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Olá!
Aula 1
Olá, pessoal!
Nossa intenção neste curso é transmitir a você o conteúdo necessário
para a prova e mostrar a necessidade do assunto com questões anteriores da
banca CESPE, para que não haja nenhuma surpresa na hora da prova. Com
isso, é natural o número de páginas ser grande, e isso favorece você; pois
necessitamos aprofundar em alguns tópicos e praticar nas questões, para
estarmos prontos para atingirmos o nível que o concurso exige.
Como falei no início da aula demonstrativa, sua participação é muito
importante para melhorar o material didático e o aprofundamento da matéria.
Lembre-se de que, quando estudamos para concurso, ninguém quer ficar
“expert” em Português, quer é PASSAR no concurso, e a ferramenta desse
trabalho é nosso esforço conjunto; por isso SEMPRE estou disponível para tirar
as dúvidas da aula. Fico LIGADO direto no fórum para prestar qualquer ajuda e
não fique receoso (receosa) em perguntar, pois isso faz parte da aula e ajuda
na sua dinâmica.
Outra coisa importante é o local em que estudamos: se for escolhido um
lugar que propicie interpelação de outras pessoas, tirando a sua atenção,
mesmo que de vez em quando, isso não traz benefícios ao seu estudo.
Então, pense o seguinte: local de estudo deve ser claro e SILENCIOSO.
Ah! Cuidado com a postura ao sentar-se, pois isso pode derrubar seu
entusiasmo. Ninguém consegue estudar se passar a ter uma dor na coluna,
correto?
Siga uma rotina, escolha dias certos para estudar nossa matéria,
horários fixos ajudam a nossa disciplina intelectual. E concurseiro que não tem
disciplina, organização e persistência não passa.
Vamos trabalhar nesta aula as bases da oração e do período e sua
implicação na regência, na concordância e na pontuação. Tudo vai ser visto de
acordo com o edital e iremos aprofundar SOMENTE naquilo que cai em prova.
Veremos alguns tópicos que serão resgatados em outras aulas, para o
aprofundamento necessário.
A sintaxe é tema extenso e vamos aplicá-la quanto a seu emprego,
NUCA COMO DECOREBA, OK???!!!!!
Mas o que é sintaxe?
Português TSE (banca CESPE)
(teoria e questões comentadas)
1
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A sintaxe trabalha a relação das palavras dentro de uma oração. Nesta
aula, veremos a sua estrutura e o emprego de cada termo. Cabe-nos entender
basicamente que uma oração deve ter um verbo e este verbo normalmente se
flexiona de acordo com o sujeito (de quem se fala) e relaciona-se com o
predicado (o que se fala), de acordo com a transitividade.
Veja o esquema abaixo para que fique tudo bem claro. Pautemo-nos na
estrutura SVO (sujeito→verbo→complemento), a qual não admite separação
por vírgula:
1. O candidato realizou a prova.
2. duvidou do gabarito.
3. enviou recursos à banca examinadora.
4. tem certeza de sua aprovação.
5. viajou.
6. estava tranquilo.
Toda vez que fazemos uma análise sintática, devemos nos basear no
verbo. A partir dele, reconhecemos os outros termos da oração. Não se quer
aqui que você decore todos os termos da oração, basta entendê-los, pois a
banca CESPE cobra a funcionalidade dos termos e veremos como cai a seguir.
Veja os verbos elencados nos exemplos. Todos eles estão no singular.
Isso ocorreu porque eles dizem respeito a um termo, que é o sujeito (“O
candidato”). Se ele está no singular, é natural que o verbo também esteja. Já
que o verbo se flexiona de acordo com o sujeito, a gramática dá o nome a isso
de “concordância verbal”. Há um capítulo que trata só deste assunto em
qualquer gramática por aí.
Nós aprofundaremos este assunto na próxima aula. Agora, resta apenas
entender que um verbo se flexiona de acordo com o sujeito.
1. O candidato realizou a prova.
2. duvidou do gabarito.
3. enviou recursos à banca examinadora.
4. tem certeza de sua aprovação.
5. viajou.
6. estava tranquilo.
Vimos, simplificadamente, a relação do sujeito com o verbo, chamada de
concordância verbal.
Veja agora a relação do verbo dentro do predicado. Nas frases de 1 a 4,
os verbos “realizou”, “duvidou”, “enviou” e “tem” necessitam dos vocábulos
posteriores para terem sentido na oração, por exemplo: realizou o quê?,
duvidou de quê?, enviou o quê? a quem?, tem o quê?
sujeito predicado
sujeito predicado
Concordância verbal
2
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Assim, você vai notar que eles dependem dos termos subsequentes para
terem sentido. Isso ocorre porque o sentido deve transitar do verbo para o
complemento. Por isso falamos que o verbo é transitivo. Sozinho, não
consegue transmitir todo o sentido, necessitando de um complemento. Dessa
forma, os termos “a prova”, “do gabarito”, “recursos”, “à banca examinadora”
e “certeza” completam o sentido destes verbos.
Para facilitar o entendimento, podemos dizer que a preposição seria um
obstáculo. Havendo uma preposição, o trânsito é indireto. Retirando-se a
preposição, o trânsito é livre, direto.
Então observe o verbo “realizou”. Ele não exige preposição. Assim, o
termo que vem em seguida é seu complemento verbal direto. Já o
complemento do verbo “duvidou” é indireto, pois o trânsito está dificultado
(indireto) tendo em vista a preposição “de”.
Já que, na frase 1, há complemento verbal direto, o verbo “realizou” é
chamado de transitivo direto (VTD). Na frase 2, como há preposição exigida
pelo verbo “duvidou”, diz-se que este verbo é transitivo indireto (VTI) e seu
complemento é indireto. Na frase 3, há dois complementos exigidos pelo
verbo: um(direto) e outro(indireto).
A gramática dá o nome a todo complemento verbal de objeto, por isso o
complemento verbal direto é o objeto direto (OD) e o complemento verbal
indireto é o objeto indireto(OI).
Já que entendemos que a transitividade é uma exigência do verbo, pois
necessita de um complemento verbal, a gramática dá o nome a este processo
de “Regência”, pois ele exige, rege o complemento. Se é um verbo que exige,
é natural que a regência seja verbal. Há um capítulo na gramática que trabalha
só isso: Regência Verbal (reconhecimento da transitividade do verbo), a qual
veremos na aula 3. Mas agora cabe apenas entender a estrutura abaixo. Veja:
1. O candidato realizou a prova.
VTD + OD
2. duvidou do gabarito.
VTI + OI
3. enviou recursos à banca examinadora.
VTDI + OD + OI
Mas não é só o verbo que pode ser transitivo. Nome também pode ter
transitividade. Nomes como “certeza”, obediência, dúvida, longe, perto, fiel,
etc são chamados de transitivos porque necessitam de um complemento para
terem sentido. Alguém tem certeza de algo, dúvida de algo, obediência a
alguém ou a algo. Alguém mora perto de outra pessoa ou longe dela. Alguém é
fiel a algo ou a alguém.
Estes nomes exigem transitividade, com isso há um complemento, o qual
é chamado de complemento nominal (CN).
Regência Verbal
sujeito predicado
3
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Logicamente, há contextos em que o complemento não estará explícito
na frase; por exemplo, se queremos dizer que alguém reside muito distante,
podemos dizer que ele mora longe. Neste caso o nome “longe” deixou de ser
transitivo, não exigiu o complemento nominal, pois este ficou implícito. Por
isso não devemos decorar, mas entender o contexto, a funcionalidade. Se o
complemento não está explícito, não temos de identificá-lo. Falamos que o
nome exige complemento, mas tudo depende do contexto.
Vimos que a regência verbal trata basicamente do complemento do
verbo. Se há um nome que exige complemento, então temos a Regência
Nominal. Veja a frase 4:
4. O candidato tem certeza de sua aprovação.
VTD + OD + CN
Note que o verbo “tem” é transitivo direto e “certeza” é o objeto direto. A
expressão “de sua aprovação” não complementa o verbo, ele complementa o
nome “certeza”: certeza de sua aprovação.
O estudo da Regência Nominal, na realidade, é realizado para
descobrirmos quais preposições iniciam o complemento nominal.
Então atente quanto à diferença da oração 3 (VTDI + OD + OI) para a 4
(VTD + OD + CN).
Agora, vamos à oração 5. Note que o verbo “viajou” não exige nenhum
complemento verbal. Então não há transitividade. Se quisermos uma estrutura
posterior, naturalmente inseriremos uma ou mais circunstâncias. A essas
circunstâncias damos o nome de adjunto adverbial. Poderíamos dizer que o
candidato viajou a algum lugar, em determinado momento, o modo como
viajou, a causa da viagem. Tudo isso são circunstâncias, as quais possuem o
valor de lugar, tempo, modo e causa. Essas são as circunstâncias básicas, mas
há mais e veremos isso adiante. Então veja como ficaria:
O candidato viajou para São Paulo ontem confortavelmente a trabalho.
O adjunto adverbial não ocorre só com verbo intransitivo, ele pode
aparecer junto a qualquer verbo. Por exemplo, nas frases 1 a 3, poderíamos
inserir o adjunto adverbial de tempo “ontem”. Na frase 4, poderíamos inserir o
adjunto adverbial de causa: “devido a seu estudo”.
Essas 5 frases possuem verbos com transitividade (VTD, VTI, VTDI) e
sem transitividade (VI). Toda vez que, na oração, ocorrerem esses tipos
verbais, dizemos que eles são os núcleos (palavra mais importante) do
predicado, assim teremos os Predicados Verbais, com a seguinte estrutura:
sujeito predicado
Regência Nominal
sujeito VI Adj Adv lugar Adj Adv
tempo
Adj Adv
modo
Adj Adv
causa
4
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Predicado verbal = VTD + OD
VTI + OI
VTDI + OD + OI
VI
Esse é o esquema básico, mas nada impede de haver adjunto adverbial e
complemento nominal em todos eles.
Falta apenas um tipo de verbo: o de ligação.
Veja a frase 6: O candidato estava tranquilo.
O termo “tranquilo” caracteriza o sujeito “O candidato”, por isso se
flexiona de acordo com ele. O verbo “estava” serve para ligar esta
característica ao sujeito, por isso é chamado de verbo de ligação, e o termo
que caracteriza o sujeito é chamado de predicativo.
O predicativo serve normalmente para caracterizar o sujeito e por isso se
flexiona com ele. Se o sujeito fosse “candidata”, naturalmente o predicativo
seria “tranquila". A essa flexão de um predicativo em relação ao sujeito damos
o nome de Concordância Nominal. Na gramática, há um capítulo só para a
concordância nominal, e a flexão do predicativo em relação ao sujeito é um
dos pontos principais, mas isso será aprofundado na próxima aula.
O predicativo sempre será núcleo do predicado, por causa disso seu
predicado é chamado de Predicado Nominal, com a seguinte estrutura:
Predicado Nominal = VL + predicativo
O predicativo não ocorre somente no predicado nominal, ele também
pode fazer parte do predicado verbo-nominal; mas isso é assunto para outra
aula. Por enquanto, é importante entender a seguinte estrutura:
1. O candidato realizou a prova.
VTD + OD
2. duvidou do gabarito.
VTI + OI
3. enviou recursos à banca examinadora.
VTDI + OD + OI
4. tem certeza de sua aprovação.
VTD + OD + CN
5. viajou.
VI
6. estava tranquilo.
VL + predicativo
sujeito predicado
Concordância verbal
Concordância nominal
Regência verbal
Regência nominal
Predicado
Nominal
Predicado
Verbal
5
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Questão 1 (Médico Perito INSS / 2009 / nível superior)
Fragmento do texto: O episódio transformou, no período de 10 a 16 de
novembro de 1904, a recém-reconstruída cidade do Rio de Janeiro em uma
praça de guerra, onde foram erguidas barricadas e ocorreram confrontos
generalizados.
Questão: A expressão “confrontos generalizados” desempenha a função
sintática de complemento de “ocorreram”.
Resposta: E
Comentário: A banca quis induzir o candidato a pensar que “confrontos
generalizados” fosse objeto direto, mas não é. O verbo “ocorreram” (algo
ocorre) é intransitivo e essa expressão é sujeito, por isso o verbo está no
plural.
Questão 2 (Médico Perito INSS / 2009 / nível superior)
Questão: Julgue a frase quanto à correção gramatical:
O fato de haver vacinação compulsória, foi apenas mais um dos elementos
para que a população do Rio, insatisfeita com o “bota-abaixo” e insuflada pela
imprensa, se revoltasse.
Resposta: E
Comentário: Perceba que a vírgula antes do verbo “foi” separou o sujeito do
seu predicado. Por isso há erro gramatical.
Questão 3 (TRE - PA / 2007 / nível superior)
Fragmento do texto: A justiça eleitoral mineira mantém o projeto Justiça
Eleitoral na Escola, voltado para crianças e adolescentes...
Questão: O trecho “o projeto Justiça Eleitoral na Escola” completa o
sentido do verbo manter.
Resposta: C
Comentário: Note que o verbo “mantém” possui sujeito (“A justiça eleitoral
mineira“). Esse verbo é transitivo direto (alguém mantém algo), então o
termo “o projeto Justiça Eleitoral na Escola” é o objeto direto. Como
sabemos que o objeto direto serve para completar o sentido do verbo (VTD), a
afirmativa está correta.
Questão 4 (TRE - PA / 2007 / nível superior)
Fragmento do texto: A justiça eleitoral mineira mantém o projeto Justiça
Eleitoral na Escola, voltado para crianças e adolescentes, com o objetivo de
contribuir para a conscientização acerca da importância do voto e de suas
consequências no campo da participação democrática e da construção da
cidadania.
Questão: A passagem “acerca da importância do voto e de suas
consequências” completa o sentido de “objetivo”.
Resposta: E
Comentário: A banca quis induzir o candidato a pensar que essa passagem
fosse complemento nominal do substantivo “objetivo”; mas, na realidade, é o
6
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substantivo “conscientização” que exige tal complemento.
Questão 5 (INCA / 2010 )
Fragmento do texto: No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) presta
atendimento universal e gratuito a 160 milhões de brasileiros que não têm
planos de saúde privados.
Questão: No trecho “a 160 milhões de brasileiros”, a preposição “a” é exigida
devido à regência de “atendimento”.
Resposta: C
Comentário: Perceba que realmente é o substantivo “atendimento” que exige
o complemento nominal. Os adjetivos “universal” e “gratuito” são apenas
características deste substantivo e não exigem preposição.
Questão 6 (Tribunal de Justiça - BA / 2005 / nível superior)
Fragmento do texto: Nesse contexto, as previsões, liberais ou marxistas, do
fim dos estados ou das economias nacionais, ou mesmo da formação de
algum tipo de federação cosmopolita e pacífica, são utopias, com toda a
dignidade das utopias que partem de argumentos éticos e expectativas
generosas, mas são ideias ou projetos que não têm nenhum apoio objetivo na
análise da lógica e da história passada do sistema mundial.
Questão: Pela presença das preposições, é correto afirmar que os elementos
“da lógica”, “da história passada” e “do sistema mundial” têm a mesma função
sintática no período, pois complementam a palavra “análise”.
