3. O que é filosofia?
A palavra Filosofia é originada do grego.
Philos (φίλος): amizade
Sophia (σοφία): sabedoria
Philos + Sophia ≈ Amizade pela sabedoria
Podemos começar entendendo filosofia como uma atitude positiva
em relação ao saber.
4. O que é filosofia?
Graças à filosofia, a humanidade desenvolveu um senso crítico e
questionador.
A maioria das ciências atuais (física, química, biologia, astronomia)
teve sua origem nas filosofia.
No entanto, a atividade filosófica é diferente da atividade científica.
5. Filosofia e Ciência
A ciência oferece explicações razoáveis com base nos dados que
são obtidos pela aplicação de um método específico (o método
científico). Explicações científicas nunca são a última resposta, pois
novos fatos e novas observações podem mudar completamente uma
explicação aceita até então.
Exemplo: a imobilidade da Terra era uma ideia científica aceita
antigamente, mas hoje não é mais.
6. Filosofia e Ciência
A filosofia, por sua vez, procura explicações completas para
questões muito amplas.
Um físico quer entender como o universo se comporta de acordo com
medições precisas.
Um filósofo quer entender as razões do universo se comportar
daquela maneira e não de outra (ou mesmo as razões do universo
existir).
7. Questões Filosóficas
Questões consideradas filosóficas não podem ser respondidas
apenas pela ciência, pois a própria ciência é questionada pela
filosofia.
Perguntas feitas por filósofos incluem:
O que existe e o que não existe?
Por que algo existe ou deixa de existir?
Quais as razões do mundo ser desse jeito e não de outro?
O que posso conhecer e o que não posso?
Como posso conhecer?
O que devo fazer?
O que devo escolher?
Quais os valores que devo considerar em minhas escolhas?
Eu realmente posso escolher alguma coisa ou tudo é determinado?
8. Áreas da Filosofia
Podemos dividir o estudo dos problemas filosóficos em quatro áreas
básicas:
Metafísica: estudo dos fundamentos da realidade: existência,
causas, atributos e propriedades essenciais das coisas.
Epistemologia: estudo do conhecimento, o que pode ser conhecido
e como pode ser conhecido.
Axiologia: estudo dos valores. Os valores morais são estudados
pela Ética e os valores da sensibilidade são estudados pela Estética.
Lógica: estudo do modo correto de raciocinar. A lógica é o principal
método utilizado pela filosofia para responder questões das outras
áreas.
9. Áreas da Filosofia
Mas essas são apenas as áreas fundamentais. Podemos encontrar
questões filosóficas em outras esferas de atividade humana.
A partir da Epistemologia e a Metafísica discutimos a Filosofia da
Ciência e a Filosofia da Religião.
A partir da Ética estudamos a Filosofia Política.
A partir da Estética estudamos a Filosofia da Arte.
10. Estudo da Filosofia
Podemos estudar filosofia de duas maneiras:
Historicamente: observamos as obras de grandes pensadores da
humanidade e tentamos entender o que eles pensaram.
Tematicamente: atentamos para os problemas filosóficos e
raciocinamos sobre eles.
Mesmo um estudo temático exigirá um contato com a história, pois os
problema já foram pensados por vários filósofos anteriores e olhar os
argumentos traçados por eles poderá nos auxiliar.
11. Utilidade da Filosofia
O estudo da filosofia é válido por pelo menos algumas razões:
(i) Mesmo que não seja uma disciplina cobrada diretamente em
alguns vestibulares, conhecimentos de filosofia podem ajudar a
responder questões da área de ciências humanas e escrever
redações dissertativas.
(ii) O estudo de filosofia estimula o senso crítico e a capacidade de
analisar e questionar rigorosamente diversas situações.
(iii) Todos são filósofos em certo sentido, pois todos desejam
encontrar respostas para suas perguntas.
12. Origens da Filosofia
A busca por respostas parece uma inclinação natural do ser
humano.
A prova disso é que todas as civilizações da antiguidade sempre
procuraram compreender o significado de sua existência e as
razões por trás dos fenômenos à sua volta.
As primeiras formas de explicação do mundo foram justamente os
mitos.
13. Mitos
Mitos são narrativas sobre a realidade. Em uma definição mais
completa:
“O mito é o elemento essencial de todas as religiões. Surge na forma de
histórias que abrangem crenças sobre a natureza humana, a do divino e a
aliança entre as duas. Se numa conversa informal “mito” significa algo
fictício, em sua essência a palavra indica uma forma de explorar a
realidade fundamental. Mitos são histórias que dizem a verdade sobre
nós mesmos.” - Wilkinson & Philip, “Guia ilustrado Zahar: Mitologia”.
Editora Jorge Zahar, 2010.
