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Escola Técnica “Lauro Gomes”
GIOVANNA TORRIGO OLIVEIRA
JULIANA SANTOS NASCIMENTO
PAULA MARIA DA SILVA
RENATA FRATUCCI
WENBLER LUCAS DE MORAES BARRETO
PLÁSTICO BIODEGRADÁVEL A PARTIR DE PLANTAS INVASIVAS
São Bernardo do Campo
Julho de 201
Escola Técnica “Lauro Gomes”
GIOVANNA TORRIGO OLIVEIRA
JULIANA SANTOS NASCIMENTO
PAULA MARIA DA SILVA
RENATA FRATUCCI
WENBLER LUCAS DE MORAES BARRETO
PLÁSTICO BIODEGRADÁVEL A PARTIR DE PLANTAS EVASIVAS
São Bernardo do Campo
Julho de 201
Trabalho de conclusão de Curso apresentado
à Escola Técnica Lauro Gomes como
requisito parcial para conclusão do Curso
Técnico em Química
ORIENTADOR: Profº Carlos Roberto
Jeronymo
Escola Técnica “Lauro Gomes”
GIOVANNA TORRIGO OLIVEIRA
JULIANA SANTOS NASCIMENTO
PAULA MARIA DA SILVA
RENATA FRATUCCI
WENBLER LUCAS DE MORAES BARRETO
PLÁSTICO BIODEGRADÁVEL A PARTIR DE PLANTAS EVASIVAS
Banca Examinadora:
Professor:_____________________________________
Professor:_____________________________________
Professor:_____________________________________
São Bernardo do Campo
Julho de 2013
3
DEDICATÓRIA
Dedicamos esta monografia a todas as pessoas que estiveram ao nosso lado,
sobretudo, nos momentos difíceis: família, amigos, e principalmente, aos nossos
professores que foram os principais responsáveis pelo nosso aprendizado. Enfim,
obrigado a todos que direta ou indiretamente contribuíram na nossa formação.
4
AGRADECIMENTOS
5
EPÍGRAFE
"O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um
objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo
fará coisas admiráveis.”
José de Alencar.
6
RESUMO
Com base no aumento do uso de produtos fabricados a partir de plásticos, na sua
reciclagem, que muitas vezes não é prática ou possível, e difícil degradação quando
jogando no meio ambiente devido sua estrutura química, surgiu a necessidade de
criar uma alternativa sustentável que substituísse os plásticos derivados de petróleo.
Como as plantas invasivas são também um grande problema natural e se
desenvolvem em locais não-desejados, prejudicando o crescimento de outras,
procuramos também uma alternativa para resolvê-lo.
Com a possibilidade de produzir plásticos mais degradáveis do que os derivados de
petróleo, tivemos como matéria prima a grande vilã: erva daninha.
Tendo como objetivo sanar com a grande poluição causada pelo plástico derivado
de petróleo e com as plantas invasivas, este trabalho de conclusão de curso é
baseado em pesquisas que possibilitem uma solução.
Partindo do principio da extração do amido para a produção, pôde dar início as
pesquisas, procurando por uma metodologia que nos possibilite a conclusão de
nosso trabalho prático e não apenas teórico como o que consta nesta monografia.
Palavras chave:Plástico; degradável, plantas daninhas.
7
ABSTRACT
Based on theincreased use ofproducts madefrom plasticsin itsrecycling, which is
often notpracticalorpossible,and difficultdegradationwhenthrowing awayin the
environmentdue to theirchemical structure, the need arose tocreate asustainable
alternativeto replacetheoil-based plastics. Howinvasive plantsarealso a greatnatural
problemand developin non-desired, hurtingthe growth of other, seekan alternative
meansto solve it.
Withthe possibility of producingmoredegradableplasticthanpetroleum products,as raw
materialhadgreat villain: weed.
Aimingtoremedytheserious pollutioncausedby plasticderived from oilandinvasive
plants, this work of completionisbased on researchthat enablea solution.
Starting from thebeginningof the extraction ofstarchfor the production,
couldinitiateresearch, looking fora methodologythat enables usto concludeour
worknot onlypractical andtheoreticalascontainedin this monograph.
Key-words:Plastic; degradable; weed.
8
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: C – TIRIRICA..........................................................................................19
FIGURA 2: CONYZA BONIARIENSIS ......................................................................21
FIGURA 3: IMPERATA SP........................................................................................22
FIGURA 4: AMARANTHUS HIBRIDUS.....................................................................25
FIGURA 5: LEONURUS SIBIRICUS.........................................................................26
FIGURA 6: SIDA RHOMBIFOLIA..............................................................................26
FIGURA 7: GUANXUMA ...........................................................................................27
FIGURA 8: GRAMA SEDA........................................................................................27
FIGURA 9: SORGHUM HALEPENSE.......................................................................28
FIGURA 10: BRACHIARIA PURPURACENS............................................................28
FIGURA 11: CYPERUS ROTUNDUS .......................................................................29
FIGURA 12: VERNONIA FERRUGINEA...................................................................29
FIGURA 13: PORTULACA OLERACEA ...................................................................31
FIGURA 14: AMARANTHUS SPP.............................................................................31
FIGURA 15: SIDA SPP .............................................................................................32
FIGURA 16: CYPERUS SPP ....................................................................................32
FIGURA 17: ALTERNANTHERA PHILOXEROIDES ................................................33
FIGURA 18: CUPHEA CASRTHAGENENSI.............................................................33
FIGURA 19: EICHORNIA CRASSIPES ....................................................................34
FIGURA 20: ALGAS..................................................................................................34
FIGURA 21: EGERIA DENSA...................................................................................35
FIGURA 22: TYPHA ANGUSTIFÓLIA.......................................................................35
FIGURA 23: ECHINOCHLOA SPP ...........................................................................36
FIGURA 24: CUSCUTA RACEMOSA.......................................................................36
FIGURA 25: PHORADENDRUM RUBRUM ..............................................................37
FIGURA 26: CAESALPINIA FERREA.......................................................................50
FIGURA 27: AGAVE SP............................................................................................52
FIGURA 28: AGLAIA ODORATA ..............................................................................53
FIGURA 29: LIGUSTRUM SP...................................................................................53
FIGURA 30: MORUS SP...........................................................................................54
FIGURA 31: PHYLLOSTACHYS SP.........................................................................54
9
FIGURA 32: BRACHIARIA SP ..................................................................................55
FIGURA 33: MELINIS MINUTIFLORA ......................................................................56
FIGURA 34: BOMBACOPSIS GLABRA....................................................................56
FIGURA 35: SCHEFFLERA ACTINOPHYLLA..........................................................57
FIGURA 36: SANSEVIERIA TRIFASCIATA..............................................................57
FIGURA 37: HEDYCHIUM CORONARIUM ..............................................................58
FIGURA 38: IMPATIENS WALLERIANA...................................................................58
FIGURA 39: FLUXOGRAMA RECICLAGEM DO PLÁSTICO ...................................61
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: NÚMERO DE SEMENTES PRODUZIDO..................................................................................20
11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 13
2. OBJETIVOS................................................................................................................................... 15
3. MOTIVAÇÃO ................................................................................................................................ 16
4. PROBLEMATIZAÇÃO ................................................................................................................ 17
5. CONCEITOS DE PLANTA DANINHA...................................................................................... 18
5.1 DEFINIÇÕES DE PLANTA DANINHA.................................................................................. 18
5.2 CARACTERÍSTICAS DE UMA PLANTA PARA SER CONSIDERADA DANINHA........ 18
5.3 IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS ECOLÓGICOS E BIOLÓGICOS SOBRE A
ESTRATÉGIA DE MANEJO............................................................................................................ 22
5.4 DINÂMICA POPULACIONAL DE PLANTAS DANINHAS ................................................ 23
6. PREJUÍZOS CAUSADOS PELA PRESENÇA DE PLANTAS DANINHAS........................... 24
6.1 CLASSIFICAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS QUANTO AO CICLO ................................ 25
7.CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA.............................................................................................. 37
8. ANATOMIA DE PLANTAS DANINHAS.................................................................................. 38
8.1 ANATOMIA DA FOLHA........................................................................................................... 38
8.2 ANATOMIA DA RAIZ............................................................................................................... 39
8.3 ANATOMIA DO CAULE........................................................................................................... 40
9. A AGRESSIVIDADE DAS PLANTAS DANINHAS ................................................................. 41
10.PLANTIO DIRETO..................................................................................................................... 43
10.1. AÇÃO DOS FATORES ECOLÓGICOS LIMITANTES ...................................................... 43
10.2 IMPACTO DO PLANTIO DIRETO...................................................................................... 44
11. ROTAÇÃO DE CULTURAS...................................................................................................... 45
12. COBERTURA MORTA ............................................................................................................. 46
13. LISTA DE PRINCIPAIS PLANTAS INVASIVAS NA CIDADE DE SÃO PAULO............ 49
13.1 ESPÉCIES EXÓTICAS X NATIVAS...................................................................................... 49
12
13.2 ESPÉCIES INVASORAS......................................................................................................... 50
13.3 CIDADE DE SÃO PAULO...................................................................................................... 50
14. LISTA DAS ESPÉCIES INVASORAS MAIS COMUNS NA CIDADE DE SÃO PAULO... 52
15. PLÁSTICOS ................................................................................................................................ 59
15.1 DEFINIÇÃO DE PLÁSTICO .................................................................................................. 59
15.2 AFINAL, MAIS PLÁSTICOS?................................................................................................ 59
15.3 RECICLAGEM DE PLÁSTICOS ............................................................................................ 59
15.4 PROCESSOS DE RECICLAGEM DE PLÁSTICO................................................................ 60
15.5 RECICLAGEM QUÍMICA....................................................................................................... 61
15.6 RECICLAGEM MECÂNICA.................................................................................................... 61
15.7 RECICLAGEM ENERGÉTICA............................................................................................... 62
13
1. INTRODUÇÃO
Produtos fabricados a partir de plásticos vêm sendo largamente utilizados desde
meados dos anos 50 do século passado. O número de aplicações para esses
produtos continuou a crescer enquanto a ciência produzia resinas, que aprimoravam
suas propriedadesAlgumas das características gerais dos plásticos que os tornam
atrativos para a maioria dos usos comuns a que estão associados, incluindo
embalagens, são a sua força e resistência, durabilidade e longa vida, baixo peso,
excelente barreira contra água e gases, resistência à maioria dos agentes químicos,
excelente processabilidade e baixo custo. Essas propriedades, que fazem do
plástico o material de escolha para várias aplicações, são também um problema ao
final da vida útil desses produtos, especialmente o uso único em produtos como
sacolas e outras formas de embalagem. A sua inércia permite que persistam no
ambiente e o seu baixo custo fazem com que sejam altamente descartáveis.Os
plásticos, apesar de presentes por toda parte, não são o principal componente dos
fluxos deresíduos municipais. Um estudo recente na Califórnia constatou que 9,6%
dos resíduos ematerros sanitários eram plásticos, e que apenas uma fração disso
era representada por materiaisde embalagem. Resíduos de papel, material orgânico
e resíduo de construção juntos representavam por quase ¾ do total de resíduos.
Apesar de tudo, produtos plásticos descartados têm aparência desagradável e
causam outros problemas quanto ingeridos pela vidaselvagem ou quando, na forma
de sacolas, formam uma barreira entre o ambiente e o lixo que.
Contém, e limitam a capacidade do material em “biodegradar”.
Plásticos oferecidos como degradáveis ou biodegradáveis estão comercialmente
disponíveis hámais de 20 anos. Foram desenvolvidos especificamente para lidar
com a questão dapersistência de produtos plásticos descartados no ambiente, sejam
descartados em aterros sanitários, locais de compostagem ou, de forma
inapropriada, como lixo nos oceanos e cursos.
14
d'água. Os primeiros produtos eram baseados nas resinas plásticas tradicionais –
por exemplo, polietileno – que eram misturados com uma quantidade inexpressiva
de amido. Na presença de água, os produtos feitos a partir desses materiais
desintegravam em pequenos pedaços daresina, e o amido então biodegradável. Nos
Estados Unidos, em particular, esses materiais foramduramente criticados, já que a
base plástica não biodegradável; simplesmente desintegrava empequenos pedaços
que não podiam ser percebidos. A Comissão de Comércio Federal dos EUAforçou
os produtores a remover o apelo degradável, e esses produtos, em sua maioria,
saíram domercado. Ainda existem companhias que oferecem produtos
aparentemente similares, mas é importante que se entenda como eles
desempenham.
Um terceiro tipo de polímero degradável que está disponível há alguns anos é
baseado empoliolefinas tradicionais (polietileno, polipropileno, poliestireno) às quais
é adicionado umcatalisador que acelera a oxidação do polímero, fazendo com que
este quebre em moléculas menores que, diferentemente do polímero base, são
passíveis de umedecidas por água. Esses fragmentos menores ficam então
disponíveis para os micro-organismos sob a forma de umafonte de energia - por
exemplo, alimento. É esse tipo de produto – plásticosoxi-biodegradáveis
15
2. OBJETIVOS
Produzir uma alternativa sustentável para diminuir os efeitos causados pelos
problemas ambientais produzidos pelo plástico jogado na natureza. Usando como
matéria-prima, plantas invasivas, que nascem no lugar de outras plantas alterando o
equilíbrio natural daquele meio.
16
3. MOTIVAÇÃO
Possibilidade de produzir um plástico de maior degradabilidade em relação ao
plástico a partir do petróleo. Tendo como matéria-prima, plantas que prejudicam o
equilibro natural do meio onde se “infiltram” para retirar nutrientes de outras plantas.
Sanando, ou ao menos reduzindo o impacto de dois problemas danosos ao meio-
ambiente.
17
4. PROBLEMATIZAÇÃO
Para sanar o problema do uso de plásticos à base de petróleo, uma nova alternativa
sustentável deve ser criada. Buscando resolver o problema de ervas daninhas,
começando às pesquisas que possibilitem resolvê-los.
18
5. Conceitos de planta daninha
Conceito ecológico - planta que coloniza e domina o estágio inicial de uma sucessão
vegetal numa terra perturbada pelo homem. Planta que se adapta com maior
facilidade às condições climáticas criadas pelo homem.
Conceito biológico - planta com características específicas que facilita sua
sobrevivência e dispersão.
5.1 Definições de planta daninha
É uma planta que se desenvolve onde não é desejada; que causa mais danos que
benefícios; que causa danos a outras plantas de interesse; que ocupa espaço
destinado a outras atividades.
5.2 Características de uma planta para ser considerada daninha
Nenhuma exigência para germinar
Rápido crescimento
Alta capacidade de florescimento
Alta produção de sementes
Habilidade de dispersão
Adaptação às práticas de manejo
Tolerância à variação ambiental
Plasticidade fenotípica
Germinação assincrônica
19
As plantas daninhas são dotadas de certas características que lhe são peculiares e
que interferem na estratégia de seu manejo. Para se manejar bem estas plantas há
necessidade de se conhecer mais profundamente tais características.
Germinação e crescimento em condições adversas - esta característica é mais típica
ou menos típica em função da espécie. Importante lembrar que todas germinam e
desenvolvem melhor em condições mais amenas, porém, certas espécies são
capazes de se desenvolver onde outras não seriam capazes. Exemplo:
Tiririca (Cyperusspp) que é classificada como uma espécie de ambiente indiferente
cresce melhor em ambiente favorável, porém, o ambiente não é tão limitante como
seria para outras espécies, principalmente as plantas cultivadas. Assim, seu manejo
será voltado em dar condições mais favoráveis para a cultura e menos favorável
para a planta daninha.
Figura 1: Cyperusspp – Tiririca
Alta capacidade de florescimento - esta característica expressa à necessidade e
capacidade das espécies de se multiplicarem. Quaisquer que sejam as condições, a
maioria
20
das espécies daninhas florescem e produzem sementes em abundância. Uma
espécie cultivada, sob tais condições não floresce ou floresce de maneira deficiente,
comprometendo a produção de sementes e consequentemente a multiplicação da
espécie. O manejo da planta daninha neste caso é o seu controle antes mesmo que
ela produza sementes viáveis. O controle de sua descendência também resolve,
mas, com mais custos e outros prejuízos.
Alta produção de sementes - esta característica, juntamente com a dormência,
confere às espécies daninhas a capacidade de perpetuação da espécie e
capacidade competitiva. Várias espécies chegam a produzir mais de 100.000
sementes por planta. O quadro a seguir, mostra exemplos de espécies comuns e
sua produção de sementes por planta:
Plantas Daninhas Nº de
Sementes
Plantas Daninhas Nº de
Sementes
Euforbia 150 Rabo de Raposa (cinza) 12600
Aveia Selvagem 450 BrassicaNigra 13400
Nabo 500 Kochia 14600
Cirsio 700 Cuscuta 16000
Timbete 1500 Caminhodora 20000
Mostarda 2100 Capsela 21000
Vicio 2300 Língua de Vaca 29000
Tiriricão 2400 Tanxagem 36000
Ançarinha Branca 3100 Bolsa de Pastor 38000
Rabo de raposa
(verde)
3400 Beldroega 52000
Losna do Campo 3400 Erva de Sta. Maria 72000
Capim Arroz 7000 Carurú de Porco 117000
Capim Colchão 8200 Enotera 118000
Carurú de Espinho 11000 Verbasco 223000
Cipó de Veado 11900 Orobanque 270000
Tabela 1: Número de Sementes produzido
Habilidade de dispersão - as diversas espécies de plantas daninhas têm suas
sementes adaptadas de formas especiais que facilitam sua dispersão. Algumas, com
adaptações que facilitam a dispersão pelo vento, exemplo voadeira
(Conyzabonariensis), outras pelos animais, exemplo picão preto, ainda outras pela
água. Até mesmo o tamanho e forma da semente, muitas vezes coincidem com
aquelas sementes das plantas cultivadas e assim são disseminadas junto com a
cultura. A disseminação através da água (canais de irrigação e drenagem) e
sementes de culturas contaminadas com sementes de plantas daninhas são duas
formas mais significantes de disseminação principalmente à longa distância.
