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CENTRO DE ENSINO JOÃO MOHANA DISCIPLINA: HISTÓRIA PROFESSOR WILFRED BATISTA 3 FASE COMENTADA DA OLIMPIADA NACIONAL DE HISTÓRIA
QUESTÃO 21 O documento retrata as diversas formas de ocupação e de transformação das terras interioranas brasileiras no século XVIII, revelando a valorização das especiarias, tanto de fora quanto nativas, que tanto interessavam ao comércio de colonos e portugueses. A partir dessa leitura podemos pensar a especificidade do interesse em ocupar a região do Grão Pará, zona de tensão desde o século XVII entre o Brasil e a França (culminando numa ocupação brasileira da colônia francesa vizinha). A própria presença do agrônomo Michel Grenoullier, um francês emigrado, como o primeiro diretor encarregado da construção do horto (tendo ele já havia participado de empreendimentos parecidos em Caiena, capital da Guiana Francesa) é resultado dessas disputas, o que possibilitou a entrada, mesmo que por vias ilegais, de algumas plantas cobiçadas no Brasil. O lugar determinado para o estabelecimento das vivendas – o antigo convento missionário São José – ocupava um espaço previamente organizado e estrategicamente localizado, abrindo novos horizontes aos interesses particulares e científicos aos quais se dedicava o príncipe regente Dom João por todo o Brasil.
QUESTÃO 22 A criação de um mito ou um herói está intimamente ligada à possibilidade de atrelar sua figura a determinado fato, conceito, evento ou governo. Assim era esperado nessa questão que os participantes identificassem o mito do “Patriarca da Independência” como a construção de uma imagem dada no próprio período da independência em meio aos embates com os adversários de José Bonifácio e por sua própria descrição daquele período, por suas ações políticas e posições diante de vários dilemas da sociedade do séculoXIX, muitas vezes contrárias ao Imperador. Isso possibilitou a apropriação e a perpetuação de sua imagem, atrelada à construção de uma idéia de identidade nacional.
QUESTÃO 23 A questão chamava a atenção das equipes para como a República brasileira foi construída e formatada também com a preocupação de como seria seu símbolo oficial, a bandeira. Além do seu conteúdo filosófico que deveria carregar um ideal libertário – afastando-se da pecha de colônia e/ou Império português, teorias sobre as cores da bandeira foram debatidas de modo a melhor identificar quem era o “novo povo” brasileiro republicano que se forma a partir de 1889. Paradoxalmente, a nova bandeira manteve as cores e o formato da bandeira da monarquia, trocando apenas o estandarte monárquico pelo republicano de inspiração positivista..
QUESTÃO 24 Gilberto Freyre, autor conhecido pelas obras “Casa Grande e Senzala” e “Sobrados e Mucambos”, estendeu seus interesses a outros atores que foram importantes na constituição da identidade brasileira. Freyre era admirador confesso da cultura britânica e escreveu uma obra sobre sua influência no Brasil no século XIX, após a abertura dos portos. Utilizando novos métodos de pesquisa e fontes inovadoras, como anúncios de jornal, o autor enfatiza a apropriação dos espaços urbanos do Rio de Janeiro segundo as demandas específicas de cada tipo de comércio, a partir da forma como cada um deles se relacionava com a nacionalidade de quem os executava. Se por um lado os comerciantes franceses eram muito mais numerosos e tinham suas lojas espalhadas por toda a cidade, por outro lado comerciantes atacadistas britânicos elegeram a facilidade de escoamento e a capacidade de armazenamento de suas mercadorias na escolha dos locais de seus estabelecimentos. Para Freyre essa infraestrutura já indicava a escala de seu Império Comercial, que manteve e ampliou sua abrangência e poderio durante todo século XIX, não somente no Brasil como em grande parte do mundo. O domínio imperial inglês iria se ampliar ao longo desse século a partir de outras infraestruturas, como ferrovias, pontes e equipamentos fabris
QUESTÃO 25 O objetivo da questão é refletir sobre aspectos importantes da história nacional a partir de um movimento social específico ocorrido em Santa Catarina. A novembrada ocorreu em Florianópolis em novembro de 1979 e seu estopim foi a visita do presidente João Figueiredo para, entre outros compromissos, descerrar uma placa em homenagem a Floriano Peixoto, que durante a Revolução Federalista foi o responsável pelo fuzilamento de mais de 200 pessoas no forte de Anhatomirim. Essa revolta se inscreve no contexto de muitas manifestações semelhantes, algumas ainda pouco conhecidas, do fim da ditadura civil militar no Brasil e na transição para a redemocratização do regime. O fato de os manifestantes na Novembrada arrancarem a placa do local onde ela seria descerrada aponta a não aceitação desta memória, naquele momento, pelos florianopolitanos, assim como a crítica simultânea a Floriano e a Figueiredo.
