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Curadoria:Daniel Egger e Marina Miranda
Exclusivo!
PesquisaCONECTA-IBOPE
deCrow
dsourcing
Este e-book é uma experiência colaborativa
Autores:
Adolfo Menezes Melito
Ari Piovezani
Bob Caspe
Cezar Taurion
Daniel Egger
Denilson Novelli
Diego Remus
Dora Kaufman
Flávio Pripas
Edição e Revisão
Maíra Moraes
Diagramação
Tamine Perondi
RETHINK BUSINESS
Lauren Castelnau
Luciana Hashiba
Marina Miranda
Mário Kaphan
Marcela Martinelli
Marcelo Vitorino
Mark Kennedy Lund
Sandra Regina Boccia
Stefan Lindegaard
Tatiana Melani Tosi
Realização
Apoiadores
INSCREVA-SE
5 e 6/NOVEMBRO
convida a participar nos dias
RETHINK BUSINESS
RETHINK
BUSINESS
Geração de Valor Futuro 13
Crowd Envisioning 14
O Framework de Geração de Valor Futuro 16
O Fundamento da Colaboração 21
Empresas e Consumidores em Rede: Breve Reflexão Sobre o Mercado Brasileiro 22
Economia da Reputação 26
Clima Criativo 28
Colaboração na Prática 31
Como ter sucesso no Crowdfunding 32
A Força Colaborativa 36
Caso: Natura – Uma Cultura Colaborativa 38
Caso: Tecnisa – Novas Experiências 41
Caso: Vagas.Com - Gestão Horizontal 43
Novas Lógicas Surgindo 53
Empresas Orientadas para o Futuro 54
Ecossistema Empreendedor entre Grandes Empresas e Startups 56
Inovando Parcerias em Inovação 57
Smart Data - Inovando com os dados 62
Corporate Venture Capital 64
O Futuro Do Dinheiro 67
Futuro Do Dinheiro & Bitcoin 69
Equity Crowdfunding 71
Como o Brasil pode colher os benefícios da inovação aberta e crowdsourcing 73
CONTEÚDOS
COMPLEMENTARES
Glossário 77
Relatório Economia Criativa – Unesco e PNUD 78
Pesquisa CONECTAí/Ibope sobre Crowdsourcing 83
Índice
REALIZADORES
Crowd Envisioning 106
Presença Online 107
CONTEXTO
Apresentação 08
Introdução 09
Nuvem # 11
CONTEXTO
08
Contexto: Introdução
Apresentação
Esta é uma obra de colaboração. Um conjunto de pensamentos que inter-
conectados cria um itinerário para o futuro plausível.
Resultado de infinitas conexões estabelecidas há mais de cinco anos,
quando nasceu a ideia de criar no Brasil um evento de ruptura de valores,
em que os participantes pudessem ter contato com ideias, práticas e produ-
tos colaboração e cocriação.
Impulsionada pela força de realização de Marina Miranda, a inciativa
nasceu com a visão de uma sociedade colaborativa e criativa, tendo como
base a economia da reputação. Trazendo estes mesmos princípios, Marina
mobilizou uma equipe com mais de 12 anos de experiências nacional e
internacional em inovação colaborativa, design e desafios complexos, junto
com Daniel Egger e Shaun Abrahamson.
O resultado, na prática, desta ação compartilhada, é a Conferência Crowd-
sourcing, Colaboração e Cocriação, evento anual que busca capturar uma
compreensão ampla, integrada e eficiente das mudanças presentes e das
conexões entre seus participantes que já estão criando um modelo futuro.
Impactadas pelo conjunto de pensamentos da Conferência, empresas
como Natura, Fiat eTecnisa Ideias criaram áreas transversais de colaboração
e cocriação em suas estruturas organizacionais.
Seguindo o fluxo do futuro e capturando saberes que estão sendo criados
a cada momento, a Conferência Crowdsourcing, Colaboração e CoCriação
transforma-se na Conferência Rethink Business, ampliando suas
discussões ao ato de repensar o indivíduo como parte do ecossistema de
colaboração trazendo novos temas como Corporate Venture, Startups,
Pequenas e Médias Empresas, Empreendorismo e Futuro.
Rethink Business é uma tendência e, ao mesmo tempo, um futuro que já
está acontecendo.
rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
Bio do autor: Marina Miranda
Diretora da Crowd Envisioning, diretora geral e sócia da Mutopo Brasil e
fundadora internacional Crowdsourcing - Colaboração e Cocriação. Estudou
Economia na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Comunicação na
Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Possui experiência em projetos
de Produção Social (Crowdsourcing) - conectando diversos grupos para
realização de desafios - e de engajamento, entregando resultados para
clientes de vários portes, nos setores público e privado do Brasil.
09
Contexto: Introdução
Introdução
por Marina Miranda
Ao mesmo tempo em que somos todos diferentes, temos características em
comum: somos humanos, cheios de emoções, desejos e razões. Conecta-
mo-nos durante nossa vida com novas pessoas e cocriamos ativamente o
nosso futuro. Mas não é só isso. Estamos recriando a nossa sociedade, a
conexão entre indivíduos, nossos valores e nossos desejos constante-
mente.
Esse progresso, que acontece em um espaço de incerteza, impulsionado
pelas mudanças, é um desafio. Por outro lado, representa uma grande fonte
de oportunidades. Novas necessidades podem ser cumpridas, novas lógi-
cas experimentadas e, sobretudo, novos valores gerados.
Para garantir essa geração de valor sustentável, precisamos perceber as
mudanças e desafios, pensar e agir: o que chamamos Rethink.
Repensar, porém, não é uma tarefa de um indivíduo somente. Uma pessoa
raramente consegue captar muitas mudanças da sociedade e menos ainda
solucionar sozinho os novos desafios que surgirão. A solução é a colabo-
ração, um conjunto de esforços cujo principal recurso somo nós, humanos.
São experiências, opiniões e desejos compartilhados, conectando os desa-
fios entre pessoas e instituições. Nesse movimento de conexão, a robustez
dos conceitos e o entendimento dos contextos aumentam, surgindo novas
lógicas de valor.
Empresas de qualquer tamanho, governos ou redes competitivas represen-
tam uma força que entende as mudanças e agem para atender indivíduos,
explorando os espaços em branco. Somente quando estas instituições
conseguem gerar um valor que atenda ou supera nossas experiências,
oferecemos algo em retorno. Somente quando nos respeitam como seres
humanos e permitem que cocriemos experiências, ofereceremos nossa
confiança em troca. Somente quando as empresas são coerentes nas
nossas interações, nos tornamos leais. Neste cenário, tornam-se negócios
sustentáveis.
Este livro representa um resumo rico de inspirações, troca de experiências e
reflexões sobre Repensar o Negócio.
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10
Contexto: Introdução
A narrativa guiará você durante uma jornada reflexiva e prática na qual, a
colaboração e o futuro são os pontos chave. Iniciamos com a exploração do
conceito de colaboração e a sua aplicação prática. Seguimos com casos de
grande sucesso e finalizamos com uma provocação das novas lógicas que
surgem.
Esta coleção de contribuições valiosas define não o fim de uma jornada
colaborativa, mas representa um ponto de partida para uma aplicação
prática do conceito de colaboração na sua empresa.
Bem-vindo a esta reflexão colaborativa.
Bem-vindo ao Rethink Business.
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#modelodenegócio #desafios #colaboração #competividade #rede #novaeconomia
#organismovivo #pensativo #provocador #sociedade #moeda #economia #bitCoin #novaslógicas
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#contribuição #implementação #startup #sobreviver #sonhos #realidade #percepções
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#ferramenta #maturidade #consensos #participação #propósito #gestão #compartilhamento
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#cultura #condições #reputação #conectividade
Nuvem #
11
Contexto: Nuvem rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
rethink business
geração de
valor futuro
Crowd Envisioning
por Daniel Egger e Marina Miranda
14
O segredo do sucesso é o encontro com a oportunidade. Trata-se da incer-
teza, resiliência e, principalmente, de permanecer relevante para a socie-
dade. No mundo de hoje, em constante mudança, não podemos explorar
novas possibilidades e reduzir o impacto das surpresas diárias na certeza
pura, nem na total incerteza; precisamos de integração.
A criação de um Espaço de Oportunidades que se situa entre o presente e
o possível, o certo e o incerto. Para acessá-lo, temos de explorar as sinergias
entre a inovação, o futuro e a estratégia. É necessário ter novas lógicas
verdadeiras para transcender a estática e equilibrar a geração de valor inter-
no e a percepção de valor externo. Para criar essa lógica, não é usada uma
exclusividade de métodos, metodologias ou ferramentas. Cada uma delas
só consegue enxergar uma parte do problema e defender a sua verdade da
história.
A solução não pode estar centrada em uma ferramenta (o "como"), mas
deve ser centrada no contexto (o "porquê"). Nenhuma ferramenta ou
método isolado é suficiente para captar e explorar a diversidade organi-
zacional e seus desafios.Também não é possível que uma pessoa seja capaz
de entender a complexidade do futuro por conta própria. Nossa sociedade
é diversificada demais e sua estrutura excessivamente complexa. O futuro
gira em torno da variedade, e o processo em direção a ele é uma oportuni-
dade. E é aí que entra a colaboração, uma fonte para alinhar as expectativas,
captar insights, compartilhar os ativos e entender melhor as diferentes
partes da sociedade.
Nos últimos anos, percebemos também que as organizações, cada vez
mais, investigam as razões subjacentes das mudanças. Elas certamente não
fazem isso por causa do exercício criativo e lógico. As razões vão muito além
do que elas precisam para assimilar as novas lógicas. E elas não são nem
óbvias e nem simples, revelam-se apenas pela exposição a uma perspectiva
mais ampla e análise mais profunda, usando a força temporal da com-
petição e colaboração a seu favor.
Rethink Business: Geração de Valor Futuro
Bio do autor: Daniel Egger
Diretor Criativo da Crowd Envisioning, Conselheiro da Mutopo e sócio fundador
da Foltigo. Professor de Inovação + Futuro na ESPM, Mauá, INSPER e Sustentare.
Daniel tem 15 anos de experiência em inovação de negócios colaborativo,
geração de nova opções futuras e como conectar a inovação com a estratégia
em múltiplas indústrias e empresas. Autor do livro: Geração de Valor Futuro
(Campus/Elsevier, previsto para o 2º semestre 2015) e participou em diversas
outras obras.
rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
Bio do autor: Marina Miranda
Diretora da Crowd Envisioning, diretora geral e sócia da Mutopo Brasil e
fundadora internacional Crowdsourcing - Colaboração e Cocriação. Estudou
Economia na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Comunicação na
Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Possui experiência em projetos
de Produção Social (Crowdsourcing) - conectando diversos grupos para
realização de desafios - e de engajamento, entregando resultados para
clientes de vários portes, nos setores público e privado do Brasil.
15
A colaboração em si é um princípio fundamental da nossa existência
humana. Ela define o espaço onde as pessoas se encontram, se relacionam
e trocam valor. E esta força vai se intensificar ainda mais com o progresso
exponencial da tecnologia, conectividade e acesso à pluralidade da popu-
lação mundial.
Teremos acesso a novas realidades, ideias e insights que surgem a partir de
novas interações sem fronteiras. É a diversidade de experiências, valores e
crenças que aumenta a nossa consciência e enriquece nossos insights para
a tomada de decisão e resolução de problemas.
A colaboração não apenas facilita o acesso a diferentes contextos, mas
também é essencial para ligar o futuro com o presente. Ao captar visões,
ideias e percepções de como os indivíduos imaginam o futuro, podemos
entender seus desejos, necessidades, crenças e valores subjacentes. Com
isso, temos uma compreensão prática do que realmente importa, o que nos
permite estabelecer uma relação afetiva com o futuro a ser explorado.
A colaboração abre novas oportunidades de como integrar a multidão aos
desafios organizacionais. Cada contexto e necessidade tem um grupo dife-
rente de ferramentas mais adequadas. Esses processos podem ir de desafi-
os de crowdsourcing, workshops de cocriação, até entrevistas com espe-
cialistas, ou contato com ecossistemas de start-ups. A ligação com os novos
movimentos do empreendedor ágil permite novas formas de compreender
como as novas ideias são disseminadas, o que as pessoas valori-
zam, e como fazer experiências com novos conceitos ágeis. O acesso a esse
movimento permite compreender as razões pelas quais algumas ideias são
possíveis e outras plausíveis, aceitas pela sociedade.
Essa pequena diferença de produtos e serviços aceitos é a chave para o
sucesso na inovação, design e trabalho com o futuro. Só então podemos
nos conectar com o presente, compreender o ser humano e como ele
percebe a sociedade, e estabelecer uma ponte afetiva com o futuro. Caso
contrário, podemos nos perder em possibilidades remotas e tendenciosas
que não necessariamente fazem sentido para nossos clientes e funcionári-
os.
No entanto, a multidão também é tendenciosa. Existem muitos fenômenos
grupais que reduzem o esforço de alcançar a meta. Para compensar as
pré-concepções e perspectivas fragmentadas da multidão, é preciso fazer a
integração com outras formas de investigação futura, contando com
painéis de especialistas que façam a análise das Forças Condutoras e esta-
beleçam Contextos de Futuro coerentes. Sem esse contrapeso para a colab-
oração, a organização não teria validação e argumentos suficientes para
definir uma posição estratégica de valor futuro.
O Crowd Envisioning é um componente poderoso e cada vez mais impor-
tante para o trabalho com o futuro. O futuro gira em torna das pessoas e de
suas percepções de valor, assim como o presente. Ignorar esse fato seria
uma falácia que pode criar futuros interessantes, mas nada práticos.
Rethink Business: Geração de Valor Futuro rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
O Framework de Geração de Valor Futuro
por Daniel Egger
16
O“Framework de Geração de Valor Futuro” facilita as decisões, criando uma
melhor compreensão das mudanças, a sua velocidade e complexidade.
Cada vez mais, as organizações precisam reagir com mais rapidez aos desa-
fios impulsionados pelas mudanças que parecem não ter limites. Os usuári-
os requerem experiências que façam sentido, a tecnologia recria as reali-
dades constantemente e a gestão preocupa-se com a sobrevivência da
organização. Um dilema é formado representando a necessidade de sobre-
viver, sendo mais específico: representa a tentativa de equilibrar a urgência
do“presente necessário”e da“oportunidade do futuro plausível”.
O Framework de Geração de Valor Futuro tem como objetivo explorar esses
dois extremos e estabelecer uma trilha prática, reduzindo a pressão e
aumentando o nível de competências organizacionais. Porém, vivemos
numa realidade de incertezas, complexa e desafiadora. A gestão
dessa nova lógica precisa desenvolver a capacidade de integrar esses desa-
fios, oferecer uma agilidade e estabelecer novas sinergias entre os proces-
sos já existentes. No caso deste framework, a integração sugerida encon-
tra-se na interface da gestão da inovação, do futuro e da estratégia.
Quando falamos sobre o futuro, muitas vezes a discussão gera um certo
desconforto, até uma paralização. Mas percebemos os valores da sociedade
em mudança e a tecnologia exponencialmente recriando as realidades.
Sentimos não sermos capazes de lidar com essas novas possibilidades. Clas-
sificamos o não conhecido como risco ou negamos que as mudanças
existem e terão implicações. Alvin Toffler chamou este fenômeno “Future
Shock”: o sentimento de perder-se nas preocupações e não conseguir agir.
Este fenômeno não é muito diferente que sentimos quando viajamos pela
primeira vez a um país com cultura diferente.
Sentimo-nos perdidos pois não entendemos os rituais e hábitos. Com o
tempo, aumentamos a compreensão e a imersão cultural, criando um
entendimento que nos enriquece. Trabalhar com o futuro não é muito
diferente. Novas tecnologicas surgirão e as mudanças dos valores das
pessoas se tornarão mais abrangentes e profundos. Quando começamos
explorar e entender as origiens dessa mudança, sentimo-nos mais prepara-
dos, mais resilientes e mais ágeis nas reações.
Rethink Business: Geração de Valor Futuro
Bio do autor: Daniel Egger
Diretor Criativo da Crowd Envisioning, Conselheiro da Mutopo e sócio fundador
da Foltigo. Professor de Inovação + Futuro na ESPM, Mauá, INSPER e Sustentare.
Daniel tem 15 anos de experiência em inovação de negócios colaborativo,
geração de nova opções futuras e como conectar a inovação com a estratégia
em múltiplas indústrias e empresas. Autor do livro: Geração de Valor Futuro
(Campus/Elsevier, previsto para o 2º semestre 2015) e participou em diversas
outras obras.
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Nós descobrimos que as pessoas temem o futuro. Assusta-as de forma
que preferem viver no presente ou, pior, no passado. (Malphurs, 2013)
Integrar a velocidade das mudanças nas organizações, significa ter uma
sensibilidade e entendimento dos contextos, que pela natureza são com-
plexos. Consequentemente, não é uma única metodologia, método ou
ferramenta que atenderá necessidades múltiplas. Nenhuma, sozinha, será
suficientemente adequada para atender os desafios presentes e futuras.
Necessitamos de um modelo lógico, que integra e não prescreve uma
exclusividade. Precisamos de uma lógica que respeita e utiliza a aprendiza-
gem e práticas das organizações e cocria.
Significa a integração das ações de inovação, futuring e estratégia em um
mesmo plano ou processo lógico, que aqui chamamos de Framework de
Geração de Valor Futuro e tem como objetivo criar um caminho claro e
executável que conecta a geração de valor presente e o futuro.
Uma ferramenta essencial
Para aqueles interessados em mudanças, esta é a nossa vez. A inovação está
amadurecendo, novas abordagens estratégicas mais holísticas e ágeis são
experimentadas e a sociedade promove mudanças cada vez mais integra-
das. No entanto, para gerar valor sustentável no ambiente de incerteza,
uma ferramenta de integração das disciplinas é necessária.
Somente quando utilizamos as experiências de execução da estratégia
conseguiremos criar novas lógicas. Apenas quando integramos nosso
desejo e lógicas plausíveis das mudanças à capacidade organizacional,
Inovação Futuring Estratégia
Rethink Business: Geração de Valor Futuro rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
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visualizamos possíveis alternativas futuras. Enfim, somente quando
conhecemos uma variedade de opções inovadoras desenvolvemos nossas
capacidades para reagir e adequar a implementação da estratégia de valor.
O objetivo do Framework de Geração de Valor Futuro oferece um processo
que facilita essa agregação.
O que o Framework entrega:
• Aumenta a percepção sobre mudanças relevantes e as implicações
plausíveis
• Facilita uma estratégia de mudança com foca no humano e ao contexto
• Reduz incertezas e facilita uma tomada de decisão mais rápida
• Equilibra a sustentabilidade organizacional de curto a longo prazo
• Aumenta a resiliência organizacional e alocação de recursos
• Suporta a identificação de oportunidades e riscos futuros
• Ajuda na compreensão de onde a empresa está e aonde ela quer ir
O Framework de Geração de Valor Futuro oferece uma abordagem prática e
integrativa para aliviar a frustração da incerteza, preparar e criar e planejar
para um posicionamento superior no mercado futuro. Porém, antes de
explorar mais profundo o Framework, precisamos saber o que ele não é.
Não existe somente um caminho
O aspecto fundamental para a geração de valor é o contexto (Por que) da
empresa e da sociedade. A lógica integra o entendimento o indivíduo com
as suas percepções, a sociedade que cria novas estruturas e lógicas e as
organizações como geradores de valor. O framework conecta as mudanças
externas com as capacidades internas da organização. Ele, portanto não
representa somente uma visão, mas sim uma composição de realidades
diferentes que são chave para gerar valor sustentável.
Integrativo, não Exclusivo
Muitas organizações já investiram muito tempo e dinheiro em ferramentas,
metodologias e métodos. O Framework de Geração de Valor Futuro integra,
aproveita e adapta o já existente. Não existe nenhum método, metodologia
ou ferramenta de inovação ou de futuro que caiba para todas as organi-
zações, cada uma é diferente . O Framework, portanto, não é prescritivo e
reforça a importância do contexto existente, desejos e limitações.
Figura 1: O Framework de Geração de Valor Futuro
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Portfólio de Mudanças
Policies de Valor
Portfólio de Opções
Contextos Futuros
Visão
Proposta de Valor
Presente
Proposta de Valor
Futura
19
Não tem somente um foco
O objetivo do framework é representar a criação da troca de valor sus-
tentável no presente e futuro. Não é somente a adaptabilidade organizacio-
nal nem somente os desejos ou o que será possível e provável. O Frame-
work de Geração de Valor Futuro, equilibra a plausibilidade do futuro com a
necessidade organizacional através de um processo ágil que valida
constantemente as mudanças tendo em vista a geração de valor futuro.
Passo a passo
Os requisitos dos indivíduos, da organização e da sociedade estão em
constante mudanças. Consequentemente precisamos de um modelo que é
flexível, integrador e não prescritivo. O Framework de Valor Futuro repre-
senta essas lógicas. As suas partes foram desenvolvidas para que cada uma
possa agir de forma autônoma, modular ou seguindo um processo lógico
passo-a-passo. Na prática, uma primeira aplicação o Framework gera
melhor resultado se seguirmos os sete passos sistematicamente.
Uma vez experimentadas e conhecidas a lógica e as entregas de cada parte,
a forma modular facilita a gestão continua e ágil.
1. Proposta de Valor Presente
A Proposta de Valor do Presente descreve a troca de valores em que a
percepção do valor do indivíduo encontra-se com a percepção do gerador
de valor. Ela representa uma plataforma onde ocorre uma troca de valor
tangível ou intangível. Esta troca deve ser sustentável para ambos os lados.
Cada organização tem uma proposta de valor organizacional, bem como as
específicas para as suas ofertas.
Quais percepções de valor geramos e que valor recebemos em troca?
2. Portfólio de Mudanças
O Portfólio representa uma seleção das Forças Chave de Mudanças (mu-
danças mais rápidas) e atratores (mudanças acumulativas mais lentas)
relevantes para o contexto organizacional. Usado para explorar as reali-
dades de futuros e possíveis ofertas de valor, o portfólio estabelece um
ponto focal, integra as restrições existentes e cria a base para um processo
prático e executável.
Quais são as mudanças realmente significativos para nossa organização e a
geração de valor futuro?
3. Contextos Futuros
Os Futuros Contexto descrevem realidades plausíveis e futuras com os seus
indivíduos futuros chave e estruturas sociais. As lógicas descrevem as
razões individuais, rituais e valores. Conflitando a perspectiva individual e
social permite compreender novas interações, lógicas e valores em trans-
formação.
O que valorizam os indivíduos futuros e a sociedades?
