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AGRONEGÓCIO DA OVINOCULTURA

                          Iran Borges1, André Guimarães Maciel e Silva2, Rodrigo Orzil3


RESUMO

O agronegócio da ovinocultura tem-se mostrado altamente viável, muito embora alguns
aspectos porteira adentro e pós-fazenda merecem especial atenção, pois muitas fezes alguns
preceitos técnicos tem sido negligenciados, da mesma forma como aspectos ligados à
comercialização, publicidade e propaganda, gestão do agronegócio além das porteiras, e
também pela existência de muitos mitos, crendices e falsos conceitos. Apesar do grande
potencial de crescimento observado no setor, deve-se atentar ao fato de que o mesmo dá-se de
forma desordenada, por vezes pontual, concentrando-se muito mais em pequenas
propriedades, onde os rebanhos têm em média 100 a 150 cabeças. Denotando-se a
necessidade de modelos associativistas de atuação no mercado, pois somente assim os
ovinocultores desse porte poderão fazer frente à concorrência, seja na produção de carne e
derivados, leite e seus produtos, pele, lã ou outros produtos advindos da criação de ovinos.
Sabe-se que uma propriedade pode explorar vários produtos ou categorias de produtos ovinos,
e que o mercado apresenta-se de modo também estratificado, assim cabe ao produtor de
ovinos vislumbrar-se, sem paixões, preconceitos ou idéias pré-concebidas, nessa cadeia
produtiva, estudando suas possibilidades em participar de fatia do mercado, como também
determinar de forma segura quais são suas potencialidades produtivas. Estudar as relações
produtores - segmentos intermediários - consumidores deve ser o eixo central do planejamento
da propriedade e sua produção, assim sendo, um estudo do padrão e tendências do mercado
devem nortear a ovinocultura, mas sempre calcada em princípios da técnica, da ética e da
moral que a atividade e sociedade exigem.

ABSTRACT

Sheep agrobusiness has been shown high viability, some aspects in the farm and out of the
farm needs attention, because generaly some technical aspects are negligenciated., in a same
way, many comercial, mercadological and administrative aspects, out of the farm, and by the
existence of false concepts. Althought the high potencial that sheep agrobusinness shows, it is
important to note that this development occur desordened, in low properties with low number
of animals, 100-150 animals in average. Showig the need of associative models to lead on the
market, because that is the only way to be competitive against other products, as beef, dairy,
wool and others. In a same property many kinds of sheep products can be explored, and there
is a wery extractified market, so the productor needs to find in this market his possibilities of
make a product that can be included in a market site, and, in a same time know his productive
potencialities. Study the relationships betwen productors, intermediary segments             and
consummers is a central planning point of study in the property, and a market study needs to
guide the activity, but always based in technical and ethical aspects.




1
    Zootecnista e Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG – iran@vet.ufmg.br
2
    Médico Veterinário e Doutorando do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG –
    andre_vet@bol.com.br
3
    Médico Veterinário e Mestrando do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG – rodrigo-
    orzil@uol.com.br
INTRODUÇÃO

O efetivo nacional dos rebanhos de ovinos tem demonstrado determinadas tendências nos
últimos anos, de sorte que os números estatísticos apresentados, principalmente pelo IBGE
(1996), como por quaisquer outras agências ou agentes, devem receber análise referentes à
tais tendências, muito mais que aos números em si. Nesse sentido, é possível denotar uma
movimentação nacional no rebanho ovino, com um ligeiro declínio do tradicional reduto sulista
(RS) e visível crescimento na região nordeste; não obstante, também tem sido óbvio que as
regiões sudeste e centro-oeste vêm apresentando, nos últimos cinco ou seis anos uma sensível
elevação no número de cabeças, cujos valores oscilam entre 0,5 e 5% ao ano, dependendo da
época e estado a ser avaliado. Muito embora sejam esses os dados oficiais utilizados na maioria
das avaliações nacionais, é bom que se registre, que estudo sobre a cadeia produtiva de
caprinos e ovinos, levada a efeito em 2001 (Couto, 2001) deu conta que o rebanho nacional
atingiu cifras de crescimento na ordem de mais de 35% nas regiões Norte e Centro-Oeste até a
presente aquela data. Assim, muitas outras fontes estatísticas (EMATER, BANCO DO
NORDESTE, BANCO DO BRASIL, etc.) apresentam seus próprios números, que apesar de
constarem sempre com mesma tendência das acima citadas, apresentam números
discrepantes.
Em razão dessa constatação acima, é oportuno registrar que urge maior mobilização por parte
de Associações de Criadores, Secretarias de Agricultura Estaduais e seus órgãos responsáveis
pelos levantamentos dos rebanhos, Instituições de Pesquisa e Extensão, Universidades, como
também dos próprios Institutos que geram dados estatísticos, venham a somar esforços para
que haja maior fidelidade desses indicativos, haja visto que basta um rápida pesquisa desses
índices para verificar que há uma grande discrepância, e que passa necessariamente, pela fonte
que levantou e tabulou tais dados.

PRODUÇÃO DE CARNE OVINA

O consumo de carnes e derivados no país é altamente favorável à bovinocultura, avicultura e
suinocultura, não obstante, o mercado para pequenos ruminantes seja altamente comprador
(Mizuta et al, 2001). O consumo médio de carne/pessoa/ano no Brasil é muitíssimo baixo.
Enquanto as estatísticas oficiais mostram um consumo de 0,70 kg/pessoa/ano, o consumo em
países do primeiro mundo varia de 20 a 28 kg/pessoa/ano (Silva Sobrinho, 1990 e Couto,
2001).
Segundo Couto (2001) o mercado de carne ovina é altamente comprador, fato que deve ser
entendido sob o ponto de vista da oferta e procura, não deixando, no entanto, perder-se no
horizonte, a questão da qualidade do produto, juntamente com oferta perene e características
diferenciadas. Essas características, segundo Dantas (2001), podem ser determinadas pela
oferta de cortes de carnes a preços mais acessíveis ou pela elaboração de novos e exclusivos
produtos. O autor assinala ainda que o consumidor atual de carne ovina possui alta renda e
busca consumir um produto alternativo e diferenciado pelo sabor e qualidade, seja para
consumo no lar seja nos restaurantes, hotéis e similares.
No levantamento de Couto (2001), o efetivo Brasileiro de ovinos no momento é de 18,6
milhões de cabeças. O Rio Grande do Sul tem atualmente o maior rebanho, com 54,4%
desse efetivo, seguido pelo Nordeste com 38,7% (Quadro 1). No rebanho ovino nacional houve
uma evolução entre 1989 e 1998, sendo que para os ovinos houve um aumento de 38,7% no
Norte e 35,7% no Centro Oeste enquanto nas demais regiões verificou-se queda do efetivo,
sendo a maior no Rio Grande do Sul em conseqüência da perda do valor da lã no mercado
internacional, muito embora o que se verifica como tendência nessa região é a gradual
substituição de animais laneiros para aqueles de corte.
Quadro 1. Efetivo de ovinos no Brasil (milhões de cabeças), distribuição do efetivo pelas
          Regiões Geográficas e Possível Evolução dos Rebanhos (%)

Entidade geográfica                                  Ovinos                   Evolução
Brasil – milhões de cabeças                           18,6                        -
Regiões geográficas
Norte                                                2,05%                Mais de 38,7%
Nordeste                                             38,7%                Menos de 4,7%
Sudeste                                              2,1%                 Menos de 2,7%
Sul                                                  54,4%                Menos de 9,5%
Centro Oeste                                         2,6%                 Mais de 35,7%
Couto (2001)


Pelos dados nota-se significativo crescimento nas regiões Norte e Centro Oeste, muito embora
haja crescimento vegetativo expressivo nas outras regiões, é importante que os produtores não
desprezem tais mercados, mesmo porque já possuem alguma tradição no consumo de carnes
caprinas e ovinas. Qualquer estratégia que priorize apenas as regiões com maiores demandas
futuras, parece, em primeira instância, uma tomada de decisão desajustada.
Um ponto fundamental para entender como encontra-se a produção de caprinos e ovinos no
Nordeste brasileiro, é conhecer o tipo de propriedades envolvidas nesse agronegócio. Cerca de
50% dos rebanhos caprino e ovino no nordeste concentram-se em propriedades com menos de
30 hectares, sendo que 28,9% possuem entre 31 e 200 ha e 21,1% são produzidos em
propriedades com mais de 200 ha (Couto, 2001). Isso conduz a uma nova necessidade, muitas
vezes carente no Brasil, qual seja, malha rodo-ferro-hidroviária adequada não só para o
escoamento da produção, mas também para que se seja possível a distribuição de insumos e
material de investimentos junto às propriedades. Tal consideração aumenta seu impacto na
cadeia produtiva a partir do momento em que as propriedades mostram-se distribuídas de
forma mais diluída por toda a região.
Esse aspecto de infra estrutura, que em primeira instância parece recair sobre os órgãos
oficiais, apresenta algumas soluções criativas entre alguns grupos de produtores (entre si ou
em parceria com governos locais ou federal).
Tal como a produção de leite, mas agora por fatores de manejo com interveniência de aspectos
climatológicos, a produção de carne dos pequenos ruminantes também apresenta-se com
flutuações que devem ser evitadas dentro da cadeia produtiva, mais especificamente no âmbito
da fazenda. Para tal, basta aos produtores optarem por prática de estações de monta
escalonadas, sincronização e/ou indução de cios, formação de grupos de produtores que
produzirão cordeiros em determinadas épocas do ano e atendimento às necessidades do
mercado local (cooperativas, condomínios, corporações, etc). Outra estratégia muito simples e
que deve ser implementada junto às anteriores, é a separação dos animais por lotes, seja por
tamanho (peso) ou por idade (época de nascimento). Toda e qualquer forma de estratificação
da produção também poderá ser adotada nesse sentido.
Quanto aos animais para abate, pode-se classificá-los nas seguintes categorias:
    a) CORDEIRO: Animais de 3 a 6 meses de idade. São os preferidos pelos gourmets, por
       terem ossos finos, peso vivo entre 15 e 25 Kg, rendimento de carcaça entre 40 e 50%.
       Sua carne é rosada e lisa, apresentando-se bem enxuta e (± 22% gordura), sua
       gordura é branca. Pode-se considerar como subclasse o cordeiro mamão (alimentado
       com leite). Os cordeiros representam a principal classe ou categoria dos animais
       abatidos, devido às qualidades acima, mas também por ser mais estudada, ter melhor
       aceitação popular, melhores carcaças e apresentarem o melhor custo-benefício.
    b) BORREGO: Animais com 1 a 1,5 anos. Têm ossatura mais desenvolvida, contribuindo
       para que seu rendimento caia para 38 a 43%. Seu peso vivo está entre 30 e 50 Kg. Sua
       carne é mais vermelha que a anterior e com ± 35% de gordura na carcaça. Sua
       aceitação pelo consumidor ainda é boa, devido em grande parte ao maior peso final ao
       abate que dos cordeiros (transporte, comercialização).
c) CAPÃO: Por serem machos adultos, apresentam-se com maiores pesos (45 a 50 Kg de
       PV) e o rendimento médio de 41%. Carne vermelha intensa e com maior teor de
       gordura de cobertura, chegando a ser excessiva. Talvez sua vantagem sobre os
       borregos seja seu rendimento de carcaça, que pode ultrapassar 44%. Mas esta deve-se
       em boa parte à maior deposição de gordura, fato que limita a aceitação pelo
       consumidor.
    d) OVELHA: Geralmente de animais com idade avançada. É uma carcaça maior, com ossos
       mais pesados, excessiva cobertura de gordura, musculatura rígida e com baixa
       palatabilidade. Carne de coloração vermelho bem escura. Seu rendimento de carcaça é
       de 40%. Por tudo isto é mais consumida na propriedade ou por consumidores menos
       exigentes. Pode ser emprega na fabricação de derivados da carne que têm maior
       aceitação pelo público consumidor além de agregar valor ao produto primário.
    e) CARNEIRO: São todos os machos que não se servem mais à reprodução. Têm baixo
       valor comercial, musculatura bem escura, ossos mais pesados e excessiva cobertura de
       gordura. Este último confere-lhe um sabor atípico, a ponto de ser comercializado
       beneficiado (charques, guisado, carneiro no buraco, embutidos, defumados ou
       lingüiças).
Fica claro que uma mesma propriedade terá todas as categorias mencionadas; e explorar uma
delas como o “carro chefe” parece ser uma das saídas que se tem encontrado (Ex: cordeiros –
mamão ou precoce, borregos ou borregões, ou ainda capões). Ovelhas e carneiros serão tidos
como animais de descarte e necessariamente deverão sofrer processos de transformação
industrial para chegarem à mesa dos consumidores. Assim, qualquer propriedade terá
possibilidades de explorar a produção de animais precoces, jovens, adultos e descartes de
matrizes e reprodutores, nesses casos, o produtor deverá ficar atento ao destino que dará a tais
produtos. Para isso deve-se observar alguns princípios que têm muito a ver com o quesito
qualidade da carne: vender todo e qualquer animal pelo mesmo valor significa um erro, pois
estará dando um tiro no pé; uma vez que cordeiro mamão ou precoce são mais procurados e
possuem maior aceitação e procura no mercado, daí devem ser tidos como mais caros, já
animais de descarte, como geralmente têm menor procura, pelas características intrínsecas
dessa carne, devem receber preços menores, ou sofrer processamentos adequados. Qualquer
propriedade terá possibilidades de explorar a produção de animais precoces, jovens, adultos e
descartes de matrizes e reprodutores, nesses casos, o produtor deverá ficar atento ao destino
que dará a tais produtos. Animais mais novos significam sempre maiores giros de capital e
suportam maior elasticidade de preços no sistema como um todo. Nesses casos, uma planilha
de custos de produção muito bem elaborada é que ditará os preços, os quais, necessariamente
serão diferenciados.
Salvo raras exceções o mercado tem pago pelo peso vivo, fato que pode não estimular a
produção de produtos diferenciados, mas surge aqui a possibilidade de se traçar junto aos
frigoríficos os contratos de parceria, objetivando melhorar a qualidade do produto de acordo
como a preferência do consumidor. Nesse sentido o produtor tem que mostrar aos empresários
do setor cárneo a importância de se trabalhar com produtos diferenciados (cordeiro, borregos,
processados em geral vindos dos animais descartados). Evitar-se de comercializar animais
adultos para fornecimento de corte pode ser uma atitude louvável, visto que tais animais
possuem composição de carne que não agrada à maioria dos paladares.
Com isso o produtor estará organizando seus “centros” de custos, mas também beneficiando
aos potenciais consumidores, pois abrirá o leque para que camadas até então excluídas do
consumo dessas carnes e/ou produtos, possam vir a dar sustentação à ponta final da cadeia
produtiva. Exemplos bem claros são vistos na avicultura com a comercialização de pés e
pescoços, como também de matrizes; ou ainda na bovino e suinocultura com a comercialização
de seus não componentes da carcaça (miúdos). Esse último tipo de segmento ainda é
insignificante na caprinovinocultura, e tudo indica que possui um bom mercado a ser explorado,
haja visto que algumas empresas frigoríficas já iniciaram a produção de derivados desses
produtos e estão aos poucos conquistando mercados dos semi-prontos.
PRODUÇÃO E BENEFICIAMENTO DA PELE OVINA