No contexto do mito, tudo é simbólico ou possui uma história por
trás. Os mitos foram as primeiras soluções encontradas pelo ser
humano para tranquilizá-lo diante do desconhecido.
14. Do mito à razão
Embora o mito seja uma tentativa de buscar respostas, ele é muito
diferente da filosofia.
O mito utiliza de histórias, narrativas, imagens e analogias ligadas às
experiências criativas do ser humano para explicar a realidade.
A filosofia quer explicar a realidade por meio da razão.
Ser “amigo da sabedoria” não significa apenas ter uma explicação,
mas uma explicação verdadeira.
Contudo, é importante perceber que o mito não foi desvinculado da
cultura de modo imediato pela filosofia. Houve uma transição gradual
da visão mítica de mundo para a visão racional de mundo.
15. Herança do Mito
Na verdade, mesmo atualmente o mito ainda não foi totalmente
eliminado.
A mentalidade mítica é importante, por exemplo, na literatura e na
psicologia.
Mesmo em nosso cotidiano, ainda temos um certo espírito mítico:
- Não temos deuses, mas associamos celebridades a certos temas;
- Não temos rituais, mas ainda temos comportamentos carregados de
simbolismo.
16. Primeiros Filósofos
Os primeiros filósofos surgiram na Grécia Antiga (por volta do século
VI AC)
“A filosofia surgiu na Grécia porque justamente na Grécia formou-se uma temperatura
espiritual particular e um clima cultural e politico favoraveis. As fontes das quais derivou a
filosofia helênica foram:
1) a poesia;
2) a religião;
3) as condições sociopolíticas adequadas.”
Reale & Antiseri, “História da Filosofia: Filosofia Pagã Antiga”, São Paulo: Paulus, 2003, p. 6.
Esses pensadores eram chamados de pré-socráticos (embora muitos
deles tenham sido contemporâneos de Sócrates). Eram
caracterizados por procurarem uma arkhé, um princípio
fundamental de todas as coisas observadas. Foram os primeiros
filósofos da natureza.
17. Primeiros Filósofos
Alguns dos principais pré-socráticos:
Tales: considerava a água como princípio fundamental.
Anaxímenes: considerava o ar como princípio fundamental.
Pitágoras: considerava os números como a base da realidade.
Empédocles: considerava quatro elementos básicos (água, fogo, terra e ar).
Heráclito: considerava que o fundamento do mundo é a mudança.
Parmênides: considerava toda mudança como ilusória.
Demócrito: considerava que a realidade era constituída de elementos
indivísiveis (átomos).
18. Primeiros Filósofos
“A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos princípios de todas as
coisas os que são da natureza da matéria. Aquilo de que todos os seres são
constituídos, e de que primeiro são gerados e em que por fim se dissolvem, enquanto a
substância subsiste mudando-se apenas as afecções, tal é, para eles, o elemento
(stokheion), tal é o princípio dos seres; e por isso julgam que nada se gera nem se
destrói, como se tal natureza subsistisse sempre... Pois deve haver uma natureza
qualquer, ou mais do que uma, donde as outras coisas se engendram, mas continuando
ela a mesma. Quanto ao número e à natureza destes princípios, nem todos dizem o
mesmo. Tales, o fundador de tal filosofia, diz ser água [o princípio] (é por este motivo
também que ele declarou que a terra está sobre água), levado sem dúvida a esta
concepção por ver que o alimento de todas as coisas é úmido, e que o próprio quente
dele procede e dele vive (ora, aquilo de que as coisas vêm é, para todos, o seu
princípio). Por tal observar adotou esta concepção, e pelo fato de as sementes de todas
as coisas terem a natureza úmida; e a água é o princípio da natureza para as coisas
úmidas. Alguns há que pensam que também os mais antigos, bem anteriores à nossa
geração, e os primeiros a tratar dos deuses, teriam a respeito da natureza formado a
mesma concepção. Pois consideram Oceano e Tétis os pais da geração e o juramento
dos deuses a água, chamada pelos poetas de Estige; pois o mais venerável é o mais
antigo; ora, o juramento é o mais venerável.”
Aristóteles, “Metafísica”, I, 3. 983 b 6
19. Exercício
(UEL – 2007) “Há, porém, algo de fundamentalmente novo na maneira como os
Gregos puseram a serviço do seu problema último – da origem e essência das
coisas – as observações empíricas que receberam do Oriente e enriqueceram
com as suas próprias, bem como no modo de submeter ao pensamento teórico e
casual o reino dos mitos, fundado na observação das realidades aparentes do
mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo.” Fonte: JAEGER,
W.Paidéia. Tradução de Artur M. Parreira. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes,
1995, p. 197.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre mito e
filosofia na Grécia, é correto afirmar:
a) Em que pese ser considerada como criação dos gregos, a filosofia se origina
no Oriente sob o influxo da religião e apenas posteriormente chega à Grécia.
b) A filosofia representa uma ruptura radical em relação aos mitos,
representando uma nova forma de pensamento plenamente racional desde as
suas origens.
c) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvincula dos mitos de
forma gradual.
d) Filosofia e mito sempre mantiveram uma relação de interdependência, uma
vez que o pensamento filosófico necessita do mito para se expressar.
e) O mito já era filosofia, uma vez que buscava respostas para problemas que
até hoje são objeto da pesquisa filosófica.
