazer era surf,
mas tudo o que envolvesse desporto
e emoções fortes era do meu agrado.
Tenho principalmente saudades da
minha independência e privacidade.
Tento fazer as coisas de que mais
gostava antigamente, adaptadas
à minha situação. Entretanto,
descobri outras que me dão o
mesmo prazer e acabaram por
substituir as antigas, como a queda
livre. Tenho de agradecer pelo apoio
que me dão, sobretudo a minha
mãe, que está disponível para mim
a qualquer momento.
Quando acordou no hospital,
após o seu acidente na praia
da Barra, em Aveiro, e se
DESISTIR, NUNCA!
A ex-atleta de competição Marta Rafael sofreu, num campeonato de surf em 1996,
um traumatismo cervical que a deixou tetraplégica. Partilha aqui a sua experiência de
vida, revelando que o mais importante para ultrapassar desafios e preconceitos é ter
um espírito combativo e nunca desistir.
apercebeu de que havia sofrido
um traumatismo cervical,
quais foram os seus primeiros
pensamentos?
Logo após o impacto, fiquei sem
qualquer movimento do pescoço para
baixo, mas estive sempre consciente.
Quando me socorreram, disse logo
que não me conseguia mexer nem
sentia o corpo do pescoço para baixo.
Enquanto esperava pela ambulância,
desconfiava de que tinha feito um
traumatismo vertebro-medular, porque
tinha terminado o 1.º ano do curso
de Educação Física, na FCDEF, actual
FADEUP, e uma das cadeiras concluídas
era Anatomia.
Mesmo depois de os médicos fazerem
um diagnóstico, achava que, com
algum tempo e fisioterapia, tudo
voltaria ao normal, porque se pensa
que «isto» só acontece aos outros.
Nos primeiros meses, fui registando
sempre melhorias e recuperei a
sensibilidade em todo o corpo, o que
me deu ainda mais esperança, mas,
após seis meses, comecei a «cair na
real» e fui-me muito abaixo, ficando
deprimida, sem vontade para nada.
Com a ida para Cuba, e com o facto
de me afastar de Portugal, onde estava
farta de que falassem de mim, fui,
aos poucos, recuperando o ânimo e a
força de vontade, porque ia vendo a
minha evolução física, o que ajudava
psicologicamente. Quando regressei, vi
a vida de uma forma completamente
diferente, achei que tudo era possível.
De que forma o tratamento em
Cuba se distinguiu do que
fazia aqui?
A minha ida para Cuba foi decidida
com a família. Um tio meu era
professor na FCDEF e, num congresso
no Brasil, teve conhecimento da clínica
CIREN e do trabalho lá realizado.
Enviámos toda a documentação para
lá e, depois da resposta, fui fazer uma
semana de exames. No final,
deram-me o prognóstico. Acabei
por ficar um ano. Fazia fisioterapia
sete horas e meia por dia, durante
a semana, e três horas ao sábado,
com um fisioterapeuta só para mim.
A cada 30 dias era reavaliada.
Ao fim de um ano, disseram que
era melhor voltar, porque estava
com um esgotamento muscular e
dificilmente recuperaria mais.
Em Cuba, cada caso era um caso.
Por vezes, em Portugal, tem-se a
tendência de rotular as pessoas
mediante a lesão, e os exercícios
realizados são estandardizados,
sem ir ao encontro das capacidades
de cada um.
Neste processo, quais os factores
que mais a têm ajudado?
Neste momento, o meu processo
já não é de recuperação, mas sim
de manutenção e reforço. Tento
manter-me optimista, faço um
esforço para ver sempre o lado
positivo e aceitar-me como sou.
Claro que o acompanhamento
médico e a fisioterapia também
ajudam. E é muito importante saber
aceitar a ajuda que nos dão.
Há alguma mensagem que
queira deixar aos médicos ou
entidades oficiais do nosso país?
Neste momento de crise, a tendência
é olhar mais aos números e menos
às pessoas. Tenho conhecimento de
quem deixou a fisioterapia porque
deixou de ter direito ao transporte
e não tem dinheiro para o pagar.
A saúde devia ser uma das áreas
prioritárias, porque, se se prevenir,
economiza-se mais do que quando é
necessária uma intervenção em fase
aguda. Mas os ministros e assessores
não têm contacto com a realidade,
apenas com números.
Gostava de que quem está no
Governo e na Assembleia passasse
um mês na pele de quem necessita de
algum tipo de tratamento e, por causa
dos números, o visse cortado – talvez
aí houvesse alguma mudança.
Tendo em conta a motivação
e a experiência que tem tido
para ultrapassar desafios, que
mensagem gostaria de partilhar
com os nossos leitores?
O mais importante é não desistir
e lutar sempre – em todos os
aspectos da vida. Tentar ser
optimista e ver sempre o lado
positivo. Se nos acomodamos,
habituamo-nos ao que temos
e podemos deixar de ter motivos
para tentar alcançar algo mais.•
Vir de uma família
ligada ao desporto de
alta competição e ter
praticado desporto
desde a infância deu-me
um espírito combativo,
incutiu-me disciplina,
a vontade de dar
sempre o meu melhor
e superar-me.
Sagrou-se campeã nacional de
Esperanças em 1995. Em pleno auge
desportivo, faltava um minuto para
o final do heat das meias-finais, na
etapa aveirense do Nacional de Surf
Esperanças de 1996, quando, ao sair
da prancha, Marta Rafael bateu com
violência num banco de areia, ficando
tetraplégica. A sua experiência em
Cuba deu-lhe maior alento e visão e,
ao chegar a Portugal, terminou o seu
curso de Educação Física, no Porto, onde
reside. Hoje, aos 36 anos, o gosto pelas
emoções mantém-se.
ENTREVISTA | MARTA RAFAEL
Por Luísa Ortigão
9. Edição N.º 1 VIDA-UP
19UNIDADE HOSPITALAR
Permanente (24 horas por dia/7 dias
por semana).
Segundo José Alexandre Cunha,
«apostamos em recursos humanos
altamente qualificados, pois
pretendemos ser reconhecidos
não apenas pelos elevados
padrões técnicos e profissionais,
mas, sobretudo, pelo retorno da
população que nos visita, pelo
reconhecimento dos doentes que
aqui procuram resposta aos seus
problemas e também pela confiança
de quem referencia os seus doentes».
Num modelo inovador e dinâmico,
a IDEALMED agrega valências clínicas
e profissionais de referência da
região, que, pela sua experiência
e know-how reconhecido e
comprovado, se associaram a
um projecto de saúde altamente
diferenciado, com o objectivo de
criar um cluster de excelência no
sector da Saúde.
A estrutura hospitalar aposta
na diferenciação e elevação da
qualidade dos serviços prestados,
mas garante um acesso fácil e
transversal a toda a população,
através dos acordos existentes, não
apenas globalmente, enquanto
unidade hospitalar, como também
nas diversas estruturas autónomas
que integram a IDEALMED.
Em múltiplas áreas, esses acordos
incluem, nomeadamente, a ADSE,
as entidades seguradoras, os
subsistemas de saúde e o Serviço
Nacional de Saúde. Por outro
lado, a IDEALMED desenvolveu o
seu próprio sistema de acesso da
população à estrutura, a baixo custo
e de grande comodidade, através
dos planos de saúde IDEALCARE.
INVESTIMENTO DE 50
MILHÕES DE EUROS
A IDEALMED tem-se afirmado
como um projecto de excelência em
Coimbra e em toda a região Centro.
Por mês, a Unidade Hospitalar de
Coimbra realiza cerca de 18 mil
consultas de especialidades e mais
de 500 cirurgias, um número que irá
aumentar a partir de agora, com a
integração da IDEALMED no Sistema
Integrado de Gestão de Inscritos
para Cirurgia (SIGIC). A IDEALMED
apresenta-se como uma resposta
integrada e abrangente no sector
da Saúde, sendo já considerada
um caso de sucesso. «Este projecto
representa um investimento de
cerca de 50 milhões de euros,
tendo sido construído sem qualquer
apoio público», afirma José
Alexandre Cunha.
UNIDADE CINCO ESTRELAS
A IDEALMED-Unidade Hospitalar de
Coimbra viu ainda os seus serviços
serem reconhecidos pela Entidade
Reguladora da Saúde (ERS), ao
serem-lhe atribuídas Estrelas em
todas as dimensões avaliadas:
• Excelência Clínica
• Segurança do Doente
• Adequação e Conforto das
Instalações
• Focalização no Utente
• Satisfação do Utente
O reconhecimento alcançado logo
no primeiro ano de actividade motivou
a IDEALMED a procurar melhorar os
vectores essenciais da sua actividade,
continuando a elevar a diferenciação
qualitativa das suas instalações,
equipamentos e recursos humanos,
por forma a garantir a confiança
de todos os que escolhem os seus
serviços. «Assumimos os valores que,
desde o primeiro dia, nos nortearam.