Ao se considerar que o Brasil possui em seu rebanho ovinos lanados e deslanados e caprinos,
constata-se que o mercado interno de peles e mesmo o externo é bastante grande,
concordando com o postulado por Padilha e Siqueira (1981), Silva Sobrinho e Jacinto (1992).
Esses últimos enfatizaram que a pele de ovinos lanados fornecem matéria-prima importante
para a fabricação de couros cobiçados pelas indústrias peleteiras, usados na fabricação de
casacos de peles onde a cobertura de lã natural fornece revestimento adequado ao isolamento
e, consequentemente, aquecimento nas baixas temperaturas e que os ovinos deslanados
fornecem a melhor pele do mundo, muito valorizada no exterior.
Esse alto valor de mercado da pele de ovinos deslanados deve-se à sua maior elasticidade e
resistência, associadas a uma textura fina, prestando-se para maior gama de aplicações na
indústria de vestuário (inclusive alta costura, hoje denominada fashion) e calçadista.
Recentemente, Roura (2000) postulou que o Brasil deveria a partir de agora evitar a exportação
de peles caprinas e ovinas para a Europa, redirecionando a produção local para a indústria
calçadista nacional, devido ao enorme prestígio que a mesma possui na Europa e América do
Norte, e exportar os produtos acabados, elevando em muito o superávit na sua balança
internacional do comércio; assim ganha o país, a indústria, os produtores, e não sendo ufanista,
os consumidores estrangeiros de calçados brasileiros.
Com essa mesma linha de raciocínio, só que na vertente da exportação de produtos semi-
elaborados, Furlaneto e Silva (1994) salientaram que cerca de 40% da produção nacional de
peles caprinas e ovinas é exportada para países da Europa, enfatizando que o mercado só não
é maior porque as peles nacionais são portadoras de muitos defeitos. Sugerem que a formação
de cooperativas por parte dos produtores dessa pele pode ser instrumento poderoso no
momento da comercialização com os industriais estrangeiros. Aqui é importante ressaltar que
além do modelo cooperativista, há ainda os condomínios, associações mistas (produtores,
artesãos, empregados de indústrias de tecelagem – algumas com massa falida interessante
para ingressarem em programas de geração de emprego e renda patrocinados pelo governo
federal), e mesmo para se praticar a famosa parceria ou terceirização de tarefas na cadeia
produtiva.
Couto (2001) relatou que o mercado mundial de peles é também muito grande e comprador
(Quadro 2). Segundo a FAO foram comercializadas em 1992 um total de 756 milhões de peles
num valor de US$ 1,65 bilhões.


Quadro 2. Importação e exportação de peles de ovinos e caprinos pelo Brasil, entre os anos de
          1992 e 20001.

   Item          1992    1993     1994     1995     1996     1997     1998     1999     2000
Exportações
 Ovinos           13,3    13,2     9,7      9,9      13,0     12,0     8,9      7,1       7,1
 Caprinos         8,0      5,9     4,2      3,3       3,7      0,3     0,2      0,3       0,3
Importações
 Ovinos           4,0     5,0       5,8     11,4     10,2     9,6      5,8      2,8       6,1
 Caprinos         12,6    9,8      11,4      9,3      3,1     9,6      3,1      1,6       8,9
Couto (2001) .
1
. Dados em US$ milhões


Dados relativos aos preços praticados no mercado de peles ovinas em wet blue (tratadas
quimicamente com cromo) têm oscilado entre R$10,00 e R$30,00 reais, há no entanto alguns
mercados pontuais que estão pagando cerca de R$45,00 por unidade, como também alguns
atravessadores “bonificando” produtores nordestinos com R$3,00 a R$5,00 por peça. Muito
embora Alves (2003) tenha relatado preços ao produtor entre R$7,00 e R$9,00 e após o
processamento o mesmo atinge cifras entre R$120,00 e R$150,00. Tal fato é típico de um
segmento produtivo desestruturado e/ou mesmo mal informado do potencial de capitalização
que possui em mãos. Resta então aos caprinovinocultores agirem mais atentamente no
segmento de “obtenção de peles de boa qualidade” (Alves, 2003), pois sem dúvida trata-se de
excelente forma de aumentar o retorno líquido na atividade.
Pelos dados de Jacinto (2003) na caprinocultura de corte explorada na região Sudeste a pele
pode representar ganhos adicionais entre 7,3 e 8,7% em relação ao preço da carcaça e tais
números podem ser a diferença entre o lucro e o prejuízo da atividade, isso considerando o
preço pago na região de Fanca – SP.
Com o acima exposto, resta aos ovinocultores agirem mais atentamente no segmento
“obtenção de pele de boa qualidade”, pois sem dúvida trata-se de excelente forma de aumentar
o retorno líquido na atividade.

SITUAÇÃO DO SETOR LÁCTEO E A PRODUÇÃO DO LEITE OVINO

Com o advento da globalização nos últimos anos os produtores, de todas as áreas, para
conseguirem manter-se no mercado estão adotando modernas tecnologias. No entanto a
situação do setor lácteo no pais é de certa forma delicada, devido a custos altos de produção, e
preços baixos pagos ao produtor.
Esta situação deve se agravar principalmente quando se refere ao pequeno produtor, devido ao
instante político atual. Desta forma as propriedades, principalmente as pequenas, terão que
investir em algo que lhes dê retorno mais rápido e com menor custo. Uma das alternativas é a
criação de pequenos ruminantes e dentre eles a cabra e a ovelhas leiteiras. Muitos foram os
produtores de leite na região Sudeste que realizaram tal migração nos anos 90, seja para a
caprinocultura leiteira, seja para a ovinocultura de corte; infelizmente, muitas das vezes sem a
devida orientação técnica, fato que pode estar induzindo ao mesmo destino que tiveram na
cadeia produtiva anterior. É sempre oportuno lembrar, vaca é vaca, cabra é cabra e ovelha é
ovelha, como tal devem e necessitam de práticas de manejo adequadas. Infelizmente, parte
dos produtores que saíram da atividade do agronegócio da bovinocultura leiteira, em função
desses aspectos da conjuntura econômica nacional e estrangeira, entraram na caprinocultura
ou em menor número na ovinocultura leiteira, mas continuam a insistirem nos mesmos erros do
passado; não bastasse esse comportamento do produtor, por vezes, profissionais com grande
experiências nessas outras atividades do agronegócio, também trazem para a ovinocultura
leiteira, cujo conteúdo técnico é pouco ou quase nada explorado nos currículos de Zootecnia e
demais profissões das ciências agrárias, também tem dado uma contribuição ligeiramente
desviada do norte verdadeiro que a atividade necessita para atingir o sucesso pleno, pois
também confundem as ovelhas leiteiras e o agronegócio desse leite e seus derivados com
aqueles das vacas leiteiras, salienta-se nesse sentido, que apesar de tratarem de leite, há
enorme diferença, não só quanto ao produto em si, mas principalmente nas nuanças da cadeia
produtiva.

