2. Este é um dos principais símbolos do budismo Vajrayana.
Originalmente, o vajra, diamante, indestrutível, era o nome
dado à poderosa arma de cem pontas da divindade hindu
Indra, o rei dos deuses.
Esta arma seria capaz de disparar relâmpagos e de destruir
todos os inimigos. No budismo Vajrayana, porém, o seu
significado é diferente; o vajra representa a natureza vazia
de todos os fenômenos.
Nos vajras pacíficos, as cinco pontas se juntam no final;
Nos vajras irados, as pontas ficam um pouco afastadas;
3. As bocas de makara, das quais surgem cada ponta,
representam o nirvana.
As cinco pontas de uma extremidade representam os
cinco dhyani-budas (Vairochana, Akshobhya,
Ratnasambhava, Amitabha, Amoghasiddhi), que
corporificam as cinco sabedorias ou aspectos do estado
desperto atemporal.
Já as outras cinco pontas, da extremidade oposta,
representam as cinco mães, ou consortes femininas
(Buddha Lochana, Mamaki, Vajra Dhatvishvari, Pandara
Vasini e Samaya Tara).
4. De maneira semelhante, as oito pétalas de um lado
representam os oito grandes bodhisattvas (Manjushri,
Avalokiteshvara, Vajrapani, Maitreya, Kshitigarbha,
Sarvanirvaranavishkambhin, Samantabhadra,
Akashagarbha) e as oito pétalas do outro lado representam
suas consortes, as oito grandes bodhisattvas, também
conhecidas como as deusas das oferendas (sânsc. puja-devi:
Lasya, Mala, Gita, Nirtya, Pushpa, Dhupa, Aloka, Gandha).
A esfera central representa a vacuidade (sânsc. shunyata), a
verdadeira natureza dos fenômenos.
5. Os cinco [dhyani-]budas masculinos são o aspecto puro dos
cinco agregados do ego. Suas cinco sabedorias são o aspecto
das cinco emoções negativas.
Os cinco budas femininos [as consortes] são as qualidades
elementais puras da mente, que nós experimentamos como
os elementos impuros do nosso corpo físico e meio
ambiente.
Os oito bodhisattvas [masculinos] são o aspecto puro dos
diferentes tipos de consciência, e suas contrapartes
femininas são os objetos dessas consciências.
6. Tanto no caso em que se manifesta a visão pura das famílias
budicas e sua sabedoria, quanto no caso em que surge a
visão impura dos agregados e emoções negativas, eles são
intrinsecamente a mesma coisa em sua natureza
fundamental. A diferença reside em como os reconhecemos,
e se reconhecemos que eles emergem da base da natureza
da mente como a sua energia iluminada.
Tome como exemplo o que se manifesta em nossa mente
comum como um pensamento de desejo; se sua verdadeira
natureza é reconhecida, ele surge, livre do apego, como
"sabedoria do discernimento". O ódio e a raiva, quando
verdadeiramente reconhecidos, surgem como claridade
similar à do diamante, livres do apego; esta é a "sabedoria
do espelho".
7. Quando a ignorância é reconhecida, ela surge como vasta
e natural claridade sem conceitos: é a "sabedoria do
espaço todo-abrangente". O orgulho, quando reconhecido,
é percebido como não-dualidade e igualdade: a "sabedoria
da equanimidade". O ciúme [ou inveja], quando
reconhecido, é libertado da parcialidade e do apego,
surgindo como a "sabedoria que tudo realiza". Assim, as
cinco emoções negativas emergem como resultado direto
de não reconhecermos a sua verdadeira natureza. Quando
reconhecidos, são purificadas e liberadas, mostrando-se
como nada menos que a manifestação das cinco
sabedorias.