2. O Budismo originou-se há mais de dois mil anos na fronteira da
atual Índia e Nepal, a partir do ensinamento de Sidarta Gautama,
nobre de nascimento, a quem seus seguidores chamavam de
Buda, "O Iluminado", e também de Sakyamuni, "pertencente à
Clan Sakya" (provavelmente 563-480 A.C.) e se espalhou pelo
Himalaia chegando ao Tibete no século VII durante a fase áurea
dessa filosofia.
Atualmente a tradição Vajrayana de linha inflexível ou dura como
o diamante é conhecida como Tantrismo ou "Veículo
Adamantino" e seguida no Tibete, sendo a única fonte conhecida
para se estudar indiretamente o Budismo indiano, erradicado da
Índia setentrional nos séculos VI a IV AC devido ao confronto
com o Hinduismo e com o avanço do Islamismo na região
através das invasões árabes no século XI .
3. No séc XIII, Gengis Khan dominou o território, seu filho Kublai,
imperador da China, converteu-se ao Budismo, tornando-se patrono
da seita Sakyapa e entregou a administração do Tibete aos seus
grandes Lamas.
Inicia-se uma longa disputa entre as seitas Sakyapa e Gelukpa.
No séc XVI, Altan Khan intervêm e nomeia Dalai Lama ( "Oceano de
Sabedoria") um grande lama da seita Gelupka que adquire um
enorme prestígio.
No século XVII Gushri Khan nomeia o quinto Dalai Lama, o "Grande
Quinto", governador do Tibete, e sob a sua autoridade o país é
unificado e inicia a construção do Palácio de Potala (Palácio
Branco).
Lhasa antiga
4. O Budismo Vajrayana ou "veículo do raio" se caracteriza por dar
mais importância aos aspectos místicos e ritualísticos,
enfatizando, por exemplo, a crença na reencarnação e num ciclo
de nascimentos e renascimentos dos indivíduos neste mundo,
com a função de purificar sua alma. Pertence a vertente
Mahayana e tem seu representante maior o Dalai Lama
(“Lama/Sábio/Guru/Mestre”). O Budismo Vajrayana contém conhecimentos
de Tantra, diferentes tipos de Yoga, Mudras (gestos sagrados
das mãos), Mantras (sons sagrados) e Mandalas (diagramas
cósmicos). O Mahayana ou “Grande Veículo" é considerado
mais fiel aos ensinamentos de Buda do que o Hynayana ou
"Pequeno Veículo" que tem um caráter de pura magia, mais
popular. Uma representação simbólica do grande veículo e
pequeno veículo é a constelação da Ursa Maior e Ursa Menor
(cuja estrela mais conhecida é a Estrela Polar) são o Grande
Carro e Pequeno Carro conhecidas entre os árabes como a
Constelação das Gazelas.
5. Alguns mestres Budistas foram:
TILOPA – NAROPA - MARPA – MILAREPA – GAMPOPA
As principais Escolas são:
1 - Nyingma (Antiga):
Conhecida como dos Chapéus Vermelhos e foi a primeira escola
do Budismo a se desenvolver no Tibete, por volta do século VII -
VIII DC, através do mestre Padmasambhava, conhecido como
Guru Rinpoche, o segundo Buda. O Guru indiano
Padmasambhava inspirou a tradução da maior parte do Cannon
Budista, realizada por notáveis Panditas Indianos e tradutores
Tibetanos. Ele expôs ainda todo o “corpus” dos ensinamentos
Budistas, especialmente os ligados à tradição esotérica do
Vajrayana (Veiculo Adamantino), tendo concedido autoridade e
instruções essenciais a inúmeros seguidores, particularmente
aos seus vinte cinco discípulos.
TILOPA
6.
2- Budismo Kadampa: (DC 982-1054).
Escola Budista Mahayana fundada pelo grande Mestre Budista
Indiano Atisha. Seus seguidores são conhecidos como
"Kadampas".
"Ka" significa "palavra" de Buda, e "dam" refere-se as
instruções do Lamrim de Atisha, conhecido como "os estágios
do caminho à iluminação". Kadampas são, portanto, praticantes
que consideram os ensinamentos de Buda como instruções
pessoais e as colocam em práticas seguindo às instruções do
Lamrim.
A tradição Kadampa foi mais tarde largamente promovida no
Tibete por Je Tsongkhapa e seus seguidores, que eram
conhecidos como os "Novos Kadampas".
