O documento discute a crise na indústria brasileira de borracha devido à queda no preço internacional. Produtores se reunirão com o ministro da Agricultura para pedir apoio do governo, como medidas para equalizar preços internamente. A queda nos preços já desestimulou trabalhadores e ameaça colapsar a produção nacional.
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Preço baixo da borracha ameaça produção nacional e desestimula trabalhadores rurais
1. %HermesFileInfo:B-5:20140714:
O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 14 DE JULHO DE 2014 Economia B5
Associações de apoio:Propriedade e produção:
São Paulo,Brasil
21-23 Outubro 2014
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GRANDE SÃO PAULO OUTRAS LOCALIDADES
A produção da borracha é res-
ponsávelpormaisde50milpos-
tosdetrabalhosdiretosnocam-
po. Segundo a Associação Pau-
lista de Produtores e Beneficia-
dores de Borracha (Apabor),
com a queda no preço nos últi-
mosdoisanos,muitostrabalha-
dores estão desestimulados.
Numa fazenda em Mato Gros-
so,por exemplo,havia 800mo-
radores trabalhando em 2.600
hectares de seringueira antes
da crise. Atualmente, são 150
moradores em 533 hectares.
Na avaliação de Fernando do
Val Guerra, da Apabor, um dos
riscos provocados pelo baixo
preço provocado no mercado é
a evasão do campo para a cida-
de.“Éaúltimaculturadeabran-
gência nacional que fixa a mão
de obrano campo com qualida-
de,sendototalmentedependen-
te de mão de obra desde a cata-
çãodesementes,aosviveirosde
mudas e à exploraçãodo látex.”
Em condições normais, diz
ele, um “sangrador” – aquele
que retira a borracha da árvore
– recebe mensalmente algo em
torno de R$ 1,8 mil. Dependen-
do da quantidade de pessoas
em cada família, o valor pode
dobrar ou até triplicar.
Remuneração. O pesquisador
do Instituto Agronômico de
Campinas(IAC),PaulodeSou-
za Gonçalves, da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento
doEstado deSãoPaulo,explica
que boa parte dos trabalhado-
res adotam o sistema de parce-
ria, em que recebe um porcen-
tual da produção – é como o
meeiro da lavoura de café.
“Quandoopreçoestavamaisal-
to,eleganhavabastantedinhei-
ro. Agora estão passando difi-
culdade”, diz o pesquisador.
A outra forma de remunera-
çãoéfixa,commaisumporcen-
tualdeacordocomaprodutivi-
dade.Nessecaso,otrabalhador
tem registro em carteira. Gon-
çalvesexplicaque,naprodução
paulista,osistemaquepredomi-
naéodeparceria,comremune-
ração variável conforme a pro-
dução.
Atualmente, o Estado de São
Pauloéomaiorprodutornacio-
nal:respondepor55,3%detudo
queéproduzidonoPaís–parti-
cipação bem acima do segundo
colocado que é a Bahia, com
15,9%. O Amazonas e o Pará,
que já dominaram essa cultura,
hojetêmumaparticipaçãomíni-
ma.PelosdadosdaApabor,jun-
tos,Pará,Tocantins,MatoGros-
so do Sul, Paraná, Amazonas e
Acre,detémapenas5,1%dapro-
dução nacional. /R.P.
Setor cria mais de
50 mil postos de
trabalho no campo
JF DIORIO/ ESTADÃO
“Não temos uma
política para o setor de
borracha. Corremos
o risco de um colapso”
Fernando do
Val Guerra
DIRETOR DA ABRABOR
Renée Pereira
A estratégia de alguns países
asiáticos de aumentar a plan-
tação de seringueiras acima
do previsto, aliada à lenta re-
cuperação das economias
americanas e europeias, pôs a
indústria brasileira de borra-
cha (produção e beneficia-
mento) sob forte risco de co-
lapso. Com uma superoferta
do produto no mercado mun-
dial – só em 2013, sobraram
700toneladas–,opreçointer-
nacional despencou 42%.
SegundoaAssociaçãoBrasilei-
ra de Produtores e Beneficiado-
res de Borracha Natural (Abra-
bor), além de não remunerar a
atividade econômica, esse valor
tem desestimulado o trabalha-
dorrural.Paraevitarqueospro-
blemas se propaguem e inter-
rompamessenovociclo dabor-
rachanoBrasil,aentidadesereú-
ne hoje com o ministro da Agri-
cultura Neri Gueller para pedir
apoio do governo para o setor.
Umadaspropostasaserapre-
sentada seria adotar medidas
para equalizar o preço interno,
sejapormeiodeaumentodealí-
quotadeimportação,desonera-
ção tributária da indústria de
pneus ou taxa de equalização.
“Quem definirá a melhor saída
é o governo”, diz o diretor exe-
cutivo da Abrabor, Fernando
doValGuerra.Segundoele,con-
siderando o faturamento da in-
dústria de pneus em torno de
R$ 10,9 bilhões e IPI de R$ 1,5
bilhão,areduçãodaalíquotase-
riasuficienteparamanterasus-
tentabilidade do setor produti-
vo da borracha natural.
Hojeoquilodocoáguloretira-
do das árvores está entre R$
1,50 e R$ 1,69, variando confor-
me o custo do frete. Depois de
beneficiado, o valor sobe para
R$4,43,segundoosdadosdaAs-
sociação Paulista de Produto-
res e Beneficiadores de Borra-
cha (Apabor). Os produtores
querem chegar a R$ 6,3 o quilo,
valor já praticado pela Compa-
nhiaNacionaldeAbastecimen-
to (Conab) em seus leilões.