21
Figura 2: Conyzaboniariensis
Adaptação às práticas de manejo - mais do que qualquer planta cultivada, as
espécies silvestres são providas de variações genéticas dentro de uma mesma
população. Isto faz com que qualquer que seja a prática de manejo adotada, aquela
população, através de seus indivíduos, se adapta e torna-se tolerante àquela prática.
Quanto mais heterogênea for uma população, maior será a chance e velocidade de
adaptação à nova prática de manejo. Por isso, no sistema atual de manejo de
plantas daninhas, é fator primordial a rotação ou integração de métodos de controle.
Como um exemplo desta adaptação, pode-se citar o uso contínuo de um mesmo
herbicida numa mesma área, levando uma população que antes era susceptível e
agora tornou-se tolerante ao mesmo herbicida, fato este denominado de seleção de
ecotiporesistente.
Um outro exemplo, ainda referente ao uso contínuo de um mesmo herbicida numa
mesma área é a seleção de espécies resistentes: muitas vezes, dentro de uma
comunidade de espécies, existe umas poucas que são resistentes ao herbicida. Esta
(s) espécie (s) tem a vantagem sobre as susceptíveis que são eliminadas pelo
herbicida, e assim se multiplicam e dominam a área.
Ainda como um terceiro exemplo do uso contínuo deste herbicida, é a seleção de
espécies susceptíveis que, apresentam um hábito de crescimento rasteiro e assim
são protegidas por outras espécies de hábito de crescimento ereto. O herbicida
22
atinge primeiro as de porte ereto que formam o fenômeno denominado “guarda
chuva” para as de porte rasteiro que se desenvolvem livres das primeiras.
5.3Importância dos estudos ecológicos e biológicos sobre a
estratégia de manejo
1. O conhecimento da biologia e ecologia - constituem a base para a escolha do
sistema de manejo. Por exemplo, quando se sabe que o sapé (Imperatasp),
infestante de pastagem, é típica de terreno ácido, a mudança do pH do solo
através de processos normais de manejo de fertilidade deve ser incluído ao
sistema de manejo desta espécie.
Figura 3: Imperatasp
2. O conhecimento da morfologia e anatomia - certas espécies de plantas
daninhas apresentam alta capacidade competitiva com as culturas devido a
sua velocidade de crescimento e formação rápida de um dossel denso.
Normalmente as espécies de folhas largas têm estas características.
3. O conhecimento da fisiologia e bioquímica - este aspecto dita a capacidade
das espécies de se adaptarem às condições adversas e se tornarem mais
competitivas. Neste aspecto deve-se ressaltar o número elevado de espécies
de daninhas do grupo C. Este grupo fisiológico significa aquelas plantas com
alta eficiência na fixação de CO2 pela fotossíntese e menos ineficientes
23
durante o processo de fotorrespiração. Com isto são menos dependentes
deCO2 e luz. Atenção especial à estas espécies deve ser dada pois, poucas
culturas são capazes de competir de forma eficiente.
Ainda dentro deste assunto, a bioquímica das espécies é outro fator importante para
o manejo. O desenho de uma molécula de herbicida, é voltada para os processos
enzimáticos da planta pois, muitas espécies são resistentes em função de sua
capacidade de degradaçãooudetoxificação tanto enzimática como não enzimática. A
exemplo disto, espécies de olhas largas que degradam 2,4-DB à 2,4-D são sensíveis
ao 2,4,DB. Espécies ricas em benzoxazolinonastêm a capacidade de detoxificare
serem tolerantes à esteproduto, exemplo milho. O herbicida diclofop-metil deve ser
deesterificado à diclofopácido para ser ativo sobre as plantas: a maioria das
gramíneas têm esta capacidade e
portanto são sensíveis ao produto porém, o trigo (gramínea) não
deesterificadiclofopmetil e assim é tolerante. Um processo inverso visto
anteriormente é o caso do herbicida propanil (dicloroanilida) que deve ser degradado
enzimaticamente pelo arroz à dicloroanilina para ser resistente enquanto que a
espécie daninha capim arroz não o degrada e assim torna-se sensível ao produto.
5.4 Dinâmica populacional de plantas daninhas
Em função do tempo e do método de manejo, as populações de plantas daninhas
variam de forma mais rápida sob condições tropicais e menos rápida sob condições
de clima temperado, dentro de uma mesma área.
Associados a estes fatores (tempo e métodos de manejo), outros estão envolvidos
na capacidade e velocidade de mudança da flora.
Dormência - as plantas daninhas utilizam-se deste atributo como perpetuação da
espécie. Permanecem dormentes por vários anos aguardando condições ideais de
germinação, desenvolvimento e multiplicação. O método de manejo no entanto,
afeta a dormência permitindo ou não a germinação. Existem estudos mostrando que
36% das espécies enterradas germinaram quando desenterradas após 40 anos. A
24
profundidade em que se encontram no solo, na ausência ou com pouca luz, é fator
importante na germinação.
Banco de sementes no solo - o número de sementes por metro quadrado de uma
espécie também dita a dinâmica de população. Estes números apresentam
variações enormes e são influenciados por características de solo, da espécie, do
clima, do manejo, etc.
6. Prejuízos causados pela presença de plantas daninhas
1. Produção mais baixa
a) Efeitos químicos
b) Efeitos competitivos
2. Menos eficiência de uso da terra
a) Custos mais elevados (pois têm que serem controladas)
b) Valor da terra decresce (devido a sua presença)
c) Custo de colheita elevado
d) Cultura danificada pelo cultivo
e) Estrutura do solo destruída 3. Custo mais elevado de proteção contra insetos e
doenças
a) Abrigo de pragas e doenças
b) Migração da praga para a cultura após o final do ciclo da planta daninha.
4. Qualidade de produto mais baixa
a) Sementes de plantas daninhas
b) Restos vegetais de planta daninha em feno e algodão
c) Odor de planta daninha no leite
d) Sementes de plantas daninhas na lã
e) plantas daninhas tóxicas diminui crescimento
f) aumenta teor de umidade das sementes colhidas
5. Manejo da água
a) Problemas para irrigação e drenagem
b) Recreação e pesca
c) Odor e sabor em suprimentos de água
25
6. Saúde do homem
a) Irritação da pele – urtiga
b) Tóxica – cuscuta, mamona
c) Alergia – semente de capim gordura
6.1 Classificação de plantas daninhas quanto ao ciclo
1 - Quanto ao ciclo:
Anuais: germinam, desenvolvem, florescem, produzem sementes e morrem dentro
de um ano. Propagam por frutos e sementes. Melhor época de controle - antes de
produzir sementes. Ex.: carurú (Amaranthushibridus).
Figura 4: Amaranthushibridus
Bianuais: plantas cujo completo desenvolvimento se dá em 2 anos. No primeiro
germinam e crescem. No segundo, produzem flores, frutos, sementes e morrem.
Devem ser combatidas no 1º ano. Podem ser anuais em uma região e bianuais em
outra. Ex.: Rubim (Leonurussibiricus)
26
Figura 5: Leonurussibiricus
Perenes (ou vivazes): podem dar flores e frutos durante anos consecutivos.
Reproduzem por sementes e por meios vegetativos. Sãomelhor controladas através
de herbicidas sistêmicos pois, sistema mecânico de controle fazem com que se
multipliquem ainda mais através de suas partes vegetativas. Ex.: guaxuma (Sida
rhombifolia).
Figura 6: Sida rhombifolia
Dentro das perenes, tem-se:
27
Perenes simples – reproduzem apenas por sementes. De fácil controle. Ex.:
Guanxuma.
Figura 7: Guanxuma
Perenes complexas – órgãos subterrâneos, superficiais. Ex. grama seda.
Figura 8: Grama seda
Além desta classificação de perenes, pode-se considerar ainda:
Perenes rizomatosas - produzem caule subterrâneo (rizoma) que se propaga e se
reproduz à certa distância da planta mãe. Controle através de herbicida sistêmico.
Ex.: capim massambará (Sorghumhalepense).
28
Figura 9: Sorghumhalepense
Perenes estoloníferas - produzem estólons (Em botânica , estólom é
um alargamento lateral, geralmente fina, que começa na base dos caules de
algumas plantas herbáceas que cresce horizontalmente em relação ao nível
do solo , de modo epígeno, surge perpendicular ao solo, ou no subsolo) os quais
emitem nós, raízes e a nova planta. Ex.: capim angola (Brachiariapurpuracens).
Figura 10: Brachiariapurpuracens
Perenes tuberosas - reproduzem basicamente por tubérculos (ou batatinhas). Ex.:
tiririca (Cyperusrotundus).
29
Figura 11: Cyperusrotundus
Lenhosas: perene, de porte maior. Infestam normalmente pastagens. Ex.: assa-
peixe (Vernoniaferruginea).
Figura 12: Vernoniaferruginea
2 - Quanto ao hábito de crescimento
Herbácea - tenra, de porte baixo.
Arbustiva - ramificação desde a base.
Arbórea - ramificação acima da base caule bem definido.
Trepadeira - usa outras plantas como suporte.
Hemiepífita - iniciam seu desenvolvimento sobre outra e depois emitem sistema
radicular.
Epífita - cresce sobre outra sem no entanto utilizar do fotossintato do hospedeiro.
30
Parasita - cresce sobre outra utilizando do seu alimento.
Uma outra nomenclatura ou classificação quanto ao hábito de crescimento:
Erva – planta de caule pouco desenvolvido ou aparentemente acaule (haste
achatada ou caules subterrâneos), geralmente não ultrapassa a 1m de altura,
herbácea.
Subarbusto – planta de caule pouco desenvolvido, geralmente não ultrapassa a 1m
de altura, na base é lenhosa e no restante herbácea.
Arbusto – planta de caule resistente, lenhosa ou semi-lenhosa, variando entre 1m e
5m de altura, ramificada desde a base.
Arvoreta – planta de caule resistente, lenhosa ou mais raramente semi-lenhosa,
variando entre 1m e 5m de altura, não ramificada na base, ou seja, formando um
eixo central definido por um certo espaço na altura.
Árvore – planta com caule muito desenvolvido, resistente, lenhosa, com altura
superior a 5m.
Liana – planta com caule de pouca resistência, cresce em comprimento e não em
altura (trepadeira, cipós trepadores, rastejantes)
3 - Quanto ao habitat
Plantas daninhas terrestres:
Vivem sobre o solo. Algumas se desenvolvem melhor sobre solo mais fértil.
Exemplos: carurú (Amaranthusspp), beldroega (Portulacaoleracea),
respectivamente. São consideradas indicadoras de solo fértil, sendo que sua
presença valoriza a terra.
31
Figura 13: Portulacaoleracea
Figura 14: Amaranthusspp
Ao contrário, existem as espécies que se desenvolvem em solos de baixa
32
fertilidade. Exemplo: Guanxumas (Sida spp). São indicadoras de solo pobre e
desvalorizam a terra.
Figura 15: Sida spp
Existem ainda aquelas indiferentes à fertilidade. Exemplo: tiririca (Cyperusspp).
Figura 16: Cyperusspp
Plantas daninhas de baixada:
33
São aquelas espécies que se desenvolvem melhor em solos orgânicos e úmidos.
Exemplos: sete sangrias (Cupheacarthagenensis), tripa de sapo (Alternanthera
philoxeroides), respectivamente.
Figura 17: Alternantheraphiloxeroides
Figura 18: Cupheacasrthagenensi
Plantas daninhas aquáticas
Podem ser:
Aquáticas marginais (ou de talude) - são terrestres que ocorrem às margens de rios,
lagoas, represas, etc. Exemplo: tiririca.
34
Figura 19: Eichorniacrassipes
Aquáticas flutuantes - ocorrem livremente nas superfícies da água, com as folhas
fora da água e as raízes submersas. Ex. aguapé (Eichorniacrassipes).
Figura 20: Algas
Aquáticas submersas livres - vivem inteiramente abaixo do nível da água. Ex. algas.
35
Figura 21: Egeria densa
Aquáticas submersas ancoradas - submersas com as raízes presas ao fundo. Ex.
elódea (Egeria densa).
Figura 22: Typha angustifólia
Aquáticas emergentes - possuem as folhas na superfície da água e as raízes
ancoradas no fundo. Ex. tábua (Typhaangustifolia).
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Figura 23: Echinochloaspp
Plantas daninhas de ambiente indiferente.
Vivem tanto dentro como fora da água. Exemplo: capim arroz (Echinochloaspp).
Figura 24: Cuscuta racemosa
Plantas daninhas parasitas
Vivem sobre outras plantas e vivendo às custas delas. Exemplos: cipo chumbo
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(Cuscuta racemosa), erva de passarinho (Phoradendrumrubrum).
Figura 25: Phoradendrumrubrum
7.Classificação Taxonômica
REINO
Vegetal
Dentro do Reino Vegetal:
Divisão
Pteridófitas
Algas
Briófitas
Gymnospermae
Angiospermae
Dentro das Angiospermae:
Classe
Monocotiledoneae
Dicotiledoneae
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8. Anatomia de Plantas Daninhas
8.1 Anatomia da Folha
Folha é composta de epiderme da face adaxial, mesófilo e epiderme da face abaxial,
na qual a epiderme da face abaxial é sempre mais fina.
A epiderme é composta de cutícula, da epiderme propriamente dita e de seus
anexos que são os estômatos e tricomas.
A cutícula é composta de cera epicuticular + cutina e varia em forma e espessura,
dependendo do ambiente e da espécie. Para se melhorar a eficiência dos herbicidas
é utilizado Sulfato de Amônio ou Uréia, para que quebre a cutícula, e assim o
herbicida chegar mais facilmente a epiderme da folha além de evitar também o
escorrimento do herbicida sobre a cera da folha. Para se medir a espessura da
cutícula utiliza-se o corante Sudan3 e 4.
Os estômatos podem ocorrer em ambas as faces da folha ou apenas em uma delas,
geralmente, abaxial ou dorsal. Em folhas mais ou menos largas, de dicotiledôneas,
os estômatos estão dispersos, aparentemente ao acaso. Nas folhas longas e
estreitas,
características de monocotiledôneas e coníferas, os estômatos se dispõem em
fileiras paralelas ao eixo maior da folha. Pode se classificar a folha quanto a posição
dos estômatos:
- Hipo estomático: Possui estômatos apenas na face inferior.
- Anfi estomático: Possui estômatos nas duas epidermes.
A quantidade de estômatos varia conforme o ambiente em que a planta se encontra,
plantas de ambientes secos (xerófitas) possuem menor número de estômatos,
enquanto
plantas de ambientes saturados (hidrófitas) geralmente estômatos na face abaxial da
epiderme, podendo variar a quantidade e a localização se o ambiente for alterado.
Plantas com alta incidência luminosa possui maior número de estômatos além disso,
o fotoperíodopode promover a formação de células epidérmicas para refletir mais
luz. Tricomas são protuberâncias da epiderme, de formato, tamanho e funções
variáveis, eles podem ser glandulares, não glandulares ou tectores.
39
Tricomas glandulares eles possuem uma glândula (cabeça) na extremidade que
exsuda substâncias químicas Tricomas não glandulares ou tectores que são lisos e
não possuem a glândula no final de sua estrutura.
As principais funções dos tricomas são: refletir radiância e animais herbívoros,
proteger contra perda d’água e exsudação de substâncias químicas.
O mesófilo pode ser homogêneo ou diferenciado em parênquima paliçádico e
parênquima esponjoso.
Parênquima paliçádico é constituído de células alongadas, dispostas
perpendicularmente à superfície da lâmina e mais adensadas, mesmo assim uma
considerável superfície delas fica exposta ao ar contido nos espaços intercelulares.
Parênquima esponjoso apresentam diferentes formatos, muitas vezes são
irregulares, providas de projeções (braços) que se estendem de uma célula à outra.
É no mesófilo onde se encontram as nervuras (vasos condutores) que são
constituídos do Xilema e Floema, no qual o Xilema sempre se encontra voltado para
superfície adaxial da folha
8.2 Anatomia da Raiz
A raiz é composta de três zonas bem diferenciadas, a zona lisa ou de crescimento, a
zonapelífera ou zona de pêlos absorventes e a zona suberosa ou zona de
ramificação.
O meristema é composto de:
- Protoderme que dá origem à epiderme.
- Meristema fundamental que se diferencia em parênquima cortical (cortex).
- Procâmbio que forma o meristema vascular.
A zona pelífera através de um corte longitudinal é possível diferenciar
monocotiledônea (mais de 6 grupos de vasos) de dicotiledônea (até 5 grupos de
vaso), muitas espécies não tem tricomas na raiz e isto dificulta a absorção de
herbicida.
40
O tecido meristemático não possui espaços intracelular mas nos tecidos
diferenciados sim (cortex) e são classificados conforme o tamanho:
- Meatos: espaços menores que uma célula.
- Lacuna: espaços do tamanho de uma célula.
- Aerênquima: espaços maior que muitas células.
Estresse causado por falta de água provoca aumento do tricoma(expansão da
epiderme).
A exoderme e a endoderme funcionam como filtro biológico (nem todas espécies
tem exoderme). Dependendo do ambiente ela se forma.
Na endoderme não tem espaços intracelular, tem-se as estrias de Casparyem
dicotiledônea e faixa de Caspary em monocotiledônea.
As estrias de Caspary são algumas células da endoderme que se suberelizam ou
lignificam e possuem algumas células de passagem e a faixa de Caspary são todas
as células da endoderme que se suberelizam ou lignificam e não possuem as
células de passagem.
A 1º camada abaixo da endoderme é o periciclo (conserva características do
meristemática) o qual forma raiz lateral e tem que atravessar o córtex. Temos duas
teorias para a emissão da raiz lateral:
- Formação de enzimas que digerem o cortex;
- Processo mecânico de rompimento.
8.3 Anatomia do Caule
Em estrutura primária as dicotiledôneas possuem feixe lateral colateral e em
monocotiledônea possuem feixe colateral aberto (câmbio fascicular entre xilema e
floema).
Em estrutura secundária
As monocotiledôneas os vasos estão dispersos ao acaso e xilema voltados para o
centro e floema para a periferia (estrutura adaptosférica) enquanto nas
dicotiledôneas os vasos elas
se encontram arranjadas de forma organizada com o floema voltado para a periferia
e o xilema voltado para o centro.
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No caule existe endoderme como barreira seletora de substâncias vindas de células
secretoras.