QUESTÃO 26 Prosseguindo com o tema da “Novembrada”, esta questão aprofundava a reflexão sobre o simbolismo envolvido na placa ser “arrancada” e posteriormente tornar-se um objeto histórico em si; e a reafirmação ou negação de uma memória oficial, que ao mesmo tempo se via reafirmada ou confrontada nos anos de ditadura militar sob o governo Figueiredo.
QUESTÃO 27 A questão apresenta recomendações aos senhores de engenho para o bom governo de sua propriedade e escravaria e aponta como a principal delas a escolha e a delegação de poderes aos feitores, que deveriam segundo Antonil ser limitados pelo senhor. Assim, cada feitor receberia sua parcela de poder sobre os escravos, devendo a extensão desse poder ser conhecida e reconhecida por todos. O castigo justo e na medida certa está no cerne da proposta de Antonil para o bom “governo dos escravos”, e o excesso deveria ser repreendido pelo senhor de forma privada, a fim de evitar revoltas e insubordinação dos cativos. Com a leitura do texto ainda é possível perceber a existência de duas formas de hierarquia: entre os que mandavam – que partia dos feitores menores, passava pelo feitor-mor e chegava ao senhor que ocupava o lugar mais alto da ordem dentro do engenho; e entre os que eram “governados” (os escravos mais antigos) a quem deveria se fazer saber da repreensão ao feitor que se excedera. O texto permite questionar a idéia do feitor simplesmente como um homem violento e sem rumo, e estabelece o delicado equilíbrio de poder na estrutura do engenho.
QUESTÃO 28 A seção de esportes da revista “A Vida Moderna” de maio de 1914 evidencia uma transformação nas redes de sociabilidade e entretenimento da burguesia paulistana no início do séc. XX. Atividades como o “Turf” ou o “Football” demonstravam a aspiração por transplantar um cosmopolitismo vivido nos centros europeus, uma vivência moderna que a cidade de São Paulo começava a experimentar e cujos acessos e sociabilidades se limitavam às camadas mais ricas da sociedade. Exemplo disso são as notícias veiculadas e os termos de linguagem empregados (predomínio da língua inglesa e termos em francês), o que demonstra certo exclusivismo dos editores e leitores da revista.
QUESTÃO 29 O sistema fordista, modelo clássico de produção fabril capitalista, estendeu sua atuação à Amazônia. O sistema tradicional de extração do látex seria revisto e a postura dos trabalhadores tutelada. As cidades dos trabalhadores vieram praticamente prontas, transportadas em navios, tais como os “automóveis saídos das linhas de montagem da Ford Motor Company: casas, hospitais, cafeterias, drugstores, cimento, areão para as canchas de tênis, aparelhos sanitários, bulldozers, serraria, uma cidade completa por armar. A instalação obedecia aos moldes das cidades norte-americanas, desde o arruamento à instalação de hidrantes. Com uma série de serviços e confortos disponíveis em suas casas, os trabalhadores eram insidiosamente disciplinados a adaptar-se a uma nova sociabilidade, tanto no ambiente de trabalho, como em suas casas. Os velhos trabalhadores mostram as suas memórias daqueles tempos. Hoje não escutam mais os apitos e lamentam o abandono das cidades, o que indica a passagem do tempo e o fim de suas vidas produtivas.
QUESTÃO 30 Era objetivo dessa questão que a equipe percebesse a existência de grupos pró e contra a instalação de um cemitério na capital baiana, posições embasadas no sanitarismo. Até então os enterros eram realizados nas igrejas e catacumbas, em grande número naquelas das Irmandades. A fundação de um cemitério traria a perda de influência dessas agremiações religiosas, o que geraria grande descontentamento e a eclosão da Cemiterada. Num campo mais amplo a transferência dos enterros para os cemitérios promoveu a secularização dos procedimentos fúnebres, ou seja, a morte deixa de ser da alçada exclusiva da Igreja e torna-se um problema administrativo.