Resposta: E
Comentário: O vocábulo “análise” é um substantivo abstrato, pois foi gerado
a partir de um verbo. Diz-se nesses casos que é o nome de uma ação.
Observemos o trecho com esse vocábulo voltando a ser um verbo:
... em analisar a lógica e a história passada do sistema mundial.
O verbo “analisar” é transitivo direto e exige o complemento verbal
direto composto “a lógica e a história passada do sistema mundial”. Para a
gramática, todo OBJETO é COMPLEMENTO VERBAL.
Assim, ao transformar o verbo “analisar” em substantivo abstrato
“análise”, como está no texto, o que era complemento verbal composto
tornou-se complemento nominal composto (“da lógica e da história passada
do sistema mundial”). Os núcleos desse complemento são “lógica” e “história”
e possuem as preposições “de”, exigidas pelo nome “análise”. Os artigos “a”
(que estão em contração com as preposições “de”, resultando em “da”) e as
expressões “passada” e “do sistema mundial” são apenas termos que
caracterizam os seus núcleos respectivos. Eles são chamados de adjuntos
adnominais, os quais serão vistos adiante em nossa aula. Portanto, “do
sistema mundial” não é complemento nominal, como os outros dois termos.
Por isso a afirmativa está errada.
Questão 7 (Tribunal de Contas - TO / 2009 / nível superior)
Questão: No trecho “Meu pai era um homem bonito com muitas namoradas”,
o sintagma “um homem bonito com muitas namoradas” complementa o
sentido do verbo.
Resposta: E
7
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Comentário: O sintagma “um homem bonito com muitas namoradas” não
complementa o sentido do verbo por não ser complemento verbal (objeto
direto ou indireto), na realidade ele caracteriza o sujeito “Meu pai”, por ser o
predicativo do sujeito.
Vimos os termos básicos da oração. Entendemos a funcionalidade de
cada um. Percebemos que, entre sujeito, verbo, complementos (verbais e
nominais) e predicativo, não há vírgula.
Atente ao fato de que os objetos direto e indireto servem para completar
o sentido do verbo e o complemento nominal serve para completar o sentido
do nome. Lembre-se também de que o predicativo existe para caracterizar o
sujeito.
Todos esses termos serão aprofundados nas próximas duas aulas, por
isso não se preocupe se você não conseguiu diferenciá-los totalmente.
Bom, agora, vamos trabalhar o aposto. Esse termo é muito importante
no tocante à pontuação.
Aposto
É um termo que amplia, explica, desenvolve ou resume o conteúdo de
outro termo. O termo a que o aposto se refere pode desempenhar qualquer
função sintática. Observe:
Nossa terra, o Brasil, carece de políticas sociais sérias e consequentes.
Nessa oração, “nossa terra” é o sujeito, e “o Brasil” é aposto desse
sujeito, pois amplia e especifica o conteúdo do termo a que se refere.
O aposto é mais uma função substantiva da oração, tendo como núcleo
um substantivo, um pronome, um numeral substantivo ou uma palavra
substantivada.
O aposto classifica-se em:
I – explicativo
O aposto explicativo é destacado por pausas, podendo ser representadas
por vírgulas, dois-pontos, travessões e até por parênteses. Pode vir precedido
de expressões explicativas do tipo: a saber, isto é, quer dizer etc.
Raquel, contadora da firma, está viajando.
Só queria algo: apoio.
Um trabalho – tua monografia – foi premiado.
A ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) foi criada em 1999.
II - enumerativo ou distributivo
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O aposto enumerativo é uma sequência de elementos usada para
desenvolver uma ideia anterior. É separado por dois-pontos, e cada um dos
elementos enumerados é separado por vírgula, como visto na aula passada
(nas enumerações). Se houver apenas dois elementos enumerados, eles
podem ser separados também pela conjunção “e”. Veja:
Ganhei dois presentes: uma joia especial e um livro raro.
Suas reivindicações incluíam muitas coisas: melhor salário,
melhores condições de trabalho, assistência médica extensiva a
familiares.
III - resumitivo ou recapitulativo
O aposto resumitivo (ou recapitulativo) é usado para resumir termos
anteriores. É representado, geralmente, por um pronome indefinido.
Glória, poder, dinheiro, tudo passa.
O sujeito composto “glória, poder, dinheiro” é resumido pelo pronome
indefinido tudo, por isso o verbo concorda com o aposto, portanto, verbo no
singular. Note que este tipo de aposto é separado por vírgula do termo
anterior.
IV - especificativo ou apelativo
O aposto especificativo, que não pede sinais de pontuação, indica o
nome de alguém ou de algo dito anteriormente.
O compositor Chico Buarque é também um excelente escritor.
O estado é cortado pelo rio São Francisco.
Observação:
O aposto também pode se referir a uma oração:
Esforcei-me bastante, o que causou muita alegria em todos.
Palavras como o, coisa, fato etc. podem referir-se a toda uma oração.
Nestes casos, obrigatoriamente haverá separação por vírgula.
Questão 8 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível médio)
Fragmento do texto: Em outra frente, a Campanha Global de Ação contra a
Pobreza — uma aliança internacional de sindicatos, grupos comunitários,
religiosos e organizações que trabalham pelo fim das desigualdades — anuncia
a mobilização anual do movimento Levante-se e Faça a Sua Parte, uma
ação mundial no dia Internacional pela Erradicação da Pobreza.
Questão: A substituição dos travessões por vírgulas prejudica a correção
gramatical do período.
Resposta: E
Comentário: Toda a estrutura entre travessões é o aposto explicativo, o qual
pode ser também separado por dupla vírgula e por parênteses. Como foi dito
que prejudica a correção gramatical, a afirmativa está errada.
Questão 9 (Polícia Federal / 2004 / nível médio)
Fragmento do texto: O discurso pretende impor essa ideia como caminho
único para o desenvolvimento das nações, sejam elas ricas ou pobres. Na
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prática — hoje mais do que ontem —, o mercado é uma via de mão única:
livre para os países ricos e pleno de barreiras e restrições às nações
emergentes.
Questão: O termo que sucede o sinal de dois-pontos tem a função de
introduzir uma enumeração de elementos caracterizadores de “mercado”, que
justificam porque este é considerado “via de mão única”.
Resposta: C
Comentário: O aposto enumerativo normalmente é usado para, além de
enumerar, explicar termo anterior. O aposto “livre para os países ricos e pleno
de barreiras e restrições às nações emergentes” textualmente tem a intenção
de retomar “mercado”, enumerando características que justifiquem considerá-
lo “uma via de mão única”. Por isso a afirmativa está correta.
Questão 10 (Tribunal de Contas - TO / 2009 / nível superior)
Fragmento do texto: As ciências humanas e sociais contemporâneas
exprimem essas necessidades da sociedade capitalista, ou seja, desse sujeito
abstrato, mediante duas visões: a universalidade naturalista, deduzida de
disciplinas como a neurociência ou a genética, e a diversidade do culturalismo
empírico.
Questão: No trecho “mediante duas visões: a universalidade naturalista,
deduzida de disciplinas como a neurociência ou a genética, e a diversidade do
culturalismo empírico”, o emprego dos dois-pontos introduz uma citação.
Resposta: E
Comentário: Não há uma citação, mas uma enumeração, pois “a
universalidade naturalista e a diversidade do culturalismo empírico” é aposto
enumerativo, por isso há o uso de dois-pontos.
Outro termo importante é o vocativo, pois implica diretamente o uso de
vírgula.
Vocativo
O nome vocativo nos faz pensar em várias palavras ligadas à ideia de
“chamar”, “atrair a atenção”: evocar, convocar, evocação, vocação. Vocativo é
justamente o nome do termo sintático que serve para nomear um interlocutor
a quem se dirige a palavra. É um termo independente: não faz parte do sujeito
nem do predicado, possui valor exclamativo, muitas vezes confundido com o
aposto, pois exige vírgulas. Pode aparecer em posições variadas na frase.
Márcia, pegue o seu exemplar.
Veja, menina, aquela árvore.
Estamos aqui, papai.
Nessas orações, os termos destacados são vocativos: indicam e
nomeiam o interlocutor a quem se está dirigindo a palavra. Ele fica separado
por vírgula justamente para evitar confundi-lo com o sujeito.
10
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Bom, vimos os termos básicos de uma oração, os quais não podem ser
separados por vírgula, além do aposto e do vocativo, os quais são termos
acessórios e, na prova, basicamente se cobra o uso da vírgula.
Também vimos na aula anterior que, se no enunciado há apenas um
verbo, naturalmente temos apenas uma oração; porém, se inserirmos mais um
verbo, obviamente teremos duas orações. É justamente isso que veremos
agora.
Devemos perceber que os termos sujeito, objeto direto, objeto indireto e
complemento nominal são termos eminentemente substantivos. Isso quer
dizer que seus núcleos devem ser substantivos ou palavras de valor
substantivo. Os termos predicativo e aposto podem ter núcleos substantivos ou
adjetivos, mas cabe agora falarmos apenas de seu valor substantivo.
Por exemplo, “isso” é um pronome. Por possuir valor substantivo, pode
ocupar as funções sintáticas faladas anteriormente. Veja:
Isso é lindo. (Isso = sujeito)
Vi isso. (isso = OD)
Sei disso. (disso = OI)
Sou obediente a isso. (a isso = CN)
Ela é isso. (isso = predicativo)
Só quero uma coisa: isso. (isso = aposto)
Um macete para sabermos se a palavra tem valor substantivo é trocá-la
pelo pronome demonstrativo substantivo “ISSO”. Não é sempre que dá certo
com o aposto, mas ele tem uma estrutura bem característica.
E por que isso é importante?
Quando os termos sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento
nominal, predicativo e aposto (de valor substantivo) recebem um verbo,
transformam-se numa oração subordinada substantiva.
Período composto por subordinação substantiva
Com base nas frases abaixo, observe os termos em negrito e suas
funções sintáticas. Quando o termo recebe um verbo, vira uma oração. Veja:
Era indispensável teu regresso.
VL + predicativo (sujeito simples)
período simples (oração absoluta)
Era indispensável que tu regressasses.
VL + predicativo Suj + VI
oração principal oração subordinada substantiva subjetiva
período composto
Era indispensável tu regressares.
VL + predicativo Suj + VI
oração principal oração subordinada substantiva subjetiva (reduzida de infinitivo)
período composto
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Na frase 1, temos apenas uma oração (período simples), pois há apenas
um verbo: “Era”. Esse verbo é de ligação, seguido do predicativo
“indispensável” e o sujeito “teu regresso”.
Na frase 2, o então sujeito “teu regresso” recebeu um verbo e foi
modificado para “que tu regressasses”. Assim, há duas orações (período
composto). Note que esta oração recentemente formada não produz sentido
sozinha; por isso a chamamos de subordinada. Ela é considerada substantiva
por ter sido gerada de um termo substantivo. Para se reforçar isso, podemos
trocá-la pelo pronome “isso”. Veja: Isso era indispensável. O pronome “isso”
continua na função de sujeito, então a oração sublinhada terá a função de
sujeito da oração principal.
Note que a oração subordinada substantiva será sempre o termo que
falta na oração principal. Confirme isso na frase 2: na oração principal só há
(VL + predicativo), falta o sujeito, que é toda a oração posterior. Esta oração é
chamada de desenvolvida, pois possui conjunção (integrante “que”) e o verbo
está conjugado em tempo e modo verbal (regressasses).
Na frase 3, a oração sublinhada perdeu a conjunção integrante “que” e
isso fez com que reduzíssemos a quantidade de vocábulos da oração. Assim, o
verbo que se encontrava conjugado passou a uma forma infinitiva. Por esse
motivo, dizemos que a oração sublinhada na frase é reduzida de infinitivo.
Essa denominação completa você não precisa decorar, basta entender o
processo, a estrutura. A banca CESPE não pergunta o nome, mas quer saber o
emprego disso.
Seguem agora outras estruturas em que o termo, ao receber o verbo,
passa a ser uma oração subordinada substantiva. Note que, se o objeto
indireto e o complemento nominal (os quais são termos iniciados por
preposição) recebem o verbo, naturalmente vão continuar com a preposição
antecedendo-os.
Na ata da reunião constava a presença deles. (Isso constava na ata da reunião)
adjunto adverbial de lugar + VI + sujeito
Na ata da reunião constava que eles estivessem presentes.
oração principal + oração subordinada substantiva subjetiva
Na ata da reunião constava eles estarem presentes.
oração principal + oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo
Foi anunciado o aumento do preço dos combustíveis. (Isso foi anunciado)
locução verbal + sujeito
Foi anunciado que o preço dos combustíveis aumentará.
oração principal + oração subordinada substantiva subjetiva
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Foi anunciado ontem aumentar o preço dos combustíveis.
oração principal + oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo
As orações subordinadas substantivas subjetivas são também
denominadas de sujeito oracional. Vale lembrar que o verbo da oração
principal que tem como sujeito a oração subordinada substantiva subjetiva
deve ficar sempre na terceira pessoa do singular. Assim, mesmo que haja
vocábulos no plural no sujeito oracional, a oração principal permanecerá com o
verbo no singular. Veja que o verbo “constava” não se flexionou no plural,
mesmo o sujeito oracional possuindo vocábulos no plural.
Agora veremos os complementos verbais. Perceba que na oração
principal, o verbo possui sujeito, é transitivo direto ou indireto e necessita de
um complemento, o qual será toda a oração posterior.
Economistas previram um aumento no desemprego. (Economistas previram isso.)
sujeito + VTD + objeto direto
Economistas previram que o desemprego aumentaria.
oração principal + oração subordinada substantiva objetiva direta
Economistas previram aumentar o desemprego.
oração principal + oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo
Teus amigos confiam em tua vitória. (Teus amigos confiam nisso.)
sujeito + VTI + objeto indireto
Teus amigos confiam em que tu vencerás.
oração principal + oração subordinada substantiva objetiva indireta
Teus amigos confiam em venceres.
oração principal + oração subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de infinitivo
Você notou que a oração subordinada substantiva objetiva indireta está
precedida da preposição “em”? Isso é importante. Agora veremos a completiva
nominal. Perceba que não é o verbo que exige o complemento, mas o nome.
Teus pais estavam certos de tua volta. (Teus pais estavam certos disso.)
sujeito + VL + predicativo + complemento nominal
Teus pais estavam certos de que tu voltarias.
oração principal + oração subordinada substantiva completiva nominal
Teus pais estavam certos de voltares.
oração principal + oração subordinada substantiva completiva nominal reduzida de infinitivo
Note que a oração predicativa transmite a característica do sujeito.
Nossa maior preocupação era a chuva.
sujeito + VL + predicativo
Nossa maior preocupação era que chovesse.
