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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB
        Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação
         Departamento de Ciências Biológicas
     CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E O ENSINO DE CIÊNCIAS




MARIA JOSÉ SÁ BARRETO QUEIROZ
1




UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB
         Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação
          Departamento de Ciências Biológicas
       CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
  A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E O ENSINO DE CIÊNCIAS




       MARIA JOSÉ SÁ BARRETO QUEIROZ




                 Pesquisa Monográfica apresentada ao Curso de Pós-
                 Graduação Lato Sensu em Ensino de Ciências “A
                 Construção do Conhecimento e o Ensino de Ciências”
                 da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia –
                 Campus de Jequié, como avaliação final para
                 obtenção do título de Especialista em Ensino de
                 Ciências.


                  Área de concentração: Biologia
                  Orientador: Prof. Dr. Marcos Lopes de Souza
                  Co-orientador: Prof. Ms. Josmar Barreto Duarte




                   JEQUIÉ – BA
                   JUNHO/2007
2



MARIA JOSÉ SÁ BARRETO QUEIROZ




           APROVADO

       ______/______/_____.




          JEQUIÉ – BA
          JUNHO/2007
3




                     COMISSÃO EXAMINADORA




                   Prof. Dr. Marcos Lopes de Souza
                            Prof. Orientador




___________________________________________________________________
                    Prof. Ms. Josmar Barreto Duarte
                           Prof. Co-orientador




___________________________________________________________________
                 Profª. Drª. Ana Cristina Santos Duarte
                               Parecerista




            Jequié – BA _________de ________________2007
4



DEDICATÓRIA




       Dedico ao meu esposo Evandro
       que tanto me incentivou nesta
       caminhada     e   que     soube
       compreender as minhas faltas. E
       ao meu filho Gabriel pela
       paciência nos momentos ausentes,
       pelo amor, carinho e apoio de
       ambos.
5



                                AGRADECIMENTOS


Agradeço
- ao Senhor meu DEUS por ter permitido que eu conquistasse mais este objetivo, pois tenho a
certeza que sem a permissão e orientação divina eu jamais chegaria até aqui.
- aos dois grandes amores da minha vida meu filho e meu esposo que privei da minha
companhia deixando muitas vezes de estar expressando a nossa sexualidade.
- ao Prof. Dr. Marcos L. de Souza por ter me orientado e me encaminhado com toda paciência
e dedicação de mestre e que por muitas vezes deixou sua tese de doutorado para responder aos
meus e-mail.
- ao Prof. Ms. Josmar Duarte por ter dado o norte na literatura própria para o estudo da
Orientação Sexual na Escola.
- à Profª. Dr. Ana Cristina, carinhosamente Tina, que muito me ajudou com suas explicações e
experiência.
- aos meus alunos do Ginásio Municipal Dr. Celi de Freitas, onde comecei as minhas
pesquisas, pois precisava de uma base teórica para desenvolver o meu trabalho, mesmo com
dificuldades, mas com pertinácia, tendo a certeza do dever cumprido, apesar de não ter sido
reconhecido por muitos, não digo os alunos, pois estes tenho a certeza que contribui para a
construção da sua sexualidade permitindo sua vivência de modo responsável buscando a
realização plena no seu desenvolvimento.
- aos meus alunos do IERP onde desenvolvo o Projeto de Sexualidade – Renas-Ser –
Responsabilidade e Naturalidade na Sexualidade do Ser, os quais foram meus “cobaias” na
prévia da pesquisa.
- à direção anterior do IERP – Prof. Nerivan, Profª. Soraia Argolo e Rita Leto, que sempre
acreditaram no meu trabalho e souberam compreender as minhas ausências quando
necessárias.
- à coordenação do IERP – Cynara Cabral e Valéria Cosme que reconheceram e confiaram no
meu trabalho e me deram o maior apoio no desenvolvimento do projeto de sexualidade e
também nesta pesquisa.
- aos educandos e educadoras, sujeitos da pesquisa, que me receberam de maneira receptiva e
que muito me ensinaram.
- aos diretores das escolas selecionadas que abriram as portas e permitiram que a pesquisa se
realizasse.
6



- a Secretaria Municipal de Educação em especial à Profª. Sandra Figueirêdo que me atendeu
por diversas vezes prontamente.
- ao Conselho Municipal de Educação, na pessoa da Profª. Daniele Freire que esteve sempre
receptiva às minhas visitas.
- à minha mãe e meus irmãos que por muitas vezes deixei de estar presente nas
confraternizações de família.
- à minha irmã Nadja Nara que muito me ajudou com sua experiência e orientações.
- à Erdy Ana amiga e irmã de fé que com suas mensagens de incentivo e orações me
proporcionou muitos momentos de reflexão.
- à Igreja Batista Sião, em nome da classe Débora que muito me ajudou com suas orações e
compreendeu a minha ausência em algumas atividades.
- à minha sogra D. Maria e Tio Zé que estavam sempre presentes nas minhas ausências em
casa, tomando conta do meu pequenino.
- aos meus colegas do curso pelo apoio, amizade e companheirismo.
- aos funcionários e monitores do curso que nos atendiam tão cordialmente.
- aqueles e aquelas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
A todos vocês meu muito obrigada e que Deus possa estar derramando ricas bênçãos em suas
vidas.
7




              ADOLESCENTE




Adolescente é adrenalina que agita a juventude,
    tumultua os pais e
       os que lida com ele.

Adrenalina que dá taquicardia nos pais,
    depressão nas mães,
      raiva nos irmãos,

que provoca fidelidade nos amigos,
    desperta paixão no sexo oposto,
       cansa os professores,
          experimenta novidades,
              desafia os perigos,
                    revolta os vizinhos...

O adolescente é
    pequeno demais para as grandes coisas,
         grande demais para pequenas coisas.



                                             Içami Tiba
8



                                        RESUMO


Este trabalho constituiu-se em uma pesquisa qualitativa que teve como objetivo analisar a
abordagem (visão de sexualidade, seleção de conteúdos, estratégias metodológicas e
facilidades/dificuldades em ministrar a disciplina) dada ao tema “Sexualidade” pelos
educadores e a contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a vida dos
educandos das escolas públicas municipais da cidade de Jequié – BA. Foram utilizados dois
instrumentos de coletas de dados: o questionário com questões fechadas e abertas que foi
aplicado aos educandos e a entrevista semi-estruturada aplicada às educadoras. A seleção das
escolas se deu pela localização geográfica, ser de grande porte e oferecer a disciplina
Educação para a Sexualidade na 8ª série do Ensino Fundamental II. Foram selecionadas
quatro escolas e, no total, participaram da pesquisa cento e cinqüenta educandos e oito
educadoras. Os resultados demonstraram que 98% dos educandos participantes aprovaram a
disciplina “Educação para a Sexualidade” e, ao mesmo tempo, cerca de 82% a avaliaram
como muito boa ou boa, já que, dentre outras coisas, possibilitou aprender sobre prevenção às
IST/Aids e a gravidez precoce e como viver sua sexualidade de maneira mais saudável e
plena. A escolha dos conteúdos trabalhados na disciplina, em alguns casos, ocorre com a
participação dos alunos (38,7%), em outros, apenas os professores decidem os temas a serem
trabalhados (32%). Quanto à participação dos educandos nas aulas, 61,3% responderam que
participam ativamente, já 30,7% participam pouco. As estratégias metodológicas que os
professores utilizam para abordar temas ligados à sexualidade são, predominantemente,
dinâmicas de grupo, estudos dirigidos, exposição participada, seminários e as aulas
expositivas, evidenciando que os professores priorizam modalidades didáticas que visam
ampliar a participação dos alunos. Entre os temas que os discentes mais gostaram de estudar,
destacaram-se IST/Aids (38%); gravidez na adolescência (14,7%) e drogas (7,3%), por outro
lado, sobre os temas que menos gostaram, 62,7% declararam que não houve nenhum tema que
não gostaram, 12% mencionaram o tema Doenças Sexualmente Transmissíveis e 7,3%
citaram drogas, demonstrando que alguns dos temas mais interessantes também foram os
menos prazerosos. Quanto às professoras que trabalham a disciplina “Educação para a
Sexualidade”, elas apresentam formação superior em cursos diferentes, dentre os quais,
Ciências Biológicas, Letras, Ciências Sociais, Ciências Contábeis e Química. Das 8
professoras entrevistadas, apenas uma afirmou categoricamente não gostar de ministrar a
disciplina por apresentar vários tabus em relação à sua própria sexualidade. Algumas
professoras afirmaram já ter feito cursos nessa área, oferecidos por diferentes instituições,
como universidade, ONG e a Secretaria Municipal da Educação, porém, algumas disseram
que os cursos ainda contribuem pouco para a sua prática nessa temática. Questionadas as
professoras sobre as intenções da disciplina “Educação para a Sexualidade”, percebeu-se que
algumas ainda entendem a sexualidade de maneira muito vaga ou a restringem,
exclusivamente à prevenção à gravidez, sendo poucas aquelas que compreendem a
sexualidade de maneira mais global. Isso acaba influenciando na escolha dos conteúdos
trabalhados, já que muitas priorizam temas ligados às IST/Aids ou a gravidez na adolescência,
dando menos importância aos temas ligados à questão de gênero, orientação sexual e
afetividade. Em suma, apesar de os alunos demonstrarem a relevância dessa disciplina para
sua formação, ainda se faz necessária um maior apoio da família, da escola e da própria
Secretaria da Educação para que as docentes possam construir uma prática educativa que
permita aos adolescentes viverem sua sexualidade de forma prazerosa e com saúde.


Palavras-chave: adolescência, ensino fundamental, educação para sexualidade e currículo.
9



                                         ABSTRACT


This work consisted in a qualitative research that had as objective to analyze the boarding
(vision of sexuality, metodológicas election of contents, strategies and easinesses/difficulties
in giving disciplines it) given to the subject “Sexuality” for the educators and the contribution
of disciplines Education for Sexuality for the life of the educandos of the municipal public
schools of the city of Jequié - BA. Two instruments of collections of data had been used: the
questionnaire with closed and opened questions that was applied to the educandos and the
half-structuralized interview applied the educators. The election of the schools if gave for the
geographic localization, to be of great transport and to offer disciplines it Education for
Sexuality in 8ª series of Basic Ensino II. Four schools had been selected and, in the total, they
had participated of the research one hundred and fifty educandos and eight educators. The
results had demonstrated that 98% of the participant educandos had approved discipline it
“Education for Sexuality” and, at the same time, about 82% had evaluated it very as good or
good, since, amongst other things, it made possible to learn on prevention to the IST/Aids and
the precocious pregnancy and as to live its sexuality in more healthful and full way. The
choice of the contents worked in disciplines, in some cases, occurs with the participation of
the pupils (38.7%), in others, only the professors decides the subjects to be worked (32%).
How much to the participation of the educandos in the lessons, 61.3% had answered that they
participate actively, already 30.7% participate little. The metodológicas strategies that the
professors use to approach on subjects to the sexuality are, predominantly, dynamics of group,
studies directed, participated exposition, seminaries and the expositivas lessons, evidencing
that the professors prioritize didactic modalities that they aim at to extend the participation of
the pupils. It enters the subjects that the learning ones had more liked to study, had been
distinguished IST/Aids (38%); pregnancy in the adolescence (14.7%) and drugs (7.3%), on
the other hand, on the subjects that had less liked, 62.7% had declared that it did not have no
subject that had not liked, 12% had mentioned the subject Sexually Transmissible Illnesses
and 7.3% had cited drugs, demonstrating that some of the subjects most interesting had also
been less pleasant. How much to the teachers who work discipline it “Education for the
Sexuality”, they present superior formation in different courses, amongst which, Biological
Sciences, Social Letters, Sciences, Countable Sciences and Chemical. Of the 8 interviewed
teachers, only one affirmed categoricamente not to like to give disciplines it for presenting
some taboos in relation to its proper sexuality. Some teachers had affirmed already to have
done courses in this area, offered for different institutions, as university, ONG and the City
department of the Education, however, some had said that the courses still contribute little for
practical its in this thematic one. Questioned the teachers on the intentions of she disciplines
“Education for the Sexuality”, exclusively perceived that some still understand the sexuality
in very vacant way or they restrict it, to the prevention to the pregnancy, being few those that
understand the sexuality in more global way. This finishes influencing in the choice them
worked contents, since many prioritize on subjects to the IST/Aids or the pregnancy in the
adolescence, giving little importance to on subjects to the sort question, sexual orientation and
affectivity. In short, although the pupils to demonstrate the relevance of this discipline for its
formation, still if it makes necessary a bigger support of the family, the school and the proper
Secretariat of the Education so that the professors can construct one practical educative one
who allow the adolescents to live its sexuality of pleasant form and with health.

Word-key: adolescence, basic education, education for sexuality and resume.
10



                                                           SUMÁRIO




1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................             13
2. REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................                          18
3. METODOLOGIA......................................................................................................                25
          3.1 Tipo de pesquisa...............................................................................................       25
          3.2 Participantes......................................................................................................   25
          3.3 Instrumentos da pesquisa.................................................................................             26
          3.4 Operacionalização da pesquisa........................................................................                 27
          3.5 Análise de dados..............................................................................................        29
          3.6 Questões éticas da pesquisa.............................................................................              30
4. RESULTADOS...........................................................................................................            33
          4.1 Parte I – Perspectivas da disciplina Educação para a Sexualidade na visão
                        dos educandos......................................................................................         33
                          a. Identificação dos educandos.........................................................                   33
                          b. Contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a
                               vida do educando..........................................................................           33
                          c. Escolha dos conteúdos..................................................................                37
                          d. Participação dos educandos nas aulas...........................................                        38
                          e. Estratégias metodológicas utilizadas pelos educadores................                                  41
                          f. Temas estudados em Educação para a Sexualidade.......................                                  43
                          g. Avaliação das aulas de Educação para a Sexualidade...................                                  46
          4.2 Parte II – Perspectivas da disciplina Educação para a Sexualidade na visão
                          dos educadores..................................................................................          50
                          a. Identificação das educadoras............................................ ..........                    50
                          b. Formação acadêmica...................................................................                  51
                          c. Tempo que ministra a disciplina.................................................                       54
                          d. Critérios para escolha do                        profissional que ministrará a
                                disciplina Educação para a Sexualidade......................................                        54
                          e. Interesse em lecionar a disciplina...............................................                      56
                          f. Formação continuada feita pelas educadoras...............................                              57
                          g. Objetivos da disciplina Educação para a Sexualidade..................                                  58
                          h. Planejamento das aulas.................................................................                61
11



                           i. Conteúdos trabalhados.................................................................              64
                           j. Critérios para a seleção dos conteúdos........................................                      66
                           k. Estratégias metodológicas e suas finalidades..............................                          66
                           l. Participação dos educandos e como são avaliados nas aulas de
                                 Educação para a Sexualidade.........................................................             69
                           m. Aspectos positivos e negativos da disciplina Educação para
                                 a Sexualidade................................................................................    71
                           n.     Dificuldades em ministrar a disciplina........................................                  73
                           o. Entendimento sobre o termo Educação para a Sexualidade.........                                     75
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................                        78
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................                                 80
APÊNDICE A .................................................................................................................      84
APÊNDICE B..................................................................................................................      87
APÊNDICE C.................................................................................................................       89
ANEXOS ........................................................................................................................   93
12




        “Escolas... são mais um importante ponto
       de encontro e conspiração. Caso as escolas
    já não valham tanto por suas aulas, elas ainda
valem muito por seus corredores, pátios, diretórios
       estudantis e cantinas. São espaço político”.
                                 Regis de Moraes
13



INTRODUÇÃO


           A adolescência, segundo a Organização Mundial de Saúde, inicia-se por volta dos
10 anos e finaliza-se por volta dos 19. Tal definição contempla apenas as transformações
biológicas, psicológicas e econômicas que ocorrem nessa fase do ciclo vital. Porém, segundo
o Estatuto da Criança e do Adolescente, lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, no art. 2º
“Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompleto, e
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade” (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE, 1990, p. 01).
           A adolescência é uma fase da vida humana compreendida entre a infância e a
idade adulta, marcada pelas mudanças biológicas, que nem sempre são determinantes, sendo
os elementos sociais decisivos para declarar uma criança como adolescente. Não há uma
idade cronológica definida para o começo da adolescência, visto que há divergências entre
diversos autores (GOODSON; DÍAZ, 1990).
           O começo da adolescência é marcado pela puberdade, ou seja, as mudanças físicas
que são estimuladas pela produção de hormônios sexuais: testosterona (nos rapazes) e
estrogênio e progesterona (nas moças), os quais são responsáveis, nos meninos, pelo
surgimento das características sexuais secundárias, entre elas crescimento dos testículos,
aparecimento dos pêlos pubianos, aumento no pênis, mudança da voz, ejaculações, produção
de espermatozóides e, nas meninas pelo aumento dos seios, aparecimento dos pêlos pubianos,
menstruação etc.
           Do mesmo jeito, o término da adolescência não tem uma idade cronológica
consensual, sendo esta apenas um valor referencial. Em linhas gerais, o final dessa fase é
determinado mais por intermédio de elementos psicológicos e sociológicos do que por
elementos biológicos. Alguns autores apontam determinadas características que denotam o
término da adolescência: estabelecimento da identidade sexual, saber estabelecer relações
afetivas estáveis, ter capacidade de assumir compromissos profissionais; manter-se
economicamente, adquirir os sistemas de valores morais pessoais e saber manter uma relação
de reciprocidade com a geração precedente (OSÓRIO, 1989 apud KROTH, 2005).
           Além das mudanças no corpo durante a adolescência, vão surgindo dúvidas,
vontades, curiosidades, ansiedades, desejos e a busca do prazer, expressando assim a sua
sexualidade. Nesta fase se dá o despertar para “o sexo”, pois, a partir do momento que o
adolescente sofre as transformações do corpo, chamando a sua atenção para as funções
14



sexuais adquire, então, a capacidade reprodutora bem como para tudo que diz respeito à
sexualidade (LEVISKY, 1997 apud KROTH, 2005).
               A primeira experiência de relação sexual é um evento importante na vida dos
adolescentes e que marca a vida dos mesmos, não sendo, portanto, uma regra geral. Pois, a
partir daí os adolescentes se configuram no cenário dos adultos, deixando de ser crianças,
tornando-se homens ou fazendo-se mulher, afirmando assim suas identidades.
               As pesquisas apontam que a primeira experiência sexual, na adolescência, vem
acontecendo cada vez mais cedo. A Pesquisa Nacional sobre Saúde Materno-Infantil e
Planejamento Familiar (PNSMIPF) de 1986 e a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde
(PNDS) de 1996 demonstram um pequeno declínio no período de 10 anos, quanto à idade
mediana da relação sexual que era de 16,7 anos e passou para 16,4, isto entre as mulheres na
faixa etária de 15 a 24 anos. Enquanto que os jovens do sexo masculino a idade mediana da
primeira relação em 1996 era de 15,3 anos (FERRAZ et al., 2006).
               A Pesquisa sobre Comportamento Sexual e Percepções da População Brasileira
sobre HIV e Aids (1998-2005) revela que na população jovem, entre 16 e 24 anos, a idade
média na primeira relação sexual, entre 1998 e 2005, teve uma pequena redução de 15,2 para
15,0 anos entre homens e de 16,0 para 15,9 anos entre mulheres. 1
               Rua e Abramovay (2001, p. 43) citados por Castro e colaboradores (2004, p. 69)
em pesquisa realizada com estudantes de diferentes estados brasileiros indicaram que:
                              A idade média da primeira relação sexual é significativamente mais baixa entre os
                              alunos do sexo masculino do que entre as estudantes do sexo feminino. No caso das
                              meninas em Porto Alegre, Manaus e São Paulo encontram-se as mais baixas idades
                              médias da primeira relação sexual (15, 15,1 e 15,2 anos), ficando as mais elevadas
                              em Belém e Fortaleza (16 e 15,8 anos). Quanto aos rapazes, registram-se em Cuiabá,
                              Manaus e Salvador a mais baixa idade média da primeira relação sexual (13,9 anos),
                              ocorrendo em Florianópolis a mais alta (14,5 anos).
           Com a prática do sexo sem proteção, aumentam o número de adolescentes
grávidas e o risco de contaminação com as IST/HIV e Aids. Dessa maneira, cada vez menos
os adolescentes vivem sua sexualidade de maneira plena e sadia.
                Isso, de certa forma, está relacionado aos conhecimentos que os mesmos possuem
sobre sexo e sexualidade, derivados de diversas fontes, muitas vezes insuficientes ou não,
deixando-os com mais dúvidas ou equivocados. Por exemplo, muitos ainda confundem os
termos Sexo e Sexualidade. Guimarães (1995) esclarece:

                              Sexo é relativo ao fato natural, hereditário, biológico, da diferença física entre o
                              homem e a mulher e da atração de um pelo outro para a reprodução [...] No senso
                              comum sexo é “relação sexual”, “orgasmo”, “órgãos genitais”, “pênis”.
                              Sexualidade é um termo também do século XIX, que surgiu alargando o conceito de
                              sexo, pois incorpora a reflexão e o discurso sobre o sentido e a intencionalidade do

1
    Disponível em: http://www.aids.gov.br/avalia4/resultados/ primeira_rel.htm. Acesso em 10 ago. 2006.
15


                       sexo.[...] Comumente é entendido como “vida”, “amor”, “relacionamento”,
                       “sensualidade”, “erotismo”, “prazer” (p. 23-24).