QUESTÃO 31 Fernão Cardim era um clérigo jesuíta que esteve em contato com os indígenas da região da Bahia, durante 42 anos, em sua estadia na colônia portuguesa na América no séc. XVI. O excerto de sua crônica: Tratados da terra e gente do Brasil descreve algumas práticas culturais e sociais dos nativos tais como as cerimônias de recepção do “estrangeiro” dentro da aldeia, como os ritos e celebrações funerárias, quando da morte de um dos membros da comunidade. Ao longo da descrição, percebe-se que o autor, na tentativa de “traduzir” tais eventos e fenômenos ao público europeu, utiliza-se de conceitos próprios a sua cultura que não necessariamente são partilhados pela cultura ou linguagem dos indígenas, como a palavra “vinho” e “casamento” demonstram, já que a bebida inexistia na América antes do sécXVI e a união entre dois indígenas não apresentava os conceitos e preceitos morais da cultural ocidental-cristã européia. Além disso, percebe-se que o ato de chorar apresenta uma multiplicidade de significados dentro da cultura dos indígenas, podendo demonstrar tanto apreço ao “estrangeiro” como dor pela perda de um ente ou membro da comunidade. Por fim, não se pode afirmar que os ritos e celebrações funerárias dos indígenas são iguais às cerimônias cristãs ocidentais, pois há um distanciamento cultural entre os dois, além de uma outra visão religiosa que explica o fenômeno da morte.
QUESTÃO 32 A Carta da Terra. Conferência Mundial dos Povos Indígenas sobre Território, Meio Ambiente e Desenvolvimento, escrita por vários indígenas componentes do Comitê Intertribal – 500 Anos de Resistência, por conta do evento internacional ECO-92, é um documento importante para perceber o intenso debate existente entre os indígenas e as sociedades ocidentais, as quais se sobrepuseram aos seus interesses desde a ocupação das terras da América. Escrita num contexto de rememoração dos 500 anos de história americana, a carta indaga sobre a imposição dos preceitos democráticos sobre os seus povos, defendendo o direito dos indígenas de persistirem com seus costumes ancestrais e coletivos e, assim, terem voz ativa como comunidades autônomas. É importante notar que o discurso indígena desmistifica a idéia de passividade indígena e ajuda a refletir se a liberdade e a igualdade proclamadas pelos direitos humanos da ONU são as mesmas almejadas pelas diferentes organizações étnicas existentes nos distintos lugares do mundo. Nesse diálogo com a Comissão da ONU responsável pela redação da Carta da Terra, os povos indígenas exigem serem tratados como atores políticos e não apenas como parte da natureza, sendo ativos na defesa da Terra e não meros receptores de imposições administrativas.
QUESTÃO 33 A leitura desse artigo veiculado pelo jornal O Estado de S. Paulo, por ocasião da finalização do processo de restauro no Santuário de Bom Jesus do Matosinhos, tinha como objetivo indicar às equipes uma reflexão sobre o trabalho de restauração e, ao mesmo tempo, pensar como essa instrumentalização poderia ajudar a construir um pensamento histórico em torno do trabalho de artistas barrocos no Brasil. A descoberta de uma primeira pintura de Mestre Ataíde nas três primeiras capelas que abrigam os Passos da Paixão em Congonhas do Campo, Minas Gerais, embaixo de camadas de tintas pintadas desde de 1891, revela um sentido harmônico presente entre esculturas e pinturas no cenário dessas capelas no período colonial, sentido este omitido pela interferência de décadas e séculos conseguintes. A pintura original, a sua omissão e a sua redescoberta têm, todas e cada uma, a sua importância histórica..
QUESTÃO 34 A análise da charge publicada no jornal semanal “O Pasquim” evidencia a mobilização da sociedade civil em torno da campanha pela anistia no ano de 1978, ao final do governo militar encabeçado pelo Gal. Ernesto Geisel. A charge demonstra certo humor e protesto devido à interação entre as letras impressas com caracteres de formato institucional, juntamente com a adição das letras “N” e “TIA!” em forma cursiva, de modo a gerar a palavra “Anistia”. Ou seja, há uma idéia de superação do AI-5 por meio da mobilização da sociedade civil dentro do cenário político nacional. Não era possível afirmar, entretanto, que o regime militar demonstrasse franca abertura e negociação, uma vez que muitos pontos importantes – como os crimes de tortura e terrorismo – ficaram de fora do texto da lei nº 6683 de agosto de 1979...