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4. Visão
A Visão representa um compromisso mobilizador, mas, mais importante:
uma possibilidade estratégica plausível. Para gerar esse resultado ela preci-
sa integrar o desejo organizacional, as capacidades organizacionais, o
sensemaking e as suas alterações com o tempo. A Visão pode não somente
simbolizar uma força mobilização mas precisa representar uma combi-
nação de razões e emoções integrando a perspectiva organizacional e a as
plausibilidades sociais.
Como você vê a sua organização no futuro?
5. Proposta de Valor Futuro
A Proposta de Valor Futuro explora possíveis trocas de valor entre a organi-
zação e indivíduo em uma sociedade futura relevante provável. Ela repre-
senta um espaço de oportunidade definido pela organização, integrando a
Visão e os Contexto Futuros. Seu objetivo é a identificação de novas ofertas-
de valor para a realidade escolhida.
Por que o cliente futuro nos escolherá e o que podemos oferecer a ele?
6. Policies de Valor
As Policies são os conectores do Framework. Eles representam uma direção
estratégica integrando as possibilidades e restrições do futuro e presente,
como também do contexto externo e interno. Com essa interligação das
perspectivas do Framework, eles estabelecem o conector principal repre-
sentado um itinerário que facilita a tomada de decisão em ambientes de
incerteza. As Policies orientam quais limitações e necessidades precisam ser
superadas para garantir uma execução de estratégias de curto prazo alinha-
do com a posição de valor futura.
O que precisamos fazer para ser sustentável no presente e no futuro?
7. Portfólio de Opções
O Portfólio de Opções representa os ativos e os recursos existentes ou
necessários considerando o risco e contexto organizacional. Pré- validado
com as Policies de Valor, eles oferecem um“buffer estratégico”a ser acessa-
do quando necessário. O Portfólio facilita a tomada de decisão e agiliza a
execução da estratégia, garantindo a execução das Policies de Valor.
Quais ativos e recursos temos ou provavelmente precisamos para executar
nossa estratégia e o posicionamento de valor futuro?
Os sete passos do Framework de Geração de Valor Futuro conecta a
inovação, a estratégia e o futuro. Esta combinação cria um novo nível de
adaptividade nas organizações, tornando-as mais resilientes e ágeis - com-
petências chave de uma organização do futuro. O Framework de Geração
de Valor Futuro trabalha com uma linguagem compartilhada que facilita a
compreensão do futuro da empresa e da sociedade e, principalmente,
como chegar lá.
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o fundamento da
colaboração
Vivemos numa época caracterizada pela complexidade. Denominada de
“Nova Economia” a partir de um relatório publicado em 1996 pela revista
Business Week, chamado “O Triunfo da Nova Economia”* de Michael J.
Mandel . Sua base encontra-se em sua dimensão global e, qualitativa-
mente, em sua dimensão não material baseada no conhecimento e na
informação. Organiza-se de maneira distinta da sociedade industrial: a
circulação da informação não obedece às mesmas regras que a circulação
das mercadorias, em termos de propriedade, da determinação do valor, da
natureza das transações comerciais, e da lógica do consumo.
A “mercadoria” informação não gera um mercado de escassez de bens,
regulado pela oferta e demanda com reflexos no preço. Ao contrário, a nova
economia caracteriza-se pela abundância: não importa quantas vezes um
arquivo digital com música é copiado e enviado a amigos, ele continua
disponível e reprodutível.
Em paralelo, as tecnologias digitais estão colocando mais e mais o
indivíduo à frente dos processos, das decisões, dos movimentos, indivíduo
este conectado a um coletivo; observa-se um deslocamento do individual-
ismo para a individualização. As mídias sociais estão “pautando” a grande
mídia. O interlocutor é a “opinião mundial”, não estando mais restrito aos
Empresas e Consumidores em Rede: Breve Reflexão Sobre o Mercado Brasileiro
por Dora Kaufman
*The Triumph of the New Economy - A powerful payoff from globalization and the Info Revolution. Disponível em http://www.businessweek.com/1996/53/b35081.htm. Acesso em 19/05/2014.
Dora Kaufman
A‘mercadoria’informação não gera um mercado
de escassez de bens, regulado pela oferta e deman-
da com reflexos no preço. Ao contrário, a nova
economia caracteriza-se pela abundância.
22
Rethink Business: Fundamento da Colaboração
Bio do autor: Dora Kaufman
Graduada em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro e mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (2010).
Economista com especialização em finanças e marketing com 30 anos de
experiência profissional. Ao longo de 12 anos atuou em diversas instituições
financeiras nas áreas de corporate finance e investimento e a partir dos 40
anos iniciou uma nova carreira em comunicação e marketing, atuando como
sócia-gestora de agências promocionais e posteriormente como diretora de
negócios em agência de comunicação digital.
Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Comunicação da Escola de Comunicação e Artes da USP (Bolsa CAPES),
investigando como a difusão das tecnologias digitais de comunicação impac-
ta a relação comunicacional empresa – consumidor, com “Bolsa Sanduíche”
(2013, CAPES) na Université Paris-Sorbonne IV sob a coorientação do Profes-
sor-pesquisador Michel Puech, Maître de conférences, Philosophie. Pesquisa-
dora do Centro de Pesquisa Atopos ECA/USP, coordenou uma pesquisa em
cooperação com um pool de sete empresas cujo resultado esta no livro
“Empresas e consumidores em rede: um estudo das praticas colaborativas no
Brasil”lançado em novembro/13 pela Editora Annablume.
rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
Dora Kaufman
O interlocutor é a‘opinião mundial’, não estando
mais restrito aos atores envolvidos diretamente
num diálogo particular.
*Resultados no livro“Empresas e consumidores em rede: um estudo das praticas colaborativas no Brasil”, Dora Kaufman e Erick Roza, Editora Annablume, 2013. A pesquisa teve o apoio de sete empresas –
Banco Itaú, Google, Grupo Abril, Magazine Luiza, Serasa Experian, Tetra Pak e Tecnisa.
23
atores envolvidos diretamente num diálogo particular. Gradativamente,
extingue-se o domínio centralizado sobre quais assuntos irão ou não para a
esfera pública.
Não é trivial para a empresa lidar com essa complexidade. As empresas
operam em rede, independente de sua escala de produção; na sociedade
contemporânea uma empresa dificilmente sobrevive sem acesso à internet
e sem fazer uso das tecnologias digitais. As tecnologias digitais promovem
a cooperação entre pequenas e médias empresas, entre as mesmas e as
grandes corporações, e entre os atores de uma mesma cadeia produtiva;
facilitam alianças estratégicas entre as corporações e as suas subsidiárias;
facultam o acesso imediato à informação e pesquisa; perpassam toda a
atividade econômica, ampliando oportunidades ao oferecerem canais de
conexão imediatos e de baixo custo.
Diante da necessidade de se tornarem mais maleáveis as empresas buscam
inéditos modelos de negócio. Contudo, mesmo com todo o processo de
flexibilização da última década do século XX, e o surgimento, especial-
mente no setor de tecnologia, de companhias afinadas com os preceitos da
nova economia, não é possível desassociar a gestão empresarial de
conceitos tais como hierarquia e centralidade. A lógica de controle que
permeia a gestão das empresas cria um antagonismo com as estruturas e as
práticas das redes sociais digitais. Superar esse antagonismo é um dos
maiores desafios das empresas para construir uma nova relação com os
consumidores. Faz-se necessário deixar de pensar o consumidor como o
último elo da cadeia produtiva, e sim pensá-lo como protagonista em toda
a cadeia. Superar a perspectiva de marketing, indo além de meramente
transmitir ao consumidor as mensagens da marca.
Pesquisa realizada pelo centro de pesquisa Atopos ECA-USP (2012-2013)
indicou que o envolvimento efetivo do consumidor na geração de valor das
empresas ainda é restrito. Das 45 empresas pesquisadas, foram encontra-
das apenas cinco experiências de redes compartilhadas, basicamente
projetos pilotos.*
Percebemos que diversas práticas de mercado na interação das empresas
com os consumidores eram tratadas como colaborativas,mas que, no nosso
ponto de vista, não eram, tais como: (a) pesquisa de mercado, que não
contempla o reconhecimento do consumidor de que está interagindo em
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colaboração com a empresa, ou seja, a colaboração como um ato consci-
ente; a transparência com relação aos objetivos e resultados a serem alca-
nçados; e, em geral, não há uma interação colaborativa entre os consumi-
dores participantes da pesquisa; (b) inovação aberta (open innovation), em
que não há interação entre os usuários, a comunicação é entre o propri-
etário da ideia e a empresa, e o direito autoral é amplamente reconhecido,
inclusive remunerado. Pela complexidade dos desafios e dos processos,
provavelmente a maior parte das contribuições tenham origem em
pequenas e médias empresas, ansiando por uma oportunidade de inserção
na cadeia produtiva de uma grande empresa (multinacional); (c) teste de
produto no qual o propósito é avaliar produtos ou serviços recorrendo-se a
entrevistas ou experimentação direta junto a uma amostra de consumi-
dores.
A expansão dos meios digitais permite que o mesmo seja implementado
recorrendo-se as redes sociais, facilitando o processo e reduzindo custos.
São processos que costumam agregar relevantes contribuições ao plano de
comunicação. Os elementos que confundem o teste de produto com a
colaboração são semelhantes aos da pesquisa de mercado: mesmo nos
casos em que o usuário sabe que está sendo tomado como “cobaia”, o
processo não é transparente, nem se verifica um engajamento colaborativo
consciente do consumidor-usuário; e (d) estratégia de branding em que a
colaboração entra como acessório sendo a prioridade segmentar a comuni-
cação, produzir campanhas de ativação de determinado produto, ou
mesmo consolidar valores de marca. Em geral, não existe de fato uma
disposição da empresa em dialogar com as redes sobre sua marca.
Em nossa definição, três aspectos são essenciais numa relação colaborativa:
(i) colaboração como ato consciente, ou seja, o consumidor – usuário tem
que ter o desejo de cooperar com a empresa no projeto proposto; (ii) o
processo tem que ser transparente em relação aos objetivos e resultados a
serem alcançados; (iii) a plataforma tecnológica tem que permitir uma
interação colaborativa entre os usuários, o que implica no não reconheci-
mento de propriedade intelectual e na não remuneração. No âmbito da
relação empresa – consumidor, a colaboração ocorre quando o consumidor
– internauta é convidado a compartilhar as etapas de concepção e desen-
volvimento de um produto ou serviço, numa plataforma coletiva e interati-
va, com visibilidade e transparência pública.
Diante de poucas experiências colaborativas, expandimos o escopo da
pesquisa investigando a natureza das plataformas interativas praticadas
pelo mercado – site institucional, presença nas redes sociais, plataformas
interativas com conteúdo social, portal de inovação aberta, dentre outros.
Os sites institucionais convergem para um determinado padrão: predomí-
nio de canais de comunicação entre a marca e o usuário (e não entre os
usuários), foco na informação e divulgação, baixa interatividade, ausência
de recursos tecnológicos que promovam a colaboração, e motivação com
viés comercial. No que concerne à inserção nas redes digitais, a pesquisa
apontou a prevalência do uso das redes sociais como meio de divulgação
dos interesses das empresas (cultura “analógica”), a relativa baixa adesão
dos internautas, a maior incidência de “curtir” versus “comentários”, prima-
zia de“reclamações”(rede social como opção de SAC ).
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Nesse último caso, a prática mais comum é retirar o consumidor – usuário
reclamante do ambiente on-line, da esfera pública, convocando-o para
espaços privados de interação, o que contraria a própria essência de rede
social digital.
O empoderamento do consumidor e a flexibilidade dos indivíduos se
conectarem em rede com múltiplos objetivos (Crowdsourcing), demanda
uma relação mais interativa e colaborativa com as empresas. Se na econo-
mia industrial o consumidor conquistou o grau de liberdade da escolha
sobre quais produtos e serviços desejava consumir, colocando-se no centro
da disputa das empresas por sua preferência, na economia da informação
em rede o consumidor vem reivindicando o direito de participar no desen-
volvimento dos produtos e serviços que serão consumidos.
Em uma sociedade onde a tecnologia digital está amplamente difundida, a
empresa não pode mais ser pensada como um ator que dialoga linear e
unidirecional com o consumidor, mas como parte de um ecossistema infor-
mativo descentralizado e complexo com múltiplos atores (além do
consumidor, tecnologia, dispositivos, banco de dados, arcabouço legal,
concorrência, governo, iniciativas de crowdsourcing, internet, redes sociais
digitais, etc.). Para sobreviver a empresa tem o desafio de conciliar a preser-
vação de sua autonomia e a manutenção de uma troca constante com o
exterior, tal como todo organismo vivo. Não há como prever o que vai acon-
tecer no futuro, se o próprio conceito de empresa vai sobreviver, se as
mesmas vão ser capazes de se transformar ou se serão substituídas por
formas inéditas de organização dos negócios.
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Estamos vivenciando o crescimento de um modelo econômico muito
interessante, que é a economia do compartilhar, a“shared economy”. Com-
partilhar é um hábito comum na espécie humana e agora com a ajuda da
tecnologia ampliamos imensamente esta capacidade. Antes podiamos
compartilhar apenas com pessoas próximas, que conhecíamos bem. Agora
podemos compartilhar com desconhecidos, de outros países. Compartilha-
mos até nossas casas, pelo AirBnb. Em outros países como nos EUA, com-
partilha-se o seu carro (Getaround, onde você aluga seu carro para outros)
ou sua vaga de estacionamento (Parking Panda).
Mas, o que está por trás destas iniciativas pioneiras? Confiança e reputação
das pessoas envolvidas. É ela que garante que seu carro será devolvido e
seu apartamento não será depredado. Claro que as empresas que oferecem
estas intermediações adicionam seguros, mas eles por si não são suficien-
tes. Pensemos em um caso simples, de um apartamento.
Se ele for depredado pela pessoa que o alugou, você terá a garantia dada
pelo AirBnb que receberá indenização, mas inevitavelmente você terá que
arcar com as inconveniências de obras e trabalhos enquanto o habita.
Ninguém quer passar por isso.
O cerne do compartilhamento é o que chamamos economia da reputação
(reputation economy). Reputação está para o mundo digital assim como o
dinheiro para o mundo físico. Representa valor. Nesta nova economia seu
histórico online vai se tornar tão ou mais importante quanto o seu histórico
de crédito financeiro!
Na verdade valorizar a reputação não é novidade, tanto no mundo físico
quanto no mundo digital. No mundo físico sempre buscamos fazer
negócios com pessoas que conhecemos e acreditamos. As mercearias de
antigamente demonstram isso claramente, quando o vendedor anotava
O cerne do compartilhamento é o que chama-
mos economia da reputação (reputation econo-
my).
Economia da Reputação
por Cezar Taurion
Cezar Taurion
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Rethink Business: Fundamento da Colaboração
Bio do autor: Cezar Taurion
É CEO da Litteris Consulting. Profissional e estudioso de Tecnologia da
Informação desde fins da década de 70, com educação formal diversificada, em
Economia, mestrado em Ciência da Computação e MBA em Marketing de
Serviços, e experiência profissional moldada pela passagem em empresas de
porte mundial. Escreve constantemente sobre tecnologia da informação em
publicações especializadas como CIO Magazine, Mundo Java, além do iMasters,
e apresenta palestras em eventos e conferências de renome. É autor de sete
livros que abordam assuntos como Software Livre, Grid Computing, Software
Embarcado, Cloud Computing e Big data.
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Nos próximos 10 a 20 anos, boa parte dos dois terços da
humanidade que ainda não estão na internet estarão conecta-
dos, e esta imensa massa de pessoas vem de países onde o
sistema financeiro das nações mais desenvolvidas não funcio-
na adequadamente.
Cezar Taurion
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seu nome e suas despesas. E você pagava depois, sem bancos intervindo no
processo. Seu crédito era sua reputação com o dono da mercearia. A repu-
tação do Brasil afeta o modo como investidores internacionais tomam sua
decisão de investir ou não no país.
No mundo digital, o rating de livros da Amazon (as estrelas) ou o nível de
reputação que você obtém em jogos como o World of Warcraft já são bem
conhecidos. O que muda é a amplitude de informações que podem ser
obtidas hoje para formar sua reputação no mundo digital.
Nossa pegada digital forma nossa boa ou má reputação. Á medida que
usamos ferramentas digitais como AirBnB, Uber, eBay e outras, além de
comentários e opiniões nas mídias sociais, criamos uma reputação que
começa ser considerada algo de valor. Cada vez mais, as plataformas digi-
tais estão permitindo obter informações de reputação sobre as pessoas.
Se eu quiser descobrir se devo emprestar meu carro a você, posso dar um
Google e olhar seu Facebook para ver se você é digno de confiança. Essa
facilidade de se obter informação de reputação leva ao surgimento desta
nova economia de reputação digital, que está mudando como os indivídu-
os compartilham valor.
Estamos ainda nos estágios de aprendizado, mas podemos imaginar até
uma substituição parcial ou quem sabe até total (?) das tradicionais moedas
por um comércio em plataformas com sistemas de troca que passam longe
das finanças atuais... A explicação é simples. Nos próximos 10 a 20 anos, boa
parte dos dois terços da humanidade que ainda não estão na internet
estarão conectados, e esta imensa massa de pessoas vem de países onde o
sistema financeiro das nações mais desenvolvidas não funciona adequada-
mente. Portanto, é plausível supor que vão querer usar métodos mais
flexíveis de comércio. Por isso, não é preciso muita imaginação para visu-
alizar que nos próximos 20 anos, a economia do compartilhar e da reputa-
ção poderá ser o método majoritário de comércio do planeta. Vale a pena
conhecer melhor o assunto e recomendo a leitura do livro "Reputation
Economics - Why Who You Know Is Worth More Than What You Have" de
Joshua Klein.
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Os líderes de nosso tempo recebem uma enxurrada de conceitos novos a
cada dia.Um critério infalível para a adoção ou rejeição do novo é saber se
ele adiciona valor a você, ao seu trabalho e a sua empresa.
Mas não basta conhecer a teoria por trás do novo.
É muito importante que você também seja um multiplicador, um facilitador
no uso do novo conceito, das novas ferramentas, para que você, seu grupo
de trabalho e sua empresa obtenham um resultado muito compensador.
Usar o potencial criativo e transformá-lo em inovação não é privilégio de
nenhuma especialização. E deveria ser um compromisso existencial de
todo profissional. É o potencial humano fazendo o profissional brilhar,
alavancando as capacidades humanas disponíveis interna e externamente
à empresa na geração de ações inovadoras.
Inovação não acontece por acaso, por apertarmos um botão, por simples-
mente termos a vontade de sermos inovadores, por falarmos do tema
emtodas as nossas reuniões. Inovação requer uma abordagem pensada,
sistêmica, contínua e integrada com a solução criativa dos desafios
Clima Criativo
por Ari Piovezani
Ari Piovezani
Inovação não acontece por acaso, por aper-
tarmos um botão, por simplesmente termos a
vontade de sermos inovadores, por falarmos
do tema em todas as nossas reuniões.
Ari Piovezani
Usar o potencial criativo e transformá-lo em
inovação não é privilégio de nenhuma especialização.
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Rethink Business: Fundamento da Colaboração
Bio do autor: Ari Piovezani
Ari Piovezani é paulistano residente em Florianópolis e desde 1974 dedica-se à
prática da criatividade e da inovação, como executivo, empreendedor,
palestrante e professor.
PhD em Transformação Humana e Organizacional pela State University of New
York – SUNY, Mestrado (Master of Sciences) em Criatividade e Inovação pela
State University of NewYork – SUNY, Ari Piovezani é graduado em Comunicação
Social pela FAAP-SP, Pós-Graduado em Marketing pela FGV de SP e Pós-Gradua-
do em Musicoterapia pelo GIM – Guided Imagery and Music Institute da Califór-
nia, EUA, com validação pela UNISUL de SC.
Possui larga experiência como empresário e diretor de grandes empresas nacio-
nais e multinacionais. Foi Diretor Presidente da Polygram, Diretor Vice Presiden-
te da Time Warner, Diretor Geral da Discos Continental e Chantecler, Diretor da
Divisão de Marketing Direto da Abril, Diretor de Marketing da Mangels, Gerente
de Marketing da RCA, Gerente de Marketing da Van Leer; Co-Fundador do
ILACE; Coordenador-participante de diversos CPSI – Creative Problem Solving
Institute de Buffalo, EUA.
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estratégicos da empresa. Requer a aplicação de um conjunto de ações,
conteúdos e ferramentas e, principalmente, que a empresa domine a arte
de conduzir o talento humano disponível, transformando esse talento em
ideias e essas ideias em soluções, benefícios e lucros. Requer, mais que
tudo, que a empresa seja um ambiente que inspire a criatividade.
O que exatamente queremos dizer quando falamos em ambiente para a
criatividade?
A resposta é bem simples: procure lembrar-se da última vez que você teve
um estalo criativo, uma ideia inovadora, buscando uma solução para um
problema, enfrentando um desafio ou aproveitando uma oportunidade?
Você estava no trabalho, dirigindo, dormindo, sonhando, tomando um
banho, fazendo exercícios físicos, descansando, onde? Importante você
saber que é muito raro a gente ouvir como resposta que a pessoa estava no
trabalho, atrás de uma mesa. Ao tentar nos mostrar que suas ideias fluem
melhor num lugar do que noutro, essas pessoas estão falando do ambiente
ou clima favorável à criatividade.
É importante fazer uma distinção entre ambiente ou clima e cultura. A
cultura de uma empresa refere-se aos seus valores, crenças, tradições e
refletem seus importantes alicerces. A cultura persiste por longos períodos,
tem raízes profundas e geralmente muda lentamente.
Por outro lado, o ambiente, o clima que queremos para a fluência da criativ-
idade, refere-se aos padrões recorrentes de comportamento, aqueles viven-
ciados por todos, sem exceção, no dia-a-dia da empresa. É a percepção
desses padrões de comportamento que influenciam as atitudes dentro do
ambiente corporativo, os níveis de performance e os resultados.
A obtenção de uma grande quantidade de soluções inovadoras fez com
que a Tecnologia tirasse de qualquer outra área do conhecimento a
supremacia na criatividade durante os últimos vinte anos.
Foram empresas de Tecnologia que alteraram radicalmente os ambientes
de trabalho visando criar condições favoráveis para que a criatividade flua.
Sem dúvida, concordamos que o ambiente favorece o fluir ou bloqueia a
criatividade. Mas criar um ambiente agradável, descontraído, menos
formal, não garante que a criatividade nele presente gere sempre resulta-
dos inovadores.
É importante que nesse ambiente estejam pessoas que se auto enxergam
ou que reconheçam com humildade o que têm de bom, que passaram por
um processo de identificação de seus talentos inatos e que estejam exer-
cendo esses talentos em suas funções dentro da empresa.