PRODUÇÃO DE LÃ E SUA EXPLORAÇÃO COMERCIAL

Tradicionalmente produzida no sul do país, essa fibra industrial apresenta-se como outra opção
para alguns sistemas de criação. Podendo ser a atividade complementar em alguns criatórios da
região sudeste, em Minas Gerais, especialmente agredando-se aos trabalhos artesanais já
tradicionais, como tapetes e quadros de decoração, sem contar com as tradicionais peças do
vestuário confeccionados em lã (pura ou mistas) do sul Minas.
Almeida (1990) já aludia ao fiel mercado que a pura lã possui no Brasil e no mundo, apontando
além de suas características peculiares (antialérgica; isolante térmico; não inflamável; com
textura, maciez e elasticidade excepcionais para a indústria têxtil) alguns de se seus usos no
cotidiano da humanidade (52% dos casacos masculinos possuem lã, da mesma forma 22% das
saias femininas, 60% do mercado dos ternos, 38% do mercado de paletós, 35% das malhas e
59% do mercado de carpetes), poder-se-ia ainda acrescentar todo acabamento têxtil da
indústria aeronáutica, como também da automobilística que usam da lã de qualidade inferior
para confecção de feltros empregados no isolamento termo-acústico dos veículos. Almeida
(1990) reforça ainda a possibilidade de se explorar um mercado presente em todo o mundo,
mas com maior intensidade na Europa, no qual os consumidores estão privilegiando produtos
mais naturais.
Atentos a aspectos como esses, produtores de ovinos, cooperativas de costureiras, artesãos e
similares poderiam tirar proveito desse filão, que até melhor juízo, em Minas Gerais encontra-se
mal explorado.
Sistemas de produção de carne ovina baseados em cruzamento industrial, podem facilmente
desenvolver um novo setor, seja na fazenda, seja junto a outros segmentos interessados, capaz
de tornar a produção da lã um ponto a mais para se capitalizar na ovinocultura.
Ovelhas de raças especializadas para produção de lã podem produzir entre 4 e 6 kg de pura lã
por ano (ciclo produtivo), considerando que os tradicionais rebanhos gaúchos possuem
números superiores a 10 mil fêmeas, espera-se produção que ultrapasse 40.000 kg de pura lã;
já para um propriedade que explore cerca de 100 matrizes, é possível produzir algo próximo a
400 - 600 kg de lã, a qual pode ser destinada mais especificamente para a indústria do
artesanato, pois não teria escala para uma sustentabilidade junto à indústria têxtil, muito
embora, se houvessem uns 30 produtores com mesmo perfil, tal contingente seria capaz de
produzir algo entre 12.000 a 18.000 kg de lã, e desse modo já poderiam estar ingressando de
forma fortalecida junto à indústria para o beneficiamento da lã. Aqui a palavra chave é
associativismo, independente de tratar-se de uma cooperativa, corporação, condomínio,
associação, ou quaisquer outras formas de se somar esforços para obter vantagens e atender
às exigências do mercado.

PRODUÇÃO DE MATRIZES E REPRODUTORES

Esse é sem dúvida o segmento da ovinocultura que mais exige tecnologia, capital e supervisão
de técnicos com a devida competência na ovinocultura. Paradoxalmente não se tem observado
muitos desses pressupostos em um considerável número de criatórios tidos como “matrizeiros”.
Na infinita maioria do casos tem-se selecionado pelas características raciais, desprezando-se os
atributos econômicos e funcionais. Não se tem dada a devida importância aos programas de
melhoramento e nutrição, privilegiando-se mais sanidade e reprodução. Ao pontuar que não se
tem enfocado o melhoramento como deve ser, é importante reportar-se ao fato de que a
imensa maioria dos criadores têm o falso conceito de que adquirindo, e portanto, mantendo
seus animais “registrados” indica garantia segura de melhoramento animal; fato que os
postulados da genética, juntamente com os índices zootécnicos e as práticas gerais de manejo
demonstram de forma científica que pautando-se somente no quesito “animais registrados”,
não pode o produtor atingir, com segurança e eficácia, o ganho genético desejado em seu
plantel, pelo menos no tempo tão curto com a zootecnia possibilitaria. Para tal deveria estar
utilizando de provas zootécnicas como teste de progênie, velocidade de ganho de peso,
qualidade da lã, produção e qualidade do leite (características físico-químicas), além de
empregar modelos matemáticos complexos, a cargo de melhoristas especializados, capazes de
mensurar a habilidade materna, a conversão alimentar, o desempenho produtivo e reprodutivo,
além de adoção de programas mais sólidos para o verdadeiro melhoramento genético dos
rebanhos. No que se refere à nutrição salienta-se que existem programas de nutrição, mas que
visam única e exclusivamente a produção de super animais – como se fossem fora de série,
empregando técnicas nutricionais para que os animais expressem seu potencial máximo de
desempenho (animais super alimentados). Nesse sentido incorre-se no risco de artificializar
suas respostas, e ao adquirir tais animais para sua propriedade, se o novo proprietário não
fornecer a mesma super dieta, constatará, muito a contra gosto de que comprou uma coisa e
levou outra. Isso ocorre muito ao colocar os reprodutores em serviço junto das ovelhas. Em
alguns casos constatados na prática é possível verificar queda na condição corporal (animais
perdem peso e ficam com aspecto de “sentidos”), piora significativa no desempenho
reprodutivo.
Valorizando excessivamente o aspecto racial e físico, principalmente de ovinos para corte,
alguns matrizeiros têm adotado técnicas que para humanos seria puro exercício de
halterofilismo. Tal como esses atletas, ao procriarem, os ovinos assim tratados não transmitirão
à seus descendentes tais características, pois as mesmas foram impostas pelo meio artificial
que tiveram. Assim, ao buscar cabanhas para aquisição de matrizes e/ou reprodutores os
produtores devem ter em mente que antes de realizar a compra, seria prudente observar o
desempenho de animais que saíram dessa propriedade e esteja em serviço em outras,
verificando a resposta de sua progênie no próprio campo, de preferência que as condições
dessas propriedades seja similares às de sua própria fazenda.
Atualmente o preço de animais destinados a esse propósito está muito elevado, e muitos tem-
se aventurado nessa empreitada esperando que o mercado continue mantendo-se dessa forma
por muito tempo. No entanto, o que diz o bom senso , é que tal situação dos preços é pontual
e tende a voltar para a normalidade. Outro aspecto que faz boa parte dos técnicos acreditarem
a uma volta dos preços à normalidade, é o fato de que com os atuais preços pagos fica
impraticável obter lucratividade significativa na ovinocultura. Morais (2000) deixa isso muito
claro, para um cenário otimista ele postulou que “caso se consiga identificar os problemas e
que os mesmos sejam corrigidos a tempo de se evitar que tornem-se crônicos ou irreversíveis”,
já sob um cenário ruim “se persistirem as tentativas em avançar sem o conhecimento do
terreno e ignorando os reais obstáculos a serem vencidos.”
É bom que se registre que nem todo animal que nasce em um plantel (palavra que designa
rebanho melhorador, assim como cabanha para os sulistas) é por esse simples fato um
melhorador de rebanhos, pois apenas uma parcela desses animais assim o será. Pelo menos é o
que ditam as leis da genética, postuladas a muitas décadas atrás e validadas até hoje. O que se
verifica é uma tendência de que todos animais dos plantéis serem considerados melhoradores,
isso mostra novamente a ausência de técnicos especializados em melhoramento genético
animal. O que pode ocorrer é que, em graus variados, esses animais podem servir para dar
impulso qualitativo naqueles rebanhos que se encontram muito abaixo dos índices zootécnicos
tidos como ideais. Mas assim sendo, tais animais, caso sejam vendidos como melhoradores, por
questão de mérito devem ter preços inferiores aos animais destaques (animais de ponta) do
rebanho matrizeiro.
Por fim, todo produtor de material genético deve possuir antes de mais nada um planejamento
esmerado de toda sua atividade; um controle zootécnico de primeira ordem e assistência de
melhoristas (zootecnistas, veterinários, agrônomos, biólogos); programas sanitários muito bem
estabelecidos e conduzidos, com a constante supervisão de um médico veterinário; programas
nutricionais elaborados para cada categoria nas várias épocas dos ano e que se destinem a
suprir as exigências nutricionais fisiológicas dos animais e não como desafio biológico de
respostas astronômicas, também sob orientação técnica; ter sempre em mente que a qualidade
de seus produtos é que lhe trará sustentação e credibilidade no mercado.
No sentido de servir como referência constará a seguir o quadro 3 com índices de produtividade
para ovinos, que segundo Oliveira e Lima (1994) são dados preconizados pelo Banco do
Nordeste e pela EMBRAPA-Caprinos, e assim sendo, servirão aos técnicos e produtores que
lidam com ovinos.
Uma observação rápida nos valores propostos é possível verificar, que no contexto da
ovinocultura do sudeste e centro-oeste, há uma tendência de índices melhores, principalmente
junto àqueles ovinocultores que estão na atividade a mais tempo e usando da tecnologia e
normas de manejo recomendada pelo setor técnico, infelizmente, outra parcela ainda encontra-
se com índices aquém dos preconizados. O que sugere um estado de vigília por parte não
somente dos produtores, mas também de técnicos, instituições de pesquisa, extensão e ensino,
para que possam intervir de forma mais incisiva para retomada das ações positivamente
favoráveis à reversão do atual quadro.
Quadro 3. Índices de produtividade da ovinocultura

                                                                   Índices regionais
       D I S C R I M I N A Ç Ã O            Unidade              Níveis de tecnologia
                                                           Baixa         Média          Alta
Parição (partos/matriz/ano)                  %              80            100           120
Prolificidade (ciras/parto)               unid.            1,20          1,25           1,30
Natalidade (crias/martiz/ano)             unid.            0,96          1,25           1,56
Mortalidade até um ano                       %               15            12            10
Mortalidade acima de um ano                  %                7             5             3
Idade ao primeiro acasalamento           meses              12             12            12
Seleção de fêmeas para reprodução            %              60            50             40
Período de gestação                        dias             147           147           147
Peso ao nascimento                          kg           2,3 a 4,9     2,3 a 4,9     2,3 a 4,9
Gemelidade                                   %            20 a25        25 a 40       35 a50
Relação reprodutores/matrizes          unid./ unid.        1:20          1:25           1:30
Descarte de matrizes                         %              20            20             20
Peso vivo aos 100 dias                      kg               10            13            16
Peso vivo aos 365 dias                      kg               24            28            32
Idade ao abate                           meses            14 a 18       11 a 14        8 a 12
Desfrute                                     %            28 a 40       35 a 47       42 a 55
Peso médio da carcaça (anim. 1 ano e
                                            kg              12            14            16
matriz descartada)
Número de animais até 1 ano/U.A.          unid.             14           14            14
Número de animais acima de 1 ano/U.A.     unid.              7            7             7
Aprisco-animais até 8 meses                 m2              0,5          0,5           0,5
Aprisco-animais acima de 8 meses            m2              0,8          0,8           0,8
Curral de manejo-animais até 8 meses        m2              0,8          0,8           0,8
Curral manejo-animais acima de 8 meses      m2              1,6          1,6           1,6
Consumo de água por animal                 litro             5            5             5
Oliveira e Lima (1994)


PRODUÇÃO E RECICLAGEM DE RECURSOS ORGÂNICOS RENOVÁVEIS

Para produtores que adotam o sistema de confinamento ou semi-confinamento, é possível
adotar práticas de processamento e reutilização da matéria orgânica na propriedade, dando
maior sustentabilidade à produção na fazenda por anos e anos, ou mesmo produzindo material
do tipo compostagem, adubo orgânico, biofertilizante e biogás, húmus e até mesmo buscar na
anelideocultura (criação de minhocas) uma outra, e nova fonte de renda. Pois de acordo com
Pinto (1974) os animais adultos podem produzir cerca de 600 kg de esterco por ano,
equivalente a 36 kg de nitrato de sódio, 22 kg de superrfosfato e 10 kg de cloreto de potássio.
Além de ecologicamente corretas, práticas como essas são a cada dia mais e mais freqüentes
em muitas propriedades brasileiras; sendo seculares em países como Japão, Índia e outros.
Como dividendos de atitudes dessa magnitude, o produtor pode ter a certeza de que deixará
seu legado material para as gerações que o sucederão na atividade, pois estará reciclando
material que na maioria das vezes é desprezado nas fazendas e que possuem considerável
impacto na vida útil (amortização) de elemento como solos, pastagens, aguadas, flora e fauna
locais.
Os compradores nesse mercado são os olericultores, fruticultores e mesmo profissionais ou
leigos que se dedicam à jardinagem, para quem julga que tais observações não procede, basta
ir até uma casa especializada no comércio de plantas e jardins e verificar os preços, por
exemplo, do quilograma de húmus, na sua maioria de qualidade duvidosa.
INTERAÇÃO ENTRE OS ELOS DA CADEIA PRODUTIVA