A Humildade e o Humanismo, bem
como a Dedicação e a Lealdade, são, e
serão sempre, pilares da nossa postura
e os verdadeiros garantes do nosso
sucesso futuro», refere o administrador
do Grupo IDEALMED.•
A IDEALMED-Unidade Hospitalar de
Coimbra, o maior hospital privado
da região Centro, afirmou-se, em
apenas dois anos (abriu ao público a
16 de Maio de 2012), como um pólo
de excelência da Saúde. Da variedade
da oferta disponibilizada à formação
especializada, a elevada qualidade
dos serviços prestados é também
já reconhecida além-fronteiras.
Mais de 40 valências clínicas
funcionam de forma integrada
nos 35 000 m2
ocupados pela
IDEALMED-UHC. Ali se agregam
todas as especialidades médicas e
cirúrgicas, organizadas em grupos
de elevada competência.
José Alexandre Cunha, CEO da
IDEALMED, identifica as prioridades
do Grupo: «Qualidade nos cuidados
prestados, na relação humana com
quem nos procura, na organização
dos diferentes serviços, na inovação
e na diferenciação tecnológica.»
Os números são reveladores: a
IDEALMED garante mais de 400
postos de trabalho, mais de meia
centena de camas, cinco blocos
operatórios e 124 gabinetes médicos,
dando expressão a um projecto de
saúde singular.
OFERTA ESPECIALIZADA
No que respeita à oferta diferenciada
de especialidades, a IDEALMED-UHC
tem ao dispor dos utentes um Centro
de Diabetes, uma Clínica do Sono, um
Centro de Dermoestética, um Centro
de Oncologia Médica, um Centro de
Medicina de Reprodução e a única
maternidade privada da zona Centro,
a Maternidade IDEALMED. Possui,
ainda, uma Unidade de Oftalmologia,
com equipamentos únicos no país,
e uma Unidade de Imagiologia
(Imacentro), que constitui uma
referência nacional e internacional,
com meios complementares de
diagnóstico laboratoriais e de
imagem de última geração.
A Unidade da Coluna e a Unidade
do Joelho e Cirurgia Reconstrutiva
atraem também utentes de todo
o país. Brevemente, a IDEALMED
disporá de um Centro de Peritagens
Médico-Legais e Forenses, com
características únicas em Portugal.
A Unidade Hospitalar dispõe
ainda de um Atendimento Médico
A QUALIDADE
NA DIFERENCIAÇÃO
PROJECTOS INTERNACIONAIS
Desde 2013 que a Unidade Hospitalar
de Coimbra é procurada por utentes
dos países de língua oficial portuguesa
(PALOP), Europa Ocidental e Central.
Medicina de reprodução, cirurgia
estética e plástica e exames de
imagem (imagiologia) são as áreas
mais requeridas.
Para José Alexandre Cunha, «todo
este reconhecimento externo está
intimamente ligado ao facto de
Coimbra ser identificada como um pólo
de excelência internacional na prestação
de serviços de saúde. A competência da
medicina portuguesa e da organização
da IDEALMED trouxe-nos convites de
distintos países: africanos, asiáticos e do
Médio Oriente».
A aposta é em equipamentos de
grande sofisticação e em soluções
mais evoluídas. Até ao final de 2014,
a IDEALMED, com serviços em todas
as áreas de diagnóstico e terapêutica,
continuará os projectos de parceria
com entidades em Xangai e Macau, a
que se juntará a IDEALMED-Unidade
Hospitalar de Cabo Verde.
A IDEALMED dispõe ainda das seguintes
unidades, localizadas na região Centro:
• IDEALMED Clínica Solum (Coimbra)
• IDEALMED Clínica Pombal
• IDEALMED Ponte Galante (Fig. da Foz)
• IDEALMED Clínica Cantanhede
• IDEALMED Sangalhos (Anadia)
IDEALMED-Unidade Hospitalar
de Coimbra em números:
40 especialidades clínicas
52 camas de internamento
22 camas destinadas a
acompanhantes
2 camas pediátricas
11 berços destinados à maternidade
e cuidados neonatais
5 blocos operatórios
26 salas de espera
124 gabinetes médicos
José Alexandre Cunha
CEO da IDEALMED
10. Edição N.º 1 VIDA-UP
2121SAÚDE20 SAÚDE
A OMS reconhece ainda que os
argumentos económicos são cada
vez mais críticos, pois apontam
para um peso dos cuidados com as
doenças crónicas, nos próximos 20
anos, de cerca de 50% do PIB global,
conduzindo para níveis de pobreza
milhões e milhões de pessoas.
Por outro lado, a conhecida
relação entre o envelhecimento
das populações, a morbilidade e
a prevalência da doença crónica,
com os custos do cuidar, marca
definitivamente um ponto de
viragem, com o estabelecimento
de uma Agenda com a máxima
prioridade nesta década,
envolvendo os sectores público e
privado, bem como a sociedade em
geral, na prevenção e controlo da
doença crónica.
Mais do que fixar-se numa única
intervenção, a gestão da doença
crónica é uma forma de coordenar
os cuidados e de assegurar que os
doentes tenham o apoio de que
necessitam, em tempo oportuno.
A evidência sugere que, em
oposição às intervenções isoladas
e descoordenadas, os cuidados
planeados, proactivos e coordenados
a todos os níveis podem conduzir
a uma melhor qualidade de vida, à
redução de cuidados supérfluos e a
melhores resultados de saúde para as
pessoas com doença crónica.
Só uma abordagem abrangente
e trans-sectorial pode reunir todos
os factores críticos de sucesso, sendo
essenciais os seguintes componentes:
utilização de sistemas de informação
para acesso a dados-chave dos
indivíduos e populações com a
doença (identificação, diagnóstico,
localização e distribuição geográfica);
estratificação da doença por
categorias de risco; utilização de
equipas multidisciplinares (especialistas
em medicina e em cuidados de
saúde primários, além de outros
profissionais); provisão de cuidados
em contexto menos intensivo e
de maior proximidade (cuidados
intermédios e apoio domiciliário);
e envolvimento dos doentes nos seus
próprios cuidados.
Uma eficiente gestão da doença
permite reduzir os custos de uma
utilização intensiva dos serviços
de saúde e está no topo das
prioridades do modelo preconizado
pela Sociedade Portuguesa de
Medicina Interna, pois é consistente
a evidência de que tais sobrecustos
não se traduzem num acréscimo de
qualidade assistencial.
Deste complexo dispositivo de
intervenções, pode sobressair a
ideia de uma iniciativa complexa
de custos elevados.
No entanto, as estratégias
de proximidade de cuidados,
recorrendo a sistemas
informatizados de telemedicina,
têm, inclusive em Portugal, a
demonstração de uma redução de
custos significativa e substancial para
o SNS. Esperemos todos contribuir
para este grande desafio!•
* Afiliação: Clínica Universitária de
MFR, Instituto de Medicina Molecular,
Faculdade de Medicina da Universidade
de Lisboa.
N
o início de uma
nova publicação
de cariz científico,
no essencial
dirigida aos muitos
portugueses
portadores de
limitações funcionais com impacto
na sua qualidade de vida, é uma
honra e é com muito prazer que
dirijo aos leitores a promessa de
uma correspondência assídua,
dando conta dos principais
problemas e das potenciais
soluções que, no nosso país,
têm sido desenvolvidas, ampliadas
e dirigidas à compensação
da mobilidade condicionada,
procurando, por todos os meios,
a autonomia e a integração social,
familiar e profissional.
Neste percurso, o foco será a
doença crónica, que representa
uma clara ameaça tanto para
as políticas de saúde como
para o crescimento económico,
sendo responsável por 63% das
causas de mortalidade nos países
desenvolvidos e por 80% nos
países de menor desenvolvimento
económico. Cerca de metade
destas mortes ocorre em anos
de vida produtiva, com os
consequentes efeitos indesejáveis
na produtividade global.
Uma eficiente
gestão da doença
permite reduzir
os custos de uma
utilização intensiva
dos serviços de
saúde...
SOCIEDADE
E DOENÇA CRÓNICA
A gestão da doença
crónica é uma
forma de coordenar
os cuidados e de
assegurar que os
doentes tenham
o apoio de que
necessitam, em
tempo oportuno.