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Quando o ambiente propício tem pessoas apaixonadas pelo que fazem,
com líderes que reconhecem a importância de fazer fluir a criatividade, com
recursos e sistemas que amparem o processo, as soluções aos principais
desafios estratégicos das empresas serão inevitavelmente inovadoras,
mesmo que incrementais.
Vamos então enumerar as condições que permitem que uma empresa crie
um clima que incentive a criatividade e gere inovação em caráter perma-
nente:
• A empresa tem um Propósito nobre. O da Johnson & Johnson médica, por
exemplo, é“aliviar a dor das pessoas”; o da Natura,“bem estar bem”
• A empresa tem visão, missão, metas e estratégias alinhadas com o seu
propósito
• Um conjunto de crenças e valores da organização alinhados com o
Propósito
• Liderança que reconheça a importância da criatividade e inovação como
sustentação da empresa
• Envolvimento de todos os públicos da empresa, internos e externos, na
solução dos desafios estratégicos
• A menor hierarquia possível
• Foco em resultados
• Medição constante dos níveis de satisfação no trabalho (Pesquisa de
Clima)
• Colaboradores auto enxergados
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colaboração
na prática
Como ter sucesso no Crowdfunding
por Marcelo Vitorino
Colocar uma boa ideia para funcionar e conseguir impactar pessoas é a
realização do sonho de qualquer empreendedor, o crowdfunding — finan-
ciamento coletivo — é uma das maneiras para chegar ao resultado buscado
e que vem sendo muito utilizada por todo tipo de negócio.
Há quem procure esse modelo de financiamento para tirar do papel peças
de teatro, documentários, livros ou outra proposta ligada à cultura, o uso
mais comum no Brasil, porém não há regras ou limites.
Nos Estados Unidos é comum ver grupos pedindo recursos para jogos,
invenções para facilitar o cotidiano e, também, campanhas políticas.
Na política o caso mais conhecido é o de Barack Obama, candidato
democrata que deitou e rolou com seu sistema de captação para suas cam-
panhas à presidência. Em 2012, mais de U$ 600 milhões foram arrecadados
utilizando uma estratégia baseada em pequenos doadores.
Assim como nos projetos tradicionais, Obama “premiava” seus doadores
com mimos, como a chance de participar de um jantar na casa de George
Clooney, um dos que mais atraíram doadores.
É fato que as campanhas brasileiras estão muito distantes das estaduni-
denses, mas há algumas iniciativas de destaque como a de Bel Pesce, que
arrecadou quase R$ 1 milhão para financiar um tour de palestras. O projeto
Fixando Raízes WinBelemDon obteve R$ 400 mil para financiar a compra do
terreno onde está sua sede. Um jogo chamado Caçadores da Galáxia, com
cerca de R$ 200 mil foram arrecadados.
Não importa a finalidade — política, produto ou projeto — alguns fatores
permeiam o sucesso ou o fracasso no engajamento de uma ação de finan-
ciamento coletivo:
• Uma ideia com potencial de engajamento
• O desenho do projeto
• Um sistema de bonificação ou recompensas para pequenos doadores
• O planejamento das ações de arrecadação
• A escolha correta da plataforma e do modelo de arrecadação
• A presença em mídia social
• Uma comunicação segmentada
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Rethink Business: Colaboração na Prática
Bio do autor: Marcelo Vitorino
Atua como consultor de marketing digital e gestão de crise para empresas,
governo e instituições do terceiro setor. Entre 2000 e 2008, Marcelo atuou no
meio editorial e na publicidade. Migrou para o meio digital e hoje é sócio da
Presença Online. É responsável pelo curso Soluções Digitais para resultados em
seu Negócio, na Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM-SP.
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Como fazer um projeto de crowdfunding dar certo
A primeira coisa que se tem a fazer é analisar se o que você está pensando
em propor já não foi feito por outra pessoa ou instituição. Projetos exclu-
sivos ou inovadores tendem a atrair mais doadores do que os outros.
Vale refletir também sobre o quão apaixonante sua ideia é. Quanto mais
sedutora ela for, mais mobilizará pessoas e, consequentemente, maior será
a chance de bater as metas.
Um ponto importante é a facilidade de explicar a ideia. Ideias que podem
ser resumidas em um parágrafo são boas. Caso passe desse ponto é melhor
revê-la.
O passo em seguida é desenhar como sua ideia funciona. Vale investir um
tempo detalhando todos os passos para que se transforme em algo real.
Mais informações dão confiança aos possíveis doadores.
Quem? Como? Quando? Onde? Por quê? Para quê? Quanto? São perguntas
que devem ser respondidas, mesmo que de forma indireta. As pessoas
querem saber se você entende o assunto o suficiente para desenvolver o
que propõe e se tem condições para concluir o trabalho.
Faça apresentações gráficas, grave um vídeo, escreva um guia com pergun-
tas e respostas frequentes, convide personalidades no tema para darem
depoimentos e mostre que o projeto foi bem elaborado.
Quando se trata de um crowdfunding, pense que você contará uma história
com ambientação, enredo, personagens e, é claro, um belo final feliz.
Preocupe-se em motivar as pessoas, dê a elas a chance de participar de um
desafio de superação e elas te seguirão. Se a proposta partir de uma vitimi-
zação, não irá muito longe. Evite os termos“ajude”e“doar”, prefira“colabore”
e“contribua”.
E o que as pessoas ganharão em fazer parte da sua jornada? Primeiro esta-
beleça uma política de cotas que seja atraente, começando em
contribuições de R$ 10 ou R$ 15, mas que podem chegar a milhares de
reais.
Para recompensar pode pensar em agradecimentos virtuais, dedicatórias,
produtos ou serviços. Por exemplo, um patrocinador corporativo pode
receber uma palestra sua sobre um tema.
Rethink Business: Colaboração na Prática
Um ponto importante é a facilidade de
explicar a ideia. Ideias que podem ser resumi-
das em um parágrafo são boas. Caso passe
desse ponto é melhor revê-la.
Marcelo Vitorino
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Muito antes do lançamento do projeto é necessário fazer um planejamento
de todas as ações de arrecadação. Funciona mais ou menos como um filme:
teaser são lançados, cabines para imprensa são feitas e depois o filme é
colocado à disposição dos cinemas e aí entra o trabalho pesado de divul-
gação.
O risco de sair com um projeto do zero, ir direto para divulgação e quebrar
a cara é grande. O ideal é você contar com 20% ou 30% do valor que está
pedindo antes de começar.
É nesse estágio que vale usar a sua rede de relacionamentos e tentar coop-
tar os apoiadores iniciais, visto que o tempo disponível para arrecadação
costuma ficar entre 30 e 60 dias, dependendo da ferramenta escolhida e do
valor alvo.
Assim que o projeto for lançado, faça uma força para que sua rede
contribua no menor tempo possível. Outras pessoas se motivarão e lhe
darão crédito ao verem as doações acontecendo. Tem um ponto a mais
projetos feitos por mais de uma pessoa, pois envolverá mais relacionamen-
tos e exposição.
Caso o valor desejado esteja acima de R$ 20 mil, é melhor contratar ou
contar com a colaboração de uma assessoria de imprensa. Queimar a larga-
da é morte certa.
Em 60 dias há aproximadamente 8 semanas. Minha sugestão é que você
planeje: lançamento (2 semanas), estimulação para meta com foco nas
recompensas (4 semanas) e mobilização dos colaboradores (últimas 2
semanas).
Pense nos públicos para criar o efeito onda e não os ative todos de uma vez,
exceto no lançamento. A segmentação da comunicação traz ótimos resulta-
dos.
Em paralelo a tudo isso, pesquise as plataformas de arrecadação e a forma
de funcionamento de cada uma. Dependendo do projeto há plataformas
específicas.
Já utilizei o Catarse e o Mobilize e tive experiências positivas nas duas. A
primeira usei para financiar um documentário e a segunda, nativa no Face-
book, para arcar com as despesas de um livro. Conheço profissionais que
utilizaram o Kickante e também não tiveram problemas.
A questão a que se deve ficar atento é se a plataforma só libera os recursos
se a meta for atingida ou repassará o valor independentemente do sucesso.
Tenha clareza também sobre as taxas envolvidas, que podem chegar a
quase 20% do total arrecadado (utilizando o Kickante, sem obrigatoriedade
de bater a meta).
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Com o projeto lançado, chega a hora de colocar o pé na estrada, no caso, na
mídia social, no e-mail marketing, nas reuniões com os amigos ou qualquer
outra situação que possa falar com pessoas.
Se fez o trabalho de planejamento direito, todas as peças publicitárias já
estarão prontas e isso lhe poupará muito estresse. É bom usar alguma ferra-
menta de disparo de e-mails terceirizada. Para grandes quantidades reco-
mendo o Sendgrid e para menores o Mailchimp.
Conforme as doações forem acontecendo, agradeça aos doadores e esta-
beleça uma rotina de informá-los semanalmente sobre a situação da cam-
panha. Não tenha medo de pedir mais contribuições ou ajuda na divul-
gação. À partir do momento que ele colaborou, também quer ver a cam-
panha dar certo. É um embaixador.
Utilize a mídia social com sabedoria e faça campanhas patrocinadas basea-
das na lista de e-mails dos doadores. Ficará mais fácil encontrar outras
pessoas com o mesmo perfil e interesses. Uma ou duas publicações diárias
geram resultados.
Não sabe o que publicar? Destaque trechos do projeto, depoimentos de
quem já colaborou ou de apoiadores, quantidade de dinheiro arrecadado
até o momento e entrevistas com especialistas no tema que escolheu.
Enfim, tudo que faça sentido e não tire o foco do expectador. Em todas as
comunicações divulgue o endereço para a contribuição e mensagem
motivadora.
O caminho do crowdfunding não é fácil, mas é um aprendizado que vale a
pena! Ao decidir entrar, mantenha a disciplina e a dedicação em dia e seu
projeto, com certeza, sairá do papel!
Rethink Business: Colaboração na Prática
O caminho do crowdfunding não é fácil,
mas é um aprendizado que vale a pena! Ao
decidir entrar, mantenha a disciplina e a dedi-
cação em dia e seu projeto, com certeza, sairá
do papel!
Marcelo Vitorino
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Quando organizações inici-
am a jornada colaborativa elas
começam a se preparar para o
futuro e as incertezas.
A Força Colaborativa
por Daniel Egger
Daniel Egger
Nenhuma pessoa sozinha pode captar a complexidade de uma sociedade.
Quanto mais diversificada é sua estrutura, mais heterogêneo são os seus
indivíduos. Essa variedade gera esse desafio e, ao mesmo tempo, é uma
força competitiva.
A colaboração por si só é um princípio fundamental de nossa cultura. Defi-
nida pelo relacionamento e interação, ela conecta e oferece uma troca de
valores. Ela estabelece a base de uma sustentabilidade econômica. A quan-
tidade de pessoas interconectadas dobrará nas próximas décadas e, com
isso, a tecnologia recriará os significados da nossa sociedade e transformará
ainda mais o conceito de colaboração como o conhecemos.
Quando organizações iniciam a jornada colaborativa, elas começam a se
preparar para o futuro e para as incertezas. Mas somente pela integração
das pessoas em contextos diferentes utilizaremos a força competitiva da
colaboração da melhor maneira. Para as organizações, isso significa um
acesso de novos insights, ativos ou experiências para reforçar as suas
estratégias; um enriquecimento do processo de inovação ou uma validação
maior das ideias com os diversos stakeholders. A possibilidade de aplicação
colaborativa não tem limites, e ela tem uma base em comum.
A colaboração ajuda na compreensão de diversas partes da sociedade.
Nossas visões e percepções definem nossos modelos de pensar e estabele-
cem padrões, vícios e rotinas que nos ajudam a navegar mais rápido no
mundo incerto, ao mesmo tempo nos ajudam a focar.
Vemos a sociedade como um resumo de várias partes isoladas. Ignoramos
que cada realidade diferente está em mudança, e mais importante, estão
interconectadas. Colaboração significa aumentar a percepção e com-
preender essas partes, as conexões e os drivers que definem as mudanças
não somente em uma, mas em várias realidades ao mesmo tempo. Colabo-
ração significa aproveitar recursos e ativos que podem gerar mais
36
Rethink Business: Colaboração na Prática
Bio do autor: Daniel Egger
Diretor Criativo da Crowd Envisioning, Conselheiro da Mutopo e sócio fundador
da Foltigo. Professor de Inovação + Futuro na ESPM, Mauá, INSPER e Sustentare.
Daniel tem 15 anos de experiência em inovação de negócios colaborativo,
geração de nova opções futuras e como conectar a inovação com a estratégia
em múltiplas indústrias e empresas. Autor do livro: Geração de Valor Futuro
(Campus/Elsevier, previsto para o 2º semestre 2015) e participou em diversas
outras obras.
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Sabemos que o contexto de cada empresa é
único, tanto quanto a sua estrutura e forma
colaborativa.
Daniel Egger
37
valor num outro contexto, tornando-o fluído e não absoluto, multi-contex-
tual. Colaboração significa captar lógicas de funcionamento e alinhar as
partes para identificar novas forças competitivas. Colaboração significa
tornar uma empresa ainda mais “human centric”, focando nos valores e a
geração de experiências.
Pela mesma razão que gera tantas oportunidades, não existe uma fórmula
somente para aplicação prática. Sabemos que o contexto de cada empresa
é único, tanto quanto a sua estrutura e forma colaborativa. Encontrar as
suas soluções de quando utilizar e de qual forma é o resultado de um
processo de aprendizagem e experimentação.
Destacamos três empresas que utilizam sua força competitiva de colabo-
ração, encontraram as suas fórmulas de trabalho e sabem como integrar o
processo com a inovação e a estratégia. Empresas que utilizam mecanismos
e estratégias colaborativas para gerar novos valores para seus clientes.
Vamos conhecer, nos inspirar e apreender com as suas experiências.
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Natura Inovação e Tecnologia de Produtos
Na era da hiperconectividade, as informações sobre as marcas de bens de
consumo e serviços obtidos a partir de sua rede de relacionamento,
passaram a compor o repertório dos consumidores e a influenciar suas
escolhas. Da mesma forma, o consumidor empoderou-se em todo o proces-
so de consumo, passando a ser mais atuante, a compartilhar com sua rede
sua própria experiência e a influenciar de forma mais determinante a
tomada de decisão de pessoas da sua rede.
No processo decisório de consumo são avaliados a qualidade do produto e
seu desempenho, mas também passaram a ter relevância as experiências
em todos os pontos de contato com as marcas: seja na concepção do
produto, na divulgação, na compra, no recebimento, no consumo e no
descarte.
Neste contexto, as corporações buscaram se munir de estratégias para
atender às novas expectativas deste consumidor, o que promoveu uma
evolução nos processos e modelos de inovação aberta que elas utilizam.
Caso: Natura – Uma Cultura Colaborativa
por Marcela Martinelli e Luciana Hashiba
A inovação aberta em rede permitiu a aprox-
imação do consumidor e sua participação na
construção da oportunidade, pela coleta de
insights, construção de protótipos e validação de
hipóteses de mercado, com mais velocidade e flexi-
bilidade.
Marcela Martinelli e Luciana Hashiba
38
Rethink Business: Colaboração na Prática
Bio do autor: Marcela Martinelli
Especialista em administração industrial pela Fundação Vanzolini e bacharel em
química pela Universidade de São Paulo. Gerente de Empreendedorismo e
Aceleração da Inovação na Natura Inovação e Tecnologia de Produtos Ltda.,
com experiência de 10 anos em gestão de inovação. É atualmente responsável
pelos temas de gestão da Propriedade Intelectual, interação com público
empreendedor inovador e captação de fomento à inovação. Já foi responsável
pelos temas de inovação aberta (Natura Campus), licenciamento de tecnolo-
gias, gestão do processo de Inovação, gestão de portfolio de projetos e planeja-
mento estratégico da Inovação. É co-autora de artigos e capítulos de livros
sobre Gestão de Inovação e valoração de tecnologias.
Bio do autor: Luciana Hashiba
Possui graduação em Faculdade de Engenharia de Alimentos pela Unicamp,
MBA em Gestão de Negócios pela Insper – SP (Ibmec), mestrado e doutorado
em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas – EAESP.
Atualmente é responsável por Gestão e Redes de Inovação na Natura, área
responsável por: planejamento estratégico de inovação, gestão do processo de
inovação (portfolio, pipeline e projetos), gestão e captação de fomento para
inovação, grupo técnico de propriedade intelectual, gestão de parcerias em
redes para inovação, como programa Natura Campus e Cocriando Natura.
Participa do Conselho Deliberativo do CNPq, do Conselho Superior da Agência
USP de Inovação e da ANPEI.
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Modelos estes, que antes estavam apoiados em relações transacionais e
pontuais, passaram a ser compostos por colaboração, compartilhamento e
evolução de ideias e oportunidades em rede
A inovação aberta em rede permitiu a aproximação do consumidor e sua
participação na construção da oportunidade, pela coleta de insights,
construção de protótipos e validação de hipóteses de mercado, com mais
velocidade e flexibilidade.
A crença da Natura é a de que, em rede, somos capazes de ampliar o alca-
nce de nossas ações, com foco em crescimento, diferenciação e desenvolvi-
mento sustentável.
Desta forma, a estratégia de Inovação da Natura contempla o modelo de
inovação aberta em rede, que é aplicada aos desafios de futuro de acordo
com as características da entrega como, por exemplo: diferenciação, veloci-
dade, complementariedade de competências instaladas, potencial de mer-
cado, etc.Atualmente, temos dois programas que concretizam aquilo que
acreditamos: o Natura Campus e o Cocriando Natura.
Criado em 2006, o Natura Campus, é um programa de inovação aberta que
nos conecta a redes para geração de ciência, tecnologia e inovação, como
propostas de parceria para co-desenvolvimento pesquisa em cooperação e
disseminação de conhecimento. O Natura Campus se consolidou como um
importante ponto de contato entre a Natura e sua rede de inovação, forma-
da por instituições de pesquisa, órgãos de fomento, empresas e laboratóri-
os de testes nacionais e internacionais.
Em 2014, o Natura Campus realizou um desafio junto com o MIT Media Lab
e IDEO no formato de um Hackaton, uma maratona de cocriação e desen-
volvimento, que reuniu alunos de instituições nacionais com pesquisadores
do MIT Media Lab para propor soluções e desenvolver protótipos a partir de
um desafio. Contaram para essa construção com insights do consumidor
(capturados no Cocriando Natura) e pela interação com consultoras Natura.
Como resultado, dois protótipos foram escolhidos para serem evoluídos
pelos alunos brasileiros nos laboratórios do MIT Media Lab.inicia virtual-
mente na plataforma da iniciativa e é complementada por encontros pres-
enciais.
Em 2013, lançamos o Cocriando Natura, uma rede aberta a todas as pessoas
que se identificam com a nossa marca – especialmente consumidores,
colaboradores e consultoras Natura – e que desejam contribuir com ideias
e percepções para a nossa inovação em conceitos e produtos.A interação se
Os participantes participam de acordo com sua afinidade com o tema de
uma forma livre. Os conteúdos gerados durante as chamadas jornadas de
cocriação servem de insumo às diversas áreas da Natura envolvidas com o
assunto debatido.
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Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com | crowdenvisioning.com
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Ao final, além de terem acesso a um relatório sobre os resultados, os partici-
pantes mais ativos são convidados para experiências de aprendizagem na
Natura, momento em que têm a oportunidade de aprofundar os conheci-
mentos sobre o tema discutido.
Mais de 1.800 pessoas já fazem parte da rede do Co-Criando Natura.
Acreditamos que a inovação em rede movida pela interação e a experiên-
ciaé uma realidade cada vez mais difundida. As novas gerações já estão
surgindo neste contexto de participação e construção daquilo que querem
e acreditam.
Como reflexão, compartilhamos aprendizados oriundos de nossa experiên-
cia de atuar no modelo de inovação aberta em rede:
A rede é um organismo vivo, existente em função das motivações de cada
um dos seus participantes, e como tal, não é possível fazer gestão desta
rede; É importante buscar valor compartilhado, ou seja, todos identifiquem
valor na rede para si, e alinhar as expectativas; A riqueza da rede está na
complementação de competências, quanto mais diversa, mais interes-
santes são os resultados
A evolução das tecnologias e a fusão das experiências de construir e
consumir provoca uma reflexão sobre um futuro não muito distante em
que o produto não precisa de uma fabrica e de um canal físico de
distribuição. Ele pode ser construído e consumido onde o consumidor
estiver. Neste cenário, legislação, modelos empresariais e modelos de nego-
cio precisam se reinventar com bastante velocidade para acompanhar esta
nova realidade.
Rethink Business: Colaboração na Prática
Marcela Martinelli e Luciana Hashiba
Acreditamos que a inovação em rede movida pela
interação e a experiência é uma realidade cada vez mais
difundida.
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empresa, atenta às mudanças demográficas da população brasileira que
está envelhecendo, buscou soluções para compor o empreendimento que
atendam bem também o idoso, tanto em ambientes de uso comum do
condomínio como nas unidades privativas.
Durante sua elaboração, foram convidados participantes de comunidades
(da hoje falecida) rede social Orkut, que discutiam sobre o tema, à ajudar
com ideias e novas soluções.
Como evolução dessas experiências, a Tecnisa decidiu lançar seu próprio
portal de open innovation baseado em crowdsourcing, o Tecnisa Ideias.
Trata-se de um canal aberto, que tem como objetivo gerar inovação a partir
de qualquer ideia relevante, desde que seu autor esteja disposto a compar-
tilhá-la. Em 4 anos de atividade, o Tecnisa Ideias conta com 2.617 partici-
pantes e recebeu 2.055 ideias, sendo 35 implantadas. Os principais assun-
tos abordados são tecnologia, segurança, conforto e sustentabilidade.
Entre as soluções que foram incorporadas em empreendimentos, desta-
cam-se: bike sharing (compartilhamento de bicicletas), vagas de garagem
com recarga para carro elétrico, painel de controle de consumo de energia
dentro do apartamento e garagem decorada (trazer uma experiência difer-
enciada para esta área que é frequentemente utilizada pelos moradores,
porém usualmente pouco explorada nos projetos arquitetônicos).
Caso: Tecnisa – Novas Experiências
por Denilson Novelli
Experiências em redes sociais e portais de
crowdsourcing geram resultados surpreen-
dentes, tanto em matéria de engajamento
quanto em quantidade.
Desde 2009, a Tecnisa vem promovendo ações que buscam canalizar ideias
provenientes do conhecimento coletivo por meio da internet. Experiências
em redes sociais e portais de crowdsourcing geram resultados surpreen-
dentes, tanto em matéria de engajamento quanto em quantidade. As
opções são muitas e no histórico há desafios lançados nas plataformas:
Battle of Concepts, Zooppa, Wedologos e ClickARQ. Plataformas que são
consideradas Innovation brokers, dentre as fontes de inovação da empresa.