           Segundo Silva (2002) o conceito dado a sexualidade pela Organização Mundial de
Saúde (1975) é:
                        A sexualidade Humana forma parte integral da personalidade de cada um. É uma
                        necessidade básica e um aspecto de ser humano que não podem ser separados de
                        outros aspectos da vida. Sexualidade não é sinônimo de coito, e não se limita à
                        presença ou não de orgasmo. Sexualidade é muito mais que isso. É energia que
                        motiva encontrar o amor, contato e intimidade e se expressa na forma de sentir, nos
                        movimentos das pessoas e como estas tocam e são tocadas. A sexualidade
                        influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações, e, portanto a saúde física e
                        mental. Se saúde é um direito fundamental, a saúde sexual também deveria ser
                        considerada como um direito humano básico. A saúde mental é a integração dos
                        aspectos sociais, somáticos, intelectuais e emocionais de maneira tal que
                        influenciem positivamente a personalidade, a capacidade de comunicação com
                        outras pessoas e o amor (p. 35).

           Todavia, a maioria das famílias não tem conhecimento suficiente ou até mesmo
tem dificuldades em falar sobre o assunto, o que se torna um problema para o adolescente, já
que o mesmo tem necessidade dessas informações para poder desfrutar plenamente de sua
sexualidade, pois esta se constrói e aprende-se como parte integrante do desenvolvimento da
personalidade.
           É nesse sentido que a escola assume um papel de fundamental importância na
formação dos jovens, pois é ali onde ocorrem os encontros e conspirações, é nela que os
adolescentes passam uma boa parte do seu tempo. Nos corredores é possível encontrar casais
aos beijos e abraços e muros, paredes e banheiros pinchados com frases e desenhos,
demonstrando a necessidade e a realização da busca do prazer, característico nesta fase da
vida.
           Guimarães (1995) faz uma referência sobre a escola ainda tradicional:
                       Tradicionalmente conservadora, a escola revela alguns pontos evidentes de que não
                       está bem resolvida em relação à inserção da sexualidade em seus trabalhos. Por
                       exemplo, na instituição escolar há pudores quanto ao “falar de sexo”, e preconceitos
                       sorrateiramente arraigados atemorizam quanto à Educação Sexual (p. 17).


           Sabe-se, porém que as escolas têm avançado muito no aspecto do puro
tradicionalismo, hoje se fala muito de interacionismo e construtivismo. Atualmente, pode-se e
deve-se falar de sexualidade com mais naturalidade, já que a escola, lugar de construção de
saberes, suscita vivências no aspecto afetivo-sexual e não podemos ignorar este fato.
           Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a partir de meados dos anos
1980, a demanda por trabalhos na área da sexualidade nas escolas aumentou em virtude do
advento da Aids e da precocidade da gravidez na adolescência. O documento propõe que “a
16



escola trate da sexualidade como algo fundamental na vida das pessoas, questão ampla e
polêmica, marcada pela história, pela cultura e pela evolução social” (BRASIL, 1998b, p. 67).
           Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) tratam a orientação sexual como um
tema transversal, devendo ser trabalhado na escola de forma integrada, abrangente e
envolvendo as demais áreas de conhecimento. Porém, a partir das 5ª séries, o trabalho pode
ser feito de maneira diferenciada, não apenas como tema transversal.
           Percebendo a necessidade de um trabalho mais efetivo quanto à educação sexual
dos adolescentes, a Câmara de Vereadores da cidade de Jequié-BA, no ano de 1998,
encaminhou um documento à Secretaria Municipal de Educação solicitando a inclusão da
disciplina Orientação Sexual no currículo das escolas de Ensino Fundamental como disciplina
obrigatória. Porém, o parecer do Conselho Municipal de Educação de Jequié-BA, naquele
momento foi contrário, admitindo que o tema poderia ser abordado conforme propõe os PCN.
Porém, em 2004 a disciplina Orientação sexual começou a ser oferecida em uma das escolas
da rede municipal e, em seguida, em 2005 a disciplina Educação para a Sexualidade passou a
fazer parte do currículo na parte diversificada do conhecimento (CONSELHO MUNICIPAL
DE EDUCAÇÃO DE JEQUIÉ-BA, 1998).
           Após a implantação da disciplina, nenhum estudo foi feito para entender como os
professores estão trabalhando com a Educação para a Sexualidade. Assim, se faz necessário
compreender como os professores que trabalham com a disciplina Educação para a
Sexualidade estão abordando o tema com seus alunos, visto que, os adolescentes precisam de
orientação, não visando apenas a corrente médico-higienista, que tratava da educação sexual
combatendo a masturbação e as doenças venéreas, ou ainda preparando a mulher para
desempenhar o papel de esposa e mãe, ou como em movimentos feministas que
reivindicavam a educação sexual, com relevância da proteção à infância e a maternidade.
           Portanto, este estudo teve como objetivo: analisar a abordagem (visão de
sexualidade, seleção de conteúdos, estratégias metodológicas e facilidades/dificuldades
em ministrar a disciplina) dada ao tema “Sexualidade” pelos educadores e a
contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a vida dos educandos das
escolas públicas municipais da cidade de Jequié – BA.
17




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            “O agora humano não se limita ao momento presente.
               Ele agrega as lembranças do passado e as previsões
                         para o futuro. Assim, o ser humano tem a
                         capacidade de ser um viajante do tempo”.
                                                      Içami Tiba
18



2. REVISÃO DE LITERATURA


           A iniciação sexual, para muitos adolescentes homens e mulheres, significa deixar a
infância e integrar-se à juventude e adentrar ao mundo adulto, constituindo-se em um evento
que marca a reconfiguração de relações interpessoais, em particular com parceiras (os)
sexuais, pares e parentes, se configurando como momento ideal para a afirmação de sua
identidade sexual (CASTRO et al., 2004).
           São diversos os fatores que levariam os jovens, homens e mulheres, ao início da
vida sexual na adolescência, é o que relata Borges (2004):
                        Partindo do princípio que a iniciação sexual não se dá de forma homogênea entre
                        homens e mulheres, grupos sociais ou entre gerações, considera que um conjunto de
                        fatores complexos é determinante na tomada de decisão seja para iniciar a vida
                        sexual, seja para adiar esse evento para um contexto/momento considerado mais
                        adequado. [...] numerosos fatores têm sido descritos como associados ao início da
                        vida sexual, entre eles algumas características tais como: idade, cor, sexo, religião,
                        escolaridade e a situação de trabalho, bem como aquelas relativas à comunicação e o
                        relacionamento entre pais e filhos, a supervisão parental e a estrutura familiar (p. 6).

           Os adolescentes procuram esclarecer, de diversas formas, suas dúvidas em relação
ao sexo e a sexualidade, seja mediante conversa com seus pares, amigos; assistindo a um
programa de televisão; lendo uma revista informativa ou pornográfica, enfim procuram saciar
suas curiosidades por diversas fontes, sendo o seio familiar o menos procurado. E no meio de
uma panacéia de informações acabam por ficar equivocados e não bem informados, pois não
têm a maturidade suficiente para fazer escolhas desejadas dentre os possíveis caminhos.
Muitas vezes, a própria família, ou seja, os pais, não têm condições de discutir esse tema, seja
por falta de conhecimento ou a dificuldade de tratar de certos assuntos com seus filhos.
Quando os mesmos têm oportunidades de dialogar, trazem consigo conceitos, tabus e crenças
enraigados de gerações anteriores as suas, deixando a desejar aos olhos e experiências dos
filhos adolescentes e frutos de uma cultura diferente.
           Barbosa (1994, p. 48) esclarece:
                        Até bem pouco tempo, ou melhor, ainda hoje em algumas famílias é normal
                        encontrar pessoas conversando pelos cantos para contar o que sentem ou descobrem
                        sobre a sua sexualidade. Quando reunidas em grupos os comentários são
                        acompanhados de gestos e de risadinhas maliciosas, talvez pelo fato de vivermos
                        numa sociedade repressiva, em que os sentimentos sexuais são explorados através de
                        pornografias que desrespeitam o ser humano. Isto contribui para que a abordagem
                        do assunto sexo nos deixe pouco a vontade.

           Daí surge a importância de se trabalhar a educação sexual na escola, local onde as
crianças, adolescentes e jovens expressam por meio de atitudes diversas as suas necessidades,
curiosidades e anseios quanto à sexualidade.
19



           Sayão (1997) esclarece a diferença entre a orientação sexual dada pela família e a
escola sem tirar o direito e dever desta:
                        O trabalho de orientação sexual desenvolvido pela escola deve diferenciar-se, pois,
                        da abordagem assistemática realizada pela família, principalmente no que diz
                        respeito à transmissão dos valores morais indissociáveis à sexualidade. Se, por um
                        lado, os pais exercem legitimamente seu papel ao transmitirem seus valores
                        particulares aos filhos, por outro lado, o papel da escola é o de ampliar esse
                        conhecimento em direção à diversidade de valores existentes na sociedade, para que
                        o aluno possa, ao discuti-los opinar sobre o que lhe foi ou é apresentado. Por meio
                        de reflexão poderá, então, encontrar um ponto de auto-referência, o que possibilitará
                        o desenvolvimento de atitudes coerentes com os valores que ele próprio elegeu
                        como seus (p. 113).

           Sendo assim, a escola – lugar de construção de saberes – pode orientar os jovens a
descobrir, a vivenciar e aceitar a sua sexualidade sem tabus e preconceitos.
           A escola, segundo Silva (2002), é um local de vivência da sexualidade, pois:
                        O aluno está na escola e nela passa grande parte de duas etapas significativas da sua
                        vida: a infância e a adolescência. Nesse período a sexualidade se manifesta como
                        parte de seu dia-a-dia com os colegas, surgindo nas curiosidades, nas dúvidas e nos
                        relacionamentos dentro e fora do ambiente escolar. Esta mesma sexualidade é, no
                        entanto, negada ou reconhecida de uma forma inadequada pela escola. Mas a
                        verdade é que a sexualidade é vivida na escola, pois lá o aluno experimenta o prazer
                        de estar com o outro, em conversas, em trocas, em atividades lúdicas, em discussões
                        e nas soluções, paqueras e aproximações possíveis (p. 30-31).


           Quando Silva (2002) afirma que a sexualidade é negada ou reconhecida de uma
forma inadequada pela escola, leva a acreditar que as pessoas que ali estão, sejam gestores,
coordenadores, educadores enfim, todos que compõem a equipe pedagógica precisam se
fundamentar em uma concepção pluralista da sexualidade, pois:
                        Independentemente de suas potencialidades reprodutivas, a sexualidade relaciona-se,
                        antes de mais nada, com a busca do prazer – necessidade fundamental dos seres
                        humanos. Fruto da cultura, ela se expressa com singularidade em cada sujeito.
                        A vivência da sexualidade é estruturante da trajetória pessoal e constitui-se na
                        complexa combinação de muitos elementos de cunho subjetivo e da relação com o
                        outro. Isso ocorre desde o nascimento, a partir da sexuação e da erotização do corpo.
                        Inclui, portanto, fatores de natureza bastante distintos: do aprendizado, da
                        descoberta e da invenção (SAYÃO, 1997, p. 113).

              Segundo Wereb (1977) citada por Silva (2002, p. 28) a “educação sexual, [...]
   compreende todas as ações, diretas ou indiretas, deliberadas ou não, conscientes ou não
   exercidas sobre um indivíduo ao longo de seu desenvolvimento, que lhe permite situar-se
   em relação à sexualidade em geral e à sua vida sexual”.

              Há uma diferença quanto aos tipos de educação sexual como relata Duarte e
   Pêpe (2003):

                        [...] existem também dois tipos de educação sexual: a informal que se refere ao
                        ensino não planejado, não intencional, não sistematizado, e a educação sexual
                        formal que se refere a todo o ensino sistematizado e planejado, em que os
20


                        conhecimentos sobre sexualidade deverão ser discutidos de maneira objetiva,
                        esclarecedora e não preconceituosa, podendo ser realizada na escola[...] (p. 129).


           Ainda, segundo Duarte e Pêpe (2003, p. 130) “não existe um consenso entre os
autores quanto à utilização dos termos Educação Sexual e Orientação Sexual e, assim, o termo
Orientação Sexual, muitas vezes, é empregado como sinônimo de Educação Sexual Formal”.
            Após a análise dos termos de sexo e sexualidade feita por Duarte e Pêpe (2003),
os mesmos optaram em usar o termo Educação para Sexualidade, como espaço de estudo a
ser trabalhado na escola, por considerar mais abrangente que Educação Sexual e Orientação
Sexual.
                        A educação para a sexualidade excede à esfera da orientação do aluno sobre práticas
                        sexuais, pois sexualidade não considera apenas a dimensão biológica do homem; é a
                        própria expressão do ser desejante que está no mundo com o outro, ambos seres
                        racionais e efetivos, capazes de entender, querer e produzir o bom, o belo e o útil,
                        mas se, e somente se, aprenderem a entender, querer e produzir, o belo e o útil (p.
                        130).

           Assim, explica Souza (2003, p. 17): “Educar é preparar o terreno, torná-lo fértil
para a produção de idéias. As crianças se educam. Os adultos se reeducam. É criar seu
destino. É gerar cultura”.
           A responsabilidade em responder perguntas, esclarecer dúvidas e indicar o
caminho a ser percorrido foi praticamente transferida da família para a escola, que além de
responder aos questionamentos, procura levar o estudante a construir o seu próprio
aprendizado. Assim sendo, para que este aprendizado se dê de maneira gratificante, sem
tabus, sem preconceitos e de maneira clara, a educação sexual, segundo Souza (2003, p.18),
“deverá ocorrer num clima de cordialidade, tranqüilidade e num processo de comunicação,
com diálogo franco, adequado ao nível etário e emocional de quem questiona, sempre com
muito respeito e objetividade”.
           E para se trabalhar a sexualidade com êxito é necessário que a escola tenha uma
preocupação quanto aos métodos e estratégias metodológicas a serem utilizadas. Quanto aos
métodos relata Souza (2003):
                        A escolha do método será influenciada pelos objetivos, pelo tema, pelo aluno ao
                        qual de destina, pelo espaço disponível, tanto físico como de tempo, os recursos e a
                        própria experiência profissional que conduzirá o trabalho. O “clima” da turma será o
                        termômetro do método (p. 114).

           Fazendo uma análise deste relato, percebe-se que os métodos a serem empregados
não fogem muito às regras das demais áreas de conhecimentos, pois as atividades
desenvolvidas, seja qual for à área, devem ter uma preocupação com a receptividade da turma.
Como diz Souza (2003), esta será o termômetro do método. E a mesma ainda esclarece:
21


                        Para que a educação ou orientação corra bem, é sempre bom especificar
                        completamente o que se deseja ensinar, reformular ou questionar. É necessário que o
                        ensino se torne aprendizagem. Um objetivo só será atingido quando envolver
                        comportamentos, reforçados pela participação dos jovens em espaços abertos, na
                        sala de aula e em casa, para que possam usar o que aprenderam (SOUZA, 2003, p.
                        115).

           Segundo Souza (2003, p.116) “Estratégia é a arte de dirigir, de conhecer algo. É
um estratagema ou habilidade usada para se conseguir que um objetivo seja atingido”. A
mesma faz uma referência quanto às estratégias utilizadas nas primeiras séries escolares, na
qual os alunos aprendem “brincando”, escrevem, pintam e recortam. Na sua visão, assim deve
ser o trabalho de Orientação Sexual e sugere para as séries mais adiantadas o emprego dos
mini-seminários, mini-palestras sobre um determinado tema, pesquisas, atividades em grupo,
dramatização entre outras.
           Já os conteúdos abordados não devem ficar apenas na anatomia e fisiologia do
corpo. A educação sexual prepara a criança para aprender também os processos psicológicos e
sociais relacionados com a sexualidade (SOUZA, 2003).
           É necessário que o educador tenha em mente que encontrará uma diversidade de
opiniões, níveis diferentes de informações, vivências sócio-culturais, interesses divergentes,
diferentes faixa etária, enfim cada educando trará uma bagagem de dúvidas pessoais e
informações inadequadas. O ideal seria fazer um levantamento para buscar as necessidades
primordiais, as angústias individuais e preparar um material acessível a todos respeitando as
diversidades. Em outras palavras:
                        [...] ensinar com amor. Ter sensibilidade para perceber o que o aluno quer. Dedicar-
                        se. Poder dar uma aula e sair feliz com o que fez. Muitos professores procuram
                        “receitinhas” do que fazer em vez de buscar ajuda, refletir, questionar seus
                        conhecimentos e atitudes sobre o sexo, deixando de lado as resistências e
                        inseguranças (SOUZA, 2003, p. 121).

           Então, quanto à escolha de conteúdos, para Souza (2003), deve-se ter uma
preocupação quanto à idade cronológica das crianças e jovens, pois há os que alcançam
maturidade precoce, como também pode haver casos de repetência e transferência de
colégios. Em linhas gerais, nota-se que as crianças e jovens se transformam rapidamente em
todos os sentidos, portanto, devem-se abordar questões que lhes interessam, sempre
respeitando as ansiedades provocadas.
           Para fazer a escolha dos conteúdos deve-se estar atento a alguns esclarecimentos
feitos por Souza (2003) para o trabalho nas 7ª e 8ª séries:
                        Alunos de 12 e 15 anos são alunos destas séries escolares. Alguns já passaram pelas
                        transformações pubertárias, outros se mostram curiosos, ansiosos e excitados com o
                        novo corpo. A vida social e psicológica, as grandes mudanças são geradoras de
                        questionamentos e crises. A sexualidade aflora com mais força. Estão ávidos por
22


                        informações e experiências. O corpo pede, mas o afetivo e o emocional não estão
                        prontos. Que bom que existe o espaço aberto na escola, com colegas de mesma faixa
                        etária, para poderem se esclarecer. O professor, tranqüilo e preparado está ali. (p.
                        126).