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  • 1. CENTRO DE ENSINO JOÃO MOHANA DISCIPLINA: HISTÓRIA PROFESSOR WILFRED BATISTA 3 FASE COMENTADA DA OLIMPIADA NACIONAL DE HISTÓRIA
  • 2. QUESTÃO 21 O documento retrata as diversas formas de ocupação e de transformação das terras interioranas brasileiras no século XVIII, revelando a valorização das especiarias, tanto de fora quanto nativas, que tanto interessavam ao comércio de colonos e portugueses. A partir dessa leitura podemos pensar a especificidade do interesse em ocupar a região do Grão Pará, zona de tensão desde o século XVII entre o Brasil e a França (culminando numa ocupação brasileira da colônia francesa vizinha). A própria presença do agrônomo Michel Grenoullier, um francês emigrado, como o primeiro diretor encarregado da construção do horto (tendo ele já havia participado de empreendimentos parecidos em Caiena, capital da Guiana Francesa) é resultado dessas disputas, o que possibilitou a entrada, mesmo que por vias ilegais, de algumas plantas cobiçadas no Brasil. O lugar determinado para o estabelecimento das vivendas – o antigo convento missionário São José – ocupava um espaço previamente organizado e estrategicamente localizado, abrindo novos horizontes aos interesses particulares e científicos aos quais se dedicava o príncipe regente Dom João por todo o Brasil.
  • 3. QUESTÃO 22 A criação de um mito ou um herói está intimamente ligada à possibilidade de atrelar sua figura a determinado fato, conceito, evento ou governo. Assim era esperado nessa questão que os participantes identificassem o mito do “Patriarca da Independência” como a construção de uma imagem dada no próprio período da independência em meio aos embates com os adversários de José Bonifácio e por sua própria descrição daquele período, por suas ações políticas e posições diante de vários dilemas da sociedade do séculoXIX, muitas vezes contrárias ao Imperador. Isso possibilitou a apropriação e a perpetuação de sua imagem, atrelada à construção de uma idéia de identidade nacional.
  • 4. QUESTÃO 23 A questão chamava a atenção das equipes para como a República brasileira foi construída e formatada também com a preocupação de como seria seu símbolo oficial, a bandeira. Além do seu conteúdo filosófico que deveria carregar um ideal libertário – afastando-se da pecha de colônia e/ou Império português, teorias sobre as cores da bandeira foram debatidas de modo a melhor identificar quem era o “novo povo” brasileiro republicano que se forma a partir de 1889. Paradoxalmente, a nova bandeira manteve as cores e o formato da bandeira da monarquia, trocando apenas o estandarte monárquico pelo republicano de inspiração positivista..
  • 5. QUESTÃO 24 Gilberto Freyre, autor conhecido pelas obras “Casa Grande e Senzala” e “Sobrados e Mucambos”, estendeu seus interesses a outros atores que foram importantes na constituição da identidade brasileira. Freyre era admirador confesso da cultura britânica e escreveu uma obra sobre sua influência no Brasil no século XIX, após a abertura dos portos. Utilizando novos métodos de pesquisa e fontes inovadoras, como anúncios de jornal, o autor enfatiza a apropriação dos espaços urbanos do Rio de Janeiro segundo as demandas específicas de cada tipo de comércio, a partir da forma como cada um deles se relacionava com a nacionalidade de quem os executava. Se por um lado os comerciantes franceses eram muito mais numerosos e tinham suas lojas espalhadas por toda a cidade, por outro lado comerciantes atacadistas britânicos elegeram a facilidade de escoamento e a capacidade de armazenamento de suas mercadorias na escolha dos locais de seus estabelecimentos. Para Freyre essa infraestrutura já indicava a escala de seu Império Comercial, que manteve e ampliou sua abrangência e poderio durante todo século XIX, não somente no Brasil como em grande parte do mundo. O domínio imperial inglês iria se ampliar ao longo desse século a partir de outras infraestruturas, como ferrovias, pontes e equipamentos fabris
  • 6. QUESTÃO 25 O objetivo da questão é refletir sobre aspectos importantes da história nacional a partir de um movimento social específico ocorrido em Santa Catarina. A novembrada ocorreu em Florianópolis em novembro de 1979 e seu estopim foi a visita do presidente João Figueiredo para, entre outros compromissos, descerrar uma placa em homenagem a Floriano Peixoto, que durante a Revolução Federalista foi o responsável pelo fuzilamento de mais de 200 pessoas no forte de Anhatomirim. Essa revolta se inscreve no contexto de muitas manifestações semelhantes, algumas ainda pouco conhecidas, do fim da ditadura civil militar no Brasil e na transição para a redemocratização do regime. O fato de os manifestantes na Novembrada arrancarem a placa do local onde ela seria descerrada aponta a não aceitação desta memória, naquele momento, pelos florianopolitanos, assim como a crítica simultânea a Floriano e a Figueiredo.
