O documento discute o profetismo no Antigo Testamento israelita. Apresenta definições do termo "profeta", descreve os papéis dos principais profetas como Elias e Eliseu, e discute o contexto histórico e as etapas de redação dos livros proféticos.
2. • O termo grego "profeta" traduz a palavra hebraica
nabî’, usada correntemente no AT.
• Têm existido muitos esforços no sentido de
conhecer de um modo exato o significado deste
termo.
• No passado alguns linguistas tentaram fazer
derivar este termo duma raiz que significa
brotar, enquanto outros quiseram antes entendê-lo
como uma forma passiva do verbo que significa
entrar, encontrando nestas raízes um modo de
explicar o fenómeno profético e o seu elemento
extático.
• Atualmente os linguistas relacionam, de um modo
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geral, o termo nabî' com o termo acádico nabú que
3. • Contudo, persistem muitas dúvidas quanto ao
modo de o entender.
• Para alguns deve entender-se no sentido passivo:
o arrebatado, o chamado pelo espírito, enquanto
outros defendem o sentido ativo: o arauto, ou
locutor.
• De qualquer forma, podemos dizer que o "profeta"
era alguém que tinha como missão transmitir uma
mensagem que a divindade lhe confiava.
• No caso dos profetas de Israel, esta missão é
confirmada pela fórmula com que introduzem a
sua comunicação "assim fala Javé...“, semelhante
à forma epistolar usada no médio oriente.
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4. Os livros proféticos, o seu contexto histórico
• Javé está presente na história e dialoga com o
ser humano na história.
• Alguns profetas foram conselheiros, outros
opositores e a outros coube o duplo papel.
• A profecia, sobretudo depois do séc. VIII, não
esteve apenas ligada à monarquia, mas a todo
o povo.
• Muitos oráculos denunciavam a injustiça em
Israel e mostram onde Deus intervém para dar
alimento ao povo ou ajudá-lo a instalar-se na
terra de Canaã.
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5. Os livros proféticos, o seu contexto histórico
• Agora Deus intervém para condenar o mal. Não
se pode viver mais na sombra do Deus bom e
misericordioso.
• Deus não pode mais com o pecado de Israel.
• Os profetas introduzem a dimensão ética em
Israel. Todos os textos que têm uma dimensão
ética e se referem a épocas anteriores foram
escritos depois dos textos proféticos.
• O profetismo surgiu muito ligado a questões
político/religiosas, mas na terceira fase pretende
uma reconstrução política.
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6. Profetas de Israel
Josué
Samuel (livros 1 e 2)
Reis (livros 1 e 2)
Profetas anteriores
Estes profetas – anteriores – viveram numa época
anterior ao período do exílio – o período
profético por excelência, embora os textos
tenham sido escritos muito posteriormente.
Os seus livros pertencem ao grupo dos livros
históricos e deuteronomistas (da 2ª lei).
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7. Profetas de Israel
Isaías (I, II e III)
Jeremias
Ezequiel
- Lamentações
- Baruc
- Miqueias
- Daniel - Naum
- Oseias - Habacuc
- Joel
- Sofonias
- Amós
- Ageu
- Abdias - Zacarias
- Jonas
- Malaquias
Profetas
menores
Profetas
posteriores
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8. Profetas Anteriores
• A profecia bíblica inseria-se no contexto da
profecia de todo o antigo Médio-Oriente.
• O profetismo não surgiu do nada. Vários profetas
consideram-se
continuadores
dos
seus
antepassados.
• A profecia deuteronomista está influenciada por
uma visão de explicação do exílio
• O exílio aconteceu porque Israel não viveu a
Aliança e não escutou a promessa que Deus lhe
fez.
• Os grandes culpados são os líderes, sobretudo os
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do Reino do Norte.
9. Profetas Anteriores
• Os redatores do Deuteronómio atribuem a origem
do profetismo a Moisés e estende-se até ao último
profeta em Israel. O profeta é uma resposta de
Deus para intervir na história.
