Educar para a diversidade significa dar voz aos sujeitos de forma crítica e ética, considerando suas singularidades e promovendo a igualdade. Isso implica desenvolver a autonomia, curiosidade e criticidade dos estudantes, reconhecendo diferentes culturas e saberes em diálogo. A luta pela inclusão social deve ocorrer em todos os âmbitos para que a dignidade seja alcançada.
1. Multiculturalismo e a
política educacional
brasileira
O que significa educar para a
diversidade ?
Profª Ivanilde Apoluceno de Oliveira
(Adaptado: Profª. Giza Carla Bandeira)
2. A escola
• A escolarização é necessária para a formação
da cidadania e da formação ética do indivíduo.
• A escolarização é uma exigência das novas
relações
entre
conhecimento
e
trabalho,
proveniente
da
globalização
econômica (novo profissional com novas
competências: ter iniciativa, ser inovador e
crítico).
• Caminho de mudança de atitudes, através da
aquisição
de
conhecimento
sobre
a
diversidade cultural. O lema é conhecer para
transformar.
• Espaço de transformação social a partir das
práticas dos educadores.
3. O Pluralismo Cultural e a Problemática da
Diferença (PCN’s)
• A concepção de pluralidade está
fundamentada numa visão hegemônica e
não dialética entre a diversidade cultural
(o particular) e as características comuns
(Universais).
• Visão hegemônica e essencialista da
diversidade cultural por meio da busca da
construção de uma identidade nacional
caracterizada pelo plural.
4. • A diversidade é vista como (1) constitutiva da
natureza humana e (2) determinação da identidade
nacional (tratada pelo conceito de «brasilidade»).
• Brasilidade com o significado de «singularidade
múltipla, multifacetada e complexa», que permite a
cada um reconhecer-se como brasileiro.
• A identidade Nacional pressupõe a diversidade e se
contrapõe à imagem do Brasil sem diferenças
culturais pautado no «mito da democracia racial»
(idéia de um Brasil sem diferenças, formado
originalmente por 03 raças: o índio, o branco e o
negro - que se dissolveram dando origem ao
brasileiro)
5. • A Pluralidade Cultural parte da constatação
de uma diversidade cultural e de uma
desigualdade social, considerados conceitos
de naturezas diferentes:
– Diferença
Cultural proveniente
da
singularidade dos processos de produção
cultural de cada grupo social.
– Desigualdade Social produzida na
relação de dominação e exploração
social, econômica e política. Neste
processo de dominação, exploração e
exclusão aparecem a discriminação, o
preconceito, a injustiça, etc.
6. Diferença como Identidade
• Diferença é um conceito oriundo do latim
dis (divisão ou negação) e do verbo ferre
(levar com violência, arrastar).
• «O diferente significa o “arrastado desde a
identidade, indiferença original ou unidade
até a dualidade” e colocado como oposto»
(REGINA e GUARESCHI apud OLIVEIRA, 2004).
• A diferença tem como horizonte
sistema identitário.
um
7. Diferença como Alteridade
• Diferença como «diversidade dis-tinta», baseada
na
relação
«distinção-convergência»
de
alteridade.
– O ser humano «distinto por sua constituição real
como coisa eventual ou livre, converge, se
reúne, se aproxima de outros homens (...) O
outro
é
alteridade
de
todo
sistema
possível, além do "mesmo" que a totalidade
sempre é (...) O outro se revela realmente como
outro, em toda a acuidade de sua
exterioridade, quando irrompe como o mais
extremamente distinto, como o não habitual ou
cotidiano, como o extraordinário, o enorme (fora
da norma), como o pobre, o oprimido
(DUSSEL, 1980).
8. • Cada ser humano é sempre distinto, sua
existência real é como «Outro», como
exterioridade e alteridade.
• O horizonte não é o «Ser» identitário e
sim o Outro como Outro.
• Ruptura com a unicidade do mesmo.
• Novo
conceito
de
identidade
>
dinâmico,
processual,
histórico
e
cultural, que supõe um sujeito ativo, capaz
de constituir-se a si mesmo nas suas
relações intersubjetivas, sociais e históricas
(OLIVEIRA, 2004).
• A aceitação do outro como Outro é uma
opção ética.
9. • Discursos hegemônicos filosóficos e
científicos caracterizam-se por discursos
morais de legitimação da exclusão de
pessoas, grupos sociais e culturas na
sociedade.
• A questão da diferença está no cerne do
debate ético sobre a exclusão social.
– Quem é o outro negado?
– Que discursos legitimam a diferença e as
práticas sociais de exclusão?
10. O que significa educar para a
diversidade?
• O conceito de diversidade é oriundo do latim
diversitate, forma derivada de diversitas
significando diversidade, variedade, diferença
e contradição. A diversidade tem como
horizonte um sistema não-identitário. O
diverso é o outro distinto.
• A diversidade pressupõe uma característica
própria, uma especificidade que faz com que
sujeitos sociais, grupos sociais ou culturas
não se identifiquem com os outros. A
diversidade
é
constituída
pela
alteridade, heterogeneidade e a diferença
como distinção.