           A disciplina Educação para a Sexualidade é trabalhada no Ensino Fundamental
com educandos de 7ª e 8ª séries, portanto serão relacionados abaixo, conteúdos sugeridos por
Souza (2003) para estas séries:
                        - corpo: mudanças corporais para ajudá-los entender o que está acontecendo.
                        Anátomo-fisiologia genital com mais informações. Esmegma. Higiene. Fimose.
                        Laqueadura, vasectomia. Coito fisiológico, anal e oral. Centro cerebral do prazer.
                        Hormônios. Acne. Tamanho de pênis (mito), período fértil, sinais de gravidez.
                        Corpo é a matriz da sexualidade: valorizá-lo e respeitá-lo. Auto-estima;
                        - amor e namoro: atração, afinidade. O que é namorar e o que não é. Não é
                        exploração sexual nem sentimental. Respeito e responsabilidade. Importância da
                        comunicação: saber ouvir e saber falar;
                        - atividade coital: não é obrigatória durante o namoro. Virgindade. Sexo seguro e
                        protegido. A primeira vez. Medos e anseios. Nem sempre é o que se espera.
                        Preparação, confiança no parceiro, amor, ambiente. Não ter pressa para acontecer;
                        - casamento: compromisso, acordo entre duas pessoas (com o Estado e a Igreja
                        também). Planejamento familiar. Paternidade e maternidade do casal (solteiro ou
                        casado) sobre o filho. Pai solteiro e mãe solteira;
                        - valores e decisões: todo valor influencia na tomada da decisão. Certas decisões
                        repercutem para sempre e nem todas são reversíveis. Efeitos do álcool e da droga
                        sobre decisões e a sexualidade;
                        - sexualidade: desejos, fantasias, timidez, auto-estima, intimidades no namoro,
                        auto-erotismo, vergonhas, medos, repressão, pornografia. Atração sexual, recusa de
                        comportamentos indesejáveis; formas pessoais de prazer, abuso sexual,
                        estupro,tabus, comportamentos homo, hétero e bissexual;
                        - outros temas: parto, aborto, DST, AIDS, drogas, métodos anticoncepcionais.
                        Sempre verificar o que os alunos sabem orientar quando há informações incorretas,
                        debater. Alunos e professor deverão realizar pesquisas esclarecedoras (p.126- 127).

           Além do cuidado com a seleção dos conteúdos, o trabalho de orientação sexual
tem que ter uma atenção especial com a postura do profissional que ministrará as atividades,
principalmente quanto ao esclarecimento das questões. O orientador sexual nunca deve
colocar sua opinião como verdade absoluta. Ele deve deixar que o grupo chegue às suas
conclusões próprias diante a situação-problema debatida, seu papel não é de direcionar as
questões, mas, sim, de coordenar as idéias, ele fará o papel, portanto de mediador, de
facilitador e não de transmissor de conhecimentos, deverá estimular sempre, no jovem, a
importância do respeito por si mesmo e pelo outro (VALLADARES, 2001).
           Pelo componente de intimidade que a sexualidade envolve, é fundamental que se
estabeleça uma boa relação pedagógica entre professor e aluno, que esta propicie uma
abordagem facilitadora da expressão de interrogações e opiniões, que conduza à resolução de
dúvidas, a superação de dificuldades e que, simultaneamente, contribua para uma perspectiva
positiva e gratificante da sexualidade.
23



          É importante ressaltar também que a educação sexual na escola não deve ser
entendida como solução para a iniciação sexual precoce na adolescência ou um futuro sem
problemas. Pois, sabe-se que a sexualidade, como componente da intimidade, não é um
processo de construção coletiva, a orientação sim deve ser de âmbito coletivo, porém a
construção se dará de maneira individual, com dúvidas, hesitações e tomadas de decisões,
feito de experiências e aprendizagens positivas e negativas, podendo a escola cooperar para
que este trajeto seja feito da forma mais experiente e contribuir para uma vivência mais
informada e não equivocada da sexualidade.
24




www.ybnews.org.br/pub/news/712e6ffbf7c14934ef...


                               “Adolescentes adoram a escola, o que
                 os atrapalha são as aulas. Escola é lugar de reunir,
          fazer tumultos na porta, e não ficarem sentadinhos, como
                            “múmias” isolados nas suas carteiras...”
                                                         Içami Tiba
25



3. METODOLOGIA


3.1. Tipo de pesquisa
           Esta investigação foi pautada na vertente qualitativa, pois esta nos permitiu
responder as questões particulares, se preocupando com um nível de realidade que não pode
ser quantificado, pois a mesma enfatiza especificidades de um fenômeno em termos de uso de
origem e de sua razão de ser (DESLANDES et al., 1994).
           De acordo a Deslandes e colaboradores (1994, p. 22), a pesquisa qualitativa
"aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não
perceptível e não captável em equações, médias, e estatísticas". A pesquisa qualitativa
permite uma maior compreensão do todo, ou seja, percebemos a temática por meio de vários
pontos, fazendo com que possamos enxergar melhor cada peculiaridade do tema abordado.
Justificando assim a presença de dados quantitativos, não apenas visando a quantidade, mas a
partir deste a qualidade dos resultados.
           Segundo Bogdan e Biklen (1994), na investigação qualitativa a fonte direta de
dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal. Sendo a
investigação descritiva, seus investigadores se interessam mais pelo processo do que pelos
resultados, os quais são analisados de forma indutiva e os seus significados serão de
importância vital.


3.2. Participantes
           Este estudo foi realizado com 08 professoras e alguns alunos destas professoras
que se dispuseram a participar da pesquisa, perfazendo um total de 150 alunos da 8ª série do
Ensino Fundamental (4º ciclo). Buscou-se informações de como a disciplina Educação para a
Sexualidade é trabalhada nas diferentes escolas e qual a contribuição desta para a vida dos
alunos.
           Para este estudo foram selecionadas quatro escolas públicas da rede municipal de
ensino da cidade de Jequié-BA, utilizando-se como critério a localização geográfica e escolas
de grande porte do município, que oferecem a disciplina Educação para a Sexualidade na 8ª
série do Ensino Fundamental II.
           A tabela abaixo demonstra o número de alunos matriculados nas escolas
pesquisadas, o percentual de alunos que participaram da pesquisa, bem como o número de
professores das referidas escolas, que lecionam a disciplina e os bairros onde estas estão
localizadas.
26



  Tabela 1 - Escolas municipais selecionadas para a realização da pesquisa.
             UNIDADE ESCOLAR                    NÚMERO DE                       BAIRRO

                                                              Prof.
                                   Alunos     Partic.  %de    de
                                   Matric.    na pesq. alunos E.P.S.
                      A              259         70       27     2          Joaquim Romão
                      B               36         12      33,3    1          São Judas Tadeu
                      C              100         24       24     2          Mandacaru
                      D              115         44      38,7    3          Jequiezinho
  TOTAL               4              510         150    29,41    8                  4



3. 3 Instrumentos da pesquisa
           Foram utilizados dois instrumentos de coleta de dados: o questionário e a
entrevista semi-estruturada.
           O questionário foi aplicado aos educandos e a escolha se deu, em virtude do
mesmo possibilitar atingir um grande número de alunos, garantindo seu anonimato e não os
expondo a influência de opiniões (GIL, 1999). O questionário foi composto por questões
fechadas e abertas, perfazendo um total de 12 questões sobre a contribuição da disciplina para
a vida do aluno, estratégias metodológicas utilizadas pelos professores, temas estudados,
participação em sala de aula (apêndice A).
           Aos educadores foi aplicada a entrevista semi-estruturada (gravada e feita
individualmente com cada educador). Utilizou-se um roteiro amplo, com 20 questões,
cobrindo diversos aspectos do fenômeno estudado. Por meio de suas respostas, os informantes
revelaram sua representação sobre a realidade, suas experiências e percepções básicas
(apêndice B).
           A técnica supracitada permitiu que a ordem das questões fosse modificada de
acordo com o andamento da entrevista, tornando-a desta maneira mais flexível para explorar
as informações e idéias consideradas mais interessantes ou inesperadas e que foram
levantadas pelos informantes.
           A entrevista também permitiu ao entrevistado descrever o que considerava
significativo, usando seus próprios critérios e palavras, sem ficar restrito a categorias
fechadas. Para tanto fez-se necessário o esclarecimento sobre o exato significado do que se
pretendia conhecer, tomando as perguntas mais acuradas e as respostas mais fidedignas (GIL,
1999).
27



3.4 Operacionalização da pesquisa
               Inicialmente, foi feita uma visita a Secretaria Municipal de Educação do município
de Jequié-BA, a qual forneceu o nome das escolas e as séries trabalhadas nessas escolas. Foi
um total de 10 escolas localizadas na sede que apresentavam o ensino fundamental até a 8ª
série. Como já mencionado, a pesquisa foi feita em 4 escolas. Aproveitou-se para saber um
pouco sobre a implementação da disciplina Educação para a Sexualidade.
               De acordo com as informações obtidas, a disciplina surgiu a partir de uma
experiência, no ano de 2004, numa escola piloto - Ginásio Municipal Dr. Celi de Freitas,
localizada no bairro do Jequiezinho. A pesquisadora deste trabalho era uma das professoras da
referida Unidade Escolar que ministrava as aulas de Orientação Sexual no turno noturno. Esta
experiência foi proposta por uma ONG – GAPA-BA (Grupo de Apoio a Prevenção a AIDS),
a qual nos forneceu algumas orientações para o trabalho.
               Os encontros de Orientação Sexual ocorriam quinzenalmente alternando com as
aulas da disciplina Ensino Religioso. A experiência foi muito bem aceita pelos adolescentes
do Ensino Fundamental II da 5ª a 8ª série. No ano seguinte, a disciplina foi implantada em
todas as escolas do município, agora com outra denominação Educação para a Sexualidade,
na área de conhecimento da parte diversificada no currículo do Ensino Fundamental II nas 7ª
e 8ª séries, com uma carga horária de duas horas semanais. Para as 5ª e 6ª séries foi colocada
uma outra disciplina. A Secretaria informou ainda, que estão estudando a possibilidade do
oferecimento da disciplina nas 5ª e 6ª séries a partir de 2007, já que os adolescentes na faixa
de 11 e 12 anos de idade têm maturidade para se falar de temas relacionados à sexualidade,
além do que, nessa faixa de idade já se encontram adolescentes que iniciaram sua vida sexual
chegando a ter uma gravidez não planejada.2
               Os PCN deixam bem claro que:
                              A partir da 5ª série, além da transversalização já apontada, a Orientação Sexual
                              comporta também uma sistematização e um espaço específico. Esse espaço pode
                              ocorrer, por exemplo, na forma de uma hora-aula semanal para os alunos (dentro ou
                              fora da grade horária existente, a depender das condições de cada escola). Da quinta
                              série em diante, os alunos já apresentam condições de canalizar suas dúvidas ou
                              questões sobre sexualidade para um momento especialmente reservado para tal, com
                              um professor disponível. Isso porque, a partir da puberdade, os alunos também já
                              trazem questões para refletir sobre temáticas como aborto, virgindade,
                              homossexualidade, pornografia, prostituição e outras (BRASIL, l998, p. 308).

               De posse do nome das escolas e suas localizações foi feito um primeiro contato
por telefone buscando saber os horários de funcionamento, as séries trabalhadas e o número
de professores que lecionavam a disciplina Educação para a Sexualidade. Daí então, partiu-se

2
    Informação verbal obtida junto à Secretaria Municipal de Educação.
28



para a seleção das escolas e os critérios foram: a localização geográfica, ou seja, por bairros;
as escolas de grande porte, as que tinham o maior número de professores e as que possuíam a
8ª série, público-alvo da pesquisa, por já ter maior experiência em virtude de ser o segundo
ano que tem a disciplina no seu currículo.
           Uma das primeiras escolas a ser visitada foi a escola A, localizada no bairro
Joaquim Romão, escola essa em que a pesquisadora lecionou no início de sua carreira, em
1985, a disciplina Ciências e permanecendo lá por 13 anos. A pesquisadora foi recebida pela
vice-diretora do turno vespertino, pois o diretor não se encontrava no momento e conversou
com a mesma sobre o motivo da visita, apresentando-lhe o termo de esclarecimento e
consentimento da pesquisa. A vice-diretora encaminhou a pesquisadora à coordenação
pedagógica, em que foi surpreendida ao saber que a coordenadora era uma ex-aluna e que
hoje, além de estar atuando como coordenadora substituta atua também como professora de
Ciências e Educação para a Sexualidade no turno vespertino, do qual se encontra de licença,
lecionando apenas no turno noturno. A pesquisadora ficou muito lisonjeada e emocionada,
primeiro por estar retornando a escola que a despertou para a arte de ensinar e, em segundo,
por entrevistar uma ex-aluna, agora professora.
           Nas demais escolas, a pesquisadora realizou os mesmos procedimentos. Nas
visitas, ela pode encontrar ex-alunos atuando como professores, ex-colegas de caminhada e
colegas da época de faculdade, os quais receberam a pesquisadora de braços abertos.
           As visitas às escolas não se restringiram apenas em uma só vez, foram várias vezes
que teve que retornar para completar as atividades, pois alguns professores se encontravam
em sala de aula e não podiam deixar seus alunos sozinhos ou ainda por não encontrar os
alunos e professores. Estas ausências eram justificadas pela direção das escolas como sendo
final de ano. Alguns professores aplicaram atividades avaliativas e os alunos eram liberados
em seguida, outras vezes por falta de professor os horários terem sido adiantados.
           Antes de distribuir os questionários aos educandos foram explicados os
verdadeiros motivos da pesquisa por intermédio da leitura dos termos de esclarecimento e
consentimento. Os alunos foram bastante receptivos, demonstraram um grande interesse em
participar da pesquisa, porém alguns ficaram preocupados em a professora ter acesso aos
questionários, aos quais fora esclarecidos que somente a pesquisadora e os orientadores teriam
este acesso.
           O mesmo se procedeu com as educadoras. Antes de iniciar as entrevistas, a
pesquisadora conversou com as entrevistadas deixando-as cientes do que se tratava, ou seja, o
objetivo da pesquisa. Alguns professores se encontravam em sala de aula tendo que retornar
29



em um outro horário, de preferência no horário da coordenação pedagógica. Aquelas que
estavam disponíveis não demonstraram muito interesse de início, mas mesmo assim
participaram da pesquisa.
           Algumas professoras ficaram temerosas com o objetivo do trabalho, quando o
apresentei como um estudo avaliativo da disciplina Educação para a Sexualidade, alguns
fizeram um longo desabafo tipo:
           “A Secretaria nos jogou no peito a disciplina e não deu suporte nenhum, a não ser
uns encontrozinhos que não teve nada de novo, aquilo que nós já estamos cansados de saber
e já trabalhamos”.
           Para tentar amenizar a situação coloquei o seguinte:
           “Mas eu não estou aqui pela Secretaria de Educação, apesar de ser professora do
município e também lecionar a disciplina, eu estou aqui como pesquisadora, quem sabe
através desta pesquisa nós não poderemos reverter a situação, buscar soluções, apontar
novos caminhos?”
           A professora retrucou:
           “Nada disso, eles que inventaram a disciplina que procurem resolver os
problemas, não sou eu nem você que vamos apresentar soluções”.
           Com esse diálogo e muitos outros, percebeu-se que os professores não tiveram um
contato prévio para se discutir a implementação da disciplina ou até mesmo se tinham
interesse de trabalhar com a mesma.
           De início, foram contactados nove professoras e todas participaram da pesquisa,
porém, foi necessário excluir uma das professoras, pois a mesma não fazia parte do quadro
funcional da escola, ou seja, estava em período de substituição de uma professora que atua no
turno vespertino e no noturno. Esta professora substituta, na verdade, foi a primeira professora
entrevistada, a mesma demonstrou uma grande afinidade com a disciplina e um bom
relacionamento com os alunos e alunas.

3.5. Análise dos dados
           Após a coleta de dados, passou-se para a análise dos dados adquiridos durante as
entrevistas, pois segundo Gil (1999, p. 166), “a análise tem como objetivo organizar e
sumariar os dados de forma tal que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema
proposto para investigação”.

           Assim, dentro do enfoque qualitativo para a análise dos dados, separou-se todas as
falas dos entrevistados e agrupou-se aquelas que se co-relacionavam, após isso definiu-se as
30



categorias e as subcategorias a serem trabalhadas, para então partir para a análise de conteúdo
que segundo Gomes (1994, p. 74):

                        Podemos destacar duas funções na aplicação da técnica. Uma se refere à verificação
                        de hipóteses e/ou questões. Ou seja, através da análise de conteúdo, podemos
                        encontrar respostas para as questões formuladas e também podemos confirmar ou
                        não as afirmações estabelecidas [...]. A outra função diz respeito à descoberta do que
                        está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo
                        comunicado. As duas funções podem na prática se complementar e podem ser
                        aplicadas a partir de princípio da pesquisa quantitativa ou da qualitativa.
           Assim pode se dizer que de acordo com essa análise, deve-se tentar enxergar
aquilo que não foi explícito por meio das palavras, enxergar o sujeito do estudo como um
todo, em seu nível bio-psico-social.
           Portanto, nessa pesquisa acadêmica procurou-se descrever as falas e sentimentos
dos sujeitos, para que se pudesse interpretá-los de uma maneira geral, além de refletir sobre os
resultados obtidos.
           A análise dos dados foi dividida em duas partes: Parte I: Perspectivas da
disciplina Educação para a Sexualidade na visão dos educandos: a) Identificação dos
educandos, b) Contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a vida do
educando, c) Escolha dos conteúdos, d) Participação dos educandos nas aulas de E.P.S.; e)
Metodologias utilizada pelos educadores, f) Temas estudados em E.P.S. e g) Avaliação das
aulas. Parte II Perspectiva da disciplina E.P.S. na visão dos educadores: a) Identificação
das educadoras; b) Formação acadêmica, c) Tempo que ministra a disciplina, d) Critérios para
a escolha do profissional que ministrará a disciplina E.P.S., e) Interesse em lecionar a
disciplina f) Formação continuada feita pelos educadores, g) Objetivos da disciplina Educação
para a Sexualidade; h) Planejamento das aulas; i) Conteúdos trabalhados; j) Critérios para a
seleção de conteúdos, k) Estratégias metodológicas e suas finalidades; l) Participação dos
educandos e como são avaliados nas aulas de E.P.S; m) Aspectos positivos e negativos da
disciplina E.P.S, n) Dificuldades em ministrar a disciplina; n) Entendimento do termo
Educação para a Sexualidade.


