O documento discute conceitos de multiculturalismo, cultura e etnomatemática. Apresenta definições de cultura segundo visões sociológicas e antropológicas. Discute a ciência multicultural e a transdisciplinaridade e como estas podem ser aplicadas no ensino de matemática de uma perspectiva multicultural.
Ensino de progressões e seqüências na perspectiva multicultural
1. MULTICULTURALISMO
E MATEMÁTICA
AILTON BARCELOS DA COSTA
GABRIEL LOPES DA ROCHA
2. MULTICULTURALISMO
Movimento teórico e político da pluralidade
cultural nos campos do saber, envolvendo
não só educação, mas também outras áreas
do conhecimento.
Refere-se às estratégias e políticas adotadas
para governar ou administrar problemas de
diversidade e multiplicidade gerados pelas
sociedades multiculturais.
3. CONCEITO DE CULTURA
Visão sociológica:
“A cultura refere-se às formas de vida dos membros
de uma sociedade ou de grupos dentro da
sociedade. Inclui como eles se vestem, seus
costumes matrimoniais e vida familiar, seus
padrões de trabalho, cerimônias religiosas e
ocupações de lazer.”
Anthony Giddens
4. CONCEITO DE CULTURA
Visão sociológica:
“A cultura de uma sociedade compreende tanto
aspectos intangíveis – as crenças, as idéias e os
valores que formam o conteúdo da cultura – como
também aspectos tangíveis – os objetos, os
símbolos ou a tecnologia que representam esse
conteúdo.”
Anthony Giddens
5. CONCEITO DE CULTURA
Visão Antropológica:
“Afirma-se que todo e qualquer indivíduo nasce
no contexto de uma cultura, não existindo homem
sem cultura, mesmo que não saiba ler, escrever e
fazer contas. É como se se pudesse dizer que o
homem é biologicamente incompleto: não se
sobreviveria sozinho sem a participação das
pessoas e do grupo que o gerou.”
PCN: Pluralidade Cultural
6. CIÊNCIA MULTICULTURAL
“Procuramos entender o conhecimento e o
comportamento humano de várias maneiras ao
longo da evolução da humanidade, naturalmente
reconhecendo que o conhecimento se dá de
maneiras diferentes em culturas diferentes e em
épocas diferentes.”
Ubiratan D’Ambrósio
7. ENSINO E APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA
DA PRURALIDADE CULTURAL
O tema Pluralidade Cultural propõe que sejam
revistas e transformadas práticas arraigadas,
inaceitáveis e inconstitucionais, enquanto se
ampliam conhecimentos acerca dos agentes do
Brasil, suas histórias, trajetórias em território
nacional, valores e vida.
Além disso, o tema trazem oportunidades
pedagogicamente de ampliarem questões do
cotidiano para o âmbito cosmopolita, como
objetivo e como meio do processo educacional.
PCN: Pluralidade Cultural
8. DEFINIÇÃO:
TRANSDICIPLINARIDADE
A transdiciplinaridade consiste
essencialmente de uma análise crítica de
geração e produção do conhecimento, da
sua organização intelectual e social, e da
sua difusão.
9. PROPOSTAS DISCIPLINARES:
TRANSDICIPLINARIDADE
“O enfoque transdiciplinar, que substitui a arrogância do
pretenso saber absoluto, que tem por conseqüências
inevitáveis os comportamentos incontestados e as soluções
finais, pela humildade da busca incessante, cujas
conseqüências são respeito, solidariedade e cooperação.”
“A transdiciplinaridade vai além das limitações impostas
pelos métodos e objetos de estudos das disciplinas e das
interdisciplinas.”
Ubiratan D’Ambrósio
10. PROPOSTAS DISCIPLINARES:
INTERDICIPLINARIDADE
“A interdisciplinaridade, muito procurada hoje em
dia, sobretudo nas escolas, transfere métodos de
algumas disciplinas para outras, identificando
assim novos objetos de estudo.”
“A interdisciplinaridade identificou novos objetos
de estudo, originando novos campos, como:
neurofisiologia, físico-química, biomatemática.”