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oração principal + oração subordinada substantiva predicativa
Nossa maior preocupação era chover.
oração principal + oração subordinada substantiva predicativa reduzida de infinitivo
Todas as orações até aqui elencadas puderam ser substituídas pela
palavra “ISSO”. Apenas a oração apositiva não transmite coerência com essa
troca; porém, observe que a banca não cobra o nome, mas pergunta se os
dois pontos marcam o início de um aposto ou se marcam o início de um
esclarecimento, desenvolvimento de uma palavra anterior. Veja:
Todos defendiam esta ideia: a desapropriação do prédio.
sujeito + VTD + objeto direto + aposto
Todos defendiam esta ideia: que o prédio fosse desapropriado.
oração principal + oração subordinada substantiva apositiva
Todos defendiam esta ideia: o prédio ser desapropriado.
oração principal + oração subordinada substantiva apositiva reduzida de infinitivo
Agora que já vimos todas as orações substantivas, vem a pergunta: Por
que temos de identificar esse tipo de oração? Porque...
a) excetuando o aposto, vimos que esses termos substantivos não
são separados por vírgula, portanto também não podemos separar a oração
subordinada substantiva de sua oração principal por vírgula;
b) quando esse tipo de oração tiver a função de sujeito, objeto direto
e predicativo, não deve haver uso de preposição antecedendo-os;
c) a conjunção que as inicia é chamada integrante (que, se), a
qual não possui valor semântico, nem função sintática;
d) quando houver oração subordinada substantiva subjetiva (sujeito
oracional), o verbo da oração principal sempre ficará na terceira pessoa do
singular.
Outra coisa importante!!!
A conjunção integrante “que” geralmente expressa certeza:
Diga que começou o trabalho.
A conjunção integrante “se” geralmente expressa dúvida:
Diga se começou o trabalho.
Questão 11 (Tribunal de Contas - TO / 2009 / nível superior)
Fragmento do texto: É fácil, hoje em dia, confundir as limitações crescentes
impostas ao Estado-nação com a construção de um espaço de livre circulação
dos indivíduos, promovido pelo movimento desembaraçado de mercadorias e
capitais.
Questão: O trecho “confundir as limitações crescentes impostas ao Estado-
nação com a construção de um espaço de livre circulação dos indivíduos,
promovido pelo movimento desembaraçado de mercadorias e capitais” exerce
a função sintática de sujeito.
Resposta: C
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Comentário: A oração principal “É fácil, hoje em dia,” é constituída de verbo
de ligação “É”, predicativo “fácil” e adjunto adverbial de tempo “hoje em dia”.
Na sequência, ocorreu a oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de
infinitivo.
Questão 12 (Tribunal de Justiça - BA / 2005 / nível superior)
Fragmento do texto: Não há dúvida de que, no início do século XXI, os
Estados Unidos da América chegaram mais perto do que nunca da
possibilidade de constituição de um “império mundial”.
Questão: O emprego da preposição “de” em “Não há dúvida de que” justifica-
se pela regência da forma verbal “há”.
Resposta: E
Comentário: O verbo “há” é transitivo direto e seu objeto direto é o
substantivo “dúvida”. Este substantivo possui transitividade e necessita do
complemento nominal “de que, no início do século XXI, os Estados Unidos da
América chegaram mais perto do que nunca da possibilidade de constituição
de um ‘império mundial’. Assim, a preposição “de” liga-se ao substantivo
“dúvida”, e não ao verbo.
Questão 13 (Procurador Federal - AGU / 2002 / nível superior)
Fragmento do texto: A minha firme convicção é que, se não fizermos todos
os dias novos e maiores esforços para tornar o nosso solo perfeitamente livre,
se não tivermos sempre presente a ideia de que a escravidão é a causa
principal de todos os nossos vícios, defeitos, perigos e fraquezas nacionais, o
prazo que ainda tem de duração legal − calculadas todas as influências que
lhe estão precipitando o desfecho − será assinalado por sintomas crescentes
de dissolução social.
Questão: A substituição do trecho “A minha firme convicção é que” por A
minha firme convicção é a de que estaria em desacordo com as exigências
de formalidade da norma culta escrita.
Resposta: E
Comentário: A substituição não provoca desacordo com a norma culta, pois
haveria apenas a mudança sintática de uma oração predicativa para uma completiva
nominal. Ao se inserir o artigo “a” após o verbo de ligação “é”, naturalmente se
subentende o substantivo “convicção” no novo termo. O artigo “a” ocupa a função
sintática de predicativo, o qual passa a exigir a preposição “de”, justamente por
imposição desse substantivo subentendido. Veja a estrutura:
A minha firme convicção é que (...) o prazo (...) será assinalado por sintomas crescentes de dissolução social
sujeito VL CI sujeito locução verbal agente da passiva
oração principal oração subordinada substantiva predicativa
período composto
...
A minha firme convicção é a de que (...) o prazo (...) será assinalado por sintomas crescentes de dissolução social
sujeito VL * CI sujeito locução verbal agente da passiva
oração principal oração subordinada substantiva completiva nominal
período composto
* predicativo (a = a convicção)
Vimos, no início da aula, os termos da oração e as orações subordinadas
substantivas, que provêm da maioria destes termos. Agora veremos as
orações subordinadas adjetivas.
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Período composto por subordinação adjetiva
As orações subordinadas adjetivas têm esse nome porque equivalem a
um adjetivo. Em termos sintáticos, essas orações exercem a função que
normalmente cabe a um adjetivo (a de um adjunto adnominal ou aposto
explicativo). O adjunto adnominal é termo do qual ainda não falamos, mas
basta nós entendermos o seguinte: todo termo da oração possui no mínimo
um vocábulo, o qual chamamos de núcleo. Por vezes, esse núcleo vem
antecipado ou seguido de outros vocábulos de valor adjetivo, os quais passam
à função de adjunto adnominal.
Perceba isso no exemplo abaixo. O objeto direto é o termo “gente
mentirosa”. O núcleo é o substantivo “gente” e o adjunto adnominal é
“mentirosa”, o qual serve para caracterizar o núcleo.
Detesto gente mentirosa.
VTD núcleo do
OD
Adj Adn
objeto direto
período simples
Detesto gente que mente.
oração principal Or Sub Adjetiva
período composto
Na primeira construção, o adjetivo “mentirosa” é adjunto adnominal, o
qual caracteriza o núcleo do objeto direto “gente”. Ao se inserir um verbo
nesta função adjetiva, naturalmente haverá uma oração de mesmo valor. Por
isso passa a ser uma oração subordinada adjetiva.
A conexão entre a oração subordinada adjetiva e a oração principal é
feita pelo pronome relativo que. Esse vocábulo não pode ser confundido com a
conjunção integrante “que”, vista anteriormente, a qual inicia uma oração
subordinada substantiva. Portanto vamos às formas de se evitar o erro:
1. Detesto mentiras. 2. Detesto gente mentirosa.
1. Detesto que mintam. 2. Detesto gente que mente.
a) O vocábulo “mentiras” é um
substantivo. Quando é substituído por
verbo, passa a fazer parte de uma
oração subordinada substantiva.
b) “mentiras” é núcleo do objeto direto
do verbo “Detesto”, por isso “que
mintam” é oração subordinada
substantiva objetiva direta da oração
principal “Detesto”.
c) O vocábulo “que” é uma conjunção
a) O vocábulo “mentirosa” é um
adjetivo. Quando é substituído por um
verbo, passa a fazer parte de uma
oração adjetiva.
b) “mentirosa” é adjunto adnominal e
restringe o núcleo do objeto direto.
c) Não há coesão em se substituir a
oração “que mente” pelo vocábulo
“isso”. Veja: Detesto gente isso. Por
isso não é oração substantiva. O
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integrante e toda a oração a partir
desse vocábulo pode ser substituída
pelo vocábulo “isso”, para a
confirmação de ser oração substantiva.
(Detesto isso.)
segundo passo é substituir o “que” por
“o qual” e suas variações, para
confirmar se é pronome relativo
iniciando oração adjetiva. Veja:
Detesto gente a qual mente.
No período “Detesto gente que mente”, desenvolvem-se duas ideias,
relacionadas à palavra “gente”: a primeira é a de que eu a detesto e a segunda
a de que ela mente. Assim:
Detesto gente. Gente mente.
VTD + OD Suj + VI
Entendendo-se que o vocábulo “gente” está se repetindo
desnecessariamente, pode-se inserir no lugar desse vocábulo repetido o
pronome relativo “que” ou “a qual”. “Gente” está na função de sujeito, então o
pronome “que” ou “a qual” também ocupa a função de sujeito. Veja:
Detesto gente.Gente mente.
Detesto gente que mente.
Detesto gente a qual mente.
sujeito
Visando ao que pode ser exigido pela banca CESPE, muitas vezes se vê
questão que pede para substituir um vocábulo por outro, permanecendo o
sentido e a gramaticalidade. Neste caso, se a banca pedisse para substituirmos
“gente” por “pessoas”, permaneceria a semântica, mesmo um estando no
singular e o outro no plural. Mas essa substituição implicaria mudança na
concordância do verbo “mente”, que deveria flexionar-se no plural, haja vista
que o pronome relativo “que” é sujeito e retomaria “pessoas”.
Assim:
Detesto pessoas que mentem.
VTD + objeto direto Suj + V. intransitivo
oração principal oração Sub Adjetiva
Outras vezes a banca CESPE cobra simplesmente a atenção voltada ao
contexto para identificar o referente. Por exemplo:
1. Conheci o dono daquela empresa de cosméticos que demitiu duzentos funcionários.
2. Conheci o dono daquela empresa de cosméticos que exportou para a Europa.
3. Conheci o dono daquela empresa de cosméticos que embelezam as mulheres.
Na frase 1, o pronome relativo “que” retomou o substantivo “dono”, pois
se entende que quem demite é o “dono”; na frase 2, foi retomado o
substantivo “empresa”, pois é mais adequado dizer que a exportação é feita
pela “empresa” e não pelo “dono”. Na frase 3, a concordância é feita no plural,
porque o pronome relativo retomou “cosméticos”, que também está no plural.
Isso é muito cobrado na prova. Muita atenção.
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Uma forma de isso ficar mais claro é substituir o pronome “que” pelo
pronome relativo “o qual” e suas variações, típica questão do CESPE. Assim,
na frase 1 seria “o qual”, na 2 “a qual” e na 3 “os quais”.
Questão 14 (Tribunal Regional Eleitoral - RS / 2006 / nível médio )
Fragmento do texto: O primeiro código eleitoral a viger no Brasil chamava-
se Ordenações do Reino, as quais foram elaboradas em Portugal no fim da
Idade Média e utilizadas até 1828.
Questão: A substituição da estrutura “as quais foram elaboradas (...) e
utilizadas” por o qual foi elaborado (...) e utilizado altera as relações de
concordância sem provocar prejuízo para a coerência e a correção gramatical
do período.
Resposta: C
Comentário As expressões “O primeiro código eleitoral a viger no Brasil” e
“Ordenações do Reino” são sinônimas contextuais por causa do vocábulo
“chamava-se”, o qual mostra que o nome desse primeiro código é Ordenações
do Reino. Logo, “as quais foram elaboradas (...) e utilizadas...” concordam
com “Ordenações do Reino”, mas poderiam se flexionar no singular e
masculino para concordar com “O primeiro código eleitoral a viger no Brasil”.
Por isso há a possibilidade da substituição:
O primeiro código eleitoral a viger no Brasil chamava-se Ordenações
do Reino, as quais foram elaboradas em Portugal no fim da Idade Média e
utilizadas até 1828.
O primeiro código eleitoral a viger no Brasil chamava-se
Ordenações do Reino, o qual foi elaborado em Portugal no fim da Idade
Média e utilizado até 1828.
Não veremos nesta aula quais são os pronomes relativos e suas funções
sintáticas. Isso será visto na aula 3, quando aprofundarmos a regência verbal
e nominal. Vamos trabalhar agora a pontuação nestas orações.
A pontuação e a classificação das orações adjetivas
Para entendermos a pontuação referente a termos adjetivos, é
necessário sabermos a diferença entre dois tipos de adjetivo.
Adjetivo explicativo: é aquele que denota qualidade essencial do ser,
característica inerente, ou seja, qualidade que não pode ser retirada do
substantivo. Por exemplo, todo homem é mortal, todo fogo é quente, todo
leite é branco, então mortal, quente e branco são adjetivos explicativos, em
relação a homem, fogo e leite.
Adjetivo restritivo: é o adjetivo que denota qualidade adicionada ao
ser, ou seja, qualidade que pode ser retirada do substantivo. Por exemplo,
nem todo homem é inteligente, nem todo fogo é alto, nem todo leite é
enriquecido, então inteligente, alto e enriquecido são adjetivos restritivos, em
relação a homem, fogo e leite.
mortal quente branco explicativo
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homem fogo leite
inteligente alto enriquecido restritivo
Quando o adjetivo estiver imediatamente após o substantivo qualificado
por ele, teremos o seguinte: se ele for adjetivo explicativo, deverá estar entre
vírgulas e funcionará sintaticamente como aposto explicativo; se for adjetivo
restritivo, não poderá estar entre vírgulas e funcionará como adjunto
adnominal. Por exemplo: “O homem, mortal, age como um ser imortal.” Nessa
frase, mortal é adjetivo explicativo, pois indica uma qualidade essencial do
substantivo, por isso está entre vírgulas e sua função sintática é a de aposto
explicativo. Já na frase “O homem inteligente lê mais.”, inteligente é adjetivo
restritivo, pois se entende que nem todo homem lê muito, por isso não está
entre vírgulas e sua função sintática é a de adjunto adnominal.
Assim, o adjetivo pode ter o valor restritivo (especifica o sentido do
termo antecedente, individualizando-o) e explicativo (realça um detalhe ou
amplifica características básicas sobre o antecedente, que já se encontra
suficientemente definido). Como aprofundamento disso, vejamos o adjetivo
“inteligente”.
1. O homem, inteligente, dobra sua capacidade cognitiva através dos séculos.
2. O homem inteligente não joga lixo no chão.
Na frase 1, esse adjetivo possui valor básico do homem: ser pensante,
que raciocina. Essa é a condição básica para que ele possa ter a capacidade
cognitiva e então através dos séculos ter a possibilidade de isso ser ampliado.
Esse adjetivo está entre vírgulas para marcar o valor explicativo e com isso há
a função sintática de aposto explicativo.
Na frase 2, esse mesmo adjetivo possui valor semântico diferente, pois
se sabe que nem todos os homens deixam de jogar o lixo no chão. Então esse
não é um princípio só do poder de raciocínio, mas da virtude, da educação.
Assim, inteligente, neste caso, é o homem educado. Como sabemos que nem
todos são educados, há certamente um valor restritivo. Por isso esse vocábulo
não está separado por vírgulas e cumpre a função sintática de adjunto
adnominal.
Portanto, se o aposto explicativo recebe um verbo, tornar-se-á uma
oração subordinada adjetiva explicativa. Se o adjunto adnominal recebe
um verbo, tornar-se-á oração subordinada adjetiva restritiva. O uso de
vírgula continua da mesma forma que nos termos da oração ditos
anteriormente. Veja:
O homem, inteligente, dobra sua capacidade cognitiva através dos séculos.
sujeito aposto explicativo VTD + objeto direto + adjunto adverbial de tempo
período simples
O homem, que é inteligente, dobra sua capacidade cognitiva através dos séculos.
oração subordinada
adjetiva explicativa
oração principal
período composto
O homem inteligente não joga lixo no chão.