9. A agressividade das plantas daninhas
No processo evolutivo as plantas daninhas adquiriram grande agressividade,
caracterizada por elevada e prolongada capacidade de produção de diásporos
dotados de alta viabilidade e longevidade, que são capazes de germinar, de maneira
descontínua, em muitos ambientes. Normalmente, possuem adaptações para
disseminação a curta e longa distância. Além disso, as plantas apresentam rápido
crescimento e desenvolvimento.
Elas utilizam-se de agentes de polinização inespecíficos ou o vento. Quando são
perenes, além de vigorosa reprodução vegetativa e alta capacidade de regeneração
de fragmentos, são bastante frágeis, de modo que as plantas se fragmentam e não
são totalmente arrancadas do solo. Afinal, estas plantas desenvolvem mecanismos
especiais que as dotam de grande habilidade de sobrevivência nos ecossistemas,
como produção de substâncias de natureza alelopática, hábito trepador e outros.
Resumindo, a perpetuação de uma espécie como planta invasora de ecossistemas
está condicionada a uma relação interativa entre a plasticidade de cada indivíduo e
processos que, a longo prazo, proporcionam flexibilidade adaptativa frente às
eventuais alterações do ambiente e às modificações que normalmente ocorrem em
condições naturais em todo o sistema, através do tempo.
Nos últimos anos, têm sido propostos interessantes conceitos a respeito das
estratégias evolutivas desenvolvidas pelas plantas daninhas para a ocupação dos
ecossistemas. Uma das teorias mais importantes é a de Grime, considerando que há
dois fatores limitantes externos que determinam a estratégia de crescimento e de
reprodução das plantas superiores. Estes dois fatores são:
Estresse: fenômeno externo que impõe barreiras ao desenvolvimento vegetal,
como disponibilidade de água, de nutrientes e de luz, temperaturas elevadas ou
baixas, competição inter-específica etc...
Distúrbio: alterações ambientais relativamente drásticas que promovem a
destruição total ou parcial da biomassa vegetal, como ceifa, cultivo, preparo do solo,
42
pastoreio, fogo etc...
As plantas que se enquadram em cada um destes tipos ecológicos podem ser
identificadas por características comuns:
Tolerantes ao estresse: exibem características que asseguram a sobrevivência em
ambientes desfavoráveis. Apresentam reduzida alocação de recursos em favor do
crescimento vegetativo e reprodutivo. Espécies com estas características são
prevalecentes em ambientes não perturbados, em ambientes pouco produtivos ou
nos estágios finais da sucessão ecológica.
Competidoras: exibem características que maximizam o recrutamento de recursos
em condições produtivas em ambientes pouco perturbados. Apresentam grande
alocação de recursos em favor do crescimento vegetativo e são abundantes em
estágios intermediários da sucessão ecológica.
Ruderais: são encontradas em ambientes altamente perturbados porém produtivos.
Exibem características de rápido ciclo de desenvolvimento e elevada alocação de
recursos a favor de estruturas reprodutivas. Ocupam as primeiras fases da sucessão
ecológica.
A teoria de Grime pode ser adaptada ao universo das plantas daninhas. Por
exemplo, nas áreas de olericultura, onde o distúrbio é intenso, os solos são férteis,
há abundância de irrigação e as plantas emergem em condição de solo nu,
predominam as plantas daninhas com características ruderais. No outro extremo, em
áreas de reflorestamento, onde há pouco distúrbio, os solos normalmente são de
baixa fertilidade e há intenso estresse promovido pela interferência da espécie
florestal, predominam plantas com características mais próximas às tolerantes ao
estresse. Nas fases iniciais da implantação do reflorestamento predominam as
plantas com características de competidoras, como também ocorrem em pastagens
perenes.
Esta introdução teórica foi necessária para sedimentar o conceito de que a
composição específica da comunidade vegetal que habita espontaneamente um
43
agroecossistema é função do manejo agrícola empregado, especialmente em
termos de mobilização (distúrbio) do solo e manejo dos fatores limitantes ao
crescimento vegetal (estresse).
10.Plantio direto
10.1. Ação dos fatores ecológicos limitantes
Quando ocorre a alteração do sistema de plantio convencional para o sistema de
plantio direto, há uma grande mudança no distúrbio e no estresse que são impostos
ao ambiente agrícola.
Antes de comentar sobre os impactos da mudança dos sistema de cultivo, é
interessante que se apresentem alguns conceitos básicos acerca da ação dos
fatores ecológicos nas populações vegetais. Mondchaskypropôs uma classificação
dos fatores ecológicos baseada na intensidade de adaptação dos organismos, que é
tanto mais desenvolvida quanto maior for o tempo de atuação do fator. Classificou
os fatores ecológicos em periódicos primários, periódicos secundários e não
periódicos.
Os fatores periódicos primários têm periodicidade regular (diária, lunar, estacionária
e anual) e são consequência direta do movimento de rotação e translação da terra,
como o ritmo dia-noite, as estações do ano etc. As plantas são totalmente adaptadas
a estes fatores, que atuam determinando os limites da área de distribuição
geográficas das espécies. No interior destas áreas, sua ação nunca é fundamental.
Os fatores periódicos secundários são conseqüências das variações dos primários.
Quanto mais estreita é a relação com o fator primário, mais regular é sua
manifestação e maior é o grau de adaptação dos organismos ao fator. São
exemplos: o ritmo pluviométrico anual, as flutuações da temperatura e da umidade
do ar, as flutuações nas populações de inimigos naturais, simbiontes etc... Estes
fatores atuam regulando a abundância das populações dentro de suas áreas de
distribuição geográfica, mas não interferem expressivamente nos limites desta área.
Os fatores não periódicos são aqueles que normalmente não ocorrem no habitat de
uma planta. Quando ocorrem, promovem grandes impactos sobre as populações,
pois os organismos não têm adaptações para variações deste fator. Quando um
44
fator não periódico passa a se repetir com certa regularidade, as populações
desenvolvem mecanismos de adaptação e sua ação deixa de ser impactante,
chegando ao extremo de apresentarem respostas similares a um fator periódico
secundário.
10.2 Impacto do plantio direto
No início da agricultura moderna, os processos de aração e gradagem constituíam
fatores ecológicos não periódicos e, portanto, de grande impacto sobre as
populações de plantas daninhas. A inversão da leiva, efetuada pelo arado,
proporcionava elevada mortalidade dos diásporos e das partes vegetativas
enterradas, uma vez que estas plantas não possuíam mecanismos de adaptação
desenvolvidos.
Com aplicações sucessivas destas práticas mecânicas, as plantas daninhas
passaram a desenvolver mecanismos de adaptação que as permitissem sobreviver
ao enterro, como resistência aos agentes bióticos do solo, exigências de uma certa
amplitude de variação térmica para iniciar o processo germinativo, desenvolvimento
de inúmeros e complexos mecanismos de dormência, capacidade de germinação e
emergência a partir de grandes profundidades no perfil do solo etc.
Também houve uma uniformidade na distribuição dos diásporos no perfil da
camada arável do solo, de modo que, a aração e gradagem apenas movimentavam
o banco de sementes superficial para as zonas mais profundas e traz as sementes
mais profundas para a região mais superficial, mantendo o potencial de infestação
das plantas daninhas.
Assim, com o tempo de plantio convencional, o impacto do preparo do solo sobre as
populações de plantas daninhas decresceu muito. É interessante ressaltar que
algumas espécies não conseguiram desenvolver mecanismos adaptativos que lhes
conferissem sucesso em campos conduzidos no sistema convencional,
desaparecendo ou mantendo pequenas populações, sendo consideradas plantas
daninhas de importância secundária.
De modo geral, no plantio convencional o ambiente para as plantas daninhas era
caracterizado por elevado distúrbio do solo e ausência de qualquer cobertura vegetal
por um determinado período, com o solo totalmente exposto.
45
Com a adoção do sistema de plantio direto, os fatos inusitados passaram a ser: o
não revolvimento do solo e a presença de uma cobertura morta na superfície, que
não existia no plantio convencional, além de incrementar a prática da rotação com
culturas de inverno e o uso de herbicidas de manejo. Os impactos destes fatores
serão discutidos isoladamente, embora seja conhecido que existe interações entre
eles.
11. Rotação de culturas
Pela sua própria história evolutiva, pode-se inferir que as plantas daninhas são
plantas dotadas de elevada agressividade na ocupação de solos nus, mas são
bastante sensíveis à presença de outras plantas no ambiente comum. Deste modo,
uma ocupação eficiente do solo por parte da planta cultivada é um dos mais
importantes fatores que prejudicam e mesmo impedem o estabelecimento e
crescimento da comunidade infestante. Esta ocupação eficiente deve ser
considerada no tempo e no espaço
A ocupação eficiente do espaço do ecossistema por parte da cultura, reduz a
disponibilidade de nichos adequados ao crescimento e desenvolvimento das plantas
daninhas. Neste aspecto, é importante que se considerem todos os fatores
envolvidos na determinação do grau de interferência entre as plantas cultivadas e as
comunidades infestantes, visando maximizar a pressão de interferência promovida
pela cultura. Portanto, é importante que se utilizem variedades de rápido
crescimento inicial, adequadas às condições climáticas predominantes na região e
semeadas em espaçamentos e densidades de plantas que assegurem um rápido e
intenso sombreamento do solo. Também é importante que as plantas daninhas
sejam eliminadas durante os períodos de controle considerados críticos, ou seja,
antes do término do Período Anterior à Interferência e após o término do Período
Total de Prevenção da Interferência.
Também é interessante que se considere o conceito de ocupação temporal do
ecossistema, de modo que este seja ocupado com plantas cultivadas pelo maior
período possível, evitando que as plantas daninhas se desenvolvam e aumentem
seus potenciais de infestação. Neste aspecto, a rotação com culturas de inverno
constitui prática fundamental para evitar o ciclo das plantas daninhas no período de
46
entre-safra e, também, proporcionar uma mudança de condições no ambiente da
lavoura, não permitindo que se formem grandes infestações de algumas poucas
espécies. É importante recordar que antes de 1945, as principais medidas de
manejo das plantas daninhas eram os cultivos e a rotação de culturas.
O sistema mais eficiente consistia na rotação de cereais, leguminosas e pastagens.
Nessas condições, as plantas daninhas tinham grandes dificuldades em incrementar
suas populações. Após esta época, com as introduções das fontes sintéticas de
nitrogênio e dos produtos de ação herbicida, a rotação foi paulatinamente sendo
abandonada. Apesar das modernas técnicas de controle, as comunidades
infestantes foram se tornando mais diversificadas e densas.
12.Cobertura Morta
Os efeitos da cobertura morta sobre as plantas daninhas devem ser analisados sob
três aspectos distintos - físico, químico e biológico - embora haja interações entre
eles.
Efeito físico: O efeito físico da cobertura morta é bastante importante na regulação
da germinação e da taxa de sobrevivência das plântulas de algumas espécies. Em
termos de efeitos sobre o processo germinativo, pode-se exemplificar com a redução
da germinação de sementes
fotoblásticas positivas, das sementes que requerem determinada comprimento de
onda e de sementes que necessitam de grande amplitude térmica para iniciar o
processo germinativo.
É amplamente conhecido que a cobertura morta reduz as amplitudes diárias da
variação térmica e hídrica na região superficial do solo. Esta redução tem grande
impacto na germinação de sementes de plantas daninhas, especialmente as
ruderais extremas. É importante considerar que o sistema de plantio direto permite
uma continuidade da cobertura do solo, não permitindo qualquer período de
exposição total.
O efeito físico da cobertura morta também reduz as chances de sobrevivência das
plântulas das plantas daninhas com pequena quantidade de reservas nos diásporos.
Muitas vezes, as reservas não são suficientes para garantir a sobrevivência da
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plântula no espaço percorrido dentro da cobertura morta até que tenha acesso a luz
e inicie o processo fotossintético.
Efeito Biológico:
A presença da cobertura morta cria condições para instalação de uma densa e
diversificadamicrobiocenose na camada superficial do solo. Na composição
específica desta microbiocenose há uma grande quantidade de organismos que
podem utilizar sementes e plântulas de plantas daninhas como fontes de energia e
matéria. Muitos organismos fitopatogênicos podem utilizar a cobertura morta para
completar o ciclo de desenvolvimento e produzir estruturas reprodutivas. De maneira
geral, os microrganismos exercem importantes funções na deterioração e perda de
viabilidade dos diversos tipos de propágulos no solo. O fungo
Drechsleracampanulata, no seu estágio sexuado, Pyranophorasemeniperda, tem
uma ampla gama de hospedeiros e é capaz de reduzir a viabilidade e
germinabilidade de diásporos de várias gramíneas. Observações mostram que um
dos grandes problemas para a instalação de Senna obtusifolia na cultura da soja
conduzido no sistema de plantio direto é o fungo Alternaria cassiae que sobrevive na
cobertura morta e infecta plântulas da planta daninha durante o estádio inicial de
crescimento. Grande parte delas morrem e as sobreviventes têm o crescimento
reduzido.
Além disso, deve-se considerar que a cobertura morta cria um abrigo seguro para
alguns predadores de sementes e plântulas, como roedores, insetos e outros
pequenos animais.
Efeito Químico:
Há uma relação alelopática entre a cobertura morta e as plantas daninhas presentes
no banco de sementes do solo. Após a morte da planta ou de seus órgãos, os
aleloquímicossão inicialmente liberados pela lixiviação dos resíduos. A perda da
integridade da membrana celular pela decomposição do resíduo, permite a liberação
direta de uma variedade de compostos, que podem impor sua ação de maneira
aditiva ou sinergística à dos lixiviados. Além disso, os microrganismos presentes no
solo podem induzir a produção de compostos tóxicos por degradação enzimática
dos conjugados ou polímeros presentes no tecidos. Um exemplo deste processo é a
48
ação de microrganismos em glicosídeos cianogênicos presentes em
Sorghumhalepense com a produção de duas toxinas: HCN e benzaldeídos.
A atividade alelopática da cobertura morta depende diretamente da qualidade e
quantidade do material vegetal depositado na superfície, do tipo de solo, da
população microbiana, das condições climáticas e da composição específica da
comunidade de plantas daninhas.
Alguns ácidos, com atividade alelopática, foram identificados em solos sob cobertura
morta, como o vanílico, p-cumárico, p-hidrobenzóico, siríngico, protocatêico e
ferúlico. Sob cobertura morta de cevada foram encontrados os ácidos benzóico,
fenilacético, fenilpropiônico e 4-fenilbutírico. Sob resíduos de milho foram
identificados: p-hidroxibenzilaldeído, floroglucinol, resorcinol, e os ácidos butírico,
fenilacético, benzóico, siringico, p-cumárico, trans-cinâmico e cafêico. Os ácidos
acético, propiônico e butírico são considerados os mais expressivos agentes
aleloquímicosprovenientes de cobertura morta de trigo.
O modo de ação dos aleloquímicos na planta receptora ainda não estão totalmente
esclarecidos, devido às dificuldades de separar os efeitos secundários das causas
primárias. Geralmente influenciam em mais de um processo do vegetal, com
velocidades distintas, o que provoca efeitos colaterais difíceis de serem separados
dos principais.
Existem numerosas evidencias de que os aleloquímicos podem alterar a absorção
de íons pelas plantas. No entanto, este fenômeno encontra-se associado ao colapso
de outras funções, como a respiração, e a permeabilidade das membranas
celulares. O aleloquímicospodem atuar como reguladores do crescimento vegetal,
como inibidores de fotossíntese, desreguladores da respiração e da permeabilidade
de membranas, inibidores da síntese proteica e da atividade enzimática.
Vários estudos têm sido conduzidos visando o manejo da cobertura morta no
controle de plantas daninhas. No Brasil, foi demonstrada a eficácia da cobertura
morta proporcionada por várias espécies de culturas de inverno, tendo detectado,
inclusive, uma relação de seletividade na interação cobertura morta - planta daninha.
O plantio direto, em comparação com o tempo de agricultura convencional, é uma
prática relativamente recente. As reduções iniciais da diversidade e densidade das
plantas daninhas foram os primeiros sinais do impacto deste sistema de plantio
sobre a dinâmica das comunidades infestantes. As alterações das
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importânciasrelativas das espécies, com o predomínio de plantas pouco comuns no
sistema convencional, constitui outro tipo impacto que se evidencia atualmente. No
entanto, estes impactos são resultantes de uma integração dos fatores acima
comentados e da aplicação de herbicidas, especialmente os de manejo.
Os herbicidas de manejo passaram a constituir um outro agente de distúrbio
introduzido no ambiente. De início, num caráter de fator ecológico não periódico,
ainda apresentam grande impacto sobre as comunidades infestantes. Com os anos
sucessivos de uso regular, as comunidades infestantes irão sofrer alterações e o
impacto de controle destes produtos tenderá a decrescer. No entanto, herbicidas
com diferentes modos e espectro de ação poderão ser manejados e manter a
intensidade de impacto.
13. LISTA DE PRINCIPAIS PLANTAS INVASIVAS NA CIDADE DE
SÃO PAULO.
Há um tempo razoavelmente grande, algumas espécies de plantas foram
introduzidas por humanos em São Paulo, para quaisquer fins que sejam. Mas hoje,
podem ser consideradas espécies invasoras. O Brasil é o país de maior
biodiversidade (variedade de vida) do mundo e esse patrimônio hoje está ameaçado
não só pela devastação, mas também por outra ação humana – a introdução de
plantas estrangeiras ou exóticas. Segundo a ONU, a invasão biológica pode ser
considerada atualmente a segunda maior causa de perda de biodiversidade no
mundo.
13.1 Espécies exóticas x nativas
Espécies exóticas são aquelas que ocorrem em uma área fora de seu limite natural
historicamente conhecido, como resultado da dispersão acidental ou intencional
através de atividades humanas.
É comum serem usadas apenas fronteiras políticas para considerar uma espécie
exótica ou nativa, mas esse critério diverge do correto conceito ecológico que
determina ser exótica qualquer espécie proveniente de um ambiente ou região
ecológica diferente. Portanto, espécies dentro de um mesmo país ou estado podem
50
ser consideradas exóticas se introduzidas em ecossistemas onde não ocorriam
naturalmente.
