O documento discute regras de concordância verbal e nominal em português. Apresenta casos de concordância com sujeitos simples e compostos, e regras específicas para verbos como "haver", "fazer" e "ser". Explica também o uso do infinitivo e formas verbais como a voz passiva.
2. Concordância verbal
• Concordância é a igualdade de gênero e
número entre o substantivo e adjetivo, artigo,
numeral, pronome e igualdade de número e
pessoa entre o verbo e o sujeito
• A concordância é verbal quando o verbo se
flexiona para concordar com seu sujeito.
3. (EU)
Assumo meus inúmeros erros.
(NÓS)
Assumimos nossos inúmeros erros.
Toda pessoa sensata assume os próprios erros.
Sujeito de 3ª pessoa do
singular Verbo concorda com 3ª p. do sing.
4. Regra básica: verbo concorda com o sujeito
Governo decide manter redução de IPI para
veículos
Cornetas insuportáveis serão mantidas na
Copa das Confederações.
5. Sujeito composto anteposto ao verbo
Pai e filho conversaram longamente.
Pais e filhos devem conversar com
frequência.
6. Devido ao uso limitado das formas verbais
de segunda pessoa do plural (vós) no
português atual, tem surgido com bastante
frequência a concordância:
Tu e teus colegas formarão um belo time de
futebol.
Já aceita por grande parte dos gramáticos
como legítima.
7. Sujeito composto posposto ao verbo
Duas possibilidades de concordância
Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência.
Pouco falaram o presidente e os ministros.
Pouco falou o presidente e os ministros.
O presidente e os ministros falaram pouco.
8. Quando há reciprocidade, no entanto, a
concordância deve ser feita no plural.
Agrediram-se o deputado e o senador. (isto é,
agrediram um ao outro)
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. (isto é,
ofenderam um ao outro)
10. Expressões partitivas
Parte de, uma porção de, o grosso de,
metade de, a maioria de, a maior parte de...
Duas possibilidades de concordância
A maioria dos jornalistas aprovou a idéia.
A maioria dos jornalistas aprovaram a idéia.
11. Expressões que indicam
quantidade aproximada
Quando o sujeito é formado por uma
expressão partitiva (cerca de..., mais de...,
menos de..., perto de...) seguida de um
substantivo ou pronome no plural, o verbo
concorda com o substantivo.
Cerca de vinte corpos foram resgatados dos
escombros.
Perto de quinhentas pessoas compareceram à
cerimônia.
Mais de um atleta estabeleceu novo recordo nas
últimas Olimpíadas.
12. Quando a expressão mais de um se associar
a verbos que exprimem reciprocidade ou for
repetida, o plural é obrigatório:
Mais de um parlamentar se ofenderam na
tumultuada sessão de ontem. (=ofenderam um ao
outro).
Mais de um casal, mais de uma família já
perderam qualquer esperança num futuro melhor.
13. Quais de nós / quais de vós
Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
muitos, quaisquer, vários) seguido de de (ou
dentre) nós (ou vós), o verbo pode concordar com
o primeiro pronome (na terceira pessoa do plural)
ou com o pronome pessoal.
Quais de nós são / somos capazes?
Vários de nós propuseram / propusemos
sugestões inovadoras.
14. Observe que a opção por uma ou por outra
forma indica a exclusão ou inclusão de quem
fala ou escreve.
Quando alguém estabelece a concordância
“Muitos de nós sabíamos de tudo e nada
fizemos”, está-se incluindo num grupo de
omissos, o que não ocorre com a
concordância:
“Muitos de nós sabiam de tudo e nada
fizeram”, que soa como uma denúncia.
15. Nos casos em que o
interrogativo ou indefinido
estiver no singular, o verbo
ficará no singular:
Qual de nós sabia de tudo?
Algum de vós fez isso.
16. Plural aparente
Quando o sujeito é um plural
aparente, ou seja, é uma palavra ou
expressão com forma de plural, mas
sentido de singular, o verbo concorda
no singular.
Flores não recebe mais acento.
Nós é um pronome pessoal do caso
reto.
17. Nomes próprios
A concordância deve ser feita levando-se
em conta a ausência ou presença de
artigo.
Minas Gerais produz queijo e poesia
de primeira.
As Minas Gerais são inesquecíveis.
18. Porcentagens
Quando o sujeito for indicação de uma
porcentagem seguida de substantivo, o
verbo pode concordar com o numeral ou
com o substantivo.
25%do orçamento do país deve
destinar-se/devem destinar-se à
educação.
85% dos entrevistados declararam sua
insatisfação com o prefeito.
1% da classe recusou-se a colaborar.
1% dos alunos recusou-se/recusaram-se
a colaborar.
19. Pronome relativo QUE
Quando o sujeito é o pronome relativo que, a
concordância em número e pessoa é feita
com o antecedente desse pronome.
Fui eu que paguei a conta.
Fomos nós que pintamos o muro.
20. Expressão “um dos que”
Plural
Se você é um dos que admiram o escritor,
certamente lerá seu novo romance.