Ubiratan D’Ambrósio
11. PROPOSTAS DISCIPLINARES
“Enquanto os instrumentos de observação eram limitados, o
enfoque interdiciplinar se mostrava satisfatório. Mas com a
sofisticação dos novos instrumentos de observação e
análise, que se intensificou em meados do século XX, vê-
se que o enfoque interdisiciplinar se tornou insuficiente. A
ânsia por um conhecimento total, por uma cultura
planetária, não poderá ser satisfeita com as práticas
interdisciplinares. Da mesma maneira, o ideal de respeito,
solidariedade e cooperação entre todos os indivíduos e
todas as nações não será realizado somente com a
interdisciplinaridade.”
Ubiratan D’Ambrósio
12. PROPOSTAS DISCIPLINARES
“Não nego que o conhecimento disciplinar,
conseqüêntemente, o multidisciplinar e o
interdisciplinar são úteis e importantes, e
continuaram a ser ampliados e cultivados,
mas somente poderão conduzir a uma visão
plena da realidade se forem subordinados
ao conhecimento transdiciplinar.”
Ubiratan D’Ambrósio
13. UM NOVO RUMO PEDAGÓGICO
PROBLEMA NO ESTILO ATUAL:
“O aluno é massacrado no comportamento,
agredido na inteligência e tolhido na
criatividade.”
“A solução passar por uma nova
conceituação de currículo. Aponto uma
nova definição: currículo é a estratégia de
ação educativa”.
Ubiratan D’Ambrósio
14. PROPOSTA DO NOVO CURRÍCULO
“Minha proposta de currículo dinâmico é
baseado em três tipos de atividades: de
sensibilização (que motiva para o momento
educacional), de suporte (que dá os
instrumentos necessários) e de socialização
(na qual se pratica uma ação que resulta
num fato, objeto ou aprendizado).”
Ubiratan D’Ambrósio
15. MATEMÁTICA E ETNOMATEMÁTICA
MATEMÁTICA DO DOMINANTE:
“Os grandes heróis da matemática, isto é, aqueles
indivíduos historicamente apontados como
responsáveis pelo avanço e pela consolidação
dessa ciência, são identificados na Antiguidade
grega, e depois na Idade Moderna, nas países
centrais da Europa.”
“Aqui é trazida a lembrança de um conhecimento
construído pelo dominador, o qual serviu e serve
para exercer seu domínio.”
Ubiratan D’Ambrósio
16. MATEMÁTICA E ETNOMATEMÁTICA
NÃO SERIA MELHOR NÃO ENSINAR A
MATEMÁTICA DOS DOMINANTES AOS
NATIVOS E MARGINALIZADOS?
“Seria demagógico responder sim ou não.”
“O que se questiona é a agressão à dignidade e à
identidade cultural daqueles subordinados a essa
estrutura.”
“O domínio dessas duas matemáticas é possível, e
obviamente oferece maiores possibilidades de
explicações e de resoluções de problemas.”
Ubiratan D’Ambrósio
17. MATEMÁTICA E ETNOMATEMÁTICA
“D’Ambrósio dá origem às primeiras idéias de
etnomatemática em 1970, na República do Mali,
ao trabalhar com Matemática Aplicada.”
Gelsa knijnik
“Em meiados da década de 70, propus um programa
educacional que denominei Programa
Etnomatemática. Embora esse programa possa
sugerir uma ênfase na Matemática, é um estudo da
evolução cultural da humanidade no seu sentido
amplo, a partir da dinâmica cultural que se nota
nas manifestações matemáticas.”
Ubiratan D’Ambrósio
18. ETNOMATEMÁTICA E
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
“A Etnomatemática é reconhecida
internacionalmente no 5th International
Congress on Mathematics Education –
ICME – 5.”
“D’Ambrósio discute a Educação
Matemática na perspectiva da complexidade
dos fatores sociais.”
Gelsa knijnik
19. ENSINO INTER/
MULTICULTICULTURAL
“A perspectiva intercultural ao ensino da
Matemática se imprime através da visão
histórica dessa ciência e, também, da
compreensão da natureza da matemática e à
sua importância na vida da humanidade”.
Giardinetto
20. EXIGÊNCIAS DO DOCENTE NO
ENSINO INTER/MULTICULTURAL
Um profundo estudo da História da Matemática;
Uma busca em procurar destacar a presença da
Matemática nas diversas atividades humanas
(jogos, passatempos, culturas populares, etc);
O desenvolvimento de atividades de sala de aula
baseado em trabalhos de grupo e de projeto
(aprendizagem cooperativa).