A primeira grande experiência com contribuição externa foi no desenvolvi-
mento do Projeto de Arquitetura Inclusiva para o Idoso, de 2009, onde a
Denilson Novelli
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Rethink Business: Colaboração na Prática
Bio do autor: Denilson Novelli
Formado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e com
MBA em Marketing pela ESPM, possui 17 anos de experiência em Marketing,
sendo que há 8 anos responde pela estratégia de e-commerce e canais online
daTecnisa, construtora e incorporadora que é referência no uso da internet para
vendas, relacionamento e inovação.
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A possibilidade de implantar iniciativas como estas citadas e a Tecnisa ser
notoriamente reconhecida como uma das empresas mais inovadoras do
país é atribuída à alguns fatores que são entendidos como os ingredientes
para estes resultados. O primeiro é o fato da cultura da inovação estar no
DNA da Tecnisa. Desde sua fundação há mais de 30 anos, a Tecnisa é orien-
tada a buscar constantemente novas soluções, práticas enraizadas pelo seu
fundador. É uma empresa que pratica a inovação por convicção e não por
convenção de mercado.
Somado à isso, a Tecnisa já faz uso e é reconhecida também por suas práti-
cas digitais há mais de uma década, o que naturalmente favoreceu a intro-
dução de práticas de open innovation e crowdsourcing em novas platafor-
mas digitais.
Além disso, há metas anuais de inovações implantadas para as áreas perti-
nentes e, consequentemente, remuneração com bônus aos seus colabora-
dores. Um importante mecanismo de incentivo para irem além do “dia a
dia”.
Por último, a gestão de conhecimento, fundamental para reter as melhores
práticas e filtrar ideias, pois é comum muito “crowd” e pouco “source”
quando uma empresa abre para a gigantesca possibilidades de partici-
pações externas. E as ideias relevantes, avançarem à sua implementação,
pois para a Tecnisa, inovação ocorre quando o âmbito das ideias é supera-
do!
Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
Caso: Vagas.Com - Gestão Horizontal
por Mário Kaphan
Esse texto é uma tradução adaptada e atualizada de “HORIZONTAL MANAGEMENT AT VAGAS.COM” publicado no MIX – Management Innovation Exchange – em março
de2014eumdosvencedoresdoM-Prize“TheUnlimitedHumanPotentialChallenge”.Oartigooriginalestádisponívelemhttp://www.mixprize.org/story/horizontal-man-
agement-vagascom.
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POR QUE HORIZONTAL?
Da prática à teoria
Primeiro deve-se dizer que a palavra“horizontal”só passou a fazer parte do
vocabulário da VAGAS muito depois que a empresa foi fundada. No
começo, a equipe era pequena e não havia nenhuma necessidade de hier-
arquia. Todos assumiam responsabilidades e tomavam decisões de forma
proativa. O prazer de - às vezes, enfaticamente – discutir ideias até alcançar
o consenso era parte da cultura da empresa. A equipe compartilhava
valores fortes e estava genuinamente engajada em fazer a diferença para os
seus clientes.
O processo de gestão daVAGAS funcionava bem: muito antes de considerar
ou compreender os benefícios de ser horizontal ou vertical, apesar de ser
ainda uma empresa muito pequena em um mercado altamente competiti-
vo e de alocar verba zero a marketing (os poucos recursos eram direciona-
dos ao desenvolvimento de seus produtos) a VAGAS "naturalmente"
começou a trilhar o seu caminho de crescimento rápido apoiado principal-
mente na divulgação boca a boca de clientes que a reconheceram como
parceira digna de confiança, engajada em seu sucesso.
Quando a equipe chegou a cerca de trinta pessoas a operação foi estrutura-
da e os primeiros líderes foram alçados a cargos de gerência em suas áreas.
Rethink Business: Colaboração na Prática
Bio do autor: Mário Kaphan
Mário Kaphan é fundador da VAGAS Tecnologia, empresa especializada em
soluções para gestão online de processos de recrutamento e seleção. O executi-
vo, formado em Engenharia Eletrônica pela Escola Politécnica da USP em 1975,
fez o seu mestrado na mesma instituição e lecionou até 1985.
Trabalhou na Scopus Tecnologia de 1978 a 1984, fase de formação da indústria
brasileira de informática, ocupando o posto de engenheiro-chefe de software
da empresa. Em 1984, fundou a Humana Informática, empresa que se destacou
na liderança do mercado brasileiro de software de comunicação de dados, com
os premiados Z eZapt.
Quinze anos depois, fundou a VAGAS, que hoje lidera o mercado brasileiro de
e-recruitment. Seu software VAGAS e-partner informatiza o recrutamento e
seleção de mais de 1000 empresas em todo Brasil.
A VAGAS também é responsável pelo site de carreira VAGAS.com.br, um dos
maiores e melhores bancos de talentos da Internet brasileira.
Kaphan também prestou serviços à comunidade de RH em 2012 atuando como
diretor de tecnologia da informação na ABRH Nacional – Associação Brasileira
de Recursos Humanos.
O executivo retomará os ares de professor para falar da forma de gestão
horizontal, vista no Vagas com grande sucesso, onde as decisões são de comum
acordo e não existem cargos hierárquicos que possam sobressair à vontade da
equipe.
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No entanto, o seu papel era uma controvérsia recorrente na VAGAS pois, à
medida em que as decisões foram se concentrando nesses novos gestores,
o restante da equipe foi se distanciando de uma vivência mais abrangente
e estratégica do dia a dia da empresa. Isso foi percebido como uma ameaça
ao“espírito de empresa pequena”que a VAGAS entendia como uma de suas
principais vantagens competitivas, responsável pelos resultados excepcio-
nalmente fortes que vinha alcançando.
Progressivamente foi se buscando criar um ambiente de trabalho "tão
aberto quanto possível”, onde as pessoas pudessem ter voz ativa e compar-
tilhar a responsabilidade por decisões, com alto grau de liberdade e
autonomia. Isto requeria uma estrutura de gestão "leve". Consequente-
mente, os gerentes perderam o seu poder de comando e as decisões, como
regra, eram negociadas com as suas equipes.
Talvez tenha sido neste momento que a palavra “horizontal” surgiu na
VAGAS para descrever o modelo de gestão que estava emergindo, embora
ainda longe de estar completamente compreendido, desenvolvido e
adotado. Essa construção foi - e ainda é - um processo longo de invenção,
experimentação e aprendizado a partir de erros e realizações. Ela foi acon-
tecendo sob a pressão de um ritmo muito rápido de crescimento e – quase
todo o tempo – com mais de metade da equipe com menos de um ano de
casa.
Uma questão de valores
Paulatinamente a VAGAS foi tomando consciência do que almejava ao
perseguir um modelo próprio de gestão: que cada pessoa pudesse ser uma
autêntica representante dos propósitos e valores da empresa. Ela sabia que
a sua trajetória de sucesso se devia, em grande medida, à confiança
conquistada junto aos seus clientes, consequência do reconhecimento do
genuíno engajamento da VAGAS – de suas pessoas! - em fazer a diferença.
A VAGAS aprendeu que o “espírito de empresa pequena” que buscava
preservar – como um de seus principais diferenciais competitivos - estava
associado à manutenção de um ambiente profissional propício à vivência
de valores compartilhados pelos seus integrantes na realização de um
propósito comum.
Mais, que era no processo de tomada de decisão que essa vivência se
concretizava! Ou seja, que era nas boas discussões que os valores inerentes
a cada questão tinham a oportunidade de aflorar, de serem entendidos,
exercitados, confrontados, fortalecidos e até transformados, dando corpo à
autêntica ética da empresa.
Se o objetivo era a vivência de valores compartilhados e se ela se dava
primordialmente no processo decisório, então esse ambiente só podia ser
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horizontal. Fosse hierarquizado, quanto mais complexas as decisões, mais
elas – e seus valores intrínsecos - seriam naturalmente delegadas a níveis
mais elevados da organização. Como ocorre nas empresas verticais, a
responsabilidade pela vivência dos valores se concentraria na cúpula,
enquanto, quanto mais próximos à base, o papel preponderante dos
funcionários seria apenas funcional. Essa compreensão acabou levando à
“radicalização” do modelo horizontal da VAGAS e todas as delegações de
liderança ou de autoridade remanescentes foram abolidas.
Assim, a VAGAS é horizontal porque esse é o ambiente mais favorável para
uma organização que se pretende regida pela vivência de valores compar-
tilhados.
Diariamente as pessoas são naturalmente confrontadas com a responsabili-
dade – individual ou compartilhada - de discutir e tomar decisões que
muitas vezes seriam delegadas a níveis gerenciais superiores em estruturas
A VAGAS é horizontal porque esse é o ambi-
ente mais favorável para uma organização que
se pretende regida pela vivência de valores
compartilhados.
hierarquizadas. Elas demandam a prática – e o prazer - da boa controvérsia,
com a necessária atitude de desapego, como instrumentos para a
construção dos consensos que as embasam. Esses são os alicerces do
modelo horizontal da VAGAS.
A maturação de uma metodologia de gestão
A necessidade de uma metodologia abrangente para sustentar seu modelo
horizontal face ao crescimento de sua equipe já estava clara havia alguns
anos, mas foi só no início de 2013 que a primeira versão foi considerada
apta para ser implantada em toda a empresa.
Antes disso, cada equipe da VAGAS interpretava o modelo a seu modo,
gerando uma rica seleção de experiências, algumas mais e outras menos
bem sucedidas. Essas histórias, juntamente com informação de várias
outras fontes – inclusive“benchmarks”com outras experiências horizontais
– foram usadas em um longo processo de discussão, invenção e depuração
para criar a metodologia mais adequada à cultura VAGAS.
Mesmo lidando com toda a complexidade de uma empresa, ela tinha que
ser simples, prática e eficiente, e o resultado foi o seguinte enunciado:
“Cada equipe se reúne quinzenalmente para analisar a evolução (dos indi-
cadores da realização) de seus propósitos e conceber formas de me-
lhorá-la”.
Mário Kaphan
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Em seu processo de amadurecimento, a implementação dessa metodolo-
gia está agora a caminho de sua quarta versão, e essa evolução está forte-
mente ligada ao aprimoramento contínuo das ferramentas de apoio, basea-
das na intranet da empresa. Cabe destacar a presença ativa de um consultor
externo em praticamente todas as reuniões de gestão dessa fase de
implantação e aprendizado, como apoio ao desenvolvimento de uma
perspectiva empreendedora, visão estratégica e foco em resultados nas
equipes.
Desnecessário dizer que a VAGAS é absolutamente imperfeita na concret-
ização de seu modelo de gestão e isso é naturalmente aceito como opor-
tunidade para, coerentemente, “conceber formas de melhorar a sua
evolução”.
MODELO E METODOLOGIAS
Hierarquia zero
A VAGAS é estruturada como uma organização "radicalmente" horizontal,
sem hierarquia e sem voz de comando entre seus integrantes, em um ambi-
ente participativo, com um alto grau de liberdade e autonomia, de pessoas
engajadas na realização de um propósito comum.
O processo decisório, independentemente de ocorrer em reuniões formais
ou em outras situações, é baseado na construção de consensos. Não se
trata de uma democracia no sentido de que decisões nunca são tomadas
por maioria de votos: o consenso, ou seja, a concordância de todos os
participantes, precisa ser alcançado.
Espera-se das pessoas que assumam a responsabilidade de criar e de parti-
cipar ativamente de controvérsias dentro e fora das suas áreas, e que se
envolvam nos respectivos processos de construção de consensos. Isto pres-
supõe que as pessoas valorizem o processo de discussão de ideias e man-
tenham uma atitude de desapego, percebendo o privilégio de ter outras
pessoas se importando com as suas ideias e a satisfação de vê-las fortaleci-
das“vencendo ou perdendo uma boa discussão”.
Uma definição muito sucinta do modelo de gestão é que “a VAGAS é um
lugar onde as pessoas fazem o que querem MAS todos têm tudo a ver com
isso”. E o modelo de empresa subjacente é o de“uma comunidade engajada
na realização de um propósito comum - a missão e visão da organização –
em um ambiente de realização profissional e prazer no trabalho”.
Gestão sem chefes – e nada de metas
A VAGAS é estruturada em áreas funcionais (por exemplo, Vendas, RH, P&D)
e em comitês multifuncionais, que vêm ganhando importância crescente
naVAGAS, sendo responsáveis, por exemplo, por uma determinada linha de
produtos ou pela gestão de um direcionador estratégico (resultante do
processo de planejamento estratégico). Algumas áreas funcionais chegam
a ter todos os seus integrantes permanentemente alocados a comitês onde
efetivamente exercem as suas funções. Nesses casos, sem atribuições
operacionais, elas têm como objetivo servir como espaço de encontro dos
respectivos profissionais para cuidar de seus assuntos comuns e do alinha-
mento e evolução de suas atividades.
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Não há regras ou limites formais, mas procura-se limitar as equipes a oito
pessoas. Também é comum que pessoas dediquem parte de seu tempo a
atividades externas às suas equipes principais, como a participação em
reuniões de gestão de outras equipes ou em comitês. Pressupõe-se que
esse envolvimento não comprometa as suas atribuições principais ou o
desempenho de sua equipe, de quem se espera que“tenha tudo a ver com
isso”e abra controvérsias para resolver eventuais questões que aflorem.
Cada equipe é responsável pela sua própria gestão, com olhar empreende-
dor e foco em resultados e utiliza a metodologia acima mencionada. Assim,
ela se reúne quinzenalmente para analisar a evolução dos indicadores da
realização de seus propósitos e conceber formas de melhorá-la. Ela precisa,
portanto, ter clareza de seus propósitos, que são as funções que ela precisa
realizar para o projeto comum da empresa. Em outras palavras, é como se
ela tivesse sido subcontratada pela VAGAS para realizar determinadas
funções, cujas entregas são os indicadores que ela buscará melhorar
continuamente, segundo a metodologia de gestão.
As reuniões quinzenais de gestão têm duas horas de duração e contam
sempre com “cadeiras vazias” a serem ocupadas por pessoas interessadas
em participar dos consensos (“terem tudo a ver com tudo isto”) por iniciati-
va individual ou representando outra área. Essas reuniões começam com
uma breve análise de gráficos que representam a evolução de indicadores
dos seus propósitos e prosseguem com a discussão de ideias que possam
ter um impacto positivo no seu crescimento. A maior parte das decisões
estratégicas é tomada nessas reuniões.
Embora as equipes sejam fortemente movidas por resultados não há metas
predefinidas para elas. Nem mesmo a área comercial - que desempenhou
excepcionalmente bem nos quinze anos da VAGAS – opera com metas
financeiras previamente estabelecidas. Como as demais, ela analisa a
evolução das vendas dos vários produtos e concebe formas de melhorá-las.
O foco está no processo e os resultados são colhidos como consequência.
A intranet da empresa – atualmente em fase de reprojeto – tem um papel
central na sistematização da metodologia, sendo usada como guia para a
condução das reuniões de gestão, e como suporte para o registro e dissemi-
nação das informações geradas pelas equipes.
Liderança
Embora não haja nenhum líder formal, a VAGAS não é uma organização
sem líderes. Embora não hajaliderança delegada – e ninguém ostente um
título - os líderes emergem naturalmente ao se tornarem referências em
suas áreas, seus campos de conhecimento, sua visão estratégica etc. Um
levantamento recente mostrou que 94% da equipe reconhece pelo menos
uma pessoa como referência para o seu trabalho.
Isso é reforçado pelo próprio processo de recrutamento e seleção da
VAGAS, que tem como objetivo trazer sempre pessoas que tenham algo
para ensinar para o grupo e, assim, novos líderes em potencial. Neste senti-
do, não há limites à quantidade de líderes na VAGAS.
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Contratação de pessoas. E demissões.
As equipes são responsáveis por contratar os seus membros e também por
eventuais desligamentos. Esses processos podem ser exigentes já que é
primordial para a VAGAS não só selecionar talentos que se destaquem, mas
também procurar assegurar-se de que eles compartilham os mesmos
valores básicos e endossam o modelo horizontal da empresa.
O processo de contratação é "convencional" em suas fases iniciais, envol-
vendo a equipe de RH e alguns especialistas da equipe contratante. Um
esforço considerável é feito para situar o candidato no ambiente VAGAS na
tentativa de identificar a compatibilidade cultural entre ambos. Os finalistas
(geralmente três) são então entrevistados pela equipe completa e outras
pessoas (inclusive um dos fundadores) e a decisão final tomada em um
fórum com todos que interagiram com os candidatos durante o processo
seletivo. Como todas as outras decisões, é necessário chegar a um consenso
ou recomeçar o processo do zero.
Processos de demissão também pressupõem a construção de consensos e,
exceto quando motivados por forte desalinhamento com a cultura VAGAS,
são precedidos por feedbacks informais e formais. Eles podem envolver
também processos especiais, além de outras iniciativas de desenvolvimen-
to – como coaching - com a ajuda da equipe de RH.
Remuneração
Na VAGAS, a política de remuneração visa a criação de um ambiente de
salários justos face às contribuições individuais à realização da missão da
empresa.
A metodologia de avaliação e remuneração parte de um levantamento
360o em que cada integrante é avaliado segundo quatro eixos: a com-
preensão e visão estratégica do negócio da VAGAS; o foco em resultados; a
compreensão e vivência da cultura da empresa; e as suas competências
técnicas. Cada pessoa avalia a si própria, todos os membros das equipes das
quais participe e qualquer outra pessoa da organização que queira avaliar.
Em 2013 cada membro da VAGAS recebeu uma média de 17 avaliações.
Todo o processo tem o suporte de um software especialmente desenvolvi-
do para a função. Os resultados - as avaliações individuais das pessoas em
cada um dos quatro eixos pela comunidade VAGAS – são inicialmente
processados pela equipe de RH que prepara e realiza as “devolutivas” para
todas as pessoas da VAGAS. Assim, cada integrante da equipe tem a opor-
tunidade de conhecer a sua avaliação média, compará-la com a sua
autoavaliação e com as médias da VAGAS, receber feedbacks redigidos
pelos seus “avaliadores”, analisar aspectos específicos de seu desempenho
no período e perspectivas para o próximo, em um encontro individual de
uma hora com um profissional de RH.
Todas essas informações e outras (como pesquisas salariais, por exemplo)
são então tratadas pelo Comitê de Remuneração para, finalmente, proce-
der à revisão dos salários da empresa. Esse processo ocorre com periodici-
dade anual.
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Planejamento estratégico
O planejamento estratégico da VAGAS, assim como a sua execução e acom-
panhamentos bimestrais são também um processo participativo. Ele foi
desenvolvido e aperfeiçoado ao longo de mais de cinco anos com a ajuda
do Dr. Pedro Zanni da Fundação Getúlio Vargas.
O processo inicia-se no final de novembro com uma detalhada retrospecti-
va do ano e a discussão dos principais tópicos do planejamento interna-
mente às equipes e em grupos multidisciplinares, presenciais e online.
Eventualmente usam-se técnicas como World Café para facilitar o processo
de discussão. Os resultados alimentam a “semana de imersão” que ocorre
no início de janeiro, em que uma equipe de 16 pessoas escolhidas com a
ajuda de uma enquete interna, se isola para aprofundar a análise dos resul-
tados da empresa, propostas de valor, clientes e concorrência, tendências ,
alternativas estratégicas etc. Ela resulta finalmente na construção dos dire-
cionadores estratégicos da VAGAS, com os seus respectivos objetivos
estratégicos, cada qual com indicações qualitativas das suas expectativas
para o ano. Porém, diferentemente do resultado habitual de processos de
planejamento estratégico, os objetivos não são desmembrados em iniciati-
vas ou projetos a serem desenvolvidos no período. Portanto, também não
se elabora o orçamento (“budget”) para o ano.
Esses resultados são então apresentados a toda a organização.
A responsabilidade pela execução do planejamento é então delegada a
comitês estratégicos formados para a gestão de cada direcionador
estratégico e seus respectivos objetivos utilizando a metodologia de
gestão da VAGAS.
Como um exemplo, o planejamento estratégico para 2014 envolveu cerca
de 70% da equipe e resultou em oito direcionadores estratégicos com três
ou quatro objetivos cada. Houve uma média de quinze interessados em
participar de cada comitê, e os próprios candidatos fizeram a seleção das
equipes definitivas, considerando critérios tais como a presença de repre-
sentantes das principais áreas envolvidas em sua execução. É interessante
lembrar que “cadeiras vazias” estão sempre disponíveis nas reuniões de
gestão, e elas são efetivamente usadas por pessoas que tenham interesse
específico em determinados direcionadores, objetivos ou projetos.
Exatamente como ocorre na gestão das áreas funcionais e dos demais
comitês, a gestão da realização dos direcionadores estratégicos é um
processo dinâmico e flexível que ocorre durante todo o ano nas reuniões de
gestão. Os projetos e iniciativas para cada objetivo estratégico – junta-
mente com seus respectivos“budgets” – são discutidos e decididos nessas
reuniões quinzenais a partir da análise da evolução dos respectivos indica-
dores, e a sua execução é então negociada com as respectivas áreas funcio-
nais e comitês.
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A cada dois meses aVAGAS realiza reuniões de dois dias para o acompanha-
mento dos resultados da empresa e da evolução dos direcionadores
estratégicos e seus respectivos objetivos, que são apresentados e coloca-
dos em discussão pelos respectivos comitês. Esses encontros são abertos a
toda a equipe e a participação é digna de nota.
Cultura e Inovação
Uma cultura que valoriza a boa controvérsia e o desapego como instrumen-
tos básicos do processo decisório, é, por construção, propício à criação e
fortalecimento de novas ideias. Diversas iniciativas na VAGAS reiteram esse
espírito de inovação no dia a dia, como ilustram os exemplos que se
seguem.
Toda semana a VAGAS recebe um ou mais convidados para conversar sobre
temas que usualmente não têm relação direta com os negócios da empre-
sa, objetivando criar um ambiente de permanente exposição e discussão
de ideias, conhecimentos e visões de mundo.
O projeto Arte VAGAS, já em seu quinto ano de existência, nasceu com o
objetivo de incentivar o jovem artista brasileiro, e proporciona à equipe a
convivência diária com a arte que ocupa as suas paredes, além da interação
com os próprios artistas. O projeto, com a curadoria do artista Ernesto
Bonato, conta com uma nova exposição individual a cada dois ou três
meses, que é sempre acompanhada de um diálogo com o artista.
As duas confraternizações anuais da empresa – a Festa Junina e a de fim de
ano – buscam sempre a vivência de manifestações autênticas da cultura
brasileira, como música, dança e costumes étnicos nativos e regionais.