(Há muitos gramáticos que consideram
aceitável também a concordância no singular)
21. Pronome relativo quem
Duas opções: verbo na terceira pessoa ou
em concordância com o antecedente do
pronome.
Fui eu quem pagou a conta.
Fui eu quem paguei a conta.
Fomos nós quem pintou o muro.
Fomos nós quem pintamos o muro.
23. Núcleos sinônimos
Quando os núcleos do sujeito composto são
sinônimos ou quase sinônimos ou
estabelecem uma gradação, o verbo pode
concordar no singular:
O desalento e a tristeza minou-lhe/minaram-lhe
as forças.
Um acento, um gesto, uma palavra, um estímulo
faria/ fariam muito por ele.
24. Núcleos unidos por ou ou nem
Quando os núcleos do sujeito composto são
unidos por ou ou nem, o verbo no plural
indica que a declaração contida no
predicado pode ser atribuída conjuntamente
a todos os núcleos:
Um sorriso ou uma lágrima o tirariam
daquela incerteza.
Nem poder, nem dinheiro o corrompiam.
25. O verbo no singular com esse tipo de sujeito
indica alternância ou mútua exclusão.
Milão ou Berlim sediará a próxima Olimpíada.
Nem você nem ele será o novo representante da
classe.
Com a expressão um outro e nem um outro, a concordância costuma
ser feita no singular, embora plural também seja praticado. Com a
locução um e outro, o plural é mais frequente, embora também se use
o singular. Não há uniformidade no tratamento dado a essas
expressões por gramáticos e escritores. Em todos esses caos, parece
razoável adotar o mesmo procedimento usado com outros sujeitos
unidos por e, ou e nem.
26. Núcleos unidos por com
Quando os núcleos do sujeito são unidos por com, a forma
plural do verbo indica que esses núcleos recebem o mesmo
grau de importância. Com, nesses casos, tem sentido muito
próximo ao de e:
O professor com o aluno montaram o equipamento.
O presidente com seus ministros reuniram-se hoje à tarde.
O verbo no singular dá destaque ao primeiro elemento:
O velho patriarca, com sua mulher e filhos, fazia-se notar
pela elegância do porte.
Nesse caso, não se tem propriamente o sujeito composto, e
sim um sujeito simples acompanhado de um adjunto
adverbial de companhia.
27. Expressões correlativas
Quando os núcleos do sujeito são unidos por
expressões correlativas como não só...
mas/como também..., não só/somente)...
mas ainda..., não apenas... mas também...,
tanto... quanto... o verbo concorda de
preferência no plural:
Não só a seca mas também o descaso assolam o
Nordeste.
Tanto o pai quanto o filho costumavam passar
por ali.
28. Aposto recapitulativo
Quando os elementos de um sujeito
composto são seguidos de um aposto
recapitulativo, a concordância é feita com
esse termo resumidor:
Carros, casa, prédios, viadutos, pontes, tudo foi
destruído pelo terremoto.
Luxo, riqueza, dinheiro, nada o tentava.
30. O verbo e a palavra se
Quando atua como índice de indeterminação
do sujeito, se acompanha verbos intransitivos,
transitivos indiretos e de ligação que devem
obrigatoriamente estar na 3ª pessoa do
singular:
Aos domingos, ia-se sempre à praça.
Aos domingos, costumava-se ir à praça.
Assistiu-se a cenas deprimentes naquele dia.
Era-se mais feliz no passado.
Quando se é consciente, luta-se pelo bem-estar
social.
31. O verbo e a palavra se
Quando atua como pronome apassivador, se
acompanha verbos transitivos diretos e
transitivos indiretos na formação da voz
passiva sindética. Nesse caso, o verbo deve
concordar com o sujeito da oração:
Construiu-se uma nova praça no bairro.
Construíram-se novas praças no bairro.
Entregaram-se novas bibliotecas à população.
Não se devem poupar esforços para despoluir o rio.
32.
33. Haver e fazer
HAVER: quando indica existência ou
acontecimento, é IMPESSOAL. Permanece
sempre na 3ª pessoa do singular.
Há graves problemas sociais no país.
Havia graves problemas...
Parece haver graves problemas...
Deve ter havido graves problemas...
34. Haver e fazer
Haver e fazer são IMPESSOAIS quando
indicam idéia de tempo.
Há anos não o procuro.
Faz anos que não o procuro.
Fazem 3 meses que estudo na Unioeste.
NÃO!!!!!
35. Ser
A concordância do verbo ser é muito rica em
detalhes. Em muitas situações, esse verbo
deixa de concordar com o sujeito para
concordar com o predicativo. Em outras,
pode concordar com um ou com outro, de
acordo com o termo que se quer enfatizar.
36. quando colocado em um substantivo
comum no singular e outro no plural, o
verbo ser tende a ir para o plural. Poderá
ficar no singular por motivo de ênfase:
A sua paixão eram os filmes de terror.
Aquele amor é apenas cacos de um
passado.