Adj Adn + núcleo adjunto adnominal
Adj Adv VTD OD Adj Adv lugar
negação
sujeito simples
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período simples
O homem que é inteligente não joga lixo no chão.
oração subordinada
adjetiva restritiva
oração principal
período composto
Portanto, dependendo do uso da vírgula numa oração adjetiva, haverá
mudança de sentido. Em determinados momentos, a vírgula poderá ser
inserida ou retirada, isso fará com que a oração mude o sentido, mas não quer
dizer que haverá incoerência com os argumentos do texto. Exemplo:
Angélica, encontrei seu irmão que mora em Paris.
Angélica, encontrei seu irmão, que mora em Paris.
Uma forma prática de se enxergar melhor a restrição é subentendendo a
expressão somente aquele que.
Assim, no primeiro período, observa-se que somente o irmão de
Angélica o qual mora em Paris foi encontrado por mim, os outros irmãos dela
não foram citados no contexto. Portanto, sem vírgulas, entende-se que ela tem
mais de um irmão.
Já no segundo período, entende-se que a característica básica de irmão
de Angélica é ser morador de Paris, pois ele é o único irmão.
Veja outros:
O curso possui oitocentos alunos que farão a prova da OAB.
O curso possui oitocentos alunos, que farão a prova da OAB.
No primeiro período, entende-se que somente oitocentos alunos do
curso farão a prova da OAB, os outros não. Então o curso possui mais de
oitocentos alunos. No segundo período, percebe-se que todo o efetivo discente
do curso fará a prova da OAB. E sua totalidade é de oitocentos alunos.
Escolha a joia de que goste. Escolha a joia, de que gosta.
No primeiro período, alguém foi convidado a escolher uma joia ainda não
apreciada, conhecida pela felizarda. Aquela da qual gostar poderá ser
escolhida. Ao passo que, no segundo período, a pessoa presenteada já
conhecia a joia e já gostava dela, por isso passou a haver a característica
explicativa.
Outro ponto importante. Se o aposto explicativo pode ser separado por
vírgulas, travessões e parênteses; o mesmo vai ocorrer com a oração
subordinada adjetiva explicativa.
Questão 15 (Polícia Federal / 2004 / nível médio)
Fragmento do texto: Do final de setembro aos primeiros dias de outubro,
ficou muito claro que estamos assistindo a algo absolutamente novo e
fantástico: o surgimento de uma entidade governante anglo-saxã.
Questão: Preservam-se as relações semânticas do texto e sua correção
gramatical ao se substituir o sinal de dois-pontos por vírgula seguida do termo
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que é.
Resposta: C
Comentário: Os dois-pontos iniciam um aposto explicativo, o qual pode ser
também iniciado por vírgula. Ao se inserir a expressão “que é”, a banca
queria a percepção do candidato quanto à possibilidade de transformação de
aposto explicativo em oração subordinada adjetiva explicativa. Por isso a
afirmativa está correta.
Questão 16 (INCA / 2010 / nível médio )
Fragmento do texto: Nos anos 90 do século passado, o país derrotou a
inflação – que corroía salários, causava instabilidade política e irracionalidade
econômica.
Questão: A substituição do travessão por vírgula, em “derrotou a inflação –
que corroía salários”, prejudica a correção gramatical do período.
Resposta: E
Comentário: Há uma estrutura de duas orações subordinadas adjetivas
explicativas coordenadas entre si. Como esta estrutura está no final do período,
há apenas um travessão, o qual pode ser substituído por vírgula. O erro na
questão é dizer que haverá prejuízo com esta substituição. Lembre-se: a
estrutura explicativa pode ser separada por vírgulas, travessões e parênteses.
Questão 17 (INCA / 2010 / nível médio)
Fragmento do texto: Sua metodologia é simples – por meio de conversas
frequentes com a família, o voluntário receita cuidados básicos para evitar que a
criança morra por falta de conhecimento, como os hábitos de higiene, a
administração do soro caseiro e a adoção da farinha de multimistura na
alimentação, que se tornou uma solução simples e emblemática contra a
desnutrição.
Questão: O trecho “que se tornou uma solução simples e emblemática contra
a desnutrição” está precedido por vírgula porque se trata de um trecho com
função restritiva.
Resposta: E
Comentário: O erro está na palavra restritiva, pois a vírgula sinaliza que há
oração subordinada adjetiva explicativa.
Questão 18 (Agente educacional - ES / 2010 / nível médio)
Fragmento do texto: Para o Brasil, a influência mais direta deu-se por meio
das exportações de commodities, que cresceram a ponto de a China ter-se
tornado, em 2009, o maior mercado para as empresas brasileiras.
Questão: O emprego de vírgula logo após “commodities” justifica-se por
isolar oração explicativa subsequente.
Resposta: C
Comentário: Nota-se que há pronome relativo, pois se pode substituir “que”
por as quais. Assim se confirma que há oração subordinada adjetiva. Pelo uso
21
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da vírgula antes do “que”, sabe-se que é explicativa.
Questão 19 (Agente educacional - ES / 2010 / nível médio)
Fragmento do texto: O Brasil deve investir em pesquisa e desenvolvimento,
para alcançar níveis mais altos de produtividade e de competitividade e
desenvolver produtos inovadores que ampliem ou criem mercados com rapidez.
Questão: O trecho “que ampliem ou criem mercados com rapidez” tem
natureza restritiva.
Resposta: C
Comentário: Nota-se que há pronome relativo, pois se pode substituir “que”
por os quais. Assim se confirma que há oração subordinada adjetiva. Por não
haver vírgula antes do “que”, sabe-se que é restritiva.
Questão 20 (Tribunal de Justiça - BA / 2005 / nível superior)
Fragmento do texto: Nesse contexto, as previsões, liberais ou marxistas, do
fim dos estados ou das economias nacionais, ou mesmo da formação de
algum tipo de federação cosmopolita e pacífica, são utopias, com toda a
dignidade das utopias que partem de argumentos éticos e expectativas
generosas, mas são ideias ou projetos que não têm nenhum apoio objetivo na
análise da lógica e da história passada do sistema mundial.
Questão: A inserção de uma vírgula logo após a expressão “dignidade das
utopias” mantém as mesmas relações sintáticas e a informação original do
período.
Resposta: E
Comentário: Primeiro se deve ter certeza de que há oração adjetiva. Para
isso, basta substituir o “que” por “as quais” e se verifica que permanece a
coerência. Assim, a inserção ou retirada de vírgula obrigatoriamente muda o
sentido da oração subordinada adjetiva, então isso mudaria a informação
original do período no texto, além de mudar também a relação sintática, pois,
com a vírgula, deixaria de ser oração subordinada adjetiva restritiva para ser
oração subordinada adjetiva explicativa.
Questão 21 (Cia de Saneamento Básico - ES / 2006 / nível superior)
Fragmento do texto: Considerando as recentes técnicas, os meios e os
problemas que envolvem os crimes de informática e a ação de perícia criminal
sobre evidências de delitos dessa natureza, vimos sugerir a adoção de
protocolos para coleta, manipulação, exame e preparação do laudo pericial,
visando à integridade da prova e sua aceitação perante a justiça.
Questão: A oração “que envolvem os crimes de informática (...) natureza”
atribui sentido restritivo aos substantivos “técnicas”, “meios” e “problemas”.
Resposta: C
Comentário: Esta afirmativa engloba pelo menos dois conhecimentos: que
palavra(s) é(são) retomada(s) pelo pronome relativo e como diferenciar
restrição de explicação.
Primeiro, há de se observar a função sintática do pronome relativo
“que”. Ele está na função de sujeito e, por retomar nomes no plural, leva o
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verbo “envolvem” para o plural.
Como recurso de coesão, deve-se agora saber se esse vocábulo
realmente retoma os substantivos “técnicas”, “meios” e “problemas”, os quais
estariam implícitos no sujeito “que”. Assim, poderíamos entender: “as
recentes técnicas, os meios e os problemas (...) envolvem os crimes de
informática e a ação de perícia criminal sobre evidências de delitos dessa
natureza”. Há de se observar, então, que não é apenas o último substantivo
que está sendo caracterizado pela oração adjetiva (como muitos candidatos
entenderam, à época desta prova, e entraram com recursos, os quais foram
indeferidos).
Por fim, esta caracterização é restritiva, porque a oração adjetiva não
está separada por vírgula. Por tudo isso, a afirmativa está correta.
Questão 22 (Tribunal Regional Eleitoral - MA / 2006 / nível superior)
Texto:
Para que a democracia seja efetiva, é necessário que as pessoas se
sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se manifeste por meio
de um conjunto de organizações e instituições extramercado. Uma cultura
política atuante precisa de grupos comunitários, bibliotecas, escolas públicas,
associações de moradores, cooperativas, locais para reuniões públicas,
associações voluntárias e sindicatos que propiciem formas de comunicação,
encontro e interação entre os concidadãos.
A democracia neoliberal, com sua ideia de mercado “über alles”, nunca
leva em conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz consumidores.
Em vez de comunidades, produz shopping centers. O que sobra é uma
sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e
socialmente impotentes.
Em suma, o neoliberalismo é o inimigo primeiro e imediato da
verdadeira democracia participativa, não apenas nos Estados Unidos, mas em
todo o planeta, e assim continuará no futuro previsível.
Questão: A forma verbal subjuntiva “propiciem” poderia ser substituída, sem
prejuízo da coerência do texto e da correção gramatical, pela forma indicativa
propiciam, desde que fosse empregada a vírgula antes do conector “que”.
Resposta: C
Comentário: A oração adjetiva “que propiciem formas de comunicação” não
vem antecipada de vírgula por ser uma característica restritiva do substantivo
“sindicatos” (somente aqueles sindicatos que propiciem formas de
comunicação). Porém, ao lermos o conjunto do texto, percebemos que o autor
tem uma visão categórica contra o neoliberalismo; assim não seria de se
estranhar que ele considerasse que todas as organizações citadas no texto
propiciam “formas de comunicação”. Portanto a troca dos tempos verbais
faria permanecer a coerência. Mas isso implicaria erro gramatical, se não
houvesse a inserção da vírgula; pois no texto original a oração é adjetiva
restritiva (deixa-se subentendido que nem todas as organizações citadas no
texto propiciam formas de comunicação). Com a substituição do tempo e
modo verbais, a característica de propiciar formas de comunicação passa a ser
básica destas organizações, isto é, na visão do autor todas elas transmitem
formas de comunicação, encontro e interação entre os concidadãos. Isso exige
a inserção da vírgula para tornar essa oração adjetiva explicativa. Perceba que
23
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o verbo deixa de transmitir uma hipótese (presente do subjuntivo) para
transmitir uma certeza (presente do indicativo). Observe, também, que na
questão afirma-se que a troca e a inserção da vírgula preservariam a
coerência e a correção gramatical. Isso está correto. Ficaria errado só se
fosse afirmado que preservaria o sentido, pois a semântica mudou (de valor
restritivo para explicativo).
As orações reduzidas e desenvolvidas
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo
conjugado em modo e tempo verbal, as orações subordinadas adjetivas são
chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas
adjetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser
introduzidas por preposição) e apresentam o verbo numa das formas nominais
(infinitivo, gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida,
já que é introduzida pelo pronome relativo “que” e apresenta verbo conjugado
no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada
adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no
infinitivo.
Questão 23 (Tribunal Regional Eleitoral - RS / 2006 / nível médio )
Fragmento do texto: O primeiro código eleitoral a viger no Brasil chamava-
se Ordenações do Reino, as quais foram elaboradas em Portugal no fim da
Idade Média e utilizadas até 1828.
Questão: Para que o período mantenha-se gramaticalmente correto; ao se
substituir a forma verbal “viger” por vigorar, é necessário substituir também
a preposição que a antecede.
Resposta: E
Comentário: A oração “a viger no Brasil” é subordinada adjetiva reduzida de
infinitivo e por isso recebe a preposição “a”. Note que se poderia substituir
essa oração reduzida pela desenvolvida “que vigeu no Brasil”, sem alteração
semântica. Tanto o verbo “viger” quanto vigorar admitem a preposição “a”
para que possa dar origem a essa estrutura reduzida. Por não ser necessária a
substituição da preposição, a questão está errada.
Ei, dê uma parada agora, tome um cafezinho! Daqui a pouco
continuaremos...
Bom, agora que já voltamos, vamos lá!
Recapitulando...
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Até agora, vimos os termos básicos da oração e entendemos que não se
pode separá-los por vírgula. Vimos também que o sujeito, OD e predicativo
não são antecipados por preposição. Além disso, estudamos o vocativo e o
aposto tendo em vista a sua pontuação.
Em seguida, vimos que o termo adjetivo pode ter dois valores
semânticos (restrição e explicação). Quando esses termos recebem verbo,
naturalmente viram orações adjetivas.
Agora falta falarmos dos termos adverbiais, principalmente no que diz
respeito ao sentido e à pontuação. Veja:
A estrutura adverbial
Vimos no início da aula que o verbo intransitivo não exige complemento
verbal, mas pode necessitar de adjunto adverbial para transmitir uma
circunstância.
Veja:
Adoeci.
Fui à praia.
verbo intransitivo adjunto adverbial de lugar
predicado verbal
Na realidade, há dois tipos de verbos intransitivos.
O primeiro diz respeito àquele que não exige nenhum termo que
complemente seu sentido, como “Adoeci.”; “Juvenal morreu.”; “Um vendaval
ocorreu.”. Esses verbos não necessitam de termo que os complete. Esse tipo
de intransitividade mostra que o verbo por si só já transmite o sentido
necessário; podendo o autor acrescentar termos acessórios para transmitir
mais clareza ou ser mais pontual no sentido, por exemplo: “Adoeci por causa
do mal tempo.”; “Juvenal morreu anteontem.” e “Um vendaval ocorreu
aqui.”.
Por outro lado, existe a intransitividade que necessita de um termo que
produza sentido. Se alguém diz que vai, tem que dizer que vai a algum
lugar. Se alguém diz que voltou, tem que continuar a fala mostrando de
onde voltou. Por isso muita gente confunde esse tipo de intransitividade com a
transitividade indireta; mas há uma diferença muito grande, pois o termo que
completa o sentido deste tipo de intransitividade transmite normalmente
circunstâncias de lugar ou modo. Veja:
Vou a São Paulo. Vim de Manaus. Estou bem.
O objeto indireto apenas completa o sentido do verbo, ele não transmite
valores circunstanciais de lugar ou de modo, sentidos que são demonstrados
nos vocábulos “a São Paulo”, “de Manaus” e “bem”. Quando se quer saber se
há circunstância de lugar ou modo, faz-se a pergunta “Onde?”, “Como?”,
respectivamente. Assim, é importante notarmos os valores dos adjuntos
adverbiais, que são demonstrados em sua maioria no uso das preposições, as
quais serão enfatizadas a seguir. Didaticamente, podemos dividir o adjunto
adverbial em dois tipos:
Adjunto adverbial solto: O problema ocorreu naquela tarde de sábado.
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Adjunto adverbial preso: Eu estou bem.
Eu estou em São Paulo.
Eu vim de São Paulo.
Caro aluno, esta divisão dos adjuntos adverbiais é apenas didática, não é
cobrada em prova dessa forma, mas entendermos isso é importante para a
pontuação. Veja que não é comum vermos vírgula separando adjuntos
adverbiais presos, como as três últimas frases. Já com o adjunto adverbial
solto, é natural podermos inserir a vírgula. Veja:
O problema ocorreu, naquela tarde de sábado.