Exemplo pode ser o pau-ferro (Caesalpiniaferrea) árvore nativa da Mata Atlântica -
mas não da região da cidade de São Paulo - onde passa a ser exótica. Uma
situação muito comum é denominar como nativa qualquer espécie originária do
Brasil, um país de dimensões continentais.
Figura 26: Caesalpiniaferrea
13.2 Espécies Invasoras
As espécies exóticas podem se comportar como invasoras, mas nem toda a espécie
exótica é invasora. Todas as espécies que se tornam invasoras são altamente
eficientes na competição por recursos, o que leva a dominar as espécies nativas
originais. Possuem também alta capacidade reprodutiva e de dispersão.
13.3 Cidade de São Paulo
A metrópole paulistana apresentava um passado muito rico em vida vegetal e
animal, com paisagens como Mata Atlântica, cerrados, bosques de araucárias e
várzeas. Todas essas inúmeras formas de vida e o equilíbrio existente entre elas foi
resultado de milhões de anos de evolução com o clima e o solo locais.
No processo de urbanização dos últimos cem anos, São Paulo perdeu quase toda a
cobertura vegetal, e a vegetação plantada entre as avenidas e prédios nada tinha a
ver com essa biodiversidade original. Razões culturais e de preconceito com as
plantas nativas levaram a essa situação, relegadas ao pejorativo “mato” enquanto as
trazidas de longe eram “ornamentais” e muito valorizadas.
51
Assim, a maior parte das plantas que vemos atualmente nos jardins, paisagismo e
lojas é exótica, ou seja, não ocorria naturalmente na vegetação original da região.
Com isso, além do desconhecimento e sumiço das plantas nativas, essas plantas
“ornamentais” vindas de diversas localidades do planeta e Brasil acabaram em
muitas situações ocupando o espaço das nativas por não terem inimigos naturais e
grande capacidade de adaptação ao nosso convidativo clima.
Na cidade o problema é hoje tão sério que fragmentos de Mata Atlântica e cerrados
sobreviventes estão com a maior parte de sua área invadida por ornamentais
exóticas com essa capacidade. Em terrenos abandonados na malha urbana, a
vegetação espontânea é quase toda artificial, de plantas introduzidas pelo homem,
quando naturalmente deveria ser de Mata Atlântica ou cerrado. Esses processos
levam a irrecuperável extinção de plantas e animais evoluídos em um período de
tempo ancestral.
Quando nos raros remanescentes de vegetação original paulistana, essas plantas
invasoras devem ser removidas definitivamente, a fim de não se comprometer a
pouca biodiversidade original sobrevivente – esse é um fato culturamente difícil, já
que a emoção pode se misturar a razão e levar a incompreensão dos cortes pelos
amigos do verde. Mas é apenas a tentativa de se consertar mais um dos inúmeros
erros que o ser humano provocou a natureza.
No ano de 2010, frente a gravidade da situação, a Secretaria do Verde e Meio
Ambiente do Município de São Paulo emitiu uma Portaria com as espécies invasoras
da metrópole (ver Anexo no fim da página), e a remoção de algumas destas
espécies já começou em áreas verdes nativas da cidade, como a reserva da Cidade
Universitária da USP e o Parque Trianon.
Outra forma de erradicarmos a possibilidade de perdermos mais plantas e animais
nativos pela extinção é passar a privilegiar as plantas nativas locais no paisagismo e
arborização urbana, procurando informações sobre as originais da região
e pressionar os viveiristas para a sua produção e comercialização, assim como as
prefeituras. O paisagismo sustentável do ponto de vista ecológico, com elementos
de nossa riquíssima flora original, pode salvar muitas formas de vida, além de
conectar a população com a história e cultura.
52
14.LISTA DAS ESPÉCIES INVASORAS MAIS COMUNS NA CIDADE
DE SÃO PAULO.
Abaixo uma amostra das espécies de plantas invasoras comumente encontradas na
metrópole e adjacências. O uso dessas plantas em futuros projetos de paisagismo e
plantios urbanos deve ser evitado.
1. agave, piteira (Agave sp.)
Origem: América Central (México).
Capacidade de invasão – extremamente agressivo, não deixa espaço para outras
plantas.
Dispersão – via bulbilhos, que ao caírem ao solo desenvolvem-se me novas plantas.
Planta capaz de forrar toda a superfície de Mata Atlântica secundária e cerrado.
Figura 27: Agave sp
2. Aglaia (Aglaia odorata)
Origem: Ásia.
Capacidade de invasão – moderado
Dispersão – sementes.
Muito utilizada no começo do século passado para a confecção de cercas-vivas,
onde em algumas décadas sem poda viravam grande árvores.
53
Figura 28: Aglaiaodorata
3. alfeneiro (Ligustrum sp.)
Origem: Japão.
Capacidade de invasão – agressivo, colonizando todo o terreno disponível.
Dispersão – através de suas sementes e pássaros generalistas.
Árvore de médio a grande porte muito usada na arborização urbana no século
passado, susceptível a cupins e que tem o hábito de germinar em frestas de
construções onde se desenvolve rapidamente.
Figura 29: Ligustrumsp
4. amoreira (Morus sp.)
Origem: China.
Capacidade de invasão – moderado.
Dispersão – Frutos através dos pássaros.
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Figura 30: Morus sp
5. bambu alastrante, bambu-vara-de-pescar (Phyllostachys sp.).
Origem: China.
Capacidade de invasão – extremamente agressivo, não deixa espaço para outras
plantas.
Dispersão – plantio.
Planta comum no paisagismo, também é usado para evitar a erosão de encostas.
Dominante quando plantada em vegetação de cerrado, onde disputa a luz e ganha
invariavelmente.
Figura 31: Phyllostachyssp
6. capim – braquiária ( Brachiaria sp.)
Origem: África
55
Capacidade de invasão – extremamente agressivo, recobrindo completamente o
solo e inviabilizando a germinação de capins nativos e outras formas de vegetação,
além de ser muito inflamável. Controle muito difícil.
Dispersão – sementes pelo vento, que ficam adormecidas no solo por longo período
e são resistentes ao fogo.
Capim muito usado como pasto para pecuária e recobrimento de taludes desde a
década de 1970, é hoje uma praga em quase todo o território nacional. Certamente
já dizimou parte significativa da biodiversidade dos cerrados.
Figura 32: Brachiariasp
7. capim - gordura ( Melinisminutiflora)
Origem: África
Capacidade de invasão – extremamente agressivo, recobrindo completamente o
solo e inviabilizando a germinação de capins nativos e outras formas de vegetação,
além de ser muito inflamável. Controle muito difícil.
Dispersão – sementes pelo vento, que ficam adormecidas no solo por longo período
e são resistentes ao fogo.
Capim comum em áreas de pasto degradado e no recobrimento de taludes de
estradas, é plantado desde os tempos coloniais. Também forte destruidor da
biodiversidade dos cerrados.
56
Figura 33: Melinisminutiflora
8. castanha-do-maranhão (Bombacopsis glabra)
Origem: Brasil, do Rio de Janeiro para o norte.
Capacidade de invasão – moderado
Dispersão – aparentemente sementes via pássaros.
Árvore recentemente introduzida na arborização urbana paulistana, já aparece no
sub bosques de alguns fragmentos florestais na Zona Oeste.
Figura 34: Bombacopsis glabra
9. cheflera-gigante (Scheffleraactinophylla)
Origem: Ásia.
Capacidade de invasão – agressivo e dominante.
Dispersão – sementes via pássaros.
Planta também muito usada para vasos em interiores, quando plantada em áreas
livres é espalhada por aves em forquilhas de árvores – ocupando agressivamente o
espaço que seria das bromélias, orquídeas e figueiras-bravas – e também cresce
57
em frestas de edificações, rompendo-as. Árvore de médio porte e rápido
crescimento.
Figura 35: Scheffleraactinophylla
10. espada-de-são jorge (Sansevieriatrifasciata)
Origem: África.
Capacidade de invasão – agressivo nas margens e sub bosque de trechos de Mata
Atlântica.
Dispersão – por touceiras e possivelmente sementes, já que são encontradas no
interior de matas sem acesso ao público.
Planta usada em paisagismo de jardins e vasos, e também para fins esotéricos e
religiosos.
Figura 36: Sansevieriatrifasciata
11. lírio-do-brejo (Hedychiumcoronarium)
Origem: Ásia
58
Capacidade de invasão - extremamente agressiva, recobrindo extensas áreas de
várzeas, sem deixar espaço para a biodiversidade nativa.
Dispersão – pássaros e insetos.
Planta que dizimou a biodiversidade de parte significativa das várzeas e brejos de
São Paulo e arredores, outrora muito ricos em espécies nativas.
Figura 37: Hedychiumcoronarium
12. maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana)
Origem: África.
Capacidade de invasão – agressiva, formando densas populações no sub bosque
das matas nativas.
Dispersão – sementes.
Figura 38: Impatiens walleriana
59
15. PLÁSTICOS
15.1 Definição de plástico
Basicamente, os plásticossão definidos como materiais formados pela união de
grandes cadeias moleculares chamadas polímeros, que, por sua vez, são formadas
por moléculas menores, chamadas monômeros. Os plásticos são produzidos através
de um processo químico chamado polimerização, que proporciona a união química
de monômeros para formar polímeros. Os polímeros, podendo ser naturais ou
sintéticos.
15.2 Afinal, mais plásticos?
A idéia desde TCC, não é a criação de uma solução definitiva para todos os
problemas, que, como muitos já sabem, são causados pelos plásticos, sua difícil
degradação no ambiente, destinação errada aos plásticos no ambiente e etc, e sim,
mostrar que há várias possibilidades ainda não estudadas para diminuir tais
prejuízos causados ao meio ambiente.
E usando como matéria-prima, plantas invasivas, que são espécies que invadem um
meio ambiente diferente do seu meio nativo e, de alguma maneira, influenciam de
maneira ruim aquele espaço. Como já citado, a idéia não é sanar de vez esses
problemas ambientais, mas mostrar que pode usar uma planta (causadora de um
determinado dano ambiental) para criar uma possibilidade de também diminuir outro
problema causado, dessa vez pelos plásticos, ao meio ambiente.
15.3 Reciclagem de plásticos
Primeiramente, deve-se saber que existem dois tipos de plásticos diferentes. Os
termoplásticos e termofixos. Os primeiros são os plásticos que não sofrem
alterações em sua estrutura química durante o aquecimento e podem ser
reprocessados várias vezes ou por outro processo de transformação. Já os
termofixos, são plásticos que não podem ser fundidos e remoldados, portanto não
são recicláveis.
Todas essas substâncias, quando depositadas em lixões e aterros, podem dificultar
a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, impermeabilizar o solo
e, quando queimados indevidamente, liberar substâncias nocivas ao homem e ao
meio ambiente, como o ácido clorídrico e dioxinas.
60
O lixo brasileiro contém de 5 a 10% de plásticos, conforme o local. São materiais
que, como o vidro, ocupam um considerável espaço no meio ambiente. O ideal:
serem recuperados e reciclados. Plásticos são derivados do petróleo, produto
importado (60% do total no Brasil). A reciclagem do plástico exige cerca de 10% da
energia utilizada no processo primário.
Do total de plásticos produzidos no Brasil, só reciclamos 15%. Um dos empecilhos é
a grande variedade de tipos de plásticos. Uma das alternativas seria definir um tipo
específico de plástico para ser coletado.
Os plásticos recicláveis são: potes de todos os tipos, sacos de supermercados,
embalagens para alimentos, vasilhas, recipientes e artigos domésticos, tubulações e
garrafas de PET, que convertida em grânulos é usada para a fabricação de cordas,
fios de costura, cerdas de vassouras e escovas.
Os não recicláveis são: cabos de panela, botões de rádio, pratos, canetas, bijuterias,
espuma, embalagens a vácuo, fraldas descartáveis.
A fabricação de plástico reciclado economiza 70% de energia, considerando todo o
processo desde a exploração da matéria-prima primária até a formação do produto
final. Além disso, se o produto descartado permanecesse no meio ambiente, poderia
estar causando maior poluição. Isso pode ser entendido como uma alternativa para
as oscilações do mercado abastecedor e também como preservação dos recursos
naturais, o que podendo reduzir, inclusive, os custos das matérias primas. O plástico
reciclado tem infinitas aplicações, tanto nos mercados tradicionais das resinas
virgens, quanto em novos mercados.
O plástico reciclado pode ser utilizado para fabricação de:
Garrafas e frascos, exceto para contato direto com alimentos e fármacos;
Baldes, cabides, pentes e outros artefatos produzidos pelo processo de injeção;
"madeira - plástica";
Cerdas, vassouras, escovas e outros produtos que sejam produzidos com fibras;
Sacolas e outros tipos de filmes;
Painéis para a construção civil.
15.4 Processos de Reciclagem de Plástico
61
Figura 39: Fluxograma Reciclagem do Plástico
15.5 Reciclagem Química
A reciclagem química reprocessa plásticos, transformando-os em petroquímicos
básicos que servem como matéria-prima em refinarias ou centrais petroquímicas.
Seu objetivo é a recuperação dos componentes químicos individuais para reutilizá-
los como produtos químicos ou para a produção de novos plásticos.
Os novos processos desenvolvidos de reciclagem química permitem a reciclagem de
misturas de plásticos diferentes, com aceitação de determinado grau de
contaminantes como, por exemplo, tintas, papéis, entre outros materiais.
Entre os processos de reciclagem química existentes, destacam-se:
Hidrogenação: As cadeias são quebradas mediante o tratamento com
hidrogênio e calor, gerando produtos capazes de serem processados em
refinarias.
Gaseificação: Os plásticos são aquecidos com ar ou oxigênio, gerando-se gás
de síntese contendo monóxido de carbono e hidrogênio.
Quimólise: Consiste na quebra parcial ou total dos plásticos em monômeros na
presença de Glicol/Metanol e água.
Pirólise: É a quebra das moléculas pela ação do calor na ausência de oxigênio.
Este processo gera frações de hidrocarbonetos capazes de serem processados
em refinaria.
15.6 Reciclagem Mecânica
A reciclagem mecânica consiste na conversão dos descartes plásticos pós-
62
industriais ou pós-consumo em grânulos que podem ser reutilizados na produção de
outros produtos, como sacos de lixo, solados, pisos, conduítes, mangueiras,
componentes de automóveis, fibras, embalagens não alimentícias e outros.
Este tipo de processo passa pelas seguintes etapas:
Separação: separação em uma esteira dos diferentes tipos de plásticos, de
acordo com a identificação ou com o aspecto visual. Nesta etapa são separados
também rótulos de diferentes materiais, tampas de garrafas e produtos
compostos por mais de um tipo de plástico, embalagens metalizadas, grampos,
etc.
Por ser uma etapa geralmente manual, a eficiência depende diretamente da prática
das pessoas que executam essa tarefa. Outro fator determinante da qualidade é a
fonte do material a ser separado, sendo que aquele oriundo da coleta seletiva e mais
limpo em relação ao material proveniente dos lixões ou aterros.
Moagem: Depois de separados os diferentes tipos de plásticos, estes são
moídos e fragmentados em pequenas partes.
Lavagem: Depois de triturado, o plástico passa por uma etapa de lavagem com
água para a retirada dos contaminantes. É necessário que a água de lavagem
receba um tratamento para a sua reutilização ou emissão como efluente.
Aglutinação: Além de completar a secagem, o material é compactado,
reduzindo-se assim o volume que será enviado à extrusora. O atrito dos
fragmentos contra a parede do equipamento rotativo provoca elevação da
temperatura, levando à formação de uma massa plástica. O aglutinador também
é utilizado para incorporação de aditivos, como cargas, pigmentos e
lubrificantes.
Extrusão: A extrusora funde e torna a massa plástica homogênea. Na saída da
extrusora, encontra-se o cabeçote, do qual sai um "espaguete" contínuo, que é
resfriado com água. Em seguida, o "espaguete" é picotado em um granulador e
transformando em pellet (grãos plásticos).
15.7 Reciclagem Energética
É a recuperação da energia contida nos plásticos através de processos térmicos.
A reciclagem energética distingue-se da incineração por utilizar os resíduos plásticos
como combustível na geração de energia elétrica. Já a simples incineração não
reaproveita a energia dos materiais. A energia contida em 1 kg de plástico é
equivalente à contida em 1 kg de óleo combustível. Além da economia e da
recuperação de energia, com a reciclagem ocorre ainda uma redução de 70 a 90%
da massa do material, restando apenas um resíduo inerte esterilizado.
15.8 O Plástico e a Geração de Energia.
A presença dos plásticos é de vital importância, pois aumenta o rendimento da
incineração de resíduos municipais.
O calor pode ser recuperado em caldeira, utilizando o vapor para geração de
energia elétrica e/ou aquecimento.
63
Testes em escala real na Europa comprovaram os bons resultados da
combustão dos resíduos de plásticos com carvão, turfa e madeira, tanto técnica,
econômica, como ambientalmente.
A queima de plásticos em processos de reciclagem energética reduz o uso de
combustíveis (economia de recursos naturais).
A reciclagem energética é realizada em diversos países da Europa, EUA e
Japão e utiliza equipamentos da mais alta tecnologia, cujos controles de
emissão são rigidamente seguros, anulando riscos à saúde ou ao meio
ambiente.
64
CONCLUSÃO
Plásticos são polímeros, que são repetições de uma determinada molécula,
chamado monômeros. Mas estes não se degradam facilmente no ambiente, por isso
há a necessidade de pensar-se em alternativas, visando a qualidade do meio
ambiente, para esses plásticos. E como matéria prima, usar plantas daninhas, que
são altamente danosas ao ambiente que se reproduzem alterando o equilíbrio do
meio.
Partiu-se do princípio onde, à partir de toda planta, é possível extrair o amido para a
produção de um plástico de maior aceitabilidade pelo ambiente. Mas achou-se
grande dificuldade na extração do amido, por isso não foi dado início à nenhuma
atividade prática.
Devido à dificuldade para definir uma metodologia de procedimentos para a
extração, não há resultados analíticos ainda, para serem exibidos.
Ainda será feita uma definição do procedimento para, enfim, extrair o amido das
plantas e ver a viabilidade de se produzir plástico biodegradável à partir de plantas
invasivas.
