Palestra “Desmistificando a produção do artigo científico”, desenvolvida por Kathleen Vasconcelos. Foi discorrido acerca dos procedimentos necessários para a construção de artigos com qualidade, bem como as trajetórias percorridas para o envio e publicação de tais textos.
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Desmistificando a produção do artigo científico
1. Desmistificando a produção do artigo científico Kathleen Elane Leal Vasconcelos (membro da ABU Recife; professora da UEPB; Doutoranda em Serviço Social da UFPE)
2. O que NÃO é um artigo científico? (1)(MEDEIROS, 2009) 1) Resumo de um artigo ou livro; 4) Ideias de outr@sestudios@s, repetidas acriticamente; 5) Colcha de retalhos de citações 6) Cópia do trabalho de outra pessoa (plágio) Desmistificando a produção do artigo científico - Kathleen Vasconcelos
3. O que NÃO é um artigo científico? (2) 7) Não é simplesmente aplicar as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) a um texto ABNT/CB-14
4. O queé um artigo científico? (1) São consideradas publicações Científicas (MEDEIROS, 2009): 1. Artigo Científico; 2. Paper; 3. Informe Científico; 4. Comunicação Científica; 5. Resenha Crítica; 6. Monografias (Trabalho de Conclusão de Curso - TCC); 7. Dissertações; 8. Teses de doutorado.
5. O queé um artigo científico? (2) “Parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento” (ABNT, 2003, p.2)
6. O queé um artigo científico? (3) Apresentação sintética(escrita) dos resultados de pesquisa (BARBA, [s.d]). Trata de problemas científicos, ainda que se extensão pequena (MEDEIROS, 2009). Publicado em jornais, revistas ou periódicos especializados (Id Ibidem).
7. O que é um paper(MEDEIROS, 2009) Ponto de vista sobre tema + expressão dos pensamentos de forma original Usado em sentido genérico: comunicação científica ( texto para simpósio, mesa-redonda ou artigo científico) Texto escrito de uma comunicação oral Mesma estrutura do artigo
8. Por que NÃO escrever um artigo científico? Somenteparater“pontinhos” no currículo Lógica da “produtivite” ou “publicacionismo” acadêmico (CASTIEL, SANZ-VALERO, MEI-CYTED, 2007). Cuidadocom “plágio” ou“autoplágio” Colcha de retalhos
9. Por que escrever um artigo científico? Para fazer “andar” a Ciência Socializar e discutir resultados de estudos Parte do processo de FORMAÇÂO Reflexão sobre profissão e mundo: autores da sua área + ideias d@s estudantes (NELI et alie, [s.d])
10. O que é necessário para escrever um artigo científico? (1) “Ninguém é capaz de escrever bem, se não sabe bem o que vai escrever” (CAMARA JR, 1978, apud MEDEIROS, 2009).
11. O que é necessário para escrever um artigo científico? (2) Textos indicam processo de maturação d@ estudante Necessidade de EXERCITAR produção textual Revisão cuidadosa: “penas ao vento” Interessante: discutir com outr@s (orientador@)
12. Só posso produzir um artigo se tiver participado de um projeto de pesquisa ou tiver concluído a monografia, dissertação, etc?
13. O artigo científicopodeserelaborado: a) Como fruto de experiência de participação em projetos de pesquisa, extensão, monitoria; grupos de estudo ou pesquisa b) A partir de pesquisas realizadas para disciplinas c) Com base em estudos individuais d) Processualmente à produção de monografias, dissertações e teses
14. Geralmente, “escrevinhação” é individual ou envolve poucas pessoas Fundamental: grupos de estudo e das “parcerias”, especialmente com orientador ou professor@ Artigo é produção individual ou coletiva?
15. Diretrizes gerais para elaboração do artigo (1) (MOREIRA; CALEFFE, 2006) Selecionar a abordagem com base na teoria Familiarização com a literatura da área Usar dados para reflexão Ser criativo –conclusões não emergem espontaneamente dos dados ou da utilização de procedimento analíticos.
16. Diretrizes gerais para elaboração do artigo (2) PASSOS para o paper (MEDEIROS, 2009): Escolher um assunto Reunir informações Avaliar o material Organizar as ideias Escrever
17. Diretrizes gerais para elaboração do artigo (3) “Sem ter antes refletido sobre um assunto, o ato de escrever transforma-se num pesadelo” (MEDEIROS, 2009, p.217).