21. PROJETO DE ESTÁGIO 4
“VISÃO MULTICULTURAL
DAS PROGRESSÕES E
SEQÜÊNCIAS.”
22. PROJETO DE ESTÁGIO 4
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Mostrar a existência de seqüências e progressões
em outras culturas, fora da Europa.
Ensino de seqüências e progressões através da
metodologia da História da Matemática.
Uso de Mini-Curso, com atividades de ensino.
Participação do aluno na construção do
conhecimento de maneira ativa e crítica.
23. PROJETO DE ESTÁGIO 4
OBJETIVOS
Estudar a História da Matemática enquanto
metodologia de ensino, aplicando-a ao ensino de
progressões e seqüências, numa perspectiva
multicultural.
24. PROJETO DE ESTÁGIO 4
METODOLOGIA
O encaminhamento proposto é a investigação histórica
como procedimento de ensino.
A atividade de ensino ou atividade de aprendizagem deve
permitir aos envolvidos no processo, aprender a pensar
criando conceitos.
A atividade de ensino deve permitir aos envolvidos no
processo, aprender a pensar criando conceitos, tendo
sempre como visão a realidade histórico-cultural de um
povo.
25. PROJETO DE ESTÁGIO 4
RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se uma melhor percepção da aprendizagem
dos alunos, referentes aos conceitos ministrados e
a matemática de algumas culturas não européias,
usando a história da matemática enquanto
metodologia de ensino.
26. PROJETO DE ESTÁGIO 4
TÓPICOS DO CURSO:
Descobrindo movimentos.
Egito Antigo.
Mesopotâmia.
China Antiga.
Índia Antiga.
Grécia.
27. PROJETO DE ESTÁGIO 4
TÓPICOS DO CURSO:
Fibonacci e sua seqüência.
Aplicações da seqüência de Fibonacci.
Descobrindo logarítmos.
De Moivre.
Gauss.
Seminários dos Alunos.
28. BIBLIOGRAFIA
BHABHA, Homi K. O Local da Cultura. Tradução:
Myriam Ávila, Eliana L. L. Reis, Gláucia Renate
Gonçalves. Editora UFMG, Belo Horizonte, 2005.
D`AMBROSIO, Ubiratan. Educação Matemática: Da
Teoria à Prática. Papirus Editora, 14a Edição. Campinas,
2007.
D`AMBROSIO. Ubiratan. Etnomatemática: Arte ou
Técnica de Explicar e Conhecer. Editora Ática, São Paulo,
1990.
D`AMBROSIO, Ubiratan. Ciência Multicultural. Site:
http://www.psicologia.org.br/internacional/
cienciamulticultural.htm Consultado em: 15/04/2008.
29. BIBLIOGRAFIA
D`AMBROSIO, Ubiratan. Transdiciplinaridade, 2a Edição,
Editora Palas Athenas. São Paulo, 1997.
GEERTEZ, Clifford. A Interpretação das Culturas, Zahar. Rio
de Janeiro, 1973.
GIARDINETTO. José Roberto B. Interculturalismo e
Educação Matemática: Reflexões a Partir da Experiência
Portuguesa. Site: http://168.96.200.17/ar/libros/anped
/1912T.PDF. Consultado em: 12/04/2008.
GIDDENS, Antony. Sociologia. Lisboa, Fund. Calouste
Gulbenkian, 1997.
HALL, Stuart. Da Diáspora: Identidades e Mediações
Culturais. Organização: Liv Sovik, Editora UFMG, Belo
Horizonte, 2003.
30. BIBLIOGRAFIA
KNIJNIK, Gelsa. Exclusão e resistência: Educação
matemática e legitimidade cultural. Artes Médicas. Porto
Alegre, 1996.
LIZARZABURU, Alfonso E., SOTO, Gustavo Zapata, et
al. Pluriculturalidade e Aprendizagem da Matemática na
América Latina. Artmed. São Paulo, 2005.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Pluralidade Cultural:
Orientação Sexual/ Secretaria de Educação Fundamental,
2a Edição, DP&A, Rio de Janeiro, 2000.
SOUZA, Maria Elena Viana. Preconceito Racial e
Discriminação no Cotidiano Escolar. Trabalho
Apresentado na 26a Reunião Annual da ANPEd. Poços de
Caldas, MG, 2003.