20. Exercício
(UEL – 2007) “Há, porém, algo de fundamentalmente novo na maneira como os
Gregos puseram a serviço do seu problema último – da origem e essência das
coisas – as observações empíricas que receberam do Oriente e enriqueceram
com as suas próprias, bem como no modo de submeter ao pensamento teórico e
casual o reino dos mitos, fundado na observação das realidades aparentes do
mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo.” Fonte: JAEGER,
W.Paidéia. Tradução de Artur M. Parreira. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes,
1995, p. 197.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre mito e
filosofia na Grécia, é correto afirmar:
a) Em que pese ser considerada como criação dos gregos, a filosofia se origina
no Oriente sob o influxo da religião e apenas posteriormente chega à Grécia.
b) A filosofia representa uma ruptura radical em relação aos mitos,
representando uma nova forma de pensamento plenamente racional desde as
suas origens.
c) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvincula dos mitos de
forma gradual.
d) Filosofia e mito sempre mantiveram uma relação de interdependência, uma
vez que o pensamento filosófico necessita do mito para se expressar.
e) O mito já era filosofia, uma vez que buscava respostas para problemas que
até hoje são objeto da pesquisa filosófica.
21. Exercício
(UEL- 2003) Ainda sobre o mesmo tema [origem da filosofia], é
correto afirmar que a filosofia:
a) Surgiu como um discurso teórico, sem embasamento na realidade
sensível, e em oposição aos mitos gregos.
b) Retomou os temas da mitologia grega, mas de forma racional,
formulando hipóteses lógico-argumentativas.
c) Reafirmou a aspiração ateísta dos gregos, vetando qualquer prova da
existência de alguma força divina.
d) Desprezou os conhecimentos produzidos por outros povos, graças à
supremacia cultural dos gregos.
e) Estabeleceu-se como um discurso acrítico e teve suas teses
endossadas pela força da tradição.
22. Exercício
(UEL- 2003) Ainda sobre o mesmo tema [origem da filosofia], é
correto afirmar que a filosofia:
a) Surgiu como um discurso teórico, sem embasamento na realidade
sensível, e em oposição aos mitos gregos.
b) Retomou os temas da mitologia grega, mas de forma racional,
formulando hipóteses lógico-argumentativas.
c) Reafirmou a aspiração ateísta dos gregos, vetando qualquer prova da
existência de alguma força divina.
d) Desprezou os conhecimentos produzidos por outros povos, graças à
supremacia cultural dos gregos.
e) Estabeleceu-se como um discurso acrítico e teve suas teses
endossadas pela força da tradição.
23. Exercício
(UEL- 2003) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está
ordenado. Os deuses disputaram entre si, alguns triunfaram. Tudo o que
havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro ou
para a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles?
Quem são eles?” (VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os
homens. Trad. de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das
Letras, 2000. p. 56.)
O texto acima é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o
mito pode ser uma forma de conhecimento, assinale a alternativa
correta.
a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de
comprovação.
b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-
analítico para estabelecer suas verdades.
c) As explicações míticas constroem-se, de maneira argumentativa e
autocrítica.
d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do mundo, e
sua verdade independe de provas.
e) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento
racional, tais como a lei de não-contradição.
24. Exercício
(UEL- 2003) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está
ordenado. Os deuses disputaram entre si, alguns triunfaram. Tudo o que
havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro ou
para a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles?
Quem são eles?” (VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os
homens. Trad. de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das
Letras, 2000. p. 56.)
O texto acima é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o
mito pode ser uma forma de conhecimento, assinale a alternativa
correta.
a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de
comprovação.
b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-
analítico para estabelecer suas verdades.
c) As explicações míticas constroem-se, de maneira argumentativa e
autocrítica.
d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do mundo, e
sua verdade independe de provas.
e) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento
racional, tais como a lei de não-contradição.
25. Exercício
(ENEM – 2015) A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a
proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário
deter-nos e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa
proposição anuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz
sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em
estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.
NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural,
1999.
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os
gregos?
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em
verdades racionais.
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas
existentes.
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.
26. Exercício
(ENEM – 2015) A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a
proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário
deter-nos e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa
proposição anuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz
sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em
estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.
NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural,
1999.
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os
gregos?
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em
verdades racionais.
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas
existentes.
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.