65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
L.F. Doty, Ph.D. Uma Breve Visão Geral Sobre Plásticos Biodegradáveis.
Canadá: 2005. Disponível em: <http://www.gmcjsolucoes.com.br/OPI%20PT1.pdf>
Acesso em: abril, 2013.
ZALBA, S. M.; PIVELLO, V. R. Introdução às invasões biológicas – conceitos e
definições. 2006. Disponível em: <http://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/
plantas-invasoras-lista/> Acesso em: mar. 2013.
Desconhecido. Biologia e Ecologia de Plantas Daninhas. Disponível em: <
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Plantas_daninhas_definicaoID-
OKBSzkoJUb.pdf> Acesso em: maio, 2013.

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  • 1. Escola Técnica “Lauro Gomes” GIOVANNA TORRIGO OLIVEIRA JULIANA SANTOS NASCIMENTO PAULA MARIA DA SILVA RENATA FRATUCCI WENBLER LUCAS DE MORAES BARRETO PLÁSTICO BIODEGRADÁVEL A PARTIR DE PLANTAS INVASIVAS São Bernardo do Campo Julho de 201
  • 2. Escola Técnica “Lauro Gomes” GIOVANNA TORRIGO OLIVEIRA JULIANA SANTOS NASCIMENTO PAULA MARIA DA SILVA RENATA FRATUCCI WENBLER LUCAS DE MORAES BARRETO PLÁSTICO BIODEGRADÁVEL A PARTIR DE PLANTAS EVASIVAS São Bernardo do Campo Julho de 201 Trabalho de conclusão de Curso apresentado à Escola Técnica Lauro Gomes como requisito parcial para conclusão do Curso Técnico em Química ORIENTADOR: Profº Carlos Roberto Jeronymo
  • 3. Escola Técnica “Lauro Gomes” GIOVANNA TORRIGO OLIVEIRA JULIANA SANTOS NASCIMENTO PAULA MARIA DA SILVA RENATA FRATUCCI WENBLER LUCAS DE MORAES BARRETO PLÁSTICO BIODEGRADÁVEL A PARTIR DE PLANTAS EVASIVAS Banca Examinadora: Professor:_____________________________________ Professor:_____________________________________ Professor:_____________________________________ São Bernardo do Campo Julho de 2013
  • 4.
  • 5. 3 DEDICATÓRIA Dedicamos esta monografia a todas as pessoas que estiveram ao nosso lado, sobretudo, nos momentos difíceis: família, amigos, e principalmente, aos nossos professores que foram os principais responsáveis pelo nosso aprendizado. Enfim, obrigado a todos que direta ou indiretamente contribuíram na nossa formação.
  • 7. 5 EPÍGRAFE "O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.” José de Alencar.
  • 8. 6 RESUMO Com base no aumento do uso de produtos fabricados a partir de plásticos, na sua reciclagem, que muitas vezes não é prática ou possível, e difícil degradação quando jogando no meio ambiente devido sua estrutura química, surgiu a necessidade de criar uma alternativa sustentável que substituísse os plásticos derivados de petróleo. Como as plantas invasivas são também um grande problema natural e se desenvolvem em locais não-desejados, prejudicando o crescimento de outras, procuramos também uma alternativa para resolvê-lo. Com a possibilidade de produzir plásticos mais degradáveis do que os derivados de petróleo, tivemos como matéria prima a grande vilã: erva daninha. Tendo como objetivo sanar com a grande poluição causada pelo plástico derivado de petróleo e com as plantas invasivas, este trabalho de conclusão de curso é baseado em pesquisas que possibilitem uma solução. Partindo do principio da extração do amido para a produção, pôde dar início as pesquisas, procurando por uma metodologia que nos possibilite a conclusão de nosso trabalho prático e não apenas teórico como o que consta nesta monografia. Palavras chave:Plástico; degradável, plantas daninhas.
  • 9. 7 ABSTRACT Based on theincreased use ofproducts madefrom plasticsin itsrecycling, which is often notpracticalorpossible,and difficultdegradationwhenthrowing awayin the environmentdue to theirchemical structure, the need arose tocreate asustainable alternativeto replacetheoil-based plastics. Howinvasive plantsarealso a greatnatural problemand developin non-desired, hurtingthe growth of other, seekan alternative meansto solve it. Withthe possibility of producingmoredegradableplasticthanpetroleum products,as raw materialhadgreat villain: weed. Aimingtoremedytheserious pollutioncausedby plasticderived from oilandinvasive plants, this work of completionisbased on researchthat enablea solution. Starting from thebeginningof the extraction ofstarchfor the production, couldinitiateresearch, looking fora methodologythat enables usto concludeour worknot onlypractical andtheoreticalascontainedin this monograph. Key-words:Plastic; degradable; weed.
  • 10. 8 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: C – TIRIRICA..........................................................................................19 FIGURA 2: CONYZA BONIARIENSIS ......................................................................21 FIGURA 3: IMPERATA SP........................................................................................22 FIGURA 4: AMARANTHUS HIBRIDUS.....................................................................25 FIGURA 5: LEONURUS SIBIRICUS.........................................................................26 FIGURA 6: SIDA RHOMBIFOLIA..............................................................................26 FIGURA 7: GUANXUMA ...........................................................................................27 FIGURA 8: GRAMA SEDA........................................................................................27 FIGURA 9: SORGHUM HALEPENSE.......................................................................28 FIGURA 10: BRACHIARIA PURPURACENS............................................................28 FIGURA 11: CYPERUS ROTUNDUS .......................................................................29 FIGURA 12: VERNONIA FERRUGINEA...................................................................29 FIGURA 13: PORTULACA OLERACEA ...................................................................31 FIGURA 14: AMARANTHUS SPP.............................................................................31 FIGURA 15: SIDA SPP .............................................................................................32 FIGURA 16: CYPERUS SPP ....................................................................................32 FIGURA 17: ALTERNANTHERA PHILOXEROIDES ................................................33 FIGURA 18: CUPHEA CASRTHAGENENSI.............................................................33 FIGURA 19: EICHORNIA CRASSIPES ....................................................................34 FIGURA 20: ALGAS..................................................................................................34 FIGURA 21: EGERIA DENSA...................................................................................35 FIGURA 22: TYPHA ANGUSTIFÓLIA.......................................................................35 FIGURA 23: ECHINOCHLOA SPP ...........................................................................36 FIGURA 24: CUSCUTA RACEMOSA.......................................................................36 FIGURA 25: PHORADENDRUM RUBRUM ..............................................................37 FIGURA 26: CAESALPINIA FERREA.......................................................................50 FIGURA 27: AGAVE SP............................................................................................52 FIGURA 28: AGLAIA ODORATA ..............................................................................53 FIGURA 29: LIGUSTRUM SP...................................................................................53 FIGURA 30: MORUS SP...........................................................................................54 FIGURA 31: PHYLLOSTACHYS SP.........................................................................54
  • 11. 9 FIGURA 32: BRACHIARIA SP ..................................................................................55 FIGURA 33: MELINIS MINUTIFLORA ......................................................................56 FIGURA 34: BOMBACOPSIS GLABRA....................................................................56 FIGURA 35: SCHEFFLERA ACTINOPHYLLA..........................................................57 FIGURA 36: SANSEVIERIA TRIFASCIATA..............................................................57 FIGURA 37: HEDYCHIUM CORONARIUM ..............................................................58 FIGURA 38: IMPATIENS WALLERIANA...................................................................58 FIGURA 39: FLUXOGRAMA RECICLAGEM DO PLÁSTICO ...................................61
  • 12. 10 LISTA DE TABELAS TABELA 1: NÚMERO DE SEMENTES PRODUZIDO..................................................................................20
  • 13. 11 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 13 2. OBJETIVOS................................................................................................................................... 15 3. MOTIVAÇÃO ................................................................................................................................ 16 4. PROBLEMATIZAÇÃO ................................................................................................................ 17 5. CONCEITOS DE PLANTA DANINHA...................................................................................... 18 5.1 DEFINIÇÕES DE PLANTA DANINHA.................................................................................. 18 5.2 CARACTERÍSTICAS DE UMA PLANTA PARA SER CONSIDERADA DANINHA........ 18 5.3 IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS ECOLÓGICOS E BIOLÓGICOS SOBRE A ESTRATÉGIA DE MANEJO............................................................................................................ 22 5.4 DINÂMICA POPULACIONAL DE PLANTAS DANINHAS ................................................ 23 6. PREJUÍZOS CAUSADOS PELA PRESENÇA DE PLANTAS DANINHAS........................... 24 6.1 CLASSIFICAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS QUANTO AO CICLO ................................ 25 7.CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA.............................................................................................. 37 8. ANATOMIA DE PLANTAS DANINHAS.................................................................................. 38 8.1 ANATOMIA DA FOLHA........................................................................................................... 38 8.2 ANATOMIA DA RAIZ............................................................................................................... 39 8.3 ANATOMIA DO CAULE........................................................................................................... 40 9. A AGRESSIVIDADE DAS PLANTAS DANINHAS ................................................................. 41 10.PLANTIO DIRETO..................................................................................................................... 43 10.1. AÇÃO DOS FATORES ECOLÓGICOS LIMITANTES ...................................................... 43 10.2 IMPACTO DO PLANTIO DIRETO...................................................................................... 44 11. ROTAÇÃO DE CULTURAS...................................................................................................... 45 12. COBERTURA MORTA ............................................................................................................. 46 13. LISTA DE PRINCIPAIS PLANTAS INVASIVAS NA CIDADE DE SÃO PAULO............ 49 13.1 ESPÉCIES EXÓTICAS X NATIVAS...................................................................................... 49
  • 14. 12 13.2 ESPÉCIES INVASORAS......................................................................................................... 50 13.3 CIDADE DE SÃO PAULO...................................................................................................... 50 14. LISTA DAS ESPÉCIES INVASORAS MAIS COMUNS NA CIDADE DE SÃO PAULO... 52 15. PLÁSTICOS ................................................................................................................................ 59 15.1 DEFINIÇÃO DE PLÁSTICO .................................................................................................. 59 15.2 AFINAL, MAIS PLÁSTICOS?................................................................................................ 59 15.3 RECICLAGEM DE PLÁSTICOS ............................................................................................ 59 15.4 PROCESSOS DE RECICLAGEM DE PLÁSTICO................................................................ 60 15.5 RECICLAGEM QUÍMICA....................................................................................................... 61 15.6 RECICLAGEM MECÂNICA.................................................................................................... 61 15.7 RECICLAGEM ENERGÉTICA............................................................................................... 62
  • 15. 13 1. INTRODUÇÃO Produtos fabricados a partir de plásticos vêm sendo largamente utilizados desde meados dos anos 50 do século passado. O número de aplicações para esses produtos continuou a crescer enquanto a ciência produzia resinas, que aprimoravam suas propriedadesAlgumas das características gerais dos plásticos que os tornam atrativos para a maioria dos usos comuns a que estão associados, incluindo embalagens, são a sua força e resistência, durabilidade e longa vida, baixo peso, excelente barreira contra água e gases, resistência à maioria dos agentes químicos, excelente processabilidade e baixo custo. Essas propriedades, que fazem do plástico o material de escolha para várias aplicações, são também um problema ao final da vida útil desses produtos, especialmente o uso único em produtos como sacolas e outras formas de embalagem. A sua inércia permite que persistam no ambiente e o seu baixo custo fazem com que sejam altamente descartáveis.Os plásticos, apesar de presentes por toda parte, não são o principal componente dos fluxos deresíduos municipais. Um estudo recente na Califórnia constatou que 9,6% dos resíduos ematerros sanitários eram plásticos, e que apenas uma fração disso era representada por materiaisde embalagem. Resíduos de papel, material orgânico e resíduo de construção juntos representavam por quase ¾ do total de resíduos. Apesar de tudo, produtos plásticos descartados têm aparência desagradável e causam outros problemas quanto ingeridos pela vidaselvagem ou quando, na forma de sacolas, formam uma barreira entre o ambiente e o lixo que. Contém, e limitam a capacidade do material em “biodegradar”. Plásticos oferecidos como degradáveis ou biodegradáveis estão comercialmente disponíveis hámais de 20 anos. Foram desenvolvidos especificamente para lidar com a questão dapersistência de produtos plásticos descartados no ambiente, sejam descartados em aterros sanitários, locais de compostagem ou, de forma inapropriada, como lixo nos oceanos e cursos.
  • 16. 14 d'água. Os primeiros produtos eram baseados nas resinas plásticas tradicionais – por exemplo, polietileno – que eram misturados com uma quantidade inexpressiva de amido. Na presença de água, os produtos feitos a partir desses materiais desintegravam em pequenos pedaços daresina, e o amido então biodegradável. Nos Estados Unidos, em particular, esses materiais foramduramente criticados, já que a base plástica não biodegradável; simplesmente desintegrava empequenos pedaços que não podiam ser percebidos. A Comissão de Comércio Federal dos EUAforçou os produtores a remover o apelo degradável, e esses produtos, em sua maioria, saíram domercado. Ainda existem companhias que oferecem produtos aparentemente similares, mas é importante que se entenda como eles desempenham. Um terceiro tipo de polímero degradável que está disponível há alguns anos é baseado empoliolefinas tradicionais (polietileno, polipropileno, poliestireno) às quais é adicionado umcatalisador que acelera a oxidação do polímero, fazendo com que este quebre em moléculas menores que, diferentemente do polímero base, são passíveis de umedecidas por água. Esses fragmentos menores ficam então disponíveis para os micro-organismos sob a forma de umafonte de energia - por exemplo, alimento. É esse tipo de produto – plásticosoxi-biodegradáveis
  • 17. 15 2. OBJETIVOS Produzir uma alternativa sustentável para diminuir os efeitos causados pelos problemas ambientais produzidos pelo plástico jogado na natureza. Usando como matéria-prima, plantas invasivas, que nascem no lugar de outras plantas alterando o equilíbrio natural daquele meio.
  • 18. 16 3. MOTIVAÇÃO Possibilidade de produzir um plástico de maior degradabilidade em relação ao plástico a partir do petróleo. Tendo como matéria-prima, plantas que prejudicam o equilibro natural do meio onde se “infiltram” para retirar nutrientes de outras plantas. Sanando, ou ao menos reduzindo o impacto de dois problemas danosos ao meio- ambiente.
  • 19. 17 4. PROBLEMATIZAÇÃO Para sanar o problema do uso de plásticos à base de petróleo, uma nova alternativa sustentável deve ser criada. Buscando resolver o problema de ervas daninhas, começando às pesquisas que possibilitem resolvê-los.
  • 20. 18 5. Conceitos de planta daninha Conceito ecológico - planta que coloniza e domina o estágio inicial de uma sucessão vegetal numa terra perturbada pelo homem. Planta que se adapta com maior facilidade às condições climáticas criadas pelo homem. Conceito biológico - planta com características específicas que facilita sua sobrevivência e dispersão. 5.1 Definições de planta daninha É uma planta que se desenvolve onde não é desejada; que causa mais danos que benefícios; que causa danos a outras plantas de interesse; que ocupa espaço destinado a outras atividades. 5.2 Características de uma planta para ser considerada daninha Nenhuma exigência para germinar Rápido crescimento Alta capacidade de florescimento Alta produção de sementes Habilidade de dispersão Adaptação às práticas de manejo Tolerância à variação ambiental Plasticidade fenotípica Germinação assincrônica
  • 21. 19 As plantas daninhas são dotadas de certas características que lhe são peculiares e que interferem na estratégia de seu manejo. Para se manejar bem estas plantas há necessidade de se conhecer mais profundamente tais características. Germinação e crescimento em condições adversas - esta característica é mais típica ou menos típica em função da espécie. Importante lembrar que todas germinam e desenvolvem melhor em condições mais amenas, porém, certas espécies são capazes de se desenvolver onde outras não seriam capazes. Exemplo: Tiririca (Cyperusspp) que é classificada como uma espécie de ambiente indiferente cresce melhor em ambiente favorável, porém, o ambiente não é tão limitante como seria para outras espécies, principalmente as plantas cultivadas. Assim, seu manejo será voltado em dar condições mais favoráveis para a cultura e menos favorável para a planta daninha. Figura 1: Cyperusspp – Tiririca Alta capacidade de florescimento - esta característica expressa à necessidade e capacidade das espécies de se multiplicarem. Quaisquer que sejam as condições, a maioria
  • 22. 20 das espécies daninhas florescem e produzem sementes em abundância. Uma espécie cultivada, sob tais condições não floresce ou floresce de maneira deficiente, comprometendo a produção de sementes e consequentemente a multiplicação da espécie. O manejo da planta daninha neste caso é o seu controle antes mesmo que ela produza sementes viáveis. O controle de sua descendência também resolve, mas, com mais custos e outros prejuízos. Alta produção de sementes - esta característica, juntamente com a dormência, confere às espécies daninhas a capacidade de perpetuação da espécie e capacidade competitiva. Várias espécies chegam a produzir mais de 100.000 sementes por planta. O quadro a seguir, mostra exemplos de espécies comuns e sua produção de sementes por planta: Plantas Daninhas Nº de Sementes Plantas Daninhas Nº de Sementes Euforbia 150 Rabo de Raposa (cinza) 12600 Aveia Selvagem 450 BrassicaNigra 13400 Nabo 500 Kochia 14600 Cirsio 700 Cuscuta 16000 Timbete 1500 Caminhodora 20000 Mostarda 2100 Capsela 21000 Vicio 2300 Língua de Vaca 29000 Tiriricão 2400 Tanxagem 36000 Ançarinha Branca 3100 Bolsa de Pastor 38000 Rabo de raposa (verde) 3400 Beldroega 52000 Losna do Campo 3400 Erva de Sta. Maria 72000 Capim Arroz 7000 Carurú de Porco 117000 Capim Colchão 8200 Enotera 118000 Carurú de Espinho 11000 Verbasco 223000 Cipó de Veado 11900 Orobanque 270000 Tabela 1: Número de Sementes produzido Habilidade de dispersão - as diversas espécies de plantas daninhas têm suas sementes adaptadas de formas especiais que facilitam sua dispersão. Algumas, com adaptações que facilitam a dispersão pelo vento, exemplo voadeira (Conyzabonariensis), outras pelos animais, exemplo picão preto, ainda outras pela água. Até mesmo o tamanho e forma da semente, muitas vezes coincidem com aquelas sementes das plantas cultivadas e assim são disseminadas junto com a cultura. A disseminação através da água (canais de irrigação e drenagem) e sementes de culturas contaminadas com sementes de plantas daninhas são duas formas mais significantes de disseminação principalmente à longa distância.