Para organizar a cadeia produtiva é necessário que os produtores tenham nos agentes da rede
de transporte, nos representantes comerciais de todas as escalas, e nos representantes
industriais, seus potenciais parceiros produtivos, de sorte que os interesses de quaisquer
classes citadas não sejam sobrepujadas ou subjugadas por nenhum segmento em particular.
Aqui deve-se prevalecer os princípios de justiça econômica, social e principalmente ético-moral.
Somente assim é que se fortalecerá todos os elos (segmentos) da cadeia, a qual terá nas
outras cadeia seus concorrentes, e não dentro da própria cadeia. Na própria cadeia a
concorrência deve assumir o caráter de comensalismo, ou seja, ralação entre seres vivos onde
todos recebem benefícios, e não como o parasitismo, muito comum e incentivado em doutrinas
mais capitalistas e menos humanistas (lucros acima de tudo e todos).
Cordeiro (2001) sugeriu que na linha dos queijos, deve-se buscar produção daqueles menos
requintados e com menores preços para concorrerem com os importados, principalmente da
França, entendendo que esse pode ser o ponto de partida para “aquecimento” desse segmento
e como conseqüência, ser o carro-chefe da linha queijos para futuras implementações da linha
mais fina e requintada. Colocação muito oportuna, pois na maioria das vezes o produtor e até o
industrial procura sair com os produtos de ponta, fato que na maioria das vezes torna o
lançamento e manutenção do produto insustentável dentro de um sistema de produção a médio
ou longo prazo economicamente viável, além de em alguns casos tornar impraticável o
aumento da produção por restrição de mercado consumidor, ou seja, a diversificação de
produtos, permite uma “permeabilidade” dos derivados lácteos nas diversas classes sociais,
permitindo o escoamento de maior produção.
Quanto a outros derivados Cordeiro (2001), apontou para se trabalhar com o leite caprino, e
aqui é possível pensar-se no leite ovino, mais na linha iogurtes e sorvetes, pois o primeiro
possui excelente aceitação e rendimento industrial e requer parcos investimentos, de mesma
forma há boa resposta quanto ao segundo produto, ambos os casos apresentam forte
capacidade em agregar valores ao leite, juntamente com a fabricação de queijos finos.
Como elaborar tantos produtos? Talvez seja o caso de se criar cooperativas aos moldes da
CAPRIMINAS ou similar, onde seus participantes deverão produzir determinadas quantias de um
produto para atender ao mercado, podendo também o cooperativista optar por determinada
aptidão (ex: produzirá somente iogurtes com a marca da cooperativa). Por outro lado, uma
cooperativa de produtores de leite caprino pode repassar seus estoques, total ou parcialmente,
a outra cooperativa ou associação de merendeiras ou doceiras, por exemplo, seira uma
terceirização, no primeiro caso desfrutando de algumas vantagens legais (vide legislação sobre
cooperativas), e essa sim processaria e obteria os produtos lácteos em consonância com o
mercado. Claro que tudo isso atendendo às legislações de saúde pública, tributária e fiscal.
Para a carne ovina e seus derivados, o segmento comercial varejista, juntamente com os
produtores ou suas cooperativas (associações ou similares) deveriam levar a termo promoções
do tipo: “semana do cordeiro”, “dia da ovelha”, “faça o carneiro no buraco”, elaborando receitas
em cozinhas de treinamento nos próprios estabelecimentos para donas e donos de casa e
outros interessados em culinária.
Junto às redes de restaurantes, churrascarias, hotéis e similares é possível elaborar contratos
fechados, garantindo constância de compra e venda dos produtos cárneos; como também com
hospitais, quartéis de toda natureza e até penitenciárias; não deixando fora as escolas com a
merenda escolar ou as universidades com seus “bandeijões”. Nas fases iniciais desses
contratos, todos os elos abaixo desses consumidores estariam “patrocinando” tal ingresso,
depois de sedimentado – após estudo prévio devida e meticulosamente elaborado – o
investimento poderia trazer retorno certo, principalmente para destino das carcaças maiores
(animais mais velhos ou descartes técnicos).
Para atendimento às normas da vigilância sanitária naquelas regiões onde não existem laticínios
e/ou abatedouros e frigoríficos específicos, sempre existe a possibilidade de se arrendar tais
instalações por um ou dois dias na semana, para processar os produtos da cadeia da
caprinovinocultura. Como também remunerar esse segmento (indústria) como prestador de
serviços, para por exemplo realizar o abate de pequenos ruminantes, nesse caso, toda a infra
estrutura de um frigorífico, que oneraria todo esse elo da cadeia, teria um pequeno
investimento, o qual representaria poucas adaptações nas linhas de abate, eviscerarão e esfola;
em alguns exemplos observados desse tipo de relação na cadeia, tem-se constatado que em
um outro local, devidamente credenciado pelo SIF - Serviço de Inspeção Federal, ou outro
órgão de inspeção - estadual ou municipal, é possível fazer os cortes especiais e mesmo
submeter as carnes a processos de transformação (hambúrgueres, quibes, lingüiças,
defumados, ou outros produtos que demandarem o mercado, inclusive com aproveitamento dos
não componentes da carcaça – vísceras). Num esquema desse tipo é possível ainda construir-se
um projeto satélite, onde as peles e/ou lãs poderão ser processadas com escopo similar ou a
partir de terceirização de serviços.
Para a indústria peleteira seria possível uma parceria na qual essa teria pessoal técnico
responsável para acompanhar o ciclo produtivo das peles, visando melhorar sua qualidade, sem
quaisquer ônus para os produtores, a esses restaria o compromisso de que, dentro de um
contrato eticamente elaborado, proporcionar a entrega total ou de um determinado percentual,
previamente acordado, de sua produção das peles tipo A (ou de primeira). Nesse sentido, todos
ganhariam, e a sociedade como um todo receberia como dividendos, produtos de pele, pelica,
marroquins, camurça ou couro de qualidade, e em contrapartida estaria ganhando também com
a elevação da arrecadação de impostos em sua região de domicílio, isso porque, tudo exposto
acima, segue na vertente de situar todas essa atividades na legalidade, acabando de vez com o
mercado clandestino, onde uns poucos ganham algo e muitos perdem bastante, passando por
divisas, indo pela qualidade e terminando na saúde.
Outro segmento pouco explorado seria junto às festas e manifestações populares, onde pratos
típicos com tais carnes teriam lugar de destaque, enriquecidos e amparados pela culinária típica
de cada região. Exemplo típico foi o “carneiro no buraco” no meio-oeste paranaense no final
dos 80 e início dos 90, como sugestão teria o cordeiro no rolete; noite do guisado; festa do
cordeiro e assim por diante, sempre voltados para apelos regionais e culturais. Abre-se assim
uma possibilidade de exploração também do turismo (indústria sem chaminé) que possibilita
inúmeras combinações, inclusive incrementando produtos artesanais, artísticos ou mesmo
industriais voltados para o processamento e aproveitamento das peles dos pequenos
ruminantes.
Uma forma bem interessante de se explorar os ovinos é usá-los de forma complementar à
horticultura, fruticultura ou qualquer outra atividade agrícola, empregando seus resíduos na
produção animal, ou mesmo servindo-se das infra-estruturas existentes para a exploração em
conjunto. Pode-se derivar ainda, principalmente na ovinocultura, de exploração consorciada,
onde os animais pastejam nas entre linhas (ruas) da cultura, de modo a auferir benefícios tanto
na cultura agrícola como na exploração animal. Tal procedimento auxilia em muito na
diminuição dos investimentos imobilizados na implantação de um criatório, desde que ambas as
culturas sejam planejadas segundo os princípios técnicos vigentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cadeia de caprinovinocultura encontra-se desorganizada, na maioria das regiões, e o primeiro
passo para organizá-la, passa necessariamente por sua organização da porteira para dentro,
sendo que tomadas de decisão nesse sentido, muitas das vezes requerem pouco ou nenhum
investimento a mais daqueles já existentes.
Há a necessidade de que os produtores de ovinos assumam seu verdadeiro papel junto aos
demais componentes da cadeia, propondo parcerias, negociando melhores preços, prazos e
condições de pagamento, além de negociar as melhores relações no mercado, pois deles
dependem imensamente os demais.
Aos segmentos de transporte, comercialização e beneficiamento dos produtos advindos da
ovinocultura compete maior inserção na mesma, assumindo papéis de parceiros, consultores, e
até mesmo de financiadores dessa atividade onde agentes oficiais têm falhado, pois são todos
parte integrante e interessadas no sucesso do setor primário, sem o qual, sua atividade fim
estará sempre nos graus de evolução que atingiram a muito tempo e possivelmente fadados à
estagnação, juntamente com todos os componentes da cadeia.
Órgãos de fomento, pesquisa e extensão necessitam de primeiro ouvir todos os segmentos
dessa cadeia, para somente depois traçar as metas e planos de ação para conquistá-las.
Toda e qualquer forma de associativismo é sempre muito salutar para se organizar, fortalecer e
dar credibilidade às atividades agropecuárias e agroindustriais.
Em suma, a cadeia produtiva necessita urgentemente de PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO,
construído de forma conjunta e não como ações isoladas e por muitas vezes inócua para a
cadeia como um todo, satisfazendo, quando o faz, apenas uma pequena minoria envolvida.
Assim sendo, torna-se imperioso que a presença de um zootecnista com boa visão da atividade,
em seu aspecto técnico, mas também com sólidos conhecimentos de todos os segmentos do
agronegócio ovino.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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 disponibilidade de produtos sintéticos. IN: Caprinocultura e ovinocultura. SBZ-FEALQ,
 Piracicaba, 1990. p.85-91.

ALVES, J. U. Jogando dinheiro pelo ralo. Texto disponibilizado no website
 www.capritec.com.br até 15/04/2003. EMBRAPA-Caprinos, ubiraci@cnpc.embrapa.br, 2003.

CORDEIRO, P. C. Produção de leite de cabra no Brasil. IN: Matos, W. R. S. et al. A produção
 Animal na visão dos brasileiros. Piracicaba: Sociedade Brasileira de Zootecnia – FEALQ,
 2001. p. 497-503.

COUTO, F. A. D. Apresentação de dados sobre a importância econômica e social da
 ovinocaprinocultura brasileira. IN: MIZUTA, K., SILVEIRA, M. A., COUTO, F. A. D. et al. Apoio
 à cadeia produtiva da ovinocaprinocultura brasileira: Relatório Final. Brasília, CNPq.
 2001. 69p.

DANTAS, A. Posição dos Abatedouros dentro de um Programa Nacional de Ovinocaprinocultura.
 IN: MIZUTA, K., SILVEIRA, M. A., COUTO, F. A. D. et al. Apoio à cadeia produtiva da
 ovinocaprinocultura brasileira: relatório final. Brasília. CNPq. p. 34-40, 2001.

FURLANETO, E. e SILVA, A. F. R. Industrialização e comercialização de pele. IN: Leite, E. R. I
 Semana de caprinocultura e de ovinocultura tropical brasileira. Anais...Brasília, EMBRAPA
 Caprinos. 1994. p.129-134.

IBGE - Instituto de Geografia e Estatística. Anuário Estatítico Brasileiro. 1996.

JACINTO, M. A. C. Alternativas de aproveitamento da pele caprina e seu impacto na
 rentabilidade da caprinocultura de corte. Disponibilizado no website: www.capritec.com.br
 até 04/04/2003. 6p. Universidade de Franca – SP. 2003.

MIZUTA, K., SILVEIRA, M. A., COUTO, F. A. D. et al. Apoio à cadeia produtiva da
 ovinocaprinocultura brasileira: Relatório Final. Brasília, CNPq. 2001. p.10-15.

Morais, O. R. O melhoramento genético dos ovinos no Brasil: situação atual e perspectivas para
 o futuro. IN: Nunes, I. J., Madalena, F. E., Silva, M. A. III Simpósio nacional de melhoramento
 animal. Anais... Belo Horizonte, 2000. p. 266-272.