  • 7. QUESTÃO 26 Prosseguindo com o tema da “Novembrada”, esta questão aprofundava a reflexão sobre o simbolismo envolvido na placa ser “arrancada” e posteriormente tornar-se um objeto histórico em si; e a reafirmação ou negação de uma memória oficial, que ao mesmo tempo se via reafirmada ou confrontada nos anos de ditadura militar sob o governo Figueiredo.
  • 8. QUESTÃO 27 A questão apresenta recomendações aos senhores de engenho para o bom governo de sua propriedade e escravaria e aponta como a principal delas a escolha e a delegação de poderes aos feitores, que deveriam segundo Antonil ser limitados pelo senhor. Assim, cada feitor receberia sua parcela de poder sobre os escravos, devendo a extensão desse poder ser conhecida e reconhecida por todos. O castigo justo e na medida certa está no cerne da proposta de Antonil para o bom “governo dos escravos”, e o excesso deveria ser repreendido pelo senhor de forma privada, a fim de evitar revoltas e insubordinação dos cativos. Com a leitura do texto ainda é possível perceber a existência de duas formas de hierarquia: entre os que mandavam – que partia dos feitores menores, passava pelo feitor-mor e chegava ao senhor que ocupava o lugar mais alto da ordem dentro do engenho; e entre os que eram “governados” (os escravos mais antigos) a quem deveria se fazer saber da repreensão ao feitor que se excedera. O texto permite questionar a idéia do feitor simplesmente como um homem violento e sem rumo, e estabelece o delicado equilíbrio de poder na estrutura do engenho.
  • 9. QUESTÃO 28 A seção de esportes da revista “A Vida Moderna” de maio de 1914 evidencia uma transformação nas redes de sociabilidade e entretenimento da burguesia paulistana no início do séc. XX. Atividades como o “Turf” ou o “Football” demonstravam a aspiração por transplantar um cosmopolitismo vivido nos centros europeus, uma vivência moderna que a cidade de São Paulo começava a experimentar e cujos acessos e sociabilidades se limitavam às camadas mais ricas da sociedade. Exemplo disso são as notícias veiculadas e os termos de linguagem empregados (predomínio da língua inglesa e termos em francês), o que demonstra certo exclusivismo dos editores e leitores da revista.
  • 10. QUESTÃO 29 O sistema fordista, modelo clássico de produção fabril capitalista, estendeu sua atuação à Amazônia. O sistema tradicional de extração do látex seria revisto e a postura dos trabalhadores tutelada. As cidades dos trabalhadores vieram praticamente prontas, transportadas em navios, tais como os “automóveis saídos das linhas de montagem da Ford Motor Company: casas, hospitais, cafeterias, drugstores, cimento, areão para as canchas de tênis, aparelhos sanitários, bulldozers, serraria, uma cidade completa por armar. A instalação obedecia aos moldes das cidades norte-americanas, desde o arruamento à instalação de hidrantes. Com uma série de serviços e confortos disponíveis em suas casas, os trabalhadores eram insidiosamente disciplinados a adaptar-se a uma nova sociabilidade, tanto no ambiente de trabalho, como em suas casas. Os velhos trabalhadores mostram as suas memórias daqueles tempos. Hoje não escutam mais os apitos e lamentam o abandono das cidades, o que indica a passagem do tempo e o fim de suas vidas produtivas.
  • 11. QUESTÃO 30 Era objetivo dessa questão que a equipe percebesse a existência de grupos pró e contra a instalação de um cemitério na capital baiana, posições embasadas no sanitarismo. Até então os enterros eram realizados nas igrejas e catacumbas, em grande número naquelas das Irmandades. A fundação de um cemitério traria a perda de influência dessas agremiações religiosas, o que geraria grande descontentamento e a eclosão da Cemiterada. Num campo mais amplo a transferência dos enterros para os cemitérios promoveu a secularização dos procedimentos fúnebres, ou seja, a morte deixa de ser da alçada exclusiva da Igreja e torna-se um problema administrativo.