Destinados às comunidades de RH e de gestão de negócios, duas vezes por
ano – em abril e novembro - a VAGAS promove ”Fóruns VAGAS” voltados à
discussão de temas relevantes de gestão de pessoas, de cidadania, de
sustentabilidade etc, com especialistas de renome.
Sobre o consenso
“Consenso”talvez seja o aspecto mais controverso da cultura VAGAS: não é
difícil encontrar artigos sobre gestão horizontal que classificam processos
decisórios baseados no consenso como ineficientes e mesmo impra-
ticáveis, pelo poder que qualquer pessoa teria de bloquear uma decisão.
No entanto, a VAGAS talvez tenha encontrado uma solução peculiar para
lidar com essas questões: no dia a dia, um grupo de pessoas – ou até
mesmo uma pessoa sozinha – pode pressupor consenso e tomar uma
decisão. Ele precisa dar visibilidade a ela, de forma que qualquer outra
pessoa ou grupo possam abrir uma controvérsia, reabrindo a discussão
que, com desapego de ambos os lados, precisa então ser levada a um novo
(pressuposto de) consenso. Claro que, se a decisão for irreversível, a equipe
irá procurar envolver mais pessoas na decisão, ou dar mais tempo para o
surgimento de controvérsias.
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  • 1. Curadoria:Daniel Egger e Marina Miranda Exclusivo! PesquisaCONECTA-IBOPE deCrow dsourcing
  • 2. Este e-book é uma experiência colaborativa Autores: Adolfo Menezes Melito Ari Piovezani Bob Caspe Cezar Taurion Daniel Egger Denilson Novelli Diego Remus Dora Kaufman Flávio Pripas Edição e Revisão Maíra Moraes Diagramação Tamine Perondi RETHINK BUSINESS Lauren Castelnau Luciana Hashiba Marina Miranda Mário Kaphan Marcela Martinelli Marcelo Vitorino Mark Kennedy Lund Sandra Regina Boccia Stefan Lindegaard Tatiana Melani Tosi
  • 5. INSCREVA-SE 5 e 6/NOVEMBRO convida a participar nos dias RETHINK BUSINESS
  • 6. RETHINK BUSINESS Geração de Valor Futuro 13 Crowd Envisioning 14 O Framework de Geração de Valor Futuro 16 O Fundamento da Colaboração 21 Empresas e Consumidores em Rede: Breve Reflexão Sobre o Mercado Brasileiro 22 Economia da Reputação 26 Clima Criativo 28 Colaboração na Prática 31 Como ter sucesso no Crowdfunding 32 A Força Colaborativa 36 Caso: Natura – Uma Cultura Colaborativa 38 Caso: Tecnisa – Novas Experiências 41 Caso: Vagas.Com - Gestão Horizontal 43 Novas Lógicas Surgindo 53 Empresas Orientadas para o Futuro 54 Ecossistema Empreendedor entre Grandes Empresas e Startups 56 Inovando Parcerias em Inovação 57 Smart Data - Inovando com os dados 62 Corporate Venture Capital 64 O Futuro Do Dinheiro 67 Futuro Do Dinheiro & Bitcoin 69 Equity Crowdfunding 71 Como o Brasil pode colher os benefícios da inovação aberta e crowdsourcing 73 CONTEÚDOS COMPLEMENTARES Glossário 77 Relatório Economia Criativa – Unesco e PNUD 78 Pesquisa CONECTAí/Ibope sobre Crowdsourcing 83 Índice REALIZADORES Crowd Envisioning 106 Presença Online 107 CONTEXTO Apresentação 08 Introdução 09 Nuvem # 11
  • 8. 08 Contexto: Introdução Apresentação Esta é uma obra de colaboração. Um conjunto de pensamentos que inter- conectados cria um itinerário para o futuro plausível. Resultado de infinitas conexões estabelecidas há mais de cinco anos, quando nasceu a ideia de criar no Brasil um evento de ruptura de valores, em que os participantes pudessem ter contato com ideias, práticas e produ- tos colaboração e cocriação. Impulsionada pela força de realização de Marina Miranda, a inciativa nasceu com a visão de uma sociedade colaborativa e criativa, tendo como base a economia da reputação. Trazendo estes mesmos princípios, Marina mobilizou uma equipe com mais de 12 anos de experiências nacional e internacional em inovação colaborativa, design e desafios complexos, junto com Daniel Egger e Shaun Abrahamson. O resultado, na prática, desta ação compartilhada, é a Conferência Crowd- sourcing, Colaboração e Cocriação, evento anual que busca capturar uma compreensão ampla, integrada e eficiente das mudanças presentes e das conexões entre seus participantes que já estão criando um modelo futuro. Impactadas pelo conjunto de pensamentos da Conferência, empresas como Natura, Fiat eTecnisa Ideias criaram áreas transversais de colaboração e cocriação em suas estruturas organizacionais. Seguindo o fluxo do futuro e capturando saberes que estão sendo criados a cada momento, a Conferência Crowdsourcing, Colaboração e CoCriação transforma-se na Conferência Rethink Business, ampliando suas discussões ao ato de repensar o indivíduo como parte do ecossistema de colaboração trazendo novos temas como Corporate Venture, Startups, Pequenas e Médias Empresas, Empreendorismo e Futuro. Rethink Business é uma tendência e, ao mesmo tempo, um futuro que já está acontecendo. rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 9. Bio do autor: Marina Miranda Diretora da Crowd Envisioning, diretora geral e sócia da Mutopo Brasil e fundadora internacional Crowdsourcing - Colaboração e Cocriação. Estudou Economia na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Comunicação na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Possui experiência em projetos de Produção Social (Crowdsourcing) - conectando diversos grupos para realização de desafios - e de engajamento, entregando resultados para clientes de vários portes, nos setores público e privado do Brasil. 09 Contexto: Introdução Introdução por Marina Miranda Ao mesmo tempo em que somos todos diferentes, temos características em comum: somos humanos, cheios de emoções, desejos e razões. Conecta- mo-nos durante nossa vida com novas pessoas e cocriamos ativamente o nosso futuro. Mas não é só isso. Estamos recriando a nossa sociedade, a conexão entre indivíduos, nossos valores e nossos desejos constante- mente. Esse progresso, que acontece em um espaço de incerteza, impulsionado pelas mudanças, é um desafio. Por outro lado, representa uma grande fonte de oportunidades. Novas necessidades podem ser cumpridas, novas lógi- cas experimentadas e, sobretudo, novos valores gerados. Para garantir essa geração de valor sustentável, precisamos perceber as mudanças e desafios, pensar e agir: o que chamamos Rethink. Repensar, porém, não é uma tarefa de um indivíduo somente. Uma pessoa raramente consegue captar muitas mudanças da sociedade e menos ainda solucionar sozinho os novos desafios que surgirão. A solução é a colabo- ração, um conjunto de esforços cujo principal recurso somo nós, humanos. São experiências, opiniões e desejos compartilhados, conectando os desa- fios entre pessoas e instituições. Nesse movimento de conexão, a robustez dos conceitos e o entendimento dos contextos aumentam, surgindo novas lógicas de valor. Empresas de qualquer tamanho, governos ou redes competitivas represen- tam uma força que entende as mudanças e agem para atender indivíduos, explorando os espaços em branco. Somente quando estas instituições conseguem gerar um valor que atenda ou supera nossas experiências, oferecemos algo em retorno. Somente quando nos respeitam como seres humanos e permitem que cocriemos experiências, ofereceremos nossa confiança em troca. Somente quando as empresas são coerentes nas nossas interações, nos tornamos leais. Neste cenário, tornam-se negócios sustentáveis. Este livro representa um resumo rico de inspirações, troca de experiências e reflexões sobre Repensar o Negócio. rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 10. 10 Contexto: Introdução A narrativa guiará você durante uma jornada reflexiva e prática na qual, a colaboração e o futuro são os pontos chave. Iniciamos com a exploração do conceito de colaboração e a sua aplicação prática. Seguimos com casos de grande sucesso e finalizamos com uma provocação das novas lógicas que surgem. Esta coleção de contribuições valiosas define não o fim de uma jornada colaborativa, mas representa um ponto de partida para uma aplicação prática do conceito de colaboração na sua empresa. Bem-vindo a esta reflexão colaborativa. Bem-vindo ao Rethink Business. rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 11. #modelodenegócio #desafios #colaboração #competividade #rede #novaeconomia #organismovivo #pensativo #provocador #sociedade #moeda #economia #bitCoin #novaslógicas #exploração #novosconceitos #estímulos #interessante #startup #cultura #inovação #ação #momento #contribuição #implementação #startup #sobreviver #sonhos #realidade #percepções #execução #ação #inovação #estratégia #experiências #inovação #modeloaberto #rede #influenciar #escolhas #opções #compartilhar #ativos #recursos #processo #pessoas #global #estruturaorganizacional #horizontal #rede #hierarquia #cultura #inovação #ferramenta #maturidade #consensos #participação #propósito #gestão #compartilhamento #construir #agilidade #liderança #criatividade #ambiente #cultura #condições #reputação #conectividade Nuvem # 11 Contexto: Nuvem rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 14. Crowd Envisioning por Daniel Egger e Marina Miranda 14 O segredo do sucesso é o encontro com a oportunidade. Trata-se da incer- teza, resiliência e, principalmente, de permanecer relevante para a socie- dade. No mundo de hoje, em constante mudança, não podemos explorar novas possibilidades e reduzir o impacto das surpresas diárias na certeza pura, nem na total incerteza; precisamos de integração. A criação de um Espaço de Oportunidades que se situa entre o presente e o possível, o certo e o incerto. Para acessá-lo, temos de explorar as sinergias entre a inovação, o futuro e a estratégia. É necessário ter novas lógicas verdadeiras para transcender a estática e equilibrar a geração de valor inter- no e a percepção de valor externo. Para criar essa lógica, não é usada uma exclusividade de métodos, metodologias ou ferramentas. Cada uma delas só consegue enxergar uma parte do problema e defender a sua verdade da história. A solução não pode estar centrada em uma ferramenta (o "como"), mas deve ser centrada no contexto (o "porquê"). Nenhuma ferramenta ou método isolado é suficiente para captar e explorar a diversidade organi- zacional e seus desafios.Também não é possível que uma pessoa seja capaz de entender a complexidade do futuro por conta própria. Nossa sociedade é diversificada demais e sua estrutura excessivamente complexa. O futuro gira em torno da variedade, e o processo em direção a ele é uma oportuni- dade. E é aí que entra a colaboração, uma fonte para alinhar as expectativas, captar insights, compartilhar os ativos e entender melhor as diferentes partes da sociedade. Nos últimos anos, percebemos também que as organizações, cada vez mais, investigam as razões subjacentes das mudanças. Elas certamente não fazem isso por causa do exercício criativo e lógico. As razões vão muito além do que elas precisam para assimilar as novas lógicas. E elas não são nem óbvias e nem simples, revelam-se apenas pela exposição a uma perspectiva mais ampla e análise mais profunda, usando a força temporal da com- petição e colaboração a seu favor. Rethink Business: Geração de Valor Futuro Bio do autor: Daniel Egger Diretor Criativo da Crowd Envisioning, Conselheiro da Mutopo e sócio fundador da Foltigo. Professor de Inovação + Futuro na ESPM, Mauá, INSPER e Sustentare. Daniel tem 15 anos de experiência em inovação de negócios colaborativo, geração de nova opções futuras e como conectar a inovação com a estratégia em múltiplas indústrias e empresas. Autor do livro: Geração de Valor Futuro (Campus/Elsevier, previsto para o 2º semestre 2015) e participou em diversas outras obras. rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com Bio do autor: Marina Miranda Diretora da Crowd Envisioning, diretora geral e sócia da Mutopo Brasil e fundadora internacional Crowdsourcing - Colaboração e Cocriação. Estudou Economia na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Comunicação na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Possui experiência em projetos de Produção Social (Crowdsourcing) - conectando diversos grupos para realização de desafios - e de engajamento, entregando resultados para clientes de vários portes, nos setores público e privado do Brasil.
  • 15. 15 A colaboração em si é um princípio fundamental da nossa existência humana. Ela define o espaço onde as pessoas se encontram, se relacionam e trocam valor. E esta força vai se intensificar ainda mais com o progresso exponencial da tecnologia, conectividade e acesso à pluralidade da popu- lação mundial. Teremos acesso a novas realidades, ideias e insights que surgem a partir de novas interações sem fronteiras. É a diversidade de experiências, valores e crenças que aumenta a nossa consciência e enriquece nossos insights para a tomada de decisão e resolução de problemas. A colaboração não apenas facilita o acesso a diferentes contextos, mas também é essencial para ligar o futuro com o presente. Ao captar visões, ideias e percepções de como os indivíduos imaginam o futuro, podemos entender seus desejos, necessidades, crenças e valores subjacentes. Com isso, temos uma compreensão prática do que realmente importa, o que nos permite estabelecer uma relação afetiva com o futuro a ser explorado. A colaboração abre novas oportunidades de como integrar a multidão aos desafios organizacionais. Cada contexto e necessidade tem um grupo dife- rente de ferramentas mais adequadas. Esses processos podem ir de desafi- os de crowdsourcing, workshops de cocriação, até entrevistas com espe- cialistas, ou contato com ecossistemas de start-ups. A ligação com os novos movimentos do empreendedor ágil permite novas formas de compreender como as novas ideias são disseminadas, o que as pessoas valori- zam, e como fazer experiências com novos conceitos ágeis. O acesso a esse movimento permite compreender as razões pelas quais algumas ideias são possíveis e outras plausíveis, aceitas pela sociedade. Essa pequena diferença de produtos e serviços aceitos é a chave para o sucesso na inovação, design e trabalho com o futuro. Só então podemos nos conectar com o presente, compreender o ser humano e como ele percebe a sociedade, e estabelecer uma ponte afetiva com o futuro. Caso contrário, podemos nos perder em possibilidades remotas e tendenciosas que não necessariamente fazem sentido para nossos clientes e funcionári- os. No entanto, a multidão também é tendenciosa. Existem muitos fenômenos grupais que reduzem o esforço de alcançar a meta. Para compensar as pré-concepções e perspectivas fragmentadas da multidão, é preciso fazer a integração com outras formas de investigação futura, contando com painéis de especialistas que façam a análise das Forças Condutoras e esta- beleçam Contextos de Futuro coerentes. Sem esse contrapeso para a colab- oração, a organização não teria validação e argumentos suficientes para definir uma posição estratégica de valor futuro. O Crowd Envisioning é um componente poderoso e cada vez mais impor- tante para o trabalho com o futuro. O futuro gira em torna das pessoas e de suas percepções de valor, assim como o presente. Ignorar esse fato seria uma falácia que pode criar futuros interessantes, mas nada práticos. Rethink Business: Geração de Valor Futuro rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 16. O Framework de Geração de Valor Futuro por Daniel Egger 16 O“Framework de Geração de Valor Futuro” facilita as decisões, criando uma melhor compreensão das mudanças, a sua velocidade e complexidade. Cada vez mais, as organizações precisam reagir com mais rapidez aos desa- fios impulsionados pelas mudanças que parecem não ter limites. Os usuári- os requerem experiências que façam sentido, a tecnologia recria as reali- dades constantemente e a gestão preocupa-se com a sobrevivência da organização. Um dilema é formado representando a necessidade de sobre- viver, sendo mais específico: representa a tentativa de equilibrar a urgência do“presente necessário”e da“oportunidade do futuro plausível”. O Framework de Geração de Valor Futuro tem como objetivo explorar esses dois extremos e estabelecer uma trilha prática, reduzindo a pressão e aumentando o nível de competências organizacionais. Porém, vivemos numa realidade de incertezas, complexa e desafiadora. A gestão dessa nova lógica precisa desenvolver a capacidade de integrar esses desa- fios, oferecer uma agilidade e estabelecer novas sinergias entre os proces- sos já existentes. No caso deste framework, a integração sugerida encon- tra-se na interface da gestão da inovação, do futuro e da estratégia. Quando falamos sobre o futuro, muitas vezes a discussão gera um certo desconforto, até uma paralização. Mas percebemos os valores da sociedade em mudança e a tecnologia exponencialmente recriando as realidades. Sentimos não sermos capazes de lidar com essas novas possibilidades. Clas- sificamos o não conhecido como risco ou negamos que as mudanças existem e terão implicações. Alvin Toffler chamou este fenômeno “Future Shock”: o sentimento de perder-se nas preocupações e não conseguir agir. Este fenômeno não é muito diferente que sentimos quando viajamos pela primeira vez a um país com cultura diferente. Sentimo-nos perdidos pois não entendemos os rituais e hábitos. Com o tempo, aumentamos a compreensão e a imersão cultural, criando um entendimento que nos enriquece. Trabalhar com o futuro não é muito diferente. Novas tecnologicas surgirão e as mudanças dos valores das pessoas se tornarão mais abrangentes e profundos. Quando começamos explorar e entender as origiens dessa mudança, sentimo-nos mais prepara- dos, mais resilientes e mais ágeis nas reações. Rethink Business: Geração de Valor Futuro Bio do autor: Daniel Egger Diretor Criativo da Crowd Envisioning, Conselheiro da Mutopo e sócio fundador da Foltigo. Professor de Inovação + Futuro na ESPM, Mauá, INSPER e Sustentare. Daniel tem 15 anos de experiência em inovação de negócios colaborativo, geração de nova opções futuras e como conectar a inovação com a estratégia em múltiplas indústrias e empresas. Autor do livro: Geração de Valor Futuro (Campus/Elsevier, previsto para o 2º semestre 2015) e participou em diversas outras obras. rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 17. 17 Nós descobrimos que as pessoas temem o futuro. Assusta-as de forma que preferem viver no presente ou, pior, no passado. (Malphurs, 2013) Integrar a velocidade das mudanças nas organizações, significa ter uma sensibilidade e entendimento dos contextos, que pela natureza são com- plexos. Consequentemente, não é uma única metodologia, método ou ferramenta que atenderá necessidades múltiplas. Nenhuma, sozinha, será suficientemente adequada para atender os desafios presentes e futuras. Necessitamos de um modelo lógico, que integra e não prescreve uma exclusividade. Precisamos de uma lógica que respeita e utiliza a aprendiza- gem e práticas das organizações e cocria. Significa a integração das ações de inovação, futuring e estratégia em um mesmo plano ou processo lógico, que aqui chamamos de Framework de Geração de Valor Futuro e tem como objetivo criar um caminho claro e executável que conecta a geração de valor presente e o futuro. Uma ferramenta essencial Para aqueles interessados em mudanças, esta é a nossa vez. A inovação está amadurecendo, novas abordagens estratégicas mais holísticas e ágeis são experimentadas e a sociedade promove mudanças cada vez mais integra- das. No entanto, para gerar valor sustentável no ambiente de incerteza, uma ferramenta de integração das disciplinas é necessária. Somente quando utilizamos as experiências de execução da estratégia conseguiremos criar novas lógicas. Apenas quando integramos nosso desejo e lógicas plausíveis das mudanças à capacidade organizacional, Inovação Futuring Estratégia Rethink Business: Geração de Valor Futuro rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 18. 18 visualizamos possíveis alternativas futuras. Enfim, somente quando conhecemos uma variedade de opções inovadoras desenvolvemos nossas capacidades para reagir e adequar a implementação da estratégia de valor. O objetivo do Framework de Geração de Valor Futuro oferece um processo que facilita essa agregação. O que o Framework entrega: • Aumenta a percepção sobre mudanças relevantes e as implicações plausíveis • Facilita uma estratégia de mudança com foca no humano e ao contexto • Reduz incertezas e facilita uma tomada de decisão mais rápida • Equilibra a sustentabilidade organizacional de curto a longo prazo • Aumenta a resiliência organizacional e alocação de recursos • Suporta a identificação de oportunidades e riscos futuros • Ajuda na compreensão de onde a empresa está e aonde ela quer ir O Framework de Geração de Valor Futuro oferece uma abordagem prática e integrativa para aliviar a frustração da incerteza, preparar e criar e planejar para um posicionamento superior no mercado futuro. Porém, antes de explorar mais profundo o Framework, precisamos saber o que ele não é. Não existe somente um caminho O aspecto fundamental para a geração de valor é o contexto (Por que) da empresa e da sociedade. A lógica integra o entendimento o indivíduo com as suas percepções, a sociedade que cria novas estruturas e lógicas e as organizações como geradores de valor. O framework conecta as mudanças externas com as capacidades internas da organização. Ele, portanto não representa somente uma visão, mas sim uma composição de realidades diferentes que são chave para gerar valor sustentável. Integrativo, não Exclusivo Muitas organizações já investiram muito tempo e dinheiro em ferramentas, metodologias e métodos. O Framework de Geração de Valor Futuro integra, aproveita e adapta o já existente. Não existe nenhum método, metodologia ou ferramenta de inovação ou de futuro que caiba para todas as organi- zações, cada uma é diferente . O Framework, portanto, não é prescritivo e reforça a importância do contexto existente, desejos e limitações. Figura 1: O Framework de Geração de Valor Futuro Rethink Business: Geração de Valor Futuro rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com Portfólio de Mudanças Policies de Valor Portfólio de Opções Contextos Futuros Visão Proposta de Valor Presente Proposta de Valor Futura