3.6 Questões éticas na pesquisa
           As questões éticas envolvidas nesse estudo acadêmico estão respaldadas pela
Resolução 196/96, que versa sobre aspectos ético e profissional de pesquisas envolvendo
seres humanos.
           Segundo esta resolução, os sujeitos da pesquisa têm seu anonimato garantido
mediante sigilo e não divulgação de seus nomes, protegendo assim sua imagem. Foram
31



respeitados os seus valores culturais, sociais, morais, religiosos, éticos, bem como hábitos e
costumes. Os sujeitos foram informados dos objetivos da pesquisa e que eram livres para
afastar-se da pesquisa no momento que desejarem sem prejuízos de qualquer ordem.
           Conforme a referida resolução a realização da pesquisa nas instituições foi
autorizada pela direção e os docentes e discentes participantes assinaram o termos de
consentimento.
32




claudia.abril.com.br/.../fwa/1152542472983_4.jpg


                      “Temos meninos e meninas muito preparados
                                   para o futuro, mas completamente
                                     despreparados para o presente”.
                                             Ricardo de Castro e Silva
33



4. RESULTADOS

4.1 PARTE I
Perspectivas da disciplina Educação para a Sexualidade (E.P.S.) na visão dos educandos


a) Identificação dos educandos
                     O questionário foi aplicado a 150 educandos dos quais 40% eram homens e 60%
mulheres com a faixa etária entre 13 a 32 anos, tendo um maior índice entre 13 a 16 anos de
idade perfazendo um total de 64,7%. A faixa etária de 17 a 32 anos é de educandos e
pertencentes ao turno noturno podendo ser encontrados adolescentes também neste turno, bem
como jovens de 17 e 18 anos no diurno, conforme tabela e figura abaixo:
Tabela 02: Sexo e faixa etária dos educandos participantes da pesquisa.
                                                     FAIXA ETÁRIA
                                                                                                  Total
SEXO                     [13 - 16] [17- 20]                [21 - 24]      [25 - 28]   [29 - 32]   geral
Mulher                      61        20                       5              1           3         90
Homem                       36        15                       2              5           2         60
TOTAL                       97        35                       7              6           5        150


                                 Identificação dos Educandos


               70
               60
               50
   Nº alunos




               40
               30
               20
               10
               0
                    [13 - 16]   [17 - 20]    [21 - 24]     [25 - 28]   [29 - 32]   Mulher
                                            Faixa etária                           Homem


Figura 1: Sexo e faixa etária dos educandos participantes da pesquisa



b) Contribuição da disciplina E.P.S. para a vida do educando
                     Esta categoria e suas respectivas subcategorias surgiram a partir das análises dos
questionários respondidos pelos educandos os quais puderam afirmar se há ou não
contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a sua vida e a formação da sua
sexualidade.
                     Dos 150 educandos pesquisados, 147 afirmaram que a disciplina E.P.S. contribui
para a sua vida na formação da sua sexualidade, perfazendo um total de 98% dos educandos,
34



os quais justificaram de diferentes maneiras. As justificativas dos alunos estão descritas na
tabela 3.
Tabela 3: Justificativas da importância da disciplina E.P.S para a vida do educando.
                       SUBCATEGORIAS                               Porcentagem
 1. Prevenção às ISTs/Aids e a gravidez precoce.                            32
 2. Aquisição de novos conhecimentos e sanando dúvidas.                     20
 3. Desenvolvimento da sexualidade de forma plena.                          8,7
 4. Compreender melhor as mudanças do corpo.                                5,3
 5. Favoreceu o conhecimento e crescimento pessoal.                         5,3
 6. Importância do sexo e sexualidade.                                      4,0
 7. Pensar sobre as escolhas e tomadas de decisões.                         2,7
 8. Acabar com os tabus e mitos.                                            1,3
 9. Diálogo com o parceiro.                                                 0,7
 10. Reconhecimento que a adolescência é uma fase complicada.               0,7
 11. Não responderam.                                                       2,0
 12. Não justificaram                                                      22,7

            Nos depoimentos supracitados observa-se a prevenção às ISTs e gravidez precoce
com um percentual de 32%, o que remete a visão das correntes médicas e higienistas que
pregavam a necessidade de uma Educação Sexual eficaz no combate à masturbação e às
doenças venéreas e que preparava a mulher para desempenhar adequadamente o papel de
esposa e de mãe. É o que revela a literatura segundo Barroso e Bruschini (1992) citadas por
Sayão (1997).
            A seguir veja o depoimento de alguns alunos quanto a contribuição da disciplina
Educação para a Sexualidade para a sua vida e a formação da sua sexualidade:
            “Eu fiquei conhecendo vários tipos de doenças que não conhecia e como se
previnir de cada uma delas” (A. 20).
            “Mostrando o conhecimento sobre sexo e orientando os alunos a se prever das
doenças D.S.T e Aids” (A. 28).
            “Contribui e muito, porque eu fico atenta com as doenças, o conselho também é
muito bom a prevenção gravidez na adolescência tudo isso inclui em nossas vidas” (A. 71).
            Os adolescentes e jovens relatam também a importância da aquisição de novos
conhecimentos, informações esclarecedoras que a escola dispõe, afirmando que neste espaço
tem encontrado o apoio e abertura não encontrada nas famílias, às vezes, talvez por vergonha
ou ainda a maneira de se expressar dos pais, perfazendo um total de 20%.
            Percebe-se aqui que a educação não está visando apenas a prevenção, mas também
a informação e comunicação, permitindo o desenvolvimento da sexualidade de forma
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responsável e saudável: “Muitas vezes tenho algumas dúvidas, e no decorrer das aulas,
passamos a conhecer mais o nosso corpo, os pontos positivos, negativos, enfim passamos a
ter mais conhecimento nessa área” (A. 124).
            “De forma objetiva porque muitas vezes os nossos pais não tem uma forma de se
expressar sobre este assunto e no colégio temos essa oportunidade.” (A. 84)
            “Pois ela nos explicar melhor coisas que as vezes nosso pais tem vergonha de
falar” (A. 101).
           A educação dada pelos pais, muitas vezes, vem acompanhada de tabus,
preconceitos, falta de informação oriundos da sua formação pessoal e social, arraigados de
várias gerações onde a repressão sexual estava presente com mais freqüência. Conforme nos
revela Chauí (1984, p. 9) citada por Santos e Bruns (2000, p. 14) a repressão sexual é um
“conjunto de interdições, permissões, valores regras estabelecidos histórica e culturalmente
para controlar o exercício da sexualidade”.
           “Eu aprendi que o sexo é muito importante na nossa vida, mas é preciso se
prevenir” (A.23).
            “Nas minhas decisões, nas minhas atitudes, na forma de pensar”. (A. 116)
           Observando o depoimento do aluno 116, o mesmo afirma que a disciplina
contribuiu nas decisões, nas atitudes, na forma de pensar. Retoma-se a fala de Cavalcanti
(1990, p. 400) que define atitude segundo Brown “como sendo a disposição para agir de
forma favorável ou desfavorável, em relação a um determinado objeto”. E quanto ao
comportamento “a resposta emitida ou eliciada pelo indivíduo, face a uma estimulação do
meio ambiente”. Então percebe-se que o adolescente é capaz de mudar o seu comportamento
com no que ouve, nas informações adquiridas, podendo mudar a sua forma de pensar.
           Nas atitudes, há três componentes os quais mantém uma inter-relação: o cognitivo
(o pensar), o afetivo (o sentir) e o conativo (o tender a agir), então aquilo que o indivíduo
pensa, depende muito de suas vivências e da aprendizagem no meio social mediante os fatos
experienciados ou aprendidos, o adolescente começa a estruturar seu pensamento acerca do
que foi trabalhado, seja os contraceptivos, a prevenção contra as ISTs/AIDS e as drogas. Daí a
mudança de comportamento e crescimento pessoal citada por muitos dos adolescentes
pesquisados (CAVALCANTI, 1990).
           Observe o depoimento dos alunos:
           “A cada aula dada eu sempre mim informo mais e sempre retenho o que há de
bom para minha vida e faço grande uso do que eu aprendo para o meu crescimento” (A. 8).
           “A prendi a pensar melhor antes de fazer as minhas escolhas” (A. 13).
36



           Reporta-se à fala de Souza (2003, p. 107): “Os programas de Orientação Sexual
devem colaborar com a possibilidade de o educando realizar-se, abrindo a capacidade de
escolha, harmonizando a vida e a personalidade, buscando o conhecimento de si.” Com base
nesse conhecimento, ele tem possibilidade de decidir, de escolher e buscar novos caminhos.
           Outros depoimentos relatam a importância em diversos segmentos: como a
compreensão da mudança do corpo, favorecimento do crescimento pessoal, a prática do sexo
seguro, o diálogo com o parceiro, acabar com os mitos e tabus, etc.
           “A cada ano que se passa mudamos, nossos corpos se tornam mais definidos e
com a aula de E.P.S. entendemos porque acontece tudo isso” (A. 1).
           “Assim eu aprendo mais sobre o meu corpo e tenho consiência sobre uma relação
sexual”(A. 3).
           “Me ajudou a entender mais as coisas que eu tinha dúvidas e a aprender
bastante, fiquei menos preocupada, porque aprendi tudo que queria saber” (A. 62).
           “Porque nós estamos aprendendo o que se pode fazer, e o que não podemos fazer
e quais são os mitos e as verdades sobre nossa sexualidade” (A. 79).
           Observa-se pelos depoimentos o grau de importância que a disciplina Educação
para a Sexualidade (E.P.S.) tem para a vida dos jovens e adolescentes, não apenas na questão
da prevenção à saúde, mas também na mudança de comportamento, crescimento pessoal e
aquisição de novos conhecimentos.
           Apenas 2% dos educandos pesquisados afirmaram que a disciplina não contribui
para as suas vidas e como justificativa utiliza-se a fala de um deles: “não aprendi nada, é
coisa que discutimos diariamente” (A. 37).
           Sabe-se que a mídia, representada nas suas mais diversas modalidades, apresenta
os temas ligados à sexualidade de modo parcial e pouco aprofundados, um reflexo do que se
passa na sociedade, de forma liberal, mas, não favorece um espaço adequado para uma
reflexão e discussão de tema tão complexo e tão atual.
           Apesar de alguns alunos afirmarem que por serem assuntos do nosso cotidiano,
não apresentam dúvidas, acredita-se que a maneira como esses conteúdos estão sendo
trabalhados, pode não estar despertando o componente conativo “o tender a agir”, que está
intimamente ligado ao “pensar” e “sentir”, segundo Cavalcanti (1990).
37



c. Escolha dos conteúdos
                        Perguntou-se aos educandos quem escolhe os conteúdos a serem trabalhados. Pela
análise da figura abaixo, constata-se que a escolha dos conteúdos é feita pelos educadores
com a participação dos alunos perfazendo um total de 38,7%. Cerca de 32% afirmaram que a
escolha é feita, exclusivamente, pelo professor e 22,7% do alunado não souberam responder
como é feita a escolha dos conteúdos.

                                   Escolha dos conteúdos

                                                              Professor e aluno
                   70
                                                              38,7%
                   60                                         Professor 32%

                   50
                                                              Não sei responder
    Nº de alunos




                   40                                         22,7%

                   30                                         Sec. de Educ. e
                                                              Coord. Pedagógica
                                                              4,7%
                   20                                         Aluno 1,3%

                   10
                                                              Não respondeu
                    0                                         0,7%


Figura 2: Pessoas que toma decisões sobre a escolha dos conteúdos


                        É muito importante que os alunos participem da escolha dos conteúdos, pois assim
terão possibilidade de tirar suas dúvidas e saciar as suas curiosidades. Conforme o
pensamento de Souza (2003) os conteúdos serão escolhidos:
                                   [...] com ajuda dos alunos, o temário que os atenda com informações biológicas,
                                   sociais e psicológicas. Ver os temas de maior interesse e discuti-los pela ordem
                                   prioritária tentando esclarecer mitos e preconceitos, discutir sentimentos,
                                   responsabilidades frente à sua sexualidade e à do outro e relacionamentos (p. 106).

                        É uma oportunidade que os alunos têm de escolher os conteúdos a serem
trabalhados não ficando apenas em cargo dos professores, pois estes na verdade assumirão o
papel de mediador, que na realidade é uma postura não muito fácil de atingir. É muito mais
fácil responder prontamente a um questionamento do que incitá-lo a chegar ao conhecimento
por si mesmo e ainda corre-se o risco de responder questões que nem sequer foram feitas. De
acordo com Macedo (2003), o professor deverá ter a preocupação de organizar os temas,
respeitando critérios que mudam de acordo com a faixa etária.
38



d. Participação dos educandos nas aulas
                         Quanto à participação dos educandos nas aulas, 61,3% responderam que
participam ativamente; 30,7% participam pouco; 3,3% não responderam; 2,7% dos alunos
afirmaram que não participam das aulas e 2% apontou outras possibilidades, conforme figura
abaixo:

                              Participação nas aulas de E.P.S

                                                             Participam
                   100                                       ativamente 61,3%
                    90
                                                             Participam pouco
                    80                                       30,7%
                    70
                                                             Não respondeu
    Nº de alunos




                    60                                       3,3%
                    50
                                                             Não participam
                    40                                       2,0%
                    30                                       Outros 2,0%
                    20
                    10                                       Não podem
                     0                                       interferir 0,7%


Figura 3: Participação dos educandos nas aulas de E.P.S.


                         As atividades desenvolvidas, seja qual for a área, devem ter uma preocupação com
a receptividade da turma. Como diz Souza (2003), este será o termômetro do método. A
mesma ainda esclarece:
                                    Para que a educação ou orientação corra bem, é sempre bom especificar
                                    completamente o que se deseja ensinar, reformular ou questionar. É necessário que o
                                    ensino se torne aprendizagem. Um objetivo só será atingido quando envolver
                                    comportamentos, reforçados pela participação dos jovens em espaços abertos, na
                                    sala de aula e em casa, para que possam usar o que aprenderam (p. 115).

                         Para que a participação dos adolescentes e jovens seja efetiva, os educadores
precisam estimulá-los de alguma maneira. Perguntou-se então aos educandos se os
professores estimulam a participação deles em sala de aula.
39




                Estimulo à participação dos alunos




                                                SIM 89,3%
                                                NÃO10%
                                                Não respondeu,0,7%


Figura 4: Estímulo à participação dos alunos.


           Observando-se a figura acima, percebe-se que a participação dos educandos
durante as aulas é estimulada pelos educadores perfazendo um percentual de 89,3%. 10%
afirmaram que não são estimulados a participar e apenas 0,7% não responderam a questão. De
acordo os depoimentos dos educandos foram elaboradas as subcategorias desta questão:


Tabela 04: Formas de estimular a participação nas aulas de E.P.S.
                      SUBCATEGORIAS                                      Porcentagem

 1. Através do diálogo, perguntando e tirando as dúvidas.                     25,3
 2. Diversificando as aulas.                                                   16
 3. Fazendo discussão dos assuntos e chamando a atenção.                       14
 4. Apresentando temas polêmicos e interessantes                               5,3
 5. Trazendo pessoas de fora para ministrar palestras                          1,3
 6. A postura do professor.                                                    1,3
 7. Estabelecendo as regras de boa convivência.                                0,7
 8. Não respondeu à questão                                                    0,7

           Percebe-se que os educandos se sentem estimulados a participar das aulas quando
o educador permite um diálogo aberto e se utiliza de técnicas variadas, fugindo das aulas
tradicionais.
           É necessário que os educadores tenham em mente que é importante a participação
dos alunos em sala de aula e para isso devem estar atentos a alguns fatores segundo relata
Souza (2003):
                         [...] levar em conta os interesses e motivações dos alunos para que sejam ativos e
                         participativos, estimulando o diálogo e criando um ambiente aberto, de confiança. É
                         bom lembrar que gestos e comentários que acompanham as explicações são
40


                        percebidas e captadas pelos alunos. Eles percebem o que está nas entrelinhas (p.
                        115).

           Observe alguns depoimentos dos alunos:
           “Fazendo perguntas e deixando o diálogo aberto para a pergunta” (A. 33).
           “Ela pede nossa opinião, faz perguntas e traz uma caixa para por as perguntas
que temos dúvidas” (A. 94).
           “Fazendo dinâmicas e seminários” (A. 1).
           “Além de atividades de casa e de classe a professora estimula a participar, não só
com livros e sim jogos e pesquisas e também ceminários” (A. 58).
           O educador tem que estar atento às necessidades dos educandos quanto aos temas
trabalhados e às técnicas aplicadas a determinados temas. Podem existir assuntos polêmicos
em que o educador deverá se conter e não dar respostas prontas, mas sim levá-los a tomar
suas próprias decisões e formular seus conceitos.
           “Ela sempre trás assuntos divertidos, polêmicos e interessante para a aula ficar
diferente” (A. 8).
           “A professora é show que ela é verdadeiramente... um estou ensinando e quase
todo mundo quer discutir também” (A. 80).
           Os alunos apontam a postura do professor em sala de aula, afirmando que o
mesmo é muito humorado e alegre, ponto muito interessante. Não seria válido que o professor
fosse para a sala de aula com suas preocupações e angústias. É necessário que o mesmo faça
uma reflexão sobre sua sexualidade, tabus, preconceitos, medos, aflições para não passar
essas visões para os adolescentes. Ensinar com amor, ser sensível a ponto de perceber o que o
aluno quer, entrar em uma sala discutir sobre diferentes assuntos e sair com a consciência
tranqüila e feliz com o que fez (SOUZA, 2003).
           Uma pequena parcela, perfazendo um total de 10% dos educandos, afirma que o
educador não estimula a sua participação nas aulas e 1% não respondeu a questão. Como
justificativas apontaram alguns fatores, entre eles: postura do professor, o uso de aulas
tradicionais e trabalhar com assuntos já vistos.
            “Ela não deixa nem a gente dar nossa opinião” (A. 104).
           “Porque ela fica na sala conversando sobre outros assuntos e não procura saber
se a gente está entendendo ou não os assuntos” (A. 120).
           “Na minha sala é diferente porque ela só escreve no quadro, mas nas questões
que ela fala nós ouvimos atentamente” (A. 108).
41



            Assim como alguns educandos apontaram a postura do professor e o não uso das
aulas tradicionais, sendo pontos positivos para estimular a participação dos mesmos em sala
de aula, outros apontaram estes mesmos fatores como sendo os responsáveis por sua não
participação nas aulas.
            Observe o depoimento do aluno 124:
            “A aula às vezes fica um pouco chata, alguns assuntos que eu já estudei antes,
então não estimula muito, mas há várias coisas importantes também”.
            Observando o depoimento deste aluno, percebe-se a falta de estímulo devido à
repetição de assuntos, porém não descartando a hipótese de que há várias coisas interessantes,
também. Para que haja uma aprendizagem significativa deve-se levar em conta o
conhecimento prévio dos alunos, ou seja, suas vivências e experiências e não apenas acúmulo
de conhecimentos. Mesmo com a repetição dos assuntos percebe-se que os alunos
reconhecem a importância de muitos destes.
            Para Ausubel (apud MOREIRA & MANSINI, 1982), a aprendizagem significativa
é um processo pelo qual uma nova informação se relaciona com um aspecto relevante da
estrutura de conhecimento do indivíduo. Por isso, o fator isolado mais importante a
influenciar a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. “Verifique-se o que ele já sabe
e ensine-o a partir daí”. Daí a importância do diálogo, das aulas participativas, pois é por
intermédio dessas metodologias que o educador obterá informações dos conhecimentos
prévios dos educandos.
            Portanto, torna-se necessário que se empreguem metodologias que provoquem
modificações no comportamento e atitudes dos alunos, para que estes possam vir a
desenvolver sua sexualidade plenamente.


e. Estratégias metodológicas utilizadas pelos educadores
            Segundo os educandos, são diversas as estratégias metodológicas utilizadas pelos
educadores para ministrar suas aulas. 62,7% apontaram a dinâmica de grupo, 45,3%
apontaram estudos dirigidos, 41,3% exposição participada, 26% seminários, 20% as aulas
expositivas, 12% jogos e 8,7% se utilizam de outras estratégias como: pesquisas, debates,
dramatizações, palestras, filmes, trabalhos em grupos. Vale salientar que essas estratégias são
bastante variadas, um mesmo professor pode utilizar várias estratégias em suas aulas. Observe
a tabela a seguir:
42



Tabela 05: Estratégias metodológicas utilizadas pelos professores na disciplina E. P. S.