ANABELA C. PINTO
Médica, PhD*
Edição N.º 1 VIDA-UP
11. 22 CIÊNCIA
Até hoje, o implante coclear tem sido o recurso mais
avançado para o tratamento da surdez profunda
bilateral em crianças e adultos – utilizado por mais
de 300 mil pessoas no mundo. Contudo, a captação
de sons mais subtis ainda é uma lacuna a ser
preenchida por estes implantes.
Os dispositivos são implantados em pacientes com perda
total ou da maioria das células ciliadas do ouvido, as que
detectam as ondas sonoras através de vibrações mecânicas
e as convertem em sinais eléctricos, captados pelos
neurónios do nervo auditivo e enviadas para o cérebro.
Os sons recuperados por meio destes aparelhos cocleares
tradicionais são «electrónicos».
Apesar de a corrente de implante coclear ser um dispositivo
biónico sofisticado, utiliza apenas 22 eléctrodos de platina
para estimular o nervo auditivo e, por conseguinte,
conseguir transferir informação de som para o cérebro.
Estes dispositivos fazem uma enorme diferença às pessoas
que os possuem, mas restauram apenas uma fracção da
audição normal.
A terapia genética tem-se mostrado promissora no combate
à perda de células na cóclea, contudo, uma das dificuldades
em utilizar a técnica é a de conseguir estimular os nervos
auditivos na cóclea, a parte auditiva do ouvido interno.
Recentemente, um grupo de investigadores da
Universidade de New South Wales, em Sydney (Austrália),
revelou uma nova forma de restaurar a audição perdida:
um implante coclear que ajuda a regenerar o nervo
auditivo por meio da terapia genética. Para testar a
técnica, os cientistas criaram um aparelho coclear que
contém uma pequena sonda com uma solução de DNA
composta pelo factor neurotrófico (BDNF) − proteína
usada para a regeneração de células humanas. Por meio
de correntes eléctricas emitidas pelo aparelho, implantado
em ratos modificados para ficarem surdos, foi possível
estimular os nervos auditivos dos animais.
A união da solução e dos impulsos eléctricos possibilitou
a regeneração do sentido nestas cobaias. «A transferência
do factor de crescimento do nervo estimula o crescimento
de fibras nervosas a partir das células que residem
na cóclea, aumentando muito a eficácia do ouvido
biónico», explica Mathias Klugmann, investigador do
Departamento de Fisiologia da Universidade de New
South Wales e um dos autores do trabalho, publicado
na edição de Maio (2014) da revista americana Science
Translational Medicine. Portanto, o grande avanço desta
terapia reside no sucesso do uso do próprio implante
coclear como um dispositivo para estimular a terapia
genética de forma mais eficiente para a cóclea.
A percepção auditiva conquistada pelos aparelhos
cocleares actuais não consegue recuperar o som de
forma completa, mas esta terapia australiana, caso
o desempenho se verifique também em humanos,
poderá alcançar esse efeito.
A técnica proposta pelos cientistas australianos também
traz esperanças para o tratamento de um leque amplo
de doenças, já que a solução de BNDF, combinada
com outras tecnologias, poderá regenerar células de
partes distintas do corpo humano. «Essa tecnologia
pode proporcionar tratamentos que melhoram outras
aplicações médicas, como implantes de retina (visão
biónica) e a estimulação profunda do cérebro, usada
para tratar a doença de Parkinson», indica Klugmann.
Um dos próximos passos da equipa australiana será
o de compreender detalhadamente o modo como
se dá a regeneração dos nervos auditivos, a fim
de aperfeiçoar a sua técnica de reconstituição.•
IMPLANTE COCLEAR
COM SOLUÇÃO
DE DNA
PROMETE RECUPERAR
AUDIÇÃO TOTAL
Por Alice Lopes da Costa
12. Edição N.º 1 VIDA-UP
2524
A Fundação PT acredita que, através
da promoção das tecnologias, aliadas
à inovação, é possível melhorar a
qualidade de vida das pessoas e das
comunidades onde actua e contribuir
para o desenvolvimento sustentável.
Esta é uma fundação privada
que concentra e concretiza o
investimento e os compromissos de
responsabilidade social da Portugal
Telecom. Promove e desenvolve
projectos e iniciativas de cariz
tecnológico, com forte impacto
social nas áreas da saúde, educação,
acessibilidade e inclusão digital
e voluntariado, trabalhando num
ecossistema de parcerias para a
construção de soluções inovadoras
e adaptadas às necessidades sociais
específicas, junto de universidades,
centros de investigação,
organizações não governamentais,
instituições particulares de
solidariedade social, fornecedores,
empresas e outras entidades.
Na área das acessibilidade e inclusão
digital, a Fundação PT conta com
uma vasta experiência, desenvolvida
ao longo de mais de duas décadas,
oferecendo soluções tecnológicas
para acesso a serviços de
telecomunicações e de comunicação
aumentativa para pessoas com
incapacidades. Este portfólio
distintivo e único é reconhecido
pelas comunidades ao nível nacional
e internacional.
A estratégia de desenvolvimento da
Fundação PT assenta na inovação,
na selecção dos parceiros mais
adequados e, sobretudo, no trabalho
de proximidade com os utilizadores
finais, o que permite oferecer
soluções especzíficas e adaptadas
às suas necessidades. Estas soluções
melhoram a qualidade de vida e
o bem-estar dos seus utilizadores,
possibilitando a sua inclusão social,
académica e profissional.
Entre as soluções disponíveis na área
da acessibilidade, destacam-se:
• PT Magic Eye, uma solução
tecnológica inovadora para acesso
ao computador;
• Academia de Língua Gestual
Portuguesa, uma academia online
bilingue – em português e língua
gestual portuguesa (LGP) – que, com
base em pequenos vídeos, ensina o
conceito e o respectivo gesto.
FUNDAÇÃOFUNDAÇÃO
PT MAGIC EYE
Trata-se de uma solução especial PT
que permite controlar um computador
a partir da detecção do movimento
dos olhos. Destina-se a pessoas que
estão impossibilitadas de utilizar o
teclado ou o rato. Através de uma
câmara de vídeo de alto desempenho,
é possível analisar o movimento dos
olhos e, assim, deslocar e controlar
o rato em todas as suas funções. Além
do controlo do computador, esta
solução pode incluir interfaces que
permitem o controlo ambiental, como
a iluminação ou a temperatura. Este
equipamento melhora a comunicação
e a autonomia, reforçando a qualidade
de vida e o bem-estar dos seus
utilizadores. O Magic Eye foi
concebido através de uma parceria
com o Instituto Politécnico da
Guarda, tendo sido desenvolvido
e testado junto de diversas
entidades que trabalham na
área da deficiência.
ACADEMIA DE LÍNGUA
GESTUAL PORTUGUESA
A Academia LGP é
uma academia online
bilingue (em língua
gestual portuguesa
e português), disponibilizada em
Sapo Vídeos – www.sapo.videos.pt/
academialgp. A partir de pequenos
vídeos online, esta academia bilingue
ensina a definição de diversos
conceitos disciplinares do currículo
escolar e introduz o respectivo gesto.
De fácil navegação e organizada por
disciplina e ano de escolaridade, a
Academia LGP conta já com mais
de cem vídeos online gratuitos, nas
áreas da Matemática, Físico-Química
e História e Geografia de Portugal.
Até ao final de 2014, ficarão
disponíveis cerca de 700 vídeos
alusivos a estas disciplinas e, ainda,
a Educação Visual e Tecnológica.
Está previsto o alargamento a todas
as áreas curriculares escolares. Os
conteúdos estão dirigidos aos alunos
e professores, surdos e ouvintes, do
2.º e 3.º ciclos do ensino básico.
Pela primeira vez, a comunidade
surda tem à sua disposição um
repositório alargado de conteúdos
pedagógicos e educativos,
desenvolvidos em directa ligação
com os currículos escolares.
Contribui-se, assim, para um
verdadeiro acesso dos surdos ao
currículo escolar nacional, através da
sua primeira língua e estabelecendo
sempre a ponte com o português
escrito e falado. A universalidade e
o carácter bilingue desta academia
permitem uma aproximação
efectiva entre a comunidade surda
e a não surda, favorecendo um
melhor conhecimento da língua
gestual portuguesa.
A Academia LGP possibilita
também a difusão de novos gestos
(neologismos), propostos para os
conceitos escolares apresentados,
e contribui para a manutenção da
LGP como uma língua viva, em
desenvolvimento e com importância
crescente nas comunidades de
expressão portuguesa. Este trabalho
de desenvolvimento da língua resulta
de um esforço conjunto de diversas
entidades, nomeadamente o Centro
de Educação e Desenvolvimento
Jacob Rodrigues Pereira, a Associação
Portuguesa de Surdos e a Federação
Portuguesa das Associações de Surdos.