  • 23. 21 Figura 2: Conyzaboniariensis Adaptação às práticas de manejo - mais do que qualquer planta cultivada, as espécies silvestres são providas de variações genéticas dentro de uma mesma população. Isto faz com que qualquer que seja a prática de manejo adotada, aquela população, através de seus indivíduos, se adapta e torna-se tolerante àquela prática. Quanto mais heterogênea for uma população, maior será a chance e velocidade de adaptação à nova prática de manejo. Por isso, no sistema atual de manejo de plantas daninhas, é fator primordial a rotação ou integração de métodos de controle. Como um exemplo desta adaptação, pode-se citar o uso contínuo de um mesmo herbicida numa mesma área, levando uma população que antes era susceptível e agora tornou-se tolerante ao mesmo herbicida, fato este denominado de seleção de ecotiporesistente. Um outro exemplo, ainda referente ao uso contínuo de um mesmo herbicida numa mesma área é a seleção de espécies resistentes: muitas vezes, dentro de uma comunidade de espécies, existe umas poucas que são resistentes ao herbicida. Esta (s) espécie (s) tem a vantagem sobre as susceptíveis que são eliminadas pelo herbicida, e assim se multiplicam e dominam a área. Ainda como um terceiro exemplo do uso contínuo deste herbicida, é a seleção de espécies susceptíveis que, apresentam um hábito de crescimento rasteiro e assim são protegidas por outras espécies de hábito de crescimento ereto. O herbicida
  • 24. 22 atinge primeiro as de porte ereto que formam o fenômeno denominado “guarda chuva” para as de porte rasteiro que se desenvolvem livres das primeiras. 5.3Importância dos estudos ecológicos e biológicos sobre a estratégia de manejo 1. O conhecimento da biologia e ecologia - constituem a base para a escolha do sistema de manejo. Por exemplo, quando se sabe que o sapé (Imperatasp), infestante de pastagem, é típica de terreno ácido, a mudança do pH do solo através de processos normais de manejo de fertilidade deve ser incluído ao sistema de manejo desta espécie. Figura 3: Imperatasp 2. O conhecimento da morfologia e anatomia - certas espécies de plantas daninhas apresentam alta capacidade competitiva com as culturas devido a sua velocidade de crescimento e formação rápida de um dossel denso. Normalmente as espécies de folhas largas têm estas características. 3. O conhecimento da fisiologia e bioquímica - este aspecto dita a capacidade das espécies de se adaptarem às condições adversas e se tornarem mais competitivas. Neste aspecto deve-se ressaltar o número elevado de espécies de daninhas do grupo C. Este grupo fisiológico significa aquelas plantas com alta eficiência na fixação de CO2 pela fotossíntese e menos ineficientes
  • 25. 23 durante o processo de fotorrespiração. Com isto são menos dependentes deCO2 e luz. Atenção especial à estas espécies deve ser dada pois, poucas culturas são capazes de competir de forma eficiente. Ainda dentro deste assunto, a bioquímica das espécies é outro fator importante para o manejo. O desenho de uma molécula de herbicida, é voltada para os processos enzimáticos da planta pois, muitas espécies são resistentes em função de sua capacidade de degradaçãooudetoxificação tanto enzimática como não enzimática. A exemplo disto, espécies de olhas largas que degradam 2,4-DB à 2,4-D são sensíveis ao 2,4,DB. Espécies ricas em benzoxazolinonastêm a capacidade de detoxificare serem tolerantes à esteproduto, exemplo milho. O herbicida diclofop-metil deve ser deesterificado à diclofopácido para ser ativo sobre as plantas: a maioria das gramíneas têm esta capacidade e portanto são sensíveis ao produto porém, o trigo (gramínea) não deesterificadiclofopmetil e assim é tolerante. Um processo inverso visto anteriormente é o caso do herbicida propanil (dicloroanilida) que deve ser degradado enzimaticamente pelo arroz à dicloroanilina para ser resistente enquanto que a espécie daninha capim arroz não o degrada e assim torna-se sensível ao produto. 5.4 Dinâmica populacional de plantas daninhas Em função do tempo e do método de manejo, as populações de plantas daninhas variam de forma mais rápida sob condições tropicais e menos rápida sob condições de clima temperado, dentro de uma mesma área. Associados a estes fatores (tempo e métodos de manejo), outros estão envolvidos na capacidade e velocidade de mudança da flora. Dormência - as plantas daninhas utilizam-se deste atributo como perpetuação da espécie. Permanecem dormentes por vários anos aguardando condições ideais de germinação, desenvolvimento e multiplicação. O método de manejo no entanto, afeta a dormência permitindo ou não a germinação. Existem estudos mostrando que 36% das espécies enterradas germinaram quando desenterradas após 40 anos. A
  • 26. 24 profundidade em que se encontram no solo, na ausência ou com pouca luz, é fator importante na germinação. Banco de sementes no solo - o número de sementes por metro quadrado de uma espécie também dita a dinâmica de população. Estes números apresentam variações enormes e são influenciados por características de solo, da espécie, do clima, do manejo, etc. 6. Prejuízos causados pela presença de plantas daninhas 1. Produção mais baixa a) Efeitos químicos b) Efeitos competitivos 2. Menos eficiência de uso da terra a) Custos mais elevados (pois têm que serem controladas) b) Valor da terra decresce (devido a sua presença) c) Custo de colheita elevado d) Cultura danificada pelo cultivo e) Estrutura do solo destruída 3. Custo mais elevado de proteção contra insetos e doenças a) Abrigo de pragas e doenças b) Migração da praga para a cultura após o final do ciclo da planta daninha. 4. Qualidade de produto mais baixa a) Sementes de plantas daninhas b) Restos vegetais de planta daninha em feno e algodão c) Odor de planta daninha no leite d) Sementes de plantas daninhas na lã e) plantas daninhas tóxicas diminui crescimento f) aumenta teor de umidade das sementes colhidas 5. Manejo da água a) Problemas para irrigação e drenagem b) Recreação e pesca c) Odor e sabor em suprimentos de água
  • 27. 25 6. Saúde do homem a) Irritação da pele – urtiga b) Tóxica – cuscuta, mamona c) Alergia – semente de capim gordura 6.1 Classificação de plantas daninhas quanto ao ciclo 1 - Quanto ao ciclo: Anuais: germinam, desenvolvem, florescem, produzem sementes e morrem dentro de um ano. Propagam por frutos e sementes. Melhor época de controle - antes de produzir sementes. Ex.: carurú (Amaranthushibridus). Figura 4: Amaranthushibridus Bianuais: plantas cujo completo desenvolvimento se dá em 2 anos. No primeiro germinam e crescem. No segundo, produzem flores, frutos, sementes e morrem. Devem ser combatidas no 1º ano. Podem ser anuais em uma região e bianuais em outra. Ex.: Rubim (Leonurussibiricus)
  • 28. 26 Figura 5: Leonurussibiricus Perenes (ou vivazes): podem dar flores e frutos durante anos consecutivos. Reproduzem por sementes e por meios vegetativos. Sãomelhor controladas através de herbicidas sistêmicos pois, sistema mecânico de controle fazem com que se multipliquem ainda mais através de suas partes vegetativas. Ex.: guaxuma (Sida rhombifolia). Figura 6: Sida rhombifolia Dentro das perenes, tem-se:
  • 29. 27 Perenes simples – reproduzem apenas por sementes. De fácil controle. Ex.: Guanxuma. Figura 7: Guanxuma Perenes complexas – órgãos subterrâneos, superficiais. Ex. grama seda. Figura 8: Grama seda Além desta classificação de perenes, pode-se considerar ainda: Perenes rizomatosas - produzem caule subterrâneo (rizoma) que se propaga e se reproduz à certa distância da planta mãe. Controle através de herbicida sistêmico. Ex.: capim massambará (Sorghumhalepense).
  • 30. 28 Figura 9: Sorghumhalepense Perenes estoloníferas - produzem estólons (Em botânica , estólom é um alargamento lateral, geralmente fina, que começa na base dos caules de algumas plantas herbáceas que cresce horizontalmente em relação ao nível do solo , de modo epígeno, surge perpendicular ao solo, ou no subsolo) os quais emitem nós, raízes e a nova planta. Ex.: capim angola (Brachiariapurpuracens). Figura 10: Brachiariapurpuracens Perenes tuberosas - reproduzem basicamente por tubérculos (ou batatinhas). Ex.: tiririca (Cyperusrotundus).
  • 31. 29 Figura 11: Cyperusrotundus Lenhosas: perene, de porte maior. Infestam normalmente pastagens. Ex.: assa- peixe (Vernoniaferruginea). Figura 12: Vernoniaferruginea 2 - Quanto ao hábito de crescimento Herbácea - tenra, de porte baixo. Arbustiva - ramificação desde a base. Arbórea - ramificação acima da base caule bem definido. Trepadeira - usa outras plantas como suporte. Hemiepífita - iniciam seu desenvolvimento sobre outra e depois emitem sistema radicular. Epífita - cresce sobre outra sem no entanto utilizar do fotossintato do hospedeiro.
  • 32. 30 Parasita - cresce sobre outra utilizando do seu alimento. Uma outra nomenclatura ou classificação quanto ao hábito de crescimento: Erva – planta de caule pouco desenvolvido ou aparentemente acaule (haste achatada ou caules subterrâneos), geralmente não ultrapassa a 1m de altura, herbácea. Subarbusto – planta de caule pouco desenvolvido, geralmente não ultrapassa a 1m de altura, na base é lenhosa e no restante herbácea. Arbusto – planta de caule resistente, lenhosa ou semi-lenhosa, variando entre 1m e 5m de altura, ramificada desde a base. Arvoreta – planta de caule resistente, lenhosa ou mais raramente semi-lenhosa, variando entre 1m e 5m de altura, não ramificada na base, ou seja, formando um eixo central definido por um certo espaço na altura. Árvore – planta com caule muito desenvolvido, resistente, lenhosa, com altura superior a 5m. Liana – planta com caule de pouca resistência, cresce em comprimento e não em altura (trepadeira, cipós trepadores, rastejantes) 3 - Quanto ao habitat Plantas daninhas terrestres: Vivem sobre o solo. Algumas se desenvolvem melhor sobre solo mais fértil. Exemplos: carurú (Amaranthusspp), beldroega (Portulacaoleracea), respectivamente. São consideradas indicadoras de solo fértil, sendo que sua presença valoriza a terra.
  • 33. 31 Figura 13: Portulacaoleracea Figura 14: Amaranthusspp Ao contrário, existem as espécies que se desenvolvem em solos de baixa
  • 34. 32 fertilidade. Exemplo: Guanxumas (Sida spp). São indicadoras de solo pobre e desvalorizam a terra. Figura 15: Sida spp Existem ainda aquelas indiferentes à fertilidade. Exemplo: tiririca (Cyperusspp). Figura 16: Cyperusspp Plantas daninhas de baixada:
  • 35. 33 São aquelas espécies que se desenvolvem melhor em solos orgânicos e úmidos. Exemplos: sete sangrias (Cupheacarthagenensis), tripa de sapo (Alternanthera philoxeroides), respectivamente. Figura 17: Alternantheraphiloxeroides Figura 18: Cupheacasrthagenensi Plantas daninhas aquáticas Podem ser: Aquáticas marginais (ou de talude) - são terrestres que ocorrem às margens de rios, lagoas, represas, etc. Exemplo: tiririca.
  • 36. 34 Figura 19: Eichorniacrassipes Aquáticas flutuantes - ocorrem livremente nas superfícies da água, com as folhas fora da água e as raízes submersas. Ex. aguapé (Eichorniacrassipes). Figura 20: Algas Aquáticas submersas livres - vivem inteiramente abaixo do nível da água. Ex. algas.
  • 37. 35 Figura 21: Egeria densa Aquáticas submersas ancoradas - submersas com as raízes presas ao fundo. Ex. elódea (Egeria densa). Figura 22: Typha angustifólia Aquáticas emergentes - possuem as folhas na superfície da água e as raízes ancoradas no fundo. Ex. tábua (Typhaangustifolia).
  • 38. 36 Figura 23: Echinochloaspp Plantas daninhas de ambiente indiferente. Vivem tanto dentro como fora da água. Exemplo: capim arroz (Echinochloaspp). Figura 24: Cuscuta racemosa Plantas daninhas parasitas Vivem sobre outras plantas e vivendo às custas delas. Exemplos: cipo chumbo
  • 39. 37 (Cuscuta racemosa), erva de passarinho (Phoradendrumrubrum). Figura 25: Phoradendrumrubrum 7.Classificação Taxonômica REINO Vegetal Dentro do Reino Vegetal: Divisão Pteridófitas Algas Briófitas Gymnospermae Angiospermae Dentro das Angiospermae: Classe Monocotiledoneae Dicotiledoneae
  • 40. 38 8. Anatomia de Plantas Daninhas 8.1 Anatomia da Folha Folha é composta de epiderme da face adaxial, mesófilo e epiderme da face abaxial, na qual a epiderme da face abaxial é sempre mais fina. A epiderme é composta de cutícula, da epiderme propriamente dita e de seus anexos que são os estômatos e tricomas. A cutícula é composta de cera epicuticular + cutina e varia em forma e espessura, dependendo do ambiente e da espécie. Para se melhorar a eficiência dos herbicidas é utilizado Sulfato de Amônio ou Uréia, para que quebre a cutícula, e assim o herbicida chegar mais facilmente a epiderme da folha além de evitar também o escorrimento do herbicida sobre a cera da folha. Para se medir a espessura da cutícula utiliza-se o corante Sudan3 e 4. Os estômatos podem ocorrer em ambas as faces da folha ou apenas em uma delas, geralmente, abaxial ou dorsal. Em folhas mais ou menos largas, de dicotiledôneas, os estômatos estão dispersos, aparentemente ao acaso. Nas folhas longas e estreitas, características de monocotiledôneas e coníferas, os estômatos se dispõem em fileiras paralelas ao eixo maior da folha. Pode se classificar a folha quanto a posição dos estômatos: - Hipo estomático: Possui estômatos apenas na face inferior. - Anfi estomático: Possui estômatos nas duas epidermes. A quantidade de estômatos varia conforme o ambiente em que a planta se encontra, plantas de ambientes secos (xerófitas) possuem menor número de estômatos, enquanto plantas de ambientes saturados (hidrófitas) geralmente estômatos na face abaxial da epiderme, podendo variar a quantidade e a localização se o ambiente for alterado. Plantas com alta incidência luminosa possui maior número de estômatos além disso, o fotoperíodopode promover a formação de células epidérmicas para refletir mais luz. Tricomas são protuberâncias da epiderme, de formato, tamanho e funções variáveis, eles podem ser glandulares, não glandulares ou tectores.
  • 41. 39 Tricomas glandulares eles possuem uma glândula (cabeça) na extremidade que exsuda substâncias químicas Tricomas não glandulares ou tectores que são lisos e não possuem a glândula no final de sua estrutura. As principais funções dos tricomas são: refletir radiância e animais herbívoros, proteger contra perda d’água e exsudação de substâncias químicas. O mesófilo pode ser homogêneo ou diferenciado em parênquima paliçádico e parênquima esponjoso. Parênquima paliçádico é constituído de células alongadas, dispostas perpendicularmente à superfície da lâmina e mais adensadas, mesmo assim uma considerável superfície delas fica exposta ao ar contido nos espaços intercelulares. Parênquima esponjoso apresentam diferentes formatos, muitas vezes são irregulares, providas de projeções (braços) que se estendem de uma célula à outra. É no mesófilo onde se encontram as nervuras (vasos condutores) que são constituídos do Xilema e Floema, no qual o Xilema sempre se encontra voltado para superfície adaxial da folha 8.2 Anatomia da Raiz A raiz é composta de três zonas bem diferenciadas, a zona lisa ou de crescimento, a zonapelífera ou zona de pêlos absorventes e a zona suberosa ou zona de ramificação. O meristema é composto de: - Protoderme que dá origem à epiderme. - Meristema fundamental que se diferencia em parênquima cortical (cortex). - Procâmbio que forma o meristema vascular. A zona pelífera através de um corte longitudinal é possível diferenciar monocotiledônea (mais de 6 grupos de vasos) de dicotiledônea (até 5 grupos de vaso), muitas espécies não tem tricomas na raiz e isto dificulta a absorção de herbicida.
  • 42. 40 O tecido meristemático não possui espaços intracelular mas nos tecidos diferenciados sim (cortex) e são classificados conforme o tamanho: - Meatos: espaços menores que uma célula. - Lacuna: espaços do tamanho de uma célula. - Aerênquima: espaços maior que muitas células. Estresse causado por falta de água provoca aumento do tricoma(expansão da epiderme). A exoderme e a endoderme funcionam como filtro biológico (nem todas espécies tem exoderme). Dependendo do ambiente ela se forma. Na endoderme não tem espaços intracelular, tem-se as estrias de Casparyem dicotiledônea e faixa de Caspary em monocotiledônea. As estrias de Caspary são algumas células da endoderme que se suberelizam ou lignificam e possuem algumas células de passagem e a faixa de Caspary são todas as células da endoderme que se suberelizam ou lignificam e não possuem as células de passagem. A 1º camada abaixo da endoderme é o periciclo (conserva características do meristemática) o qual forma raiz lateral e tem que atravessar o córtex. Temos duas teorias para a emissão da raiz lateral: - Formação de enzimas que digerem o cortex; - Processo mecânico de rompimento. 8.3 Anatomia do Caule Em estrutura primária as dicotiledôneas possuem feixe lateral colateral e em monocotiledônea possuem feixe colateral aberto (câmbio fascicular entre xilema e floema). Em estrutura secundária As monocotiledôneas os vasos estão dispersos ao acaso e xilema voltados para o centro e floema para a periferia (estrutura adaptosférica) enquanto nas dicotiledôneas os vasos elas se encontram arranjadas de forma organizada com o floema voltado para a periferia e o xilema voltado para o centro.
