SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  47
Curso de extensão:
Até que a morte nos separe
Adriana Soczek Sampaio
soczeksampaio@yahoo.com.br
Programa do curso
 Aula 1: O processo do morrer
 Aula 2: Cuidados Paliativos
 Aula 3:Falando sobre a morte e o paciente
terminal
 Aula 4: Espiritualidade, morte e luto
Critérios de Avaliação do Curso
 Participação mínima de 80% do curso
 Elaboração de um paper de 3 a 5 páginas
sobre um dos assuntos trabalhados no
curso
Aula 1
O PROCESSO DO
MORRER
O Processo do Morrer
 1. as doenças malignas, o mau prognóstico e a morte;
 2. definição do conceito de morte e sua visão no Ocidente
(segundo Phillip Ariès) e no Oriente;
 3. a ars moriendi e o desejo de boa morte;
 4. as fases do processo de morrer - segundo Kübler-Ross
1. Doenças malignas, mau
prognóstico e morte
 Doenças: estigmas ao longo dos séculos
 Lepra, peste negra, gripe espanhola, tuberculose
 HIV/AIDS
 Câncer
 Outras: cardíacas, renais, Alzheimer, AVC
 Desejo: morte rápida, sem dor e sem sofrimento
Isquemia cardíaca:
 Próprio indivíduo trai seu organismo
 Últimas horas: afogamento, sedação
 circuito que se fecha
 Exames cardíacos, história familiar, padrão de alimentação
e fumo, tipo de personalidade e potencial para mudança,
possibilidade de seguir conselho médico, planos e
esperanças para futuro, sistema de apoio
Velhice:
 Não se pode! Mas...
 Acúmulo de perdas e falhas nos mecanismos do corpo
 Independe de uma enfermidade
 Debilidade dos anos: incapacidade para se sobrepor
 VIDA DE ÊXITOS & REALIZAÇÕES: compensa em
qualidade o que não se pode ampliar em quantidade
A utilidade de viver não está na duração e sim
em seu uso. Viver bastante depende de nossa
vontade e não do número de anos vividos.
(Montaigne)
Alzheimer:
 Degeneração progressiva das células e perda de qualidade
das células nervosas nas porções cerebrais associadas a
funções superiores
 Avança devagar, mas sem paradas
 Entorno afetado: cuidados e vigilância
 Alterações também de personalidade
Não há dignidade neste tipo de morte. É um
ato arbitrário da natureza, atropelamento da
humanidade das suas vítimas.
(Nulland)
HIV/AIDS:
 Crime da natureza, com alcance mundial pelos avanços da
mobilidade humana
 Devasta sistema imunológico que torna-se vulnerável à ação
de infecções e certos tipos de tumores
Morte trágica, traumática, acidental:
 Não serve a objetivo algum posto que a natureza não
necessita de ajuda para manter a ordem
 Suicídio consciente: forma mais brutal de violência
 Outras formas de suicídio: comportamento
autodestrutivo (álcool, drogas, direção perigosa, fumo,
hábitos sexuais não seguros, participação de brigas,
torcidas organizadas, quadrilhas...)
 Afogamento, sufocamentos, acidentes nos meios de
transporte, violência
Câncer:
 Parasita cujas extremidades se ampliam aumentando seu
domínio maligno
 Processo silencioso
 Mais de 150 tipos de CA
 Afeta células em seu processo inicial de maturação – divide
ao acaso e tem capacidade de reprodução infinita
 Energia: reprodução e não na função do órgão invadido
 Não morrem quando deveriam
 Também mata à distância
 Indiretamente mata pela caquexia: utiliza proteína e não
gordura.
 ...não há vitória, pois mata a sua vítima, mas morre com
ela
DOENÇA
CRONICO
EVOLUTIVA
CURA RECIDIVA NÃO RESPOSTA
TRATAMENTO
REINSERÇÃO
SEQUELAS
RECOMEÇO
ESTADO
TERMINAL
ÓBITO
“A morte não é algo que nos
espera no fim. É companheira
silenciosa que nos fala com voz
branda, sem querer aterrorizar,
dizendo sempre a verdade,
convidando à sabedoria”
(Alves, 2002)
2. Definição do conceito de morte e
sua visão no Ocidente e no Oriente
MORTE
 Perda, ruptura, desintegração, degeneração, fascínio,
sedução, grande viagem, entrega, descanso, alívio
 Processo, não confrontação, evento na sequencia de ritmos
da natureza
 Necessária para a ordem do sistema do universo
 Inimigo a ser combatido: doença e não a morte. Esta é
apenas o ponto final quando a batalha está perdida
 Verdade metafísica
 Alves, 2002: menor poder, maior escuta. Maior poder e
técnica, fracasso
 Processo evolutivo, complexa sequencia de eventos
terminativos
 Ayer (2005): dificuldade de determinar quando a vida se
encerra – não reação a estímulos, ausência de movimentos
respiratórios e reflexos, EEG plano
“Mentira vital” (Becker)
“Se estivéssemos conscientes o
tempo todo de nossa morte e do
nosso terror, seríamos incapazes
de agir normalmente, ficaríamos
paralisados”.
Agimos como se fossemos
imortais.
A Morte no Ocidente
1. MORTE DOMADA (Idade Medieval)
 sabe que vai morrer
 Trajetória conhecida
 Esperada no leito = atitude próxima e familiar/pública
 Temor: morte repentina
 Sepulturas na Igrejas
 Churchyards = menos favorecidos / pátio
 Tb lugar de passeio, descanso e oração
 Grande mortalidade = valas coletivas
Cerimonial do moribundo
1. Lamento da vida, evocação triste, mas discreta dos
seres e coisas amadas
2. Perdão dos companheiros que rodeiam o leito
3. Absolvição sacramental
2. MORTE EM SI MESMO
 O que acontecerá depois da morte?
 Temor: julgamento da alma
 ARS MORIENDI: tratados sobre a preparação e a arte de
morrer e renascer
 Testamento: 2 partes
 Fórmulas piedosas: profissão de fé, confissão dos pecados,
recomendações da alma, escolha da sepultura, transmissão dos
desejos em relação aos sobreviventes
 Transmissão de bens
 Uso do preto: horror aos mortos, disfarce; noite, ausência de
cor expressando abandono e tristeza. Indica aos outros que
devem ter respeito
 Medo de ser enterrado vivo (séc. XVII e XVIII) – atrasar os
enterros – velórios de até 48h – pena sobre nariz
Temas macabros
Holbein, Hans. "The Dance of Death."
Woodcut, before 1538. Facsimile,
London, 1892.
3. MORTE DO OUTRO
 Séc XIX: morte romântica
 Bela, sublime repouso, eternidade
 Possibilidade de reunião com ser amado
 desejada
 Forte prevalência crença na vida futura
 Surgimento do espiritismo
 Temor: almas do outro mundo – abrir porta ou janela,
parar relógio, cobrir espelhos
 Preocupação com insalubridade e decretos firmando
espaços e profundidade das covas
4. MORTE INVERTIDA
 Séc. XX – que se esconde, vergonhosa
 Sociedade: expulsa morte para proteger a vida
