1. A Cura do Cego de
Betsáida
Waldir Monteiro
Grupo Espírita Recanto de Paz
Ipiguá - SP
2. Marcos: VIII, 22-26
• "Então chegaram a Betsaida. E trouxeram-lhe um
cego e pediram-lhe que o tocasse. Jesus, tomando o
cego pela mão, conduziu-o para fora da aldeia; e
cuspindo-lhe nos olhos, pôs as mãos sobre ele, e
perguntou-lhe: Vês alguma coisa? Este, elevando os
olhos, respondeu: Vejo os homens, porque, como
árvores, os percebo andando. Então lhe pôs outra vez
as mãos sobre os olhos; e ele olhando atentamente,
ficou são; e distinguia tudo com clareza. Depois o
mandou para sua casa e disse: Não entres nem na
aldeia. "
3. Cairbar Schutel
• Betsaida, cidade da Palestina, da tribo de Zabulon, próxima de Cafarnaum
e perto da margem ocidental do Lago Genesaré. Betsaida significa
literalmente a "região da pesca". Foi a pátria dos discípulos de Jesus -
Pedro, André e Filipe. Betsaida foi uma das cidades da Palestina em que
Jesus operou os maiores e mais numerosos prodígios, e cuja população foi
a mais endurecida e obstinada em não seguir os ditames do Mestre.
Parecia uma gente que se limitava a observar "milagres" e a pedir
"prodígios".
Pela narração de Marcos vemos que logo que Jesus chegou a Betsaida com
seus discípulos, trouxeram-lhe um cego e lhe pediram que o tocasse. Jesus
acedeu à solicitação, mas conduziu o paciente para fora da aldeia, longe
do contacto com os curiosos que se limitavam a ver novidades. Aliás, o
Mestre agia sempre desse modo quando julgava por bem restituir a saúde
a um enfermo. O meio tem considerável influência nestas manifestações
que requerem ambiente especial para que o sucesso seja como se deseja.
4. “E tomando o cego pela mão,
levou-o para fora da aldeia”.
• Podemos observar que Jesus, ao iniciar o paciente
processo de cura, manifestado na frase: (tomando o
cego pela mão) afastando-o do foco de dificuldades
(levou para fora da aldeia).
• O gesto de pegar o doente pela mão revela a base
em que se fundamenta o trabalho com o Cristo:
atenção, simpatia, cuidado, ação eficiente. Por este
motivo, as mãos de Jesus são sempre operantes,
espalhando o amor de modo incansável.
5. O processo de cura
• Este se estabelece quando o enfermo começa
a se desligar das causas geradoras da doença,
sobre tudo quando é apoiado pela família e
amigos. A estratégia utilizada por Jesus
estabeleceu que, de imediato, era necessário
afastar o cego dos seus problemas, da
influência negativa do ambiente psíquico em
que se encontrava mergulhado, por este
motivo levou-o para fora da aldeia.
6. Recursos terapeuticos (cuspindo-
lhe nos olhos)
• O texto de Marcos mostra que Jesus utilizou dois
recursos terapêuticos na cura do cego: a saliva e a
imposição das mãos. O registro evangélico diz que
“é, cuspindo-Lhe nos olhos, e impondo-lhes as maõs,
perguntou-lhe se via alguma coisa.” O uso da saliva
indica que a enfermidade daquele companheiro
exigia, por suas características, uma providência de
ordem bastante material. É importante ressalvar que
somente ao Cristo coube a utilização da saliva
como elemento curativo, em razão da sua
elevada pureza.
7. “Vês alguma coisa”
• Após a transmissão magnético fluídica, Jesus
“perguntou-lhe se via alguma coisa.” A pergunta é
significativa: o cego é chamado a reagir, a
despertar, sair do estado psíquico em que se
encontrava e acordar para a vida, exercitando a
visão espiritual que se lhe abria. A magnificência da
lição nos mostra como deve ser o processo de
auxilio: o enfermo não foi constrangido a ver
segundo a ótica de Jesus- que por efeito
contrario, manteria o doente no estado da
cegueira, já que a luz excessiva também
cega-, mas de acordo com a condição
evolutiva do próprio espírito beneficiado.
8. Continuação...
• Olhos otimistas saberão extrair motivos
sublimes de ensinamento, nas mais diversas
situações do caminho em que prosseguem.
9. “E LEVANTANDO ELE OS OLHOS”
• “E, levantando ele os olhos, disse: vejo os
homens: pois os vejo como árvores que andam”.
• Esta expressão: “levantando ele os olhos” traduz-
se como um inequívoco propósito de elevação,
atestado pela sua disposição íntima de curar-se.
Se a indagação anterior de Jesus – se o enfermo
via alguma coisa – afere o desejo de efetiva
transformação moral do necessitado, o gesto
caracterizado por “levantando ele os olhos”,
confirma a determinação do atendido em seguir
as orientações do Cristo.
10. Continuação ...
• Continuando em sua determinação de se
libertar da cegueira, diz o cego: “Vejo os
homens, pois os vejo como árvores que
andam”. Esta informação mostra que a visão
distorcida da realidade pode estar relacionada
a diferentes causas. Verifica, porém, que a
distorção visual poderia estar relacionada,
não a problemas no globo ocular, mas à visão
espiritual. Ver homens que parecem árvores
que andam, indica visão aparente, superficial
e embaçada.
11. Continuação ...
• O ambiente ao qual nos vinculamos não é uma
floresta de criaturas aparentemente iguais, como
sugere a expressão árvores que andam?
• O fato refere-se a passagem do espírito, da
materialidade em que está, para a
espiritualidade, da ignorância para a sabedoria,
das trevas para a luz, repentinamente.
