Este documento resume a pesquisa antropológica de Marcel Mauss sobre as trocas sociais em sociedades arcaicas da Oceania e do Noroeste Americano. Mauss investigou como as trocas de presentes nessas sociedades eram voluntárias mas também obrigatórias, e como rituais como o Potlatch e o Kula envolviam a redistribuição de bens e a manutenção de laços sociais através da reciprocidade.
2.
“Deve-se ser um amigo para seu
amigo e retribuir presentes por
presentes deve-se ter riso por riso
e fraude por mentira”.
(Trecho do Havamál, um poema escandinavo apud
MAUSS, 2013, p.8).
3.
“Qual é a regra de direito e de interesse
que, nas sociedades de tipo atrasado ou
arcaico, faz que o presente recebido seja
obrigatoriamente retribuído? Que força
existe na coisa dada que faz que o
donatário a retribua?” (MAUSS, 2013,
p.11).
QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO
4. Pesquisa antropológica investiga o caráter
voluntário, livre mas por sua vez
obrigatório e interessado das trocas nas
sociedades arcaicas.
Populações: tribos da Oceania e noroeste
americano.
Pesquisa publicada na França em 1925 (meu
pai tinha um ano de vida).
DA DÁDIVA E, EM PARTICULAR, DA
OBRIGAÇÃO DE RETRIBUIR OS PRESENTES
8.
O TOTEM promoverá o encontro e a troca. Como referência,
podemos citar o Potlatch, que é uma cerimônia praticada entre
tribos índigenas da América do Norte, como os Haida, os Tlingit,
os Salish e os Kwakiutl. Também há um ritual semelhante na
Melanésia. Consiste num festejo religioso de homenagem,
geralmente envolvendo um banquete de carne de foca ou salmão,
seguido por uma renúncia a todos os bens materiais acumulados
pelo homenageado – bens que devem ser entregues a parentes e
amigos. A própria palavra potlatch significa dar, caracterizando o
ritual como de oferta de bens e de redistribuição da riqueza. A
expectativa do homenageado é receber presentes também daqueles
para os quais deu seus bens, quando for a hora do potlatch destes.
Fonte:
http://www.fabricadofuturo.org.br/index.php?pag=38&prog=46&id=13
1
DEFINIÇÃO DE POTLATCH
10.
A essência do Potlatch:
“A finalidade antes de tudo é moral, seu objeto
é produzir um sentimento de amizade entre as
duas pessoas envolvidas, e, se não tivesse esse
efeito, faltaria tudo”(Schmidt apud Mauss,
2013, p. 37).
EXTENSÃO DESSE SISTEMA
LIBERALIDADE, HONRA, MOEDA
11.
KULA E POTLATCH
Troca de papéis:
“Aparentemente, pelo menos, o kula –
assim como o potlatch do Noroeste
americano – consiste em dar, da parte de
uns, e de receber, da parte de outros, os
donatários de um dia sendo os doadores
da vez seguinte”(Maus, 2013, p. 42).
12.
“O kula em sua forma essencial, não é
senão um momento, o mais solene, de um
vasto sistema de prestações e de
contraprestações que, em verdade, parece
englobar a totalidade da vida econômica
e civil das Trobriand” (Mauss, 2013, p.
49).
13.
“Esse povos tem uma economia extra doméstica e um
sistema de troca muito desenvolvido, com um ritmo
mais intenso e precipitado, talvez, que o que
conheciam nossos camponeses ou as aldeias de
pescadores de nossas costas há menos de cem anos.
Têm uma vida econômica extensa que ultrapassa as
fronteiras das ilhas e dos dialetos, e um comércio
considerável. Ora eles substituem com vigor, através de
dádivas feitas e retribuídas o sistema de compra e
venda”(Mauss, 2013, p.57,58).
Outras sociedades
melanésias
14.
NOROESTE AMERICANO
Grupos com interações sociais intensas:
“Convidam-se as pessoas do clã quando se matou uma
foca, quando se abre uma caixa de bagas ou de raízes
conservadas; convidam-se todos quando encalha uma
baleia.” (Mauss, 2013, p.62)
15.
CULTURA DO NÃO APEGAR-SE AS RIQUEZAS
MATERIAIS
“Eis portanto um sistema de economia no qual se
consomem e se transferem constantemente riquezas
consideráveis. Se quiserem, pode-se dar a essas
transferências o nome de intercâmbio ou mesmo de
comércio, de vendas, mas é um comércio nobre, cheio
de etiqueta e generosidade; em todo caso quando é
feito com outro espirito, em vista de ganho imediato,
ele é um objeto de desprezo muito acentuado.”(Mauss,
2013, p.62)