  • 19. 19 Não tem somente um foco O objetivo do framework é representar a criação da troca de valor sus- tentável no presente e futuro. Não é somente a adaptabilidade organizacio- nal nem somente os desejos ou o que será possível e provável. O Frame- work de Geração de Valor Futuro, equilibra a plausibilidade do futuro com a necessidade organizacional através de um processo ágil que valida constantemente as mudanças tendo em vista a geração de valor futuro. Passo a passo Os requisitos dos indivíduos, da organização e da sociedade estão em constante mudanças. Consequentemente precisamos de um modelo que é flexível, integrador e não prescritivo. O Framework de Valor Futuro repre- senta essas lógicas. As suas partes foram desenvolvidas para que cada uma possa agir de forma autônoma, modular ou seguindo um processo lógico passo-a-passo. Na prática, uma primeira aplicação o Framework gera melhor resultado se seguirmos os sete passos sistematicamente. Uma vez experimentadas e conhecidas a lógica e as entregas de cada parte, a forma modular facilita a gestão continua e ágil. 1. Proposta de Valor Presente A Proposta de Valor do Presente descreve a troca de valores em que a percepção do valor do indivíduo encontra-se com a percepção do gerador de valor. Ela representa uma plataforma onde ocorre uma troca de valor tangível ou intangível. Esta troca deve ser sustentável para ambos os lados. Cada organização tem uma proposta de valor organizacional, bem como as específicas para as suas ofertas. Quais percepções de valor geramos e que valor recebemos em troca? 2. Portfólio de Mudanças O Portfólio representa uma seleção das Forças Chave de Mudanças (mu- danças mais rápidas) e atratores (mudanças acumulativas mais lentas) relevantes para o contexto organizacional. Usado para explorar as reali- dades de futuros e possíveis ofertas de valor, o portfólio estabelece um ponto focal, integra as restrições existentes e cria a base para um processo prático e executável. Quais são as mudanças realmente significativos para nossa organização e a geração de valor futuro? 3. Contextos Futuros Os Futuros Contexto descrevem realidades plausíveis e futuras com os seus indivíduos futuros chave e estruturas sociais. As lógicas descrevem as razões individuais, rituais e valores. Conflitando a perspectiva individual e social permite compreender novas interações, lógicas e valores em trans- formação. O que valorizam os indivíduos futuros e a sociedades? Rethink Business: Geração de Valor Futuro rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 20. 20 4. Visão A Visão representa um compromisso mobilizador, mas, mais importante: uma possibilidade estratégica plausível. Para gerar esse resultado ela preci- sa integrar o desejo organizacional, as capacidades organizacionais, o sensemaking e as suas alterações com o tempo. A Visão pode não somente simbolizar uma força mobilização mas precisa representar uma combi- nação de razões e emoções integrando a perspectiva organizacional e a as plausibilidades sociais. Como você vê a sua organização no futuro? 5. Proposta de Valor Futuro A Proposta de Valor Futuro explora possíveis trocas de valor entre a organi- zação e indivíduo em uma sociedade futura relevante provável. Ela repre- senta um espaço de oportunidade definido pela organização, integrando a Visão e os Contexto Futuros. Seu objetivo é a identificação de novas ofertas- de valor para a realidade escolhida. Por que o cliente futuro nos escolherá e o que podemos oferecer a ele? 6. Policies de Valor As Policies são os conectores do Framework. Eles representam uma direção estratégica integrando as possibilidades e restrições do futuro e presente, como também do contexto externo e interno. Com essa interligação das perspectivas do Framework, eles estabelecem o conector principal repre- sentado um itinerário que facilita a tomada de decisão em ambientes de incerteza. As Policies orientam quais limitações e necessidades precisam ser superadas para garantir uma execução de estratégias de curto prazo alinha- do com a posição de valor futura. O que precisamos fazer para ser sustentável no presente e no futuro? 7. Portfólio de Opções O Portfólio de Opções representa os ativos e os recursos existentes ou necessários considerando o risco e contexto organizacional. Pré- validado com as Policies de Valor, eles oferecem um“buffer estratégico”a ser acessa- do quando necessário. O Portfólio facilita a tomada de decisão e agiliza a execução da estratégia, garantindo a execução das Policies de Valor. Quais ativos e recursos temos ou provavelmente precisamos para executar nossa estratégia e o posicionamento de valor futuro? Os sete passos do Framework de Geração de Valor Futuro conecta a inovação, a estratégia e o futuro. Esta combinação cria um novo nível de adaptividade nas organizações, tornando-as mais resilientes e ágeis - com- petências chave de uma organização do futuro. O Framework de Geração de Valor Futuro trabalha com uma linguagem compartilhada que facilita a compreensão do futuro da empresa e da sociedade e, principalmente, como chegar lá. Rethink Business: Geração de Valor Futuro rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 22. Vivemos numa época caracterizada pela complexidade. Denominada de “Nova Economia” a partir de um relatório publicado em 1996 pela revista Business Week, chamado “O Triunfo da Nova Economia”* de Michael J. Mandel . Sua base encontra-se em sua dimensão global e, qualitativa- mente, em sua dimensão não material baseada no conhecimento e na informação. Organiza-se de maneira distinta da sociedade industrial: a circulação da informação não obedece às mesmas regras que a circulação das mercadorias, em termos de propriedade, da determinação do valor, da natureza das transações comerciais, e da lógica do consumo. A “mercadoria” informação não gera um mercado de escassez de bens, regulado pela oferta e demanda com reflexos no preço. Ao contrário, a nova economia caracteriza-se pela abundância: não importa quantas vezes um arquivo digital com música é copiado e enviado a amigos, ele continua disponível e reprodutível. Em paralelo, as tecnologias digitais estão colocando mais e mais o indivíduo à frente dos processos, das decisões, dos movimentos, indivíduo este conectado a um coletivo; observa-se um deslocamento do individual- ismo para a individualização. As mídias sociais estão “pautando” a grande mídia. O interlocutor é a “opinião mundial”, não estando mais restrito aos Empresas e Consumidores em Rede: Breve Reflexão Sobre o Mercado Brasileiro por Dora Kaufman *The Triumph of the New Economy - A powerful payoff from globalization and the Info Revolution. Disponível em http://www.businessweek.com/1996/53/b35081.htm. Acesso em 19/05/2014. Dora Kaufman A‘mercadoria’informação não gera um mercado de escassez de bens, regulado pela oferta e deman- da com reflexos no preço. Ao contrário, a nova economia caracteriza-se pela abundância. 22 Rethink Business: Fundamento da Colaboração Bio do autor: Dora Kaufman Graduada em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2010). Economista com especialização em finanças e marketing com 30 anos de experiência profissional. Ao longo de 12 anos atuou em diversas instituições financeiras nas áreas de corporate finance e investimento e a partir dos 40 anos iniciou uma nova carreira em comunicação e marketing, atuando como sócia-gestora de agências promocionais e posteriormente como diretora de negócios em agência de comunicação digital. Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicação e Artes da USP (Bolsa CAPES), investigando como a difusão das tecnologias digitais de comunicação impac- ta a relação comunicacional empresa – consumidor, com “Bolsa Sanduíche” (2013, CAPES) na Université Paris-Sorbonne IV sob a coorientação do Profes- sor-pesquisador Michel Puech, Maître de conférences, Philosophie. Pesquisa- dora do Centro de Pesquisa Atopos ECA/USP, coordenou uma pesquisa em cooperação com um pool de sete empresas cujo resultado esta no livro “Empresas e consumidores em rede: um estudo das praticas colaborativas no Brasil”lançado em novembro/13 pela Editora Annablume. rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 23. Dora Kaufman O interlocutor é a‘opinião mundial’, não estando mais restrito aos atores envolvidos diretamente num diálogo particular. *Resultados no livro“Empresas e consumidores em rede: um estudo das praticas colaborativas no Brasil”, Dora Kaufman e Erick Roza, Editora Annablume, 2013. A pesquisa teve o apoio de sete empresas – Banco Itaú, Google, Grupo Abril, Magazine Luiza, Serasa Experian, Tetra Pak e Tecnisa. 23 atores envolvidos diretamente num diálogo particular. Gradativamente, extingue-se o domínio centralizado sobre quais assuntos irão ou não para a esfera pública. Não é trivial para a empresa lidar com essa complexidade. As empresas operam em rede, independente de sua escala de produção; na sociedade contemporânea uma empresa dificilmente sobrevive sem acesso à internet e sem fazer uso das tecnologias digitais. As tecnologias digitais promovem a cooperação entre pequenas e médias empresas, entre as mesmas e as grandes corporações, e entre os atores de uma mesma cadeia produtiva; facilitam alianças estratégicas entre as corporações e as suas subsidiárias; facultam o acesso imediato à informação e pesquisa; perpassam toda a atividade econômica, ampliando oportunidades ao oferecerem canais de conexão imediatos e de baixo custo. Diante da necessidade de se tornarem mais maleáveis as empresas buscam inéditos modelos de negócio. Contudo, mesmo com todo o processo de flexibilização da última década do século XX, e o surgimento, especial- mente no setor de tecnologia, de companhias afinadas com os preceitos da nova economia, não é possível desassociar a gestão empresarial de conceitos tais como hierarquia e centralidade. A lógica de controle que permeia a gestão das empresas cria um antagonismo com as estruturas e as práticas das redes sociais digitais. Superar esse antagonismo é um dos maiores desafios das empresas para construir uma nova relação com os consumidores. Faz-se necessário deixar de pensar o consumidor como o último elo da cadeia produtiva, e sim pensá-lo como protagonista em toda a cadeia. Superar a perspectiva de marketing, indo além de meramente transmitir ao consumidor as mensagens da marca. Pesquisa realizada pelo centro de pesquisa Atopos ECA-USP (2012-2013) indicou que o envolvimento efetivo do consumidor na geração de valor das empresas ainda é restrito. Das 45 empresas pesquisadas, foram encontra- das apenas cinco experiências de redes compartilhadas, basicamente projetos pilotos.* Percebemos que diversas práticas de mercado na interação das empresas com os consumidores eram tratadas como colaborativas,mas que, no nosso ponto de vista, não eram, tais como: (a) pesquisa de mercado, que não contempla o reconhecimento do consumidor de que está interagindo em Rethink Business: Fundamento da Colaboração rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 24. 24 colaboração com a empresa, ou seja, a colaboração como um ato consci- ente; a transparência com relação aos objetivos e resultados a serem alca- nçados; e, em geral, não há uma interação colaborativa entre os consumi- dores participantes da pesquisa; (b) inovação aberta (open innovation), em que não há interação entre os usuários, a comunicação é entre o propri- etário da ideia e a empresa, e o direito autoral é amplamente reconhecido, inclusive remunerado. Pela complexidade dos desafios e dos processos, provavelmente a maior parte das contribuições tenham origem em pequenas e médias empresas, ansiando por uma oportunidade de inserção na cadeia produtiva de uma grande empresa (multinacional); (c) teste de produto no qual o propósito é avaliar produtos ou serviços recorrendo-se a entrevistas ou experimentação direta junto a uma amostra de consumi- dores. A expansão dos meios digitais permite que o mesmo seja implementado recorrendo-se as redes sociais, facilitando o processo e reduzindo custos. São processos que costumam agregar relevantes contribuições ao plano de comunicação. Os elementos que confundem o teste de produto com a colaboração são semelhantes aos da pesquisa de mercado: mesmo nos casos em que o usuário sabe que está sendo tomado como “cobaia”, o processo não é transparente, nem se verifica um engajamento colaborativo consciente do consumidor-usuário; e (d) estratégia de branding em que a colaboração entra como acessório sendo a prioridade segmentar a comuni- cação, produzir campanhas de ativação de determinado produto, ou mesmo consolidar valores de marca. Em geral, não existe de fato uma disposição da empresa em dialogar com as redes sobre sua marca. Em nossa definição, três aspectos são essenciais numa relação colaborativa: (i) colaboração como ato consciente, ou seja, o consumidor – usuário tem que ter o desejo de cooperar com a empresa no projeto proposto; (ii) o processo tem que ser transparente em relação aos objetivos e resultados a serem alcançados; (iii) a plataforma tecnológica tem que permitir uma interação colaborativa entre os usuários, o que implica no não reconheci- mento de propriedade intelectual e na não remuneração. No âmbito da relação empresa – consumidor, a colaboração ocorre quando o consumidor – internauta é convidado a compartilhar as etapas de concepção e desen- volvimento de um produto ou serviço, numa plataforma coletiva e interati- va, com visibilidade e transparência pública. Diante de poucas experiências colaborativas, expandimos o escopo da pesquisa investigando a natureza das plataformas interativas praticadas pelo mercado – site institucional, presença nas redes sociais, plataformas interativas com conteúdo social, portal de inovação aberta, dentre outros. Os sites institucionais convergem para um determinado padrão: predomí- nio de canais de comunicação entre a marca e o usuário (e não entre os usuários), foco na informação e divulgação, baixa interatividade, ausência de recursos tecnológicos que promovam a colaboração, e motivação com viés comercial. No que concerne à inserção nas redes digitais, a pesquisa apontou a prevalência do uso das redes sociais como meio de divulgação dos interesses das empresas (cultura “analógica”), a relativa baixa adesão dos internautas, a maior incidência de “curtir” versus “comentários”, prima- zia de“reclamações”(rede social como opção de SAC ). Rethink Business: Fundamento da Colaboração rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 25. 25 Nesse último caso, a prática mais comum é retirar o consumidor – usuário reclamante do ambiente on-line, da esfera pública, convocando-o para espaços privados de interação, o que contraria a própria essência de rede social digital. O empoderamento do consumidor e a flexibilidade dos indivíduos se conectarem em rede com múltiplos objetivos (Crowdsourcing), demanda uma relação mais interativa e colaborativa com as empresas. Se na econo- mia industrial o consumidor conquistou o grau de liberdade da escolha sobre quais produtos e serviços desejava consumir, colocando-se no centro da disputa das empresas por sua preferência, na economia da informação em rede o consumidor vem reivindicando o direito de participar no desen- volvimento dos produtos e serviços que serão consumidos. Em uma sociedade onde a tecnologia digital está amplamente difundida, a empresa não pode mais ser pensada como um ator que dialoga linear e unidirecional com o consumidor, mas como parte de um ecossistema infor- mativo descentralizado e complexo com múltiplos atores (além do consumidor, tecnologia, dispositivos, banco de dados, arcabouço legal, concorrência, governo, iniciativas de crowdsourcing, internet, redes sociais digitais, etc.). Para sobreviver a empresa tem o desafio de conciliar a preser- vação de sua autonomia e a manutenção de uma troca constante com o exterior, tal como todo organismo vivo. Não há como prever o que vai acon- tecer no futuro, se o próprio conceito de empresa vai sobreviver, se as mesmas vão ser capazes de se transformar ou se serão substituídas por formas inéditas de organização dos negócios. Rethink Business: Fundamento da Colaboração rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 26. Estamos vivenciando o crescimento de um modelo econômico muito interessante, que é a economia do compartilhar, a“shared economy”. Com- partilhar é um hábito comum na espécie humana e agora com a ajuda da tecnologia ampliamos imensamente esta capacidade. Antes podiamos compartilhar apenas com pessoas próximas, que conhecíamos bem. Agora podemos compartilhar com desconhecidos, de outros países. Compartilha- mos até nossas casas, pelo AirBnb. Em outros países como nos EUA, com- partilha-se o seu carro (Getaround, onde você aluga seu carro para outros) ou sua vaga de estacionamento (Parking Panda). Mas, o que está por trás destas iniciativas pioneiras? Confiança e reputação das pessoas envolvidas. É ela que garante que seu carro será devolvido e seu apartamento não será depredado. Claro que as empresas que oferecem estas intermediações adicionam seguros, mas eles por si não são suficien- tes. Pensemos em um caso simples, de um apartamento. Se ele for depredado pela pessoa que o alugou, você terá a garantia dada pelo AirBnb que receberá indenização, mas inevitavelmente você terá que arcar com as inconveniências de obras e trabalhos enquanto o habita. Ninguém quer passar por isso. O cerne do compartilhamento é o que chamamos economia da reputação (reputation economy). Reputação está para o mundo digital assim como o dinheiro para o mundo físico. Representa valor. Nesta nova economia seu histórico online vai se tornar tão ou mais importante quanto o seu histórico de crédito financeiro! Na verdade valorizar a reputação não é novidade, tanto no mundo físico quanto no mundo digital. No mundo físico sempre buscamos fazer negócios com pessoas que conhecemos e acreditamos. As mercearias de antigamente demonstram isso claramente, quando o vendedor anotava O cerne do compartilhamento é o que chama- mos economia da reputação (reputation econo- my). Economia da Reputação por Cezar Taurion Cezar Taurion 26 Rethink Business: Fundamento da Colaboração Bio do autor: Cezar Taurion É CEO da Litteris Consulting. Profissional e estudioso de Tecnologia da Informação desde fins da década de 70, com educação formal diversificada, em Economia, mestrado em Ciência da Computação e MBA em Marketing de Serviços, e experiência profissional moldada pela passagem em empresas de porte mundial. Escreve constantemente sobre tecnologia da informação em publicações especializadas como CIO Magazine, Mundo Java, além do iMasters, e apresenta palestras em eventos e conferências de renome. É autor de sete livros que abordam assuntos como Software Livre, Grid Computing, Software Embarcado, Cloud Computing e Big data. rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 27. Nos próximos 10 a 20 anos, boa parte dos dois terços da humanidade que ainda não estão na internet estarão conecta- dos, e esta imensa massa de pessoas vem de países onde o sistema financeiro das nações mais desenvolvidas não funcio- na adequadamente. Cezar Taurion 27 seu nome e suas despesas. E você pagava depois, sem bancos intervindo no processo. Seu crédito era sua reputação com o dono da mercearia. A repu- tação do Brasil afeta o modo como investidores internacionais tomam sua decisão de investir ou não no país. No mundo digital, o rating de livros da Amazon (as estrelas) ou o nível de reputação que você obtém em jogos como o World of Warcraft já são bem conhecidos. O que muda é a amplitude de informações que podem ser obtidas hoje para formar sua reputação no mundo digital. Nossa pegada digital forma nossa boa ou má reputação. Á medida que usamos ferramentas digitais como AirBnB, Uber, eBay e outras, além de comentários e opiniões nas mídias sociais, criamos uma reputação que começa ser considerada algo de valor. Cada vez mais, as plataformas digi- tais estão permitindo obter informações de reputação sobre as pessoas. Se eu quiser descobrir se devo emprestar meu carro a você, posso dar um Google e olhar seu Facebook para ver se você é digno de confiança. Essa facilidade de se obter informação de reputação leva ao surgimento desta nova economia de reputação digital, que está mudando como os indivídu- os compartilham valor. Estamos ainda nos estágios de aprendizado, mas podemos imaginar até uma substituição parcial ou quem sabe até total (?) das tradicionais moedas por um comércio em plataformas com sistemas de troca que passam longe das finanças atuais... A explicação é simples. Nos próximos 10 a 20 anos, boa parte dos dois terços da humanidade que ainda não estão na internet estarão conectados, e esta imensa massa de pessoas vem de países onde o sistema financeiro das nações mais desenvolvidas não funciona adequada- mente. Portanto, é plausível supor que vão querer usar métodos mais flexíveis de comércio. Por isso, não é preciso muita imaginação para visu- alizar que nos próximos 20 anos, a economia do compartilhar e da reputa- ção poderá ser o método majoritário de comércio do planeta. Vale a pena conhecer melhor o assunto e recomendo a leitura do livro "Reputation Economics - Why Who You Know Is Worth More Than What You Have" de Joshua Klein. Rethink Business: Fundamento da Colaboração rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 28. Os líderes de nosso tempo recebem uma enxurrada de conceitos novos a cada dia.Um critério infalível para a adoção ou rejeição do novo é saber se ele adiciona valor a você, ao seu trabalho e a sua empresa. Mas não basta conhecer a teoria por trás do novo. É muito importante que você também seja um multiplicador, um facilitador no uso do novo conceito, das novas ferramentas, para que você, seu grupo de trabalho e sua empresa obtenham um resultado muito compensador. Usar o potencial criativo e transformá-lo em inovação não é privilégio de nenhuma especialização. E deveria ser um compromisso existencial de todo profissional. É o potencial humano fazendo o profissional brilhar, alavancando as capacidades humanas disponíveis interna e externamente à empresa na geração de ações inovadoras. Inovação não acontece por acaso, por apertarmos um botão, por simples- mente termos a vontade de sermos inovadores, por falarmos do tema emtodas as nossas reuniões. Inovação requer uma abordagem pensada, sistêmica, contínua e integrada com a solução criativa dos desafios Clima Criativo por Ari Piovezani Ari Piovezani Inovação não acontece por acaso, por aper- tarmos um botão, por simplesmente termos a vontade de sermos inovadores, por falarmos do tema em todas as nossas reuniões. Ari Piovezani Usar o potencial criativo e transformá-lo em inovação não é privilégio de nenhuma especialização. 28 Rethink Business: Fundamento da Colaboração Bio do autor: Ari Piovezani Ari Piovezani é paulistano residente em Florianópolis e desde 1974 dedica-se à prática da criatividade e da inovação, como executivo, empreendedor, palestrante e professor. PhD em Transformação Humana e Organizacional pela State University of New York – SUNY, Mestrado (Master of Sciences) em Criatividade e Inovação pela State University of NewYork – SUNY, Ari Piovezani é graduado em Comunicação Social pela FAAP-SP, Pós-Graduado em Marketing pela FGV de SP e Pós-Gradua- do em Musicoterapia pelo GIM – Guided Imagery and Music Institute da Califór- nia, EUA, com validação pela UNISUL de SC. Possui larga experiência como empresário e diretor de grandes empresas nacio- nais e multinacionais. Foi Diretor Presidente da Polygram, Diretor Vice Presiden- te da Time Warner, Diretor Geral da Discos Continental e Chantecler, Diretor da Divisão de Marketing Direto da Abril, Diretor de Marketing da Mangels, Gerente de Marketing da RCA, Gerente de Marketing da Van Leer; Co-Fundador do ILACE; Coordenador-participante de diversos CPSI – Creative Problem Solving Institute de Buffalo, EUA. rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 29. 29 estratégicos da empresa. Requer a aplicação de um conjunto de ações, conteúdos e ferramentas e, principalmente, que a empresa domine a arte de conduzir o talento humano disponível, transformando esse talento em ideias e essas ideias em soluções, benefícios e lucros. Requer, mais que tudo, que a empresa seja um ambiente que inspire a criatividade. O que exatamente queremos dizer quando falamos em ambiente para a criatividade? A resposta é bem simples: procure lembrar-se da última vez que você teve um estalo criativo, uma ideia inovadora, buscando uma solução para um problema, enfrentando um desafio ou aproveitando uma oportunidade? Você estava no trabalho, dirigindo, dormindo, sonhando, tomando um banho, fazendo exercícios físicos, descansando, onde? Importante você saber que é muito raro a gente ouvir como resposta que a pessoa estava no trabalho, atrás de uma mesa. Ao tentar nos mostrar que suas ideias fluem melhor num lugar do que noutro, essas pessoas estão falando do ambiente ou clima favorável à criatividade. É importante fazer uma distinção entre ambiente ou clima e cultura. A cultura de uma empresa refere-se aos seus valores, crenças, tradições e refletem seus importantes alicerces. A cultura persiste por longos períodos, tem raízes profundas e geralmente muda lentamente. Por outro lado, o ambiente, o clima que queremos para a fluência da criativ- idade, refere-se aos padrões recorrentes de comportamento, aqueles viven- ciados por todos, sem exceção, no dia-a-dia da empresa. É a percepção desses padrões de comportamento que influenciam as atitudes dentro do ambiente corporativo, os níveis de performance e os resultados. A obtenção de uma grande quantidade de soluções inovadoras fez com que a Tecnologia tirasse de qualquer outra área do conhecimento a supremacia na criatividade durante os últimos vinte anos. Foram empresas de Tecnologia que alteraram radicalmente os ambientes de trabalho visando criar condições favoráveis para que a criatividade flua. Sem dúvida, concordamos que o ambiente favorece o fluir ou bloqueia a criatividade. Mas criar um ambiente agradável, descontraído, menos formal, não garante que a criatividade nele presente gere sempre resulta- dos inovadores. É importante que nesse ambiente estejam pessoas que se auto enxergam ou que reconheçam com humildade o que têm de bom, que passaram por um processo de identificação de seus talentos inatos e que estejam exer- cendo esses talentos em suas funções dentro da empresa. Rethink Business: Fundamento da Colaboração rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 30. 