2. Introdução
• Depois da revolução de outubro, não veio a bonança.
• 1917 e 1920 - as não consolidadas repúblicas socialistas soviéticas mergulharam
numa dura Guerra Civil.
• Com um pé no front da guerra civil e outro no ambiente cultural onde
vanguardistas lutavam por uma revolução estética, fez-se uma geração que
revolucionaria a arte.
3. Influência
• Início de 1910, a Rússia - a influência das idéias de Marinetti.
• Futurismo italiano:
– Elogio da vida moderna
– Retórica panfletária = Vanguarda estética.
– Rússia - Superação total do passado e desejo de desenvolvimento de um país
provinciano.
• Artistas russos - cores próprias ao movimento.
4. Influência
• Malevich - significativo nessa história.
– Domínio das técnicas cubistas da colagem e da sobreposição dinâmica
de pontos de vista,
– Busca da autonomia da arte,
– Cria o suprematismo,
– Suprematismo = negava a representação fragmentada do cubo-futurismo.
– Futurismo - último resquício mimético, esforço de formalizar a
dinâmica mecanizada da vida moderna.
– Pintura suprematista = formas puras, sem referências,
– Acabava-se a ilusão da arte como reprodução da vida;
– Arte que criava uma realidade própria e nova.
6. Kasimir Malevich, Kasemir Malevich, pintura “Suprematismo (branco sobre branco)”, 1918
Óleo sobre tela, 97 x 70 cm. Stedelijk Museum, Amsterdam.
7. Influência
• Vladimir Tatlin -1920:
– Célebre obra construtivista, o Monumento à Terceira
Internacional (ou Torre de Tatlin),
– Projeto que era um misto de arquitetura, engenharia,
instalação e escultura.
9. Wladimir Tatlin - Modelo para o Monumento À Terceira Internacional, 1919-1920
Metal, wood, 500x300 cm.
National Museum of Modern Art, Centre George Pompidou,
10. Wladimir Tatlin - Modelo para o Monumento À Terceira Internacional, 1919-1920
Metal, wood, 500x300 cm.
National Museum of Modern Art, Centre George Pompidou,
11. Wladimir Tatlin - Modelo para o Monumento À Terceira Internacional, 1919-1920
Metal, wood, 500x300 cm.
National Museum of Modern Art, Centre George Pompidou,
12. Influência
• A poesia de Maiakovski :
– Recusava a dicção sentimental.
– Explosão do lirismo habitual.
– Empregava variados recursos, como as metáforas
concretas e urbanas no lugar das figurações sentimentais
do estado da alma.
– Uso da diagramação dos versos.
– Poema como um objeto construído.
– Quebras de palavras a multiplicar sentidos pela
fragmentação compositiva.
14. E Então Que Quereis?... (1927)
Fiz ranger as folhas de jornal abrindo-lhes as pálpebras
piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.
Não estamos alegres, é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.
15. Construtivismo
• Base da revolução estética:
– Recusa da mímese realista, iniciada pelo suprematismo.
– Auto-reflexão sobre a arte como trabalho, oposta à concepção simbolista,
segundo a qual o artista expressava sua mais secreta subjetividade e, através
dela.
– Busca de uma outra realidade, invisível e essencial.
– Contra esse artista espiritual, os construtivistas propunham o artista-engenheiro.
– Desprezava a expressão lírica.
– Concentrava-se na tarefa da construção da obra – mais um objeto entre os
objetos do mundo.
• A revista LEF (Frente Esquerdista das Artes):
– Publicação construtivista
– Fase mais radical, era dirigida por Maiakovski e Lilia Brik,
– Chegou a defender como programa universal a “factografia”,
– Arte feita apenas de registros e reconstrução dos fatos presentes e dos
elementos materiais do mundo.
17. Construtivismo
• Artistas :
– Classificação de categoria profissional foi renegada por muitos
– Dedicaram-se a construir “experiências” (a expressão é da época, evitando a
idéia de “obra”) que expusessem sua “fatura” (expressão utilizada pelo crítico
Chklovski para sublinhar a atenção dada aos procedimentos empregados na
realização do trabalho, “a evidência de sua feitura” ).
• Criação:
– Atividade teórico-analítica, de pesquisa sobre os elementos formais das
composições (linha, ponto etc.).
– Emprego disseminado de elementos mecânicos na execução das experiências
não se reduzia ao uso dos recursos de desenho técnico.
– Escultura, além da organização geometrizante, os próprios materiais
industriais serviam de matéria-prima.
