3ª fase do Modernismo brasileiro, mais conhecida como Neoparnasiana ou pós-moderna. Revela uma negação a 1ª fase do Modernismo, dando a cada escritor liberdade de estilo tanto na prosa quanto na poesia. um dos principais destaques na prosa é Clarice Lispector com sua introspecção e intimismo.
3. 3ª FASE DO MODERNISMO BRASILEIRO
• Historicamente, vive-se, o final da segunda
guerra mundial e o início da guerra fria.
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5. • No Brasil, esse período
concede como fim da ditadura
Vargas e o início de uma fase
democrática e desenvolvida. É
a partir daí que o Brasil
começa a ter visão de
crescimento, como não podia
deixar de ser, a literatura
também sentiu necessidade
de renovação.
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6. • A terceira fase toma rumos diferentes tanto na
prosa como na poesia.
• Na poesia, as tendências para a preocupação
social, filosófica, religiosa e política já não satisfaz
mais as necessidades de nossos poetas.
• Há um interesse por novas propostas. O mesmo
com a prosa, tanto o romance quanto o conto
estão voltados para uma prosa de introspecção e
também se voltam para um regionalismo
renovado.
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7. Definiu-se que a terceira fase do modernismo se
iniciou em 1945 e foi até 1960. O período é
representado principalmente pela Prosa, na 3°
fase do modernismo há a publicação de vários
contos, crônicas e romances. Há também a
continuidade de 3 tendências já ocorridas na 2°
fase do modernismo.
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9. "Eu escrevo sem esperança de que o que eu
escrevo altere qualquer coisa. Não altera em
nada... Porque no fundo a gente não está
querendo alterar as coisas. A gente está
querendo desabrochar de um modo ou de
outro..."
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10. Escritora brasileira de origem ucraniana. Natural
de Tchetchelnik (Ucrânia), vem para o Brasil
ainda recém-nascida, com seus pais e dois
irmãos. A família se estabelece em Alagoas,
depois no Recife (PE), onde passa toda a
infância.
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11. Em 1937, muda-se para o Rio de Janeiro, onde
cursa a Faculdade de Direito, a partir de 1941.
Estreia na literatura com o romance Perto do
coração selvagem, com apenas 19 anos de
idade, publicado em 1944.
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12. Em suas histórias não há começo, meio e fim,
mas situações inusitadas, centradas em
intuições e impressões desfiadas pelo narrador
ou pelas personagens no decorrer da história.
Clarice está sempre em busca de algo difícil de
ser capitado, definido e descrito (como o
sentimento, o fluir do tempo e o âmago das
coisas), rompendo, assim, as técnicas
tradicionais de narrar.
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13. Trecho da obra Perto do coração
selvagem
“É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, seio-o
bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de
dizer, porque no momento em que tento falar não só não
exprimo o que sinto como o que sinto se transforma
lentamente no que eu digo... E cada vez mais se
adensavam os sonhos e adquiriam cores difíceis de se
diluir em palavras... É necessário certo grau de cegueira
para poder enxergar determinadas coisas. É essa talvez a
marca do artista. Qualquer homem pode saber mais do
que ele e raciocinar com segurança, segundo a verdade.
Mas exatamente aquelas coisas escapam à luz acesa. Na
escuridão tornam-se fosforecentes... Eu me sinto tão
dentro do mundo que me parece não estar pensando,
mas usando de uma nova modalidade de respirar”.
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14. “... a única verdade é que vivo. Sinceramente, eu
vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais (...) Perco
a consciência, mas não importa, encontro a
maior serenidade na alucinação. É curioso como
não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem,
mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de
dizer, porque no momento em que tento falar
não só não exprimo o que sinto como o que sinto
se transforma lentamente no que eu digo.”