 Boa morte – repentina – temida
 Morte: não mais fenômeno natural
 Fracasso, impotência, imperícia = ocultada
 Inconveniente = decomposição antes mesmo da morte
 No hospital
 Supressão do luto
 Tempo da morte: cerebral, biológica, celular
 A morte de Ivan Illitch – Tostói
 Condições econômicas, sociais e políticas:
atrasam ou adiantam a morte
 Morrer tornou-se caro – sem igualdade
 Funeral director: empresários que cuidam
dos serviços funerários- família???
 Morte: questão de fato e não de direito –
médico é quem atesta
Medicalização da morte: pretexto de
respeitar a vida, prolongam-se os dias ao preço de
desnecessário sofrimento
Morte séc. XXI – Moritz (2005)
 Ato prolongado
 Evento científico
 Passividade X onipotência
 Pode se tornar um ato profano
 Evento isolado e solitário
 UTI: maior possibilidade de tratamento fútil
A Morte no Oriente – visão pelo
budismo
 Morte: nem deprimente nem excitante. Apenas um fato da
vida.
 Se queremos morrer bem, devemos aprender a viver bem.
 Morrer não é tranquilo se a vida foi cheia de violência ou a
mente foi agitada por emoções como ódio, apego e medo.
 “Na abordagem budista, a vida e a morte são vistas como
um todo, onde a morte é o começo de um novo capítulo da
vida. A morte é um espelho no qual o inteiro significado da
vida é refletido.” (RINPOCHE, p. 29)
 “Para quem se preparou e praticou, a morte não chega
como uma derrota, mas como um triunfo, um coroamento
da vida e o seu mais glorioso instante.’ (RINPOCHE, p. 33)
 “Amanhã ou a próxima vida, o que vem primeiro, nunca se
sabe” – ditado tibetano
 MORTE = mistério. Duas verdades: 1. é absolutamente
certo que um dia morreremos; 2. incerto quando e onde
essa hora irá chegar
 Lei IMUTÁVEL no universo – todas as coisas MUDAM!!!
 “A sociedade moderna é em larga escala um deserto
espiritual em que a maioria imagina que esta vida é tudo o
que existe. Sem qualquer fé autêntica numa vida futura, a
maioria das pessoas vive toda a sua existência destituída
de um sentido supremo” (RINPOCHE, p. 25)
 QUESTÃO:
 Lembro a cada instante que estou morrendo, e todos e tudo ao
meu redor também, e desse modo trato todos os seres a todo
momento de forma compassiva?
3. Ars moriendi e o desejo de boa morte
 AGONIA = grego agon = luta severa
 Suposto protesto do ICS contra partida do espírito
 Dias, semanas, horas = sofrimento moral e perturbação
física
 Endorfina = morfina do organismo = pelo estresse do
avanço da doença – aumento do limiar a dor e reações
emocionais – proteção perigos físicos e emocionais
 Dec. 70: endorfina encontrada nos casos de choque por
grande perda de sangue ou sepse
 UTI = sedação = privação
 Deixa de ser humano e torna-se desafio
 Destituição de autonomia
 Dependência de estranhos – ausência dos entes queridos
 Família: preocupação – desespero - desesperança
 Doença
 Aviso benigno de Deus – parar e pensar no abandono de vida
de pecado
 Hoje: oportunidade única na agitada vida atual para reflexão
interior???
Estudo SUPPORT (1995) – study to understand
prognosis and preferences for outcomes and risk of
treatment
 Coletar informações: pacientes terminais e familiares
 4 anos – 9 mil pacientes – 5 hospitais de ensino EUA
 O que mais causa sofrimento na situação de morte?
 40% dores insuportáveis
 80% fadiga extrema
 55% conscientes até 3 dias antes da morte
 63% dificuldade em tolerar grande sofrimento físico e
emocional referente ao agravamento da doença e ao
estágio final de vida
 20% morreu na UTI – dos que foram e saíram
 76% desconforto
 72% muita sede
 68% sono
 63% ansiedade
 56% dor
 52% raiva
4. Fases do processo de morrer
Elizabeth Kübler-Ross
1. NEGAÇÃO
 “Não, eu não, não pode ser verdade”
 Todo paciente usa negação/parcial
 A maior frequência é no paciente não preparado para a
notícia
 Ideia de morte: considera/abandona
 CHOQUE – NEGAÇÃO – ACEITAÇÃO PARCIAL
 “Como somos todos imortais em nosso inconsciente, é
quase inconcebível reconhecermos que também temos
de enfrentar a morte” (p.47)
 Verificar necessidades do paciente em manter-se assim
e estratégias de enfrentamento
 Deixar negar quanto precise
2. RAIVA
 Revolta, inveja, ressentimento
 Período de mais difícil manejo tanto para família quanto
para a equipe
 Propaga-se em todas as direções
 POR QUE???
 “Um paciente que é respeitado e compreendido, a quem
são dispensados tempo e atenção, logo abaixará a voz e
diminuirá suas exigências irascíveis” (p.57)
 Tolerar a raiva – não é pessoal
3. BARGANHA
 Igualmente útil, tempo curto
 Se Deus não atende aos apelos de ira, deve-se apelar
com calma (?)
 Tentativa de adiamento
 Almejado = prolongamento da vida ou alguns dias sem
dor
 Maioria com Deus e mantidas em segredo
4. DEPRESSÃO
 Novos sintomas, novas hospitalizações, cirurgias – não tem
mais como negar
 Sentimento de grande perda
 Depressão reativa: pode ser encorajado a ver o lado bom
 Depressão preparatória: “quando a depressão é um
instrumento na preparação da perda iminente de todos os
objetos amados, para facilitar o estado de aceitação, o
encorajamento e a confiança não tem razão de ser” (p.93)
 Prestes a perder tudo e todos = exteriorizar seu pesar
“E não é só o mundo que eu perco, não
é só tudo e todos que amo. Eu me
perco a mim mesmo. Zás – e eis que eu
sumi.” (p.129)
5. ACEITAÇÃO
 Tempo + ajuda = tranquila expectativa
 Cansado e fraco, necessidade de cochilar e dormir com
frequência. Não é sono de fuga, necessidade gradual e
crescente de mais horas de sono
 Aceitação NÃO É felicidade
 Família: carece de apoio e compreensão
 Círculo de interesse diminui
 Visitantes: indesejados, não quer conversar
 “Para quem não se perturba diante de quem está
prestes a morrer, estes momentos de silêncio podem
encerrar as comunicações mais significativas” (p.118)
“Quando um homem está morrendo, as
paredes do seu quarto guardam uma
capela e o correto é adentrá-la com
veneração silenciosa, que soa e
reverbera como eco de que aquele que
morre deve ser atendido com reverência,
guardando devido respeito pela vida que
se vai e cuidando de todo possível para
que passe com menor dor e com maior
qualidade possível”.
Nulland

