O documento descreve o estilo artístico Rococó, que floresceu na Europa no século XVIII. O Rococó representou uma continuidade e ruptura com o Barroco anterior, com ênfase na leveza, simetria, curvas sinuosas e temas de prazer sensual. O estilo influenciou a arquitetura, escultura, artes decorativas e jardins da época.
2. Um novo estilo artístico …
“Tardo-Barroco e Rococó constituem as útimas fases do período
histórico iniciado pelo Renascimento. Um aspeto menos restrito, uma
composição mais livre, um sossegado desabrochar, o gosto pela
beleza sensual opõe-se à densidade, ao sopro heróico, ao carácter
sistemático do Barroco do século XVII.
Mais do que nunca se impõe o prazer dos olhos como critério
decisivo: sumptuosidade e decoração, estilo teatral e agradável, o
ritmo da luz e das cores desempenham papel decisivo. É com razão
que geralmente se utilizam os adjetivos agradável, alegre para
qualificar a época e o termo recreio para designar pavilhões e casas.”
A. Châtelet e B.P. Groslier, História da Arte, Larousse
3. Um novo estilo artístico …
“Tardo-Barroco e Rococó constituem as útimas fases do período histórico
iniciado pelo Renascimento. Um aspeto menos restrito, uma composição
mais livre, um sossegado desabrchar, o gosto pela beleza sensual opõe-se à
densidade, ao sopro heróico, ao carácter sistemático do Barroco do século
XVII.
Mais do que nunca se impõe o prazer dos olhos como critério decisivo:
sumptuosidade e decoração, estilo teatral e agradável, o ritmo da luz e das
cores desempenham papel decisivo. É com razão que geralmente se utilizam
os adjetivos agradável, alegre para qualificar a época e o termo recreio para
designar pavilhões e casas.”
A. Châtelet e B.P. Groslier, História da Arte, Larousse
Continuidade e rutura com o Barroco
4. Um novo estilo artístico …
Movimento artístico que irradiou de França para o resto da Europa
Centro intelectual e artístico da Europa
5. Os estilos artísticos do século XVIII
Século XVII Século XVIII
Luís XIV (1643-1715) Luís XV (1715-74) Luís XVI(1774-91))
Barroco tardio
Rococó
Neoclassicismo
Pré- Romantismo
6. Um novo estilo artístico …
Continuidade e rutura com o Barroco
- Revolta contra as regras seiscentistas
- procura de intimidade, requinte e de
elegância nas festas galantes
- insere-se no novo espírito de
liberdade cortesã, sem vínculo ao
“gosto oficial” de Versalhes
- procura de efeitos fantasiosos,
expressivos e puramente visuais,
exaltando o prazer dos sentidos
Palácio de Wurzburg
7. A origem da palavra
Rocaille
Tipo de decoração de interiores que
usava elementos naturalistas
(rochas, conchas, flores, etc),
procurando obter efeitos artificiais,
grotescos ou inquietantes
9. Um novo estilo decorativo
Estilo leve, elegante e Estilo próprio de uma elite
refinado, com cores aristocrática e intelectual,
suaves, linhas amante da alegria, do
natural e do convívio
delicadas, sinuosas,
caprichosas e
informais, em oposição
à oponência barroca
10. Valorização das artes decorativas
- Mobiliário
- cerâmica
- ourivesaria
- ferraria
- tapeçaria
Cressent, cómoda do estilo Luís XV Poltrona à la Reine,
meados do século XVIII
11. Valorização das artes decorativas
Blanchard, canapé com assentos de canto,
pertencente às filhas de Luís XV, c. 1784
12. Valorização das artes decorativas
- Mobiliário
- cerâmica
- ourivesaria
- ferraria
- tapeçaria
Matin Carlin, mesa-secretária, Ferro forjado num
portão do Jadim das
c. 1772
Tulherias
13. Valorização das artes decorativas
- Mobiliário
- cerâmica
- ourivesaria
- ferraria
- tapeçaria
Vaso da Manufatura Real Cafeteira de porcelana da
de Sèvres Saxónia
14. Valorização das artes decorativas
Centro de mesa do Duque de Kingston (gravura), Juste-
Aurèle Meissonier, 1735
15. Valorização das artes decorativas
Prato de sopa de prata, Henri-Guillaume Adnet and Francois