Oliveira, A. A. P. e Lima, V. P. M. S. Aspectos econômicos da caprino-ovinocultura tropical
 brasileira. IN: Leite, E. R. I Semana de caprinocultura e de ovinocultura tropical brasileira.
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SILVA SOBRINHO, A. G. e Jacinto, M. A. C. Peles ovinas. Jaboticabal, Funep, 1992. 33 p.

SILVA SOBRINHO, A. G. Produção de ovinos. Jaboticabal, FUNEP, 1990. 210p.

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O agronegócio da ovinocultura no Brasil

  • 1. AGRONEGÓCIO DA OVINOCULTURA Iran Borges1, André Guimarães Maciel e Silva2, Rodrigo Orzil3 RESUMO O agronegócio da ovinocultura tem-se mostrado altamente viável, muito embora alguns aspectos porteira adentro e pós-fazenda merecem especial atenção, pois muitas fezes alguns preceitos técnicos tem sido negligenciados, da mesma forma como aspectos ligados à comercialização, publicidade e propaganda, gestão do agronegócio além das porteiras, e também pela existência de muitos mitos, crendices e falsos conceitos. Apesar do grande potencial de crescimento observado no setor, deve-se atentar ao fato de que o mesmo dá-se de forma desordenada, por vezes pontual, concentrando-se muito mais em pequenas propriedades, onde os rebanhos têm em média 100 a 150 cabeças. Denotando-se a necessidade de modelos associativistas de atuação no mercado, pois somente assim os ovinocultores desse porte poderão fazer frente à concorrência, seja na produção de carne e derivados, leite e seus produtos, pele, lã ou outros produtos advindos da criação de ovinos. Sabe-se que uma propriedade pode explorar vários produtos ou categorias de produtos ovinos, e que o mercado apresenta-se de modo também estratificado, assim cabe ao produtor de ovinos vislumbrar-se, sem paixões, preconceitos ou idéias pré-concebidas, nessa cadeia produtiva, estudando suas possibilidades em participar de fatia do mercado, como também determinar de forma segura quais são suas potencialidades produtivas. Estudar as relações produtores - segmentos intermediários - consumidores deve ser o eixo central do planejamento da propriedade e sua produção, assim sendo, um estudo do padrão e tendências do mercado devem nortear a ovinocultura, mas sempre calcada em princípios da técnica, da ética e da moral que a atividade e sociedade exigem. ABSTRACT Sheep agrobusiness has been shown high viability, some aspects in the farm and out of the farm needs attention, because generaly some technical aspects are negligenciated., in a same way, many comercial, mercadological and administrative aspects, out of the farm, and by the existence of false concepts. Althought the high potencial that sheep agrobusinness shows, it is important to note that this development occur desordened, in low properties with low number of animals, 100-150 animals in average. Showig the need of associative models to lead on the market, because that is the only way to be competitive against other products, as beef, dairy, wool and others. In a same property many kinds of sheep products can be explored, and there is a wery extractified market, so the productor needs to find in this market his possibilities of make a product that can be included in a market site, and, in a same time know his productive potencialities. Study the relationships betwen productors, intermediary segments and consummers is a central planning point of study in the property, and a market study needs to guide the activity, but always based in technical and ethical aspects. 1 Zootecnista e Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG – iran@vet.ufmg.br 2 Médico Veterinário e Doutorando do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG – andre_vet@bol.com.br 3 Médico Veterinário e Mestrando do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG – rodrigo- orzil@uol.com.br
  • 2. INTRODUÇÃO O efetivo nacional dos rebanhos de ovinos tem demonstrado determinadas tendências nos últimos anos, de sorte que os números estatísticos apresentados, principalmente pelo IBGE (1996), como por quaisquer outras agências ou agentes, devem receber análise referentes à tais tendências, muito mais que aos números em si. Nesse sentido, é possível denotar uma movimentação nacional no rebanho ovino, com um ligeiro declínio do tradicional reduto sulista (RS) e visível crescimento na região nordeste; não obstante, também tem sido óbvio que as regiões sudeste e centro-oeste vêm apresentando, nos últimos cinco ou seis anos uma sensível elevação no número de cabeças, cujos valores oscilam entre 0,5 e 5% ao ano, dependendo da época e estado a ser avaliado. Muito embora sejam esses os dados oficiais utilizados na maioria das avaliações nacionais, é bom que se registre, que estudo sobre a cadeia produtiva de caprinos e ovinos, levada a efeito em 2001 (Couto, 2001) deu conta que o rebanho nacional atingiu cifras de crescimento na ordem de mais de 35% nas regiões Norte e Centro-Oeste até a presente aquela data. Assim, muitas outras fontes estatísticas (EMATER, BANCO DO NORDESTE, BANCO DO BRASIL, etc.) apresentam seus próprios números, que apesar de constarem sempre com mesma tendência das acima citadas, apresentam números discrepantes. Em razão dessa constatação acima, é oportuno registrar que urge maior mobilização por parte de Associações de Criadores, Secretarias de Agricultura Estaduais e seus órgãos responsáveis pelos levantamentos dos rebanhos, Instituições de Pesquisa e Extensão, Universidades, como também dos próprios Institutos que geram dados estatísticos, venham a somar esforços para que haja maior fidelidade desses indicativos, haja visto que basta um rápida pesquisa desses índices para verificar que há uma grande discrepância, e que passa necessariamente, pela fonte que levantou e tabulou tais dados. PRODUÇÃO DE CARNE OVINA O consumo de carnes e derivados no país é altamente favorável à bovinocultura, avicultura e suinocultura, não obstante, o mercado para pequenos ruminantes seja altamente comprador (Mizuta et al, 2001). O consumo médio de carne/pessoa/ano no Brasil é muitíssimo baixo. Enquanto as estatísticas oficiais mostram um consumo de 0,70 kg/pessoa/ano, o consumo em países do primeiro mundo varia de 20 a 28 kg/pessoa/ano (Silva Sobrinho, 1990 e Couto, 2001). Segundo Couto (2001) o mercado de carne ovina é altamente comprador, fato que deve ser entendido sob o ponto de vista da oferta e procura, não deixando, no entanto, perder-se no horizonte, a questão da qualidade do produto, juntamente com oferta perene e características diferenciadas. Essas características, segundo Dantas (2001), podem ser determinadas pela oferta de cortes de carnes a preços mais acessíveis ou pela elaboração de novos e exclusivos produtos. O autor assinala ainda que o consumidor atual de carne ovina possui alta renda e busca consumir um produto alternativo e diferenciado pelo sabor e qualidade, seja para consumo no lar seja nos restaurantes, hotéis e similares. No levantamento de Couto (2001), o efetivo Brasileiro de ovinos no momento é de 18,6 milhões de cabeças. O Rio Grande do Sul tem atualmente o maior rebanho, com 54,4% desse efetivo, seguido pelo Nordeste com 38,7% (Quadro 1). No rebanho ovino nacional houve uma evolução entre 1989 e 1998, sendo que para os ovinos houve um aumento de 38,7% no Norte e 35,7% no Centro Oeste enquanto nas demais regiões verificou-se queda do efetivo, sendo a maior no Rio Grande do Sul em conseqüência da perda do valor da lã no mercado internacional, muito embora o que se verifica como tendência nessa região é a gradual substituição de animais laneiros para aqueles de corte.
  • 3. Quadro 1. Efetivo de ovinos no Brasil (milhões de cabeças), distribuição do efetivo pelas Regiões Geográficas e Possível Evolução dos Rebanhos (%) Entidade geográfica Ovinos Evolução Brasil – milhões de cabeças 18,6 - Regiões geográficas Norte 2,05% Mais de 38,7% Nordeste 38,7% Menos de 4,7% Sudeste 2,1% Menos de 2,7% Sul 54,4% Menos de 9,5% Centro Oeste 2,6% Mais de 35,7% Couto (2001) Pelos dados nota-se significativo crescimento nas regiões Norte e Centro Oeste, muito embora haja crescimento vegetativo expressivo nas outras regiões, é importante que os produtores não desprezem tais mercados, mesmo porque já possuem alguma tradição no consumo de carnes caprinas e ovinas. Qualquer estratégia que priorize apenas as regiões com maiores demandas futuras, parece, em primeira instância, uma tomada de decisão desajustada. Um ponto fundamental para entender como encontra-se a produção de caprinos e ovinos no Nordeste brasileiro, é conhecer o tipo de propriedades envolvidas nesse agronegócio. Cerca de 50% dos rebanhos caprino e ovino no nordeste concentram-se em propriedades com menos de 30 hectares, sendo que 28,9% possuem entre 31 e 200 ha e 21,1% são produzidos em propriedades com mais de 200 ha (Couto, 2001). Isso conduz a uma nova necessidade, muitas vezes carente no Brasil, qual seja, malha rodo-ferro-hidroviária adequada não só para o escoamento da produção, mas também para que se seja possível a distribuição de insumos e material de investimentos junto às propriedades. Tal consideração aumenta seu impacto na cadeia produtiva a partir do momento em que as propriedades mostram-se distribuídas de forma mais diluída por toda a região. Esse aspecto de infra estrutura, que em primeira instância parece recair sobre os órgãos oficiais, apresenta algumas soluções criativas entre alguns grupos de produtores (entre si ou em parceria com governos locais ou federal). Tal como a produção de leite, mas agora por fatores de manejo com interveniência de aspectos climatológicos, a produção de carne dos pequenos ruminantes também apresenta-se com flutuações que devem ser evitadas dentro da cadeia produtiva, mais especificamente no âmbito da fazenda. Para tal, basta aos produtores optarem por prática de estações de monta escalonadas, sincronização e/ou indução de cios, formação de grupos de produtores que produzirão cordeiros em determinadas épocas do ano e atendimento às necessidades do mercado local (cooperativas, condomínios, corporações, etc). Outra estratégia muito simples e que deve ser implementada junto às anteriores, é a separação dos animais por lotes, seja por tamanho (peso) ou por idade (época de nascimento). Toda e qualquer forma de estratificação da produção também poderá ser adotada nesse sentido. Quanto aos animais para abate, pode-se classificá-los nas seguintes categorias: a) CORDEIRO: Animais de 3 a 6 meses de idade. São os preferidos pelos gourmets, por terem ossos finos, peso vivo entre 15 e 25 Kg, rendimento de carcaça entre 40 e 50%. Sua carne é rosada e lisa, apresentando-se bem enxuta e (± 22% gordura), sua gordura é branca. Pode-se considerar como subclasse o cordeiro mamão (alimentado com leite). Os cordeiros representam a principal classe ou categoria dos animais abatidos, devido às qualidades acima, mas também por ser mais estudada, ter melhor aceitação popular, melhores carcaças e apresentarem o melhor custo-benefício. b) BORREGO: Animais com 1 a 1,5 anos. Têm ossatura mais desenvolvida, contribuindo para que seu rendimento caia para 38 a 43%. Seu peso vivo está entre 30 e 50 Kg. Sua carne é mais vermelha que a anterior e com ± 35% de gordura na carcaça. Sua aceitação pelo consumidor ainda é boa, devido em grande parte ao maior peso final ao abate que dos cordeiros (transporte, comercialização).