Contenu connexe

Tendances

A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira).
A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira). A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira).
A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira). Leonardo Pereira
 
Finitude nossa de cada dia
Finitude nossa de cada diaFinitude nossa de cada dia
Finitude nossa de cada diaMara Suassuna
 
Morte E Luto No Contexto Hospitalar
Morte E Luto No Contexto HospitalarMorte E Luto No Contexto Hospitalar
Morte E Luto No Contexto HospitalarWashington Costa
 
Os aspectos religiosos envolvidos no processo de morte e luto.
Os aspectos religiosos envolvidos no processo de morte e luto.Os aspectos religiosos envolvidos no processo de morte e luto.
Os aspectos religiosos envolvidos no processo de morte e luto.PrLinaldo Junior
 
O profissional da saúde diante da morte
O profissional da  saúde diante da morteO profissional da  saúde diante da morte
O profissional da saúde diante da morteMarian de Souza
 
Vencendo a morte
Vencendo a morteVencendo a morte
Vencendo a morteLisete B.
 
A morte no contexto hospitalar doação de órgãos
A morte no contexto hospitalar   doação de órgãosA morte no contexto hospitalar   doação de órgãos
A morte no contexto hospitalar doação de órgãosPrLinaldo Junior
 
Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Ciclos vitais finitude humana segunda aulaCiclos vitais finitude humana segunda aula
Ciclos vitais finitude humana segunda aulaErasmo Ruiz
 
A morte e o processo de morrer
A morte e o processo de morrerA morte e o processo de morrer
A morte e o processo de morrerEliane Santos
 
Aula 11 a morte e o luto2
Aula 11 a morte e o luto2Aula 11 a morte e o luto2
Aula 11 a morte e o luto2Futuros Medicos
 
125185642 o enfermeiro_e_a_morte
125185642 o enfermeiro_e_a_morte125185642 o enfermeiro_e_a_morte
125185642 o enfermeiro_e_a_mortePelo Siro
 

Tendances (20)

A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira).
A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira). A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira).
A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira).
 
