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EFEITOS DO HIDROGEL NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA DE MUDAS DE EUCALIPTO
Eucalyptus urophylla
Glauce Taís de Oliveira Sousa¹; Adalberto Brito de Novaes²; Gileno Brito de Azevedo³; Helane França Silva4
1Engenheira Florestal, Mestranda em Ciências Florestais, UnB, Brasília-DF. gtosousa@gmail.com.br;
2Doutor em Engenharia Florestal, Professor titular da UESB, Vitória da Conquista-BA. adalberto.brito@globo.com;
3Engenheiro Florestal, Mestrando em Ciências Florestais, UnB, Brasília-DF. gilenoba@hotmail.com;
4Engenheira Florestal, Mestranda em Engenharia Florestal, UFLA, Lavras-MG. helane.engflo@gmail.com.
1. INTRODUÇÃO
Dentre as espécies florestais, as do gênero Eucalyptus são as mais cultivadas no Brasil. Para a
implantação de florestas produtivas é necessária uma combinação de vários fatores, tais como materiais
genéticos adaptados ao local, condições edafoclimáticas favoráveis, manejo adequado e mudas de alto
padrão de qualidade (DAVIDE e FARIA, 2008).
Considerando o alto consumo de água na produção de mudas de eucalipto e a necessidade da sua
racionalização, Talheimer et al. (2010) reportam que a alternativa para aumentar a disponibilidade de
água, reduzir as perdas por percolação e lixiviação é a utilização de hidrogel.
Normalmente, este produto é utilizado no plantio das mudas em campo, no entanto, se incorporado ao
substrato de produção das mudas, pode disponibilizar água e nutrientes de forma gradativa para as
mudas, podendo diminuir a frequência de irrigação no viveiro (AZEVEDO et al., 2002), sem contudo
comprometer o seu padrão de qualidade.
Neste contexto, este trabalho objetivou avaliar a biomassa de mudas de Eucalyptus urophylla
submetidas a diferentes tempos de irrigação e diferentes doses de hidrogel incorporado ao substrato.
2. 2. MATERIAL E MÉTODOS
Fig. 1: A) Incorporação do hidrogel ao substrato; B) detalhes do experimento; C) mensuração do diâmetro de colo; D)
mensuração do peso de biomassa seca das raízes.
O experimento foi conduzido no Viveiro Florestal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
(Nov/2010 a Fev/2011), situado no município de Vitória da Conquista-BA. As mudas foram produzidas
via semente em tubetes de 50 cm³, preenchidas com o substrato comercial Vivatto Slim®, sendo
adicionado 30g de Osmocote® por saco do substrato.
O experimento foi instalado em Delineamento Inteiramente Casualizado, em esquema fatorial 2x5 (dois
tempos de irrigação x cinco dosagens de hidrogel) com quatro repetições, composta, cada uma, por 10
mudas. Foram adotadas três irrigações diárias nos tempos de 10 e 15 minutos. Com a finalidade de
evitar a influência da água da chuva no experimento, as mudas foram cobertas com lona plástica
transparente (Fig. 1). Foi utilizado o hidrogel Hydroplan® incorporado ao substrato em diferentes
dosagens (sem hidrogel, 1g, 2g, 3g e 4g de hidrogel/litro de substrato).
Fig. 1: A) Incorporação do hidrogel ao substrato; B) detalhes do experimento; C) mensuração do diâmetro de colo; D)
mensuração do peso de biomassa seca das raízes.
Os parâmetros avaliados aos 100 dias da semeadura foram: biomassa seca aérea (BSA), biomassa seca
das raízes (BSR), biomassa seca total (BST) e índice de qualidade de Dickson (IQD). Os resultados obtidos
foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
3. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os parâmetros BSA, BSR e BST não apresentaram interação significativa entre os fatores estudados. A
tabela 1 apresenta os valores médios dos parâmetros avaliados. Para BSA só foi observada diferença
significativa entre as dosagens de hidrogel, onde as mudas que receberam 4g apresentaram as maiores
médias, sendo estatisticamente superiores às demais, exceto as mudas com 3g.
Estes resultados indicam que, independente do tempo de irrigação, a utilização do hidrogel favoreceu o
aumento da BSA das mudas. De forma geral, quanto maior a dosagem do hidrogel utilizada, maior foi a
média para este parâmetro. Quanto à BSR, as maiores médias foram obtidas em dosagens maiores de
hidrogel (3g e 4g), no entanto, estas diferiram estatisticamente, apenas do tratamento com 1g de
hidrogel. Já a BST apresentou comportamento semelhante à BSA, sendo os tratamentos com 3g e 4g
aqueles que apresentaram as maiores médias. Para o IQD (Tabela 1), a interação entre os fatores
estudados foi significativa. As dosagens de hidrogel, dentro do tempo de 15 minutos, não influenciaram
nos valores de IQD, que não diferenciaram estatisticamente entre si. Já para o tempo de 10 minutos, as
mudas produzidas com 3g e 4g foram superiores às mudas produzidas sem hidrogel e com 1g.
Para todos os parâmetros avaliados, observou-se que as mudas produzidas sob os diferentes tempos de
irrigação não apresentaram diferença estatística entre si, nas mesmas quantidades de hidrogel, exceto
para o IQD, no tempo de 10 minutos, onde as mudas produzidas sem a utilização de hidrogel foram
estatisticamente inferiores às mudas no tempo de 15 minutos.
A utilização do hidrogel incorporado ao substrato mostrou-se como uma estratégia eficiente para a
redução do consumo de água em viveiros florestais, onde mudas produzidas com três irrigações diárias
de 10 minutos apresentaram padrão de qualidade semelhante a mudas produzidas com três irrigações
diárias de 15 minutos.
Dosagem de
hidrogel (g/L)
BSA (g) BSR (g) BST (g) IQD
Tempo (min) Tempo (min) Tempo (min) Tempo (min)
10 15 Média 10 15 Média 10 15 Média 10 15 Média
0 0,640n
s
0,869 0,754c 0,290n
s
0,394 0,342a
b
0,931n
s
1,263 1,097c 0,073c
B
0,101a
A
0,087
1 0,702 0,745 0,723c 0,281 0,328 0,305b 0,983 1,073 1,027c 0,086b
cA
0,092a
A
0,089
2 0,912 0,874 0,893b
c
0,375 0,344 0,359a
b
1,287 1,217 1,252b
c
0,107a
bA
0,089a
A
0,098
3 1,086 1,042 1,064a
b
0,413 0,391 0,402a 1,499 1,432 1,466a
b
0,124a
A
0,101a
A
0,113
4 1,155 1,136 1,145a 0,405 0,425 0,415a 1,560 1,560 1,560a 0,119a
A
0,119a
A
0,119
Média 0,899ns 0,933 0,353ns 0,376 1,252ns 1,309 0,102 0,100
CV(%) 13,61 14,93 12,43 15,70