O lançamento da Academia LGP
resultou do trabalho conjunto
e da parceria entre a Fundação
PT e o Centro de Educação e
Desenvolvimento Jacob Rodrigues
Pereira. O compromisso com a
acessibilidade, com a inclusão digital
e com a educação, bem como a
experiência e o know-how junto da
comunidade surda, foram factores
críticos para o sucesso deste projecto,
traduzido na criação de uma solução
adaptada e ajustada às necessidades.•
INCLUSÃO
DIGITAL
SOLUÇÕES
ESPECIAIS PT
Um mundo em que todos,
independentemente das
suas limitações, possam
aceder e beneficiar da
sociedade de informação
e conhecimento. Esta é a
visão da Fundação PT para
a área da acessibilidade e
inclusão digital.
13. 26 HEALTH CARE
turismo
para TODOSwww.accessibleportugal.com
Barra Talasso – Centro de Talassoterapia
da Nazaré é um equipamento com
uma forte componente terapêutica,
baseada na utilização da água do
mar como elemento de alto valor
medicinal, aliada à vertente de
bem-estar e combate ao stress. Está
em funcionamento desde Janeiro
de 2013.
Localizado na Marginal da Nazaré,
mesmo na praia, Barra Talasso é
um espaço totalmente dedicado à
promoção da saúde e do bem-estar
físico e mental. Os princípios activos
da água do mar e dos elementos
de base marinha (algas, argilas, ar
marítimo e sol), conjugados com
sofisticadas técnicas de tratamento
corporal, executadas por pessoal
qualificado, sob vigilância médica,
estão na base de uma vasta oferta de
serviços de talassoterapia, com fim
preventivo e curativo.
A água do mar contém sais minerais
e elementos químicos essenciais
para os seres vivos, e o seu uso num
ambiente controlado permite retirar
benefícios físicos para inúmeras
patologias. As propriedades do meio
marinho catalisam princípios activos
de remineralização, desintoxicação,
hidratação, oxigenação e tonificação
muscular, além de proporcionarem
uma sensação generalizada de
bem-estar.
As técnicas de talassoterapia são
particularmente indicadas para o
tratamento das seguintes patologias:
reumatismo e sistema osteoarticular,
afecções das vias respiratórias
superiores, doenças dermatológicas,
doenças neurológicas, sistema
circulatório venoso e linfático, stress,
ansiedade e distúrbios do sono. A
talassoterapia é ainda muito eficaz
no combate à obesidade e na
recuperação física pós-traumática.
RECUPERAR OS BANHOS QUENTES
SALGADOS
Barra Talasso é um investimento de
um grupo hoteleiro local, o Grupo
Miramar, que pretende recuperar a
tradição dos antigos banhos quentes,
que, durante décadas, atraíram
milhares de turistas à praia da Nazaré,
em busca de alívio para o reumatismo
através de tratamentos com água do
mar aquecida.
O Centro de Talassoterapia da Nazaré
é composto por uma zona colectiva
de piscina e duches, com água do
mar aquecida a temperaturas entre
os 32 ºC e os 36 ºC, uma zona para
administração individual de técnicas
de hidroterapia e por uma área seca,
composta por gabinetes dedicados
a tratamentos corporais e faciais. O
complexo disponibiliza ainda gabinete
médico, onde se efectuam as consultas
de prescrição e acompanhamento das
curas de talassoterapia.
No que respeita à arquitectura,
o edifício carateriza-se pela
simplicidade das linhas direitas
e inspira-se na cultura marítima
nazarena, destacando-se os
elementos decorativos dos alçados,
que remetem para as linhas das
proas dos barcos de pesca artesanal
e para as ondas do mar. No interior,
a principal preocupação prende-se
com o aproveitamento da localização
privilegiada, em pleno areal da praia,
de modo a que os clientes possam
usufruir da deslumbrante vista sobre
o mar, desde a zona de acolhimento,
na recepção, até aos gabinetes
individuais de hidroterapia, sem
esquecer a grande piscina dinâmica
de água oceânica.•
CENTRO DE TALASSOTERAPIA DA NAZARÉ
A SAÚDE QUE VEM DO MAR
Usada desde tempos imemoriais para combater diversos males, a talassoterapia
é um método natural de prevenção e de tratamento das chamadas «doenças da
civilização»: stress, ansiedade, fadiga extrema, dores crónicas e obesidade. É ainda
muito eficaz na diminuição dos sintomas associados ao reumatismo e às
doenças osteoarticulares, entre outras.
14. Edição N.º 1 VIDA-UP
2928 AJUDAS TÉCNICASAJUDAS TÉCNICAS
Desenvolver produtos inovadores,
que possam ir ao encontro das
necessidades ainda não satisfeitas,
é um dos lemas centrais da Invacare.
Neste âmbito, a investigação e
recolha de informações junto dos
utilizadores de produtos de apoio,
dos profissionais de saúde e dos
revendedores é crucial para a
concepção de novos produtos.
O ano de 2013 e o início de 2014
trouxeram várias novidades, entre
as quais destacamos a tecnologia
Invacare® iPortal™ Liberty e
a cadeira de rodas eléctrica
Invacare®Fox – inovadoras e
tecnologicamente revolucionárias.
TECNOLOGIA INVACARE® IPORTAL™
A tecnologia iPortal Liberty,
considerada um acessório para
cadeiras de rodas eléctricas,
permite ao utilizador aceder
e controlar dispositivos iOS,
smartphones, tablets Android e
computadores pessoais, através
do interface de controlo da sua
cadeira (joystick convencional,
comando de cabeça, comando
mentoniano...).
Num mundo cada vez mais
dependente das novas tecnologias,
onde o desejo de as pessoas
estarem conectadas em rede é
premente e o acesso à informação
crucial para estar integrado, a
tecnologia iPortal Liberty surge
como a última inovação que está
a mudar a vida de pessoas em
todo o Globo. Esta tecnologia é
particularmente importante para
utilizadores em cadeiras de rodas
eléctricas com limitada função
manual, que não conseguem operar
dispositivos multi-touch. Com o
iPortal Liberty, os utilizadores com
inexistente ou limitada função da
mão e membro superior poderão
aceder, por exemplo, a um iPhone
através do joystick da cadeira (sem
recurso ao interface multi-touch do
dispositivo iOS) para efetuarem
chamadas telefónicas, navegar
na Web ou no Facebook, ouvir
música, fazer vídeos e tirar
fotografias, ler ebooks, escrever
mensagens de texto e e-mails e
usar aplicativos.
O acesso à App Store torna-se
também uma janela de oportunidades
para lazer, educação e trabalho.
Podemos, assim, constatar que
o poder de integração do iPortal
Liberty é imenso e se traduz no
seguinte:
• Acesso a um dispositivo de
comunicação universal (iPhone,
iPad, smartphone, tablet) e não a
um produto de apoio desenvolvido
de forma adaptada para pessoas
com deficiência;
• Maior número de oportunidades
para estar conectado com
familiares e amigos, fortalecendo
os laços com os mesmos (acesso a
redes como Facebook, Twitter);
• Possibilidade de aceder às lojas
online, para efectuar compras de
forma simples, rápida e eficaz,
sem necessidade de sair de casa;
• Oportunidades ao nível educacional
e laboral. O acesso e controlo de
novas tecnologias é crucial para
acompanhar e desenvolver as
aprendizagens escolares e potenciar
propostas de trabalho;
• Auxiliar pessoas com dificuldades
de comunicação (incapacidade de
expressão verbal), que necessitam de
recorrer a Sistemas Aumentativos e
Alternativos de Comunicação (SAAC),
sendo a Grid um exemplo prático.
• Controlo ambiental, possível
através de aplicativos que
podemos descarregar através
da Web ou, em casos mais
complexos, controlo através
de sistemas de domótica.
Conforme se pode comprovar,
o potencial de funcionalidade
e autonomia do utilizador é
amplamente incrementado
através do iPortal Liberty.
CADEIRA DE RODAS ELÉCTRICA
INVACARE®FOX
Sob o mote «Construindo
flexibilidade através da inovação»,
é apresentada a cadeira de rodas
eléctrica Invacare Fox.
Flexibilidade na quantidade de ajustes
– posicionando confortavelmente o
seu utilizador – e na facilidade em
desmontar e transportar a Fox na
mala do automóvel, assim como
na forma como o eixo dianteiro
pendular se adapta a terrenos
irregulares, para manter as quatro
rodas em contacto com o chão.
Inovação pelo seu sistema de
encarte completamente distinto de
uma cruzeta convencional e que se
caracteriza por ter mais pontos de
ligação, incrementando a resistência
e durabilidade da cadeira. Inovação,
ainda, pela facilidade com que a
cadeira se transforma num trolley
para ser facilmente transportada
e arrumada. Inovação por toda
a «flexibilidade» demonstrada!