  • 12. QUESTÃO 31 Fernão Cardim era um clérigo jesuíta que esteve em contato com os indígenas da região da Bahia, durante 42 anos, em sua estadia na colônia portuguesa na América no séc. XVI. O excerto de sua crônica: Tratados da terra e gente do Brasil descreve algumas práticas culturais e sociais dos nativos tais como as cerimônias de recepção do “estrangeiro” dentro da aldeia, como os ritos e celebrações funerárias, quando da morte de um dos membros da comunidade. Ao longo da descrição, percebe-se que o autor, na tentativa de “traduzir” tais eventos e fenômenos ao público europeu, utiliza-se de conceitos próprios a sua cultura que não necessariamente são partilhados pela cultura ou linguagem dos indígenas, como a palavra “vinho” e “casamento” demonstram, já que a bebida inexistia na América antes do sécXVI e a união entre dois indígenas não apresentava os conceitos e preceitos morais da cultural ocidental-cristã européia. Além disso, percebe-se que o ato de chorar apresenta uma multiplicidade de significados dentro da cultura dos indígenas, podendo demonstrar tanto apreço ao “estrangeiro” como dor pela perda de um ente ou membro da comunidade. Por fim, não se pode afirmar que os ritos e celebrações funerárias dos indígenas são iguais às cerimônias cristãs ocidentais, pois há um distanciamento cultural entre os dois, além de uma outra visão religiosa que explica o fenômeno da morte.
  • 13. QUESTÃO 32 A Carta da Terra. Conferência Mundial dos Povos Indígenas sobre Território, Meio Ambiente e Desenvolvimento, escrita por vários indígenas componentes do Comitê Intertribal – 500 Anos de Resistência, por conta do evento internacional ECO-92, é um documento importante para perceber o intenso debate existente entre os indígenas e as sociedades ocidentais, as quais se sobrepuseram aos seus interesses desde a ocupação das terras da América. Escrita num contexto de rememoração dos 500 anos de história americana, a carta indaga sobre a imposição dos preceitos democráticos sobre os seus povos, defendendo o direito dos indígenas de persistirem com seus costumes ancestrais e coletivos e, assim, terem voz ativa como comunidades autônomas. É importante notar que o discurso indígena desmistifica a idéia de passividade indígena e ajuda a refletir se a liberdade e a igualdade proclamadas pelos direitos humanos da ONU são as mesmas almejadas pelas diferentes organizações étnicas existentes nos distintos lugares do mundo. Nesse diálogo com a Comissão da ONU responsável pela redação da Carta da Terra, os povos indígenas exigem serem tratados como atores políticos e não apenas como parte da natureza, sendo ativos na defesa da Terra e não meros receptores de imposições administrativas.
  • 14. QUESTÃO 33 A leitura desse artigo veiculado pelo jornal O Estado de S. Paulo, por ocasião da finalização do processo de restauro no Santuário de Bom Jesus do Matosinhos, tinha como objetivo indicar às equipes uma reflexão sobre o trabalho de restauração e, ao mesmo tempo, pensar como essa instrumentalização poderia ajudar a construir um pensamento histórico em torno do trabalho de artistas barrocos no Brasil. A descoberta de uma primeira pintura de Mestre Ataíde nas três primeiras capelas que abrigam os Passos da Paixão em Congonhas do Campo, Minas Gerais, embaixo de camadas de tintas pintadas desde de 1891, revela um sentido harmônico presente entre esculturas e pinturas no cenário dessas capelas no período colonial, sentido este omitido pela interferência de décadas e séculos conseguintes. A pintura original, a sua omissão e a sua redescoberta têm, todas e cada uma, a sua importância histórica..
  • 15. QUESTÃO 34 A análise da charge publicada no jornal semanal “O Pasquim” evidencia a mobilização da sociedade civil em torno da campanha pela anistia no ano de 1978, ao final do governo militar encabeçado pelo Gal. Ernesto Geisel. A charge demonstra certo humor e protesto devido à interação entre as letras impressas com caracteres de formato institucional, juntamente com a adição das letras “N” e “TIA!” em forma cursiva, de modo a gerar a palavra “Anistia”. Ou seja, há uma idéia de superação do AI-5 por meio da mobilização da sociedade civil dentro do cenário político nacional. Não era possível afirmar, entretanto, que o regime militar demonstrasse franca abertura e negociação, uma vez que muitos pontos importantes – como os crimes de tortura e terrorismo – ficaram de fora do texto da lei nº 6683 de agosto de 1979...