• Espíritos assim, ainda não distingue claramente a
realidade.
12. “Tornou a pôr-lhe as mãos nos
olhos”
• A semelhança do cego que deseja enxergar
com nitidez, devemos dilatar a nossa visão
espiritual, buscando de forma incessante o
melhor que a vida oferece em termos de
conquistas morais e intelectuais.
13. “Ficou restabelecido”
• A expressão verbal “ficou restabelecido” pode
ser interpretada com retorno do equilíbrio e
pela capacidade de retornar a posição de
criaturas simples e bem dispostas.
• As pessoas simples já não perdem e nem se
mantêm presas no emaranhado de
complicações, caracterizado pela indiferença,
egoísmo, vaidade e etc.
14. “Não entres na aldeia”
• Trata-se de uma recomendação de Jesus justa e
prudente, indicando que o doente, para se manter
permanentemente livre da cegueira, não deve
retornar a posição anterior, antes de ser curado. “Não
entres na aldeia” é ordenação precisa do Senhor que
mostra ao convalescente a necessidade de vibrar em
planos mais elevados. A cura só se concretiza quando
o imperativo de Jesus “Não entres na aldeia” é, de
fato assimilado. Quando o espírito entende que é
preciso recolher-se a própria intimidade (sua “casa”).
15. “Ver ao longe”
• Ver ao “longe” e “distintamente” tem
significado de ver além ou acima das
aparências, enxergando o próximo como
irmão, já que todos somos filhos do mesmo
Pai. Não se trata, pois, de visualizarmos as
pessoas como criaturas humanas (“como
árvores que andam”), mas como
companheiros em processo de caminhada
para Deus.
16. •
Caibar Schutel das coisas
O materialista, o católico, o protestante, em sua ignorância
espirituais, ao transporem a cegueira da negação ou dos dogmas que os
oprimem, não ficam de posse instantânea da Verdade Espírita. E' como um
edifício, que não pode ser retirado de momento do lugar que ocupa, e ser
substituído por outro edifício novo de mais fortaleza e estética. Tem de ser
derribado, e os escombros removidos para que ao novo edifício seja dado
um alicerce adequado e sólido.
• E enquanto se efetua esse trabalho de transformação, há uma certa confusão
de cal, areia, cimento, pedras, tijolos, telhas, madeira, ferro, sem que o
arquiteto posso colocar, combinar tudo em seus lugares. Só depois de todo o
trabalho, que demora algum tempo, é que o novo edifício aparece, segundo
o plano traçado anteriormente.
• Finalmente, a lição da cura do cego é a lição do triunfo da Verdade na sua
luta contra a falsidade. Ela deixa ver, ao mesmo tempo, que Jesus, seja no
plano físico, seja na esfera espiritual, veio tirar o homem do abismo das
trevas para a região da luz, e bem-aventurados serão aqueles que, dóceis à
ação do Mestre, conseguirem, como o "cego de Betasaída", a visão do
mundo com suas aparências enganadoras e a visão das coisas espirituais com
suas claridades e esplendores.
• Mas é complemento objetivo, condição terminante, tanto ao cego o corpo
como ao cego da alma, não voltar mais à aldeia em que estava: "Vai para a
tua casa; na aldeia nem entres".
17. “E mandou para a sua casa”
• Tem dupla interpretação:
• A primeira é literal e está relacionada ao
ambiente doméstico, onde convivemos com os
familiares e amigos próximos. Trata-se do local
apropriado para a execução das
responsabilidades e dos deveres definidos pela
reencarnação.
• A segunda diz respeito a casa íntima, a mente
do espírito, plano onde se opera as aquisições
necessárias ao progresso espiritual.
18. A propósito, esclarece Emmanuel:
• A interpretação espírita da cura do cego de
Betsaida nos faz recordar Saulo de Tarso que,
ao encontrar o Cristo na estrada de Damasco,
precisou perder temporariamente a visão
física para que pudesse enxergar as claridades
espirituais.
• Aqueles 3 dias em Damasco, para Paulo foram
de rigorosa disciplina espiritual. Sua
personalidade dinâmica havia estabelecido
uma trégua as atividades mundanas, para
examinar os erros do passado.
19. Caibar Schutel
• Assim, "fora da aldeia", o Divino Médico, tirando dos seus próprios
lábios o remédio que deveria vitalizar as células componentes do
aparelho óptico, aplicou-o aos olhos do cego, impôs depois sobre ele
suas puríssimas mãos portadoras do veículo magnético do Amor, e
perguntou-lhe: "Vês alguma coisa?"
Como sói acontecer a todos os cegos que recuperam repentinamente a
vista, os objetos lhe pareceram muito maiores e ele viu os homens
andando, mas de tamanho desmesurado; pelo que respondeu: "Vejo os
homens como as árvores e os percebo andando".
Jesus então, desta vez, pôs novamente suas mãos nele, mas sobre os
olhos e, restabelecido, o oprimido disse distinguir tudo com clareza. Esta
cura não foi instantânea, mas precisou de ações reiteradas de fluidos
magnéticos, como se nota atualmente no tratamento pelo Magnetismo.
Entretanto, colhemos uma lição de inestimável proveito em tudo isso, e
refere-se à passagem do Espírito, da materialidade em que está, para a
espiritualidade, da ignorância para a sabedoria, das trevas para a luz. Ele
não adquire, como o cego não adquiriu, repentinamente a vidência da
Verdade; passa por um estado de confusão, assim como o cego - vendo,
mas vendo homens como árvores, até que possa distinguir claramente a
realidade.