Finitude nossa de cada dia
Finitude nossa de cada diaFinitude nossa de cada dia
Finitude nossa de cada dia
 
Morte E Luto No Contexto Hospitalar
Morte E Luto No Contexto HospitalarMorte E Luto No Contexto Hospitalar
Morte E Luto No Contexto Hospitalar
 
EDUCAÇÃO PARA A MORTE
EDUCAÇÃO PARA A MORTEEDUCAÇÃO PARA A MORTE
EDUCAÇÃO PARA A MORTE
 
Os aspectos religiosos envolvidos no processo de morte e luto.
Os aspectos religiosos envolvidos no processo de morte e luto.Os aspectos religiosos envolvidos no processo de morte e luto.
Os aspectos religiosos envolvidos no processo de morte e luto.
 
MORTE E MORRER
MORTE E MORRERMORTE E MORRER
MORTE E MORRER
 
O profissional da saúde diante da morte
O profissional da  saúde diante da morteO profissional da  saúde diante da morte
O profissional da saúde diante da morte
 
Psicologia e morte
Psicologia e mortePsicologia e morte
Psicologia e morte
 
Temor da morte – Livro dos Espíritos
Temor  da  morte – Livro dos EspíritosTemor  da  morte – Livro dos Espíritos
Temor da morte – Livro dos Espíritos
 
Um estudo teorico sobre a morte
Um estudo teorico sobre a morteUm estudo teorico sobre a morte
Um estudo teorico sobre a morte
 
Vencendo a morte
Vencendo a morteVencendo a morte
Vencendo a morte
 
A morte no contexto hospitalar doação de órgãos
A morte no contexto hospitalar   doação de órgãosA morte no contexto hospitalar   doação de órgãos
A morte no contexto hospitalar doação de órgãos
 
SOBRE A MORTE E O MORRER
SOBRE A MORTE E O MORRERSOBRE A MORTE E O MORRER
SOBRE A MORTE E O MORRER
 
Ciclos vitais finitude humana segunda aula
Ciclos vitais finitude humana segunda aulaCiclos vitais finitude humana segunda aula
Ciclos vitais finitude humana segunda aula
 
A morte e o processo de morrer
A morte e o processo de morrerA morte e o processo de morrer
A morte e o processo de morrer
 
Aula 11 a morte e o luto2
Aula 11 a morte e o luto2Aula 11 a morte e o luto2
Aula 11 a morte e o luto2
 
Luto e melancolia de Freud
Luto e melancolia de FreudLuto e melancolia de Freud
Luto e melancolia de Freud
 
Morte blog
Morte blogMorte blog
Morte blog
 
125185642 o enfermeiro_e_a_morte
125185642 o enfermeiro_e_a_morte125185642 o enfermeiro_e_a_morte
125185642 o enfermeiro_e_a_morte
 
ObsCidio - A Obsessão e o Suicídio
ObsCidio - A Obsessão e o SuicídioObsCidio - A Obsessão e o Suicídio
ObsCidio - A Obsessão e o Suicídio
 

Similaire à Curso Morte Cuidados

Suicídio conhecer para prevenir
Suicídio conhecer para prevenirSuicídio conhecer para prevenir
Suicídio conhecer para prevenirAbel Sidney Souza
 
FINITUDE, MORTE E MORRER.pdf
FINITUDE, MORTE E MORRER.pdfFINITUDE, MORTE E MORRER.pdf
FINITUDE, MORTE E MORRER.pdfIsadoraPereira32
 
Destino: A Casa de Hades - um estudo sobre a relação do homem ocidental com a...
Destino: A Casa de Hades - um estudo sobre a relação do homem ocidental com a...Destino: A Casa de Hades - um estudo sobre a relação do homem ocidental com a...
Destino: A Casa de Hades - um estudo sobre a relação do homem ocidental com a...Simone Elisa Heitor
 
Ciclo vitais finitude humana primeira aula
Ciclo vitais finitude humana primeira aulaCiclo vitais finitude humana primeira aula
Ciclo vitais finitude humana primeira aulaErasmo Ruiz
 
Como lidar com a morte
Como lidar com a morte Como lidar com a morte
Como lidar com a morte Felipe Cruz
 
A morte - Curso de Escatologia (6)
A morte - Curso de Escatologia (6)A morte - Curso de Escatologia (6)
A morte - Curso de Escatologia (6)Afonso Murad (FAJE)
 
Suicídio - Uma Epidemia Silenciosa
Suicídio - Uma Epidemia SilenciosaSuicídio - Uma Epidemia Silenciosa
Suicídio - Uma Epidemia SilenciosaCEENA_SS
 
Minicurso - A Morte no ensino das Ciências da Vida (1ª aula)
Minicurso - A Morte no ensino das Ciências da Vida (1ª aula)Minicurso - A Morte no ensino das Ciências da Vida (1ª aula)
Minicurso - A Morte no ensino das Ciências da Vida (1ª aula)Mario Amorim
 