    METODOLOGIAS                      Nº de ALUNOS                       Porcentagem
    Dinâmicas de grupo                        94                              62,7
      Estudos dirigidos                       68                              45,3
   Exposição Participada                      62                              41,3
         Seminários                           39                               26
       Aula expositiva                        30                               20
             Jogos                            18                               12
             Outros                           13                               8,7


             As estratégias metodológicas utilizadas pelos educadores são de fundamental
importância para o aprendizado do aluno, já que não seria pertinente num trabalho de
orientação sexual em que os educadores se valessem apenas das aulas expositivas ou leitura
de textos enfadonhos.
             Segundo a ótica de Souza (2003):
                         Ninguém aprende só com uma explicação ou com a leitura de um texto. O reforço da
                         aprendizagem deve ser com materiais que usem vários canais de entrada: visão,
                         audição e outros para garantir a atenção. Ouvir o que está sendo dito, ver uma
                         ilustração, eslaide ou vídeo, estar atento, anotando (atividade motora) são caminhos
                         diversos que levam os estímulos até o cérebro e vão sendo gravados (p. 115).

             A orientação sexual não pode se limitar a aspectos meramente informativos. Ela
exige um debate de idéias sobre valores pessoais e sociais e deve facultar aos seus
destinatários os dados necessários para que estes definam o seu próprio quadro de referências,
definidor das opções individuais.
             Barroso (1982) citada por Silva (2002) faz uma ressalva quanto a importância do
trabalho de Orientação sexual com valores e atitudes, tanto para com o aluno como com o
professor:
                         É importante que um programa de OS se apóie no conhecimento do universo de
                         valores, atitudes e informações, subjacentes aos comportamentos dos estudantes e de
                         seus professores, não limitando seus objetivos a questões de reprodução e incluindo
                         uma questão do significado mais amplo da sexualidade para o indivíduo e para a
                         sociedade” (p. 28).
Ensino de sexualidade nas escolas públicas de Jequié
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Ensino de sexualidade nas escolas públicas de Jequié