NAROPA
7. 3- Kagyu (Linhagem do Ensinamento):
Inicia com o sábio tântrico indiano Tilopa (988-1069), de quem se
diz ter recebido instruções diretamente de Vajradhara (mente
desperta) ou Buda primordial, também chamada Dharmakaya da
cor azul ou mente da cor azul, como o céu que engloba tudo que
é vivo e não vivo. Além de Tilopa, a escola Kagyu também conta
com figuras indianas importantes em sua linhagem, como
Nagarjuna, Saraha, Shavari e Maitripa. Tilopa, por exemplo,
transmitiu os ensinamentos a seu discípulo Naropa (1016-1100),
que primeiro foi submetido a uma série de provas que testaram
sua determinação e purificaram sua mente.
Chökyi Lodrö de Mar, conhecido como Marpa foi discípulo de
Naropa e primeiro membro de origem tibetana da escola Kagyu,
que introduziu o Budismo no Tibete, seguido por seu discípulo
Milarepa que posteriormente foi mestre de Gampopa.
MARPA
8.
Os mestres anteriores a Gampopa (homem de Gampo) tinham
reservado suas instruções para um pequeno número de
iniciados especialmente qualificados.
Gampopa combinou os ensinamentos tântricos de Marpa e
Milarepa com as práticas monásticas estabelecidas pelos
Kadampas, e fez possível desenvolver centros de treinamento,
universidades monásticas e um currículo que poderia ir ao
encontro das necessidades de buscadores espirituais de
diferentes níveis e com diferentes interesses e inclinações o que
expandiu a escola Kagyu.
MILAREPA NA CAVERNA
GAMPOPA
9.
4- Sakyapa (Terra de cor Cinza):
Em 1073, o lama Tibetano Khön Könchog Gyelpo (1034-1102)
fundou o monastério Sakyapa, em uma região Tibete conhecida
por sua Terra de cor Cinza (Sakya).
O monastério, então, tornou-se centro da escola homônima
Sakyapa, com patrocínio da tradicional família Khön, antes
associada à escola Nyingma.
Könchog recebeu do Tibetano Drogmi (992-1102) os
ensinamentos de um mestre tântrico indiano chamado Virupa.
11. Milarepa
Milarepa, herdeiro espiritual de Naropa, nasceu em uma rica
família de camponeses, ainda criança morava com a mãe e uma
irmã quando seu pai morreu e suas propriedades caíram em
poder de um tio, ficando os legítimos herdeiros sem os bens.
Para vingar-se, Milarepa aprendeu magia negra. Depois de
aprender muitos feitiços destrutivos, ele conjurou uma
tempestade de granizo sobre a casa do tio, resultando na morte
de dezenas de pessoas. Refletindo sobre suas ações,
compreendeu que seus atos criaram um grande débito Karmico
e então procurou um mestre que o ajudasse a evitar as
conseqüências de seu ato de vingança. O mestre Yungton
aconselhou-o a procurar Rongton Lhaga, professor dos
ensinamentos da grande Perfeição (do Tibetano:Dzogchem) da
escola Nyingma.
MILAREPA
13. Mais tarde, quando Darma Dode levou-o à presença de Marpa,
Milarepa se prostrou aos pés e implorou para que lhe ensinasse
o Dharma. Marpa respondeu que a iluminação de Milarepa
dependeria unicamente de sua própria perseverança e
determinou uma série de tarefas difíceis e desencorajadoras a
seu novo discípulo, que foram designadas para purificar o seu
karma negativo.
Marpa fez Milarepa construir uma série de torres, uma após a
outra, e após a completa edificação de cada uma delas,
ordenava a Milarepa que a derrubasse e colocasse todas as
pedras de volta no lugar de origem para não estragar a
paisagem. Cada vez que Marpa mandava desmanchar uma torre,
apresentava alguma desculpa absurda, como alegar que estava
bêbado quando ordenara a construção ou afirmava que
absolutamente nunca as encomendara. E Milarepa, cada vez
mais ansioso pelos ensinamentos, colocava a casa abaixo e
recomeçava.
•STUPA - relicário para guardar restos mortais dos
grandes mestres.
14. Por fim, Marpa planejou uma torre de nove andares. Milarepa
passou por um tremendo sofrimento para carregar as pedras e
construir a casa, e quando terminou, dirigiu-se para Marpa, e
mais uma vez rogou-lhe que o ensinasse. Porém, Marpa
respondeu-lhe, “Você quer que eu lhe ensine, só porque
construiu uma torre para min? Pois receio que ainda tenha que
me dar um presente como taxa de iniciação”.