Cap parcial 09 e completo 10 -aprendizes do bem livro 1 O jovem e a doutrina...
Cap  parcial 09 e completo 10 -aprendizes do bem livro 1 O jovem e a doutrina...Cap  parcial 09 e completo 10 -aprendizes do bem livro 1 O jovem e a doutrina...
Cap parcial 09 e completo 10 -aprendizes do bem livro 1 O jovem e a doutrina...Roberta Andrade
 
Filosofia e Morte - Conceitos Importantes
Filosofia e Morte - Conceitos ImportantesFilosofia e Morte - Conceitos Importantes
Filosofia e Morte - Conceitos ImportantesIgor da Silva
 
Os espíritas diante da morte
Os espíritas diante da morteOs espíritas diante da morte
Os espíritas diante da mortehome
 

Similaire à Curso Morte Cuidados (20)

Suicídio conhecer para prevenir
Suicídio conhecer para prevenirSuicídio conhecer para prevenir
Suicídio conhecer para prevenir
 
Programa - Depois da morte
Programa - Depois da mortePrograma - Depois da morte
Programa - Depois da morte
 
Suicídios Indiretos - como prevenir
Suicídios Indiretos - como prevenirSuicídios Indiretos - como prevenir
Suicídios Indiretos - como prevenir
 
FINITUDE, MORTE E MORRER.pdf
FINITUDE, MORTE E MORRER.pdfFINITUDE, MORTE E MORRER.pdf
FINITUDE, MORTE E MORRER.pdf
 
suicidio
suicidiosuicidio
suicidio
 
O Despertar da Consciência no Além Túmulo
O Despertar da Consciência no Além TúmuloO Despertar da Consciência no Além Túmulo
O Despertar da Consciência no Além Túmulo
 
Sentido da vida
Sentido da vidaSentido da vida
Sentido da vida
 
Alteracoescadavericas
AlteracoescadavericasAlteracoescadavericas
Alteracoescadavericas
 
Destino: A Casa de Hades - um estudo sobre a relação do homem ocidental com a...
Destino: A Casa de Hades - um estudo sobre a relação do homem ocidental com a...Destino: A Casa de Hades - um estudo sobre a relação do homem ocidental com a...
Destino: A Casa de Hades - um estudo sobre a relação do homem ocidental com a...
 
Ciclo vitais finitude humana primeira aula
Ciclo vitais finitude humana primeira aulaCiclo vitais finitude humana primeira aula
Ciclo vitais finitude humana primeira aula
 
Como lidar com a morte
Como lidar com a morte Como lidar com a morte
Como lidar com a morte
 
A morte - Curso de Escatologia (6)
A morte - Curso de Escatologia (6)A morte - Curso de Escatologia (6)
A morte - Curso de Escatologia (6)
 
Suicídio - Uma Epidemia Silenciosa
Suicídio - Uma Epidemia SilenciosaSuicídio - Uma Epidemia Silenciosa
Suicídio - Uma Epidemia Silenciosa
 
Minicurso - A Morte no ensino das Ciências da Vida (1ª aula)
Minicurso - A Morte no ensino das Ciências da Vida (1ª aula)Minicurso - A Morte no ensino das Ciências da Vida (1ª aula)
Minicurso - A Morte no ensino das Ciências da Vida (1ª aula)
 
Cap parcial 09 e completo 10 -aprendizes do bem livro 1 O jovem e a doutrina...
Cap  parcial 09 e completo 10 -aprendizes do bem livro 1 O jovem e a doutrina...Cap  parcial 09 e completo 10 -aprendizes do bem livro 1 O jovem e a doutrina...
Cap parcial 09 e completo 10 -aprendizes do bem livro 1 O jovem e a doutrina...
 
Instituto Espírita de Educação - Perdas e Luto
Instituto Espírita de Educação - Perdas e LutoInstituto Espírita de Educação - Perdas e Luto
Instituto Espírita de Educação - Perdas e Luto
 
Filosofia e Morte - Conceitos Importantes
Filosofia e Morte - Conceitos ImportantesFilosofia e Morte - Conceitos Importantes
Filosofia e Morte - Conceitos Importantes
 
Vida e-morte
Vida e-morteVida e-morte
Vida e-morte
 
Os espíritas diante da morte
Os espíritas diante da morteOs espíritas diante da morte
Os espíritas diante da morte
 
A alma é imortal
A alma é imortalA alma é imortal
A alma é imortal
 

Dernier

Amamentação: motricidade oral e repercussões sistêmicas - TCC
Amamentação: motricidade oral e repercussões sistêmicas - TCCAmamentação: motricidade oral e repercussões sistêmicas - TCC
Amamentação: motricidade oral e repercussões sistêmicas - TCCProf. Marcus Renato de Carvalho
 
eMulti_Estratégia APRRESENTAÇÃO PARA DIVULGAÇÃO
eMulti_Estratégia APRRESENTAÇÃO PARA DIVULGAÇÃOeMulti_Estratégia APRRESENTAÇÃO PARA DIVULGAÇÃO
eMulti_Estratégia APRRESENTAÇÃO PARA DIVULGAÇÃOMayaraDayube
 
Enhanced recovery after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery  after surgery in neurosurgeryEnhanced recovery  after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery after surgery in neurosurgeryCarlos D A Bersot
 
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfSistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfGustavoWallaceAlvesd
 