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15. “Em vez de me obter com a fuga, vejo-me
desamparada, jogada num cubículo sem
dimensões, onde a luz e a sombra são fantasmas
inquietos. No meu interior encontro o silêncio
procurado. Mas dele fico tão perdida de qualquer
lembrança de algum ser humano e de mim mesma,
que transformo essa impressão em certeza de
solidão física. Se desse um grito – imagino já sem
lucidez – minha voz receberia o eco igual e
indiferente das paredes da terra. Sem viver coisas
eu não encontrei a vida, pois? Mas, mesmo assim
na solitude branca e limitada onde caio, ainda estou
presa entre montanhas fechadas. (...) Liberdade é
pouco. O que desejo ainda não tem nome.”
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16. Clarice está sempre em busca de algo difícil de
ser capitado, definido e descrito (como o
sentimento, o fluir do tempo e o âmago das
coisas), rompendo, assim, as técnicas
tradicionais de narrar
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17. Nesta hora exata, Macabéa sente um fundo enjôo de estômago e quase
vomitou, queria vomitar o que não é corpo, vomitar algo luminoso. Estrela de
mil pontas.
O que é que eu estou vendo agora é e que me assusta? Vejo que ela vomitou
um pouco de sangue, vasto espasmo, enfim o âmago tocando no âmago:
vitória!
E então - então o súbito grito estertorado de uma gaivota, de repente a águia
voraz erguendo para os altos ares a ovelha tenra, o macio gato estraçalhando
um rato sujo e qualquer, a vida come a vida.
(...) O instante é aquele átimo de tempo em que o pneu do carro correndo em
alta velocidade toca no chão e depois não toca mais e depois toca de novo.
Etc. , etc., etc. No fundo ela não passara de uma caixinha de música meio
desafinada. Eu vos pergunto:
- Qual é o peso da luz?
E agora - agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só
agora me lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também?! Não esquecer
que por enquanto é tempo de morangos.
Enfim, descobrimos, agora, que tudo começa e acaba com um sim. Também é
preciso coragem para morrer, silêncio para ouvir o grito da vida.
Trechos extraídos do livro "A Hora da Estrela" de Clarice Lispector
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18. Sua narrativa tenta reproduzir o pensamento,
sem limites, num ritmo lento e sutil, em que a
cronologia perde a razão de ser.
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19. Suas histórias geralmente se iniciam com o
personagem numa situação cotidiana. Aos
poucos, prepara-se “algo”, apenas pressentido,
e, finalmente, esse “algo” ocorre, como uma
iluminação que rouba o sentido habitual da
realidade, revelando outro, totalmente novo. A
esses momentos de revelação damos o nome de
EPIFANIA. A partir deles, o personagem já não é
mais o mesmo, embora sua vida continue como
antes.
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20. Quando sai da casa da cartomante, é atropelada por Hans, que
dirigia um automóvel Mercedes-Benz, momento em que a vida se
torna “um soco no estômago”:
“Por enquanto Macabéa não passava de um vago sentimento nos
paralelepípedos sujos. (…)
Tanto estava viva que se mexeu devagar e acomodou o corpo em
posição fetal. Grotesca como sempre fora. Aquela relutância em ceder,
mas aquela vontade do grande abraço. Ela se abraçava a si mesma
com vontade do doce nada. Era uma maldita e não sabia. (…)”
A morte dela é o momento em que Eros (Amor) se une a Tanatos
(Morte), vida e morte, num momento doce, e sensual:
“Então – ali deitada – teve uma úmida felicidade suprema, pois ela
nascera para o abraço da morte.
(…) E havia certa sensualidade no modo como se encolhera. Ou é como
a pré-morte se parece com a intensa ânsia sensual?
É que o rosto dela lembrava um esgar de desejo. (…)
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21. • Se iria morrer, na morte passava de virgem a
mulher. Não, não era morte pois não a quero para
a moça: só um atropelamento que não significava
sequer um desastre. Seu esforço de viver parecia
uma coisa que se nunca experimentara, virgem
que era , ao menos intuíra, pois só agora entendia
que mulher nasce mulher desde o primeiro
vagido. O destino de uma mulher é ser mulher.
Intuíra o instante quase dolorido e esfuziante do
desmaio do amor. Sim, doloroso reflorescimento
tão difícil que ela empregava nele o corpo e a
outra coisa que vós chamais de alma. (…)
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22. Nesta hora exata, Macabéa sente um fundo enjoo de
estômago e quase vomitou, queria vomitar o que não é
corpo, vomitar algo luminoso. Estrela de mil pontas.