Bonnestrenne, sob a direção de Juste-Aurèle Meissonier
16. A arquitetura rococó
Princípios:
-Diferenciação dos edifícios, de acordo com
a sua função
- traçado exterior simples
- conceito de interior, que deve proporcionar
conforto, comodidade e intimidade
- utilização de elementos decorativos
barrocos, mas de um modo mais liberto, mais
sensual
- novos elementos decorativos (conchas,
algas marinhas, rocalhos e chinoiseries)
- uso de materiais fingidos: falsos mármores,
madeiras e estuques pintados
R. Aubert, Palácio de Biron, 1731, Paris
17. A arquitetura rococó
Princípios:
-Diferenciação dos edifícios, de acordo
com a sua função
- traçado exterior simples
- conceito de interior, que deve
proporcionar conforto, comodidade e Arabescos, linhas ondulantes,
intimidade irregulares e assimétricas)
- utilização de elementos decorativos
barrocos, mas de um modo mais liberto,
mais sensual
- novos elementos decorativos (conchas,
algas marinhas, rocalhos e chinoiseries)
chinesices
- uso de materiais fingidos: falsos
mármores, madeiras e estuques pintados
Imitação de rochas
R. Aubert, Palácio de Biron, 1731, Paris
18. A arquitetura rococó
Arquitetura civil
Hôtel Château
particulier
Delamair, secção central da fachada,
Hôtel de Soubise, século XVIII, Paris
19. A arquitetura rococó
Características exteriores
- Fachadas:
- mais alinhadas
- banidos os elementos
decorativos clássicos (colunas,
frontões e esculturas)
- manutenção dos
entablamentos e das
balaustradas
- ângulos retos suavizados por Delamair, secção central da fachada,
curvas Hôtel de Soubise, século XVIII, Paris
- Tetos de duas águas
20. A arquitetura rococó
Características exteriores
Portas-janelas:
- de maiores dimensões
- alinhadas na vertical e na
horizontal, ritmando as fchadas
- recortadas e emoluradas com
arcos de volta perfeita ou
abatidos
- Decoração exterior concentrada nas
portas e nas janelas, nas consolas,
nas arcadas, no aparelho de
alvenaria, nas ferragens e batentes
- ferro forjado muito abundante
(grades para jardins, lagos e portas)
21. A arquitetura rococó
Características exteriores
Portas-janelas:
- de maiores dimensões
- alinhadas na vertical e na
horizontal, ritmando as fchadas
- recortadas e emoluradas com
arcos de volta perfeita ou
abatidos
- Decoração exterior concentrada nas
portas e nas janelas, nas concolas,
nas arcadas, no aparelho de
alvenaria, nas ferragens e batentes
Vergara e Rovira, Entrada do Palácio de
- ferro forjado muito abundante
Duas Águas, 1740-44, Valência, Espanha
(grades para jardins, lagos e portas)
22. A arquitetura rococó
Jardins:
- Grandes relvados com
arvoredos
- esculturas, rampas,
lagos, pavilhões de caça,
pequenos apartamentos,
pagodes chineses
Locais de festas faustosas
Hôtel de Soubise
23. A arquitetura rococó
Jardins:
- Grandes relvados com
arvoredos
- esculturas, rampas,
lagos, pavilhões de caça,
pequenos apartamentos,
pagodes chineses
Locais de festas faustosas
Neumann, Residência do Arcebispo de
Wurzburg, 1737-42
24. A arquitetura rococó
Jardins:
- Grandes relvados com
arvoredos
- esculturas, rampas,
lagos, pavilhões de caça,
pequenos apartamentos,
pagodes chineses
Locais de festas faustosas
Neumann, Residência do Arcebispo de
Wurzburg, 1737-42
25. A arquitetura rococó
Características interiores
Átrio do Imperador, da Residência Episcopal de Wurzburg, de Neumann, 1737,
com estuques e estatuária de A. Bossi (1749-51) e frescos de Tiepolo (1752)
26. A arquitetura rococó
Características interiores
- Plano central das habitações: salão
principal
- em torno deste estão as salas
secundárias e a biblioteca
- 2º piso: divisões privadas
- divisões baixas, pequenas,
independentes, arredondadas e
pavimento em parquet
- interior iluminado: portas-janelas,
espelhos, candeeiros e lustres
- paredes com decoração exuberante
com cores claras(molduras douradas,