Assim, o adjunto adverbial é o termo que modifica o verbo, o adjetivo
ou o advérbio, atribuindo-lhes uma circunstância qualquer. Abaixo listei para
você o nome da palavra (morfologia) e a função que esta palavra desempenha
na oração (sintaxe).
morfologia artigo + substantivo verbo advérbio de
intensidade
Os atletas correram muito.
sintaxe
adj adn + núcleo verbo intransitivo adjunto
adverbial de
intensidade
sujeito predicado verbal
período simples
morfologia pronome + substantivo verbo + advérbio
de intensidade
adjetivo
Seu projeto é muito interessante.
sintaxe
adj adn + núcleo VL + adj adverbial
de intensidade
Predicativo do sujeito
sujeito predicado nominal
período simples
morfologia artigo + substantivo verbo + advérbio de
intensidade
advérbio
O time jogou muito mal.
sintaxe
adj adn + núcleo VI + adj adverbial
de intensidade
adjunto
adverbial de
modo
sujeito predicado verbal
período simples
Observações:
a) O adjunto adverbial pode ser representado por um advérbio, uma
locução adverbial ou um pronome relativo (que será visto na aula 3).
Deixei o embrulho aqui. (advérbio)
À noite conversaremos. (locução adverbial)
A empresa onde trabalhei faliu. (pronome relativo)
b) Pode ocorrer elipse da preposição antes de adjuntos adverbiais de
tempo e modo:
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Aquela noite, ela não veio. (Naquela noite) Domingo ela estará aqui. (No domingo)
Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (De ouvidos atentos)
Principais valores das locuções adverbiais, a depender da
preposição e das locuções prepositivas nocionais:
1. assunto:
de: falar de futebol.
sobre: conversar sobre política; falar sobre futebol.
quanto a: Não nos expressamos quanto à fatalidade do acidente.
2. causa:
a: morrer à fome; acordar aos gritos das crianças; voltar a pedido
dos amigos.
ante: Ante os protestos, recuou da decisão. (Perceba que não há preposição
“a” após “ante”. Diz-se ante a, ante o, e não *ante à, *ante ao.)
com: assustar-se com o trovão; ficar pobre com a inflação.
de: morrer de fome; tremer de medo; chorar de saudade.
devido a: Encontrou seu futuro, devido a muito esforço.
diante de: Diante de tais ofertas, não pude deixar de comprar.
em consequência de: Em consequência de seu estudo eficaz, passou
em primeiro lugar.
em face de: O que o salvou, em face do perigo, foi sua habitual calma.
(em virtude de)
face a: Face a tantos perigos, resolveu voltar.
graças a: Graças ao estudo, passou no concurso.
por: encontrar alguém por uma coincidência; foi preso por vadiagem
Esta preposição também pode ser entendida como em favor de: morrer pela
pátria; lutar pela liberdade; falar pelo réu. Não deixa de possuir valor
causal.
3. companhia:
com: ir ao cinema com alguém; regressar com amigos.
4. concessão (contraste, oposição)
apesar de: Foi à praia apesar do temporal.
Obs.: Ocorre quando há uma oposição em relação ao verbo. Não se vai,
normalmente, à praia em dia de temporal.
com: Com mais de 80 anos, ainda tem planos para o futuro.
malgrado: Malgrado a chuva, fomos ao passeio.
5. condição:
Sem: Sem o empréstimo, não construiremos a casa.
6. conformidade:
a: puxar ao pai; escrever ao modo clássico; sair à mãe.
conforme: Agiu conforme a situação.
por: tocar pela partitura; copiar pelo original.
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7. lugar:
a: (destino - em correlação com a preposição de): de Santos a
Guarujá; daqui a Salvador.
Obs.: Usa-se indiferentemente à/na página. Ex.: A notícia está à/na
página 28 do jornal. Usa-se ainda a páginas, mas não as páginas ou às
páginas. Ex.: A notícia está a páginas 28 do jornal.
ante: A verdade está ante nossos olhos;
até: indica o limite, o término de movimento, e, acompanhando
substantivo com artigo (definido ou indefinido), pode vir ou não seguida da
preposição a: Caminharam até a entrada do estacionamento. ou
Caminharam até à entrada do estacionamento.
de: (relação de origem): vir de Madri.
desde: dormir desde lá até cá.
em: (estático): ficar em casa; o jantar está na mesa.
Observação:
O uso da preposição “em” com verbos ou expressões de
movimento caracteriza coloquialidade (o que deve ser evitado na norma
culta): chegar em casa, ir no supermercado, voltar na escola, levar as
crianças na praia, dar um pulo na farmácia, etc. O correto é: chegar a
casa; ir ao supermercado; voltar à escola; levar as crianças à praia; ir à
farmácia.
defronte: Ela mora defronte à igreja.
em frente a: Em frente à escola estava ele.
entre: Os Pireneus estão entre a França e a Espanha; ficar entre os
aprovados.
para: ir para Madri; apontar o dedo para o céu.
perante: (posição em frente); perante o juiz, negou o crime. (Não use
perante a: perante a Deus, perante ao juiz, etc.)
por: ir por Bauru, morar por aqui.
sob: (posição inferior): ficar sob o viaduto.
sobre: (posição superior): o avião caiu sobre uma lavoura de arroz;
flutuar sobre as ondas; (direção): ir sobre o adversário.
trás: no português atual, a preposição trás não é usada isoladamente;
atua, sempre, como parte de outras expressões: nas locuções adverbiais “para
trás” e “por trás” (ficar para trás, chegar por trás) e na locução prepositiva
“por trás de” (ficar por trás do muro).
8. meio:
de: Iremos de navio.
em: pagar em cheque; indenizar em ações.
por: ler pelo rascunho; ir por terra; levar pela mão; contar pelos
dedos; enviar pelo Correio; mandar um recado por alguém.
9. modo:
a: bife à milanesa; jogar à Telê Santana.
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com: andar com cuidado; tratar com carinho.
de: olhar alguém de frente, ficar de pé.
em: ir em turma, em bando, em pessoa; escrever em francês.
por: proceder à chamada de alunos por ordem alfabética; saber por
alto o que aconteceu.
sem: indica a relação de ausência ou desacompanhamento: estar sem
dinheiro;
sob: sair sob pretexto não convincente.
10. tempo:
com: (simultaneidade): o povo canta, com os soldados, o Hino
Nacional; com o tempo os frutos amadurecem.
de: dormir de dia, estudar de tarde, perambular de noite; de
pequenino é que se torce o pepino.
desde: desde ontem estou assim.
em: fazer a viagem em quatro horas; o fogo destruiu o edifício em
minutos, no ano 2000.
entre: ela virá entre dez e onze horas.
para: ter água para dois dias apenas; para o ano irei a Salvador; lá
para o final de dezembro viajaremos.
por: estarei lá pelo Natal; viver por muitos anos; brincar só pela
manhã.
sob: houve muito progresso no Brasil sob D. Pedro II.
Muitas vezes, numa locução, a preposição “a” pode ser trocada por outra, sem
que isso acarrete prejuízo de construção ou de significado. Eis alguns
exemplos: à/com exceção de, a/em meu ver, a/com muito custo, em frente
a/de, rente a/com, à/na falta de, a/em favor de, em torno a/de, junto
a/com/de.
Questão 24 (Polícia Federal / 2004 / nível médio)
Fragmento do texto: Por que ilusão de modernidade? (...) porque a
modernidade, ao invés de aumentar a riqueza bruta dessas nações, induziu
enormes transferências para fora com o movimento de capitais externos que
sugavam a renda regional.
Questão: No período em que ocorre, o conectivo “ao invés de” estabelece
relações semânticas de concessão e de restrição, e pode ser substituído por
apesar de, sem prejuízo para a coerência e a correção gramatical do texto.
Resposta: E
Comentário: Note a substituição pedida na questão e compare:
1. ...a modernidade, ao invés de aumentar a riqueza bruta dessas nações,
induziu enormes transferências para fora com o movimento de capitais
externos que sugavam a renda regional.
2. ...a modernidade, apesar de aumentar a riqueza bruta dessas nações,
induziu enormes transferências para fora com o movimento de capitais
externos que sugavam a renda regional.
No texto original, a locução prepositiva “ao invés de” traduz a ideia de
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que a modernidade não aumentou a riqueza bruta, apenas induziu a enormes
transferências. Já, com a substituição, “apesar de” traduz a ideia de que a
modernidade aumentou a riqueza (o que seria um contraste) e também
induziu enormes transferências. Assim, haveria mudança de sentido,
incoerência e por isso incorreção gramatical.
Questão 25 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível superior)
Fragmento do texto: Seja como for, todas as “realidades” e as “fantasias”
só podem tomar forma por meio da escrita, na qual exterioridade e
interioridade, mundo e ego, experiência e fantasia aparecem compostos pela
mesma matéria verbal...
Questão: Pode-se substituir a expressão sublinhada pela palavra apresentada
entre parênteses e isso não provocaria erro gramatical ou alteração no sentido
do texto:
“todas as ‘realidades’ e as ‘fantasias’ só podem tomar forma por meio da
escrita” (perante)
Resposta: E
Comentário: A locução prepositiva “por meio da” inicia adjunto adverbial de
meio; já perante transmite valor de posicionamento (lugar). Não se pode
substituir um pelo outro.
Questão 26 (Oficial de Chancelaria - MRE / 2008 / nível superior)
Questão: Julgue a frase a seguir quanto à correção gramatical: “Foi feita,
finalmente, uma faxina no escritório a nível de material de consumo.”
Resposta: E
Comentário: A expressão “a nível de” é viciosa. O substantivo “nível” não
possui o valor de “relativo a”, “a respeito de”, como vulgarmente é utilizado
(Falei a nível de problema social). Seus valores basicamente são:
Elevação relativa de uma linha ou de um plano horizontal: O nível das águas
subiu.
Padrão, qualidade, gabarito: bairro residencial de alto nível.
Altura relativa numa escala de valores: nível econômico; nível de disciplina.
No contexto, o ideal é retirar essa expressão viciosa, fazendo os ajustes
a depender do sentido:
“Foi feita, finalmente, uma faxina no escritório com material de consumo.”
“Foi feita, finalmente, uma faxina de material de consumo no escritório.”
Questão 27 (INCA / 2010 / nível superior )
Fragmento do texto: A realidade atual vem exigindo dos pesquisadores
envolvidos com a temática da saúde maiores esforços para compreender as
mudanças recentes...
Questão: A organização das ideias no texto mostra que “realidade atual”
constitui a circunstância de tempo em que a “temática da saúde” está sendo
considerada; por isso, mantêm-se as relações entre os argumentos e a
correção gramatical ao se iniciar o texto com Na realidade atual.
Resposta: E
Comentário: De acordo com a observação da letra (B), vista anteriormente,
algumas vezes há omissão da preposição em um adjunto adverbial de tempo.
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Mas a expressão “A realidade atual” é sujeito na oração em que está inserida,
por esse motivo não transmite circunstância de tempo (pois isso é papel do
adjunto adverbial), nem pode ser antecedida de preposição.
Questão 28 (Tribunal de Justiça – SE / 2006 / nível superior)
Fragmento do texto: O Instituto de Registro Imobiliário do Brasil (IRIB),
seção de São Paulo, em parceria com o Colégio Notarial do Brasil, também
seção de São Paulo, e com o apoio da Corregedoria-Geral da Justiça de São
Paulo, congrega esforços para promover e realizar seminários de direito
notarial e registral no estado, visando o aperfeiçoamento técnico de notários e
registradores e a reciclagem de prepostos e profissionais que atuam na área.
Questão: As expressões “em parceria” e “com o apoio” exercem a função
sintática de adjunto adverbial de companhia e, por isso, podem ser
substituídas, sem prejuízo do sentido, por juntamente.
Resposta: E
Comentário: As expressões “em parceria” e “com o apoio” não exercem
sozinhas a função sintática de adjunto adverbial de companhia. As expressões
pospostas fazem parte desses termos ( em parceria com o Colégio Notarial do
Brasil; com o apoio da Corregedoria-Geral da Justiça de São Paulo). O
segundo desses dois termos, apesar de não transmitir o valor de companhia
explicitamente, tendo em vista o substantivo “apoio” (circunstância de modo),
pode, implicitamente, transmitir esta ideia. Até aqui já vimos que a questão
está errada. Ratifica-se o erro, porque o vocábulo “juntamente” não substitui
adequadamente a expressão “com o apoio”, pois necessitaria da mudança da
preposição “de” para “com”: juntamente com.
Questão 29 (Cia de Saneamento Básico - ES / 2006 / nível superior)
Fragmento do texto:
Sem o trabalho dos peritos, a investigação policial fica restrita à coleta
de depoimentos e ao concurso de informantes, o que limita suas
possibilidades e torna perigosamente decisivos os interrogatórios dos
suspeitos. No tempo de hackers, de criminosos organizados com armamentos
poderosos e equipamentos sofisticados, é indispensável dotar a polícia do
apoio científico e técnico mais avançado possível.
O princípio estruturante de um departamento de perícia competente é a
descentralização com integração sistêmica. Sua construção, por prudência,
economia e realismo, deverá obedecer a um plano modular, de modo que
novos laboratórios se incorporem, sucessivamente, de acordo com o
desenvolvimento do processo de implantação e com os resultados do impacto
da demanda sobre os serviços oferecidos pelas universidades conveniadas.
Questão: O conectivo “de acordo com” introduz argumento que está em
conformidade com as ideias expressas no parágrafo anterior.
Resposta: E
Comentário: Note que a locução prepositiva “de acordo com” inicia adjunto
adverbial de conformidade em relação ao verbo de sua oração “...de modo
que novos laboratórios se incorporem sucessivamente...”. Para que pudesse
introduzir argumento que está em conformidade com o parágrafo anterior,
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deveria iniciar o segundo parágrafo da seguinte forma:
De acordo com isso, o princípio estruturante...
Assim, o pronome demonstrativo “isso” retomaria o parágrafo anterior e
o argumento ficaria em conformidade realmente com o parágrafo anterior.
Questão 30 (Polícia Federal / 2004 / nível médio)
Fragmento do texto: Primeiro, a modernidade não agregou ao mundo do
bem-estar a população pobre; ao contrário, em países que não conheciam
graves desigualdades, como a Argentina e o Uruguai, a desigualdade
floresceu, aproximando-os de Brasil e Venezuela.
Questão: A preposição “em” (em países que) é de uso opcional, motivo por
que a sua retirada não prejudica a coerência e a correção gramatical do texto.
Resposta: E
Comentário: A preposição “em” é obrigatória. Veja toda a estrutura:
...em países que não conheciam graves desigualdades, como a Argentina e o
Uruguai, a desigualdade floresceu...
Os termos intercalados são oração subordinada adjetiva restritiva (por isso
não está separada por vírgula) e termo exemplificativo (dupla vírgula
obrigatória). Sobra, portanto, a oração principal: “em países a desigualdade
floresceu”, em que “em países” é adjunto adverbial de lugar, e a preposição
“em” é obrigatória.