  • 4. c) CAPÃO: Por serem machos adultos, apresentam-se com maiores pesos (45 a 50 Kg de PV) e o rendimento médio de 41%. Carne vermelha intensa e com maior teor de gordura de cobertura, chegando a ser excessiva. Talvez sua vantagem sobre os borregos seja seu rendimento de carcaça, que pode ultrapassar 44%. Mas esta deve-se em boa parte à maior deposição de gordura, fato que limita a aceitação pelo consumidor. d) OVELHA: Geralmente de animais com idade avançada. É uma carcaça maior, com ossos mais pesados, excessiva cobertura de gordura, musculatura rígida e com baixa palatabilidade. Carne de coloração vermelho bem escura. Seu rendimento de carcaça é de 40%. Por tudo isto é mais consumida na propriedade ou por consumidores menos exigentes. Pode ser emprega na fabricação de derivados da carne que têm maior aceitação pelo público consumidor além de agregar valor ao produto primário. e) CARNEIRO: São todos os machos que não se servem mais à reprodução. Têm baixo valor comercial, musculatura bem escura, ossos mais pesados e excessiva cobertura de gordura. Este último confere-lhe um sabor atípico, a ponto de ser comercializado beneficiado (charques, guisado, carneiro no buraco, embutidos, defumados ou lingüiças). Fica claro que uma mesma propriedade terá todas as categorias mencionadas; e explorar uma delas como o “carro chefe” parece ser uma das saídas que se tem encontrado (Ex: cordeiros – mamão ou precoce, borregos ou borregões, ou ainda capões). Ovelhas e carneiros serão tidos como animais de descarte e necessariamente deverão sofrer processos de transformação industrial para chegarem à mesa dos consumidores. Assim, qualquer propriedade terá possibilidades de explorar a produção de animais precoces, jovens, adultos e descartes de matrizes e reprodutores, nesses casos, o produtor deverá ficar atento ao destino que dará a tais produtos. Para isso deve-se observar alguns princípios que têm muito a ver com o quesito qualidade da carne: vender todo e qualquer animal pelo mesmo valor significa um erro, pois estará dando um tiro no pé; uma vez que cordeiro mamão ou precoce são mais procurados e possuem maior aceitação e procura no mercado, daí devem ser tidos como mais caros, já animais de descarte, como geralmente têm menor procura, pelas características intrínsecas dessa carne, devem receber preços menores, ou sofrer processamentos adequados. Qualquer propriedade terá possibilidades de explorar a produção de animais precoces, jovens, adultos e descartes de matrizes e reprodutores, nesses casos, o produtor deverá ficar atento ao destino que dará a tais produtos. Animais mais novos significam sempre maiores giros de capital e suportam maior elasticidade de preços no sistema como um todo. Nesses casos, uma planilha de custos de produção muito bem elaborada é que ditará os preços, os quais, necessariamente serão diferenciados. Salvo raras exceções o mercado tem pago pelo peso vivo, fato que pode não estimular a produção de produtos diferenciados, mas surge aqui a possibilidade de se traçar junto aos frigoríficos os contratos de parceria, objetivando melhorar a qualidade do produto de acordo como a preferência do consumidor. Nesse sentido o produtor tem que mostrar aos empresários do setor cárneo a importância de se trabalhar com produtos diferenciados (cordeiro, borregos, processados em geral vindos dos animais descartados). Evitar-se de comercializar animais adultos para fornecimento de corte pode ser uma atitude louvável, visto que tais animais possuem composição de carne que não agrada à maioria dos paladares. Com isso o produtor estará organizando seus “centros” de custos, mas também beneficiando aos potenciais consumidores, pois abrirá o leque para que camadas até então excluídas do consumo dessas carnes e/ou produtos, possam vir a dar sustentação à ponta final da cadeia produtiva. Exemplos bem claros são vistos na avicultura com a comercialização de pés e pescoços, como também de matrizes; ou ainda na bovino e suinocultura com a comercialização de seus não componentes da carcaça (miúdos). Esse último tipo de segmento ainda é insignificante na caprinovinocultura, e tudo indica que possui um bom mercado a ser explorado, haja visto que algumas empresas frigoríficas já iniciaram a produção de derivados desses produtos e estão aos poucos conquistando mercados dos semi-prontos.
  • 5. PRODUÇÃO E BENEFICIAMENTO DA PELE OVINA Ao se considerar que o Brasil possui em seu rebanho ovinos lanados e deslanados e caprinos, constata-se que o mercado interno de peles e mesmo o externo é bastante grande, concordando com o postulado por Padilha e Siqueira (1981), Silva Sobrinho e Jacinto (1992). Esses últimos enfatizaram que a pele de ovinos lanados fornecem matéria-prima importante para a fabricação de couros cobiçados pelas indústrias peleteiras, usados na fabricação de casacos de peles onde a cobertura de lã natural fornece revestimento adequado ao isolamento e, consequentemente, aquecimento nas baixas temperaturas e que os ovinos deslanados fornecem a melhor pele do mundo, muito valorizada no exterior. Esse alto valor de mercado da pele de ovinos deslanados deve-se à sua maior elasticidade e resistência, associadas a uma textura fina, prestando-se para maior gama de aplicações na indústria de vestuário (inclusive alta costura, hoje denominada fashion) e calçadista. Recentemente, Roura (2000) postulou que o Brasil deveria a partir de agora evitar a exportação de peles caprinas e ovinas para a Europa, redirecionando a produção local para a indústria calçadista nacional, devido ao enorme prestígio que a mesma possui na Europa e América do Norte, e exportar os produtos acabados, elevando em muito o superávit na sua balança internacional do comércio; assim ganha o país, a indústria, os produtores, e não sendo ufanista, os consumidores estrangeiros de calçados brasileiros. Com essa mesma linha de raciocínio, só que na vertente da exportação de produtos semi- elaborados, Furlaneto e Silva (1994) salientaram que cerca de 40% da produção nacional de peles caprinas e ovinas é exportada para países da Europa, enfatizando que o mercado só não é maior porque as peles nacionais são portadoras de muitos defeitos. Sugerem que a formação de cooperativas por parte dos produtores dessa pele pode ser instrumento poderoso no momento da comercialização com os industriais estrangeiros. Aqui é importante ressaltar que além do modelo cooperativista, há ainda os condomínios, associações mistas (produtores, artesãos, empregados de indústrias de tecelagem – algumas com massa falida interessante para ingressarem em programas de geração de emprego e renda patrocinados pelo governo federal), e mesmo para se praticar a famosa parceria ou terceirização de tarefas na cadeia produtiva. Couto (2001) relatou que o mercado mundial de peles é também muito grande e comprador (Quadro 2). Segundo a FAO foram comercializadas em 1992 um total de 756 milhões de peles num valor de US$ 1,65 bilhões. Quadro 2. Importação e exportação de peles de ovinos e caprinos pelo Brasil, entre os anos de 1992 e 20001. Item 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Exportações Ovinos 13,3 13,2 9,7 9,9 13,0 12,0 8,9 7,1 7,1 Caprinos 8,0 5,9 4,2 3,3 3,7 0,3 0,2 0,3 0,3 Importações Ovinos 4,0 5,0 5,8 11,4 10,2 9,6 5,8 2,8 6,1 Caprinos 12,6 9,8 11,4 9,3 3,1 9,6 3,1 1,6 8,9 Couto (2001) . 1 . Dados em US$ milhões Dados relativos aos preços praticados no mercado de peles ovinas em wet blue (tratadas quimicamente com cromo) têm oscilado entre R$10,00 e R$30,00 reais, há no entanto alguns mercados pontuais que estão pagando cerca de R$45,00 por unidade, como também alguns atravessadores “bonificando” produtores nordestinos com R$3,00 a R$5,00 por peça. Muito embora Alves (2003) tenha relatado preços ao produtor entre R$7,00 e R$9,00 e após o processamento o mesmo atinge cifras entre R$120,00 e R$150,00. Tal fato é típico de um
  • 6. segmento produtivo desestruturado e/ou mesmo mal informado do potencial de capitalização que possui em mãos. Resta então aos caprinovinocultores agirem mais atentamente no segmento de “obtenção de peles de boa qualidade” (Alves, 2003), pois sem dúvida trata-se de excelente forma de aumentar o retorno líquido na atividade. Pelos dados de Jacinto (2003) na caprinocultura de corte explorada na região Sudeste a pele pode representar ganhos adicionais entre 7,3 e 8,7% em relação ao preço da carcaça e tais números podem ser a diferença entre o lucro e o prejuízo da atividade, isso considerando o preço pago na região de Fanca – SP. Com o acima exposto, resta aos ovinocultores agirem mais atentamente no segmento “obtenção de pele de boa qualidade”, pois sem dúvida trata-se de excelente forma de aumentar o retorno líquido na atividade. SITUAÇÃO DO SETOR LÁCTEO E A PRODUÇÃO DO LEITE OVINO Com o advento da globalização nos últimos anos os produtores, de todas as áreas, para conseguirem manter-se no mercado estão adotando modernas tecnologias. No entanto a situação do setor lácteo no pais é de certa forma delicada, devido a custos altos de produção, e preços baixos pagos ao produtor. Esta situação deve se agravar principalmente quando se refere ao pequeno produtor, devido ao instante político atual. Desta forma as propriedades, principalmente as pequenas, terão que investir em algo que lhes dê retorno mais rápido e com menor custo. Uma das alternativas é a criação de pequenos ruminantes e dentre eles a cabra e a ovelhas leiteiras. Muitos foram os produtores de leite na região Sudeste que realizaram tal migração nos anos 90, seja para a caprinocultura leiteira, seja para a ovinocultura de corte; infelizmente, muitas das vezes sem a devida orientação técnica, fato que pode estar induzindo ao mesmo destino que tiveram na cadeia produtiva anterior. É sempre oportuno lembrar, vaca é vaca, cabra é cabra e ovelha é ovelha, como tal devem e necessitam de práticas de manejo adequadas. Infelizmente, parte dos produtores que saíram da atividade do agronegócio da bovinocultura leiteira, em função desses aspectos da conjuntura econômica nacional e estrangeira, entraram na caprinocultura ou em menor número na ovinocultura leiteira, mas continuam a insistirem nos mesmos erros do passado; não bastasse esse comportamento do produtor, por vezes, profissionais com grande experiências nessas outras atividades do agronegócio, também trazem para a ovinocultura leiteira, cujo conteúdo técnico é pouco ou quase nada explorado nos currículos de Zootecnia e demais profissões das ciências agrárias, também tem dado uma contribuição ligeiramente desviada do norte verdadeiro que a atividade necessita para atingir o sucesso pleno, pois também confundem as ovelhas leiteiras e o agronegócio desse leite e seus derivados com aqueles das vacas leiteiras, salienta-se nesse sentido, que apesar de tratarem de leite, há enorme diferença, não só quanto ao produto em si, mas principalmente nas nuanças da cadeia produtiva. PRODUÇÃO DE LÃ E SUA EXPLORAÇÃO COMERCIAL Tradicionalmente produzida no sul do país, essa fibra industrial apresenta-se como outra opção para alguns sistemas de criação. Podendo ser a atividade complementar em alguns criatórios da região sudeste, em Minas Gerais, especialmente agredando-se aos trabalhos artesanais já tradicionais, como tapetes e quadros de decoração, sem contar com as tradicionais peças do vestuário confeccionados em lã (pura ou mistas) do sul Minas. Almeida (1990) já aludia ao fiel mercado que a pura lã possui no Brasil e no mundo, apontando além de suas características peculiares (antialérgica; isolante térmico; não inflamável; com textura, maciez e elasticidade excepcionais para a indústria têxtil) alguns de se seus usos no cotidiano da humanidade (52% dos casacos masculinos possuem lã, da mesma forma 22% das saias femininas, 60% do mercado dos ternos, 38% do mercado de paletós, 35% das malhas e 59% do mercado de carpetes), poder-se-ia ainda acrescentar todo acabamento têxtil da indústria aeronáutica, como também da automobilística que usam da lã de qualidade inferior para confecção de feltros empregados no isolamento termo-acústico dos veículos. Almeida
