O documento discute o teatro, definindo-o como uma forma de arte em que atores interpretam histórias para o público. Explora como ler peças teatrais, com foco nos personagens, conflitos, temas e como cada cena conduz à próxima. Também discute a importância de entender completamente a estrutura e mensagem da obra.
1. Teatro
Teatro é uma forma de arte em que um ator ou
conjunto de atores, interpreta uma história ou
atividades para o público em um determinado
lugar. Com o auxílio de dramaturgos ou de
situações improvisadas, de diretores e técnicos.
O espetáculo tem como objetivo apresentar uma
situação e despertar sentimentos no público.
Teatro é também o termo usado para o local
onde se apresentam jogos, espetáculos
dramáticos, onde se fazem reuniões, shows, etc.
2. Como ler uma peça teatral
Uma obra teatral “narra um argumento que
está constituído por uma seqüência de
incidentes em que as pessoas (agentes)
fazem e dizem coisas, ao mesmo tempo em
que acontecem outras”.
O primeiro objetivo de uma leitura seria o de
tomar conhecimento do argumento, ou melhor,
da história da peça desde o princípio até o
final.
3. Teatro
Existem peças cujas rubricas são
insuficientes e o diretor terá que usar de
todo a sua fantasia para desvendar o que
não foi dito. Algumas vezes o diretor terá
que descobrir dentro das próprias falas o
que falta na rubrica.
4. Teatro
Voltamos a lembrar a passagem de Gordon
Craig. “Em princípio as impressões retidas
nesta primeira leitura, seriam as impressões
de um público normal. Entre a composição
de uma obra e sua representação, há uma
série de fases, de apropriações e
desapropriações causadas pelos atores e
espectadores: a sua imaginação motiva e
mantém esses mal-entendidos.”
5. Teatro
Desde a sua criação, uma obra leva em si
três tendências, três princípios
deformadores, três peças distintas: a que o
autor crê haver escrito, a que os atores
interpretam e a que a maioria dos
espectadores crê entender. O autor
pretende, o ator pretende à sua maneira, e o
público, que tomou a sua atitude de julgar,
recebe de outro modo.
6. Teatro
Desta forma, ao acabarmos de ler a obra
estaremos mais ou menos próximos da
opinião de um público desprevenido, de um
público que vai para assistir e reagir a um
espetáculo e não pretende dar opiniões
brilhantemente inteligentes no final de cada
ato. Assim, a finalidade do teatro não é
talvez uma busca de ordem intelectual,
senão uma revelação de ordem sentimental.
7. Teatro
Podemos então perguntar ao texto: Por que
esta obra desperta interesse? Por que
satisfaz o interesse? Por causa da história
que conta? Pelos pensamentos que emite?
Pelos personagens? Pelas emoções
evocadas? Que é que faz com que os
personagens de determinada obra sejam
interessantes em si mesmo e obrigue ao
público se interessar pelo que ocorre em
cena?
8. Teatro
Jean Villar emprega o termo “Personagem
aberto” para designar a figura imaginada
pelo poeta, que transborda as interpretações
possíveis e pode, independente mente aos
marcos sociais, impor-se a grupos
diferentes, suscitar uma participação coletiva
universal.
9. Teatro
Existe uma fonte de interesse nesta obra? Que
classe de efeitos produz? Serão efeitos
cômicos? Dramáticos? Poéticos? — Um autor
tenta despertar o interesse do público e
conduzi-lo a um de terminado fim. “Se põe uma
obra em cena por uma necessidade de
satisfação que no fundo é a finalidade do teatro,
a necessidade que tem o autor de libertar-se de
algo que o persegue, e que leva dentro de si”, e
o que poderíamos chamar de mensagem da
peça.
10. Teatro
Uma peça pode ter mais de uma mensagem
ou pode durante o seu desenvolvimento
trazer mais de um efeito. Em Romeu e
Julieta, por exemplo, as cenas de grande
dramaticidade são precedidas de aparições
cômicas. Nesta peça temos, cenas
românticas e poéticas como a cena do
balcão, dramática, como a cena em que
Julieta toma o narcótico, cômicas, como as
cenas da ama e as cenas de Mer cuccio.
11. Teatro
o que conduz a uma grande cena? Uma
obra é composta de cenas, todas elas são
inter relacionadas, compondo a cadeia
dramática. Em toda cena existe um
momento alto, mas existe um momento em
que podemos situar a grande cena,
passando a ser o momento culminante. Para
esta cena é que todas as outras cenas de
verão ser conduzidas.
12. Teatro
Voltando ao Romeu e Julieta, o ponto alto do
primeiro ato é o encontro dos amantes
durante o baile. Pois bem, todas as cenas
deste ato deverão estar sendo dirigidas para
este encontro romântico e proibido. Este é
no 1° ato o ponto alto, a grande cena.