  • 43. 41 No caule existe endoderme como barreira seletora de substâncias vindas de células secretoras. 9. A agressividade das plantas daninhas No processo evolutivo as plantas daninhas adquiriram grande agressividade, caracterizada por elevada e prolongada capacidade de produção de diásporos dotados de alta viabilidade e longevidade, que são capazes de germinar, de maneira descontínua, em muitos ambientes. Normalmente, possuem adaptações para disseminação a curta e longa distância. Além disso, as plantas apresentam rápido crescimento e desenvolvimento. Elas utilizam-se de agentes de polinização inespecíficos ou o vento. Quando são perenes, além de vigorosa reprodução vegetativa e alta capacidade de regeneração de fragmentos, são bastante frágeis, de modo que as plantas se fragmentam e não são totalmente arrancadas do solo. Afinal, estas plantas desenvolvem mecanismos especiais que as dotam de grande habilidade de sobrevivência nos ecossistemas, como produção de substâncias de natureza alelopática, hábito trepador e outros. Resumindo, a perpetuação de uma espécie como planta invasora de ecossistemas está condicionada a uma relação interativa entre a plasticidade de cada indivíduo e processos que, a longo prazo, proporcionam flexibilidade adaptativa frente às eventuais alterações do ambiente e às modificações que normalmente ocorrem em condições naturais em todo o sistema, através do tempo. Nos últimos anos, têm sido propostos interessantes conceitos a respeito das estratégias evolutivas desenvolvidas pelas plantas daninhas para a ocupação dos ecossistemas. Uma das teorias mais importantes é a de Grime, considerando que há dois fatores limitantes externos que determinam a estratégia de crescimento e de reprodução das plantas superiores. Estes dois fatores são: Estresse: fenômeno externo que impõe barreiras ao desenvolvimento vegetal, como disponibilidade de água, de nutrientes e de luz, temperaturas elevadas ou baixas, competição inter-específica etc... Distúrbio: alterações ambientais relativamente drásticas que promovem a destruição total ou parcial da biomassa vegetal, como ceifa, cultivo, preparo do solo,
  • 44. 42 pastoreio, fogo etc... As plantas que se enquadram em cada um destes tipos ecológicos podem ser identificadas por características comuns: Tolerantes ao estresse: exibem características que asseguram a sobrevivência em ambientes desfavoráveis. Apresentam reduzida alocação de recursos em favor do crescimento vegetativo e reprodutivo. Espécies com estas características são prevalecentes em ambientes não perturbados, em ambientes pouco produtivos ou nos estágios finais da sucessão ecológica. Competidoras: exibem características que maximizam o recrutamento de recursos em condições produtivas em ambientes pouco perturbados. Apresentam grande alocação de recursos em favor do crescimento vegetativo e são abundantes em estágios intermediários da sucessão ecológica. Ruderais: são encontradas em ambientes altamente perturbados porém produtivos. Exibem características de rápido ciclo de desenvolvimento e elevada alocação de recursos a favor de estruturas reprodutivas. Ocupam as primeiras fases da sucessão ecológica. A teoria de Grime pode ser adaptada ao universo das plantas daninhas. Por exemplo, nas áreas de olericultura, onde o distúrbio é intenso, os solos são férteis, há abundância de irrigação e as plantas emergem em condição de solo nu, predominam as plantas daninhas com características ruderais. No outro extremo, em áreas de reflorestamento, onde há pouco distúrbio, os solos normalmente são de baixa fertilidade e há intenso estresse promovido pela interferência da espécie florestal, predominam plantas com características mais próximas às tolerantes ao estresse. Nas fases iniciais da implantação do reflorestamento predominam as plantas com características de competidoras, como também ocorrem em pastagens perenes. Esta introdução teórica foi necessária para sedimentar o conceito de que a composição específica da comunidade vegetal que habita espontaneamente um
  • 45. 43 agroecossistema é função do manejo agrícola empregado, especialmente em termos de mobilização (distúrbio) do solo e manejo dos fatores limitantes ao crescimento vegetal (estresse). 10.Plantio direto 10.1. Ação dos fatores ecológicos limitantes Quando ocorre a alteração do sistema de plantio convencional para o sistema de plantio direto, há uma grande mudança no distúrbio e no estresse que são impostos ao ambiente agrícola. Antes de comentar sobre os impactos da mudança dos sistema de cultivo, é interessante que se apresentem alguns conceitos básicos acerca da ação dos fatores ecológicos nas populações vegetais. Mondchaskypropôs uma classificação dos fatores ecológicos baseada na intensidade de adaptação dos organismos, que é tanto mais desenvolvida quanto maior for o tempo de atuação do fator. Classificou os fatores ecológicos em periódicos primários, periódicos secundários e não periódicos. Os fatores periódicos primários têm periodicidade regular (diária, lunar, estacionária e anual) e são consequência direta do movimento de rotação e translação da terra, como o ritmo dia-noite, as estações do ano etc. As plantas são totalmente adaptadas a estes fatores, que atuam determinando os limites da área de distribuição geográficas das espécies. No interior destas áreas, sua ação nunca é fundamental. Os fatores periódicos secundários são conseqüências das variações dos primários. Quanto mais estreita é a relação com o fator primário, mais regular é sua manifestação e maior é o grau de adaptação dos organismos ao fator. São exemplos: o ritmo pluviométrico anual, as flutuações da temperatura e da umidade do ar, as flutuações nas populações de inimigos naturais, simbiontes etc... Estes fatores atuam regulando a abundância das populações dentro de suas áreas de distribuição geográfica, mas não interferem expressivamente nos limites desta área. Os fatores não periódicos são aqueles que normalmente não ocorrem no habitat de uma planta. Quando ocorrem, promovem grandes impactos sobre as populações, pois os organismos não têm adaptações para variações deste fator. Quando um
  • 46. 44 fator não periódico passa a se repetir com certa regularidade, as populações desenvolvem mecanismos de adaptação e sua ação deixa de ser impactante, chegando ao extremo de apresentarem respostas similares a um fator periódico secundário. 10.2 Impacto do plantio direto No início da agricultura moderna, os processos de aração e gradagem constituíam fatores ecológicos não periódicos e, portanto, de grande impacto sobre as populações de plantas daninhas. A inversão da leiva, efetuada pelo arado, proporcionava elevada mortalidade dos diásporos e das partes vegetativas enterradas, uma vez que estas plantas não possuíam mecanismos de adaptação desenvolvidos. Com aplicações sucessivas destas práticas mecânicas, as plantas daninhas passaram a desenvolver mecanismos de adaptação que as permitissem sobreviver ao enterro, como resistência aos agentes bióticos do solo, exigências de uma certa amplitude de variação térmica para iniciar o processo germinativo, desenvolvimento de inúmeros e complexos mecanismos de dormência, capacidade de germinação e emergência a partir de grandes profundidades no perfil do solo etc. Também houve uma uniformidade na distribuição dos diásporos no perfil da camada arável do solo, de modo que, a aração e gradagem apenas movimentavam o banco de sementes superficial para as zonas mais profundas e traz as sementes mais profundas para a região mais superficial, mantendo o potencial de infestação das plantas daninhas. Assim, com o tempo de plantio convencional, o impacto do preparo do solo sobre as populações de plantas daninhas decresceu muito. É interessante ressaltar que algumas espécies não conseguiram desenvolver mecanismos adaptativos que lhes conferissem sucesso em campos conduzidos no sistema convencional, desaparecendo ou mantendo pequenas populações, sendo consideradas plantas daninhas de importância secundária. De modo geral, no plantio convencional o ambiente para as plantas daninhas era caracterizado por elevado distúrbio do solo e ausência de qualquer cobertura vegetal por um determinado período, com o solo totalmente exposto.
  • 47. 45 Com a adoção do sistema de plantio direto, os fatos inusitados passaram a ser: o não revolvimento do solo e a presença de uma cobertura morta na superfície, que não existia no plantio convencional, além de incrementar a prática da rotação com culturas de inverno e o uso de herbicidas de manejo. Os impactos destes fatores serão discutidos isoladamente, embora seja conhecido que existe interações entre eles. 11. Rotação de culturas Pela sua própria história evolutiva, pode-se inferir que as plantas daninhas são plantas dotadas de elevada agressividade na ocupação de solos nus, mas são bastante sensíveis à presença de outras plantas no ambiente comum. Deste modo, uma ocupação eficiente do solo por parte da planta cultivada é um dos mais importantes fatores que prejudicam e mesmo impedem o estabelecimento e crescimento da comunidade infestante. Esta ocupação eficiente deve ser considerada no tempo e no espaço A ocupação eficiente do espaço do ecossistema por parte da cultura, reduz a disponibilidade de nichos adequados ao crescimento e desenvolvimento das plantas daninhas. Neste aspecto, é importante que se considerem todos os fatores envolvidos na determinação do grau de interferência entre as plantas cultivadas e as comunidades infestantes, visando maximizar a pressão de interferência promovida pela cultura. Portanto, é importante que se utilizem variedades de rápido crescimento inicial, adequadas às condições climáticas predominantes na região e semeadas em espaçamentos e densidades de plantas que assegurem um rápido e intenso sombreamento do solo. Também é importante que as plantas daninhas sejam eliminadas durante os períodos de controle considerados críticos, ou seja, antes do término do Período Anterior à Interferência e após o término do Período Total de Prevenção da Interferência. Também é interessante que se considere o conceito de ocupação temporal do ecossistema, de modo que este seja ocupado com plantas cultivadas pelo maior período possível, evitando que as plantas daninhas se desenvolvam e aumentem seus potenciais de infestação. Neste aspecto, a rotação com culturas de inverno constitui prática fundamental para evitar o ciclo das plantas daninhas no período de
  • 48. 46 entre-safra e, também, proporcionar uma mudança de condições no ambiente da lavoura, não permitindo que se formem grandes infestações de algumas poucas espécies. É importante recordar que antes de 1945, as principais medidas de manejo das plantas daninhas eram os cultivos e a rotação de culturas. O sistema mais eficiente consistia na rotação de cereais, leguminosas e pastagens. Nessas condições, as plantas daninhas tinham grandes dificuldades em incrementar suas populações. Após esta época, com as introduções das fontes sintéticas de nitrogênio e dos produtos de ação herbicida, a rotação foi paulatinamente sendo abandonada. Apesar das modernas técnicas de controle, as comunidades infestantes foram se tornando mais diversificadas e densas. 12.Cobertura Morta Os efeitos da cobertura morta sobre as plantas daninhas devem ser analisados sob três aspectos distintos - físico, químico e biológico - embora haja interações entre eles. Efeito físico: O efeito físico da cobertura morta é bastante importante na regulação da germinação e da taxa de sobrevivência das plântulas de algumas espécies. Em termos de efeitos sobre o processo germinativo, pode-se exemplificar com a redução da germinação de sementes fotoblásticas positivas, das sementes que requerem determinada comprimento de onda e de sementes que necessitam de grande amplitude térmica para iniciar o processo germinativo. É amplamente conhecido que a cobertura morta reduz as amplitudes diárias da variação térmica e hídrica na região superficial do solo. Esta redução tem grande impacto na germinação de sementes de plantas daninhas, especialmente as ruderais extremas. É importante considerar que o sistema de plantio direto permite uma continuidade da cobertura do solo, não permitindo qualquer período de exposição total. O efeito físico da cobertura morta também reduz as chances de sobrevivência das plântulas das plantas daninhas com pequena quantidade de reservas nos diásporos. Muitas vezes, as reservas não são suficientes para garantir a sobrevivência da
  • 49. 47 plântula no espaço percorrido dentro da cobertura morta até que tenha acesso a luz e inicie o processo fotossintético. Efeito Biológico: A presença da cobertura morta cria condições para instalação de uma densa e diversificadamicrobiocenose na camada superficial do solo. Na composição específica desta microbiocenose há uma grande quantidade de organismos que podem utilizar sementes e plântulas de plantas daninhas como fontes de energia e matéria. Muitos organismos fitopatogênicos podem utilizar a cobertura morta para completar o ciclo de desenvolvimento e produzir estruturas reprodutivas. De maneira geral, os microrganismos exercem importantes funções na deterioração e perda de viabilidade dos diversos tipos de propágulos no solo. O fungo Drechsleracampanulata, no seu estágio sexuado, Pyranophorasemeniperda, tem uma ampla gama de hospedeiros e é capaz de reduzir a viabilidade e germinabilidade de diásporos de várias gramíneas. Observações mostram que um dos grandes problemas para a instalação de Senna obtusifolia na cultura da soja conduzido no sistema de plantio direto é o fungo Alternaria cassiae que sobrevive na cobertura morta e infecta plântulas da planta daninha durante o estádio inicial de crescimento. Grande parte delas morrem e as sobreviventes têm o crescimento reduzido. Além disso, deve-se considerar que a cobertura morta cria um abrigo seguro para alguns predadores de sementes e plântulas, como roedores, insetos e outros pequenos animais. Efeito Químico: Há uma relação alelopática entre a cobertura morta e as plantas daninhas presentes no banco de sementes do solo. Após a morte da planta ou de seus órgãos, os aleloquímicossão inicialmente liberados pela lixiviação dos resíduos. A perda da integridade da membrana celular pela decomposição do resíduo, permite a liberação direta de uma variedade de compostos, que podem impor sua ação de maneira aditiva ou sinergística à dos lixiviados. Além disso, os microrganismos presentes no solo podem induzir a produção de compostos tóxicos por degradação enzimática dos conjugados ou polímeros presentes no tecidos. Um exemplo deste processo é a
  • 50. 48 ação de microrganismos em glicosídeos cianogênicos presentes em Sorghumhalepense com a produção de duas toxinas: HCN e benzaldeídos. A atividade alelopática da cobertura morta depende diretamente da qualidade e quantidade do material vegetal depositado na superfície, do tipo de solo, da população microbiana, das condições climáticas e da composição específica da comunidade de plantas daninhas. Alguns ácidos, com atividade alelopática, foram identificados em solos sob cobertura morta, como o vanílico, p-cumárico, p-hidrobenzóico, siríngico, protocatêico e ferúlico. Sob cobertura morta de cevada foram encontrados os ácidos benzóico, fenilacético, fenilpropiônico e 4-fenilbutírico. Sob resíduos de milho foram identificados: p-hidroxibenzilaldeído, floroglucinol, resorcinol, e os ácidos butírico, fenilacético, benzóico, siringico, p-cumárico, trans-cinâmico e cafêico. Os ácidos acético, propiônico e butírico são considerados os mais expressivos agentes aleloquímicosprovenientes de cobertura morta de trigo. O modo de ação dos aleloquímicos na planta receptora ainda não estão totalmente esclarecidos, devido às dificuldades de separar os efeitos secundários das causas primárias. Geralmente influenciam em mais de um processo do vegetal, com velocidades distintas, o que provoca efeitos colaterais difíceis de serem separados dos principais. Existem numerosas evidencias de que os aleloquímicos podem alterar a absorção de íons pelas plantas. No entanto, este fenômeno encontra-se associado ao colapso de outras funções, como a respiração, e a permeabilidade das membranas celulares. O aleloquímicospodem atuar como reguladores do crescimento vegetal, como inibidores de fotossíntese, desreguladores da respiração e da permeabilidade de membranas, inibidores da síntese proteica e da atividade enzimática. Vários estudos têm sido conduzidos visando o manejo da cobertura morta no controle de plantas daninhas. No Brasil, foi demonstrada a eficácia da cobertura morta proporcionada por várias espécies de culturas de inverno, tendo detectado, inclusive, uma relação de seletividade na interação cobertura morta - planta daninha. O plantio direto, em comparação com o tempo de agricultura convencional, é uma prática relativamente recente. As reduções iniciais da diversidade e densidade das plantas daninhas foram os primeiros sinais do impacto deste sistema de plantio sobre a dinâmica das comunidades infestantes. As alterações das
  • 51. 49 importânciasrelativas das espécies, com o predomínio de plantas pouco comuns no sistema convencional, constitui outro tipo impacto que se evidencia atualmente. No entanto, estes impactos são resultantes de uma integração dos fatores acima comentados e da aplicação de herbicidas, especialmente os de manejo. Os herbicidas de manejo passaram a constituir um outro agente de distúrbio introduzido no ambiente. De início, num caráter de fator ecológico não periódico, ainda apresentam grande impacto sobre as comunidades infestantes. Com os anos sucessivos de uso regular, as comunidades infestantes irão sofrer alterações e o impacto de controle destes produtos tenderá a decrescer. No entanto, herbicidas com diferentes modos e espectro de ação poderão ser manejados e manter a intensidade de impacto. 13. LISTA DE PRINCIPAIS PLANTAS INVASIVAS NA CIDADE DE SÃO PAULO. Há um tempo razoavelmente grande, algumas espécies de plantas foram introduzidas por humanos em São Paulo, para quaisquer fins que sejam. Mas hoje, podem ser consideradas espécies invasoras. O Brasil é o país de maior biodiversidade (variedade de vida) do mundo e esse patrimônio hoje está ameaçado não só pela devastação, mas também por outra ação humana – a introdução de plantas estrangeiras ou exóticas. Segundo a ONU, a invasão biológica pode ser considerada atualmente a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo. 13.1 Espécies exóticas x nativas Espécies exóticas são aquelas que ocorrem em uma área fora de seu limite natural historicamente conhecido, como resultado da dispersão acidental ou intencional através de atividades humanas. É comum serem usadas apenas fronteiras políticas para considerar uma espécie exótica ou nativa, mas esse critério diverge do correto conceito ecológico que determina ser exótica qualquer espécie proveniente de um ambiente ou região ecológica diferente. Portanto, espécies dentro de um mesmo país ou estado podem
  • 52. 50 ser consideradas exóticas se introduzidas em ecossistemas onde não ocorriam naturalmente. Exemplo pode ser o pau-ferro (Caesalpiniaferrea) árvore nativa da Mata Atlântica - mas não da região da cidade de São Paulo - onde passa a ser exótica. Uma situação muito comum é denominar como nativa qualquer espécie originária do Brasil, um país de dimensões continentais. Figura 26: Caesalpiniaferrea 13.2 Espécies Invasoras As espécies exóticas podem se comportar como invasoras, mas nem toda a espécie exótica é invasora. Todas as espécies que se tornam invasoras são altamente eficientes na competição por recursos, o que leva a dominar as espécies nativas originais. Possuem também alta capacidade reprodutiva e de dispersão. 13.3 Cidade de São Paulo A metrópole paulistana apresentava um passado muito rico em vida vegetal e animal, com paisagens como Mata Atlântica, cerrados, bosques de araucárias e várzeas. Todas essas inúmeras formas de vida e o equilíbrio existente entre elas foi resultado de milhões de anos de evolução com o clima e o solo locais. No processo de urbanização dos últimos cem anos, São Paulo perdeu quase toda a cobertura vegetal, e a vegetação plantada entre as avenidas e prédios nada tinha a ver com essa biodiversidade original. Razões culturais e de preconceito com as plantas nativas levaram a essa situação, relegadas ao pejorativo “mato” enquanto as trazidas de longe eram “ornamentais” e muito valorizadas.