  • 7. (1990) reforça ainda a possibilidade de se explorar um mercado presente em todo o mundo, mas com maior intensidade na Europa, no qual os consumidores estão privilegiando produtos mais naturais. Atentos a aspectos como esses, produtores de ovinos, cooperativas de costureiras, artesãos e similares poderiam tirar proveito desse filão, que até melhor juízo, em Minas Gerais encontra-se mal explorado. Sistemas de produção de carne ovina baseados em cruzamento industrial, podem facilmente desenvolver um novo setor, seja na fazenda, seja junto a outros segmentos interessados, capaz de tornar a produção da lã um ponto a mais para se capitalizar na ovinocultura. Ovelhas de raças especializadas para produção de lã podem produzir entre 4 e 6 kg de pura lã por ano (ciclo produtivo), considerando que os tradicionais rebanhos gaúchos possuem números superiores a 10 mil fêmeas, espera-se produção que ultrapasse 40.000 kg de pura lã; já para um propriedade que explore cerca de 100 matrizes, é possível produzir algo próximo a 400 - 600 kg de lã, a qual pode ser destinada mais especificamente para a indústria do artesanato, pois não teria escala para uma sustentabilidade junto à indústria têxtil, muito embora, se houvessem uns 30 produtores com mesmo perfil, tal contingente seria capaz de produzir algo entre 12.000 a 18.000 kg de lã, e desse modo já poderiam estar ingressando de forma fortalecida junto à indústria para o beneficiamento da lã. Aqui a palavra chave é associativismo, independente de tratar-se de uma cooperativa, corporação, condomínio, associação, ou quaisquer outras formas de se somar esforços para obter vantagens e atender às exigências do mercado. PRODUÇÃO DE MATRIZES E REPRODUTORES Esse é sem dúvida o segmento da ovinocultura que mais exige tecnologia, capital e supervisão de técnicos com a devida competência na ovinocultura. Paradoxalmente não se tem observado muitos desses pressupostos em um considerável número de criatórios tidos como “matrizeiros”. Na infinita maioria do casos tem-se selecionado pelas características raciais, desprezando-se os atributos econômicos e funcionais. Não se tem dada a devida importância aos programas de melhoramento e nutrição, privilegiando-se mais sanidade e reprodução. Ao pontuar que não se tem enfocado o melhoramento como deve ser, é importante reportar-se ao fato de que a imensa maioria dos criadores têm o falso conceito de que adquirindo, e portanto, mantendo seus animais “registrados” indica garantia segura de melhoramento animal; fato que os postulados da genética, juntamente com os índices zootécnicos e as práticas gerais de manejo demonstram de forma científica que pautando-se somente no quesito “animais registrados”, não pode o produtor atingir, com segurança e eficácia, o ganho genético desejado em seu plantel, pelo menos no tempo tão curto com a zootecnia possibilitaria. Para tal deveria estar utilizando de provas zootécnicas como teste de progênie, velocidade de ganho de peso, qualidade da lã, produção e qualidade do leite (características físico-químicas), além de empregar modelos matemáticos complexos, a cargo de melhoristas especializados, capazes de mensurar a habilidade materna, a conversão alimentar, o desempenho produtivo e reprodutivo, além de adoção de programas mais sólidos para o verdadeiro melhoramento genético dos rebanhos. No que se refere à nutrição salienta-se que existem programas de nutrição, mas que visam única e exclusivamente a produção de super animais – como se fossem fora de série, empregando técnicas nutricionais para que os animais expressem seu potencial máximo de desempenho (animais super alimentados). Nesse sentido incorre-se no risco de artificializar suas respostas, e ao adquirir tais animais para sua propriedade, se o novo proprietário não fornecer a mesma super dieta, constatará, muito a contra gosto de que comprou uma coisa e levou outra. Isso ocorre muito ao colocar os reprodutores em serviço junto das ovelhas. Em alguns casos constatados na prática é possível verificar queda na condição corporal (animais perdem peso e ficam com aspecto de “sentidos”), piora significativa no desempenho reprodutivo. Valorizando excessivamente o aspecto racial e físico, principalmente de ovinos para corte, alguns matrizeiros têm adotado técnicas que para humanos seria puro exercício de halterofilismo. Tal como esses atletas, ao procriarem, os ovinos assim tratados não transmitirão
  • 8. à seus descendentes tais características, pois as mesmas foram impostas pelo meio artificial que tiveram. Assim, ao buscar cabanhas para aquisição de matrizes e/ou reprodutores os produtores devem ter em mente que antes de realizar a compra, seria prudente observar o desempenho de animais que saíram dessa propriedade e esteja em serviço em outras, verificando a resposta de sua progênie no próprio campo, de preferência que as condições dessas propriedades seja similares às de sua própria fazenda. Atualmente o preço de animais destinados a esse propósito está muito elevado, e muitos tem- se aventurado nessa empreitada esperando que o mercado continue mantendo-se dessa forma por muito tempo. No entanto, o que diz o bom senso , é que tal situação dos preços é pontual e tende a voltar para a normalidade. Outro aspecto que faz boa parte dos técnicos acreditarem a uma volta dos preços à normalidade, é o fato de que com os atuais preços pagos fica impraticável obter lucratividade significativa na ovinocultura. Morais (2000) deixa isso muito claro, para um cenário otimista ele postulou que “caso se consiga identificar os problemas e que os mesmos sejam corrigidos a tempo de se evitar que tornem-se crônicos ou irreversíveis”, já sob um cenário ruim “se persistirem as tentativas em avançar sem o conhecimento do terreno e ignorando os reais obstáculos a serem vencidos.” É bom que se registre que nem todo animal que nasce em um plantel (palavra que designa rebanho melhorador, assim como cabanha para os sulistas) é por esse simples fato um melhorador de rebanhos, pois apenas uma parcela desses animais assim o será. Pelo menos é o que ditam as leis da genética, postuladas a muitas décadas atrás e validadas até hoje. O que se verifica é uma tendência de que todos animais dos plantéis serem considerados melhoradores, isso mostra novamente a ausência de técnicos especializados em melhoramento genético animal. O que pode ocorrer é que, em graus variados, esses animais podem servir para dar impulso qualitativo naqueles rebanhos que se encontram muito abaixo dos índices zootécnicos tidos como ideais. Mas assim sendo, tais animais, caso sejam vendidos como melhoradores, por questão de mérito devem ter preços inferiores aos animais destaques (animais de ponta) do rebanho matrizeiro. Por fim, todo produtor de material genético deve possuir antes de mais nada um planejamento esmerado de toda sua atividade; um controle zootécnico de primeira ordem e assistência de melhoristas (zootecnistas, veterinários, agrônomos, biólogos); programas sanitários muito bem estabelecidos e conduzidos, com a constante supervisão de um médico veterinário; programas nutricionais elaborados para cada categoria nas várias épocas dos ano e que se destinem a suprir as exigências nutricionais fisiológicas dos animais e não como desafio biológico de respostas astronômicas, também sob orientação técnica; ter sempre em mente que a qualidade de seus produtos é que lhe trará sustentação e credibilidade no mercado. No sentido de servir como referência constará a seguir o quadro 3 com índices de produtividade para ovinos, que segundo Oliveira e Lima (1994) são dados preconizados pelo Banco do Nordeste e pela EMBRAPA-Caprinos, e assim sendo, servirão aos técnicos e produtores que lidam com ovinos. Uma observação rápida nos valores propostos é possível verificar, que no contexto da ovinocultura do sudeste e centro-oeste, há uma tendência de índices melhores, principalmente junto àqueles ovinocultores que estão na atividade a mais tempo e usando da tecnologia e normas de manejo recomendada pelo setor técnico, infelizmente, outra parcela ainda encontra- se com índices aquém dos preconizados. O que sugere um estado de vigília por parte não somente dos produtores, mas também de técnicos, instituições de pesquisa, extensão e ensino, para que possam intervir de forma mais incisiva para retomada das ações positivamente favoráveis à reversão do atual quadro.
  • 9. Quadro 3. Índices de produtividade da ovinocultura Índices regionais D I S C R I M I N A Ç Ã O Unidade Níveis de tecnologia Baixa Média Alta Parição (partos/matriz/ano) % 80 100 120 Prolificidade (ciras/parto) unid. 1,20 1,25 1,30 Natalidade (crias/martiz/ano) unid. 0,96 1,25 1,56 Mortalidade até um ano % 15 12 10 Mortalidade acima de um ano % 7 5 3 Idade ao primeiro acasalamento meses 12 12 12 Seleção de fêmeas para reprodução % 60 50 40 Período de gestação dias 147 147 147 Peso ao nascimento kg 2,3 a 4,9 2,3 a 4,9 2,3 a 4,9 Gemelidade % 20 a25 25 a 40 35 a50 Relação reprodutores/matrizes unid./ unid. 1:20 1:25 1:30 Descarte de matrizes % 20 20 20 Peso vivo aos 100 dias kg 10 13 16 Peso vivo aos 365 dias kg 24 28 32 Idade ao abate meses 14 a 18 11 a 14 8 a 12 Desfrute % 28 a 40 35 a 47 42 a 55 Peso médio da carcaça (anim. 1 ano e kg 12 14 16 matriz descartada) Número de animais até 1 ano/U.A. unid. 14 14 14 Número de animais acima de 1 ano/U.A. unid. 7 7 7 Aprisco-animais até 8 meses m2 0,5 0,5 0,5 Aprisco-animais acima de 8 meses m2 0,8 0,8 0,8 Curral de manejo-animais até 8 meses m2 0,8 0,8 0,8 Curral manejo-animais acima de 8 meses m2 1,6 1,6 1,6 Consumo de água por animal litro 5 5 5 Oliveira e Lima (1994) PRODUÇÃO E RECICLAGEM DE RECURSOS ORGÂNICOS RENOVÁVEIS Para produtores que adotam o sistema de confinamento ou semi-confinamento, é possível adotar práticas de processamento e reutilização da matéria orgânica na propriedade, dando maior sustentabilidade à produção na fazenda por anos e anos, ou mesmo produzindo material do tipo compostagem, adubo orgânico, biofertilizante e biogás, húmus e até mesmo buscar na anelideocultura (criação de minhocas) uma outra, e nova fonte de renda. Pois de acordo com Pinto (1974) os animais adultos podem produzir cerca de 600 kg de esterco por ano, equivalente a 36 kg de nitrato de sódio, 22 kg de superrfosfato e 10 kg de cloreto de potássio. Além de ecologicamente corretas, práticas como essas são a cada dia mais e mais freqüentes em muitas propriedades brasileiras; sendo seculares em países como Japão, Índia e outros. Como dividendos de atitudes dessa magnitude, o produtor pode ter a certeza de que deixará seu legado material para as gerações que o sucederão na atividade, pois estará reciclando material que na maioria das vezes é desprezado nas fazendas e que possuem considerável impacto na vida útil (amortização) de elemento como solos, pastagens, aguadas, flora e fauna locais. Os compradores nesse mercado são os olericultores, fruticultores e mesmo profissionais ou leigos que se dedicam à jardinagem, para quem julga que tais observações não procede, basta ir até uma casa especializada no comércio de plantas e jardins e verificar os preços, por exemplo, do quilograma de húmus, na sua maioria de qualidade duvidosa.