Vimos os valores semânticos dos adjuntos adverbiais, agora veremos a
pontuação.
Pontuação interna com adjunto adverbial “solto”
É marcante nos adjuntos adverbiais a sua mobilidade posicional, pois
este termo pode movimentar-se para o início, para o meio ou para o fim da
oração. Essa mobilidade é percebida nos termos soltos, os quais não são
exigidos pelo verbo, mas apenas ampliam o contexto com a circunstância. Isso
é notado principalmente nos advérbios de lugar, tempo e modo; nos advérbios
que modificam toda a oração (e não somente um termo); e nas locuções
adverbiais:
O custo de vida é bem alto em Brasília.
Em Brasília, o custo de vida é bem alto.
O custo de vida, em Brasília, é bem alto.
O custo de vida é bem alto, em Brasília.
Prefeitos de várias cidades foram a Brasília.
A Brasília prefeitos de várias cidades foram.
Prefeitos de várias cidades a Brasília foram.
Esta locução adverbial de
lugar não é exigida pelo
verbo, por isso se considera
um termo solto, o qual pode
receber vírgula. Compare
com a seguinte.
Esta locução adverbial de
lugar é exigida pelo verbo,
por isso não se considera
termo solto, ela pode se
mover na oração, mas não
recebe vírgula.
Os advérbios referem-se a
toda a oração.
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Naturalmente, você já percebeu o problema.
Sim, eu sei.
Quando a locução adverbial solta for de grande extensão e estiver
antecipada da oração ou no meio dela, a vírgula será obrigatória. Se
estiver no final, a vírgula será facultativa.
Antes da última rodada, o time já se dizia campeão.
O time, antes da última rodada, já se dizia campeão.
O time já se dizia, antes da última rodada, campeão.
O time já se dizia campeão, antes da última rodada.
O time já se dizia campeão antes da última rodada.
Questão 31 (INCA / 2010 / nível médio)
Questão: O emprego de vírgula após “anos”, em “Nos próximos anos, a
questão da melhoria da qualidade do ensino deve ser uma obrigação dos
governantes”, justifica-se por isolar termo adverbial, com noção de tempo,
deslocado do final para o começo do período.
Resposta: C
Comentário: Note que “Nos próximos anos” é adjunto adverbial de tempo e
está antecipado em sua oração; por isso ocorre vírgula.
Questão 32 (Agente educacional - ES / 2010 / nível médio)
Fragmento do texto: O Cinema Novo, a partir de 1954, inspirou-se no
Neorrealismo da Itália e na Nouvelle Vague da França.
Questão: O emprego de vírgula logo após “Novo” justifica-se por isolar
aposto explicativo.
Resposta: E
Comentário: Não há aposto explicativo, é o adjunto adverbial de tempo “a
partir de 1954”, o qual se encontra intercalado, que impõe o uso de vírgulas.
Questão 33 (Agente de Polícia Civil - ES / 2009 / nível médio)
Fragmento do texto: Se nos dedicarmos a ensinar aos mais novos, em
família e na escola, que, para conviver, é preciso ter consideração com o
outro, relevar e fazer concessões, eles aprenderão melhor a controlar seus
impulsos em favor do equilíbrio da vida em grupo.
Questão: A expressão “em família e na escola”, juntamente com as vírgulas
que a intercalam, poderia ser transposta, sem prejuízo da correção gramatical
e sem alteração do sentido original, para as seguintes posições dentro do
período: ou imediatamente após a palavra “dedicarmos”, ou imediatamente
após a palavra “ensinar”.
Resposta: C
Comentário: A locução adverbial “em família e na escola” acrescenta à
estrutura verbal dedicarmos a ensinar a circunstância de lugar, por isso esta
locução pode se posicionar imediatamente depois do primeiro verbo e
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imediatamente depois do segundo, sem modificar o sentido original. Isso
ratifica o que vimos sobre a locução adverbial solta.
Questão 34 (Tribunal Regional Eleitoral - MA / 2006 / nível superior)
Questão: Julgue a frase seguinte quanto à pontuação: Promotores
representantes da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão
(AMPEM), vão propor à Controladoria-Geral da União (CGU) a realização de
convênio no projeto Contas na Mão. Nascido há cinco anos, o projeto tem
como objetivo, formar comitês de cidadania para fiscalizar contas públicas em
estados e municípios.
Resposta: E
Comentário: A vírgula antes de “vão propor” está errada porque se encontra
entre sujeito e predicado. A expressão “como objetivo” ou fica entre vírgulas,
ou não poderá haver nenhuma vírgula (por ser adjunto adverbial de pequena
extensão).
Questão 35 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível médio)
Fragmento do texto: Em outra frente, a Campanha Global de Ação contra a
Pobreza — uma aliança internacional de sindicatos, grupos comunitários,
religiosos e organizações que trabalham pelo fim das desigualdades — anuncia
a mobilização anual do movimento Levante-se e Faça a Sua Parte, uma
ação mundial no dia Internacional pela Erradicação da Pobreza.
Questão: O emprego de vírgula logo após “frente” justifica-se por isolar
adjunto adverbial anteposto.
Resposta: C
Comentário: O adjunto adverbial “Em outra frente” encontra-se antecipado,
por isso está separado por vírgula.
Questão 36 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível médio)
Fragmento do texto: No momento em que as Nações Unidas promovem
reunião de alto nível para revitalizar os Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio e a nação mais poderosa do mundo busca o caminho para enfrentar a
bancarrota de meia dúzia de empresas com US$ 900 bilhões, milhares de
organizações não-governamentais estão lançando a campanha Em Meu
Nome, que é destinada a mobilizar a cidadania contra a pobreza.
Questão: Sem prejuízo para a correção gramatical e para o sentido original
do texto, o termo “com US$ 900 bilhões” poderia ocupar, entre vírgulas, a
posição imediatamente após a preposição “para”(linha 3).
Resposta: C
Comentário: Apenas houve o deslocamento do adjunto adverbial de meio (ou
quantidade) “com US$ 900 bilhões”, o qual se encontra no final da oração e
passa a ficar intercalado após a preposição que inicia sua oração. Veja:
...para enfrentar a bancarrota de meia dúzia de empresas com US$ 900 bilhões...
...para, com US$ 900 bilhões, enfrentar a bancarrota de meia dúzia de empresas...
Já vimos as orações subordinadas substantivas e as adjetivas. Vimos que
elas partiram de um termo da oração. Da mesma forma, quando o adjunto
adverbial recebe um verbo, transforma-se em oração subordinada adverbial.
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Período composto por subordinação adverbial
O candidato passou no concurso, devido ao seu esforço no estudo.
VTI objeto indireto adjunto adverbial de causa
sujeito predicado verbal
período simples
O candidato passou no concurso, porque se esforçou no estudo.
sujeito
VTI objeto indireto VTI + objeto indireto
predicado verbal predicado verbal
oração principal oração subordinada adverbial causal
período composto
Tanto o adjunto adverbial quanto a oração adverbial podem deslocar-se
para o início ou para o meio da estrutura principal. E, com isso, a vírgula será
empregada conforme foi visto nos adjuntos adverbiais de grande extensão.
Assim, via de regra, a oração subordinada adverbial, quando posposta à
oração principal, será iniciada por vírgula facultativamente. Mas, se for
antecipada ou intercalada, receberá vírgula ou vírgulas obrigatoriamente.
Observe:
Devido ao seu esforço no estudo, o candidato passou no concurso
adjunto adverbial de causa VTI objeto indireto
sujeito
predicado verbal
período simples
Porque se esforçou no estudo, o candidato passou no concurso
VTI + objeto indireto sujeito VTI objeto indireto
predicado verbal predicado verbal
oração subordinada adverbial causal oração principal
período composto
O candidato, devido ao seu esforço no estudo, passou no concurso.
adjunto adverbial de causa VTI objeto indireto
sujeito predicado verbal
período simples
O candidato, porque se esforçou no estudo, passou no concurso
VTI + objeto indireto VTI objeto indireto
sujeito predicado verbal predicado verbal
vírgula
facultativa
vírgula
facultativa
vírgula
obrigatória
vírgula
obrigatória
vírgulas obrigatórias
vírgulas obrigatórias
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oração subordinada adverbial causal
oração principal
período composto
Assim como foi visto nas orações substantivas e adjetivas, as orações
podem ser reduzidas. Isso ocorre porque a conjunção é excluída e o verbo
deixa de ser conjugado em modo e tempo verbal e passa a uma das formas
nominais: infinitivo, gerúndio, particípio.
Por se esforçar muito nos estudos, o candidato passou no concurso.
oração subordinada adverbial causal reduzida de infinitivo + oração principal
Questão 37 (INCA / 2010 / nível superior )
Fragmento do texto: Ao estabelecer a obrigatoriedade na realização dos
exames pré-admissional, periódico e demissional do trabalhador, criou
recursos médico-periciais voltados à identificação do nexo da causalidade
entre os danos sofridos e a ocupação desempenhada.
Questão: A vírgula logo depois de “trabalhador” é opcional e sua retirada
preservaria a correção gramatical do texto, pois os três termos da
enumeração que ela tem função de marcar já estão separados pela conjunção
“e”: “exames pré-admissional, periódico e demissional do trabalhador”.
Resposta: E
Comentário: A vírgula após “trabalhador” é obrigatória, por haver a
antecipação da oração subordinada adverbial causal (ou temporal) reduzida de
infinitivo “Ao estabelecer a obrigatoriedade na realização dos exames pré-
admissional, periódico e demissional do trabalhador”. Os três termos
enumerados não interferem no motivo desta vírgula.
Questão 38 (Médico perito INSS / 2009 / nível superior)
Questão: Julgue a frase quanto à correção gramatical: O povo por estar
insatisfeito com o “bota-abaixo” e influenciado pela imprensa se revoltou
contra a vacina.
Resposta: E
Comentário: Há orações subordinadas adverbiais causais reduzidas de
infinitivo e estão coordenadas entre si com a conjunção “e”. Como essas
orações estão intercaladas à oração principal “O povo se revoltou contra a
vacina”, deve haver vírgula após o substantivo “povo” e depois de “imprensa.”
Questão 39 (Tribunal Regional Eleitoral - MA / 2006 / nível superior)
Fragmento do texto: Para que a democracia seja efetiva, é necessário que
as pessoas se sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se
manifeste por meio de um conjunto de organizações e instituições
extramercado.
Questão: Caso a oração adverbial que inicia o texto estivesse imediatamente
após a expressão “é necessário”, não haveria necessidade de emprego da
vírgula, visto que estaria restabelecida a ordem direta do período.
Resposta: E
Comentário: Se a oração adverbial final “Para que a democracia seja efetiva”
fosse colocada após a oração “é necessário”, precisaria ficar entre vírgulas,
pois estaria entre uma oração principal e uma oração subordinada
36
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substantiva. Veja:
“É necessário, para que a democracia seja efetiva, que as pessoas se
sintam ligadas aos concidadãos...”
Vários são os valores circunstanciais das orações subordinadas
adverbais. Eles basicamente se dividem em 9.
Causais: exprimem causa, motivo, razão. Esta oração faz parte da
estrutura causa-consequência, em que a origem ocorre temporalmente antes.
E a consequência, por ser o resultado, ocorre depois. As principais conjunções
causais são: porque, pois, que, como (quando a oração adverbial estiver
antecipada), já que, visto que, desde que, uma vez que, porquanto, na medida
em que, que, etc:
A mulher gritou porque teve medo.
Como fazia frio, fechou as janelas.
Já que me pediram, vou continuar.
Uma vez que desfruta de bons pensamentos, realiza boas atitudes.
Observações:
I - A conjunção se também pode transmitir valor de causa a orações que
funcionam como base ou ponto de partida de um raciocínio, em construções
como:
Se o estudo é o princípio do concurseiro, é imprescindível a
organização de seu material de estudo.
II - Vimos na aula anterior que as conjunções porque, porquanto e
pois podem ser coordenativas explicativas. Nesta, percebemos que elas
também podem ser causais. A banca CESPE não pergunta qual é a diferença
entre elas, apenas pede a troca das conjunções.
Questão 40 (Tribunal Regional Eleitoral - RS / 2005 / nível médio)
Fragmento do texto: As eleições para a assembleia constituinte realizaram-
se após a Proclamação da Independência e, em 25 de março de 1824, D.
Pedro I outorgou ao povo brasileiro sua primeira Constituição política.
Questão: Após a data “25 de março de 1824” subentende-se uma relação
sintática representada pela conjunção porque.
Resposta: E
Comentário: “As eleições para a assembleia constituinte realizaram-se após
a Proclamação da Independência e, em 25 de março de 1824, D. Pedro I
outorgou ao povo brasileiro sua primeira Constituição política.”
A relação entre as orações desse período é de coordenação aditiva
(observe a conjunção “e” em destaque). Ao se subentender, ou explicitar a
conjunção porque após “25 de março de 1824”, já haveria erro pois a vírgula
que se encontra após “1824” ficaria após a conjunção porque. Além disso, ela
iniciaria, dentro da oração coordenada sindética aditiva, uma relação
subordinativa adverbial causal, mas faltaria a oração principal, vício chamado
de truncamento sintático. Veja como ficaria:
“As eleições para a assembleia constituinte realizaram-se após a
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Proclamação da Independência e, em 25 de março de 1824 porque, D. Pedro
I outorgou ao povo brasileiro sua primeira Constituição política...”
Não há, portanto, possibilidade de se subentender a conjunção porque
após 1824.
Questão 41 (Caixa Econômica Federal / 2010 / nível médio )
Fragmento do texto: Entre os integrantes dos BRICs, o Brasil é o que tem,
de longe, o maior mercado de azeite: o consumo deverá atingir 50.000
toneladas em 2010. Como o país tem forte influência espanhola, italiana e
portuguesa (os mais importantes produtores mundiais), o hábito de usar o
óleo em pizzas e saladas é mais comum do que nos outros do grupo — e as
empresas do ramo praticamente não mudam suas táticas de venda no
mercado brasileiro.
Questão: A conjunção “Como” introduz oração que expressa um fato que
está em conformidade com a ideia apresentada no período que a antecede.
Resposta: E
Comentário: Esse vocábulo transmite valor de causa em relação à oração
que a sucede. Veja:
Já que (Porque, Uma vez que) o país tem forte influência espanhola,
italiana e portuguesa (os mais importantes produtores mundiais), o hábito de
usar o óleo em pizzas e saladas é mais comum do que nos outros do grupo...
Consecutivas: Na relação causa-consequência, o processo verbal da
consequência ocorre após o da causa, e suas conjunções exprimem um efeito,
um resultado e aparecem de duas formas:
I - conjunção que precedida de tal, tão, tanto, tamanho:
Fazia tanto frio que meus dedos congelavam.
Tal foi seu entusiasmo que todos o seguiram.
Nesta estrutura, os intensificadores tal, tamanho, tão, tanto podem ficar
subentendidos.
Bebia que caía pelas ruas. (bebia tanto...)
II – locuções conjuntivas de maneira que, de jeito que, de ordem que, de
sorte que, de modo que, etc:
Ontem estive doente, de sorte que não pude ir ao trabalho.