Assistencia de enfermagem no pos anestesico
Assistencia de enfermagem no pos anestesicoAssistencia de enfermagem no pos anestesico
Assistencia de enfermagem no pos anestesicoWilliamdaCostaMoreir
 
Medicina Legal.pdf jajahhjsjdjskdhdkdjdjdjd
Medicina Legal.pdf jajahhjsjdjskdhdkdjdjdjdMedicina Legal.pdf jajahhjsjdjskdhdkdjdjdjd
Medicina Legal.pdf jajahhjsjdjskdhdkdjdjdjdClivyFache
 

Dernier (6)

Amamentação: motricidade oral e repercussões sistêmicas - TCC
Amamentação: motricidade oral e repercussões sistêmicas - TCCAmamentação: motricidade oral e repercussões sistêmicas - TCC
Amamentação: motricidade oral e repercussões sistêmicas - TCC
 
eMulti_Estratégia APRRESENTAÇÃO PARA DIVULGAÇÃO
eMulti_Estratégia APRRESENTAÇÃO PARA DIVULGAÇÃOeMulti_Estratégia APRRESENTAÇÃO PARA DIVULGAÇÃO
eMulti_Estratégia APRRESENTAÇÃO PARA DIVULGAÇÃO
 
Enhanced recovery after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery  after surgery in neurosurgeryEnhanced recovery  after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery after surgery in neurosurgery
 
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfSistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
 
Assistencia de enfermagem no pos anestesico
Assistencia de enfermagem no pos anestesicoAssistencia de enfermagem no pos anestesico
Assistencia de enfermagem no pos anestesico
 
Medicina Legal.pdf jajahhjsjdjskdhdkdjdjdjd
Medicina Legal.pdf jajahhjsjdjskdhdkdjdjdjdMedicina Legal.pdf jajahhjsjdjskdhdkdjdjdjd
Medicina Legal.pdf jajahhjsjdjskdhdkdjdjdjd
 