A Fox é uma cadeira de rodas eléctrica
de entrada de gama, completamente
revolucionária e desenhada para
maximizar a independência dos
seus utilizadores!•
A INOVAÇÃO
TORNA EXPERIÊNCIAS DE VIDA POSSÍVEIS
Dedicada ao consumidor e à inovação, a Invacare apresenta, para 2014, duas
revolucionárias novidades que irão mudar a sua vida – a tecnologia Invacare® iPortal™
Liberty e a cadeira de rodas eléctrica Invacare®Fox.
Invacare Corporation é um grupo
multinacional, com sede em Ohio,
Estados Unidos da América, líder
mundial na produção e distribuição
de produtos inovadores de cuidados
médicos – promovendo a recuperação
de estilos de vida activos –, sendo
a maior empresa do ramo ao nível
internacional. A Invacare emprega
cerca de 5400 colaboradores e
comercializa os seus produtos em
80 países.
A visão da Invacare é desenhar,
criar, produzir e fornecer o melhor
valor em produtos médicos, que
promovam a recuperação e um estilo
de vida activo para as pessoas que,
em casa ou em qualquer outro local,
necessitem de produtos de apoio.
Em Portugal, a unidade industrial da
Invacare está presente em Leça do
Balio (Porto), onde se produzem camas
articuladas, cadeiras de rodas
e elevadores de transferências para todo
o mundo. Dispõe ainda da Unidade
Comercial – incluindo serviços de
Marketing e Pós-Venda – que assegura
a distribuição e assistência, no território
português, de toda a gama Invacare.
A equipa em Portugal oferece suporte
comercial à rede de revendedores
e apoio técnico aos profissionais de
saúde que necessitam de conhecer
e aconselhar os produtos Invacare.
O portfólio de produtos é abrangente,
com uma ampla oferta de cadeiras
de rodas manuais, eléctricas, scooters
de mobilidade, auxiliares de marcha,
camas hospitalares, colchões e
almofadas para prevenção de úlceras
de pressão, produtos para banho
e higiene pessoal. Recentemente,
foi introduzida uma linha de
concentradores de oxigénio, com
soluções portáteis e estacionárias.
Com Integridade, Inovação, Liderança,
Excelência e Responsabilidade, os
colaboradores da Invacare enfrentam
o desafio diário de tornar experiências
de vida possíveis™ para as pessoas
com mobilidade reduzida.
15. Edição N.º 1 VIDA-UP
3130 REABILITAÇÃOREABILITAÇÃO
Que sinergias se estabelecem
entre as várias unidades de saúde
da Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa (SCML)?
As diversas unidades de saúde da
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
encontram-se alinhadas com a sua
filosofia, ao serviço das pessoas,
cooperando entre si sempre que
necessário, por forma a prestar a
melhor resposta a quem as procura.
O Centro de Medicina e
Reabilitação de Alcoitão
(CMRA) conquistou o estatuto
de instituição de saúde de
projecção mundial na prestação
de cuidados, acompanhamento,
desenvolvimento e investigação
na área da medicina física
e reabilitação. O que
tem sido feito para se ter
alcançado este estatuto?
A par do desenvolvimento de
instalações, da modernização de
equipamentos e tecnologias, o
CMRA tem assumido também
o compromisso de promover,
de forma continuada, o
desenvolvimento científico,
profissional e humano dos
profissionais de reabilitação.
Um compromisso que persegue
desde a sua fundação, em 1966,
na óptica da procura do melhor
tratamento para todos os que o
recorrem a este centro.
Qual o apoio da SCML na
formação de equipas de
profissionais e de investigação
nas áreas da reabilitação, de
forma a adequar os serviços
às necessidades da sociedade
actual?
A direcção da Santa Casa tem
prestado continuado apoio às
equipas no terreno, não deixando
de estar atenta e de investir,
sempre que necessário, na
melhoria das condições dos vários
equipamentos e serviços, tendo
em vista a prestação de um melhor
serviço aos utentes.
Considerando o aumento de
casos de AVC, está o CMRA
preparado ou tem capacidade
de resposta para os receber?
O Centro tem vindo a adaptar a sua
resposta às necessidades emergentes.
Relativamente ao crescente número
de casos de Acidente Vascular
Cerebral (AVC), a direcção da Santa
Casa decidiu, a título de exemplo,
investir na recuperação do 4.º
piso deste Centro, encontrando-
se actualmente em finalização as
respectivas obras. Este novo piso,
com 33 camas, destinar-se-á,
exclusivamente, a instalar uma nova
Unidade de Tratamento de AVC.
Além destas infra-estruturas, o
Centro tem investido na formação
específica da equipa multidisciplinar.
O CMRA está plenamente
adaptado às limitações físicas
dos utentes, oferecendo-lhes
condições de autonomia?
O CMRA teve, desde a sua
origem, o objectivo de ser um
centro de reabilitação para
pessoas com mobilidade reduzida
e portadoras de deficiência.
Deste modo, toda a arquitectura,
mobiliário, acessibilidades e
ambiente envolvente estão
totalmente acessíveis, mantendo-se
a sua arquitectura actual até aos
dias de hoje.
As famílias são o ponto-chave
para o sucesso da recuperação,
juntamente com os técnicos do
CMRA. Que apoios tem a SCML
programados para as famílias mais
carenciadas?
Prestar apoio a famílias mais
carenciadas é desde sempre a missão
da Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa − e do CMRA, em particular.
As situações são avaliadas caso a
caso e acompanhadas pelo serviço
social, que estuda e propõe apoios,
sempre que necessário. A título de
exemplo, sendo as ajudas técnicas
indispensáveis à autonomia dos
utentes, as mesmas são oferecidas
sempre que as famílias não reúnam as
condições necessárias para as adquirir.
Numa vertente de investigação,
a SCML fomenta alguma relação
entre o CMRA e as congéneres
internacionais? O que já foi
desenvolvido?
As relações internacionais são
bastante valorizadas no CMRA,
sendo, por isso, desenvolvidas
regularmente, através do contacto
mantido entre os seus profissionais
e entidades congéneres, em todo o
Mundo. A propósito, salienta-se que,
em 2014, entre 23 e 25 de Outubro,
se organizam as «VI Jornadas sob o
tema Intervir + Intervir = Reabilitar»,
que pretendem transmitir uma
mensagem assertiva acerca da
tónica inovadora que a SCML
deseja imprimir à actividade do
CMRA, associando a investigação
e a boa prática clínica para a
prestação de um serviço da maior
qualidade aos utentes.•
A directora clínica do Centro
de Medicina de Reabilitação
de Alcoitão da Santa Casa
da Misericórdia de Lisboa,
Maria de Jesus, Rodrigues, em
entrevista à VIDA-UP, diz que,
a par do desenvolvimento de
instalações, da modernização
de equipamentos e tecnologias,
o Centro tem «assumido
também o compromisso de
promover, de forma continuada,
o desenvolvimento científico,
profissional e humano dos
profissionais de reabilitação».
CENTRO DE ALCOITÃO
COM NOVA UNIDADE DE
TRATAMENTO DE AVC
ENTREVISTA | MARIA DE JESUS RODRIGUES, directora clínica do CMRA
Por Carlos Caldeira
Prestar apoio a famílias
mais carenciadas
é desde sempre a
missão da Santa Casa
da Misericórdia de
Lisboa...
16. Edição N.º 1 VIDA-UP
3332 CERTIFICAÇÃOCERTIFICAÇÃO
referem-se a um conjunto de
requisitos para que as pessoas
possam realizar (sem dificuldade
ou esforço excessivo) as acções de
passagem, percepção, localização
e comunicação – garantindo,
assim, a acessibilidade global nas
organizações (com acesso aos
produtos e serviços) e avaliando se
o ambiente é adequado para
a finalidade a que se destina.
ZONAS DE PASSAGEM
Os requisitos referentes às zonas
de passagem dão atenção às áreas
de circulação, de manobras, a
pavimentos e à iluminação. No caso
dos pavimentos, devem ser uniformes,
lisos, não escorregadios e fáceis de
limpar, com a existência de espaço
de manobras, sem obstáculos (portas
ou outras barreiras de separação)
e sempre com uma iluminação
adequada, sem mudanças bruscas
de intensidade. As portas devem ter
um mínimo de 80 cm de largura,
com uma altura de dois metros. Para
mudar de piso, deverá haver escadas
adequadas (inclinação uniforme e um
máximo de 10 degraus), rampas ou
até elevadores próprios.