  • 1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação Departamento de Ciências Biológicas CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E O ENSINO DE CIÊNCIAS MARIA JOSÉ SÁ BARRETO QUEIROZ
  • 2. 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação Departamento de Ciências Biológicas CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E O ENSINO DE CIÊNCIAS MARIA JOSÉ SÁ BARRETO QUEIROZ Pesquisa Monográfica apresentada ao Curso de Pós- Graduação Lato Sensu em Ensino de Ciências “A Construção do Conhecimento e o Ensino de Ciências” da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Campus de Jequié, como avaliação final para obtenção do título de Especialista em Ensino de Ciências. Área de concentração: Biologia Orientador: Prof. Dr. Marcos Lopes de Souza Co-orientador: Prof. Ms. Josmar Barreto Duarte JEQUIÉ – BA JUNHO/2007
  • 3. 2 MARIA JOSÉ SÁ BARRETO QUEIROZ APROVADO ______/______/_____. JEQUIÉ – BA JUNHO/2007
  • 4. 3 COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr. Marcos Lopes de Souza Prof. Orientador ___________________________________________________________________ Prof. Ms. Josmar Barreto Duarte Prof. Co-orientador ___________________________________________________________________ Profª. Drª. Ana Cristina Santos Duarte Parecerista Jequié – BA _________de ________________2007
  • 5. 4 DEDICATÓRIA Dedico ao meu esposo Evandro que tanto me incentivou nesta caminhada e que soube compreender as minhas faltas. E ao meu filho Gabriel pela paciência nos momentos ausentes, pelo amor, carinho e apoio de ambos.
  • 6. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço - ao Senhor meu DEUS por ter permitido que eu conquistasse mais este objetivo, pois tenho a certeza que sem a permissão e orientação divina eu jamais chegaria até aqui. - aos dois grandes amores da minha vida meu filho e meu esposo que privei da minha companhia deixando muitas vezes de estar expressando a nossa sexualidade. - ao Prof. Dr. Marcos L. de Souza por ter me orientado e me encaminhado com toda paciência e dedicação de mestre e que por muitas vezes deixou sua tese de doutorado para responder aos meus e-mail. - ao Prof. Ms. Josmar Duarte por ter dado o norte na literatura própria para o estudo da Orientação Sexual na Escola. - à Profª. Dr. Ana Cristina, carinhosamente Tina, que muito me ajudou com suas explicações e experiência. - aos meus alunos do Ginásio Municipal Dr. Celi de Freitas, onde comecei as minhas pesquisas, pois precisava de uma base teórica para desenvolver o meu trabalho, mesmo com dificuldades, mas com pertinácia, tendo a certeza do dever cumprido, apesar de não ter sido reconhecido por muitos, não digo os alunos, pois estes tenho a certeza que contribui para a construção da sua sexualidade permitindo sua vivência de modo responsável buscando a realização plena no seu desenvolvimento. - aos meus alunos do IERP onde desenvolvo o Projeto de Sexualidade – Renas-Ser – Responsabilidade e Naturalidade na Sexualidade do Ser, os quais foram meus “cobaias” na prévia da pesquisa. - à direção anterior do IERP – Prof. Nerivan, Profª. Soraia Argolo e Rita Leto, que sempre acreditaram no meu trabalho e souberam compreender as minhas ausências quando necessárias. - à coordenação do IERP – Cynara Cabral e Valéria Cosme que reconheceram e confiaram no meu trabalho e me deram o maior apoio no desenvolvimento do projeto de sexualidade e também nesta pesquisa. - aos educandos e educadoras, sujeitos da pesquisa, que me receberam de maneira receptiva e que muito me ensinaram. - aos diretores das escolas selecionadas que abriram as portas e permitiram que a pesquisa se realizasse.
  • 7. 6 - a Secretaria Municipal de Educação em especial à Profª. Sandra Figueirêdo que me atendeu por diversas vezes prontamente. - ao Conselho Municipal de Educação, na pessoa da Profª. Daniele Freire que esteve sempre receptiva às minhas visitas. - à minha mãe e meus irmãos que por muitas vezes deixei de estar presente nas confraternizações de família. - à minha irmã Nadja Nara que muito me ajudou com sua experiência e orientações. - à Erdy Ana amiga e irmã de fé que com suas mensagens de incentivo e orações me proporcionou muitos momentos de reflexão. - à Igreja Batista Sião, em nome da classe Débora que muito me ajudou com suas orações e compreendeu a minha ausência em algumas atividades. - à minha sogra D. Maria e Tio Zé que estavam sempre presentes nas minhas ausências em casa, tomando conta do meu pequenino. - aos meus colegas do curso pelo apoio, amizade e companheirismo. - aos funcionários e monitores do curso que nos atendiam tão cordialmente. - aqueles e aquelas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. A todos vocês meu muito obrigada e que Deus possa estar derramando ricas bênçãos em suas vidas.
  • 8. 7 ADOLESCENTE Adolescente é adrenalina que agita a juventude, tumultua os pais e os que lida com ele. Adrenalina que dá taquicardia nos pais, depressão nas mães, raiva nos irmãos, que provoca fidelidade nos amigos, desperta paixão no sexo oposto, cansa os professores, experimenta novidades, desafia os perigos, revolta os vizinhos... O adolescente é pequeno demais para as grandes coisas, grande demais para pequenas coisas. Içami Tiba
  • 9. 8 RESUMO Este trabalho constituiu-se em uma pesquisa qualitativa que teve como objetivo analisar a abordagem (visão de sexualidade, seleção de conteúdos, estratégias metodológicas e facilidades/dificuldades em ministrar a disciplina) dada ao tema “Sexualidade” pelos educadores e a contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a vida dos educandos das escolas públicas municipais da cidade de Jequié – BA. Foram utilizados dois instrumentos de coletas de dados: o questionário com questões fechadas e abertas que foi aplicado aos educandos e a entrevista semi-estruturada aplicada às educadoras. A seleção das escolas se deu pela localização geográfica, ser de grande porte e oferecer a disciplina Educação para a Sexualidade na 8ª série do Ensino Fundamental II. Foram selecionadas quatro escolas e, no total, participaram da pesquisa cento e cinqüenta educandos e oito educadoras. Os resultados demonstraram que 98% dos educandos participantes aprovaram a disciplina “Educação para a Sexualidade” e, ao mesmo tempo, cerca de 82% a avaliaram como muito boa ou boa, já que, dentre outras coisas, possibilitou aprender sobre prevenção às IST/Aids e a gravidez precoce e como viver sua sexualidade de maneira mais saudável e plena. A escolha dos conteúdos trabalhados na disciplina, em alguns casos, ocorre com a participação dos alunos (38,7%), em outros, apenas os professores decidem os temas a serem trabalhados (32%). Quanto à participação dos educandos nas aulas, 61,3% responderam que participam ativamente, já 30,7% participam pouco. As estratégias metodológicas que os professores utilizam para abordar temas ligados à sexualidade são, predominantemente, dinâmicas de grupo, estudos dirigidos, exposição participada, seminários e as aulas expositivas, evidenciando que os professores priorizam modalidades didáticas que visam ampliar a participação dos alunos. Entre os temas que os discentes mais gostaram de estudar, destacaram-se IST/Aids (38%); gravidez na adolescência (14,7%) e drogas (7,3%), por outro lado, sobre os temas que menos gostaram, 62,7% declararam que não houve nenhum tema que não gostaram, 12% mencionaram o tema Doenças Sexualmente Transmissíveis e 7,3% citaram drogas, demonstrando que alguns dos temas mais interessantes também foram os menos prazerosos. Quanto às professoras que trabalham a disciplina “Educação para a Sexualidade”, elas apresentam formação superior em cursos diferentes, dentre os quais, Ciências Biológicas, Letras, Ciências Sociais, Ciências Contábeis e Química. Das 8 professoras entrevistadas, apenas uma afirmou categoricamente não gostar de ministrar a disciplina por apresentar vários tabus em relação à sua própria sexualidade. Algumas professoras afirmaram já ter feito cursos nessa área, oferecidos por diferentes instituições, como universidade, ONG e a Secretaria Municipal da Educação, porém, algumas disseram que os cursos ainda contribuem pouco para a sua prática nessa temática. Questionadas as professoras sobre as intenções da disciplina “Educação para a Sexualidade”, percebeu-se que algumas ainda entendem a sexualidade de maneira muito vaga ou a restringem, exclusivamente à prevenção à gravidez, sendo poucas aquelas que compreendem a sexualidade de maneira mais global. Isso acaba influenciando na escolha dos conteúdos trabalhados, já que muitas priorizam temas ligados às IST/Aids ou a gravidez na adolescência, dando menos importância aos temas ligados à questão de gênero, orientação sexual e afetividade. Em suma, apesar de os alunos demonstrarem a relevância dessa disciplina para sua formação, ainda se faz necessária um maior apoio da família, da escola e da própria Secretaria da Educação para que as docentes possam construir uma prática educativa que permita aos adolescentes viverem sua sexualidade de forma prazerosa e com saúde. Palavras-chave: adolescência, ensino fundamental, educação para sexualidade e currículo.
  • 10. 9 ABSTRACT This work consisted in a qualitative research that had as objective to analyze the boarding (vision of sexuality, metodológicas election of contents, strategies and easinesses/difficulties in giving disciplines it) given to the subject “Sexuality” for the educators and the contribution of disciplines Education for Sexuality for the life of the educandos of the municipal public schools of the city of Jequié - BA. Two instruments of collections of data had been used: the questionnaire with closed and opened questions that was applied to the educandos and the half-structuralized interview applied the educators. The election of the schools if gave for the geographic localization, to be of great transport and to offer disciplines it Education for Sexuality in 8ª series of Basic Ensino II. Four schools had been selected and, in the total, they had participated of the research one hundred and fifty educandos and eight educators. The results had demonstrated that 98% of the participant educandos had approved discipline it “Education for Sexuality” and, at the same time, about 82% had evaluated it very as good or good, since, amongst other things, it made possible to learn on prevention to the IST/Aids and the precocious pregnancy and as to live its sexuality in more healthful and full way. The choice of the contents worked in disciplines, in some cases, occurs with the participation of the pupils (38.7%), in others, only the professors decides the subjects to be worked (32%). How much to the participation of the educandos in the lessons, 61.3% had answered that they participate actively, already 30.7% participate little. The metodológicas strategies that the professors use to approach on subjects to the sexuality are, predominantly, dynamics of group, studies directed, participated exposition, seminaries and the expositivas lessons, evidencing that the professors prioritize didactic modalities that they aim at to extend the participation of the pupils. It enters the subjects that the learning ones had more liked to study, had been distinguished IST/Aids (38%); pregnancy in the adolescence (14.7%) and drugs (7.3%), on the other hand, on the subjects that had less liked, 62.7% had declared that it did not have no subject that had not liked, 12% had mentioned the subject Sexually Transmissible Illnesses and 7.3% had cited drugs, demonstrating that some of the subjects most interesting had also been less pleasant. How much to the teachers who work discipline it “Education for the Sexuality”, they present superior formation in different courses, amongst which, Biological Sciences, Social Letters, Sciences, Countable Sciences and Chemical. Of the 8 interviewed teachers, only one affirmed categoricamente not to like to give disciplines it for presenting some taboos in relation to its proper sexuality. Some teachers had affirmed already to have done courses in this area, offered for different institutions, as university, ONG and the City department of the Education, however, some had said that the courses still contribute little for practical its in this thematic one. Questioned the teachers on the intentions of she disciplines “Education for the Sexuality”, exclusively perceived that some still understand the sexuality in very vacant way or they restrict it, to the prevention to the pregnancy, being few those that understand the sexuality in more global way. This finishes influencing in the choice them worked contents, since many prioritize on subjects to the IST/Aids or the pregnancy in the adolescence, giving little importance to on subjects to the sort question, sexual orientation and affectivity. In short, although the pupils to demonstrate the relevance of this discipline for its formation, still if it makes necessary a bigger support of the family, the school and the proper Secretariat of the Education so that the professors can construct one practical educative one who allow the adolescents to live its sexuality of pleasant form and with health. Word-key: adolescence, basic education, education for sexuality and resume.
  • 11. 10 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 13 2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................. 18 3. METODOLOGIA...................................................................................................... 25 3.1 Tipo de pesquisa............................................................................................... 25 3.2 Participantes...................................................................................................... 25 3.3 Instrumentos da pesquisa................................................................................. 26 3.4 Operacionalização da pesquisa........................................................................ 27 3.5 Análise de dados.............................................................................................. 29 3.6 Questões éticas da pesquisa............................................................................. 30 4. RESULTADOS........................................................................................................... 33 4.1 Parte I – Perspectivas da disciplina Educação para a Sexualidade na visão dos educandos...................................................................................... 33 a. Identificação dos educandos......................................................... 33 b. Contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a vida do educando.......................................................................... 33 c. Escolha dos conteúdos.................................................................. 37 d. Participação dos educandos nas aulas........................................... 38 e. Estratégias metodológicas utilizadas pelos educadores................ 41 f. Temas estudados em Educação para a Sexualidade....................... 43 g. Avaliação das aulas de Educação para a Sexualidade................... 46 4.2 Parte II – Perspectivas da disciplina Educação para a Sexualidade na visão dos educadores.................................................................................. 50 a. Identificação das educadoras............................................ .......... 50 b. Formação acadêmica................................................................... 51 c. Tempo que ministra a disciplina................................................. 54 d. Critérios para escolha do profissional que ministrará a disciplina Educação para a Sexualidade...................................... 54 e. Interesse em lecionar a disciplina............................................... 56 f. Formação continuada feita pelas educadoras............................... 57 g. Objetivos da disciplina Educação para a Sexualidade.................. 58 h. Planejamento das aulas................................................................. 61
  • 12. 11 i. Conteúdos trabalhados................................................................. 64 j. Critérios para a seleção dos conteúdos........................................ 66 k. Estratégias metodológicas e suas finalidades.............................. 66 l. Participação dos educandos e como são avaliados nas aulas de Educação para a Sexualidade......................................................... 69 m. Aspectos positivos e negativos da disciplina Educação para a Sexualidade................................................................................ 71 n. Dificuldades em ministrar a disciplina........................................ 73 o. Entendimento sobre o termo Educação para a Sexualidade......... 75 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 78 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 80 APÊNDICE A ................................................................................................................. 84 APÊNDICE B.................................................................................................................. 87 APÊNDICE C................................................................................................................. 89 ANEXOS ........................................................................................................................ 93
  • 13. 12 “Escolas... são mais um importante ponto de encontro e conspiração. Caso as escolas já não valham tanto por suas aulas, elas ainda valem muito por seus corredores, pátios, diretórios estudantis e cantinas. São espaço político”. Regis de Moraes
  • 14. 13 INTRODUÇÃO A adolescência, segundo a Organização Mundial de Saúde, inicia-se por volta dos 10 anos e finaliza-se por volta dos 19. Tal definição contempla apenas as transformações biológicas, psicológicas e econômicas que ocorrem nessa fase do ciclo vital. Porém, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, no art. 2º “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompleto, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade” (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 1990, p. 01). A adolescência é uma fase da vida humana compreendida entre a infância e a idade adulta, marcada pelas mudanças biológicas, que nem sempre são determinantes, sendo os elementos sociais decisivos para declarar uma criança como adolescente. Não há uma idade cronológica definida para o começo da adolescência, visto que há divergências entre diversos autores (GOODSON; DÍAZ, 1990). O começo da adolescência é marcado pela puberdade, ou seja, as mudanças físicas que são estimuladas pela produção de hormônios sexuais: testosterona (nos rapazes) e estrogênio e progesterona (nas moças), os quais são responsáveis, nos meninos, pelo surgimento das características sexuais secundárias, entre elas crescimento dos testículos, aparecimento dos pêlos pubianos, aumento no pênis, mudança da voz, ejaculações, produção de espermatozóides e, nas meninas pelo aumento dos seios, aparecimento dos pêlos pubianos, menstruação etc. Do mesmo jeito, o término da adolescência não tem uma idade cronológica consensual, sendo esta apenas um valor referencial. Em linhas gerais, o final dessa fase é determinado mais por intermédio de elementos psicológicos e sociológicos do que por elementos biológicos. Alguns autores apontam determinadas características que denotam o término da adolescência: estabelecimento da identidade sexual, saber estabelecer relações afetivas estáveis, ter capacidade de assumir compromissos profissionais; manter-se economicamente, adquirir os sistemas de valores morais pessoais e saber manter uma relação de reciprocidade com a geração precedente (OSÓRIO, 1989 apud KROTH, 2005). Além das mudanças no corpo durante a adolescência, vão surgindo dúvidas, vontades, curiosidades, ansiedades, desejos e a busca do prazer, expressando assim a sua sexualidade. Nesta fase se dá o despertar para “o sexo”, pois, a partir do momento que o adolescente sofre as transformações do corpo, chamando a sua atenção para as funções
  • 15. 14 sexuais adquire, então, a capacidade reprodutora bem como para tudo que diz respeito à sexualidade (LEVISKY, 1997 apud KROTH, 2005). A primeira experiência de relação sexual é um evento importante na vida dos adolescentes e que marca a vida dos mesmos, não sendo, portanto, uma regra geral. Pois, a partir daí os adolescentes se configuram no cenário dos adultos, deixando de ser crianças, tornando-se homens ou fazendo-se mulher, afirmando assim suas identidades. As pesquisas apontam que a primeira experiência sexual, na adolescência, vem acontecendo cada vez mais cedo. A Pesquisa Nacional sobre Saúde Materno-Infantil e Planejamento Familiar (PNSMIPF) de 1986 e a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS) de 1996 demonstram um pequeno declínio no período de 10 anos, quanto à idade mediana da relação sexual que era de 16,7 anos e passou para 16,4, isto entre as mulheres na faixa etária de 15 a 24 anos. Enquanto que os jovens do sexo masculino a idade mediana da primeira relação em 1996 era de 15,3 anos (FERRAZ et al., 2006). A Pesquisa sobre Comportamento Sexual e Percepções da População Brasileira sobre HIV e Aids (1998-2005) revela que na população jovem, entre 16 e 24 anos, a idade média na primeira relação sexual, entre 1998 e 2005, teve uma pequena redução de 15,2 para 15,0 anos entre homens e de 16,0 para 15,9 anos entre mulheres. 1 Rua e Abramovay (2001, p. 43) citados por Castro e colaboradores (2004, p. 69) em pesquisa realizada com estudantes de diferentes estados brasileiros indicaram que: A idade média da primeira relação sexual é significativamente mais baixa entre os alunos do sexo masculino do que entre as estudantes do sexo feminino. No caso das meninas em Porto Alegre, Manaus e São Paulo encontram-se as mais baixas idades médias da primeira relação sexual (15, 15,1 e 15,2 anos), ficando as mais elevadas em Belém e Fortaleza (16 e 15,8 anos). Quanto aos rapazes, registram-se em Cuiabá, Manaus e Salvador a mais baixa idade média da primeira relação sexual (13,9 anos), ocorrendo em Florianópolis a mais alta (14,5 anos). Com a prática do sexo sem proteção, aumentam o número de adolescentes grávidas e o risco de contaminação com as IST/HIV e Aids. Dessa maneira, cada vez menos os adolescentes vivem sua sexualidade de maneira plena e sadia. Isso, de certa forma, está relacionado aos conhecimentos que os mesmos possuem sobre sexo e sexualidade, derivados de diversas fontes, muitas vezes insuficientes ou não, deixando-os com mais dúvidas ou equivocados. Por exemplo, muitos ainda confundem os termos Sexo e Sexualidade. Guimarães (1995) esclarece: Sexo é relativo ao fato natural, hereditário, biológico, da diferença física entre o homem e a mulher e da atração de um pelo outro para a reprodução [...] No senso comum sexo é “relação sexual”, “orgasmo”, “órgãos genitais”, “pênis”. Sexualidade é um termo também do século XIX, que surgiu alargando o conceito de sexo, pois incorpora a reflexão e o discurso sobre o sentido e a intencionalidade do 1 Disponível em: http://www.aids.gov.br/avalia4/resultados/ primeira_rel.htm. Acesso em 10 ago. 2006.
  • 16. 15 sexo.[...] Comumente é entendido como “vida”, “amor”, “relacionamento”, “sensualidade”, “erotismo”, “prazer” (p. 23-24). Segundo Silva (2002) o conceito dado a sexualidade pela Organização Mundial de Saúde (1975) é: A sexualidade Humana forma parte integral da personalidade de cada um. É uma necessidade básica e um aspecto de ser humano que não podem ser separados de outros aspectos da vida. Sexualidade não é sinônimo de coito, e não se limita à presença ou não de orgasmo. Sexualidade é muito mais que isso. É energia que motiva encontrar o amor, contato e intimidade e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas e como estas tocam e são tocadas. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações, e, portanto a saúde física e mental. Se saúde é um direito fundamental, a saúde sexual também deveria ser considerada como um direito humano básico. A saúde mental é a integração dos aspectos sociais, somáticos, intelectuais e emocionais de maneira tal que influenciem positivamente a personalidade, a capacidade de comunicação com outras pessoas e o amor (p. 35). Todavia, a maioria das famílias não tem conhecimento suficiente ou até mesmo tem dificuldades em falar sobre o assunto, o que se torna um problema para o adolescente, já que o mesmo tem necessidade dessas informações para poder desfrutar plenamente de sua sexualidade, pois esta se constrói e aprende-se como parte integrante do desenvolvimento da personalidade. É nesse sentido que a escola assume um papel de fundamental importância na formação dos jovens, pois é ali onde ocorrem os encontros e conspirações, é nela que os adolescentes passam uma boa parte do seu tempo. Nos corredores é possível encontrar casais aos beijos e abraços e muros, paredes e banheiros pinchados com frases e desenhos, demonstrando a necessidade e a realização da busca do prazer, característico nesta fase da vida. Guimarães (1995) faz uma referência sobre a escola ainda tradicional: Tradicionalmente conservadora, a escola revela alguns pontos evidentes de que não está bem resolvida em relação à inserção da sexualidade em seus trabalhos. Por exemplo, na instituição escolar há pudores quanto ao “falar de sexo”, e preconceitos sorrateiramente arraigados atemorizam quanto à Educação Sexual (p. 17). Sabe-se, porém que as escolas têm avançado muito no aspecto do puro tradicionalismo, hoje se fala muito de interacionismo e construtivismo. Atualmente, pode-se e deve-se falar de sexualidade com mais naturalidade, já que a escola, lugar de construção de saberes, suscita vivências no aspecto afetivo-sexual e não podemos ignorar este fato. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a partir de meados dos anos 1980, a demanda por trabalhos na área da sexualidade nas escolas aumentou em virtude do advento da Aids e da precocidade da gravidez na adolescência. O documento propõe que “a