Curso Morte Cuidados

  • 1. Curso de extensão: Até que a morte nos separe Adriana Soczek Sampaio soczeksampaio@yahoo.com.br
  • 2. Programa do curso  Aula 1: O processo do morrer  Aula 2: Cuidados Paliativos  Aula 3:Falando sobre a morte e o paciente terminal  Aula 4: Espiritualidade, morte e luto
  • 3. Critérios de Avaliação do Curso  Participação mínima de 80% do curso  Elaboração de um paper de 3 a 5 páginas sobre um dos assuntos trabalhados no curso
  • 4. Aula 1 O PROCESSO DO MORRER
  • 5. O Processo do Morrer  1. as doenças malignas, o mau prognóstico e a morte;  2. definição do conceito de morte e sua visão no Ocidente (segundo Phillip Ariès) e no Oriente;  3. a ars moriendi e o desejo de boa morte;  4. as fases do processo de morrer - segundo Kübler-Ross
  • 6.
  • 7. 1. Doenças malignas, mau prognóstico e morte  Doenças: estigmas ao longo dos séculos  Lepra, peste negra, gripe espanhola, tuberculose  HIV/AIDS  Câncer  Outras: cardíacas, renais, Alzheimer, AVC  Desejo: morte rápida, sem dor e sem sofrimento
  • 8. Isquemia cardíaca:  Próprio indivíduo trai seu organismo  Últimas horas: afogamento, sedação  circuito que se fecha  Exames cardíacos, história familiar, padrão de alimentação e fumo, tipo de personalidade e potencial para mudança, possibilidade de seguir conselho médico, planos e esperanças para futuro, sistema de apoio
  • 9. Velhice:  Não se pode! Mas...  Acúmulo de perdas e falhas nos mecanismos do corpo  Independe de uma enfermidade  Debilidade dos anos: incapacidade para se sobrepor  VIDA DE ÊXITOS & REALIZAÇÕES: compensa em qualidade o que não se pode ampliar em quantidade A utilidade de viver não está na duração e sim em seu uso. Viver bastante depende de nossa vontade e não do número de anos vividos. (Montaigne)
  • 10. Alzheimer:  Degeneração progressiva das células e perda de qualidade das células nervosas nas porções cerebrais associadas a funções superiores  Avança devagar, mas sem paradas  Entorno afetado: cuidados e vigilância  Alterações também de personalidade Não há dignidade neste tipo de morte. É um ato arbitrário da natureza, atropelamento da humanidade das suas vítimas. (Nulland)
  • 11. HIV/AIDS:  Crime da natureza, com alcance mundial pelos avanços da mobilidade humana  Devasta sistema imunológico que torna-se vulnerável à ação de infecções e certos tipos de tumores
  • 12. Morte trágica, traumática, acidental:  Não serve a objetivo algum posto que a natureza não necessita de ajuda para manter a ordem  Suicídio consciente: forma mais brutal de violência  Outras formas de suicídio: comportamento autodestrutivo (álcool, drogas, direção perigosa, fumo, hábitos sexuais não seguros, participação de brigas, torcidas organizadas, quadrilhas...)  Afogamento, sufocamentos, acidentes nos meios de transporte, violência
  • 13. Câncer:  Parasita cujas extremidades se ampliam aumentando seu domínio maligno  Processo silencioso  Mais de 150 tipos de CA  Afeta células em seu processo inicial de maturação – divide ao acaso e tem capacidade de reprodução infinita  Energia: reprodução e não na função do órgão invadido  Não morrem quando deveriam  Também mata à distância  Indiretamente mata pela caquexia: utiliza proteína e não gordura.  ...não há vitória, pois mata a sua vítima, mas morre com ela
  • 14. DOENÇA CRONICO EVOLUTIVA CURA RECIDIVA NÃO RESPOSTA TRATAMENTO REINSERÇÃO SEQUELAS RECOMEÇO ESTADO TERMINAL ÓBITO
  • 15. “A morte não é algo que nos espera no fim. É companheira silenciosa que nos fala com voz branda, sem querer aterrorizar, dizendo sempre a verdade, convidando à sabedoria” (Alves, 2002) 2. Definição do conceito de morte e sua visão no Ocidente e no Oriente
  • 16. MORTE  Perda, ruptura, desintegração, degeneração, fascínio, sedução, grande viagem, entrega, descanso, alívio  Processo, não confrontação, evento na sequencia de ritmos da natureza  Necessária para a ordem do sistema do universo  Inimigo a ser combatido: doença e não a morte. Esta é apenas o ponto final quando a batalha está perdida  Verdade metafísica  Alves, 2002: menor poder, maior escuta. Maior poder e técnica, fracasso  Processo evolutivo, complexa sequencia de eventos terminativos  Ayer (2005): dificuldade de determinar quando a vida se encerra – não reação a estímulos, ausência de movimentos respiratórios e reflexos, EEG plano
  • 17. “Mentira vital” (Becker) “Se estivéssemos conscientes o tempo todo de nossa morte e do nosso terror, seríamos incapazes de agir normalmente, ficaríamos paralisados”. Agimos como se fossemos imortais.
  • 18.
  • 19.
  • 20.
  • 21.
  • 22.
  • 23.
  • 24. A Morte no Ocidente 1. MORTE DOMADA (Idade Medieval)  sabe que vai morrer  Trajetória conhecida  Esperada no leito = atitude próxima e familiar/pública  Temor: morte repentina  Sepulturas na Igrejas  Churchyards = menos favorecidos / pátio  Tb lugar de passeio, descanso e oração  Grande mortalidade = valas coletivas
  • 25. Cerimonial do moribundo 1. Lamento da vida, evocação triste, mas discreta dos seres e coisas amadas 2. Perdão dos companheiros que rodeiam o leito 3. Absolvição sacramental
  • 26. 2. MORTE EM SI MESMO  O que acontecerá depois da morte?  Temor: julgamento da alma  ARS MORIENDI: tratados sobre a preparação e a arte de morrer e renascer  Testamento: 2 partes  Fórmulas piedosas: profissão de fé, confissão dos pecados, recomendações da alma, escolha da sepultura, transmissão dos desejos em relação aos sobreviventes  Transmissão de bens  Uso do preto: horror aos mortos, disfarce; noite, ausência de cor expressando abandono e tristeza. Indica aos outros que devem ter respeito  Medo de ser enterrado vivo (séc. XVII e XVIII) – atrasar os enterros – velórios de até 48h – pena sobre nariz
  • 27. Temas macabros Holbein, Hans. "The Dance of Death." Woodcut, before 1538. Facsimile, London, 1892.
  • 28. 3. MORTE DO OUTRO  Séc XIX: morte romântica  Bela, sublime repouso, eternidade  Possibilidade de reunião com ser amado  desejada  Forte prevalência crença na vida futura  Surgimento do espiritismo  Temor: almas do outro mundo – abrir porta ou janela, parar relógio, cobrir espelhos  Preocupação com insalubridade e decretos firmando espaços e profundidade das covas