“As notícias de casa eram boas, de maneira que pude prolongar
minha viagem.” (Domingos Paschoal Cegalla)
III – locução conjuntiva sem que, e a conjunção que, seguida de
negação.
Lúcia não pode ver uma roupa bonita na vitrine sem que a queira comprar.
Lúcia não pode ver uma roupa bonita na vitrine, que não a queira comprar.
Perceba que, na primeira estrutura, a preposição sem tem valor de negação;
na segunda, sua ausência é substituída pelo advérbio de negação “não”.
38
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Questão 42 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível superior)
Fragmento do texto: O ministro do Trabalho classificou a decisão do COPOM
de subir os juros de “precipitada”. “É um erro imaginar que há inflação no
Brasil.
Questão: Julgue a interpretação correta em relação ao valor semântico do
vocábulo destacado:
“É um erro imaginar que há inflação no Brasil” (consequência)
Resposta: E
Comentário: A conjunção “que” não possui valor semântico, é apenas
relacional, chamada de conjunção integrante, pois inicia oração subordinada
substantiva. O que a banca queria era que o candidato confundisse esse “que”
com o da oração subordinada adverbial consecutiva. Para ser consecutiva,
deve haver a intensificação na oração principal com os vocábulos “tão”,
“tamanho”, “tanto”. Veja os exemplos:
É um erro imaginar que há inflação no Brasil. (que = conjunção integrante)
oração principal + OSSSRI + oração subordinada substantiva objetiva direta (imaginar isso)
OSSSRI = oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo
A inflação é tão grande que causou revoluções políticas internas.
oração principal + oração subordinada adverbial consecutiva
(que = conjunção subordinativa adverbial consecutiva)
Questão 43 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível superior)
Questão: Pode-se substituir a palavra sublinhada pela palavra apresentada
entre parênteses e isso não provocaria erro gramatical ou alteração no sentido
do texto:
“Hoje, somos bombardeados por uma quantidade de imagens tal, que não
conseguimos mais distinguir a experiência direta daquilo que vimos há poucos
segundos na televisão” (porque)
Resposta: E
Comentário: A conjunção “que” combina com o intensificador “tal” da oração
principal para transmitir valor de consequência (e não de causa).
Condicionais: Nesta relação de condição, hipótese, é muito cobrada a
correlação de modo e tempo verbal. Veja:
verbo no futuro do subjuntivo
verbo no futuro do presente
do indicativo
Se o candidato estudar bastante, passará no concurso.
condição no futuro resultado provável no futuro
oração subordinada adverbial condicional oração principal
verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo
verbo no futuro do pretérito
do indicativo
Se o candidato estudasse bastante, passaria no concurso.
condição no passado resultado improvável no futuro
oração subordinada adverbial condicional oração principal
verbo no presente do subjuntivo
verbo no futuro do presente
do indicativo
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Português TSE: regência, concordância e estrutura da oração
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  • 1. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Olá! Aula 1 Olá, pessoal! Nossa intenção neste curso é transmitir a você o conteúdo necessário para a prova e mostrar a necessidade do assunto com questões anteriores da banca CESPE, para que não haja nenhuma surpresa na hora da prova. Com isso, é natural o número de páginas ser grande, e isso favorece você; pois necessitamos aprofundar em alguns tópicos e praticar nas questões, para estarmos prontos para atingirmos o nível que o concurso exige. Como falei no início da aula demonstrativa, sua participação é muito importante para melhorar o material didático e o aprofundamento da matéria. Lembre-se de que, quando estudamos para concurso, ninguém quer ficar “expert” em Português, quer é PASSAR no concurso, e a ferramenta desse trabalho é nosso esforço conjunto; por isso SEMPRE estou disponível para tirar as dúvidas da aula. Fico LIGADO direto no fórum para prestar qualquer ajuda e não fique receoso (receosa) em perguntar, pois isso faz parte da aula e ajuda na sua dinâmica. Outra coisa importante é o local em que estudamos: se for escolhido um lugar que propicie interpelação de outras pessoas, tirando a sua atenção, mesmo que de vez em quando, isso não traz benefícios ao seu estudo. Então, pense o seguinte: local de estudo deve ser claro e SILENCIOSO. Ah! Cuidado com a postura ao sentar-se, pois isso pode derrubar seu entusiasmo. Ninguém consegue estudar se passar a ter uma dor na coluna, correto? Siga uma rotina, escolha dias certos para estudar nossa matéria, horários fixos ajudam a nossa disciplina intelectual. E concurseiro que não tem disciplina, organização e persistência não passa. Vamos trabalhar nesta aula as bases da oração e do período e sua implicação na regência, na concordância e na pontuação. Tudo vai ser visto de acordo com o edital e iremos aprofundar SOMENTE naquilo que cai em prova. Veremos alguns tópicos que serão resgatados em outras aulas, para o aprofundamento necessário. A sintaxe é tema extenso e vamos aplicá-la quanto a seu emprego, NUCA COMO DECOREBA, OK???!!!!! Mas o que é sintaxe? Português TSE (banca CESPE) (teoria e questões comentadas) 1
  • 2. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br A sintaxe trabalha a relação das palavras dentro de uma oração. Nesta aula, veremos a sua estrutura e o emprego de cada termo. Cabe-nos entender basicamente que uma oração deve ter um verbo e este verbo normalmente se flexiona de acordo com o sujeito (de quem se fala) e relaciona-se com o predicado (o que se fala), de acordo com a transitividade. Veja o esquema abaixo para que fique tudo bem claro. Pautemo-nos na estrutura SVO (sujeito→verbo→complemento), a qual não admite separação por vírgula: 1. O candidato realizou a prova. 2. duvidou do gabarito. 3. enviou recursos à banca examinadora. 4. tem certeza de sua aprovação. 5. viajou. 6. estava tranquilo. Toda vez que fazemos uma análise sintática, devemos nos basear no verbo. A partir dele, reconhecemos os outros termos da oração. Não se quer aqui que você decore todos os termos da oração, basta entendê-los, pois a banca CESPE cobra a funcionalidade dos termos e veremos como cai a seguir. Veja os verbos elencados nos exemplos. Todos eles estão no singular. Isso ocorreu porque eles dizem respeito a um termo, que é o sujeito (“O candidato”). Se ele está no singular, é natural que o verbo também esteja. Já que o verbo se flexiona de acordo com o sujeito, a gramática dá o nome a isso de “concordância verbal”. Há um capítulo que trata só deste assunto em qualquer gramática por aí. Nós aprofundaremos este assunto na próxima aula. Agora, resta apenas entender que um verbo se flexiona de acordo com o sujeito. 1. O candidato realizou a prova. 2. duvidou do gabarito. 3. enviou recursos à banca examinadora. 4. tem certeza de sua aprovação. 5. viajou. 6. estava tranquilo. Vimos, simplificadamente, a relação do sujeito com o verbo, chamada de concordância verbal. Veja agora a relação do verbo dentro do predicado. Nas frases de 1 a 4, os verbos “realizou”, “duvidou”, “enviou” e “tem” necessitam dos vocábulos posteriores para terem sentido na oração, por exemplo: realizou o quê?, duvidou de quê?, enviou o quê? a quem?, tem o quê? sujeito predicado sujeito predicado Concordância verbal 2
  • 3. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Assim, você vai notar que eles dependem dos termos subsequentes para terem sentido. Isso ocorre porque o sentido deve transitar do verbo para o complemento. Por isso falamos que o verbo é transitivo. Sozinho, não consegue transmitir todo o sentido, necessitando de um complemento. Dessa forma, os termos “a prova”, “do gabarito”, “recursos”, “à banca examinadora” e “certeza” completam o sentido destes verbos. Para facilitar o entendimento, podemos dizer que a preposição seria um obstáculo. Havendo uma preposição, o trânsito é indireto. Retirando-se a preposição, o trânsito é livre, direto. Então observe o verbo “realizou”. Ele não exige preposição. Assim, o termo que vem em seguida é seu complemento verbal direto. Já o complemento do verbo “duvidou” é indireto, pois o trânsito está dificultado (indireto) tendo em vista a preposição “de”. Já que, na frase 1, há complemento verbal direto, o verbo “realizou” é chamado de transitivo direto (VTD). Na frase 2, como há preposição exigida pelo verbo “duvidou”, diz-se que este verbo é transitivo indireto (VTI) e seu complemento é indireto. Na frase 3, há dois complementos exigidos pelo verbo: um(direto) e outro(indireto). A gramática dá o nome a todo complemento verbal de objeto, por isso o complemento verbal direto é o objeto direto (OD) e o complemento verbal indireto é o objeto indireto(OI). Já que entendemos que a transitividade é uma exigência do verbo, pois necessita de um complemento verbal, a gramática dá o nome a este processo de “Regência”, pois ele exige, rege o complemento. Se é um verbo que exige, é natural que a regência seja verbal. Há um capítulo na gramática que trabalha só isso: Regência Verbal (reconhecimento da transitividade do verbo), a qual veremos na aula 3. Mas agora cabe apenas entender a estrutura abaixo. Veja: 1. O candidato realizou a prova. VTD + OD 2. duvidou do gabarito. VTI + OI 3. enviou recursos à banca examinadora. VTDI + OD + OI Mas não é só o verbo que pode ser transitivo. Nome também pode ter transitividade. Nomes como “certeza”, obediência, dúvida, longe, perto, fiel, etc são chamados de transitivos porque necessitam de um complemento para terem sentido. Alguém tem certeza de algo, dúvida de algo, obediência a alguém ou a algo. Alguém mora perto de outra pessoa ou longe dela. Alguém é fiel a algo ou a alguém. Estes nomes exigem transitividade, com isso há um complemento, o qual é chamado de complemento nominal (CN). Regência Verbal sujeito predicado 3
  • 4. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Logicamente, há contextos em que o complemento não estará explícito na frase; por exemplo, se queremos dizer que alguém reside muito distante, podemos dizer que ele mora longe. Neste caso o nome “longe” deixou de ser transitivo, não exigiu o complemento nominal, pois este ficou implícito. Por isso não devemos decorar, mas entender o contexto, a funcionalidade. Se o complemento não está explícito, não temos de identificá-lo. Falamos que o nome exige complemento, mas tudo depende do contexto. Vimos que a regência verbal trata basicamente do complemento do verbo. Se há um nome que exige complemento, então temos a Regência Nominal. Veja a frase 4: 4. O candidato tem certeza de sua aprovação. VTD + OD + CN Note que o verbo “tem” é transitivo direto e “certeza” é o objeto direto. A expressão “de sua aprovação” não complementa o verbo, ele complementa o nome “certeza”: certeza de sua aprovação. O estudo da Regência Nominal, na realidade, é realizado para descobrirmos quais preposições iniciam o complemento nominal. Então atente quanto à diferença da oração 3 (VTDI + OD + OI) para a 4 (VTD + OD + CN). Agora, vamos à oração 5. Note que o verbo “viajou” não exige nenhum complemento verbal. Então não há transitividade. Se quisermos uma estrutura posterior, naturalmente inseriremos uma ou mais circunstâncias. A essas circunstâncias damos o nome de adjunto adverbial. Poderíamos dizer que o candidato viajou a algum lugar, em determinado momento, o modo como viajou, a causa da viagem. Tudo isso são circunstâncias, as quais possuem o valor de lugar, tempo, modo e causa. Essas são as circunstâncias básicas, mas há mais e veremos isso adiante. Então veja como ficaria: O candidato viajou para São Paulo ontem confortavelmente a trabalho. O adjunto adverbial não ocorre só com verbo intransitivo, ele pode aparecer junto a qualquer verbo. Por exemplo, nas frases 1 a 3, poderíamos inserir o adjunto adverbial de tempo “ontem”. Na frase 4, poderíamos inserir o adjunto adverbial de causa: “devido a seu estudo”. Essas 5 frases possuem verbos com transitividade (VTD, VTI, VTDI) e sem transitividade (VI). Toda vez que, na oração, ocorrerem esses tipos verbais, dizemos que eles são os núcleos (palavra mais importante) do predicado, assim teremos os Predicados Verbais, com a seguinte estrutura: sujeito predicado Regência Nominal sujeito VI Adj Adv lugar Adj Adv tempo Adj Adv modo Adj Adv causa 4
  • 5. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Predicado verbal = VTD + OD VTI + OI VTDI + OD + OI VI Esse é o esquema básico, mas nada impede de haver adjunto adverbial e complemento nominal em todos eles. Falta apenas um tipo de verbo: o de ligação. Veja a frase 6: O candidato estava tranquilo. O termo “tranquilo” caracteriza o sujeito “O candidato”, por isso se flexiona de acordo com ele. O verbo “estava” serve para ligar esta característica ao sujeito, por isso é chamado de verbo de ligação, e o termo que caracteriza o sujeito é chamado de predicativo. O predicativo serve normalmente para caracterizar o sujeito e por isso se flexiona com ele. Se o sujeito fosse “candidata”, naturalmente o predicativo seria “tranquila". A essa flexão de um predicativo em relação ao sujeito damos o nome de Concordância Nominal. Na gramática, há um capítulo só para a concordância nominal, e a flexão do predicativo em relação ao sujeito é um dos pontos principais, mas isso será aprofundado na próxima aula. O predicativo sempre será núcleo do predicado, por causa disso seu predicado é chamado de Predicado Nominal, com a seguinte estrutura: Predicado Nominal = VL + predicativo O predicativo não ocorre somente no predicado nominal, ele também pode fazer parte do predicado verbo-nominal; mas isso é assunto para outra aula. Por enquanto, é importante entender a seguinte estrutura: 1. O candidato realizou a prova. VTD + OD 2. duvidou do gabarito. VTI + OI 3. enviou recursos à banca examinadora. VTDI + OD + OI 4. tem certeza de sua aprovação. VTD + OD + CN 5. viajou. VI 6. estava tranquilo. VL + predicativo sujeito predicado Concordância verbal Concordância nominal Regência verbal Regência nominal Predicado Nominal Predicado Verbal 5
  • 6. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Questão 1 (Médico Perito INSS / 2009 / nível superior) Fragmento do texto: O episódio transformou, no período de 10 a 16 de novembro de 1904, a recém-reconstruída cidade do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde foram erguidas barricadas e ocorreram confrontos generalizados. Questão: A expressão “confrontos generalizados” desempenha a função sintática de complemento de “ocorreram”. Resposta: E Comentário: A banca quis induzir o candidato a pensar que “confrontos generalizados” fosse objeto direto, mas não é. O verbo “ocorreram” (algo ocorre) é intransitivo e essa expressão é sujeito, por isso o verbo está no plural. Questão 2 (Médico Perito INSS / 2009 / nível superior) Questão: Julgue a frase quanto à correção gramatical: O fato de haver vacinação compulsória, foi apenas mais um dos elementos para que a população do Rio, insatisfeita com o “bota-abaixo” e insuflada pela imprensa, se revoltasse. Resposta: E Comentário: Perceba que a vírgula antes do verbo “foi” separou o sujeito do seu predicado. Por isso há erro gramatical. Questão 3 (TRE - PA / 2007 / nível superior) Fragmento do texto: A justiça eleitoral mineira mantém o projeto Justiça Eleitoral na Escola, voltado para crianças e adolescentes... Questão: O trecho “o projeto Justiça Eleitoral na Escola” completa o sentido do verbo manter. Resposta: C Comentário: Note que o verbo “mantém” possui sujeito (“A justiça eleitoral mineira“). Esse verbo é transitivo direto (alguém mantém algo), então o termo “o projeto Justiça Eleitoral na Escola” é o objeto direto. Como sabemos que o objeto direto serve para completar o sentido do verbo (VTD), a afirmativa está correta. Questão 4 (TRE - PA / 2007 / nível superior) Fragmento do texto: A justiça eleitoral mineira mantém o projeto Justiça Eleitoral na Escola, voltado para crianças e adolescentes, com o objetivo de contribuir para a conscientização acerca da importância do voto e de suas consequências no campo da participação democrática e da construção da cidadania. Questão: A passagem “acerca da importância do voto e de suas consequências” completa o sentido de “objetivo”. Resposta: E Comentário: A banca quis induzir o candidato a pensar que essa passagem fosse complemento nominal do substantivo “objetivo”; mas, na realidade, é o 6