• (Nu 11,10-25) Moisés já não é capaz de resolver
todos os problemas de Israel. Deus tira um pouco
do Espírito de Moisés e doa-o aos 70 anciãos para
que se comportarem como profetas – legitimação
da profecia – brota do Espírito de Javé.
• O profeta nunca fala em nome próprio, mas em
nome de Javé.
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10. Profetas Anteriores
• O profetismo surge de uma intervenção direta de
Javé. Deus não muda as pessoas, usa-as. Os
profetas são mediadores.
• A história deuteronomista defende que a profecia
começou com Samuel em Silo (I Sam 3 e 4).
• Miriam está contra a exclusividade do profetismo
masculino. Débora já era uma juíza e proferia
profecia em relação à atividade militar (Jz 4 e 5).
• Com a monarquia ganha relevo a profecia ligada à
corte.
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11. O início do profetismo com Elias e Eliseu
• Durante 2 séculos, desde a morte de Salomão até
à queda da Samaria, as referências à profecia
reduzem-se quase todas ao reino do norte.
• Elias anuncia já a divisão entre o norte e o sul.
Depois desta profecia ganha força uma profecia
contra a corte ao ponto de gerar deposições de
reis no reino do norte.
• No norte havia muito mais sincretismo religioso –
profetas de Baal, no monte Carmelo. É neste
contexto que vão trabalhar Elias e Eliseu.
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12. O início do profetismo com Elias e Eliseu
• Elias vai dizer que Deus está contra o povo mas
vai guardar e proteger apenas um pequeno resto.
• Normalmente a verdadeira profecia incomodava –
é difícil dizer às pessoas aquilo que elas não
querem ouvir.
• O profetismo bíblico afasta-se cada vez mais das
formas de profetismo extra-bíblico. Está cada vez
mais ligado à vida social, política e religiosa e à
monarquia.
• I Rs 20, 33.21,17-22 – Quando há um oráculo, este
começa sempre por “Assim fala o Senhor...”
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13. Samuel (escrito cerca de 550 a. C.)
• Samuel está na fase da transição entre o ser juiz e
o ser um profeta.
• É este o profeta que vai abençoar os primeiros
reis: Saul e depois David.
• Inicialmente opunha-se à criação de uma
monarquia – afirmava que o verdadeiro rei é Deus
e se o povo tem um rei na terra abandona o
verdadeiro rei que é Deus.
• Muito do conteúdo dos livros de Samuel têm a
intenção de mostrar a glória do período áureo da
monarquia como objetivo a alcançar de novo,
depois do exílio.
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14. PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII
• Nenhum dos profetas escreveu os livros que têm o
seu nome.
• A linguagem vem de âmbitos muito diversos:
– oráculos familiares,
– do quotidiano,
– do ambiente cultual como:
• hinos,
• instruções,
• orações
• preceitos jurídicos.
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15. PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII
• Os profetas usaram a linguagem de alguém que é
acusador e de alguém que é acusado, com o
objetivo de obterem a conversão.
• Há determinados tipos de oráculos que são quase
exclusivos da linguagem profética: oráculos de
vocação e de salvação.
• Os oráculos de Condenação/conversão – foram
proferidos sobretudo antes do exílio;
• Os oráculos de Salvação – foram proferidos
sobretudo depois do exílio.
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16. PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII
Da Profecia ao Livro
• A passagem da palavra oral à palavra escrita – o
profeta tinha como missão comunicar. Eram
homens da palavra, terão escrito muito poucos
oráculos.
• O interesse pela escrita terá surgido da
necessidade dos profetas, a partir do séc.
VIII, escreverem as suas declarações para as
confiar aos discípulos.
• Outros dizem que foi a necessidade de registar e
escrever os anúncios como memória de algo que
vai acontecer.
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17. PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII
Da Profecia ao Livro
• Os textos deixados pelos profetas foram
conservados e lidos.