PERCEPÇÃO
Os requisitos de percepção têm
o objectivo de facilitar as acções
na manipulação ou utilização de
mecanismos, objectos e produtos
com que o utilizador tenha de
interferir, como pegar num objecto,
acender um interruptor, tirar uma
senha para atendimento, uso de
corrimão, transportes rodoviários,
etc. Assim, todas estas acções têm
de estar ao alcance de todos.
LOCALIZAÇÃO
Os requisitos para a localização
referem-se à acção para encontrar
o lugar certo em que está algo
ou alguém ou para facilitar a
orientação e localização de lugares
e objectos que intervenham
neste processo, nomeadamente a
localização de pessoal qualificado. Em
termos gerais, consideram-se aqui a
sinalização visual, acústica e táctil,
que poderá ser de orientação ou
informação (saídas de emergência,
por exemplo).
COMUNICAÇÃO
Na comunicação, os requisitos são a
acção de intercâmbio da informação
necessária para o desenvolvimento
de uma actividade. A comunicação
poderá ser não interactiva (painéis,
outros meios de comunicação
gráfica ou escrita, sinais luminosos,
acústicos e tácteis), interactiva, que
é interpessoal (o apoio ao cliente,
verbal ou sinais), ou unidireccional,
como é o caso dos teclados, avisos
sonoros ou braille.
O Sistema de Gestão da Acessibilidade
Global faz com que se cumpram
os requisitos DALCO anteriormente
mencionados no espaço estabelecido
e definido segundo a Norma 170001,
ou seja, aplicados no local onde a
organização presta os seus serviços.
O Sistema de Gestão desta norma
inclui uma melhoria contínua da
gestão, com enfoque em todos
os processos e nos utilizadores,
assim como o compromisso de
cumprimento de todas as regras legais,
regulamentos e normas existentes.
Existem requisitos gerais e
documentais. Os gerais são todos
aqueles que definem as actividades
e os utilizadores, nomeadamente
definem objectivos para satisfazer
os requisitos DALCO no tempo
e nas acções, assegurando os
recursos existentes, medindo o grau
de satisfação dos utilizadores e
implantando sempre melhorias.
Os requisitos documentais
referem-se a toda a política e
objectivos de acessibilidade
definidos e requeridos pela norma.
A responsabilidade tem de ser
geral, isto é, tem de implicar um
compromisso por parte da direcção
e a existência de uma política de
acessibilidade global definida, ou
seja, uma forte decisão estratégica.
A gestão dos recursos, tanto os
humanos como a infra-estrutura,
tem de ser assegurada. A planificação
da acessibilidade global no seu
todo tem de ser cumprida com
base na legislação existente, e os
produtos ou serviços têm de estar
em consonância com os requisitos
DALCO. Por fim, terá de haver uma
auditoria e adaptações de melhoria
dos procedimentos gerais, medindo
e analisando o desempenho e as
necessidades, de forma a desfrutar em
pleno dos serviços e valias da norma.
Em suma, trata-se de oferecer um
conjunto de políticas, objectivos,
planificação, recursos e análises que
permitam incorporar o conceito
de acessibilidade global na gestão
do dia-a-dia da organização. Os
benefícios que daí advêm são
inúmeros, como uma optimização
de recursos, reconhecimento
social, diferenciação no mercado e
notoriedade da organização, que
assume um compromisso social – a
integração de todos os que têm
mobilidade reduzida.•
A informação acerca
da Norma 170001
foi facultada pela
Bureau Veritas.
A
acessibilidade
refere-se a distintas
dimensões da
actividade humana,
como deslocar,
comunicar,
alcançar, entender
e utilizar. Garantir a acessibilidade
implica que estas actividades possam
ser desenvolvidas por qualquer
pessoa, sem encontrar qualquer tipo
de barreiras.
A Norma de Acessibilidade Universal,
UNE 170001, aplica-se a qualquer tipo
de organização que vise a garantia da
igualdade de oportunidades no acesso
e utilização do ambiente envolvente
(nomeadamente, lugares, edifícios,
estabelecimentos e instalações), onde
a sua actividade é realizada. Neste
âmbito, a certificação desta norma
reconhece que o Sistema de Gestão
de Acessibilidade Global adoptado
por uma determinada organização
garante a todas as pessoas –
independentemente da idade,
sexo, origem cultural ou nível de
mobilidade – a mesma possibilidade
de acesso ao local e de desfrutar
dos serviços prestados, com a maior
autonomia possível. A Acessibilidade
Global vai além da eliminação das
barreiras arquitectónicas.
Sob o título geral de Acessibilidade
Universal, a Norma UNE 170001 é
formada pelos critérios DALCO, que
visam facilitar a acessibilidade ao meio
envolvente, e pelo Sistema de Gestão
da Acessibilidade Global.
Com o cumprimento dos requisitos
DALCO da Norma UNE 170001, a
organização estará preparada para
garantir que é acessível, sendo
que essa acessibilidade não é
apenas ocasional, mantendo-se ao
longo do tempo. Esses requisitos
resumem-se em quatro grandes
grupos: Deambulação/andar,
Apreensão/percepção, Localização
e Comunicação.
Os requisitos DALCO destinam-se a
todas as organizações que aspiram
a aumentar a acessibilidade global,
em conjunto com a satisfação do
cliente, através da aplicação eficaz
do sistema. Pode candidatar-se
qualquer organização que pretenda
tornar o seu local de trabalho num
lugar acessível para todos ou cujas
actividades se realizem em locais
com afluência de público, como
hotéis, restaurantes, lojas, museus,
universidades, hospitais e centros
de atendimento. Além de facilitar o
cumprimento da legislação, cada vez
mais rigorosa nas organizações, os
requisitos DALCO ajudam a optimizar
os recursos humanos e favorecem um
clima laboral positivo.
No caso de determinada situação
não ir ao encontro de uma das
condições de acessibilidade DALCO,
a organização deverá colocar à
disposição do utilizador uma solução
alternativa, com o mesmo nível de
benefícios e dignidade.
Os critérios para a acessibilidade
global, subjacentes à DALCO,
A Acessibilidade
Global vai além
da eliminação
das barreiras
arquitectónicas...
CONCEITO DE ACESSIBILIDADE GLOBAL
ANÁLISE DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS DA
NORMA UNE 170001
17. Edição N.º 1 VIDA-UP
3534 RESPONSABILIDADE SOCIALRESPONSABILIDADE SOCIAL
A
responsabilidade
social das
empresas é um
conceito novo
mas consolidado
em Portugal,
adoptado
pela maioria das empresas
internacionais com sede no nosso
país e implementado, de modo
crescente, pelo sector empresarial
português.
Apesar da heterogeneidade das
suas manifestações e do diferente
grau de maturidade e abrangência,
a efectivação dos quatro pilares
(económico, social, ambiental
e cultural) é uma realidade
transformadora e que em muito
contribui para o desenvolvimento
harmonioso da sociedade.
É justo, por isso, valorizar o papel
que as empresas têm vindo a
desenvolver, mesmo em conjuntura
de adversidade, na promoção da
riqueza e criação de emprego, no
envolvimento da comunidade,
na defesa do ambiente e na
salvaguarda dos valores culturais.
Enquanto investidoras e parceiras,
as empresas garantem, neste
momento, a realização de muitos
projectos e iniciativas, de elevado
interesse para a sociedade, que
de outra forma não aconteceriam.
Evoluindo de uma atitude
filantrópica ou comercial para
uma abordagem cada vez mais
sustentada e alinhada com
o próprio negócio, o sector
empresarial vem reforçando a
sua contribuição para a coesão
social e para o desenvolvimento,
entendido numa perspectiva
holística.
Neste sentido, a sua perspectiva
não pode ser ignorada quando
se reflecte sobre algumas questões
cruciais da contemporaneidade
e a sua experiência não pode ser
esquecida quando se desenham
políticas sociais em matérias
como a conciliação trabalho e
família, igualdade de género,
prevenção da violência, promoção
do envelhecimento activo,
combate ao sobreendividamento,
empregabilidade e muitas outras.
O território da empresa é um
território fértil para o aparecimento
de necessidades sociais e também
um excelente laboratório de medidas
para a sua resolução. Muitas das
empresas portuguesas que integram
o GRACE (Grupo de Reflexão e
Apoio à Cidadania Empresarial) têm
vindo a investir na responsabilidade
social interna e no estabelecimento
de parcerias virtuosas com entidades
da economia social, em prol do
bem-estar dos seus colaboradores
e familiares, bem como da
comunidade envolvente.
Enquanto maior organização de
responsabilidade social, o GRACE
apoia as suas empresas associadas
no desenvolvimento de programas
que permitem estabelecer relações
mais duradouras com as demais
estruturas da sociedade civil e
actua, pedagogicamente, no
sentido de sensibilizar dirigentes e
trabalhadores para a mais-valia de
ajudar a construir uma sociedade
mais justa e coesa.