37. quando colocado entre um nome próprio e
um substantivo comum, o verbo tende a
concordar com um nome próprio. Entre um
pronome pessoal e um substantivo comum
ou próprio, o verbo concorda com o
pronome:
Garrincha foi as maravilhas do drible.
O responsável pela expedição sou eu.
Eu sou José da Silva.
José da Silva sou eu.
38. quando colocado entre um pronome não pessoal e
um substantivo, o verbo ser tende a concordar com
o substantivo:
Tudo eram alegrias naquela noite.
Isso são manias de um ocioso.
Quem são os vencedores?
Que são idéias?
Nos dois primeiros casos, há gramáticos que consideram
possível também a concordância com o pronome.
39. nas expressões que indicam quantidade
(medida, peso, preço, valor), o verbo ser é
invariável:
Dois quilos é pouco.
Vinte mil cruzeiros é demais.
Dez minutos é mais do que eu preciso para ir
daqui até lá.
Um milhão de cruzeiros já foi muito, hoje é pouco,
é bem menos do que eu estou precisando.
40. nas indicações de tempo, o verbo ser concorda com
a expressão numérica que o acompanha:
É uma hora.
São duas horas.
São três e vinte.
Já é mais deu ma hora.
Já são mais de duas horas.
São cinco para uma.
Hoje são vinte de setembro.
Hoje é dia vinte de setembro.
42. O infinitivo exprime o processo verbal sem
indicação de tempo. Em português,
apresenta duas modalidades:
a impessoal, em que se considera apenas o
processo verbal;
e a pessoal, em que se atribui a esse processo
verbal um agente.
É proibido fumar. (impessoal)
É bom fazermos algo. (pessoal, sujeito/agente nós).
43. Nem sempre a modalidade pessoal do
infinitivo vem flexionada: há casos em que se
deve determinar o sujeito pelo contexto.
Fiquemos quietos para surpreendermos quem
entrar.
Fiquemos quietos para surpreender quem entrar.
Em ambas as frases, o sujeito de surpreender é
nós. As duas frases estão de acordo com a
norma culta; a primeira é mais enfática. (Opção
estilística, em muitos casos).
44. Infinitivo: forma não-flexionada
Usa-se a forma não-flexionada:
Quando o verbo é empregado indeterminadamente,
assumindo valor substantivo:
Agir é tudo.
Atacar é a melhor defesa.
Quando o infinitivo tem valor imperativo:
Direita, volver!
Apressar o passo! Apressar o passo!
45. Infinitivo: forma não-flexionada
Usa-se a forma não-flexionada:
Quanto o infinitivo, regido de preposição de, assume
sentido passivo como complemento de um adjetivo:
Seus constantes desaforos eram ossos duros de roer.
(=de serem roídos)
Passei por momentos difíceis de esquecer. (=de serem
esquecidos)
Quando o infinitivo vem como verbo principal de uma
locução verbal:
Não podíamos prever o que os outros iriam fazer.
Eles acabam de confirmar sua participação nos jogos.
Estão a brincar comigo?
46. Infinitivo: forma não-flexionada
Usa-se a forma não-flexionada:
Quanto o infinitivo ocorre numa oração
substantiva reduzida que complementa um
auxiliar causativo (deixar, mandar, fazer) ou
sensitivo (ver, sentir, ouvir, perceber) e tem
como sujeito um pronome oblíquo:
Deixe-os falar.
Mandaram-se sair dali.
Viram-te passar na rua.
47. Infinitivo: forma flexionada
A forma flexionada deve ser usada obrigatoriamente
quando tem sujeito próprio, diferente do sujeito da
oração principal. Isso ocorre também quando o
sujeito do infinitivo é indeterminado, e o da oração
principal não é.
Existe muita gente que diz sermos nós um tanto
sonhadores.
Lembrei-me da recomendação médica de tomares sol
todas as manhãs.
É hora de vocês passarem à ação.
Senti apalparem-me o braço.
48. Infinitivo: outros casos
Podemos usar a forma flexionada ou não-flexionada
quando o infinitivo da oração reduzida que
complementa um auxiliar causativo ou sensitivo
apresentar como sujeito um substantivo ou quando
quisermos enfatizar o agente do processo verbal
nas orações subordinadas cujo sujeito é igual ao
das orações principais.
Deixe os meninos falarem/falar.
Ouvi os pássaros cantarem/cantar.
Trouxemos nossos produtos para vendermos/vender.
Os manifestantes se dirigiram ao palanque para
protestarem/protestar contra os oradores.
49. O verbo parecer e o infinitivo
O verbo parecer pode relacionar-se de duas
maneiras com o infinitivo.
Os dias parecem voar.
Os dias parece voarem.
Na primeira frase, parecer é verbo auxiliar de voar.
Na segunda, temos na realidade uma inversão da
ordem dos termos, que seria “Parece voarem os
dias”. Parece é o verbo de uma oração principal
cujo sujeito é a oração subordinada substantiva
subjetiva reduzida de infinitivo “voarem os dias”. Se
desenvolvermos essa oração, obteremos “Parece
que os dias voam”.