18. Construtivismo
• Termo “construção”, da política à estética, é percebida e assumida pelos
construtivistas.
• Ver a inspiração e o lirismo superados pelo artista-engenheiro:
• Conhece e domina a fatura das “experiências” a ponto de poder calcular as
reações dos espectadores.
• Expondo o modo de construir os artefatos que nos sensibiliza, o
construtivismo foi uma pedagogia para os sentidos.
• Expressão de uma revolução que quer refazer o mundo e encerrar toda a
alienação humana, trabalha expondo o modo como as coisas são feitas.
• Os objetos construtivistas não são orgânicos: eles são feitos de fragmentos
justapostos, pedaços do mundo que compõem um novo objeto.
• Nega mesmo a função de representação do mundo – ou seja, nega a mais
tradicional das funções definidoras da arte.
19. Construtivismo Russo
• Desde 1920:
– Delineado movimentos de vanguarda na Rússia, nas artes figurativas e no
teatro, no cinema e na arquitetura.
– Teoriza-se – Lançam conclamações e manifestos.
– As primeiras ações da vanguarda arquitetônica se enquadram, no movimento
construtivista, já florescente, das artes plásticas.
– Projeta-se pelo puro amor à pesquisa.
– Dificuldades políticas e econômicas, impediram o desenvolvimento de amplos
programas construtivos.
– Não há dinheiro para a execução.
– Falta a contribuição técnica e produtiva de uma grande indústria,
– Arquitetos modernos carecem de qualquer preparação profissional.
20. Arquitetura
• Construtivismo:
– Derruba todas as barreiras tradicionais entre as artes,
– Os modelos formais dos novos arquitetos são as obras de Malevich, Tatlin,
Pevsner e Gabo,
– Enfrentam o problema da arquitetura, e não apenas no plano teórico.
• Todas as correntes avançadas da arquitetura ocidental são tendencialmente
socialistas, e a novidade de suas propostas formais está solidamente fundada
sobres as possibilidades das técnicas modernas.
• Mendelsohn constrói uma grande fábrica em Leningrado, 1925.
• Le Corbusier projeta em 1929, a sede da União das Cooperativas em Moscou.
28. Le Corbusier, União das Cooperativas, Centrosoyuz Building, 1929-36, Moscow, Russia
29. Le Corbusier, União das Cooperativas, Centrosoyuz Building, 1929-36, Moscow, Russia
30. Le Corbusier, União das Cooperativas, Centrosoyuz Building, 1929-36, Moscow, Russia
31. Le Corbusier, União das Cooperativas, Centrosoyuz Building, 1929-36, Moscow, Russia
32. Le Corbusier, União das Cooperativas, Centrosoyuz Building, 1929-36, Moscow, Russia
33. Arquitetura
• El Lizzitzky (1890-1941)
– Arquiteto, pintor, artista gráfico e teórico,
– É a ligação entre Suprematismo e Construtivismo.
– Desenvolve também, uma febril atividade de relações públicas, viaja e
está permanente contato com Gropius, Mies, Van Doesburg.
– Seu grande projeto é uma internacional do Construtivismo, da qual a
arquitetura russa, a única engrenada em uma revolução em
andamento, deveria ser o centro coordenador e propulsor.
• Malevich, 1923:
– Entra no movimento, restringindo-o principalmente ao neoplasticismo
holandês, que considera o movimento artístico ocidental mais válido.
– Projeta a casa do futuro, o planita, que permitirá aos habitantes viver
numa situação espacial pura e rigorosamente geométrica.
34. Kasimir Malevich , Houses of the Future Leningrad: Pilot's House, 1924.
Pencil on paper, 31.1 x 43.9 cm, Moma, New York
39. Racionalismo Ideológico
• O ponto de partida - projeto de Tatlin para o Monumento à Terceira
Internacional (1919).
• Premissas do Construtivismo:
– Indistinção das artes: è arquitetura, estrutura provisória, escultura
construtivista em escala gigantesca; funcionalidade técnica e sistema
de comunicação; expressividade simbólica do dinamismo ascendente
da espiral inclinada (como a torre eiffel vista por Delaunay).
• Grupo Asnova : Ladovsky, Melnikov, Vesnin,, Golosov e outros
– Geometrismo, pois a geometria expressa o espírito racionalista da
revolução,
– Soluções formais extremamente ousadas (corpos salientes, estruturas
à mostra, mecanismo estrutural à descoberto) pois a técnica que
permite sua realização reflete a ética revolucionária.