  • 53. 51 Assim, a maior parte das plantas que vemos atualmente nos jardins, paisagismo e lojas é exótica, ou seja, não ocorria naturalmente na vegetação original da região. Com isso, além do desconhecimento e sumiço das plantas nativas, essas plantas “ornamentais” vindas de diversas localidades do planeta e Brasil acabaram em muitas situações ocupando o espaço das nativas por não terem inimigos naturais e grande capacidade de adaptação ao nosso convidativo clima. Na cidade o problema é hoje tão sério que fragmentos de Mata Atlântica e cerrados sobreviventes estão com a maior parte de sua área invadida por ornamentais exóticas com essa capacidade. Em terrenos abandonados na malha urbana, a vegetação espontânea é quase toda artificial, de plantas introduzidas pelo homem, quando naturalmente deveria ser de Mata Atlântica ou cerrado. Esses processos levam a irrecuperável extinção de plantas e animais evoluídos em um período de tempo ancestral. Quando nos raros remanescentes de vegetação original paulistana, essas plantas invasoras devem ser removidas definitivamente, a fim de não se comprometer a pouca biodiversidade original sobrevivente – esse é um fato culturamente difícil, já que a emoção pode se misturar a razão e levar a incompreensão dos cortes pelos amigos do verde. Mas é apenas a tentativa de se consertar mais um dos inúmeros erros que o ser humano provocou a natureza. No ano de 2010, frente a gravidade da situação, a Secretaria do Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo emitiu uma Portaria com as espécies invasoras da metrópole (ver Anexo no fim da página), e a remoção de algumas destas espécies já começou em áreas verdes nativas da cidade, como a reserva da Cidade Universitária da USP e o Parque Trianon. Outra forma de erradicarmos a possibilidade de perdermos mais plantas e animais nativos pela extinção é passar a privilegiar as plantas nativas locais no paisagismo e arborização urbana, procurando informações sobre as originais da região e pressionar os viveiristas para a sua produção e comercialização, assim como as prefeituras. O paisagismo sustentável do ponto de vista ecológico, com elementos de nossa riquíssima flora original, pode salvar muitas formas de vida, além de conectar a população com a história e cultura.
  • 54. 52 14.LISTA DAS ESPÉCIES INVASORAS MAIS COMUNS NA CIDADE DE SÃO PAULO. Abaixo uma amostra das espécies de plantas invasoras comumente encontradas na metrópole e adjacências. O uso dessas plantas em futuros projetos de paisagismo e plantios urbanos deve ser evitado. 1. agave, piteira (Agave sp.) Origem: América Central (México). Capacidade de invasão – extremamente agressivo, não deixa espaço para outras plantas. Dispersão – via bulbilhos, que ao caírem ao solo desenvolvem-se me novas plantas. Planta capaz de forrar toda a superfície de Mata Atlântica secundária e cerrado. Figura 27: Agave sp 2. Aglaia (Aglaia odorata) Origem: Ásia. Capacidade de invasão – moderado Dispersão – sementes. Muito utilizada no começo do século passado para a confecção de cercas-vivas, onde em algumas décadas sem poda viravam grande árvores.
  • 55. 53 Figura 28: Aglaiaodorata 3. alfeneiro (Ligustrum sp.) Origem: Japão. Capacidade de invasão – agressivo, colonizando todo o terreno disponível. Dispersão – através de suas sementes e pássaros generalistas. Árvore de médio a grande porte muito usada na arborização urbana no século passado, susceptível a cupins e que tem o hábito de germinar em frestas de construções onde se desenvolve rapidamente. Figura 29: Ligustrumsp 4. amoreira (Morus sp.) Origem: China. Capacidade de invasão – moderado. Dispersão – Frutos através dos pássaros.
  • 56. 54 Figura 30: Morus sp 5. bambu alastrante, bambu-vara-de-pescar (Phyllostachys sp.). Origem: China. Capacidade de invasão – extremamente agressivo, não deixa espaço para outras plantas. Dispersão – plantio. Planta comum no paisagismo, também é usado para evitar a erosão de encostas. Dominante quando plantada em vegetação de cerrado, onde disputa a luz e ganha invariavelmente. Figura 31: Phyllostachyssp 6. capim – braquiária ( Brachiaria sp.) Origem: África
  • 57. 55 Capacidade de invasão – extremamente agressivo, recobrindo completamente o solo e inviabilizando a germinação de capins nativos e outras formas de vegetação, além de ser muito inflamável. Controle muito difícil. Dispersão – sementes pelo vento, que ficam adormecidas no solo por longo período e são resistentes ao fogo. Capim muito usado como pasto para pecuária e recobrimento de taludes desde a década de 1970, é hoje uma praga em quase todo o território nacional. Certamente já dizimou parte significativa da biodiversidade dos cerrados. Figura 32: Brachiariasp 7. capim - gordura ( Melinisminutiflora) Origem: África Capacidade de invasão – extremamente agressivo, recobrindo completamente o solo e inviabilizando a germinação de capins nativos e outras formas de vegetação, além de ser muito inflamável. Controle muito difícil. Dispersão – sementes pelo vento, que ficam adormecidas no solo por longo período e são resistentes ao fogo. Capim comum em áreas de pasto degradado e no recobrimento de taludes de estradas, é plantado desde os tempos coloniais. Também forte destruidor da biodiversidade dos cerrados.
  • 58. 56 Figura 33: Melinisminutiflora 8. castanha-do-maranhão (Bombacopsis glabra) Origem: Brasil, do Rio de Janeiro para o norte. Capacidade de invasão – moderado Dispersão – aparentemente sementes via pássaros. Árvore recentemente introduzida na arborização urbana paulistana, já aparece no sub bosques de alguns fragmentos florestais na Zona Oeste. Figura 34: Bombacopsis glabra 9. cheflera-gigante (Scheffleraactinophylla) Origem: Ásia. Capacidade de invasão – agressivo e dominante. Dispersão – sementes via pássaros. Planta também muito usada para vasos em interiores, quando plantada em áreas livres é espalhada por aves em forquilhas de árvores – ocupando agressivamente o espaço que seria das bromélias, orquídeas e figueiras-bravas – e também cresce
  • 59. 57 em frestas de edificações, rompendo-as. Árvore de médio porte e rápido crescimento. Figura 35: Scheffleraactinophylla 10. espada-de-são jorge (Sansevieriatrifasciata) Origem: África. Capacidade de invasão – agressivo nas margens e sub bosque de trechos de Mata Atlântica. Dispersão – por touceiras e possivelmente sementes, já que são encontradas no interior de matas sem acesso ao público. Planta usada em paisagismo de jardins e vasos, e também para fins esotéricos e religiosos. Figura 36: Sansevieriatrifasciata 11. lírio-do-brejo (Hedychiumcoronarium) Origem: Ásia
  • 60. 58 Capacidade de invasão - extremamente agressiva, recobrindo extensas áreas de várzeas, sem deixar espaço para a biodiversidade nativa. Dispersão – pássaros e insetos. Planta que dizimou a biodiversidade de parte significativa das várzeas e brejos de São Paulo e arredores, outrora muito ricos em espécies nativas. Figura 37: Hedychiumcoronarium 12. maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana) Origem: África. Capacidade de invasão – agressiva, formando densas populações no sub bosque das matas nativas. Dispersão – sementes. Figura 38: Impatiens walleriana
  • 61. 59 15. PLÁSTICOS 15.1 Definição de plástico Basicamente, os plásticossão definidos como materiais formados pela união de grandes cadeias moleculares chamadas polímeros, que, por sua vez, são formadas por moléculas menores, chamadas monômeros. Os plásticos são produzidos através de um processo químico chamado polimerização, que proporciona a união química de monômeros para formar polímeros. Os polímeros, podendo ser naturais ou sintéticos. 15.2 Afinal, mais plásticos? A idéia desde TCC, não é a criação de uma solução definitiva para todos os problemas, que, como muitos já sabem, são causados pelos plásticos, sua difícil degradação no ambiente, destinação errada aos plásticos no ambiente e etc, e sim, mostrar que há várias possibilidades ainda não estudadas para diminuir tais prejuízos causados ao meio ambiente. E usando como matéria-prima, plantas invasivas, que são espécies que invadem um meio ambiente diferente do seu meio nativo e, de alguma maneira, influenciam de maneira ruim aquele espaço. Como já citado, a idéia não é sanar de vez esses problemas ambientais, mas mostrar que pode usar uma planta (causadora de um determinado dano ambiental) para criar uma possibilidade de também diminuir outro problema causado, dessa vez pelos plásticos, ao meio ambiente. 15.3 Reciclagem de plásticos Primeiramente, deve-se saber que existem dois tipos de plásticos diferentes. Os termoplásticos e termofixos. Os primeiros são os plásticos que não sofrem alterações em sua estrutura química durante o aquecimento e podem ser reprocessados várias vezes ou por outro processo de transformação. Já os termofixos, são plásticos que não podem ser fundidos e remoldados, portanto não são recicláveis. Todas essas substâncias, quando depositadas em lixões e aterros, podem dificultar a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, impermeabilizar o solo e, quando queimados indevidamente, liberar substâncias nocivas ao homem e ao meio ambiente, como o ácido clorídrico e dioxinas.
  • 62. 60 O lixo brasileiro contém de 5 a 10% de plásticos, conforme o local. São materiais que, como o vidro, ocupam um considerável espaço no meio ambiente. O ideal: serem recuperados e reciclados. Plásticos são derivados do petróleo, produto importado (60% do total no Brasil). A reciclagem do plástico exige cerca de 10% da energia utilizada no processo primário. Do total de plásticos produzidos no Brasil, só reciclamos 15%. Um dos empecilhos é a grande variedade de tipos de plásticos. Uma das alternativas seria definir um tipo específico de plástico para ser coletado. Os plásticos recicláveis são: potes de todos os tipos, sacos de supermercados, embalagens para alimentos, vasilhas, recipientes e artigos domésticos, tubulações e garrafas de PET, que convertida em grânulos é usada para a fabricação de cordas, fios de costura, cerdas de vassouras e escovas. Os não recicláveis são: cabos de panela, botões de rádio, pratos, canetas, bijuterias, espuma, embalagens a vácuo, fraldas descartáveis. A fabricação de plástico reciclado economiza 70% de energia, considerando todo o processo desde a exploração da matéria-prima primária até a formação do produto final. Além disso, se o produto descartado permanecesse no meio ambiente, poderia estar causando maior poluição. Isso pode ser entendido como uma alternativa para as oscilações do mercado abastecedor e também como preservação dos recursos naturais, o que podendo reduzir, inclusive, os custos das matérias primas. O plástico reciclado tem infinitas aplicações, tanto nos mercados tradicionais das resinas virgens, quanto em novos mercados. O plástico reciclado pode ser utilizado para fabricação de: Garrafas e frascos, exceto para contato direto com alimentos e fármacos; Baldes, cabides, pentes e outros artefatos produzidos pelo processo de injeção; "madeira - plástica"; Cerdas, vassouras, escovas e outros produtos que sejam produzidos com fibras; Sacolas e outros tipos de filmes; Painéis para a construção civil. 15.4 Processos de Reciclagem de Plástico
  • 63. 61 Figura 39: Fluxograma Reciclagem do Plástico 15.5 Reciclagem Química A reciclagem química reprocessa plásticos, transformando-os em petroquímicos básicos que servem como matéria-prima em refinarias ou centrais petroquímicas. Seu objetivo é a recuperação dos componentes químicos individuais para reutilizá- los como produtos químicos ou para a produção de novos plásticos. Os novos processos desenvolvidos de reciclagem química permitem a reciclagem de misturas de plásticos diferentes, com aceitação de determinado grau de contaminantes como, por exemplo, tintas, papéis, entre outros materiais. Entre os processos de reciclagem química existentes, destacam-se: Hidrogenação: As cadeias são quebradas mediante o tratamento com hidrogênio e calor, gerando produtos capazes de serem processados em refinarias. Gaseificação: Os plásticos são aquecidos com ar ou oxigênio, gerando-se gás de síntese contendo monóxido de carbono e hidrogênio. Quimólise: Consiste na quebra parcial ou total dos plásticos em monômeros na presença de Glicol/Metanol e água. Pirólise: É a quebra das moléculas pela ação do calor na ausência de oxigênio. Este processo gera frações de hidrocarbonetos capazes de serem processados em refinaria. 15.6 Reciclagem Mecânica A reciclagem mecânica consiste na conversão dos descartes plásticos pós-
  • 64. 62 industriais ou pós-consumo em grânulos que podem ser reutilizados na produção de outros produtos, como sacos de lixo, solados, pisos, conduítes, mangueiras, componentes de automóveis, fibras, embalagens não alimentícias e outros. Este tipo de processo passa pelas seguintes etapas: Separação: separação em uma esteira dos diferentes tipos de plásticos, de acordo com a identificação ou com o aspecto visual. Nesta etapa são separados também rótulos de diferentes materiais, tampas de garrafas e produtos compostos por mais de um tipo de plástico, embalagens metalizadas, grampos, etc. Por ser uma etapa geralmente manual, a eficiência depende diretamente da prática das pessoas que executam essa tarefa. Outro fator determinante da qualidade é a fonte do material a ser separado, sendo que aquele oriundo da coleta seletiva e mais limpo em relação ao material proveniente dos lixões ou aterros. Moagem: Depois de separados os diferentes tipos de plásticos, estes são moídos e fragmentados em pequenas partes. Lavagem: Depois de triturado, o plástico passa por uma etapa de lavagem com água para a retirada dos contaminantes. É necessário que a água de lavagem receba um tratamento para a sua reutilização ou emissão como efluente. Aglutinação: Além de completar a secagem, o material é compactado, reduzindo-se assim o volume que será enviado à extrusora. O atrito dos fragmentos contra a parede do equipamento rotativo provoca elevação da temperatura, levando à formação de uma massa plástica. O aglutinador também é utilizado para incorporação de aditivos, como cargas, pigmentos e lubrificantes. Extrusão: A extrusora funde e torna a massa plástica homogênea. Na saída da extrusora, encontra-se o cabeçote, do qual sai um "espaguete" contínuo, que é resfriado com água. Em seguida, o "espaguete" é picotado em um granulador e transformando em pellet (grãos plásticos). 15.7 Reciclagem Energética É a recuperação da energia contida nos plásticos através de processos térmicos. A reciclagem energética distingue-se da incineração por utilizar os resíduos plásticos como combustível na geração de energia elétrica. Já a simples incineração não reaproveita a energia dos materiais. A energia contida em 1 kg de plástico é equivalente à contida em 1 kg de óleo combustível. Além da economia e da recuperação de energia, com a reciclagem ocorre ainda uma redução de 70 a 90% da massa do material, restando apenas um resíduo inerte esterilizado. 15.8 O Plástico e a Geração de Energia. A presença dos plásticos é de vital importância, pois aumenta o rendimento da incineração de resíduos municipais. O calor pode ser recuperado em caldeira, utilizando o vapor para geração de energia elétrica e/ou aquecimento.
  • 65. 63 Testes em escala real na Europa comprovaram os bons resultados da combustão dos resíduos de plásticos com carvão, turfa e madeira, tanto técnica, econômica, como ambientalmente. A queima de plásticos em processos de reciclagem energética reduz o uso de combustíveis (economia de recursos naturais). A reciclagem energética é realizada em diversos países da Europa, EUA e Japão e utiliza equipamentos da mais alta tecnologia, cujos controles de emissão são rigidamente seguros, anulando riscos à saúde ou ao meio ambiente.
  • 66. 64 CONCLUSÃO Plásticos são polímeros, que são repetições de uma determinada molécula, chamado monômeros. Mas estes não se degradam facilmente no ambiente, por isso há a necessidade de pensar-se em alternativas, visando a qualidade do meio ambiente, para esses plásticos. E como matéria prima, usar plantas daninhas, que são altamente danosas ao ambiente que se reproduzem alterando o equilíbrio do meio. Partiu-se do princípio onde, à partir de toda planta, é possível extrair o amido para a produção de um plástico de maior aceitabilidade pelo ambiente. Mas achou-se grande dificuldade na extração do amido, por isso não foi dado início à nenhuma atividade prática. Devido à dificuldade para definir uma metodologia de procedimentos para a extração, não há resultados analíticos ainda, para serem exibidos. Ainda será feita uma definição do procedimento para, enfim, extrair o amido das plantas e ver a viabilidade de se produzir plástico biodegradável à partir de plantas invasivas.
  • 67. 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS L.F. Doty, Ph.D. Uma Breve Visão Geral Sobre Plásticos Biodegradáveis. Canadá: 2005. Disponível em: <http://www.gmcjsolucoes.com.br/OPI%20PT1.pdf> Acesso em: abril, 2013. ZALBA, S. M.; PIVELLO, V. R. Introdução às invasões biológicas – conceitos e definições. 2006. Disponível em: <http://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/ plantas-invasoras-lista/> Acesso em: mar. 2013. Desconhecido. Biologia e Ecologia de Plantas Daninhas. Disponível em: < http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Plantas_daninhas_definicaoID- OKBSzkoJUb.pdf> Acesso em: maio, 2013.