30 Quando o ambiente propício tem pessoas apaixonadas pelo que fazem, com líderes que reconhecem a importância de fazer fluir a criatividade, com recursos e sistemas que amparem o processo, as soluções aos principais desafios estratégicos das empresas serão inevitavelmente inovadoras, mesmo que incrementais. Vamos então enumerar as condições que permitem que uma empresa crie um clima que incentive a criatividade e gere inovação em caráter perma- nente: • A empresa tem um Propósito nobre. O da Johnson & Johnson médica, por exemplo, é“aliviar a dor das pessoas”; o da Natura,“bem estar bem” • A empresa tem visão, missão, metas e estratégias alinhadas com o seu propósito • Um conjunto de crenças e valores da organização alinhados com o Propósito • Liderança que reconheça a importância da criatividade e inovação como sustentação da empresa • Envolvimento de todos os públicos da empresa, internos e externos, na solução dos desafios estratégicos • A menor hierarquia possível • Foco em resultados • Medição constante dos níveis de satisfação no trabalho (Pesquisa de Clima) • Colaboradores auto enxergados Rethink Business: Fundamento da Colaboração rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 32. Como ter sucesso no Crowdfunding por Marcelo Vitorino Colocar uma boa ideia para funcionar e conseguir impactar pessoas é a realização do sonho de qualquer empreendedor, o crowdfunding — finan- ciamento coletivo — é uma das maneiras para chegar ao resultado buscado e que vem sendo muito utilizada por todo tipo de negócio. Há quem procure esse modelo de financiamento para tirar do papel peças de teatro, documentários, livros ou outra proposta ligada à cultura, o uso mais comum no Brasil, porém não há regras ou limites. Nos Estados Unidos é comum ver grupos pedindo recursos para jogos, invenções para facilitar o cotidiano e, também, campanhas políticas. Na política o caso mais conhecido é o de Barack Obama, candidato democrata que deitou e rolou com seu sistema de captação para suas cam- panhas à presidência. Em 2012, mais de U$ 600 milhões foram arrecadados utilizando uma estratégia baseada em pequenos doadores. Assim como nos projetos tradicionais, Obama “premiava” seus doadores com mimos, como a chance de participar de um jantar na casa de George Clooney, um dos que mais atraíram doadores. É fato que as campanhas brasileiras estão muito distantes das estaduni- denses, mas há algumas iniciativas de destaque como a de Bel Pesce, que arrecadou quase R$ 1 milhão para financiar um tour de palestras. O projeto Fixando Raízes WinBelemDon obteve R$ 400 mil para financiar a compra do terreno onde está sua sede. Um jogo chamado Caçadores da Galáxia, com cerca de R$ 200 mil foram arrecadados. Não importa a finalidade — política, produto ou projeto — alguns fatores permeiam o sucesso ou o fracasso no engajamento de uma ação de finan- ciamento coletivo: • Uma ideia com potencial de engajamento • O desenho do projeto • Um sistema de bonificação ou recompensas para pequenos doadores • O planejamento das ações de arrecadação • A escolha correta da plataforma e do modelo de arrecadação • A presença em mídia social • Uma comunicação segmentada 32 Rethink Business: Colaboração na Prática Bio do autor: Marcelo Vitorino Atua como consultor de marketing digital e gestão de crise para empresas, governo e instituições do terceiro setor. Entre 2000 e 2008, Marcelo atuou no meio editorial e na publicidade. Migrou para o meio digital e hoje é sócio da Presença Online. É responsável pelo curso Soluções Digitais para resultados em seu Negócio, na Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM-SP. rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 33. 33 Como fazer um projeto de crowdfunding dar certo A primeira coisa que se tem a fazer é analisar se o que você está pensando em propor já não foi feito por outra pessoa ou instituição. Projetos exclu- sivos ou inovadores tendem a atrair mais doadores do que os outros. Vale refletir também sobre o quão apaixonante sua ideia é. Quanto mais sedutora ela for, mais mobilizará pessoas e, consequentemente, maior será a chance de bater as metas. Um ponto importante é a facilidade de explicar a ideia. Ideias que podem ser resumidas em um parágrafo são boas. Caso passe desse ponto é melhor revê-la. O passo em seguida é desenhar como sua ideia funciona. Vale investir um tempo detalhando todos os passos para que se transforme em algo real. Mais informações dão confiança aos possíveis doadores. Quem? Como? Quando? Onde? Por quê? Para quê? Quanto? São perguntas que devem ser respondidas, mesmo que de forma indireta. As pessoas querem saber se você entende o assunto o suficiente para desenvolver o que propõe e se tem condições para concluir o trabalho. Faça apresentações gráficas, grave um vídeo, escreva um guia com pergun- tas e respostas frequentes, convide personalidades no tema para darem depoimentos e mostre que o projeto foi bem elaborado. Quando se trata de um crowdfunding, pense que você contará uma história com ambientação, enredo, personagens e, é claro, um belo final feliz. Preocupe-se em motivar as pessoas, dê a elas a chance de participar de um desafio de superação e elas te seguirão. Se a proposta partir de uma vitimi- zação, não irá muito longe. Evite os termos“ajude”e“doar”, prefira“colabore” e“contribua”. E o que as pessoas ganharão em fazer parte da sua jornada? Primeiro esta- beleça uma política de cotas que seja atraente, começando em contribuições de R$ 10 ou R$ 15, mas que podem chegar a milhares de reais. Para recompensar pode pensar em agradecimentos virtuais, dedicatórias, produtos ou serviços. Por exemplo, um patrocinador corporativo pode receber uma palestra sua sobre um tema. Rethink Business: Colaboração na Prática Um ponto importante é a facilidade de explicar a ideia. Ideias que podem ser resumi- das em um parágrafo são boas. Caso passe desse ponto é melhor revê-la. Marcelo Vitorino rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 34. 34 Muito antes do lançamento do projeto é necessário fazer um planejamento de todas as ações de arrecadação. Funciona mais ou menos como um filme: teaser são lançados, cabines para imprensa são feitas e depois o filme é colocado à disposição dos cinemas e aí entra o trabalho pesado de divul- gação. O risco de sair com um projeto do zero, ir direto para divulgação e quebrar a cara é grande. O ideal é você contar com 20% ou 30% do valor que está pedindo antes de começar. É nesse estágio que vale usar a sua rede de relacionamentos e tentar coop- tar os apoiadores iniciais, visto que o tempo disponível para arrecadação costuma ficar entre 30 e 60 dias, dependendo da ferramenta escolhida e do valor alvo. Assim que o projeto for lançado, faça uma força para que sua rede contribua no menor tempo possível. Outras pessoas se motivarão e lhe darão crédito ao verem as doações acontecendo. Tem um ponto a mais projetos feitos por mais de uma pessoa, pois envolverá mais relacionamen- tos e exposição. Caso o valor desejado esteja acima de R$ 20 mil, é melhor contratar ou contar com a colaboração de uma assessoria de imprensa. Queimar a larga- da é morte certa. Em 60 dias há aproximadamente 8 semanas. Minha sugestão é que você planeje: lançamento (2 semanas), estimulação para meta com foco nas recompensas (4 semanas) e mobilização dos colaboradores (últimas 2 semanas). Pense nos públicos para criar o efeito onda e não os ative todos de uma vez, exceto no lançamento. A segmentação da comunicação traz ótimos resulta- dos. Em paralelo a tudo isso, pesquise as plataformas de arrecadação e a forma de funcionamento de cada uma. Dependendo do projeto há plataformas específicas. Já utilizei o Catarse e o Mobilize e tive experiências positivas nas duas. A primeira usei para financiar um documentário e a segunda, nativa no Face- book, para arcar com as despesas de um livro. Conheço profissionais que utilizaram o Kickante e também não tiveram problemas. A questão a que se deve ficar atento é se a plataforma só libera os recursos se a meta for atingida ou repassará o valor independentemente do sucesso. Tenha clareza também sobre as taxas envolvidas, que podem chegar a quase 20% do total arrecadado (utilizando o Kickante, sem obrigatoriedade de bater a meta). Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 35. 35 Com o projeto lançado, chega a hora de colocar o pé na estrada, no caso, na mídia social, no e-mail marketing, nas reuniões com os amigos ou qualquer outra situação que possa falar com pessoas. Se fez o trabalho de planejamento direito, todas as peças publicitárias já estarão prontas e isso lhe poupará muito estresse. É bom usar alguma ferra- menta de disparo de e-mails terceirizada. Para grandes quantidades reco- mendo o Sendgrid e para menores o Mailchimp. Conforme as doações forem acontecendo, agradeça aos doadores e esta- beleça uma rotina de informá-los semanalmente sobre a situação da cam- panha. Não tenha medo de pedir mais contribuições ou ajuda na divul- gação. À partir do momento que ele colaborou, também quer ver a cam- panha dar certo. É um embaixador. Utilize a mídia social com sabedoria e faça campanhas patrocinadas basea- das na lista de e-mails dos doadores. Ficará mais fácil encontrar outras pessoas com o mesmo perfil e interesses. Uma ou duas publicações diárias geram resultados. Não sabe o que publicar? Destaque trechos do projeto, depoimentos de quem já colaborou ou de apoiadores, quantidade de dinheiro arrecadado até o momento e entrevistas com especialistas no tema que escolheu. Enfim, tudo que faça sentido e não tire o foco do expectador. Em todas as comunicações divulgue o endereço para a contribuição e mensagem motivadora. O caminho do crowdfunding não é fácil, mas é um aprendizado que vale a pena! Ao decidir entrar, mantenha a disciplina e a dedicação em dia e seu projeto, com certeza, sairá do papel! Rethink Business: Colaboração na Prática O caminho do crowdfunding não é fácil, mas é um aprendizado que vale a pena! Ao decidir entrar, mantenha a disciplina e a dedi- cação em dia e seu projeto, com certeza, sairá do papel! Marcelo Vitorino rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 36. Quando organizações inici- am a jornada colaborativa elas começam a se preparar para o futuro e as incertezas. A Força Colaborativa por Daniel Egger Daniel Egger Nenhuma pessoa sozinha pode captar a complexidade de uma sociedade. Quanto mais diversificada é sua estrutura, mais heterogêneo são os seus indivíduos. Essa variedade gera esse desafio e, ao mesmo tempo, é uma força competitiva. A colaboração por si só é um princípio fundamental de nossa cultura. Defi- nida pelo relacionamento e interação, ela conecta e oferece uma troca de valores. Ela estabelece a base de uma sustentabilidade econômica. A quan- tidade de pessoas interconectadas dobrará nas próximas décadas e, com isso, a tecnologia recriará os significados da nossa sociedade e transformará ainda mais o conceito de colaboração como o conhecemos. Quando organizações iniciam a jornada colaborativa, elas começam a se preparar para o futuro e para as incertezas. Mas somente pela integração das pessoas em contextos diferentes utilizaremos a força competitiva da colaboração da melhor maneira. Para as organizações, isso significa um acesso de novos insights, ativos ou experiências para reforçar as suas estratégias; um enriquecimento do processo de inovação ou uma validação maior das ideias com os diversos stakeholders. A possibilidade de aplicação colaborativa não tem limites, e ela tem uma base em comum. A colaboração ajuda na compreensão de diversas partes da sociedade. Nossas visões e percepções definem nossos modelos de pensar e estabele- cem padrões, vícios e rotinas que nos ajudam a navegar mais rápido no mundo incerto, ao mesmo tempo nos ajudam a focar. Vemos a sociedade como um resumo de várias partes isoladas. Ignoramos que cada realidade diferente está em mudança, e mais importante, estão interconectadas. Colaboração significa aumentar a percepção e com- preender essas partes, as conexões e os drivers que definem as mudanças não somente em uma, mas em várias realidades ao mesmo tempo. Colabo- ração significa aproveitar recursos e ativos que podem gerar mais 36 Rethink Business: Colaboração na Prática Bio do autor: Daniel Egger Diretor Criativo da Crowd Envisioning, Conselheiro da Mutopo e sócio fundador da Foltigo. Professor de Inovação + Futuro na ESPM, Mauá, INSPER e Sustentare. Daniel tem 15 anos de experiência em inovação de negócios colaborativo, geração de nova opções futuras e como conectar a inovação com a estratégia em múltiplas indústrias e empresas. Autor do livro: Geração de Valor Futuro (Campus/Elsevier, previsto para o 2º semestre 2015) e participou em diversas outras obras. rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 37. Sabemos que o contexto de cada empresa é único, tanto quanto a sua estrutura e forma colaborativa. Daniel Egger 37 valor num outro contexto, tornando-o fluído e não absoluto, multi-contex- tual. Colaboração significa captar lógicas de funcionamento e alinhar as partes para identificar novas forças competitivas. Colaboração significa tornar uma empresa ainda mais “human centric”, focando nos valores e a geração de experiências. Pela mesma razão que gera tantas oportunidades, não existe uma fórmula somente para aplicação prática. Sabemos que o contexto de cada empresa é único, tanto quanto a sua estrutura e forma colaborativa. Encontrar as suas soluções de quando utilizar e de qual forma é o resultado de um processo de aprendizagem e experimentação. Destacamos três empresas que utilizam sua força competitiva de colabo- ração, encontraram as suas fórmulas de trabalho e sabem como integrar o processo com a inovação e a estratégia. Empresas que utilizam mecanismos e estratégias colaborativas para gerar novos valores para seus clientes. Vamos conhecer, nos inspirar e apreender com as suas experiências. Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 38. Natura Inovação e Tecnologia de Produtos Na era da hiperconectividade, as informações sobre as marcas de bens de consumo e serviços obtidos a partir de sua rede de relacionamento, passaram a compor o repertório dos consumidores e a influenciar suas escolhas. Da mesma forma, o consumidor empoderou-se em todo o proces- so de consumo, passando a ser mais atuante, a compartilhar com sua rede sua própria experiência e a influenciar de forma mais determinante a tomada de decisão de pessoas da sua rede. No processo decisório de consumo são avaliados a qualidade do produto e seu desempenho, mas também passaram a ter relevância as experiências em todos os pontos de contato com as marcas: seja na concepção do produto, na divulgação, na compra, no recebimento, no consumo e no descarte. Neste contexto, as corporações buscaram se munir de estratégias para atender às novas expectativas deste consumidor, o que promoveu uma evolução nos processos e modelos de inovação aberta que elas utilizam. Caso: Natura – Uma Cultura Colaborativa por Marcela Martinelli e Luciana Hashiba A inovação aberta em rede permitiu a aprox- imação do consumidor e sua participação na construção da oportunidade, pela coleta de insights, construção de protótipos e validação de hipóteses de mercado, com mais velocidade e flexi- bilidade. Marcela Martinelli e Luciana Hashiba 38 Rethink Business: Colaboração na Prática Bio do autor: Marcela Martinelli Especialista em administração industrial pela Fundação Vanzolini e bacharel em química pela Universidade de São Paulo. Gerente de Empreendedorismo e Aceleração da Inovação na Natura Inovação e Tecnologia de Produtos Ltda., com experiência de 10 anos em gestão de inovação. É atualmente responsável pelos temas de gestão da Propriedade Intelectual, interação com público empreendedor inovador e captação de fomento à inovação. Já foi responsável pelos temas de inovação aberta (Natura Campus), licenciamento de tecnolo- gias, gestão do processo de Inovação, gestão de portfolio de projetos e planeja- mento estratégico da Inovação. É co-autora de artigos e capítulos de livros sobre Gestão de Inovação e valoração de tecnologias. Bio do autor: Luciana Hashiba Possui graduação em Faculdade de Engenharia de Alimentos pela Unicamp, MBA em Gestão de Negócios pela Insper – SP (Ibmec), mestrado e doutorado em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas – EAESP. Atualmente é responsável por Gestão e Redes de Inovação na Natura, área responsável por: planejamento estratégico de inovação, gestão do processo de inovação (portfolio, pipeline e projetos), gestão e captação de fomento para inovação, grupo técnico de propriedade intelectual, gestão de parcerias em redes para inovação, como programa Natura Campus e Cocriando Natura. Participa do Conselho Deliberativo do CNPq, do Conselho Superior da Agência USP de Inovação e da ANPEI. rethinkbusiness.com | crowdenvisioning.com
  • 39. Modelos estes, que antes estavam apoiados em relações transacionais e pontuais, passaram a ser compostos por colaboração, compartilhamento e evolução de ideias e oportunidades em rede A inovação aberta em rede permitiu a aproximação do consumidor e sua participação na construção da oportunidade, pela coleta de insights, construção de protótipos e validação de hipóteses de mercado, com mais velocidade e flexibilidade. A crença da Natura é a de que, em rede, somos capazes de ampliar o alca- nce de nossas ações, com foco em crescimento, diferenciação e desenvolvi- mento sustentável. Desta forma, a estratégia de Inovação da Natura contempla o modelo de inovação aberta em rede, que é aplicada aos desafios de futuro de acordo com as características da entrega como, por exemplo: diferenciação, veloci- dade, complementariedade de competências instaladas, potencial de mer- cado, etc.Atualmente, temos dois programas que concretizam aquilo que acreditamos: o Natura Campus e o Cocriando Natura. Criado em 2006, o Natura Campus, é um programa de inovação aberta que nos conecta a redes para geração de ciência, tecnologia e inovação, como propostas de parceria para co-desenvolvimento pesquisa em cooperação e disseminação de conhecimento. O Natura Campus se consolidou como um importante ponto de contato entre a Natura e sua rede de inovação, forma- da por instituições de pesquisa, órgãos de fomento, empresas e laboratóri- os de testes nacionais e internacionais. Em 2014, o Natura Campus realizou um desafio junto com o MIT Media Lab e IDEO no formato de um Hackaton, uma maratona de cocriação e desen- volvimento, que reuniu alunos de instituições nacionais com pesquisadores do MIT Media Lab para propor soluções e desenvolver protótipos a partir de um desafio. Contaram para essa construção com insights do consumidor (capturados no Cocriando Natura) e pela interação com consultoras Natura. Como resultado, dois protótipos foram escolhidos para serem evoluídos pelos alunos brasileiros nos laboratórios do MIT Media Lab.inicia virtual- mente na plataforma da iniciativa e é complementada por encontros pres- enciais. Em 2013, lançamos o Cocriando Natura, uma rede aberta a todas as pessoas que se identificam com a nossa marca – especialmente consumidores, colaboradores e consultoras Natura – e que desejam contribuir com ideias e percepções para a nossa inovação em conceitos e produtos.A interação se Os participantes participam de acordo com sua afinidade com o tema de uma forma livre. Os conteúdos gerados durante as chamadas jornadas de cocriação servem de insumo às diversas áreas da Natura envolvidas com o assunto debatido. 39 Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com | crowdenvisioning.com
  • 40. 40 Ao final, além de terem acesso a um relatório sobre os resultados, os partici- pantes mais ativos são convidados para experiências de aprendizagem na Natura, momento em que têm a oportunidade de aprofundar os conheci- mentos sobre o tema discutido. Mais de 1.800 pessoas já fazem parte da rede do Co-Criando Natura. Acreditamos que a inovação em rede movida pela interação e a experiên- ciaé uma realidade cada vez mais difundida. As novas gerações já estão surgindo neste contexto de participação e construção daquilo que querem e acreditam. Como reflexão, compartilhamos aprendizados oriundos de nossa experiên- cia de atuar no modelo de inovação aberta em rede: A rede é um organismo vivo, existente em função das motivações de cada um dos seus participantes, e como tal, não é possível fazer gestão desta rede; É importante buscar valor compartilhado, ou seja, todos identifiquem valor na rede para si, e alinhar as expectativas; A riqueza da rede está na complementação de competências, quanto mais diversa, mais interes- santes são os resultados A evolução das tecnologias e a fusão das experiências de construir e consumir provoca uma reflexão sobre um futuro não muito distante em que o produto não precisa de uma fabrica e de um canal físico de distribuição. Ele pode ser construído e consumido onde o consumidor estiver. Neste cenário, legislação, modelos empresariais e modelos de nego- cio precisam se reinventar com bastante velocidade para acompanhar esta nova realidade. Rethink Business: Colaboração na Prática Marcela Martinelli e Luciana Hashiba Acreditamos que a inovação em rede movida pela interação e a experiência é uma realidade cada vez mais difundida. rethinkbusiness.com | crowdenvisioning.com
  • 41. empresa, atenta às mudanças demográficas da população brasileira que está envelhecendo, buscou soluções para compor o empreendimento que atendam bem também o idoso, tanto em ambientes de uso comum do condomínio como nas unidades privativas. Durante sua elaboração, foram convidados participantes de comunidades (da hoje falecida) rede social Orkut, que discutiam sobre o tema, à ajudar com ideias e novas soluções. Como evolução dessas experiências, a Tecnisa decidiu lançar seu próprio portal de open innovation baseado em crowdsourcing, o Tecnisa Ideias. Trata-se de um canal aberto, que tem como objetivo gerar inovação a partir de qualquer ideia relevante, desde que seu autor esteja disposto a compar- tilhá-la. Em 4 anos de atividade, o Tecnisa Ideias conta com 2.617 partici- pantes e recebeu 2.055 ideias, sendo 35 implantadas. Os principais assun- tos abordados são tecnologia, segurança, conforto e sustentabilidade. Entre as soluções que foram incorporadas em empreendimentos, desta- cam-se: bike sharing (compartilhamento de bicicletas), vagas de garagem com recarga para carro elétrico, painel de controle de consumo de energia dentro do apartamento e garagem decorada (trazer uma experiência difer- enciada para esta área que é frequentemente utilizada pelos moradores, porém usualmente pouco explorada nos projetos arquitetônicos). Caso: Tecnisa – Novas Experiências por Denilson Novelli Experiências em redes sociais e portais de crowdsourcing geram resultados surpreen- dentes, tanto em matéria de engajamento quanto em quantidade. Desde 2009, a Tecnisa vem promovendo ações que buscam canalizar ideias provenientes do conhecimento coletivo por meio da internet. Experiências em redes sociais e portais de crowdsourcing geram resultados surpreen- dentes, tanto em matéria de engajamento quanto em quantidade. As opções são muitas e no histórico há desafios lançados nas plataformas: Battle of Concepts, Zooppa, Wedologos e ClickARQ. Plataformas que são consideradas Innovation brokers, dentre as fontes de inovação da empresa. A primeira grande experiência com contribuição externa foi no desenvolvi- mento do Projeto de Arquitetura Inclusiva para o Idoso, de 2009, onde a Denilson Novelli 41 Rethink Business: Colaboração na Prática Bio do autor: Denilson Novelli Formado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e com MBA em Marketing pela ESPM, possui 17 anos de experiência em Marketing, sendo que há 8 anos responde pela estratégia de e-commerce e canais online daTecnisa, construtora e incorporadora que é referência no uso da internet para vendas, relacionamento e inovação. rethinkbusiness.com | crowdenvisioning.com