As questões da mobilidade, da
promoção de uma perspectiva
inclusiva e universal, são um dos
nossos desafios, que originaram
já a produção do guia As
organizações, a diversidade e a
inclusão e justificaram a atribuição
do troféu Boas Práticas no Mundo
do Trabalho, na IV Gala da
Inclusão, promovida pelo Instituto
Politécnico de Leiria.
As empresas podem dar um
extraordinário exemplo ao
implementarem boas práticas,
testarem novas políticas, financiarem
iniciativas inovadoras e partilharem
o seu know how em prol de uma
actividade social mais eficaz e
sustentável.
Considero, por isso, que as empresas
deveriam poder integrar as redes
sociais, ter assento nas estruturas
consultivas em matéria social
(voluntariado, envelhecimento,
combate à pobreza) e fazer ouvir
a sua voz, como construtoras de
uma sociedade que se pretende mais
harmoniosa e justa.•
COMO PODEM AS EMPRESAS
CONTRIBUIR PARAADEFINIÇÃO
DEPOLÍTICASSOCIAIS?
PAULA GUIMARÃES | Presidente do GRACE, em representação do Montepio
Como forma de promover
o desenvolvimento e coesões
sociais, as empresas têm à sua
disposição diversas iniciativas.
A título de exemplo, refiro
duas parcerias que o GRACE
estabeleceu: uma delas, com a
Cáritas Portuguesa, a plataforma
In Spira, que pretende combater
o desemprego +45 anos; e outra,
com o ACIDI, através do projecto
ENGAGE, direccionado para a
inclusão da população imigrante.
O GRACE está igualmente a
finalizar o guia Como mobilizar
as empresas para projectos
sociais, ferramenta fundamental
para aproximar as entidades
do terceiro sector ao sector
empresarial.
As questões da mobilidade, da
promoção de uma perspectiva
inclusiva e universal, são um dos
nossos desafios, que originaram
já a produção do guia As
organizações, a diversidade
e a inclusão...
18. Edição N.º 1 VIDA-UP
37CIDADES E VILAS36 CIDADES E VILAS
Deste programa nacional
abrangente, surgiram duas
gerações de planos de Promoção de
Acessibilidade, aos quais aderiu cerca
de um terço dos municípios e que
permitiram orientações específicas,
que irão dotar os seus territórios de
melhores condições de acessibilidade
para Todos, envolvendo tanto acções
materiais como imateriais.
Mais recentemente, a revisão do Plano
Estratégico Nacional do Turismo para
2013-2015 introduz a componente da
acessibilidade para Todos, inexistente
no documento que o precedeu. Tornar
Portugal num destino acessível para
todos, tal como refere o Plano, é,
agora, também um objetivo a atingir,
como forma de criar um destino
turístico acessível. Para tal, propõe-se
o desenvolvimento de um conjunto
de actividades que permitirão
qualificar recursos humanos, melhorar
as condições de acolhimento de
turistas com mobilidade reduzida e
prestar melhor informação sobre a
acessibilidade das infra-estruturas e
serviços turísticos do Destino Portugal.
Na última década, para lá da entrada
do tema na agenda política, como
também comprova a instituição
do Ano Europeu das Pessoas com
Deficiência, pela Comissão Europeia,
em 2003, paralelamente, em
Portugal, nascia um projecto pioneiro
em matéria de acessibilidade,
a Rede Nacional de Cidades e
Vilas com Mobilidade para Todos
(REDE). Lançado pela Associação
Portuguesa de Planeadores do
Território, este projecto constituiu-
se como um grande desafio
lançado a todos os municípios que,
livremente, tiveram a coragem de
iniciar um processo em prol da
construção de cidades acessíveis
a todos, identificando problemas
existentes no seu espaço público
e propondo a sua eliminação de
forma faseada no tempo.
Decorridos cerca de dez anos desde
o lançamento da REDE, o Instituto
de Cidades e Vilas com Mobilidade
(ICVM) desenvolveu o Certificado de
Acessibilidade, com o objectivo de
desenvolver o atlas da acessibilidade,
identificando os lugares, públicos ou
privados, que sejam verdadeiramente
acessíveis e divulgando-os numa
plataforma de informação online.
Esta plataforma, importante também
em termos turísticos, permite aos
cidadãos organizar a sua viagem
ou a simples deslocação aos locais
auditados, bem como a criação de
produtos diferenciadores dos demais,
incrementando a atractividade e
competitividade dos seus serviços.
Em 2013, fruto da necessidade de
rentabilização dos escassos recursos
financeiros, o ICVM cria e desenvolve
a Rede de Cidades e Vilas de
Excelência. Só o trabalho em rede
possibilitará, com as actuais condições,
o desenvolvimento no quadro das
diminutas possibilidades financeiras.
A Rede Cidades e Vilas de Excelência
desafia, assim, os municípios a
executarem acções de baixo custo
mas de rendimento máximo, num
horizonte temporal de quatro anos,
em temáticas como a acessibilidade,
o turismo, a regeneração urbana ou a
mobilidade amigável.
Ter um território de excelência é um
desígnio de futuro. Ter um território
de excelência é vê-lo projectado
económica, social e culturalmente para
níveis de optimização ímpares.
PROGRAMAS, PROJECTOS E FUNDOS
ESTRUTURAIS: OPORTUNIDADES QUE
NÃO SE PODEM PERDER
Falar em transformação do território
é impossível sem referenciar as
câmaras municipais, motor do
desenvolvimento, os gestores e
empreendedores principais dos
territórios. Contudo, em época de
profunda crise económica mundial,
todas as questões relacionadas
com a acessibilidade e mobilidade
para todos surgem com particular
importância, pois são também uma
questão de sustentabilidade social e
dos territórios.
Os municípios portugueses têm,
hoje, menor disponibilidade
financeira para efectuar projectos
e obra, para construir e requalificar
o seu espaço público e edificado,
sendo, por isso, imperativo utilizar
os escassos recursos de forma
acertada. Será, pois, de extrema
importância que todos os novos
projectos incorporem o desenho
universal, o desenho que serve todos
os cidadãos.
Uma enorme oportunidade
será aproveitar o novo ciclo de
fundos comunitários que estão
para chegar – Portugal 2020.
Nestas novas oportunidades de
investimento, não se pode perder
o desafio inequívoco de construir a
pensar em Todos. Será determinante
o acompanhamento e avaliação da
aplicação desses fundos comunitários
em matéria de acessibilidade, sob
pena de, irrecuperavelmente, se
perder uma enorme oportunidade
de Portugal 2020 também ser
para Todos. Esperemos que essa
exigência faça parte da avaliação
dos projectos em causa.•
A
s (i)mobilidades
que desenham os
territórios são uma
problemática do
desenvolvimento
sustentado das
economias.
Por isso, torna-se urgente e
obrigatório fazer planeamento,
desenvolvimento e gestão
corrente da mobilidade nas escalas
nacional, regional e local, sentida
e fiscalizada pelos diversos agentes
que participam na sociedade.
Para as pessoas com mobilidade
reduzida, a vivência diária nas
nossas cidades e vilas pode ser um
verdadeiro desafio. As barreiras
existentes são diversas e, apesar
de as mais visíveis serem as físicas,
urbanísticas e arquitectónicas, muitas
outras existem, como as psicológicas
e as da informação e comunicação.
A Acessibilidade para Todos significa
poder usar os equipamentos e os
serviços turísticos, havendo oferta
de serviços e actividades orientadas
para o gosto e a preferência das
pessoas com mobilidade reduzida. A
eliminação das barreiras urbanísticas
e arquitectónicas no território deve
ser um desígnio dos nossos tempos.
PORTUGAL PARA TODOS: ACTUAR
PARA ALCANÇAR ESTE DESÍGNIO
Há, hoje, uma maior sensibilidade
nos agentes do sector – técnicos,
arquitectos e engenheiros.
Aplica-se, de facto, o D-L n.º
163/06, de 8 de Agosto, com maior
atenção e zelo, também um reflexo
da entrada na agenda do design
inclusivo. Os políticos deram um
contributo importante nesse sentido,
accionando mecanismos internos e
externos que integraram esta nova
preocupação, particularmente nas
políticas urbanas locais
Os sucessivos governos têm envidado
esforços para inverter a actual situação
nestas matérias. Desde logo, importa
mencionar a criação do Plano Nacional
de Promoção da Acessibilidade,
por meio do qual se procedeu à
sistematização de um conjunto de
medidas para proporcionar às pessoas
com mobilidade condicionada ou
dificuldades sensoriais a autonomia,
a igualdade de oportunidades e a
participação social a que têm direito
como cidadãos.