13. Teatro
Se não descobrirmos as partes importantes
à direção da peça perderá a unidade e
conseqüentemente mudaremos o sentido
geral da obra. Suponhamos por acaso que
enfatizas semos por demais as cenas
cômicas de Romeu e Julieta, ao chegarmos
nos momentos dramáticos, estes não
estariam preparados para receber a
densidade trágica e as cenas não teriam
sustentação.
14. Teatro
É necessário que cada cena seja condutora
para a cena seguinte, e todas elas
distribuídas para o efeito total quando um
caráter reage frente a outro, ou toma uma
deliberada decisão angustiosa, os elementos
do conflito estão presentes. Em um drama
bem organizado, as tensões e os conflitos
internos conduzem a combates externos.
15. Teatro
Depois de determinarmos a natureza dos
conflitos, como nascem, como se desenvolvem,
para onde nos conduzem estes mesmos
conflitos e suas respectivas conseqüências,
passamos a estabelecer os matizes desses
conflitos, as implicações secundárias, aquelas
implicações que correm paralelas ao drama
principal. Com isto, vemos que além dos
protagonistas, existem um mundo de pequenos
outros personagens possuidores de vidas
próprias, com seus respectivos conflitos e
problemas, que nos passam despercebidos
numa simples leitura.
16. Teatro
A eles devemos dar o devido cuidado. Eles fazem
como que um fundo a figura principal. Numa
pintura, por exemplo, além da figura principal,
temos no fundo uma série de outras figuras que
além de auxiliarem ao artista na determinação da
forma e composição, muitas vezes, servem para
determinar o ambiente e o clima da obra. Como
nós já vimos, em toda a obra de arte nós temos a
forma e o conteúdo, ou melhor, dizendo, forma é
o modo pelo qual o artista utiliza os elementos
específicos de expressão, e o conteúdo é aquilo
que o artista representa ou narra, isto é, o
assunto.
17. Teatro
Desta forma um personagem que apenas
aparece em uma pequena cena, serve
muitas vezes para situar o verdadeiro clima
da peça, dar uma opinião do mundo exterior.
Um exemplo seria o diálogo entre os dois
criados no início de Romeu e Julieta. Este
diálogo simples, é suficiente para mostrar o
clima de ódio e disputa em que viviam as
duas famílias. Ou então do diálogo de
Hamlet do início, já transcrito em outro
capítulo.
18. Teatro
Muitas vezes o autor coloca um personagem
de pequena importância unicamente para
fazer um comentário de como a sociedade
vê o fato exposto, de maneira a mostrar
melhor o contraste ou a diversidade de
opiniões. A esses pequenos personagens
que muitas vezes são vestidos de vizinhos,
cria dos, camponeses, devemos dar muito
atenção, em suas falas podem ocultar toda a
estrutura da peça.
19. Teatro
Outra pergunta a se fazer no texto seria: Qual
a natureza da trama e do argumento?
Qualquer problema esboçado nas primeiras
cenas levará ao problema principal pela
progressão da trama. Muitas vezes os
primeiros problemas esboçados não são na
verdade o verdadeiro conflito da peça, mas
serão fatalmente os elos condutores a este
problema principal.
20. Teatro
A discussão entre os criados da casa dos
Capuletos com os criados da casa dos
Montecchio, provocará a entrada de
Teobaldo da Casa dos Capuletos e desta
forma provocar a ira do Príncipe de Verona
que baixará um edital que no 3° ato exilará
Romeu. Como vimos, esta pequena
seqüência mostra como uma progressão é
como uma cadeia de elos.
21. Teatro
Numa peça os elos não devem ficar soltos ou
abandona dos. O que não for importante não é
necessário. Um fotógrafo, que sai para passear
num domingo, toma um instantâneo de uma
paisagem. De certo modo ele é fiel à paisagem.
Porém o artista que chega ao mesmo lugar
pode compor com a palheta uma interpretação,
que, se bem que se afaste de alguns aspectos
das formas observadas, conserva o essencial,
que é mais fiel à paisagem que o registro
preciso da máquina fotográfica
22. Teatro
Desta forma, da mesma maneira que um
pintor, o diretor pode usar em sua arte a
mesma liberdade de interpretação, valendo-
se da seleção, o exagero, a deformação o
reordenamento.
23. Teatro
Para que a atenção do público não se
disperse, deve o diretor conduzi-la para o
efeito desejado, enfatizar o que deve ser
realmente percebido, selecionar aquilo
que é mais importante para que o
espetáculo chegue a seu termo como
uma obra única. A isso chamaremos
“organização formal da trama”. Qual a
principal questão da obra?
24. Teatro
Toda obra, ainda que medíocre tem algo a
dizer. Ela foi escrita porque o autor pretendia
dizer alguma coisa para o mundo. Ela
propõe alguma coisa, protesta contra uma
instituição social ou pretende revelar uma
angústia secreta, uma paixão desenfreada
ou mesmo um acontecimento pitoresco. Esta
resposta tem que ser dada antes de
qualquer coisa. Sem isso, o diretor vai tatear
às cegas diante de um espetáculo sem
objetivo.