  • 17. 16 escola trate da sexualidade como algo fundamental na vida das pessoas, questão ampla e polêmica, marcada pela história, pela cultura e pela evolução social” (BRASIL, 1998b, p. 67). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) tratam a orientação sexual como um tema transversal, devendo ser trabalhado na escola de forma integrada, abrangente e envolvendo as demais áreas de conhecimento. Porém, a partir das 5ª séries, o trabalho pode ser feito de maneira diferenciada, não apenas como tema transversal. Percebendo a necessidade de um trabalho mais efetivo quanto à educação sexual dos adolescentes, a Câmara de Vereadores da cidade de Jequié-BA, no ano de 1998, encaminhou um documento à Secretaria Municipal de Educação solicitando a inclusão da disciplina Orientação Sexual no currículo das escolas de Ensino Fundamental como disciplina obrigatória. Porém, o parecer do Conselho Municipal de Educação de Jequié-BA, naquele momento foi contrário, admitindo que o tema poderia ser abordado conforme propõe os PCN. Porém, em 2004 a disciplina Orientação sexual começou a ser oferecida em uma das escolas da rede municipal e, em seguida, em 2005 a disciplina Educação para a Sexualidade passou a fazer parte do currículo na parte diversificada do conhecimento (CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE JEQUIÉ-BA, 1998). Após a implantação da disciplina, nenhum estudo foi feito para entender como os professores estão trabalhando com a Educação para a Sexualidade. Assim, se faz necessário compreender como os professores que trabalham com a disciplina Educação para a Sexualidade estão abordando o tema com seus alunos, visto que, os adolescentes precisam de orientação, não visando apenas a corrente médico-higienista, que tratava da educação sexual combatendo a masturbação e as doenças venéreas, ou ainda preparando a mulher para desempenhar o papel de esposa e mãe, ou como em movimentos feministas que reivindicavam a educação sexual, com relevância da proteção à infância e a maternidade. Portanto, este estudo teve como objetivo: analisar a abordagem (visão de sexualidade, seleção de conteúdos, estratégias metodológicas e facilidades/dificuldades em ministrar a disciplina) dada ao tema “Sexualidade” pelos educadores e a contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a vida dos educandos das escolas públicas municipais da cidade de Jequié – BA.
  • 18. 17 www.janelanaweb.com/.../imagens/ebookbuch.gif “O agora humano não se limita ao momento presente. Ele agrega as lembranças do passado e as previsões para o futuro. Assim, o ser humano tem a capacidade de ser um viajante do tempo”. Içami Tiba
  • 19. 18 2. REVISÃO DE LITERATURA A iniciação sexual, para muitos adolescentes homens e mulheres, significa deixar a infância e integrar-se à juventude e adentrar ao mundo adulto, constituindo-se em um evento que marca a reconfiguração de relações interpessoais, em particular com parceiras (os) sexuais, pares e parentes, se configurando como momento ideal para a afirmação de sua identidade sexual (CASTRO et al., 2004). São diversos os fatores que levariam os jovens, homens e mulheres, ao início da vida sexual na adolescência, é o que relata Borges (2004): Partindo do princípio que a iniciação sexual não se dá de forma homogênea entre homens e mulheres, grupos sociais ou entre gerações, considera que um conjunto de fatores complexos é determinante na tomada de decisão seja para iniciar a vida sexual, seja para adiar esse evento para um contexto/momento considerado mais adequado. [...] numerosos fatores têm sido descritos como associados ao início da vida sexual, entre eles algumas características tais como: idade, cor, sexo, religião, escolaridade e a situação de trabalho, bem como aquelas relativas à comunicação e o relacionamento entre pais e filhos, a supervisão parental e a estrutura familiar (p. 6). Os adolescentes procuram esclarecer, de diversas formas, suas dúvidas em relação ao sexo e a sexualidade, seja mediante conversa com seus pares, amigos; assistindo a um programa de televisão; lendo uma revista informativa ou pornográfica, enfim procuram saciar suas curiosidades por diversas fontes, sendo o seio familiar o menos procurado. E no meio de uma panacéia de informações acabam por ficar equivocados e não bem informados, pois não têm a maturidade suficiente para fazer escolhas desejadas dentre os possíveis caminhos. Muitas vezes, a própria família, ou seja, os pais, não têm condições de discutir esse tema, seja por falta de conhecimento ou a dificuldade de tratar de certos assuntos com seus filhos. Quando os mesmos têm oportunidades de dialogar, trazem consigo conceitos, tabus e crenças enraigados de gerações anteriores as suas, deixando a desejar aos olhos e experiências dos filhos adolescentes e frutos de uma cultura diferente. Barbosa (1994, p. 48) esclarece: Até bem pouco tempo, ou melhor, ainda hoje em algumas famílias é normal encontrar pessoas conversando pelos cantos para contar o que sentem ou descobrem sobre a sua sexualidade. Quando reunidas em grupos os comentários são acompanhados de gestos e de risadinhas maliciosas, talvez pelo fato de vivermos numa sociedade repressiva, em que os sentimentos sexuais são explorados através de pornografias que desrespeitam o ser humano. Isto contribui para que a abordagem do assunto sexo nos deixe pouco a vontade. Daí surge a importância de se trabalhar a educação sexual na escola, local onde as crianças, adolescentes e jovens expressam por meio de atitudes diversas as suas necessidades, curiosidades e anseios quanto à sexualidade.
  • 20. 19 Sayão (1997) esclarece a diferença entre a orientação sexual dada pela família e a escola sem tirar o direito e dever desta: O trabalho de orientação sexual desenvolvido pela escola deve diferenciar-se, pois, da abordagem assistemática realizada pela família, principalmente no que diz respeito à transmissão dos valores morais indissociáveis à sexualidade. Se, por um lado, os pais exercem legitimamente seu papel ao transmitirem seus valores particulares aos filhos, por outro lado, o papel da escola é o de ampliar esse conhecimento em direção à diversidade de valores existentes na sociedade, para que o aluno possa, ao discuti-los opinar sobre o que lhe foi ou é apresentado. Por meio de reflexão poderá, então, encontrar um ponto de auto-referência, o que possibilitará o desenvolvimento de atitudes coerentes com os valores que ele próprio elegeu como seus (p. 113). Sendo assim, a escola – lugar de construção de saberes – pode orientar os jovens a descobrir, a vivenciar e aceitar a sua sexualidade sem tabus e preconceitos. A escola, segundo Silva (2002), é um local de vivência da sexualidade, pois: O aluno está na escola e nela passa grande parte de duas etapas significativas da sua vida: a infância e a adolescência. Nesse período a sexualidade se manifesta como parte de seu dia-a-dia com os colegas, surgindo nas curiosidades, nas dúvidas e nos relacionamentos dentro e fora do ambiente escolar. Esta mesma sexualidade é, no entanto, negada ou reconhecida de uma forma inadequada pela escola. Mas a verdade é que a sexualidade é vivida na escola, pois lá o aluno experimenta o prazer de estar com o outro, em conversas, em trocas, em atividades lúdicas, em discussões e nas soluções, paqueras e aproximações possíveis (p. 30-31). Quando Silva (2002) afirma que a sexualidade é negada ou reconhecida de uma forma inadequada pela escola, leva a acreditar que as pessoas que ali estão, sejam gestores, coordenadores, educadores enfim, todos que compõem a equipe pedagógica precisam se fundamentar em uma concepção pluralista da sexualidade, pois: Independentemente de suas potencialidades reprodutivas, a sexualidade relaciona-se, antes de mais nada, com a busca do prazer – necessidade fundamental dos seres humanos. Fruto da cultura, ela se expressa com singularidade em cada sujeito. A vivência da sexualidade é estruturante da trajetória pessoal e constitui-se na complexa combinação de muitos elementos de cunho subjetivo e da relação com o outro. Isso ocorre desde o nascimento, a partir da sexuação e da erotização do corpo. Inclui, portanto, fatores de natureza bastante distintos: do aprendizado, da descoberta e da invenção (SAYÃO, 1997, p. 113). Segundo Wereb (1977) citada por Silva (2002, p. 28) a “educação sexual, [...] compreende todas as ações, diretas ou indiretas, deliberadas ou não, conscientes ou não exercidas sobre um indivíduo ao longo de seu desenvolvimento, que lhe permite situar-se em relação à sexualidade em geral e à sua vida sexual”. Há uma diferença quanto aos tipos de educação sexual como relata Duarte e Pêpe (2003): [...] existem também dois tipos de educação sexual: a informal que se refere ao ensino não planejado, não intencional, não sistematizado, e a educação sexual formal que se refere a todo o ensino sistematizado e planejado, em que os
  • 21. 20 conhecimentos sobre sexualidade deverão ser discutidos de maneira objetiva, esclarecedora e não preconceituosa, podendo ser realizada na escola[...] (p. 129). Ainda, segundo Duarte e Pêpe (2003, p. 130) “não existe um consenso entre os autores quanto à utilização dos termos Educação Sexual e Orientação Sexual e, assim, o termo Orientação Sexual, muitas vezes, é empregado como sinônimo de Educação Sexual Formal”. Após a análise dos termos de sexo e sexualidade feita por Duarte e Pêpe (2003), os mesmos optaram em usar o termo Educação para Sexualidade, como espaço de estudo a ser trabalhado na escola, por considerar mais abrangente que Educação Sexual e Orientação Sexual. A educação para a sexualidade excede à esfera da orientação do aluno sobre práticas sexuais, pois sexualidade não considera apenas a dimensão biológica do homem; é a própria expressão do ser desejante que está no mundo com o outro, ambos seres racionais e efetivos, capazes de entender, querer e produzir o bom, o belo e o útil, mas se, e somente se, aprenderem a entender, querer e produzir, o belo e o útil (p. 130). Assim, explica Souza (2003, p. 17): “Educar é preparar o terreno, torná-lo fértil para a produção de idéias. As crianças se educam. Os adultos se reeducam. É criar seu destino. É gerar cultura”. A responsabilidade em responder perguntas, esclarecer dúvidas e indicar o caminho a ser percorrido foi praticamente transferida da família para a escola, que além de responder aos questionamentos, procura levar o estudante a construir o seu próprio aprendizado. Assim sendo, para que este aprendizado se dê de maneira gratificante, sem tabus, sem preconceitos e de maneira clara, a educação sexual, segundo Souza (2003, p.18), “deverá ocorrer num clima de cordialidade, tranqüilidade e num processo de comunicação, com diálogo franco, adequado ao nível etário e emocional de quem questiona, sempre com muito respeito e objetividade”. E para se trabalhar a sexualidade com êxito é necessário que a escola tenha uma preocupação quanto aos métodos e estratégias metodológicas a serem utilizadas. Quanto aos métodos relata Souza (2003): A escolha do método será influenciada pelos objetivos, pelo tema, pelo aluno ao qual de destina, pelo espaço disponível, tanto físico como de tempo, os recursos e a própria experiência profissional que conduzirá o trabalho. O “clima” da turma será o termômetro do método (p. 114). Fazendo uma análise deste relato, percebe-se que os métodos a serem empregados não fogem muito às regras das demais áreas de conhecimentos, pois as atividades desenvolvidas, seja qual for à área, devem ter uma preocupação com a receptividade da turma. Como diz Souza (2003), esta será o termômetro do método. E a mesma ainda esclarece:
  • 22. 21 Para que a educação ou orientação corra bem, é sempre bom especificar completamente o que se deseja ensinar, reformular ou questionar. É necessário que o ensino se torne aprendizagem. Um objetivo só será atingido quando envolver comportamentos, reforçados pela participação dos jovens em espaços abertos, na sala de aula e em casa, para que possam usar o que aprenderam (SOUZA, 2003, p. 115). Segundo Souza (2003, p.116) “Estratégia é a arte de dirigir, de conhecer algo. É um estratagema ou habilidade usada para se conseguir que um objetivo seja atingido”. A mesma faz uma referência quanto às estratégias utilizadas nas primeiras séries escolares, na qual os alunos aprendem “brincando”, escrevem, pintam e recortam. Na sua visão, assim deve ser o trabalho de Orientação Sexual e sugere para as séries mais adiantadas o emprego dos mini-seminários, mini-palestras sobre um determinado tema, pesquisas, atividades em grupo, dramatização entre outras. Já os conteúdos abordados não devem ficar apenas na anatomia e fisiologia do corpo. A educação sexual prepara a criança para aprender também os processos psicológicos e sociais relacionados com a sexualidade (SOUZA, 2003). É necessário que o educador tenha em mente que encontrará uma diversidade de opiniões, níveis diferentes de informações, vivências sócio-culturais, interesses divergentes, diferentes faixa etária, enfim cada educando trará uma bagagem de dúvidas pessoais e informações inadequadas. O ideal seria fazer um levantamento para buscar as necessidades primordiais, as angústias individuais e preparar um material acessível a todos respeitando as diversidades. Em outras palavras: [...] ensinar com amor. Ter sensibilidade para perceber o que o aluno quer. Dedicar- se. Poder dar uma aula e sair feliz com o que fez. Muitos professores procuram “receitinhas” do que fazer em vez de buscar ajuda, refletir, questionar seus conhecimentos e atitudes sobre o sexo, deixando de lado as resistências e inseguranças (SOUZA, 2003, p. 121). Então, quanto à escolha de conteúdos, para Souza (2003), deve-se ter uma preocupação quanto à idade cronológica das crianças e jovens, pois há os que alcançam maturidade precoce, como também pode haver casos de repetência e transferência de colégios. Em linhas gerais, nota-se que as crianças e jovens se transformam rapidamente em todos os sentidos, portanto, devem-se abordar questões que lhes interessam, sempre respeitando as ansiedades provocadas. Para fazer a escolha dos conteúdos deve-se estar atento a alguns esclarecimentos feitos por Souza (2003) para o trabalho nas 7ª e 8ª séries: Alunos de 12 e 15 anos são alunos destas séries escolares. Alguns já passaram pelas transformações pubertárias, outros se mostram curiosos, ansiosos e excitados com o novo corpo. A vida social e psicológica, as grandes mudanças são geradoras de questionamentos e crises. A sexualidade aflora com mais força. Estão ávidos por
  • 23. 22 informações e experiências. O corpo pede, mas o afetivo e o emocional não estão prontos. Que bom que existe o espaço aberto na escola, com colegas de mesma faixa etária, para poderem se esclarecer. O professor, tranqüilo e preparado está ali. (p. 126). A disciplina Educação para a Sexualidade é trabalhada no Ensino Fundamental com educandos de 7ª e 8ª séries, portanto serão relacionados abaixo, conteúdos sugeridos por Souza (2003) para estas séries: - corpo: mudanças corporais para ajudá-los entender o que está acontecendo. Anátomo-fisiologia genital com mais informações. Esmegma. Higiene. Fimose. Laqueadura, vasectomia. Coito fisiológico, anal e oral. Centro cerebral do prazer. Hormônios. Acne. Tamanho de pênis (mito), período fértil, sinais de gravidez. Corpo é a matriz da sexualidade: valorizá-lo e respeitá-lo. Auto-estima; - amor e namoro: atração, afinidade. O que é namorar e o que não é. Não é exploração sexual nem sentimental. Respeito e responsabilidade. Importância da comunicação: saber ouvir e saber falar; - atividade coital: não é obrigatória durante o namoro. Virgindade. Sexo seguro e protegido. A primeira vez. Medos e anseios. Nem sempre é o que se espera. Preparação, confiança no parceiro, amor, ambiente. Não ter pressa para acontecer; - casamento: compromisso, acordo entre duas pessoas (com o Estado e a Igreja também). Planejamento familiar. Paternidade e maternidade do casal (solteiro ou casado) sobre o filho. Pai solteiro e mãe solteira; - valores e decisões: todo valor influencia na tomada da decisão. Certas decisões repercutem para sempre e nem todas são reversíveis. Efeitos do álcool e da droga sobre decisões e a sexualidade; - sexualidade: desejos, fantasias, timidez, auto-estima, intimidades no namoro, auto-erotismo, vergonhas, medos, repressão, pornografia. Atração sexual, recusa de comportamentos indesejáveis; formas pessoais de prazer, abuso sexual, estupro,tabus, comportamentos homo, hétero e bissexual; - outros temas: parto, aborto, DST, AIDS, drogas, métodos anticoncepcionais. Sempre verificar o que os alunos sabem orientar quando há informações incorretas, debater. Alunos e professor deverão realizar pesquisas esclarecedoras (p.126- 127). Além do cuidado com a seleção dos conteúdos, o trabalho de orientação sexual tem que ter uma atenção especial com a postura do profissional que ministrará as atividades, principalmente quanto ao esclarecimento das questões. O orientador sexual nunca deve colocar sua opinião como verdade absoluta. Ele deve deixar que o grupo chegue às suas conclusões próprias diante a situação-problema debatida, seu papel não é de direcionar as questões, mas, sim, de coordenar as idéias, ele fará o papel, portanto de mediador, de facilitador e não de transmissor de conhecimentos, deverá estimular sempre, no jovem, a importância do respeito por si mesmo e pelo outro (VALLADARES, 2001). Pelo componente de intimidade que a sexualidade envolve, é fundamental que se estabeleça uma boa relação pedagógica entre professor e aluno, que esta propicie uma abordagem facilitadora da expressão de interrogações e opiniões, que conduza à resolução de dúvidas, a superação de dificuldades e que, simultaneamente, contribua para uma perspectiva positiva e gratificante da sexualidade.
  • 24. 23 É importante ressaltar também que a educação sexual na escola não deve ser entendida como solução para a iniciação sexual precoce na adolescência ou um futuro sem problemas. Pois, sabe-se que a sexualidade, como componente da intimidade, não é um processo de construção coletiva, a orientação sim deve ser de âmbito coletivo, porém a construção se dará de maneira individual, com dúvidas, hesitações e tomadas de decisões, feito de experiências e aprendizagens positivas e negativas, podendo a escola cooperar para que este trajeto seja feito da forma mais experiente e contribuir para uma vivência mais informada e não equivocada da sexualidade.
  • 25. 24 www.ybnews.org.br/pub/news/712e6ffbf7c14934ef... “Adolescentes adoram a escola, o que os atrapalha são as aulas. Escola é lugar de reunir, fazer tumultos na porta, e não ficarem sentadinhos, como “múmias” isolados nas suas carteiras...” Içami Tiba
  • 26. 25 3. METODOLOGIA 3.1. Tipo de pesquisa Esta investigação foi pautada na vertente qualitativa, pois esta nos permitiu responder as questões particulares, se preocupando com um nível de realidade que não pode ser quantificado, pois a mesma enfatiza especificidades de um fenômeno em termos de uso de origem e de sua razão de ser (DESLANDES et al., 1994). De acordo a Deslandes e colaboradores (1994, p. 22), a pesquisa qualitativa "aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias, e estatísticas". A pesquisa qualitativa permite uma maior compreensão do todo, ou seja, percebemos a temática por meio de vários pontos, fazendo com que possamos enxergar melhor cada peculiaridade do tema abordado. Justificando assim a presença de dados quantitativos, não apenas visando a quantidade, mas a partir deste a qualidade dos resultados. Segundo Bogdan e Biklen (1994), na investigação qualitativa a fonte direta de dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal. Sendo a investigação descritiva, seus investigadores se interessam mais pelo processo do que pelos resultados, os quais são analisados de forma indutiva e os seus significados serão de importância vital. 3.2. Participantes Este estudo foi realizado com 08 professoras e alguns alunos destas professoras que se dispuseram a participar da pesquisa, perfazendo um total de 150 alunos da 8ª série do Ensino Fundamental (4º ciclo). Buscou-se informações de como a disciplina Educação para a Sexualidade é trabalhada nas diferentes escolas e qual a contribuição desta para a vida dos alunos. Para este estudo foram selecionadas quatro escolas públicas da rede municipal de ensino da cidade de Jequié-BA, utilizando-se como critério a localização geográfica e escolas de grande porte do município, que oferecem a disciplina Educação para a Sexualidade na 8ª série do Ensino Fundamental II. A tabela abaixo demonstra o número de alunos matriculados nas escolas pesquisadas, o percentual de alunos que participaram da pesquisa, bem como o número de professores das referidas escolas, que lecionam a disciplina e os bairros onde estas estão localizadas.
  • 27. 26 Tabela 1 - Escolas municipais selecionadas para a realização da pesquisa. UNIDADE ESCOLAR NÚMERO DE BAIRRO Prof. Alunos Partic. %de de Matric. na pesq. alunos E.P.S. A 259 70 27 2 Joaquim Romão B 36 12 33,3 1 São Judas Tadeu C 100 24 24 2 Mandacaru D 115 44 38,7 3 Jequiezinho TOTAL 4 510 150 29,41 8 4 3. 3 Instrumentos da pesquisa Foram utilizados dois instrumentos de coleta de dados: o questionário e a entrevista semi-estruturada. O questionário foi aplicado aos educandos e a escolha se deu, em virtude do mesmo possibilitar atingir um grande número de alunos, garantindo seu anonimato e não os expondo a influência de opiniões (GIL, 1999). O questionário foi composto por questões fechadas e abertas, perfazendo um total de 12 questões sobre a contribuição da disciplina para a vida do aluno, estratégias metodológicas utilizadas pelos professores, temas estudados, participação em sala de aula (apêndice A). Aos educadores foi aplicada a entrevista semi-estruturada (gravada e feita individualmente com cada educador). Utilizou-se um roteiro amplo, com 20 questões, cobrindo diversos aspectos do fenômeno estudado. Por meio de suas respostas, os informantes revelaram sua representação sobre a realidade, suas experiências e percepções básicas (apêndice B). A técnica supracitada permitiu que a ordem das questões fosse modificada de acordo com o andamento da entrevista, tornando-a desta maneira mais flexível para explorar as informações e idéias consideradas mais interessantes ou inesperadas e que foram levantadas pelos informantes. A entrevista também permitiu ao entrevistado descrever o que considerava significativo, usando seus próprios critérios e palavras, sem ficar restrito a categorias fechadas. Para tanto fez-se necessário o esclarecimento sobre o exato significado do que se pretendia conhecer, tomando as perguntas mais acuradas e as respostas mais fidedignas (GIL, 1999).
  • 28. 27 3.4 Operacionalização da pesquisa Inicialmente, foi feita uma visita a Secretaria Municipal de Educação do município de Jequié-BA, a qual forneceu o nome das escolas e as séries trabalhadas nessas escolas. Foi um total de 10 escolas localizadas na sede que apresentavam o ensino fundamental até a 8ª série. Como já mencionado, a pesquisa foi feita em 4 escolas. Aproveitou-se para saber um pouco sobre a implementação da disciplina Educação para a Sexualidade. De acordo com as informações obtidas, a disciplina surgiu a partir de uma experiência, no ano de 2004, numa escola piloto - Ginásio Municipal Dr. Celi de Freitas, localizada no bairro do Jequiezinho. A pesquisadora deste trabalho era uma das professoras da referida Unidade Escolar que ministrava as aulas de Orientação Sexual no turno noturno. Esta experiência foi proposta por uma ONG – GAPA-BA (Grupo de Apoio a Prevenção a AIDS), a qual nos forneceu algumas orientações para o trabalho. Os encontros de Orientação Sexual ocorriam quinzenalmente alternando com as aulas da disciplina Ensino Religioso. A experiência foi muito bem aceita pelos adolescentes do Ensino Fundamental II da 5ª a 8ª série. No ano seguinte, a disciplina foi implantada em todas as escolas do município, agora com outra denominação Educação para a Sexualidade, na área de conhecimento da parte diversificada no currículo do Ensino Fundamental II nas 7ª e 8ª séries, com uma carga horária de duas horas semanais. Para as 5ª e 6ª séries foi colocada uma outra disciplina. A Secretaria informou ainda, que estão estudando a possibilidade do oferecimento da disciplina nas 5ª e 6ª séries a partir de 2007, já que os adolescentes na faixa de 11 e 12 anos de idade têm maturidade para se falar de temas relacionados à sexualidade, além do que, nessa faixa de idade já se encontram adolescentes que iniciaram sua vida sexual chegando a ter uma gravidez não planejada.2 Os PCN deixam bem claro que: A partir da 5ª série, além da transversalização já apontada, a Orientação Sexual comporta também uma sistematização e um espaço específico. Esse espaço pode ocorrer, por exemplo, na forma de uma hora-aula semanal para os alunos (dentro ou fora da grade horária existente, a depender das condições de cada escola). Da quinta série em diante, os alunos já apresentam condições de canalizar suas dúvidas ou questões sobre sexualidade para um momento especialmente reservado para tal, com um professor disponível. Isso porque, a partir da puberdade, os alunos também já trazem questões para refletir sobre temáticas como aborto, virgindade, homossexualidade, pornografia, prostituição e outras (BRASIL, l998, p. 308). De posse do nome das escolas e suas localizações foi feito um primeiro contato por telefone buscando saber os horários de funcionamento, as séries trabalhadas e o número de professores que lecionavam a disciplina Educação para a Sexualidade. Daí então, partiu-se 2 Informação verbal obtida junto à Secretaria Municipal de Educação.
