2. O que é a Sociologia?
• Sociologia é a ciência que estuda as relações entre as pessoas que
pertencem a uma comunidade ou aos diferentes grupos que
formam a sociedade.
3. Sociologia em Portugal
• Como a ditadura desconfiava dos sociólogos e das ciências sociais desvalorizou qualquer teorização do social e
impediu o seu desenvolvimento institucional: não permitiu que a sociologia entrasse nas universidades, não permitiu
organizações de índole social, nem a publicação ou difusão de obras relacionadas com o pensamento sociológico.
Isto levou a que durante décadas, quem estudasse sociologia tivesse que o fazer de uma forma clandestina.
• O enfraquecimento do regime e a acumulação das contradições sociais dentro da própria sociedade portuguesa,
levantaram enormes problemas entre a população. Isto levou a que a década de 60 devido a uma conjugação de
fatores, desde a tomada de consciência, por camadas mais amplas, ao atraso da sociedade portuguesa quando
comparada com outras sociedades da Europa e o descrédito do modelo corporativista prometido como alternativa,
transformaram-se rapidamente em preocupações de todos os cidadãos. Aumentou a procura de conhecimentos
especializados na área social e surgiram instituições de planeamento e intervenção técnica, gabinetes e organismos
de estudos sociais, cobrindo temáticas do âmbito colonial ou relacionadas com o serviço social, o desenvolvimento
comunitário, a formação profissional e políticas de desenvolvimento. Em 1963, surgiu cursos com disciplinas de
sociologia e, mesmo uma licenciatura em Sociologia no Instituto de Estudos Superiores de Évora, mas sem efeitos
notórios para a institucionalização da Sociologia, dadas as preocupações práticas de formação de profissionais e
preocupações ético-religiosas.
4. • Em 1963 surgiu a revista Análise Social, projeto de um grupo de
investigadores, quase todos identificados com o progressismo católico,
movidos pelas ideias do desenvolvimento económico baseado no progresso e
na justiça social. Este grupo levou tão longe quanto possível o estudo da
realidade social e no elevado nível de exigência teórica e metodológica,
ganhando credibilidade, investindo na formação especializada dos seus
investigadores e esteve na origem em 1974, já depois da revolução de Abril,
da primeira licenciatura em Sociologia nas Universidades Portuguesas.
• Dava-se então início à terceira fase do processo de institucionalização da
Sociologia em Portugal. Isto acontece, quer através da criação de novas
licenciaturas noutras universidades, quer através da criação de verdadeiros
centros de investigação sociológica, bem como revistas e publicações
periódicas e ainda através da criação de organismos científicos e profissionais
cujos congressos passaram a constituir eventos marcantes da vida coletiva
dos sociólogos portugueses.
5. • O processo de institucionalização da sociologia em Portugal, vai coincidir com um
período, em que a própria sociologia, enquanto disciplina institucionalizada,
atravessava uma fase de reorientação e recuperação de um período muito crítico,
em que toda a produção científica-social tinha sido posta em causa em toda a
Europa. A crise tinha a ver, sobretudo, com o processo de desenvolvimento da
própria sociologia. O nascimento da sociologia em Portugal coincide com o
renascimento da própria sociologia.
• Em 1985 foi criada a Associação Portuguesa de Sociologia, principal organização
cientifico-profissional dos sociólogos portugueses. A sociologia portuguesa é uma
área em desenvolvimento com sociólogos de grande reputação em áreas
específicas de trabalho e com profissionais habilitados para dar resposta aos
problemas sociais.
7. • O primeiro estágio evolutivo da sociologia portuguesa ocorreu
entre a década de 1870 e meados da década de 1920, reportando-
se, essencialmente, ao reconhecimento da existência da área e à sua
inclusão nos quadrantes de análise e produção de conhecimento.
• Este segundo estágio foi no final da década 1920 e o início da
década de 1950. Foi o período da repressão, mas também o
período de projeção da sociologia como mecanismo de
desocultação da realidade social.
8. • No terceiro estágio evolutivo, os anos de 60 ficaram marcados pela criação de espaços
institucionais de investigação não diretamente ligados aos fins pragmáticos da
administração pública e pelo princípio de um esforço sistemático de reflexão científica.
Por isso, é que se referiu que o período que mediou a segunda metade da década de 1950
e o início da década 1970 representava um estádio evolutivo diferente dos registados até
então. Esse novo período ficou conotado pela definição dos alicerces institucionais da
primeira plataforma agregadora e sistematizadora do ensino, investigação e debate do
conhecimento sociológico.
• O quarto grande estágio evolutivo da sociologia portuguesa decorreu entre 1974 e o
final da década de 1980. Em cerca de 15 anos foram criadas sete licenciaturas em
sociologia e surgiram três organizações representativas dos profissionais da área, daí que
se considere o período como a fase da institucionalização do ensino de base da
sociologia em Portugal e do lançamento de uma nova classe profissional, a das/os
sociólogas/os.
9. • No quinto estágio, a era da profissionalização da sociologia ocorreu nas
décadas de 1990 e 2000, não só pelo volume de pessoas já evidenciado, mas
por considerarem um crescimento progressivo da profissionalização não
académica. Nos primeiros momentos de institucionalização da sociologia, a
profissão era exercida, essencialmente, por personalidades ligadas ao mundo
académico, nomeadamente docentes e investigadoras/es. O cenário tem
vindo a mudar. O processo de expansão da oferta de formação de base em
sociologia começou a reverter-se durante a década de 2000.