18. Diretrizes gerais para elaboração do artigo (4) Início da redação do texto: fichamentos + resenhas (MEDEIROS, 2009). Uso de plano (para não repetir ideias, não deixar nada importante fora) (MEDEIROS, 2009). Necessidade de rigoroso cronograma de leitura ou de pesquisa de campo.
19. Diretrizes gerais para elaboração do artigo (5) Texto dissertativo: sem participação pessoal, vira pseudo-texto: “apresentará simplesmente uma informação que já faz parte do saber partilhado, do conhecimento de todos” (SIQUEIRA, 1995, apud MEDEIROS, 2009, p.219).
20. Diretrizes gerais para elaboração do artigo (6) TIPOS DE PLÁGIO (NERY et al, [s.d.]): 1) Integral 2) Parcial – trabalho como “mosaico” (cópias de parágrafos e frases de autores diversos, sem citar as obras) 3) Conceitual – outra maneira de escrever as ideias d@ autor, sem mencionar fonte original “Engana-se quem pensa que só faz plágio quem copia, palavra por palavra um trabalho sem citar inteiro a fonte e onde o tirou” (GARSCHAGEN, 2006, apud NERY et alie, [s.d.] – grifos dos autores) artigo (4)
21. Diretrizes gerais para elaboração do artigo (7) “Qual é a forma correta de colocar estas ideias no texto acadêmico? É simples: basta escrever com suas próprias palavras de modo a explicar todas as citações, apresentar as fontes no próprio texto, e, se necessário, incluir as citações diretas (texto literal do autor utilizado) à medida que o trabalho vai sendo desenvolvido” (NERY et alie, [s.d.], p.2)
22. Diretrizes gerais para elaboração do artigo (8) Texto como diálogo: Com @s autor@s de referência da área Com os dados b) Com @ futur@ leitor
23. Diretrizes gerais para elaboração do artigo (9) O que Citação? (ABNT, 2002) 1) Citação: Menção de uma informação extraída de outra fonte. 2) Citação de citação: Citação direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original. 3) Citação direta: Transcrição textual de parte da obra do autor consultado. 4) citação indireta: Texto baseado na obra do autor consultado. OBS: tamanho da citação
24. Linguagem do artigo (1) Adequação ao assunto Correção gramatical Coerência e coesão textual Uso de apenas uma pessoa gramatical (geralmente terceira do singular) Conhecimento da linguagem: não tê-lo é como ser operário canhestro e insipiente no exercício da profissão (MEDEIROS, 2009).
25. Linguagem do artigo (2) Estímulo ao interesse do leitor: profundidade, experiência, segurança na exposição dos fatos (MEDEIROS, 2009, p.218). Buscar dar certa emoção e sensibilidade ao texto Importância de cuidadosa revisão gramatical
26. Normalização do artigo (1) Para escrever um trabalho científico, “(...) não basta a forma, é preciso conteúdo. Porém, não basta o conteúdo, é preciso a forma” (VIEIRA, 1991, p.91).
27. Normalização do artigo (2) NBR 6022 estabelece sistema para a apresentação de artigo em publicação periódica científica impressa. Outras normas importantes: 6063 – elaboração de referências 6028 – resumo 10520 – citações em documentos 14724 – apresentação de trabalhos científicos
29. Representação gráfica da estrutura do artigo (1) (OLIVEIRA, 2007, p. 179) O nome do autor deverá vir acompanhado de nota de rodapé (breve currículo; endereço) Título e subtítulo (se houver) Nome(s) do(s) autor(es) RESUMO Palavras-chave 1 Introdução Escrito na língua do texto Escritas na língua do texto A introdução, primeira parte do elemento textual, inicia na primeira página, devendo constar a delimitação do assunto abordado, os objetivos traçados, entre outros elementos capazes de situar o leitor em relação ao tema.
30. Representação gráfica da estrutura do artigo (2) (adaptado de OLIVEIRA, 2007, p. 179) Parte principal do artigo, em que se desenvolve a exposição ordenada e pormenorizada do assunto discutido (referencial teórico, resultados e discussão) 2 Desenvolvimento 3 Conclusão Não deve ter esse título. Divide-se em seções, subseções Parte última do artigo, em que o autor expõe, de maneira sintética, as conclusões correspondentes ao tema estudado.