O que é que eu estou vendo agora é e que me assusta?
Vejo que ela vomitou um pouco de sangue, vasto
espasmo, enfim o âmago tocando no âmago: vitória!”
Sua boca, agora, vermelha como a de Marylin Monroe,
no apogeu orgásmico da morte, grita, pela primeira vez,
depois de vomitar, à vida:
“E então – então o súbito grito estertorado de uma
gaivota, de repente a águia voraz erguendo para os altos
ares a ovelha tenra, o macio gato estraçalhando um rato
sujo e qualquer, a vida come a vida.”
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23. Chegamos, afinal, ao momento da epifania do narrador fundido à
Macabéa: é a vida que grita por si mesma, independente da opressão
e da marginalização social. O momento, entremeado com silêncio, da
consciência a que se chega pelo ato de escrever:
“(…) O instante é aquele átimo de tempo em que o pneu do carro
correndo em alta velocidade toca no chão e depois não toca mais e
depois toca de novo. Etc. , etc., etc. No fundo ela não passara de uma
caixinha de música meio desafinada.
Eu vos pergunto: – Qual é o peso da luz?
E agora – agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu
Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas – mas eu
também?!
Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos.
Sim.”
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25. Os temas preferidos de Clarice
Lispector são:
• a condição feminina;
• as falsas aparências dos laços familiares;
• os limites entre o “eu” e o “outro”;
• a dificuldade do relacionamento humano;
• Introspecção;
• Intimismo.
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26. • A ficção de Clarice abre uma nova perspectiva
para a ficção brasileira: a do aprofundamento
introspectivo, a partir de uma consciência
individual.
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27. Suas principais obras são: Perto do coração
selvagem, A maçã no escuro (1961), A paixão
segundo G.H. (1964), Uma aprendizagem ou O
livro dos prazeres (1969) e A hora da estrela
(1977). Nessas obras, ela explora a subjetividade
e o fluxo da consciência, rompendo com o
enredo factual.
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28. Criadora de uma linguagem revolucionária, é um
dos nomes mais importantes da segunda fase do
Modernismo. Adotando uma linha introspectiva,
com seu “tropismo interior” aborda os conflitos
e as antinomias do ser humano. É autora
também de A Legião Estrangeira (1964), livro
de contos e crônicas.
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29. • Dois de seus romances, Um Sopro de Vida e
Pulsações, são publicados postumamente, em
1978.
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30. Características
Características de suas obras:
• Fluxo de consciência compondo com o enredo factual.
• Momento interior é o tema mais importante.
• Subjetividade.
• Amostras do mundo de forma metafísica.
• A exploração do eu.
• Um novo sentido de liberdade a partir da sua leitura do mundo.
Características da organização das obras:
• A personagem está diante de uma situação do cotidiano.
• Acontece um evento.
• O evento lhe “ilumina” a vida: aprendizado, descoberta.
• Ocorre o desfecho: situação da vida do personagem após o evento
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31. PROSA URBANA
Contos que polarizam e conflituam o indivíduo e
o meio social, destacam-se Dalton Trevisan,
Rubem Braga, Lygia Fagundes Telles que
também produziu romances.
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32. PROSA INTIMISTA
Se concentra na sondagem psicológica,
característica marcante das produções de Clarice
Lispector. Destacam-se também Lygia Fagundes
Telles e Antônio Olavo Pereira.
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33. PROSA REGIONALISTA
O primeiro autor da tendência foi Bernardo
Guimarães, no século XIX, a prosa regionalista
recebeu inovações linguísticas e temáticas
vindas de Guimarães Rosa, que publicou seu
primeiro livro, Sagarana, recebendo vários
prêmios, mais tarde escreveu Grande Sertão:
veredas, um romance que deixa claro a temática
da vida no sertão. Outros nomes importantes
para a Prosa Regionalista foram Herberto Sales,
Mário Palmério e Bernardo Éllis.
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