  • 29. 4. MORTE INVERTIDA  Séc. XX – que se esconde, vergonhosa  Sociedade: expulsa morte para proteger a vida  Boa morte – repentina – temida  Morte: não mais fenômeno natural  Fracasso, impotência, imperícia = ocultada  Inconveniente = decomposição antes mesmo da morte  No hospital  Supressão do luto  Tempo da morte: cerebral, biológica, celular  A morte de Ivan Illitch – Tostói
  • 30.  Condições econômicas, sociais e políticas: atrasam ou adiantam a morte  Morrer tornou-se caro – sem igualdade  Funeral director: empresários que cuidam dos serviços funerários- família???  Morte: questão de fato e não de direito – médico é quem atesta
  • 31. Medicalização da morte: pretexto de respeitar a vida, prolongam-se os dias ao preço de desnecessário sofrimento
  • 32. Morte séc. XXI – Moritz (2005)  Ato prolongado  Evento científico  Passividade X onipotência  Pode se tornar um ato profano  Evento isolado e solitário  UTI: maior possibilidade de tratamento fútil
  • 33. A Morte no Oriente – visão pelo budismo  Morte: nem deprimente nem excitante. Apenas um fato da vida.  Se queremos morrer bem, devemos aprender a viver bem.  Morrer não é tranquilo se a vida foi cheia de violência ou a mente foi agitada por emoções como ódio, apego e medo.  “Na abordagem budista, a vida e a morte são vistas como um todo, onde a morte é o começo de um novo capítulo da vida. A morte é um espelho no qual o inteiro significado da vida é refletido.” (RINPOCHE, p. 29)  “Para quem se preparou e praticou, a morte não chega como uma derrota, mas como um triunfo, um coroamento da vida e o seu mais glorioso instante.’ (RINPOCHE, p. 33)
  • 34.  “Amanhã ou a próxima vida, o que vem primeiro, nunca se sabe” – ditado tibetano  MORTE = mistério. Duas verdades: 1. é absolutamente certo que um dia morreremos; 2. incerto quando e onde essa hora irá chegar  Lei IMUTÁVEL no universo – todas as coisas MUDAM!!!  “A sociedade moderna é em larga escala um deserto espiritual em que a maioria imagina que esta vida é tudo o que existe. Sem qualquer fé autêntica numa vida futura, a maioria das pessoas vive toda a sua existência destituída de um sentido supremo” (RINPOCHE, p. 25)  QUESTÃO:  Lembro a cada instante que estou morrendo, e todos e tudo ao meu redor também, e desse modo trato todos os seres a todo momento de forma compassiva?
  • 35.
  • 36.
  • 37. 3. Ars moriendi e o desejo de boa morte  AGONIA = grego agon = luta severa  Suposto protesto do ICS contra partida do espírito  Dias, semanas, horas = sofrimento moral e perturbação física  Endorfina = morfina do organismo = pelo estresse do avanço da doença – aumento do limiar a dor e reações emocionais – proteção perigos físicos e emocionais  Dec. 70: endorfina encontrada nos casos de choque por grande perda de sangue ou sepse
  • 38.  UTI = sedação = privação  Deixa de ser humano e torna-se desafio  Destituição de autonomia  Dependência de estranhos – ausência dos entes queridos  Família: preocupação – desespero - desesperança  Doença  Aviso benigno de Deus – parar e pensar no abandono de vida de pecado  Hoje: oportunidade única na agitada vida atual para reflexão interior???
  • 39. Estudo SUPPORT (1995) – study to understand prognosis and preferences for outcomes and risk of treatment  Coletar informações: pacientes terminais e familiares  4 anos – 9 mil pacientes – 5 hospitais de ensino EUA  O que mais causa sofrimento na situação de morte?  40% dores insuportáveis  80% fadiga extrema  55% conscientes até 3 dias antes da morte  63% dificuldade em tolerar grande sofrimento físico e emocional referente ao agravamento da doença e ao estágio final de vida
  • 40.  20% morreu na UTI – dos que foram e saíram  76% desconforto  72% muita sede  68% sono  63% ansiedade  56% dor  52% raiva
  • 41. 4. Fases do processo de morrer Elizabeth Kübler-Ross
  • 42. 1. NEGAÇÃO  “Não, eu não, não pode ser verdade”  Todo paciente usa negação/parcial  A maior frequência é no paciente não preparado para a notícia  Ideia de morte: considera/abandona  CHOQUE – NEGAÇÃO – ACEITAÇÃO PARCIAL  “Como somos todos imortais em nosso inconsciente, é quase inconcebível reconhecermos que também temos de enfrentar a morte” (p.47)  Verificar necessidades do paciente em manter-se assim e estratégias de enfrentamento  Deixar negar quanto precise
  • 43. 2. RAIVA  Revolta, inveja, ressentimento  Período de mais difícil manejo tanto para família quanto para a equipe  Propaga-se em todas as direções  POR QUE???  “Um paciente que é respeitado e compreendido, a quem são dispensados tempo e atenção, logo abaixará a voz e diminuirá suas exigências irascíveis” (p.57)  Tolerar a raiva – não é pessoal
  • 44. 3. BARGANHA  Igualmente útil, tempo curto  Se Deus não atende aos apelos de ira, deve-se apelar com calma (?)  Tentativa de adiamento  Almejado = prolongamento da vida ou alguns dias sem dor  Maioria com Deus e mantidas em segredo
  • 45. 4. DEPRESSÃO  Novos sintomas, novas hospitalizações, cirurgias – não tem mais como negar  Sentimento de grande perda  Depressão reativa: pode ser encorajado a ver o lado bom  Depressão preparatória: “quando a depressão é um instrumento na preparação da perda iminente de todos os objetos amados, para facilitar o estado de aceitação, o encorajamento e a confiança não tem razão de ser” (p.93)  Prestes a perder tudo e todos = exteriorizar seu pesar “E não é só o mundo que eu perco, não é só tudo e todos que amo. Eu me perco a mim mesmo. Zás – e eis que eu sumi.” (p.129)
  • 46. 5. ACEITAÇÃO  Tempo + ajuda = tranquila expectativa  Cansado e fraco, necessidade de cochilar e dormir com frequência. Não é sono de fuga, necessidade gradual e crescente de mais horas de sono  Aceitação NÃO É felicidade  Família: carece de apoio e compreensão  Círculo de interesse diminui  Visitantes: indesejados, não quer conversar  “Para quem não se perturba diante de quem está prestes a morrer, estes momentos de silêncio podem encerrar as comunicações mais significativas” (p.118)
  • 47. “Quando um homem está morrendo, as paredes do seu quarto guardam uma capela e o correto é adentrá-la com veneração silenciosa, que soa e reverbera como eco de que aquele que morre deve ser atendido com reverência, guardando devido respeito pela vida que se vai e cuidando de todo possível para que passe com menor dor e com maior qualidade possível”. Nulland