O documento discute os gêneros literários, definindo-os como classificações de obras com características similares. Apresenta os gêneros lírico, épico e dramático como as divisões tradicionais e explica que o gênero narrativo surgiu como uma variante do épico. Detalha as características do lírico, incluindo sua origem musical e foco na expressão subjetiva de sentimentos através de um "eu poético".
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ GÊNEROS LITERÁRIOS PROFESSORA ISABEL SOUZA BELÉM – PARÁ 2010
2. Conceituação e evolução histórica A problemática dos gêneros, a mais antiga da teoria literária, também da mais complexas e controvertidas, empenha ainda hoje o interesse dos estudiosos, que preservam na busca de uma conceituação. Entre divergências e oscilações, o assunto atravessa toda a história da literatura e da crítica, ora assumindo acomodações de fidelidade a preceitos estáticos, ora desencadeando inovações, com investidas aguerridas e alvoraçadas. O fato é que a questão permanece aberta, a aguçar nossa curiosidade num desafio milenar. (Eduardo Portela)
3. O primeiro a tomar consciência dos gêneros foi Platão, mas cabe a Aristóteles o lançamento de suas bases fundamentais na Poética, que se com a intenção de abordar a produção poética e os seus diversos gêneros, classificando as obras segundo elementos formais e conteúdistas. Assim, o o gênero literário pressupõe uma classificação de obras consignadas por características afins.
4. Pela necessidade de dividir a literatura em blocos, surgiram os chamados gêneros literários. Tradicionalmente esses gêneros dividem-se em lírico, épico e dramático. Modernamente, outras classificações são possíveis, sobretudo por causa da evolução literária da prosa e a valorização da sátira. Daí, surgir a necessidade de uma nova classificação o gênero narrativo. Considera-se o gênero narrativo uma variante do gênero épico. Caracteriza-se por apresentar-se em prosa.
5. Gênero lírico A palavra lírico deriva de lira, instrumento musical usado pelos antigos gregos (a.C) para acompanhar as recitações da época. Assim a palavra lírica era empregada à canção entoada ao som da lira. Essa união entre verso e música fez com que o ritmo fosse a característica marcante da obra lírica. Na Idade Média, a lira foi substituída por instrumentos como a viola, o alaúde, etc. Por volta do século XV ocorreu a separação entre verso e o acompanhamento musical. Portanto, o texto lírico deixou de ser cantado para ser lido ou declamado. A musicalidade, o ritmo, a sonoridade passaram a ser trabalhados no interior da própria linguagem.
6. A poesia passou a apresentar uma estrutura que garantisse a marca da musicalidade no texto poético. A partir daí, a metrificação (medidas de um verso definidas pelo número de sílabas poéticas), o ritmo, foi valorizada, como também o ritmo das palavras, a divisão das estrofes, a rima, a combinação de palavras passaram a ser intensamente cultivados pelos poetas. Para atingir o pretendido, o aspecto formal ganhou relevância e o poema ganhou forma fixa. Dentre as poesias de forma fixa, a que resistiu até os dias de hoje foi o soneto (pequeno som): composição poética de 14 versos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos.
7. Eu/ que/ro a/mar/, a/mar/ per/di/da/men/te Amar só por amar: aqui...além... Mais este e aquele, o outro e toda gente... Amar! Amar! E não amar ninguém! Recordar? Esquecer? Indiferente! Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente. Há uma primavera em cada vida É preciso cantá-la assim florida. Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar! E se um dia hei de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite uma alvorada, Que me saiba perder ... Pra me encontrar... (Florbela Espanca)
8. Pertencerá à lírica todo poema de extensão menor, na medida em que nele não se cristalizem personagens nítidos e que, ao contrário, uma voz central – quase sempre um “Eu” – nele exprimir seu próprio estado de alma. (ROSENFELD, Anatol. O teatro épico. S.Paulo, Burutti, 1995. p. 5.)
9. Os poemas líricos dividem-se quanto ao teor de sua estrutura: ode, elegia, idílio e écogla, epitalâmio, sátira, soneto, hino, acróstico, canção, balada, etc. Conceitos: Ode – é uma poesia entusiástica de exaltação. Hino - poema destinado a glorificar a pátria ou dar louvores a dinvindades. Elegia - poemas melancólicos que expressam luto ou tristeza.
10. Idílio e Écloga : são poesias bucólicas. A écloga difere do idílio por apresentar diálogo. Epitalâmio - poesia feita em homenagem as núpcias de alguém. Sátira - poesia que censura os defeitos humanos. Haicai – japonês haiku, poemas cômicos – poema japonês caracterizado pela brevidade, composto de três versos, somando dezessete sílabas, o primeiro e terceiro com cinco e o segundo com sete.
12. A produção lírica concentra-se no mundo interior do poeta, quando um “eu poético” nos passa uma emoção, um sentimento, um estado d’alma, apresentando forte carga subjetiva. Essa subjetividade tão presente nos textos poéticos é a grande marca dos gênero lírico.