  • 29. 28 para a seleção das escolas e os critérios foram: a localização geográfica, ou seja, por bairros; as escolas de grande porte, as que tinham o maior número de professores e as que possuíam a 8ª série, público-alvo da pesquisa, por já ter maior experiência em virtude de ser o segundo ano que tem a disciplina no seu currículo. Uma das primeiras escolas a ser visitada foi a escola A, localizada no bairro Joaquim Romão, escola essa em que a pesquisadora lecionou no início de sua carreira, em 1985, a disciplina Ciências e permanecendo lá por 13 anos. A pesquisadora foi recebida pela vice-diretora do turno vespertino, pois o diretor não se encontrava no momento e conversou com a mesma sobre o motivo da visita, apresentando-lhe o termo de esclarecimento e consentimento da pesquisa. A vice-diretora encaminhou a pesquisadora à coordenação pedagógica, em que foi surpreendida ao saber que a coordenadora era uma ex-aluna e que hoje, além de estar atuando como coordenadora substituta atua também como professora de Ciências e Educação para a Sexualidade no turno vespertino, do qual se encontra de licença, lecionando apenas no turno noturno. A pesquisadora ficou muito lisonjeada e emocionada, primeiro por estar retornando a escola que a despertou para a arte de ensinar e, em segundo, por entrevistar uma ex-aluna, agora professora. Nas demais escolas, a pesquisadora realizou os mesmos procedimentos. Nas visitas, ela pode encontrar ex-alunos atuando como professores, ex-colegas de caminhada e colegas da época de faculdade, os quais receberam a pesquisadora de braços abertos. As visitas às escolas não se restringiram apenas em uma só vez, foram várias vezes que teve que retornar para completar as atividades, pois alguns professores se encontravam em sala de aula e não podiam deixar seus alunos sozinhos ou ainda por não encontrar os alunos e professores. Estas ausências eram justificadas pela direção das escolas como sendo final de ano. Alguns professores aplicaram atividades avaliativas e os alunos eram liberados em seguida, outras vezes por falta de professor os horários terem sido adiantados. Antes de distribuir os questionários aos educandos foram explicados os verdadeiros motivos da pesquisa por intermédio da leitura dos termos de esclarecimento e consentimento. Os alunos foram bastante receptivos, demonstraram um grande interesse em participar da pesquisa, porém alguns ficaram preocupados em a professora ter acesso aos questionários, aos quais fora esclarecidos que somente a pesquisadora e os orientadores teriam este acesso. O mesmo se procedeu com as educadoras. Antes de iniciar as entrevistas, a pesquisadora conversou com as entrevistadas deixando-as cientes do que se tratava, ou seja, o objetivo da pesquisa. Alguns professores se encontravam em sala de aula tendo que retornar
  • 30. 29 em um outro horário, de preferência no horário da coordenação pedagógica. Aquelas que estavam disponíveis não demonstraram muito interesse de início, mas mesmo assim participaram da pesquisa. Algumas professoras ficaram temerosas com o objetivo do trabalho, quando o apresentei como um estudo avaliativo da disciplina Educação para a Sexualidade, alguns fizeram um longo desabafo tipo: “A Secretaria nos jogou no peito a disciplina e não deu suporte nenhum, a não ser uns encontrozinhos que não teve nada de novo, aquilo que nós já estamos cansados de saber e já trabalhamos”. Para tentar amenizar a situação coloquei o seguinte: “Mas eu não estou aqui pela Secretaria de Educação, apesar de ser professora do município e também lecionar a disciplina, eu estou aqui como pesquisadora, quem sabe através desta pesquisa nós não poderemos reverter a situação, buscar soluções, apontar novos caminhos?” A professora retrucou: “Nada disso, eles que inventaram a disciplina que procurem resolver os problemas, não sou eu nem você que vamos apresentar soluções”. Com esse diálogo e muitos outros, percebeu-se que os professores não tiveram um contato prévio para se discutir a implementação da disciplina ou até mesmo se tinham interesse de trabalhar com a mesma. De início, foram contactados nove professoras e todas participaram da pesquisa, porém, foi necessário excluir uma das professoras, pois a mesma não fazia parte do quadro funcional da escola, ou seja, estava em período de substituição de uma professora que atua no turno vespertino e no noturno. Esta professora substituta, na verdade, foi a primeira professora entrevistada, a mesma demonstrou uma grande afinidade com a disciplina e um bom relacionamento com os alunos e alunas. 3.5. Análise dos dados Após a coleta de dados, passou-se para a análise dos dados adquiridos durante as entrevistas, pois segundo Gil (1999, p. 166), “a análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação”. Assim, dentro do enfoque qualitativo para a análise dos dados, separou-se todas as falas dos entrevistados e agrupou-se aquelas que se co-relacionavam, após isso definiu-se as
  • 31. 30 categorias e as subcategorias a serem trabalhadas, para então partir para a análise de conteúdo que segundo Gomes (1994, p. 74): Podemos destacar duas funções na aplicação da técnica. Uma se refere à verificação de hipóteses e/ou questões. Ou seja, através da análise de conteúdo, podemos encontrar respostas para as questões formuladas e também podemos confirmar ou não as afirmações estabelecidas [...]. A outra função diz respeito à descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado. As duas funções podem na prática se complementar e podem ser aplicadas a partir de princípio da pesquisa quantitativa ou da qualitativa. Assim pode se dizer que de acordo com essa análise, deve-se tentar enxergar aquilo que não foi explícito por meio das palavras, enxergar o sujeito do estudo como um todo, em seu nível bio-psico-social. Portanto, nessa pesquisa acadêmica procurou-se descrever as falas e sentimentos dos sujeitos, para que se pudesse interpretá-los de uma maneira geral, além de refletir sobre os resultados obtidos. A análise dos dados foi dividida em duas partes: Parte I: Perspectivas da disciplina Educação para a Sexualidade na visão dos educandos: a) Identificação dos educandos, b) Contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a vida do educando, c) Escolha dos conteúdos, d) Participação dos educandos nas aulas de E.P.S.; e) Metodologias utilizada pelos educadores, f) Temas estudados em E.P.S. e g) Avaliação das aulas. Parte II Perspectiva da disciplina E.P.S. na visão dos educadores: a) Identificação das educadoras; b) Formação acadêmica, c) Tempo que ministra a disciplina, d) Critérios para a escolha do profissional que ministrará a disciplina E.P.S., e) Interesse em lecionar a disciplina f) Formação continuada feita pelos educadores, g) Objetivos da disciplina Educação para a Sexualidade; h) Planejamento das aulas; i) Conteúdos trabalhados; j) Critérios para a seleção de conteúdos, k) Estratégias metodológicas e suas finalidades; l) Participação dos educandos e como são avaliados nas aulas de E.P.S; m) Aspectos positivos e negativos da disciplina E.P.S, n) Dificuldades em ministrar a disciplina; n) Entendimento do termo Educação para a Sexualidade. 3.6 Questões éticas na pesquisa As questões éticas envolvidas nesse estudo acadêmico estão respaldadas pela Resolução 196/96, que versa sobre aspectos ético e profissional de pesquisas envolvendo seres humanos. Segundo esta resolução, os sujeitos da pesquisa têm seu anonimato garantido mediante sigilo e não divulgação de seus nomes, protegendo assim sua imagem. Foram
  • 32. 31 respeitados os seus valores culturais, sociais, morais, religiosos, éticos, bem como hábitos e costumes. Os sujeitos foram informados dos objetivos da pesquisa e que eram livres para afastar-se da pesquisa no momento que desejarem sem prejuízos de qualquer ordem. Conforme a referida resolução a realização da pesquisa nas instituições foi autorizada pela direção e os docentes e discentes participantes assinaram o termos de consentimento.
  • 33. 32 claudia.abril.com.br/.../fwa/1152542472983_4.jpg “Temos meninos e meninas muito preparados para o futuro, mas completamente despreparados para o presente”. Ricardo de Castro e Silva
  • 34. 33 4. RESULTADOS 4.1 PARTE I Perspectivas da disciplina Educação para a Sexualidade (E.P.S.) na visão dos educandos a) Identificação dos educandos O questionário foi aplicado a 150 educandos dos quais 40% eram homens e 60% mulheres com a faixa etária entre 13 a 32 anos, tendo um maior índice entre 13 a 16 anos de idade perfazendo um total de 64,7%. A faixa etária de 17 a 32 anos é de educandos e pertencentes ao turno noturno podendo ser encontrados adolescentes também neste turno, bem como jovens de 17 e 18 anos no diurno, conforme tabela e figura abaixo: Tabela 02: Sexo e faixa etária dos educandos participantes da pesquisa. FAIXA ETÁRIA Total SEXO [13 - 16] [17- 20] [21 - 24] [25 - 28] [29 - 32] geral Mulher 61 20 5 1 3 90 Homem 36 15 2 5 2 60 TOTAL 97 35 7 6 5 150 Identificação dos Educandos 70 60 50 Nº alunos 40 30 20 10 0 [13 - 16] [17 - 20] [21 - 24] [25 - 28] [29 - 32] Mulher Faixa etária Homem Figura 1: Sexo e faixa etária dos educandos participantes da pesquisa b) Contribuição da disciplina E.P.S. para a vida do educando Esta categoria e suas respectivas subcategorias surgiram a partir das análises dos questionários respondidos pelos educandos os quais puderam afirmar se há ou não contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a sua vida e a formação da sua sexualidade. Dos 150 educandos pesquisados, 147 afirmaram que a disciplina E.P.S. contribui para a sua vida na formação da sua sexualidade, perfazendo um total de 98% dos educandos,
  • 35. 34 os quais justificaram de diferentes maneiras. As justificativas dos alunos estão descritas na tabela 3. Tabela 3: Justificativas da importância da disciplina E.P.S para a vida do educando. SUBCATEGORIAS Porcentagem 1. Prevenção às ISTs/Aids e a gravidez precoce. 32 2. Aquisição de novos conhecimentos e sanando dúvidas. 20 3. Desenvolvimento da sexualidade de forma plena. 8,7 4. Compreender melhor as mudanças do corpo. 5,3 5. Favoreceu o conhecimento e crescimento pessoal. 5,3 6. Importância do sexo e sexualidade. 4,0 7. Pensar sobre as escolhas e tomadas de decisões. 2,7 8. Acabar com os tabus e mitos. 1,3 9. Diálogo com o parceiro. 0,7 10. Reconhecimento que a adolescência é uma fase complicada. 0,7 11. Não responderam. 2,0 12. Não justificaram 22,7 Nos depoimentos supracitados observa-se a prevenção às ISTs e gravidez precoce com um percentual de 32%, o que remete a visão das correntes médicas e higienistas que pregavam a necessidade de uma Educação Sexual eficaz no combate à masturbação e às doenças venéreas e que preparava a mulher para desempenhar adequadamente o papel de esposa e de mãe. É o que revela a literatura segundo Barroso e Bruschini (1992) citadas por Sayão (1997). A seguir veja o depoimento de alguns alunos quanto a contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a sua vida e a formação da sua sexualidade: “Eu fiquei conhecendo vários tipos de doenças que não conhecia e como se previnir de cada uma delas” (A. 20). “Mostrando o conhecimento sobre sexo e orientando os alunos a se prever das doenças D.S.T e Aids” (A. 28). “Contribui e muito, porque eu fico atenta com as doenças, o conselho também é muito bom a prevenção gravidez na adolescência tudo isso inclui em nossas vidas” (A. 71). Os adolescentes e jovens relatam também a importância da aquisição de novos conhecimentos, informações esclarecedoras que a escola dispõe, afirmando que neste espaço tem encontrado o apoio e abertura não encontrada nas famílias, às vezes, talvez por vergonha ou ainda a maneira de se expressar dos pais, perfazendo um total de 20%. Percebe-se aqui que a educação não está visando apenas a prevenção, mas também a informação e comunicação, permitindo o desenvolvimento da sexualidade de forma
  • 36. 35 responsável e saudável: “Muitas vezes tenho algumas dúvidas, e no decorrer das aulas, passamos a conhecer mais o nosso corpo, os pontos positivos, negativos, enfim passamos a ter mais conhecimento nessa área” (A. 124). “De forma objetiva porque muitas vezes os nossos pais não tem uma forma de se expressar sobre este assunto e no colégio temos essa oportunidade.” (A. 84) “Pois ela nos explicar melhor coisas que as vezes nosso pais tem vergonha de falar” (A. 101). A educação dada pelos pais, muitas vezes, vem acompanhada de tabus, preconceitos, falta de informação oriundos da sua formação pessoal e social, arraigados de várias gerações onde a repressão sexual estava presente com mais freqüência. Conforme nos revela Chauí (1984, p. 9) citada por Santos e Bruns (2000, p. 14) a repressão sexual é um “conjunto de interdições, permissões, valores regras estabelecidos histórica e culturalmente para controlar o exercício da sexualidade”. “Eu aprendi que o sexo é muito importante na nossa vida, mas é preciso se prevenir” (A.23). “Nas minhas decisões, nas minhas atitudes, na forma de pensar”. (A. 116) Observando o depoimento do aluno 116, o mesmo afirma que a disciplina contribuiu nas decisões, nas atitudes, na forma de pensar. Retoma-se a fala de Cavalcanti (1990, p. 400) que define atitude segundo Brown “como sendo a disposição para agir de forma favorável ou desfavorável, em relação a um determinado objeto”. E quanto ao comportamento “a resposta emitida ou eliciada pelo indivíduo, face a uma estimulação do meio ambiente”. Então percebe-se que o adolescente é capaz de mudar o seu comportamento com no que ouve, nas informações adquiridas, podendo mudar a sua forma de pensar. Nas atitudes, há três componentes os quais mantém uma inter-relação: o cognitivo (o pensar), o afetivo (o sentir) e o conativo (o tender a agir), então aquilo que o indivíduo pensa, depende muito de suas vivências e da aprendizagem no meio social mediante os fatos experienciados ou aprendidos, o adolescente começa a estruturar seu pensamento acerca do que foi trabalhado, seja os contraceptivos, a prevenção contra as ISTs/AIDS e as drogas. Daí a mudança de comportamento e crescimento pessoal citada por muitos dos adolescentes pesquisados (CAVALCANTI, 1990). Observe o depoimento dos alunos: “A cada aula dada eu sempre mim informo mais e sempre retenho o que há de bom para minha vida e faço grande uso do que eu aprendo para o meu crescimento” (A. 8). “A prendi a pensar melhor antes de fazer as minhas escolhas” (A. 13).
  • 37. 36 Reporta-se à fala de Souza (2003, p. 107): “Os programas de Orientação Sexual devem colaborar com a possibilidade de o educando realizar-se, abrindo a capacidade de escolha, harmonizando a vida e a personalidade, buscando o conhecimento de si.” Com base nesse conhecimento, ele tem possibilidade de decidir, de escolher e buscar novos caminhos. Outros depoimentos relatam a importância em diversos segmentos: como a compreensão da mudança do corpo, favorecimento do crescimento pessoal, a prática do sexo seguro, o diálogo com o parceiro, acabar com os mitos e tabus, etc. “A cada ano que se passa mudamos, nossos corpos se tornam mais definidos e com a aula de E.P.S. entendemos porque acontece tudo isso” (A. 1). “Assim eu aprendo mais sobre o meu corpo e tenho consiência sobre uma relação sexual”(A. 3). “Me ajudou a entender mais as coisas que eu tinha dúvidas e a aprender bastante, fiquei menos preocupada, porque aprendi tudo que queria saber” (A. 62). “Porque nós estamos aprendendo o que se pode fazer, e o que não podemos fazer e quais são os mitos e as verdades sobre nossa sexualidade” (A. 79). Observa-se pelos depoimentos o grau de importância que a disciplina Educação para a Sexualidade (E.P.S.) tem para a vida dos jovens e adolescentes, não apenas na questão da prevenção à saúde, mas também na mudança de comportamento, crescimento pessoal e aquisição de novos conhecimentos. Apenas 2% dos educandos pesquisados afirmaram que a disciplina não contribui para as suas vidas e como justificativa utiliza-se a fala de um deles: “não aprendi nada, é coisa que discutimos diariamente” (A. 37). Sabe-se que a mídia, representada nas suas mais diversas modalidades, apresenta os temas ligados à sexualidade de modo parcial e pouco aprofundados, um reflexo do que se passa na sociedade, de forma liberal, mas, não favorece um espaço adequado para uma reflexão e discussão de tema tão complexo e tão atual. Apesar de alguns alunos afirmarem que por serem assuntos do nosso cotidiano, não apresentam dúvidas, acredita-se que a maneira como esses conteúdos estão sendo trabalhados, pode não estar despertando o componente conativo “o tender a agir”, que está intimamente ligado ao “pensar” e “sentir”, segundo Cavalcanti (1990).
  • 38. 37 c. Escolha dos conteúdos Perguntou-se aos educandos quem escolhe os conteúdos a serem trabalhados. Pela análise da figura abaixo, constata-se que a escolha dos conteúdos é feita pelos educadores com a participação dos alunos perfazendo um total de 38,7%. Cerca de 32% afirmaram que a escolha é feita, exclusivamente, pelo professor e 22,7% do alunado não souberam responder como é feita a escolha dos conteúdos. Escolha dos conteúdos Professor e aluno 70 38,7% 60 Professor 32% 50 Não sei responder Nº de alunos 40 22,7% 30 Sec. de Educ. e Coord. Pedagógica 4,7% 20 Aluno 1,3% 10 Não respondeu 0 0,7% Figura 2: Pessoas que toma decisões sobre a escolha dos conteúdos É muito importante que os alunos participem da escolha dos conteúdos, pois assim terão possibilidade de tirar suas dúvidas e saciar as suas curiosidades. Conforme o pensamento de Souza (2003) os conteúdos serão escolhidos: [...] com ajuda dos alunos, o temário que os atenda com informações biológicas, sociais e psicológicas. Ver os temas de maior interesse e discuti-los pela ordem prioritária tentando esclarecer mitos e preconceitos, discutir sentimentos, responsabilidades frente à sua sexualidade e à do outro e relacionamentos (p. 106). É uma oportunidade que os alunos têm de escolher os conteúdos a serem trabalhados não ficando apenas em cargo dos professores, pois estes na verdade assumirão o papel de mediador, que na realidade é uma postura não muito fácil de atingir. É muito mais fácil responder prontamente a um questionamento do que incitá-lo a chegar ao conhecimento por si mesmo e ainda corre-se o risco de responder questões que nem sequer foram feitas. De acordo com Macedo (2003), o professor deverá ter a preocupação de organizar os temas, respeitando critérios que mudam de acordo com a faixa etária.
  • 39. 38 d. Participação dos educandos nas aulas Quanto à participação dos educandos nas aulas, 61,3% responderam que participam ativamente; 30,7% participam pouco; 3,3% não responderam; 2,7% dos alunos afirmaram que não participam das aulas e 2% apontou outras possibilidades, conforme figura abaixo: Participação nas aulas de E.P.S Participam 100 ativamente 61,3% 90 Participam pouco 80 30,7% 70 Não respondeu Nº de alunos 60 3,3% 50 Não participam 40 2,0% 30 Outros 2,0% 20 10 Não podem 0 interferir 0,7% Figura 3: Participação dos educandos nas aulas de E.P.S. As atividades desenvolvidas, seja qual for a área, devem ter uma preocupação com a receptividade da turma. Como diz Souza (2003), este será o termômetro do método. A mesma ainda esclarece: Para que a educação ou orientação corra bem, é sempre bom especificar completamente o que se deseja ensinar, reformular ou questionar. É necessário que o ensino se torne aprendizagem. Um objetivo só será atingido quando envolver comportamentos, reforçados pela participação dos jovens em espaços abertos, na sala de aula e em casa, para que possam usar o que aprenderam (p. 115). Para que a participação dos adolescentes e jovens seja efetiva, os educadores precisam estimulá-los de alguma maneira. Perguntou-se então aos educandos se os professores estimulam a participação deles em sala de aula.
  • 40. 39 Estimulo à participação dos alunos SIM 89,3% NÃO10% Não respondeu,0,7% Figura 4: Estímulo à participação dos alunos. Observando-se a figura acima, percebe-se que a participação dos educandos durante as aulas é estimulada pelos educadores perfazendo um percentual de 89,3%. 10% afirmaram que não são estimulados a participar e apenas 0,7% não responderam a questão. De acordo os depoimentos dos educandos foram elaboradas as subcategorias desta questão: Tabela 04: Formas de estimular a participação nas aulas de E.P.S. SUBCATEGORIAS Porcentagem 1. Através do diálogo, perguntando e tirando as dúvidas. 25,3 2. Diversificando as aulas. 16 3. Fazendo discussão dos assuntos e chamando a atenção. 14 4. Apresentando temas polêmicos e interessantes 5,3 5. Trazendo pessoas de fora para ministrar palestras 1,3 6. A postura do professor. 1,3 7. Estabelecendo as regras de boa convivência. 0,7 8. Não respondeu à questão 0,7 Percebe-se que os educandos se sentem estimulados a participar das aulas quando o educador permite um diálogo aberto e se utiliza de técnicas variadas, fugindo das aulas tradicionais. É necessário que os educadores tenham em mente que é importante a participação dos alunos em sala de aula e para isso devem estar atentos a alguns fatores segundo relata Souza (2003): [...] levar em conta os interesses e motivações dos alunos para que sejam ativos e participativos, estimulando o diálogo e criando um ambiente aberto, de confiança. É bom lembrar que gestos e comentários que acompanham as explicações são
  • 41. 40 percebidas e captadas pelos alunos. Eles percebem o que está nas entrelinhas (p. 115). Observe alguns depoimentos dos alunos: “Fazendo perguntas e deixando o diálogo aberto para a pergunta” (A. 33). “Ela pede nossa opinião, faz perguntas e traz uma caixa para por as perguntas que temos dúvidas” (A. 94). “Fazendo dinâmicas e seminários” (A. 1). “Além de atividades de casa e de classe a professora estimula a participar, não só com livros e sim jogos e pesquisas e também ceminários” (A. 58). O educador tem que estar atento às necessidades dos educandos quanto aos temas trabalhados e às técnicas aplicadas a determinados temas. Podem existir assuntos polêmicos em que o educador deverá se conter e não dar respostas prontas, mas sim levá-los a tomar suas próprias decisões e formular seus conceitos. “Ela sempre trás assuntos divertidos, polêmicos e interessante para a aula ficar diferente” (A. 8). “A professora é show que ela é verdadeiramente... um estou ensinando e quase todo mundo quer discutir também” (A. 80). Os alunos apontam a postura do professor em sala de aula, afirmando que o mesmo é muito humorado e alegre, ponto muito interessante. Não seria válido que o professor fosse para a sala de aula com suas preocupações e angústias. É necessário que o mesmo faça uma reflexão sobre sua sexualidade, tabus, preconceitos, medos, aflições para não passar essas visões para os adolescentes. Ensinar com amor, ser sensível a ponto de perceber o que o aluno quer, entrar em uma sala discutir sobre diferentes assuntos e sair com a consciência tranqüila e feliz com o que fez (SOUZA, 2003). Uma pequena parcela, perfazendo um total de 10% dos educandos, afirma que o educador não estimula a sua participação nas aulas e 1% não respondeu a questão. Como justificativas apontaram alguns fatores, entre eles: postura do professor, o uso de aulas tradicionais e trabalhar com assuntos já vistos. “Ela não deixa nem a gente dar nossa opinião” (A. 104). “Porque ela fica na sala conversando sobre outros assuntos e não procura saber se a gente está entendendo ou não os assuntos” (A. 120). “Na minha sala é diferente porque ela só escreve no quadro, mas nas questões que ela fala nós ouvimos atentamente” (A. 108).
  • 42. 41 Assim como alguns educandos apontaram a postura do professor e o não uso das aulas tradicionais, sendo pontos positivos para estimular a participação dos mesmos em sala de aula, outros apontaram estes mesmos fatores como sendo os responsáveis por sua não participação nas aulas. Observe o depoimento do aluno 124: “A aula às vezes fica um pouco chata, alguns assuntos que eu já estudei antes, então não estimula muito, mas há várias coisas importantes também”. Observando o depoimento deste aluno, percebe-se a falta de estímulo devido à repetição de assuntos, porém não descartando a hipótese de que há várias coisas interessantes, também. Para que haja uma aprendizagem significativa deve-se levar em conta o conhecimento prévio dos alunos, ou seja, suas vivências e experiências e não apenas acúmulo de conhecimentos. Mesmo com a repetição dos assuntos percebe-se que os alunos reconhecem a importância de muitos destes. Para Ausubel (apud MOREIRA & MANSINI, 1982), a aprendizagem significativa é um processo pelo qual uma nova informação se relaciona com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. Por isso, o fator isolado mais importante a influenciar a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. “Verifique-se o que ele já sabe e ensine-o a partir daí”. Daí a importância do diálogo, das aulas participativas, pois é por intermédio dessas metodologias que o educador obterá informações dos conhecimentos prévios dos educandos. Portanto, torna-se necessário que se empreguem metodologias que provoquem modificações no comportamento e atitudes dos alunos, para que estes possam vir a desenvolver sua sexualidade plenamente. e. Estratégias metodológicas utilizadas pelos educadores Segundo os educandos, são diversas as estratégias metodológicas utilizadas pelos educadores para ministrar suas aulas. 62,7% apontaram a dinâmica de grupo, 45,3% apontaram estudos dirigidos, 41,3% exposição participada, 26% seminários, 20% as aulas expositivas, 12% jogos e 8,7% se utilizam de outras estratégias como: pesquisas, debates, dramatizações, palestras, filmes, trabalhos em grupos. Vale salientar que essas estratégias são bastante variadas, um mesmo professor pode utilizar várias estratégias em suas aulas. Observe a tabela a seguir:
  • 43. 42 Tabela 05: Estratégias metodológicas utilizadas pelos professores na disciplina E. P. S. METODOLOGIAS Nº de ALUNOS Porcentagem Dinâmicas de grupo 94 62,7 Estudos dirigidos 68 45,3 Exposição Participada 62 41,3 Seminários 39 26 Aula expositiva 30 20 Jogos 18 12 Outros 13 8,7 As estratégias metodológicas utilizadas pelos educadores são de fundamental importância para o aprendizado do aluno, já que não seria pertinente num trabalho de orientação sexual em que os educadores se valessem apenas das aulas expositivas ou leitura de textos enfadonhos. Segundo a ótica de Souza (2003): Ninguém aprende só com uma explicação ou com a leitura de um texto. O reforço da aprendizagem deve ser com materiais que usem vários canais de entrada: visão, audição e outros para garantir a atenção. Ouvir o que está sendo dito, ver uma ilustração, eslaide ou vídeo, estar atento, anotando (atividade motora) são caminhos diversos que levam os estímulos até o cérebro e vão sendo gravados (p. 115). A orientação sexual não pode se limitar a aspectos meramente informativos. Ela exige um debate de idéias sobre valores pessoais e sociais e deve facultar aos seus destinatários os dados necessários para que estes definam o seu próprio quadro de referências, definidor das opções individuais. Barroso (1982) citada por Silva (2002) faz uma ressalva quanto a importância do trabalho de Orientação sexual com valores e atitudes, tanto para com o aluno como com o professor: É importante que um programa de OS se apóie no conhecimento do universo de valores, atitudes e informações, subjacentes aos comportamentos dos estudantes e de seus professores, não limitando seus objetivos a questões de reprodução e incluindo uma questão do significado mais amplo da sexualidade para o indivíduo e para a sociedade” (p. 28).