telas, tapeçarias, frescos, relevos
policromados)
27. A arquitetura rococó
Características interiores
Arabescos em estuque
dourado
Sofitos com pinturas
em trompe l’oeil
Diferentes entradas
de luz
Estatuária de
movimento “galante”
Espelhos para
ampliar os espaços
28. A arquitetura rococó
Boffrand (1667-1754), interior
do salão oval, cerca de 1735
Pinturas, telas, estuques, mobiliário
e lustre
31. A arquitetura rococó
Arquitetura religiosa
-Plantas longitudinais
complexas
- exteriores simples mas cheios
de janelas
- principal elemento decorativo:
a concha
- interiores: mistura escultura,
pintura e arquitetura, com
vários pontos de fuga, criando
um cenário fictício
Baltasar Neumann, Abadia de Vierzehnheiligen,
1743-72, Francónia, Alemanha
32. A arquitetura rococó
Arquitetura religiosa
-Plantas longitudinais
complexas
- exteriores simples mas cheios
de janelas
- principal elemento decorativo:
a concha
- interiores: mistura escultura,
pintura e arquitetura, com
vários pontos de fuga, criando
um cenário fictício
Baltasar Neumann, Abadia de Vierzehnheiligen,
1743-72, Francónia, Alemanha
33. A arquitetura rococó
Arquitetura religiosa
-Plantas longitudinais
complexas
- exteriores simples mas cheios
de janelas
- principal elemento decorativo:
a concha
- interiores: mistura escultura,
pintura e arquitetura, com
vários pontos de fuga, criando
um cenário fictício
Baltasar Neumann, Abadia de Vierzehnheiligen,
1743-72, Francónia, Alemanha
34. A arquitetura rococó
Arquitetura religiosa
-Plantas longitudinais
complexas
- exteriores simples mas cheios
de janelas
- principal elemento decorativo:
a concha
- interiores: mistura escultura,
pintura e arquitetura, com
vários pontos de fuga, criando
um cenário fictício
Zimmermann, Igreja de Peregrinação de Wies,
Baviera, Alemanha, 1745-1754
35. A escultura do Rococó
Novos cânones estéticos:
- manutenção das linhas curvas e
contra-curvas
- linhas mais delicadas e diluidas,
organizadas em:
- estilizados esses (S),
- expressivos ces (C)
- em contracurvados duplos
Edmé Bouchardon, Cupido a tirar uma seta
da pata do leão, 1747
36. A escultura do Rococó
Novos cânones estéticos:
-adoção do cânone maneirista da figura
humana:
- corpos alongados e silhuetas
caprichosas;
- leveza e graciosidade nos gestos, nas
aitudes e nas posições (esculturas
galantes)
Edmé Bouchardon, Cupido a tirar uma seta
da pata do leão, 1747
37. A escultura do Rococó
Novos cânones
estéticos:
-grupos escultóricos:
composições com
movimento e ritmo,
com elevado sentido
cénico e
enquadradas no
cenário onde se
destinam
P. Persico e T. Solari, Fonte de Diana, 1770-89, Jardins do
Palácio Real de Caserta, Nápoles
38. A escultura do Rococó
Preferência por:
- Escultura decorativa que
complementa a
arquitetura, de forma a
cobrir todas as estruturas
e superfícies
- estatuária de pequeno
porte que complementa a
decoração de interiores
(bibelots), com pequenos
objetos sem função
utilitária (bustos,
estatuetas religiosas ou
mitológicas)
Claude Michel, o Clodion, La Gimbelette
39. A escultura do Rococó
Materiais:
- nas grandes obras escultóricas do
exterior: pedra e bronze
- escultura de pequena dimensão e
objetos ornamentais: bronze, ouro,
prata, porcelana (a porcelana
biscuit)
- decoração mural de interiores:
madeira, argila, estuque e gesso
Giuseppe Gricci, Mater Dolorosa, 1744, (39,4
cm)
40. A escultura do Rococó
Materiais:
- nas grandes obras escultóricas do
exterior: pedra e bronze
- escultura de pequena dimensão e
objetos ornamentais: bronze, ouro,
prata, porcelana (a porcelana
biscuit)
- decoração mural de interiores:
madeira, argila, estuque e gesso
Claude Michel, o Clodion, Ninfa e
Sátiro, c. 1780 (terracota)
41. A escultura do Rococó
Novos temas:
-sobretudo na pequena
escultura, preferência por
temas “menores”: irónicos,