Milarepa não possuía coisa alguma, pois gastou todo o seu
tempo e trabalho construindo torres. Mas Damema, esposa de
Marpa, teve pena dele e disse: “Estas torres que você construiu
são um gesto maravilhoso de devoção e fé. Meu marido
certamente não se incomodará que lhe dê alguns sacos de
cevada e um rolo de tecido para sua taxa de iniciação”. Então,
Milarepa levou a cevada e o tecido para o círculo de Iniciação
que Marpa estava ensinando e os ofereceu como gratificação,
junto com os presentes dos estudantes.
15. Marpa, porém, ao reconhecer o presente enfureceu-se e gritou
com Milarepa, “Essas coisas são minhas, seu hipócrita! Você
está tentando me enganar!” E o chutou literalmente, a pontapés,
do círculo de iniciação.
Nesse ponto, Milarepa perdeu toda e qualquer esperança de
conseguir que Marpa lhe ensinasse. Desesperado, decidiu
suicidar-se já estava por acabar com a sua vida quando Marpa o
procurou e declarou que, finalmente, estava pronto para receber
os ensinamentos e iniciações.
Milarepa entrou em retiro, e após meditar em uma caverna por
vários anos, tornou-se iluminado e alcançou todas as
realizações comuns e sublimes do Mahamudra (Grande Selo).
Começou a escrever poemas sobre o Dharma e ensinar
discípulos famosos, incluindo Rechungpa Dorge Dragpa (1088-
1158) e Gampopa (1079-1153). Vários sinais auspiciosos
surgiram no final da sua vida, quando Milarepa obteve a
liberação completa. Milarepa foi um eremita que falava
eloqüentemente sobre os perigos da sociedade, da vida familiar
e da vida monástica estabelecida, como seu mestre Marpa.
16. Imagem fundamental do Budismo tibetano, a roda da vida
simboliza os seis reinos da existência, com suas dores e
prazeres.
Todos eles fazem parte do samsara, e estão sujeitos à
aniquilação e à morte, mesmo sendo o reino dos deuses.
A Roda da Vida é segurada por Yama, o Senhor da Morte.
São o reino humano (o melhor de todos para nascer), o reino
dos semideuses e finalmente o reino dos deuses.
No centro, as emoções negativas mais importantes: a cobiça
(porco), o ódio (serpente) e a ignorância (galo).
ESSENCIA DO BUDISMO TIBETANO
17. Para o inferno vão os assassinos e criminosos e aqueles
movidos pelo ódio e pela ira; eles são torturados e morrem
milhares de vezes até purificar seu karma, podendo renascer
depois em outros reinos.
O inferno Tibetano não é eterno - há possibilidade da redenção,
após a purificação do karma. São 18 os infernos gelados e 18 os
infernos quentes.
O reino dos fantasmas famintos é formado por aqueles
avarentos que nunca ajudaram ninguém; o reino dos animais já
é visível para nós, e é um reino de medo e caçada permanente, e
total stress. Os que vão para lá são aqueles dominados pelos
sentidos e pela luxúria.
O reino humano é movido pelo desejo - o desejo de conquista.
É o único reino onde se pode trabalhar o ser, fazer uma prática
espiritual, onde a dor não é tão profunda como nos reinos
inferiores ou a autoindulgência não é tão alienante quanto nos
reinos superiores, que não se possa fazer a prática.
ESSENCIA DO BUDISMO TIBETANO
A Roda da Vida (sânsc. Bhavachakra), também conhecida com a Roda da Existência.
Criada pela extinta escola Sarvastivada, precursora do budismo Mahayana.
18. O reino superior ao humano é o dos semideuses. Invejosos e
desesperados, os que “quase chegaram lá” morrem de inveja
dos deuses, que podem enxergar do seu reino. Aliás, a árvore
dos desejos nasce no reino dos semideuses, mas apenas dá
frutos no reino dos deuses.
O reino dos deuses também tem suas complicações, os
semideuses vivem em guerra permanente com os deuses, e
sempre perdem. Vivendo no paraíso, em total prazer e realização
de todos os desejos, os deuses vivem centenas de anos, mas
um dia também morrem. Sua morte é solitária e triste, pois
compreendem a inutilidade das suas vidas e são evitados pelos
outros deuses, que não querem nem ver esse tipo de cena.Esse
reino é habitado por aqueles movidos pelo orgulho.
Os que vão para lá são aqueles dominados pelos sentidos e pela
luxúria.