  • 42. 42 A possibilidade de implantar iniciativas como estas citadas e a Tecnisa ser notoriamente reconhecida como uma das empresas mais inovadoras do país é atribuída à alguns fatores que são entendidos como os ingredientes para estes resultados. O primeiro é o fato da cultura da inovação estar no DNA da Tecnisa. Desde sua fundação há mais de 30 anos, a Tecnisa é orien- tada a buscar constantemente novas soluções, práticas enraizadas pelo seu fundador. É uma empresa que pratica a inovação por convicção e não por convenção de mercado. Somado à isso, a Tecnisa já faz uso e é reconhecida também por suas práti- cas digitais há mais de uma década, o que naturalmente favoreceu a intro- dução de práticas de open innovation e crowdsourcing em novas platafor- mas digitais. Além disso, há metas anuais de inovações implantadas para as áreas perti- nentes e, consequentemente, remuneração com bônus aos seus colabora- dores. Um importante mecanismo de incentivo para irem além do “dia a dia”. Por último, a gestão de conhecimento, fundamental para reter as melhores práticas e filtrar ideias, pois é comum muito “crowd” e pouco “source” quando uma empresa abre para a gigantesca possibilidades de partici- pações externas. E as ideias relevantes, avançarem à sua implementação, pois para a Tecnisa, inovação ocorre quando o âmbito das ideias é supera- do! Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 43. Caso: Vagas.Com - Gestão Horizontal por Mário Kaphan Esse texto é uma tradução adaptada e atualizada de “HORIZONTAL MANAGEMENT AT VAGAS.COM” publicado no MIX – Management Innovation Exchange – em março de2014eumdosvencedoresdoM-Prize“TheUnlimitedHumanPotentialChallenge”.Oartigooriginalestádisponívelemhttp://www.mixprize.org/story/horizontal-man- agement-vagascom. 43 POR QUE HORIZONTAL? Da prática à teoria Primeiro deve-se dizer que a palavra“horizontal”só passou a fazer parte do vocabulário da VAGAS muito depois que a empresa foi fundada. No começo, a equipe era pequena e não havia nenhuma necessidade de hier- arquia. Todos assumiam responsabilidades e tomavam decisões de forma proativa. O prazer de - às vezes, enfaticamente – discutir ideias até alcançar o consenso era parte da cultura da empresa. A equipe compartilhava valores fortes e estava genuinamente engajada em fazer a diferença para os seus clientes. O processo de gestão daVAGAS funcionava bem: muito antes de considerar ou compreender os benefícios de ser horizontal ou vertical, apesar de ser ainda uma empresa muito pequena em um mercado altamente competiti- vo e de alocar verba zero a marketing (os poucos recursos eram direciona- dos ao desenvolvimento de seus produtos) a VAGAS "naturalmente" começou a trilhar o seu caminho de crescimento rápido apoiado principal- mente na divulgação boca a boca de clientes que a reconheceram como parceira digna de confiança, engajada em seu sucesso. Quando a equipe chegou a cerca de trinta pessoas a operação foi estrutura- da e os primeiros líderes foram alçados a cargos de gerência em suas áreas. Rethink Business: Colaboração na Prática Bio do autor: Mário Kaphan Mário Kaphan é fundador da VAGAS Tecnologia, empresa especializada em soluções para gestão online de processos de recrutamento e seleção. O executi- vo, formado em Engenharia Eletrônica pela Escola Politécnica da USP em 1975, fez o seu mestrado na mesma instituição e lecionou até 1985. Trabalhou na Scopus Tecnologia de 1978 a 1984, fase de formação da indústria brasileira de informática, ocupando o posto de engenheiro-chefe de software da empresa. Em 1984, fundou a Humana Informática, empresa que se destacou na liderança do mercado brasileiro de software de comunicação de dados, com os premiados Z eZapt. Quinze anos depois, fundou a VAGAS, que hoje lidera o mercado brasileiro de e-recruitment. Seu software VAGAS e-partner informatiza o recrutamento e seleção de mais de 1000 empresas em todo Brasil. A VAGAS também é responsável pelo site de carreira VAGAS.com.br, um dos maiores e melhores bancos de talentos da Internet brasileira. Kaphan também prestou serviços à comunidade de RH em 2012 atuando como diretor de tecnologia da informação na ABRH Nacional – Associação Brasileira de Recursos Humanos. O executivo retomará os ares de professor para falar da forma de gestão horizontal, vista no Vagas com grande sucesso, onde as decisões são de comum acordo e não existem cargos hierárquicos que possam sobressair à vontade da equipe. rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 44. 44 No entanto, o seu papel era uma controvérsia recorrente na VAGAS pois, à medida em que as decisões foram se concentrando nesses novos gestores, o restante da equipe foi se distanciando de uma vivência mais abrangente e estratégica do dia a dia da empresa. Isso foi percebido como uma ameaça ao“espírito de empresa pequena”que a VAGAS entendia como uma de suas principais vantagens competitivas, responsável pelos resultados excepcio- nalmente fortes que vinha alcançando. Progressivamente foi se buscando criar um ambiente de trabalho "tão aberto quanto possível”, onde as pessoas pudessem ter voz ativa e compar- tilhar a responsabilidade por decisões, com alto grau de liberdade e autonomia. Isto requeria uma estrutura de gestão "leve". Consequente- mente, os gerentes perderam o seu poder de comando e as decisões, como regra, eram negociadas com as suas equipes. Talvez tenha sido neste momento que a palavra “horizontal” surgiu na VAGAS para descrever o modelo de gestão que estava emergindo, embora ainda longe de estar completamente compreendido, desenvolvido e adotado. Essa construção foi - e ainda é - um processo longo de invenção, experimentação e aprendizado a partir de erros e realizações. Ela foi acon- tecendo sob a pressão de um ritmo muito rápido de crescimento e – quase todo o tempo – com mais de metade da equipe com menos de um ano de casa. Uma questão de valores Paulatinamente a VAGAS foi tomando consciência do que almejava ao perseguir um modelo próprio de gestão: que cada pessoa pudesse ser uma autêntica representante dos propósitos e valores da empresa. Ela sabia que a sua trajetória de sucesso se devia, em grande medida, à confiança conquistada junto aos seus clientes, consequência do reconhecimento do genuíno engajamento da VAGAS – de suas pessoas! - em fazer a diferença. A VAGAS aprendeu que o “espírito de empresa pequena” que buscava preservar – como um de seus principais diferenciais competitivos - estava associado à manutenção de um ambiente profissional propício à vivência de valores compartilhados pelos seus integrantes na realização de um propósito comum. Mais, que era no processo de tomada de decisão que essa vivência se concretizava! Ou seja, que era nas boas discussões que os valores inerentes a cada questão tinham a oportunidade de aflorar, de serem entendidos, exercitados, confrontados, fortalecidos e até transformados, dando corpo à autêntica ética da empresa. Se o objetivo era a vivência de valores compartilhados e se ela se dava primordialmente no processo decisório, então esse ambiente só podia ser Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 45. horizontal. Fosse hierarquizado, quanto mais complexas as decisões, mais elas – e seus valores intrínsecos - seriam naturalmente delegadas a níveis mais elevados da organização. Como ocorre nas empresas verticais, a responsabilidade pela vivência dos valores se concentraria na cúpula, enquanto, quanto mais próximos à base, o papel preponderante dos funcionários seria apenas funcional. Essa compreensão acabou levando à “radicalização” do modelo horizontal da VAGAS e todas as delegações de liderança ou de autoridade remanescentes foram abolidas. Assim, a VAGAS é horizontal porque esse é o ambiente mais favorável para uma organização que se pretende regida pela vivência de valores compar- tilhados. Diariamente as pessoas são naturalmente confrontadas com a responsabili- dade – individual ou compartilhada - de discutir e tomar decisões que muitas vezes seriam delegadas a níveis gerenciais superiores em estruturas A VAGAS é horizontal porque esse é o ambi- ente mais favorável para uma organização que se pretende regida pela vivência de valores compartilhados. hierarquizadas. Elas demandam a prática – e o prazer - da boa controvérsia, com a necessária atitude de desapego, como instrumentos para a construção dos consensos que as embasam. Esses são os alicerces do modelo horizontal da VAGAS. A maturação de uma metodologia de gestão A necessidade de uma metodologia abrangente para sustentar seu modelo horizontal face ao crescimento de sua equipe já estava clara havia alguns anos, mas foi só no início de 2013 que a primeira versão foi considerada apta para ser implantada em toda a empresa. Antes disso, cada equipe da VAGAS interpretava o modelo a seu modo, gerando uma rica seleção de experiências, algumas mais e outras menos bem sucedidas. Essas histórias, juntamente com informação de várias outras fontes – inclusive“benchmarks”com outras experiências horizontais – foram usadas em um longo processo de discussão, invenção e depuração para criar a metodologia mais adequada à cultura VAGAS. Mesmo lidando com toda a complexidade de uma empresa, ela tinha que ser simples, prática e eficiente, e o resultado foi o seguinte enunciado: “Cada equipe se reúne quinzenalmente para analisar a evolução (dos indi- cadores da realização) de seus propósitos e conceber formas de me- lhorá-la”. Mário Kaphan 45 Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 46. 46 Em seu processo de amadurecimento, a implementação dessa metodolo- gia está agora a caminho de sua quarta versão, e essa evolução está forte- mente ligada ao aprimoramento contínuo das ferramentas de apoio, basea- das na intranet da empresa. Cabe destacar a presença ativa de um consultor externo em praticamente todas as reuniões de gestão dessa fase de implantação e aprendizado, como apoio ao desenvolvimento de uma perspectiva empreendedora, visão estratégica e foco em resultados nas equipes. Desnecessário dizer que a VAGAS é absolutamente imperfeita na concret- ização de seu modelo de gestão e isso é naturalmente aceito como opor- tunidade para, coerentemente, “conceber formas de melhorar a sua evolução”. MODELO E METODOLOGIAS Hierarquia zero A VAGAS é estruturada como uma organização "radicalmente" horizontal, sem hierarquia e sem voz de comando entre seus integrantes, em um ambi- ente participativo, com um alto grau de liberdade e autonomia, de pessoas engajadas na realização de um propósito comum. O processo decisório, independentemente de ocorrer em reuniões formais ou em outras situações, é baseado na construção de consensos. Não se trata de uma democracia no sentido de que decisões nunca são tomadas por maioria de votos: o consenso, ou seja, a concordância de todos os participantes, precisa ser alcançado. Espera-se das pessoas que assumam a responsabilidade de criar e de parti- cipar ativamente de controvérsias dentro e fora das suas áreas, e que se envolvam nos respectivos processos de construção de consensos. Isto pres- supõe que as pessoas valorizem o processo de discussão de ideias e man- tenham uma atitude de desapego, percebendo o privilégio de ter outras pessoas se importando com as suas ideias e a satisfação de vê-las fortaleci- das“vencendo ou perdendo uma boa discussão”. Uma definição muito sucinta do modelo de gestão é que “a VAGAS é um lugar onde as pessoas fazem o que querem MAS todos têm tudo a ver com isso”. E o modelo de empresa subjacente é o de“uma comunidade engajada na realização de um propósito comum - a missão e visão da organização – em um ambiente de realização profissional e prazer no trabalho”. Gestão sem chefes – e nada de metas A VAGAS é estruturada em áreas funcionais (por exemplo, Vendas, RH, P&D) e em comitês multifuncionais, que vêm ganhando importância crescente naVAGAS, sendo responsáveis, por exemplo, por uma determinada linha de produtos ou pela gestão de um direcionador estratégico (resultante do processo de planejamento estratégico). Algumas áreas funcionais chegam a ter todos os seus integrantes permanentemente alocados a comitês onde efetivamente exercem as suas funções. Nesses casos, sem atribuições operacionais, elas têm como objetivo servir como espaço de encontro dos respectivos profissionais para cuidar de seus assuntos comuns e do alinha- mento e evolução de suas atividades. Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 47. 47 Não há regras ou limites formais, mas procura-se limitar as equipes a oito pessoas. Também é comum que pessoas dediquem parte de seu tempo a atividades externas às suas equipes principais, como a participação em reuniões de gestão de outras equipes ou em comitês. Pressupõe-se que esse envolvimento não comprometa as suas atribuições principais ou o desempenho de sua equipe, de quem se espera que“tenha tudo a ver com isso”e abra controvérsias para resolver eventuais questões que aflorem. Cada equipe é responsável pela sua própria gestão, com olhar empreende- dor e foco em resultados e utiliza a metodologia acima mencionada. Assim, ela se reúne quinzenalmente para analisar a evolução dos indicadores da realização de seus propósitos e conceber formas de melhorá-la. Ela precisa, portanto, ter clareza de seus propósitos, que são as funções que ela precisa realizar para o projeto comum da empresa. Em outras palavras, é como se ela tivesse sido subcontratada pela VAGAS para realizar determinadas funções, cujas entregas são os indicadores que ela buscará melhorar continuamente, segundo a metodologia de gestão. As reuniões quinzenais de gestão têm duas horas de duração e contam sempre com “cadeiras vazias” a serem ocupadas por pessoas interessadas em participar dos consensos (“terem tudo a ver com tudo isto”) por iniciati- va individual ou representando outra área. Essas reuniões começam com uma breve análise de gráficos que representam a evolução de indicadores dos seus propósitos e prosseguem com a discussão de ideias que possam ter um impacto positivo no seu crescimento. A maior parte das decisões estratégicas é tomada nessas reuniões. Embora as equipes sejam fortemente movidas por resultados não há metas predefinidas para elas. Nem mesmo a área comercial - que desempenhou excepcionalmente bem nos quinze anos da VAGAS – opera com metas financeiras previamente estabelecidas. Como as demais, ela analisa a evolução das vendas dos vários produtos e concebe formas de melhorá-las. O foco está no processo e os resultados são colhidos como consequência. A intranet da empresa – atualmente em fase de reprojeto – tem um papel central na sistematização da metodologia, sendo usada como guia para a condução das reuniões de gestão, e como suporte para o registro e dissemi- nação das informações geradas pelas equipes. Liderança Embora não haja nenhum líder formal, a VAGAS não é uma organização sem líderes. Embora não hajaliderança delegada – e ninguém ostente um título - os líderes emergem naturalmente ao se tornarem referências em suas áreas, seus campos de conhecimento, sua visão estratégica etc. Um levantamento recente mostrou que 94% da equipe reconhece pelo menos uma pessoa como referência para o seu trabalho. Isso é reforçado pelo próprio processo de recrutamento e seleção da VAGAS, que tem como objetivo trazer sempre pessoas que tenham algo para ensinar para o grupo e, assim, novos líderes em potencial. Neste senti- do, não há limites à quantidade de líderes na VAGAS. Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 48. 48 Contratação de pessoas. E demissões. As equipes são responsáveis por contratar os seus membros e também por eventuais desligamentos. Esses processos podem ser exigentes já que é primordial para a VAGAS não só selecionar talentos que se destaquem, mas também procurar assegurar-se de que eles compartilham os mesmos valores básicos e endossam o modelo horizontal da empresa. O processo de contratação é "convencional" em suas fases iniciais, envol- vendo a equipe de RH e alguns especialistas da equipe contratante. Um esforço considerável é feito para situar o candidato no ambiente VAGAS na tentativa de identificar a compatibilidade cultural entre ambos. Os finalistas (geralmente três) são então entrevistados pela equipe completa e outras pessoas (inclusive um dos fundadores) e a decisão final tomada em um fórum com todos que interagiram com os candidatos durante o processo seletivo. Como todas as outras decisões, é necessário chegar a um consenso ou recomeçar o processo do zero. Processos de demissão também pressupõem a construção de consensos e, exceto quando motivados por forte desalinhamento com a cultura VAGAS, são precedidos por feedbacks informais e formais. Eles podem envolver também processos especiais, além de outras iniciativas de desenvolvimen- to – como coaching - com a ajuda da equipe de RH. Remuneração Na VAGAS, a política de remuneração visa a criação de um ambiente de salários justos face às contribuições individuais à realização da missão da empresa. A metodologia de avaliação e remuneração parte de um levantamento 360o em que cada integrante é avaliado segundo quatro eixos: a com- preensão e visão estratégica do negócio da VAGAS; o foco em resultados; a compreensão e vivência da cultura da empresa; e as suas competências técnicas. Cada pessoa avalia a si própria, todos os membros das equipes das quais participe e qualquer outra pessoa da organização que queira avaliar. Em 2013 cada membro da VAGAS recebeu uma média de 17 avaliações. Todo o processo tem o suporte de um software especialmente desenvolvi- do para a função. Os resultados - as avaliações individuais das pessoas em cada um dos quatro eixos pela comunidade VAGAS – são inicialmente processados pela equipe de RH que prepara e realiza as “devolutivas” para todas as pessoas da VAGAS. Assim, cada integrante da equipe tem a opor- tunidade de conhecer a sua avaliação média, compará-la com a sua autoavaliação e com as médias da VAGAS, receber feedbacks redigidos pelos seus “avaliadores”, analisar aspectos específicos de seu desempenho no período e perspectivas para o próximo, em um encontro individual de uma hora com um profissional de RH. Todas essas informações e outras (como pesquisas salariais, por exemplo) são então tratadas pelo Comitê de Remuneração para, finalmente, proce- der à revisão dos salários da empresa. Esse processo ocorre com periodici- dade anual. Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 49. Planejamento estratégico O planejamento estratégico da VAGAS, assim como a sua execução e acom- panhamentos bimestrais são também um processo participativo. Ele foi desenvolvido e aperfeiçoado ao longo de mais de cinco anos com a ajuda do Dr. Pedro Zanni da Fundação Getúlio Vargas. O processo inicia-se no final de novembro com uma detalhada retrospecti- va do ano e a discussão dos principais tópicos do planejamento interna- mente às equipes e em grupos multidisciplinares, presenciais e online. Eventualmente usam-se técnicas como World Café para facilitar o processo de discussão. Os resultados alimentam a “semana de imersão” que ocorre no início de janeiro, em que uma equipe de 16 pessoas escolhidas com a ajuda de uma enquete interna, se isola para aprofundar a análise dos resul- tados da empresa, propostas de valor, clientes e concorrência, tendências , alternativas estratégicas etc. Ela resulta finalmente na construção dos dire- cionadores estratégicos da VAGAS, com os seus respectivos objetivos estratégicos, cada qual com indicações qualitativas das suas expectativas para o ano. Porém, diferentemente do resultado habitual de processos de planejamento estratégico, os objetivos não são desmembrados em iniciati- vas ou projetos a serem desenvolvidos no período. Portanto, também não se elabora o orçamento (“budget”) para o ano. Esses resultados são então apresentados a toda a organização. A responsabilidade pela execução do planejamento é então delegada a comitês estratégicos formados para a gestão de cada direcionador estratégico e seus respectivos objetivos utilizando a metodologia de gestão da VAGAS. Como um exemplo, o planejamento estratégico para 2014 envolveu cerca de 70% da equipe e resultou em oito direcionadores estratégicos com três ou quatro objetivos cada. Houve uma média de quinze interessados em participar de cada comitê, e os próprios candidatos fizeram a seleção das equipes definitivas, considerando critérios tais como a presença de repre- sentantes das principais áreas envolvidas em sua execução. É interessante lembrar que “cadeiras vazias” estão sempre disponíveis nas reuniões de gestão, e elas são efetivamente usadas por pessoas que tenham interesse específico em determinados direcionadores, objetivos ou projetos. Exatamente como ocorre na gestão das áreas funcionais e dos demais comitês, a gestão da realização dos direcionadores estratégicos é um processo dinâmico e flexível que ocorre durante todo o ano nas reuniões de gestão. Os projetos e iniciativas para cada objetivo estratégico – junta- mente com seus respectivos“budgets” – são discutidos e decididos nessas reuniões quinzenais a partir da análise da evolução dos respectivos indica- dores, e a sua execução é então negociada com as respectivas áreas funcio- nais e comitês. 49 Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com
  • 50. 50 A cada dois meses aVAGAS realiza reuniões de dois dias para o acompanha- mento dos resultados da empresa e da evolução dos direcionadores estratégicos e seus respectivos objetivos, que são apresentados e coloca- dos em discussão pelos respectivos comitês. Esses encontros são abertos a toda a equipe e a participação é digna de nota. Cultura e Inovação Uma cultura que valoriza a boa controvérsia e o desapego como instrumen- tos básicos do processo decisório, é, por construção, propício à criação e fortalecimento de novas ideias. Diversas iniciativas na VAGAS reiteram esse espírito de inovação no dia a dia, como ilustram os exemplos que se seguem. Toda semana a VAGAS recebe um ou mais convidados para conversar sobre temas que usualmente não têm relação direta com os negócios da empre- sa, objetivando criar um ambiente de permanente exposição e discussão de ideias, conhecimentos e visões de mundo. O projeto Arte VAGAS, já em seu quinto ano de existência, nasceu com o objetivo de incentivar o jovem artista brasileiro, e proporciona à equipe a convivência diária com a arte que ocupa as suas paredes, além da interação com os próprios artistas. O projeto, com a curadoria do artista Ernesto Bonato, conta com uma nova exposição individual a cada dois ou três meses, que é sempre acompanhada de um diálogo com o artista. As duas confraternizações anuais da empresa – a Festa Junina e a de fim de ano – buscam sempre a vivência de manifestações autênticas da cultura brasileira, como música, dança e costumes étnicos nativos e regionais. Destinados às comunidades de RH e de gestão de negócios, duas vezes por ano – em abril e novembro - a VAGAS promove ”Fóruns VAGAS” voltados à discussão de temas relevantes de gestão de pessoas, de cidadania, de sustentabilidade etc, com especialistas de renome. Sobre o consenso “Consenso”talvez seja o aspecto mais controverso da cultura VAGAS: não é difícil encontrar artigos sobre gestão horizontal que classificam processos decisórios baseados no consenso como ineficientes e mesmo impra- ticáveis, pelo poder que qualquer pessoa teria de bloquear uma decisão. No entanto, a VAGAS talvez tenha encontrado uma solução peculiar para lidar com essas questões: no dia a dia, um grupo de pessoas – ou até mesmo uma pessoa sozinha – pode pressupor consenso e tomar uma decisão. Ele precisa dar visibilidade a ela, de forma que qualquer outra pessoa ou grupo possam abrir uma controvérsia, reabrindo a discussão que, com desapego de ambos os lados, precisa então ser levada a um novo (pressuposto de) consenso. Claro que, se a decisão for irreversível, a equipe irá procurar envolver mais pessoas na decisão, ou dar mais tempo para o surgimento de controvérsias. Rethink Business: Colaboração na Prática rethinkbusiness.com.br | crowdenvisioning.com