jocosos, sensuais e até
eróticos e galantes
- Estatuária monumental:
temas tradicionais
(comemorativos, alegóricos
e/ou honoríficos)
Claude Michel, o Clodion, La Gimbelette
42. A escultura do Rococó
Novos temas:
- sobretudo na pequena escultura,
preferência por temas “menores”: irónicos,
jocosos, sensuais e até eróticos e galantes
- Estatuária monumental: temas tradicionais
(comemorativos, alegóricos e/ou
honoríficos)
Falconet, estátua equestre do czar Oedro, o
Grande, 1782, bronze sobre rocha natural
43. A escultura do Rococó
Maior frivolidade:
- mitologia - preferência por deuses
“menores”
- temas profanos – preferência por
aspetos pitorescos ou frívolos do
quotidiano
- temas religiosos (Alemanha) –
contraste tema sagrado / roupagens
luxuosas e maneirismos galantes
Claude Michel, o Clodion, Baco e
uma Ninfa, c. 1790
44. A escultura do Rococó
Maior frivolidade:
- mitologia - preferência por deuses
“menores”
- temas profanos – preferência por
aspetos pitorescos ou frívolos do
quotidiano
- temas religiosos (Alemanha) –
contraste tema sagrado / roupagens
luxuosas e maneirismos galantes
Ignaz Gunther, O Anjo da Guarda
45. A pintura do Rococó
Século XVIII: nova maneira de sentir e viver a arte
Temas:
Pintura sobre tela - cenas pastoris Amor, sedução, erotismo,
- festas galantes hedonismo Doutrina filosófica que faz
- retrato: do prazer o objeto de vida
- histórico
- sereno
- burguês
- psicológico François, Boucher,
Confidências
pastorais
Temas tratados de forma
ligeira e superficial, com
referência a deuses e a
pequenos cupidos
46. A pintura do Rococó
Século XVIII: nova maneira de sentir e viver a arte
Temas:
Pintura sobre tela - cenas pastoris
- festas galantes
- retrato:
- histórico
- sereno
- burguês
- psicológico
Temas tratados de forma
ligeira e superficial, com
referência a deuses e a
pequenos cupidos
F. Boucher, Rapariga com
um bouquet
47. A pintura do Rococó
Composições:
- rítmicas
- exuberantes
- tendência
decorativa
Ornamentos:
- mais ricos
- relacionados
com o mundo
marinho
(conchas, ondas
Cromatismo:
- brancos
- azuis
- rosas
Fragonard, Os amantes felizes
48. A pintura do Rococó
Pintores franceses
Jean Antoine
Watteau
-Festas galantes
- cenas de género
- cenas mitológicas
- teatralidade
próprias do estilo
Rococó, aliada à
ansiedade e tristeza
do Barroco
Watteau, Peregrinação à Ilha de Cítera, 1717
49. A pintura do Rococó
Pintores franceses
Jean Antoine
Watteau
-Festas galantes
- cenas de género
- cenas mitológicas
- teatralidade próprias
do estilo Rococó,
aliada à ansiedade e
tristeza do Barroco
Watteau, A Lição do Amor, 1716
50. A pintura do Rococó
Pintores franceses
François Boucher
-Pintura mais robusta e
sólida
- decorativismo e frivolidade
Boucher, O Banho de Diana, 1742
51. A pintura do Rococó
Pintores franceses
François Boucher
-Pintura mais robusta e
sólida
- decorativismo e frivolidade
Boucher, Jupiter, 1759
52. A pintura do Rococó
Pintores franceses
Jean-Honoré
Fragonard
-Pincelada rápida e espontânea
- temas: amor e alegria de viver
- sensibilidade apurada
O baloiço, 1766-67
53. Pintores franceses
Jean-Honoré
Fragonard
-Pincelada rápida e espontânea
- temas: amor e alegria de viver
- sensibilidade apurada
O concurso musical
54. A pintura do Rococó
Pintores franceses
Jean-Baptiste-Siméon
Chardin
- cenas de género (vida
quotidiana)
- naturezas-mortas
(linha flamenga e
holandesa)
Natureza-morta com Caça,
c. 1760-65
55. A pintura do Rococó
Pintores franceses
Jean-Baptiste-
Siméon Chardin
- cenas de género (vida
quotidiana)
- naturezas-mortas
(linha flamenga e
holandesa)
A Lavadeira,
c. 1735
56. A pintura do Rococó
Pintura mural
- Pintura mural
quase inexistente
- colocação de
pequenos painéis
em tela colocados
sobre painéis
decorativos fixos,
que emolduravam
a pintura
Boffrand, interior do salão oval do Hôtel de Soubise,
c. 1735