• Cada livro profético tem uma história
– a da sua redação
– a das fases que sofreu cada livro
– a história de fidelidade dos discípulos
– a mensagem do profeta
– o interesse que tiveram pela mensagem.
• Houve momentos da história de Israel que
provocaram leituras diferentes dessa história.
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18. PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII
Da Profecia ao Livro
• Por exemplo os 2 exílios
– Um desses momentos foi o da queda da Samaria. Com
a queda do Reino do Norte, Judá ficou desprotegido. O
Reino do Norte foi transformado em província da Assíria
e esta ficou muito próxima de Jerusalém.
• Nos séc. VII e VI a. C. há um outro momento de
grande revisão e releitura da história de fé com o
exílio da Babilónia - desde aí Israel nunca mais
teve independência política. Só a conseguiu no
século XX – todas as escolas dos discípulos dos
profetas a repensar a mensagem do próprio
profeta. Ex.: Livro de Isaías.
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19. PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII
Da Profecia ao Livro
• Na época dos persas, depois do exílio, Esdras e
Neemias testemunham grandes rivalidades entre
os que ficaram e os que voltaram da Babilónia – é
nesta época que começa o judaísmo, a
estruturação da fé. Até aí era a fé dos pais.
• Esta época foi muito importante para a última
redação
do
Antigo
Testamento
e,
em
particular, dos textos dos profetas.
• Nenhum livro profético foi o olhar de uma pessoa
só (como hoje acontece) aliás, esse foi o processo
de escrita de qualquer livro bíblico.
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20. Contexto Histórico e etapas de redação
• Durante a época anterior ao exílio os profetas
anunciavam o castigo. Quando esse castigo
aconteceu, passaram a falar da esperança.
• É depois do exílio que os profetas Jeremias e
Ezequiel começam a falar de uma nova aliança.
• Tal como detetaram a corrupção, também na
desgraça veem que Deus não os abandonará.
• O Deutero-Isaías ou Isaías dos cap. 40 a 55 é
um profeta que já fala do regresso do exílio.
Compara Ciro (rei dos persas) ao “servo”, mas
apenas de um momento, enquanto o “servo”
será um salvador definitivo.
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21. Contexto Histórico e etapas de redação
• Depois do exílio é necessário reorganizar a sociedade
e reconstruir o Templo. É o momento em que nasce o
judaísmo.
• A profecia dos séc. VIII e VII incidiu nas injustiças
sociais e todos os profetas, ao seu modo, falaram da
corrupção social.
• Amós fala contra as injustiças sociais da Samaria com
a complacência do Templo. Miqueias fala contra os
latifundiários... Outros falam da corrupção religiosa, do
culto a outros deuses, mas todos foram contra um
culto vazio que pretendia a manipulação de Deus com
peregrinações, promessas, orações... em vez de ver
Deus como o justo que está ao lado dos mais fracos.21
22. A mensagem profética do Exílio
Ezequiel; Isaías (40-55); Jeremias
• Desprezo pelos estrangeiros – porque assumiram a
soberania que pertencia a Jahvé;
• Denúncia dos ídolos estrangeiros;
• Anúncio da Salvação.
• A mensagem profética do tempo da restauração
Zacarias, Ageu, Isaías (56-66)
• Vitória sobre os inimigos;
• Ideia de um juízo terrível;
• Salvação para os justos.
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23. A mensagem profética do tempo do silêncio
Joel, Malaquias, Abdias
• A profecia começa a ceder lugar à apocalíptica.
Neste tempo já há muitos textos proféticos escritos.
Já não há a necessidade de intermediários.
• Da apocalíptica judaica – a conceção apocalíptica
(revelação) já na época judaica – grande
quantidade de livros desta corrente são apócrifos.
• Trata-se de uma literatura própria das épocas de
crise, em que se procura revelar os caminhos de
Deus sobre o futuro para consolar e encorajar os
justos perseguidos, dando-lhes a certeza da vitória
23
final.