  • 10. INTERAÇÃO ENTRE OS ELOS DA CADEIA PRODUTIVA Para organizar a cadeia produtiva é necessário que os produtores tenham nos agentes da rede de transporte, nos representantes comerciais de todas as escalas, e nos representantes industriais, seus potenciais parceiros produtivos, de sorte que os interesses de quaisquer classes citadas não sejam sobrepujadas ou subjugadas por nenhum segmento em particular. Aqui deve-se prevalecer os princípios de justiça econômica, social e principalmente ético-moral. Somente assim é que se fortalecerá todos os elos (segmentos) da cadeia, a qual terá nas outras cadeia seus concorrentes, e não dentro da própria cadeia. Na própria cadeia a concorrência deve assumir o caráter de comensalismo, ou seja, ralação entre seres vivos onde todos recebem benefícios, e não como o parasitismo, muito comum e incentivado em doutrinas mais capitalistas e menos humanistas (lucros acima de tudo e todos). Cordeiro (2001) sugeriu que na linha dos queijos, deve-se buscar produção daqueles menos requintados e com menores preços para concorrerem com os importados, principalmente da França, entendendo que esse pode ser o ponto de partida para “aquecimento” desse segmento e como conseqüência, ser o carro-chefe da linha queijos para futuras implementações da linha mais fina e requintada. Colocação muito oportuna, pois na maioria das vezes o produtor e até o industrial procura sair com os produtos de ponta, fato que na maioria das vezes torna o lançamento e manutenção do produto insustentável dentro de um sistema de produção a médio ou longo prazo economicamente viável, além de em alguns casos tornar impraticável o aumento da produção por restrição de mercado consumidor, ou seja, a diversificação de produtos, permite uma “permeabilidade” dos derivados lácteos nas diversas classes sociais, permitindo o escoamento de maior produção. Quanto a outros derivados Cordeiro (2001), apontou para se trabalhar com o leite caprino, e aqui é possível pensar-se no leite ovino, mais na linha iogurtes e sorvetes, pois o primeiro possui excelente aceitação e rendimento industrial e requer parcos investimentos, de mesma forma há boa resposta quanto ao segundo produto, ambos os casos apresentam forte capacidade em agregar valores ao leite, juntamente com a fabricação de queijos finos. Como elaborar tantos produtos? Talvez seja o caso de se criar cooperativas aos moldes da CAPRIMINAS ou similar, onde seus participantes deverão produzir determinadas quantias de um produto para atender ao mercado, podendo também o cooperativista optar por determinada aptidão (ex: produzirá somente iogurtes com a marca da cooperativa). Por outro lado, uma cooperativa de produtores de leite caprino pode repassar seus estoques, total ou parcialmente, a outra cooperativa ou associação de merendeiras ou doceiras, por exemplo, seira uma terceirização, no primeiro caso desfrutando de algumas vantagens legais (vide legislação sobre cooperativas), e essa sim processaria e obteria os produtos lácteos em consonância com o mercado. Claro que tudo isso atendendo às legislações de saúde pública, tributária e fiscal. Para a carne ovina e seus derivados, o segmento comercial varejista, juntamente com os produtores ou suas cooperativas (associações ou similares) deveriam levar a termo promoções do tipo: “semana do cordeiro”, “dia da ovelha”, “faça o carneiro no buraco”, elaborando receitas em cozinhas de treinamento nos próprios estabelecimentos para donas e donos de casa e outros interessados em culinária. Junto às redes de restaurantes, churrascarias, hotéis e similares é possível elaborar contratos fechados, garantindo constância de compra e venda dos produtos cárneos; como também com hospitais, quartéis de toda natureza e até penitenciárias; não deixando fora as escolas com a merenda escolar ou as universidades com seus “bandeijões”. Nas fases iniciais desses contratos, todos os elos abaixo desses consumidores estariam “patrocinando” tal ingresso, depois de sedimentado – após estudo prévio devida e meticulosamente elaborado – o investimento poderia trazer retorno certo, principalmente para destino das carcaças maiores (animais mais velhos ou descartes técnicos). Para atendimento às normas da vigilância sanitária naquelas regiões onde não existem laticínios e/ou abatedouros e frigoríficos específicos, sempre existe a possibilidade de se arrendar tais instalações por um ou dois dias na semana, para processar os produtos da cadeia da caprinovinocultura. Como também remunerar esse segmento (indústria) como prestador de
  • 11. serviços, para por exemplo realizar o abate de pequenos ruminantes, nesse caso, toda a infra estrutura de um frigorífico, que oneraria todo esse elo da cadeia, teria um pequeno investimento, o qual representaria poucas adaptações nas linhas de abate, eviscerarão e esfola; em alguns exemplos observados desse tipo de relação na cadeia, tem-se constatado que em um outro local, devidamente credenciado pelo SIF - Serviço de Inspeção Federal, ou outro órgão de inspeção - estadual ou municipal, é possível fazer os cortes especiais e mesmo submeter as carnes a processos de transformação (hambúrgueres, quibes, lingüiças, defumados, ou outros produtos que demandarem o mercado, inclusive com aproveitamento dos não componentes da carcaça – vísceras). Num esquema desse tipo é possível ainda construir-se um projeto satélite, onde as peles e/ou lãs poderão ser processadas com escopo similar ou a partir de terceirização de serviços. Para a indústria peleteira seria possível uma parceria na qual essa teria pessoal técnico responsável para acompanhar o ciclo produtivo das peles, visando melhorar sua qualidade, sem quaisquer ônus para os produtores, a esses restaria o compromisso de que, dentro de um contrato eticamente elaborado, proporcionar a entrega total ou de um determinado percentual, previamente acordado, de sua produção das peles tipo A (ou de primeira). Nesse sentido, todos ganhariam, e a sociedade como um todo receberia como dividendos, produtos de pele, pelica, marroquins, camurça ou couro de qualidade, e em contrapartida estaria ganhando também com a elevação da arrecadação de impostos em sua região de domicílio, isso porque, tudo exposto acima, segue na vertente de situar todas essa atividades na legalidade, acabando de vez com o mercado clandestino, onde uns poucos ganham algo e muitos perdem bastante, passando por divisas, indo pela qualidade e terminando na saúde. Outro segmento pouco explorado seria junto às festas e manifestações populares, onde pratos típicos com tais carnes teriam lugar de destaque, enriquecidos e amparados pela culinária típica de cada região. Exemplo típico foi o “carneiro no buraco” no meio-oeste paranaense no final dos 80 e início dos 90, como sugestão teria o cordeiro no rolete; noite do guisado; festa do cordeiro e assim por diante, sempre voltados para apelos regionais e culturais. Abre-se assim uma possibilidade de exploração também do turismo (indústria sem chaminé) que possibilita inúmeras combinações, inclusive incrementando produtos artesanais, artísticos ou mesmo industriais voltados para o processamento e aproveitamento das peles dos pequenos ruminantes. Uma forma bem interessante de se explorar os ovinos é usá-los de forma complementar à horticultura, fruticultura ou qualquer outra atividade agrícola, empregando seus resíduos na produção animal, ou mesmo servindo-se das infra-estruturas existentes para a exploração em conjunto. Pode-se derivar ainda, principalmente na ovinocultura, de exploração consorciada, onde os animais pastejam nas entre linhas (ruas) da cultura, de modo a auferir benefícios tanto na cultura agrícola como na exploração animal. Tal procedimento auxilia em muito na diminuição dos investimentos imobilizados na implantação de um criatório, desde que ambas as culturas sejam planejadas segundo os princípios técnicos vigentes.
  • 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS A cadeia de caprinovinocultura encontra-se desorganizada, na maioria das regiões, e o primeiro passo para organizá-la, passa necessariamente por sua organização da porteira para dentro, sendo que tomadas de decisão nesse sentido, muitas das vezes requerem pouco ou nenhum investimento a mais daqueles já existentes. Há a necessidade de que os produtores de ovinos assumam seu verdadeiro papel junto aos demais componentes da cadeia, propondo parcerias, negociando melhores preços, prazos e condições de pagamento, além de negociar as melhores relações no mercado, pois deles dependem imensamente os demais. Aos segmentos de transporte, comercialização e beneficiamento dos produtos advindos da ovinocultura compete maior inserção na mesma, assumindo papéis de parceiros, consultores, e até mesmo de financiadores dessa atividade onde agentes oficiais têm falhado, pois são todos parte integrante e interessadas no sucesso do setor primário, sem o qual, sua atividade fim estará sempre nos graus de evolução que atingiram a muito tempo e possivelmente fadados à estagnação, juntamente com todos os componentes da cadeia. Órgãos de fomento, pesquisa e extensão necessitam de primeiro ouvir todos os segmentos dessa cadeia, para somente depois traçar as metas e planos de ação para conquistá-las. Toda e qualquer forma de associativismo é sempre muito salutar para se organizar, fortalecer e dar credibilidade às atividades agropecuárias e agroindustriais. Em suma, a cadeia produtiva necessita urgentemente de PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, construído de forma conjunta e não como ações isoladas e por muitas vezes inócua para a cadeia como um todo, satisfazendo, quando o faz, apenas uma pequena minoria envolvida. Assim sendo, torna-se imperioso que a presença de um zootecnista com boa visão da atividade, em seu aspecto técnico, mas também com sólidos conhecimentos de todos os segmentos do agronegócio ovino.
  • 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, W. P. D. Perspectivas da produção de pele e lã de ovinos no século 21 em face da disponibilidade de produtos sintéticos. IN: Caprinocultura e ovinocultura. SBZ-FEALQ, Piracicaba, 1990. p.85-91. ALVES, J. U. Jogando dinheiro pelo ralo. Texto disponibilizado no website www.capritec.com.br até 15/04/2003. EMBRAPA-Caprinos, ubiraci@cnpc.embrapa.br, 2003. CORDEIRO, P. C. Produção de leite de cabra no Brasil. IN: Matos, W. R. S. et al. A produção Animal na visão dos brasileiros. Piracicaba: Sociedade Brasileira de Zootecnia – FEALQ, 2001. p. 497-503. COUTO, F. A. D. Apresentação de dados sobre a importância econômica e social da ovinocaprinocultura brasileira. IN: MIZUTA, K., SILVEIRA, M. A., COUTO, F. A. D. et al. Apoio à cadeia produtiva da ovinocaprinocultura brasileira: Relatório Final. Brasília, CNPq. 2001. 69p. DANTAS, A. Posição dos Abatedouros dentro de um Programa Nacional de Ovinocaprinocultura. IN: MIZUTA, K., SILVEIRA, M. A., COUTO, F. A. D. et al. Apoio à cadeia produtiva da ovinocaprinocultura brasileira: relatório final. Brasília. CNPq. p. 34-40, 2001. FURLANETO, E. e SILVA, A. F. R. Industrialização e comercialização de pele. IN: Leite, E. R. I Semana de caprinocultura e de ovinocultura tropical brasileira. Anais...Brasília, EMBRAPA Caprinos. 1994. p.129-134. IBGE - Instituto de Geografia e Estatística. Anuário Estatítico Brasileiro. 1996. JACINTO, M. A. C. Alternativas de aproveitamento da pele caprina e seu impacto na rentabilidade da caprinocultura de corte. Disponibilizado no website: www.capritec.com.br até 04/04/2003. 6p. Universidade de Franca – SP. 2003. MIZUTA, K., SILVEIRA, M. A., COUTO, F. A. D. et al. Apoio à cadeia produtiva da ovinocaprinocultura brasileira: Relatório Final. Brasília, CNPq. 2001. p.10-15. Morais, O. R. O melhoramento genético dos ovinos no Brasil: situação atual e perspectivas para o futuro. IN: Nunes, I. J., Madalena, F. E., Silva, M. A. III Simpósio nacional de melhoramento animal. Anais... Belo Horizonte, 2000. p. 266-272. Oliveira, A. A. P. e Lima, V. P. M. S. Aspectos econômicos da caprino-ovinocultura tropical brasileira. IN: Leite, E. R. I Semana de caprinocultura e de ovinocultura tropical brasileira. Anais...Brasília, EMBRAPA Caprinos. 1994. p.7-46. PADILHA, T. N. e SIQUEIRA, K. M. M. Classificação das peles caprinas e ovinas de algumas regiões do nordeste do Brasil curtidas ao cromo. Documentos EMBRAPA – CPTSA, n.15, p. 1-14. 1981. ROURA, F. C. Internacionalizaccion del producto – carneiros y cabras. IN: I Simpósio Internacional sobre caprinos e ovinos de corte. Anais... João Pessoa, 2000. P. 205 – 209. SILVA SOBRINHO, A. G. e Jacinto, M. A. C. Peles ovinas. Jaboticabal, Funep, 1992. 33 p. SILVA SOBRINHO, A. G. Produção de ovinos. Jaboticabal, FUNEP, 1990. 210p.