11. – « O outro se revela realmente como
outro, em toda a acuidade de sua
exterioridade, quando irrompe como o
mais extremamente distinto, como o não
habitual
ou
cotidiano,
como
o
extraordinário, o enorme (fora da
norma), como o pobre, o oprimido»
(DUSSEL)
• Neste sentido é preciso um olhar crítico
para o conceito essencialista de diversidade
presente no discurso neoliberal que «cria um
falso consenso, uma idéia de que a
normalidade hospeda os diversos, porém
mascara normas etnocêntricas e serve para
conter a diferença» (BHABHA).
12. Educar para a diversidade
• A educação deve estar alicerçada a um
projeto ético e político, ampliando as
possibilidades de vida e de liberdade
humanas.
• Constitui uma questão ética, porque se
reveste em uma luta contra a exclusão
social, luta pela afirmação da vida
humana, ou seja, pela humanização de
homens e mulheres
13. • Constitui a educação uma questão
política, porque se reveste numa luta
pela eqüidade social, pela justiça
social,
possibilitando
que
todos
(as),
tenham
o
direito
à
educação,
sendo
capazes
de
ler,
escrever,
compreender
o
mundo, expressando a sua palavra e
exercendo sua cidadania.
– «Respeitar os diferentes discursos e por em
prática a compreensão de pluralidade (a
qual exige tanto crítica e criatividade no ato
de dizer a palavra, quanto no ato de ler a
palavra) exige uma transformação política e
social (...) A legitimação desses diversos
discursos legitimaria a pluralidade de vozes
na reconstrução de uma sociedade
verdadeiramente democrática» (FREIRE)
14. Educar para a diversidade significa:
• dar voz ao sujeito, viabilizando a sua
participação
crítica
na
sociedade, desenvolvendo elementos da sua
subjetividade: a criatividade, a curiosidade e a
criticidade
• olhar
para
as
necessidades
de
desenvolvimento integral da pessoa humana
15. Educar para a diversidade implica em:
– direcionar-se ao ser humano, ao seu potencial
educativo, como ser:
pensante, por organizar o seu pensamento;
falante, por expressar a sua visão de mundo;
curioso e investigativo, por buscar conhecer e
compreender o mundo
produtor do conhecimento, criador de novas idéias
e conhecimentos.
leitor do mundo, da palavra e da escrita;
crítico e agente de transformação social.
16. Considerar-se no ensino- aprendizagem:
A relação entre os saberes – o uso de diversas
formas de representação, presentes na práxis
cotidiana social, expressa nas narrativas orais e
escritas e nos discursos dos diferentes campos
específicos do conhecimento.
– A diversidade de sujeitos e de culturas – como
referencial das práticas educativas.
– A relação dialógica e solidária entre os sujeitos – o
estabelecimento de relações intersubjetivas solidárias
e dialógicas, possibilitando o respeito à diversidade de
sujeitos e grupos sociais;
17. Na educação para a diversidade é
imprescindível:
– que se desenvolvam atividades que
estimulem no educando a curiosidade, o
questionamento e a problematização da
realidade;
– a relação entre as experiências de vida, o
afetivo e o cognitivo; a relação entre o oral e o
escrito;
– o desenvolvimento
da criticidade, da
criatividade e da participação histórica do
educando na sociedade.
18. • A luta pela inclusão social precisa estar
articulada entre diversos campos do
saber:
educação, saúde, desporto, cultura, jurídic
o, etc...; sistemas e práticas sociais.
• A inclusão precisa ser debatida e
ampliada na educação e nos demais
sistemas e organizações sociais.
19. Para reflexão:
Fala do líder Zapatista Marcos
• A Dignidade exige que sejamos nós mesmos.
• Mas a Dignidade não é somente que sejamos nós
mesmos.
• Para que haja Dignidade é necessário o outro.
• E o outro só é outro na relação conosco.
• A Dignidade é então um olhar.
• Um olhar a nós mesmos que também se dirige ao outro
olhando-se e olhando-nos.
• Reconhecimento do que somos e respeito a isto que
somos, sim, mas também reconhecimento do que é o
outro e respeito ao que ele é.
• A Dignidade então é a ponte e olhar e reconhecimento e
respeito.
• Então a Dignidade é o amanhã.
• Mas o amanhã não pode ser se não é para todos, para o
que somos nós e para os que são outros.
20. • A Dignidade é então uma casa que nos inclui e inclui o
outro.
• A Dignidade é então uma casa de um só andar, onde
nós e o outro temos nosso próprio lugar, isto e não outra
coisa é a vida, e a própria casa.
• Então a Dignidade deveria ser o mundo, um mundo que
tenha lugar para muitos mundos.
• A Dignidade então ainda não é.
• Então a Dignidade ainda está por ser.
• A Dignidade então é lutar para que a Dignidade seja
finalmente o mundo.
• Um mundo onde haja lugar para todos os mundos.
• Então a Dignidade é e está por construir.
• É um caminho a percorrer.
• A Dignidade é o amanhã.