31. Representação gráfica da estrutura do artigo (3) (OLIVEIRA, 2007, p. 179) Verificar se é necessário (nos eventos ou textos para disciplinas) Título e subtítulo (se houver) em língua estrangeira Resumo em língua estrangeira Palavras-chave em língua estrangeira Referências Escrito na mesma língua estrangeira do título Escrito na mesma língua estrangeira do título Elemento pós-textual OBRIGATÓRIO
32. Representação gráfica da estrutura do artigo (4) (OLIVEIRA, 2007, p. 179) Glossário Apêndice(s) Anexo(s) Elementos pós-textuais opcionais
33. Tipos de artigo O artigo pode ser: a) original (relatos de experiência de pesquisa, estudo de caso etc.) – “parte de uma publicação que apresenta temas ou abordagens originais” (ABNT, 2003, p.2) b) de revisão– “parte de uma publicação que resume, analisa e discute informações já publicadas” (Id Ibidem)
34. Caminhos para a publicação científica em congresso (1) (PAOLI, [s.d]) Verificar informações do congresso; datas-limite; inscrição; etc. Analisar se trabalho está dentro do escopo do congresso ou da seção a qual vai ser submetido; Ler instruções para comunicação; Redigir artigo ou paper; Submissão online: confirmar se textocabe no template; enviar antes do prazo final;
35. Caminhos para a publicação científica em congresso (2) (PAOLI, [s.d]) Recebimento da confirmação do envio Recebimento do e-mail de aceitação ou rejeição; Confecção do painel ou apresentação oral; Ensaio da apresentação ou impressão antecipada do painel Levar material da apresentação em “bagagem de mão” Atentar para horário de entrega do material à organização Apresentar-se ao coordenador e obedecer às instruções Painel: levar cartão de visita, pegar contato dos visitantes
36. Caminhos para a publicação científica em revista ou outro periódico (1) (PAOLI, [s.d]) Escolha do periódico (observar QUALIS) Ler “expediente” da revista (objetivos); ler uma publicação em assunto de seu interesse; Atentar para normas Redação da versão final e “hibernação” Revisão por outra pessoa (texto e resumo em outra língua) Redação final
37. Caminhos para a publicação científica em revista ou periódico (2)(PAOLI, [s.d]) Via “sacra” da publicação: Enviar e receber confirmação do recebimento Aguardar comunicado de: a) rejeição (atente para parecer); b) aceitação com correções, c) aceitação direta. Envio da versão corrigida (na carta de encaminhamento, listar correções feitas) Recebimento de carta de aceitação final Recebimento de provas tipográficas Publicação e recebimento dos exemplares
38. Dica para a comunicação científica “A comunicação (...) envolve: preparação do autor, que deverá estar apto a responder às questões que serão formuladas. A apresentação do material deve ser feito com clareza (oral, ou escrita). Deve-se prestar atenção às questões formuladas para respondê-las com precisão, sem divagações” (MEDEIROS, 2009, p.206).
39. Sugestões para evitar trabalho demorado mais tarde(MOREIRA; CALEFFE, 2006). Estabelecer prazos finais Escrever regularmente Criar ritmo de trabalho - parar onde seja fácil retornar Deixar um espaço para a revisão (e “hibernação”) Manter registro das referências usadas Aprender como usar as referências e citações Observar o mais cedo possível as normas do periódico ou do congresso
40. Em síntese, para escrever um artigo é preciso: Estudar!!! Conhecer normatização (regras da ABNT) Colocar a “mão na massa” Escrever se aprende lendo, estudando, participando de eventos, de discussões com colegas e professores , lendo criticamente a realidade, mas, sobretudo, ESCREVENDO!
41. Referências CASTIEL, L.D.; SANZ-VALERO, J.; MEI-CYTED,Red. Entre fetichismo e sobrevivência: o artigocientíficoé uma mercadoria acadêmica? Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23(12):3041-3050, dez, 2007. MEDEIROS, J.B. Redação científica: a prática de fichamento, resumos, resenhas. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2009. MOREIRA, H; CALEFFE, L.G. Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. NERY et alie. Comissão de Avaliação de Casos de Autoria (biênio 2008-2010). Departamento de Comunicação Social da UFF. Nem tudo que parece é: entenda o que é plágio. ([s.d.]). VIEIRA, S. Como escrever uma tese. 5ed. São Paulo: Ed Pioneira, 1991. PAOLI, M. A redação de textos técnico-científicos. [s.d]. Campinas. Disponível em