As propostas que serão apre-
sentadas ao Ministério da Agri-
cultura hoje foram discutidas
portodasasassociaçõesquein-
tegramaAbrabornaquinta-fei-
ra, em São Paulo. “Não temos
nenhuma política para o setor
de borracha. Corremos o risco
de um colapso”, afirma Guerra.
Segundoele,aheveicultura–co-
mo é chamado o cultivo de se-
ringueiras–temdeacertarsuas
estruturas para manter cresci-
mento saudável e sustentável.
Importador. Hoje, o País pro-
duzumterçodetudoqueconso-
me.Orestoéimportadodepaí-
ses como Tailândia, Indonésia,
Malásia e Vietnã, os maiores
produtores mundiais. Guerra
diz que o setor tem potencial
para atender 50% da demanda
nacional em sete anos e 100%,
em25anos.Paraisso,noentan-
to, é preciso adotar medidas de
incentivo que permitam esse
crescimento. Caso contrário,
empoucotempo,100%docon-
sumo terá de ser importado.
“Ter políticas de fomento da
heveiculturaenãoterummeca-
nismo de equalização em mo-
mentosdeturbulênciaéumcon-
trassenso. Ainda está em tem-
po,apróximasafradeveserpre-
paradaatéofimdomêsdeagos-
to para iniciar em setembro.”
Segundo o pesquisador do
Instituto Agronômico de Cam-
pinas (IAC), Paulo de Souza
Gonçalves,daSecretariadeAgri-
cultura e Abastecimento do Es-
tadodeSãoPaulo,obaixopreço
provocado pela superoferta do
mercado mundial já tem refle-
xos nas contas de várias usinas
do setor, que estão no verme-
lho. Ele lamenta a situação do
Paísquesaiudeexportadoraim-
portador. “A borracha é do Bra-
sil.Em1876foilevadaparaoSu-
deste Asiático e lá modificada.”
Parte importante da história
econômicaesocialdoPaís,abor-
rachaentrouemdeclínionoiní-
ciodoséculopassadocomacon-
corrênciaestrangeira.Teveuma
reação em meados do século,
mas por pouco tempo.
A heveicultura atual teve iní-
cio nos anos 80, com mudas de
seringueiras vindas da Ásia e
que foram retiradas daqui, diz
Gonçalves. “Hoje, lamentavel-
menteaproduçãodoBrasilcor-
responde a 1,45% da produção
mundial. Tailândia e Indonésia,
sozinhas, respondem por 60%
de todaprodução.”
Remuneração mais baixa
tem desmotivado
trabalhadores; temor é
que haja uma evasão do
campo para a cidade
Expansão
sustentável.
Produtores
reivindicam
aumento de
preços em
Brasília
Agronegócios
● Dificuldade
● Cadeia da borracha
INFOGRÁFICO/AE
● Hoje, a produção de borracha no Brasil corresponde a 1,45% da produção mundial
DE SOBRA
A extração do látex
O processo de
extração da seiva é
manual e permanece
o mesmo desde o
século 19, o que
exige muitos
trabalhadores
O SERINGUEIRO RETIRA
MANUALMENTE LASCAS
DE 1 MILÍMETRO DE
DIÂMETRO SOBRE A
SUPERFÍCIE DO TRONCO
PARA QUE O LÁTEX, UM
LÍQUIDO VISCOSO E
BRANCO, POSSA SE
ACUMULAR NAS
CANECAS
A seiva
natural é
acumulada
em tambores
No campo Na usina
A seiva
recebe ácido
acético e
passa a ter a
consistência
de um queijo
O líquido é
centrifugado e o
excesso de água
retirado, o que
eleva o volume
de borracha
O coagulado é
transformado
em barras de
GEB, Granulado
Escurecido
Brasileiro
Produtos
leves, que
podem ser
coloridos,
como bexigas,
preservativos,
luvas
cirúrgicas
Pneus,
insumos e
componentes
de calçados,
como solados
Na fábrica:
SEIVA
(LÁTEX)
O setor
55,3
15,9
8,9
6,3
4,7
3,8
5,1
Produtores de borracha reivindicam uma nova política de
preço ao governo federal
Preço ao produtor:
R$ 1,50 a R$ 1,69 o quilo
Preço após o beneficiamento:
R$ 4,43o quilo
Produção nacional
BA
PA
MT
GO
SP
TO
AM
AC
MS
PR
MG
% PRODUÇÃO NACIONAL
SÃO PAULO
BAHIA
MATO GROSSO
MINAS GERAIS
GOIÁS
ESPÍRITO SANTO
PARÁ, TOCANTINS, MATO
GROSSO DO SUL, PARANÁ,
AMAZONAS E ACRE
R$ 1,8 milé o que recebe, em condições
normais do mercado, um “san-
grador” – aquele que retira a bor-
racha da árvore
55,3%é a participação do Estado de
São Paulo na produção nacional.
Bahia é a 2ª colocada, com 15,9%
Preço baixo ameaça
produção nacional
de borracha
Diante da queda de 42% nos últimos dois anos, produtores vão a
Brasília reivindicar ajuda do governo federal para salvar o setor