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A dialéctica relacional nas teorias de Baxter e Montgomery
1. Dialéctica Relacional
Baxter e Montgomery
Prof. Doutor Fernando Ilharco
Universidade Católica Portuguesa
Faculdade de Ciências Humanas
A Tradição Fenomenológica (I)
A comunicação como a experiência do “eu” e do “outro” através do diálogo
_Experiência subjectiva – a minha própria experiência
_Diálogo e entendimento
_ Comunicação efectiva: congruência, atitude positiva incondicional,
compreensão empática (Rogers)
_ Intersubjectividade: comunicar, experimentar e partilhar, em comum
(Husserl)
_ Comunicação como o ser-no-mundo-com-os-outros. Estamos e somos
já-e-sempre-com-os-outros (Heidegger).
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2. A Tradição Fenomenológica (II)
Inspiração de Mikhail Bakhtin
_Intelectual russo que escreveu sobre literatura e filosofia
durante o regime estalinista
_A tensão dialéctica é estrutural à experiência humana
A
_As tensões não têm resolução (oposição a Marx e Hegel);
estão sempre em fluxo
Bakhtin
_As tensões estimulam o diálogo
(1895-1975)
Baxter e Montgomery:
_A tensão dialéctica é natural nas relações
_As contradições são inevitáveis e podem ser positivas
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3. Leslie Baxter e Barbara Montgomery
_Leslie Baxter trabalha na Universidade de Iowa;
Barbara Montgomery trabalha na Universidade de
New Hampshire
_Estudam a comunicação em relações muito
próximas
Barbara Montgomery
_Dada a complexidade das relações, não
pretendem encontrar leis científicas universais, mas
conhecer tendências que orientem o início, o
desenvolvimento, a manutenção e a ruptura das
relações
Relações Próximas
A teoria de Baxter e Montgomery aplica-se a:
_relações amorosas
_relações familiares
_relações d amizade
l õ de i d
_O conflito é inerente ao ser humano e às relações
(contradições, contingências, irracionalidade,
diversos mundos)
_As relações humanas são dinâmicas, estão em
fluxo constante
3
4. Conceito de Contradição
CONTRADIÇÃO:
interacção dinâmica entre duas tendências interdependentes
(princípio dialéctico da unidade) e
que se negam uma à outra(princípio dialéctico da
negação); são opostas
_O conflito é inerente ao ser humano e às relações (contradições,
contingências, irracionalidade, diversos mundos)
Relações e dialéctica
_As relações organizam-se em torno da interacção entre tendências
opostas e contraditórias
_A dialéctica relacional consiste na interacção entre diferentes tensões
que existe nas relações próximas
intimidade vs. independência
conformidade vs. originalidade
autonomia vs. comunidade
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5. Três Forças Dialécticas (I)
_Baxter entrevistou homens e mulheres sobre as suas relações
_Identificou 3 forças dialécticas presentes em todas as relações
Outros autores já tinham identificado algumas forças
presentes:
_Proximidade (Rogers)
_Certeza (Berger)
_Abertura (Altman e Taylor)
Baxter identificou:
_Autonomia
_Novidade
Novidade
_Privacidade
Tensões não são either/or mas both/and: as relações são
complexas
Três Forças Dialécticas (II)
_Dialéctica interna: tensões presentes entre os membros de uma relação
_Dialéctica externa: tensões presentes entre os membros de uma relação
e a comunidade na qual se inserem
Baxter e Montgomery identificam 3 principais tensões para cada um dos
casos, mas existem muitas mais.
Dialéctica Interna Dialéctica Externa
Ligação <> Separação Inclusão <> Exclusão
Certeza <> Incerteza Estabilidade <> Inovação
ã
Abertura <> Isolamento Revelação <> Sonegação
…<>… …<>…
5
6. Três Forças Dialécticas (III)
LIGAÇÃO <> SEPARAÇÃO / INCLUSÃO <> EXCLUSÃO
_É uma das principais tensões das relações (abdicar de
autonomia; perder individualidade)
_A supremacia de uma das forças prejudica a relação
A
_Inicial necessidade de exclusão; posterior necessidade de
inclusão
Três Forças Dialécticas (III)
CERTEZA <> INCERTEZA / ESTABILIDADE <> INOVAÇÃO
_O mistério e a espontaneidade são positivos na relação
_Em relação à comunidade, há pressão para a conformidade e
necessidade d ser original e único
id d de i i l ú i
6
7. Três Forças Dialécticas (III)
ABERTURA <> ISOLAMENTO / EXPRESSÃO <> NÃO EXPRESSÃO
_Necessidade simultânea de intimidade e de privacidade
_Dilemas sobre o que revelar ou não aos outros (necessidades
de
d apoio e aprovação dos outros; incertezas)
i ã d t i t )
Práticas para Conciliar Tensões Dialécticas
A melhor forma de lidar com as tensões é o diálogo honesto sobre elas
Oito Estratégias:
_1 Negação: ignorar um dos pólos da tensão; conduz a insatisfação
_2 D
2 Desorientação: i
i ã impotência f
ê i face à tensão; não há diálogo
ã ã diál
_3 Espiral: alternar entre tensões opostas ao longo do tempo
_4 Segmentação: isolar aspectos da relação e identificá-los com uma
das forças
_5 Equilíbrio: reconhecimento da legitimidade de ambos os opostos;
diálogo contínuo; satisfação alternada pois ora “ganha” um ora outro
_6 Integração: conciliar forças opostas
_7 Reenquadramento: re-contextualização das tensões de forma a
minimizar as oposições; solução temporária
_8 Reafirmação: reconhecimento da inevitabilidade das tensões;
considerar as tensões formas de enriquecer a relação
7
8. Ênfase no Diálogo
_Desenvolvimento da teoria: foco nas tensões dialécticas passou a foco
no diálogo
_Inspiração de Bakhtin: sem diálogo não há relação
Definição de DIÁLOGO:
_Processo construtivo:
P t ti
A comunicação mantém e desenvolve a relação
(interaccionismo simbólico)
_Fluxo dialéctico:
As contradições estão em permanente fluxo;
este é imprevisível
_Momento estético:
O diálogo i
diál implica respeito pelo outro e pelas posições
li it l t l i õ
contraditórias de cada um; é uma performance comum
_Uterância:
Diálogo é um conjunto de uterâncias (comunicação)
_Sensibilidade crítica:
O diálogo critica o domínio, a opressão e o ignorar o outro
Críticas
_A teoria será válida?
Explica que as relações são complexas, mas…
…não tem uma estrutura clara e lógica
…não explica o presente nem permite prever o futuro
…não apresenta proposições nem axiomas
não
…não permite generalizações
_A teoria é interpretivista: é uma perspectiva global sobre as
contradições e as mudanças das relações na prática quotidiana
_As relações são de facto muito complexas: cada força não está apenas
em tensão com o seu oposto mas também com todas as outras
_Compreender a complexidade das relações e a dificuldade que a sua
manutenção representa aumenta a sua valorização.
“Sustaining a relationship seems to be a very similar process to riding a
unicycle.” Baxter e Montgomery
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