ACESSIBILIDADE PARA TODOS
O ESTADO DA NAÇÃO Ter um território
de excelência é
vê-lo projectado
económica, social
e culturalmente
para níveis de
optimização
ímpares.
PAULA TELES
Professora universitária
Presidente do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade
19. 38
Edição N.º 1 VIDA-UP
ASSOCIAÇÃO 39ASSOCIAÇÃO
E
m Agosto de 1998,
depois de regressar de
uma noite de copos
com os amigos, tive um
acidente de mota. O
consumo de álcool e a
fadiga foram fatais e,
depois de seguir em frente numa
rotunda, o acidente foi inevitável...
As suas consequências também.
Fiquei tetraplégico com apenas
16 anos. A partir desse dia, tudo
mudou na minha vida, das coisas
mais simples às mais complexas. E
até os sonhos mudaram!
Não baixei os braços. Foquei-me na
minha recuperação e empenhei-me
na minha formação. Ao longo desta
etapa, fui-me cruzando com imensas
pessoas com dificuldades tão ou mais
graves do que as minhas.
Em 2003, decidi criar a Associação
Salvador, com a missão de promover
a integração das pessoas com
deficiência motora na sociedade e
melhorar a sua qualidade de vida.
Os projectos da Associação Salvador
assentam em três áreas distintas:
Integração, Acessibilidades e
Sensibilização.
Neste artigo, vou focar a área das
Acessibilidades. A acessibilidade,
ou a falta dela, foi uma das
preocupações de sempre da
Associação Salvador. Em 2008,
criámos o site Portugal Acessível.
Pretende-se que seja o guia
português de referência, com
informação relativa à acessibilidade
física em diferentes tipos de
espaços, como hotéis, restaurantes
e monumentos, entre outros. A
pretexto deste projecto, visitamos
localmente todos os espaços,
para entrarmos em contacto com
os seus responsáveis e para os
sensibilizar para a importância
de promover as acessibilidades.
Neste momento, o site apresenta
informação sobre mais de 3500
espaços em Portugal Continental,
incluindo dez itinerários acessíveis.
Em 2013, lançámos também a
aplicação para telemóvel Portugal
Acessível Mobile, disponível
para os sistemas iOS, Android e
Windows Phone.
Em 2010, após várias reuniões e muito
esforço de nossa parte, conseguimos,
junto da Câmara Municipal de Lisboa
(CML), a emissão de 50 licenças para
que pudessem circular os primeiros
táxis adaptados em Lisboa.
2012 foi o ano em que ganhámos,
em parceria com ACAPO, ACA-M,
ADFA, ANACED, APEDV, FPDD,
Fundação LIGA e Gulliver, o Projecto
Lisboa Acessível, que havíamos
submetido a voto através do
Orçamento Participativo da CML.
Foram destinados a este projecto 500
mil euros, destinados, por exemplo,
a remover obstáculos e a adaptar
passeios e passadeiras. No fundo,
para tornar pedonalmente acessível
o percurso entre Entrecampos e o
Marquês de Pombal. As obras ainda
não tiveram início, mas estamos
empenhados na sua realização,
reunindo regularmente com
responsáveis pelo projecto na CML,
para obter respostas e informações
acerca do que está a acontecer, dando
o nosso parecer.
No início de 2014, foi aprovado, no
Município e respectiva Assembleia,
o Plano de Acessibilidade Pedonal
da Câmara Municipal de Lisboa.
O Plano é um documento que
apresenta as necessidades de
intervenção na cidade de Lisboa,
para que a cidade se torne cada vez
mais acessível. Apresenta projectos
e conceitos, comprometendo-se com
datas e valores. Desde a primeira
hora, demonstrámos que não
pretendemos que este plano seja
apenas mais um estudo.
Queremos que passe do papel
para o terreno! E queremos que
aconteça nas devidas condições
e que sirva a todos – aliás, as
acessibilidades são essenciais para
toda a população, dos idosos aos
pais com carrinhos de bebés…
Desta forma, propusemos à CML
a criação de uma Comissão de
Acompanhamento à Execução do
Plano de Acessibilidade Pedonal
da Cidade de Lisboa, da qual
orgulhosamente fazemos parte
Queremos saber o que se vai fazer,
quando e onde.
Queremos que o conceito de
acessibilidade descentralize desde
os técnicos que elaboraram o plano
até aos que o porão em prática, no
terreno. Para isso, demonstramo-
nos disponíveis para estar na rua,
fazendo os acompanhamentos
necessários – para que, assim,
possam, também eles, perceber
as nossas dificuldades e o que
se pretende exactamente com a
melhoria das acessibilidades.
De futuro, continuaremos como
sempre: empenhados na melhoria
das acessibilidades e intervindo
sempre que oportuno.•
A melhoria das acessibilidades implica uma necessária descentralização de
perspectivas, por parte de quem toma decisões. É o que lembra o fundador da
Associação Salvador. E mais: o assunto é do interesse de todos, a começar nos pais
que empurram carrinhos de bebé…
Decidi criar
a Associação
Salvador, com a
missão de promover
a integração das
pessoas com
deficiência motora
na sociedade e
melhorar a sua
qualidade de vida.
Não baixei os braços.
Foquei-me na
minha recuperação
e empenhei-me na
minha formação.
ACESSIBILIDADES
É TEMPO DE PASSAR DO PAPEL AO TERRENO
SALVADOR MENDES DE ALMEIDA
Presidente da Associação Salvador
20. Edição N.º 1 VIDA-UP
41DECORAÇÃO
ESPAÇO ACESSÍVEL
SEGURO PARA CRIANÇAS, ADULTOS, IDOSOS E DEFICIENTES
N
esta primeira edição
da VIDA-UP,
gostaria de realçar
a importância da
decoração acessível,
nas suas variadas
vertentes. A decoração de um
espaço acessível considera as
várias etapas da vida de um ser
humano e diversos tipos
de utilizadores, sejam portadores
de deficiência (com mobilidade
reduzida) ou não – um bebé,
um idoso ou diferentes perfis
de visitantes.
Por espaço acessível entendo
o resultado de uma decoração
de interiores que, por si,
proporcione todas as condições
de segurança, acessibilidade
e autonomia a diferentes
utilizadores, em quaisquer
circunstâncias. Tal implica, além
de uma concepção estética, uma
perspectiva ergonómica do espaço
(tendo em conta a diversidade
humana e as suas características
antropométricas e sensoriais),
de modo a tornar os espaços
mais seguros e confortáveis.
Num projecto de decoração deste
tipo, é impensável criar ambientes
com dimensões desproporcionadas
ou objectos aleatoriamente
expostos... Os objectos devem estar
ao alcance dos utilizadores (sentados
ou em pé), as mesas de centro
devem ser redondas e com espaço
à sua volta para livre circulação
e, ao adquirir objectos ou
equipamentos, deve-se ter sempre
em conta o aspecto ergonómico.
Consideremos, como exemplo,
um quarto com cerca de 10 m².
Aqui, podemos conjugar o espaço
de forma harmoniosa, utilizando
peças simples e expostas de maneira
a que uma cadeira de rodas ou
um carrinho de bebé circule
com facilidade no quarto. Uma
forma de organização acessível
poderá ser a seguinte: a cama
ao centro; as mesas-de-cabeceira
preferencialmente fixadas à parede;
uma bancada suspensa e fixa
(com iluminação interior), numa
das paredes laterais do quarto,
permitindo com facilidade o encaixe
de uma cadeira de rodas; o armário
deverá ter um sistema eléctrico
que permita ao utilizador colocar
e retirar com facilidade as roupas.
Sugiro cores claras, que conferem
maior amplitude e luminosidade
ao ambiente. A utilização de papel
de parede tornará o quarto mais
quente e confortável.
Ao longo da vida, as necessidades
do ser humano evoluem,
sobretudo em função da faixa
etária que se atravessa. Se a
decoração já tiver previamente
em conta estes e outros factores,
assentando numa base neutra,
tornar-se-á menos dispendiosa
a prazo e, claro, mais duradoura.•
Por espaço acessível
entendo o resultado de
uma decoração
de interiores que, por
si, proporcione todas as
condições de segurança,
acessibilidade e
autonomia...
OPINIÃO | Decoradora de interiores
MARINA HALLÉN DE BAIRROS
hallen26@gmail.com
Algumas ideias práticas, para
maior conforto e segurança:
• Evitar móveis «escaláveis» nos
quartos de criança:
• Evitar armários altos;
• Escolher mesas sem cantos
rectos;
• Escolher estofos e colchões
firmes, que facilitem o erguer
da pessoa;
• Ter em conta a altura média das
camas (0,46 m).
41PUB