• A arquitetura do chamado Construtivismo soviético tinha, então, um
programa extremamente renovador, que incluía: o uso e exposição dos
novos materiais e técnicas, e as formas inovadoras, instáveis e
desafiadoras, que não guardavam relação com as formas do passado
recente.
40. Wladimir Tatlin - Modelo para o Monumento À Terceira Internacional, 1919-1920
Metal, wood, 500x300 cm.
National Museum of Modern Art, Centre George Pompidou,
49. Arquitetura
• A estética do Construtivismo pretende:
– Todos os acréscimos que a rua da grande cidade traz à construção (placas,
propagandas, relógios, alto-falantes e até elevadores internos) sejam incluídos
como pontos de igual importância.
– Numa sociedade revolucionária, as construções, com a precisão e os
movimentos de suas formas, constituem o símbolo visível da edificação do
socialismo.
– A arquitetura tende a se tornar cenográfica e formalista, a responder a
funções mais ideais e imaginárias do que reais.
– Mendelsohn é particularmente importante
– Construtivismo, que visa expressar nas formas arquitetônicas o ímpeto
dinâmico da revolução, possui um forte componente expressionista.
– Exatamente como fazia Mendelsohn para expressar na forma e conteúdo do
edifício.
– Uma das causa do limite é poder inserir a pesquisa arquitetônica num
planejamento urbano concreto, que o novo regime ainda não tem condição de
implantar.
– Poderá fazê-lo apenas depois de 1928, no quadro da reorganização social da
economia do pais (plano quinquenal).
50. Liubov Popova e Alexandre Vesnin, A Cidade do Futuro (maquete para «O Grande Teatro na Rua»), 1921
51. Liubov Popova e Alexandre Vesnin,, Cidadela do Capitalismo (maquete para «O Grande Teatro na Rua»), 1921
63. Urbanismo
• Diretrizes teóricas do Construtivismo no plano urbano são duas:
– Converter a cidade em expressão do dinamismo revolucionário com as formas
dos edifícios, a animação da vida do bairro, a vivacidade das soluções e
comunicações visuais;
– Transformar a relação entre a cidade e território, com a finalidade de anular o
desnível entre o proletariado industrial urbano e o proletariado rural.
– Exemplo deste caráter são os projetos de cidade linear de Ochitovich e
Ginsburg.
• O processo de urbanização da União Soviética, que acompanha a transformação
da economia russa agrícola em economia industrial, é um dos grandes fatos
históricos do século.
• Mas ele se realizou quando os movimentos de vanguarda já haviam sido
oficialmente proscritos e sufocados em 1932.
65. Conclusão
• Sucesso da vanguarda russa na Europa Ocidental:
– Em 1925 - pavilhão soviético projetado por Melnikov para a Exposição
Internacional das Artes Decorativas, em Paris, conquista o grande prêmio.
• É enorme o interesse pelo extraordinário florescimento arquitetônico russo: se a
arquitetura pretendia ser, e em certo sentido é, um processo revolucionário
incipiente no próprio interior dos regimes burgueses, a arquitetura da revolução
russa é o guia e o modelo ideal.
• Seu prestígio é tal que, nos dois concursos anunciados em 1930 para o Teatro
Estatal de Charkow e para o edifício do soviete em Moscou, participam todos os
grandes nomes da arquitetura moderna européia.
• Mas, justamente quando a arquitetura soviética está prestes a assumir a liderança
da arquitetura mundial, a burocracia do partido conquista a supremacia,
contrapõe à vanguarda revolucionária oportunistas acadêmicos como Jofan e
Fomim, e consegue obter a condenação política da arte da revolução.
68. Conclusão
• Em todos os ramos da arte era possível sentir a busca de novas formas que
expressassem as novas realidades da vida soviética, caracterizada pela energia que
provocavam as inovações.
• Entretanto, nem todos compartilhavam deste entusiasmo; havia a preocupação de
que tais experimentos, embora bem intencionados ideologicamente, não fossem
compreendidos pelas massas.
• Para o conservadorismo da intelliguêntsia, esta arte não tinha credenciais
proletárias.
• Nem Lenin, nem Lunatcharski haviam acreditado na criação de uma nova arte
proletária, preferindo construí-la a partir do que de melhor existia no velho, o que
permitia a diversidade cultural.
• Quando a influência destes dois homens fortes declinou, as opções anteriores se
fecharam e uma nova ordem monolítica começou a ser imposta.