  • 7. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br substantivo “conscientização” que exige tal complemento. Questão 5 (INCA / 2010 ) Fragmento do texto: No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) presta atendimento universal e gratuito a 160 milhões de brasileiros que não têm planos de saúde privados. Questão: No trecho “a 160 milhões de brasileiros”, a preposição “a” é exigida devido à regência de “atendimento”. Resposta: C Comentário: Perceba que realmente é o substantivo “atendimento” que exige o complemento nominal. Os adjetivos “universal” e “gratuito” são apenas características deste substantivo e não exigem preposição. Questão 6 (Tribunal de Justiça - BA / 2005 / nível superior) Fragmento do texto: Nesse contexto, as previsões, liberais ou marxistas, do fim dos estados ou das economias nacionais, ou mesmo da formação de algum tipo de federação cosmopolita e pacífica, são utopias, com toda a dignidade das utopias que partem de argumentos éticos e expectativas generosas, mas são ideias ou projetos que não têm nenhum apoio objetivo na análise da lógica e da história passada do sistema mundial. Questão: Pela presença das preposições, é correto afirmar que os elementos “da lógica”, “da história passada” e “do sistema mundial” têm a mesma função sintática no período, pois complementam a palavra “análise”. Resposta: E Comentário: O vocábulo “análise” é um substantivo abstrato, pois foi gerado a partir de um verbo. Diz-se nesses casos que é o nome de uma ação. Observemos o trecho com esse vocábulo voltando a ser um verbo: ... em analisar a lógica e a história passada do sistema mundial. O verbo “analisar” é transitivo direto e exige o complemento verbal direto composto “a lógica e a história passada do sistema mundial”. Para a gramática, todo OBJETO é COMPLEMENTO VERBAL. Assim, ao transformar o verbo “analisar” em substantivo abstrato “análise”, como está no texto, o que era complemento verbal composto tornou-se complemento nominal composto (“da lógica e da história passada do sistema mundial”). Os núcleos desse complemento são “lógica” e “história” e possuem as preposições “de”, exigidas pelo nome “análise”. Os artigos “a” (que estão em contração com as preposições “de”, resultando em “da”) e as expressões “passada” e “do sistema mundial” são apenas termos que caracterizam os seus núcleos respectivos. Eles são chamados de adjuntos adnominais, os quais serão vistos adiante em nossa aula. Portanto, “do sistema mundial” não é complemento nominal, como os outros dois termos. Por isso a afirmativa está errada. Questão 7 (Tribunal de Contas - TO / 2009 / nível superior) Questão: No trecho “Meu pai era um homem bonito com muitas namoradas”, o sintagma “um homem bonito com muitas namoradas” complementa o sentido do verbo. Resposta: E 7
  • 8. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Comentário: O sintagma “um homem bonito com muitas namoradas” não complementa o sentido do verbo por não ser complemento verbal (objeto direto ou indireto), na realidade ele caracteriza o sujeito “Meu pai”, por ser o predicativo do sujeito. Vimos os termos básicos da oração. Entendemos a funcionalidade de cada um. Percebemos que, entre sujeito, verbo, complementos (verbais e nominais) e predicativo, não há vírgula. Atente ao fato de que os objetos direto e indireto servem para completar o sentido do verbo e o complemento nominal serve para completar o sentido do nome. Lembre-se também de que o predicativo existe para caracterizar o sujeito. Todos esses termos serão aprofundados nas próximas duas aulas, por isso não se preocupe se você não conseguiu diferenciá-los totalmente. Bom, agora, vamos trabalhar o aposto. Esse termo é muito importante no tocante à pontuação. Aposto É um termo que amplia, explica, desenvolve ou resume o conteúdo de outro termo. O termo a que o aposto se refere pode desempenhar qualquer função sintática. Observe: Nossa terra, o Brasil, carece de políticas sociais sérias e consequentes. Nessa oração, “nossa terra” é o sujeito, e “o Brasil” é aposto desse sujeito, pois amplia e especifica o conteúdo do termo a que se refere. O aposto é mais uma função substantiva da oração, tendo como núcleo um substantivo, um pronome, um numeral substantivo ou uma palavra substantivada. O aposto classifica-se em: I – explicativo O aposto explicativo é destacado por pausas, podendo ser representadas por vírgulas, dois-pontos, travessões e até por parênteses. Pode vir precedido de expressões explicativas do tipo: a saber, isto é, quer dizer etc. Raquel, contadora da firma, está viajando. Só queria algo: apoio. Um trabalho – tua monografia – foi premiado. A ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) foi criada em 1999. II - enumerativo ou distributivo 8
  • 9. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br O aposto enumerativo é uma sequência de elementos usada para desenvolver uma ideia anterior. É separado por dois-pontos, e cada um dos elementos enumerados é separado por vírgula, como visto na aula passada (nas enumerações). Se houver apenas dois elementos enumerados, eles podem ser separados também pela conjunção “e”. Veja: Ganhei dois presentes: uma joia especial e um livro raro. Suas reivindicações incluíam muitas coisas: melhor salário, melhores condições de trabalho, assistência médica extensiva a familiares. III - resumitivo ou recapitulativo O aposto resumitivo (ou recapitulativo) é usado para resumir termos anteriores. É representado, geralmente, por um pronome indefinido. Glória, poder, dinheiro, tudo passa. O sujeito composto “glória, poder, dinheiro” é resumido pelo pronome indefinido tudo, por isso o verbo concorda com o aposto, portanto, verbo no singular. Note que este tipo de aposto é separado por vírgula do termo anterior. IV - especificativo ou apelativo O aposto especificativo, que não pede sinais de pontuação, indica o nome de alguém ou de algo dito anteriormente. O compositor Chico Buarque é também um excelente escritor. O estado é cortado pelo rio São Francisco. Observação: O aposto também pode se referir a uma oração: Esforcei-me bastante, o que causou muita alegria em todos. Palavras como o, coisa, fato etc. podem referir-se a toda uma oração. Nestes casos, obrigatoriamente haverá separação por vírgula. Questão 8 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível médio) Fragmento do texto: Em outra frente, a Campanha Global de Ação contra a Pobreza — uma aliança internacional de sindicatos, grupos comunitários, religiosos e organizações que trabalham pelo fim das desigualdades — anuncia a mobilização anual do movimento Levante-se e Faça a Sua Parte, uma ação mundial no dia Internacional pela Erradicação da Pobreza. Questão: A substituição dos travessões por vírgulas prejudica a correção gramatical do período. Resposta: E Comentário: Toda a estrutura entre travessões é o aposto explicativo, o qual pode ser também separado por dupla vírgula e por parênteses. Como foi dito que prejudica a correção gramatical, a afirmativa está errada. Questão 9 (Polícia Federal / 2004 / nível médio) Fragmento do texto: O discurso pretende impor essa ideia como caminho único para o desenvolvimento das nações, sejam elas ricas ou pobres. Na 9
  • 10. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br prática — hoje mais do que ontem —, o mercado é uma via de mão única: livre para os países ricos e pleno de barreiras e restrições às nações emergentes. Questão: O termo que sucede o sinal de dois-pontos tem a função de introduzir uma enumeração de elementos caracterizadores de “mercado”, que justificam porque este é considerado “via de mão única”. Resposta: C Comentário: O aposto enumerativo normalmente é usado para, além de enumerar, explicar termo anterior. O aposto “livre para os países ricos e pleno de barreiras e restrições às nações emergentes” textualmente tem a intenção de retomar “mercado”, enumerando características que justifiquem considerá- lo “uma via de mão única”. Por isso a afirmativa está correta. Questão 10 (Tribunal de Contas - TO / 2009 / nível superior) Fragmento do texto: As ciências humanas e sociais contemporâneas exprimem essas necessidades da sociedade capitalista, ou seja, desse sujeito abstrato, mediante duas visões: a universalidade naturalista, deduzida de disciplinas como a neurociência ou a genética, e a diversidade do culturalismo empírico. Questão: No trecho “mediante duas visões: a universalidade naturalista, deduzida de disciplinas como a neurociência ou a genética, e a diversidade do culturalismo empírico”, o emprego dos dois-pontos introduz uma citação. Resposta: E Comentário: Não há uma citação, mas uma enumeração, pois “a universalidade naturalista e a diversidade do culturalismo empírico” é aposto enumerativo, por isso há o uso de dois-pontos. Outro termo importante é o vocativo, pois implica diretamente o uso de vírgula. Vocativo O nome vocativo nos faz pensar em várias palavras ligadas à ideia de “chamar”, “atrair a atenção”: evocar, convocar, evocação, vocação. Vocativo é justamente o nome do termo sintático que serve para nomear um interlocutor a quem se dirige a palavra. É um termo independente: não faz parte do sujeito nem do predicado, possui valor exclamativo, muitas vezes confundido com o aposto, pois exige vírgulas. Pode aparecer em posições variadas na frase. Márcia, pegue o seu exemplar. Veja, menina, aquela árvore. Estamos aqui, papai. Nessas orações, os termos destacados são vocativos: indicam e nomeiam o interlocutor a quem se está dirigindo a palavra. Ele fica separado por vírgula justamente para evitar confundi-lo com o sujeito. 10
  • 11. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Bom, vimos os termos básicos de uma oração, os quais não podem ser separados por vírgula, além do aposto e do vocativo, os quais são termos acessórios e, na prova, basicamente se cobra o uso da vírgula. Também vimos na aula anterior que, se no enunciado há apenas um verbo, naturalmente temos apenas uma oração; porém, se inserirmos mais um verbo, obviamente teremos duas orações. É justamente isso que veremos agora. Devemos perceber que os termos sujeito, objeto direto, objeto indireto e complemento nominal são termos eminentemente substantivos. Isso quer dizer que seus núcleos devem ser substantivos ou palavras de valor substantivo. Os termos predicativo e aposto podem ter núcleos substantivos ou adjetivos, mas cabe agora falarmos apenas de seu valor substantivo. Por exemplo, “isso” é um pronome. Por possuir valor substantivo, pode ocupar as funções sintáticas faladas anteriormente. Veja: Isso é lindo. (Isso = sujeito) Vi isso. (isso = OD) Sei disso. (disso = OI) Sou obediente a isso. (a isso = CN) Ela é isso. (isso = predicativo) Só quero uma coisa: isso. (isso = aposto) Um macete para sabermos se a palavra tem valor substantivo é trocá-la pelo pronome demonstrativo substantivo “ISSO”. Não é sempre que dá certo com o aposto, mas ele tem uma estrutura bem característica. E por que isso é importante? Quando os termos sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo e aposto (de valor substantivo) recebem um verbo, transformam-se numa oração subordinada substantiva. Período composto por subordinação substantiva Com base nas frases abaixo, observe os termos em negrito e suas funções sintáticas. Quando o termo recebe um verbo, vira uma oração. Veja: Era indispensável teu regresso. VL + predicativo (sujeito simples) período simples (oração absoluta) Era indispensável que tu regressasses. VL + predicativo Suj + VI oração principal oração subordinada substantiva subjetiva período composto Era indispensável tu regressares. VL + predicativo Suj + VI oração principal oração subordinada substantiva subjetiva (reduzida de infinitivo) período composto 1 2 3 11
  • 12. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Na frase 1, temos apenas uma oração (período simples), pois há apenas um verbo: “Era”. Esse verbo é de ligação, seguido do predicativo “indispensável” e o sujeito “teu regresso”. Na frase 2, o então sujeito “teu regresso” recebeu um verbo e foi modificado para “que tu regressasses”. Assim, há duas orações (período composto). Note que esta oração recentemente formada não produz sentido sozinha; por isso a chamamos de subordinada. Ela é considerada substantiva por ter sido gerada de um termo substantivo. Para se reforçar isso, podemos trocá-la pelo pronome “isso”. Veja: Isso era indispensável. O pronome “isso” continua na função de sujeito, então a oração sublinhada terá a função de sujeito da oração principal. Note que a oração subordinada substantiva será sempre o termo que falta na oração principal. Confirme isso na frase 2: na oração principal só há (VL + predicativo), falta o sujeito, que é toda a oração posterior. Esta oração é chamada de desenvolvida, pois possui conjunção (integrante “que”) e o verbo está conjugado em tempo e modo verbal (regressasses). Na frase 3, a oração sublinhada perdeu a conjunção integrante “que” e isso fez com que reduzíssemos a quantidade de vocábulos da oração. Assim, o verbo que se encontrava conjugado passou a uma forma infinitiva. Por esse motivo, dizemos que a oração sublinhada na frase é reduzida de infinitivo. Essa denominação completa você não precisa decorar, basta entender o processo, a estrutura. A banca CESPE não pergunta o nome, mas quer saber o emprego disso. Seguem agora outras estruturas em que o termo, ao receber o verbo, passa a ser uma oração subordinada substantiva. Note que, se o objeto indireto e o complemento nominal (os quais são termos iniciados por preposição) recebem o verbo, naturalmente vão continuar com a preposição antecedendo-os. Na ata da reunião constava a presença deles. (Isso constava na ata da reunião) adjunto adverbial de lugar + VI + sujeito Na ata da reunião constava que eles estivessem presentes. oração principal + oração subordinada substantiva subjetiva Na ata da reunião constava eles estarem presentes. oração principal + oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo Foi anunciado o aumento do preço dos combustíveis. (Isso foi anunciado) locução verbal + sujeito Foi anunciado que o preço dos combustíveis aumentará. oração principal + oração subordinada substantiva subjetiva 12
  • 13. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Foi anunciado ontem aumentar o preço dos combustíveis. oração principal + oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo As orações subordinadas substantivas subjetivas são também denominadas de sujeito oracional. Vale lembrar que o verbo da oração principal que tem como sujeito a oração subordinada substantiva subjetiva deve ficar sempre na terceira pessoa do singular. Assim, mesmo que haja vocábulos no plural no sujeito oracional, a oração principal permanecerá com o verbo no singular. Veja que o verbo “constava” não se flexionou no plural, mesmo o sujeito oracional possuindo vocábulos no plural. Agora veremos os complementos verbais. Perceba que na oração principal, o verbo possui sujeito, é transitivo direto ou indireto e necessita de um complemento, o qual será toda a oração posterior. Economistas previram um aumento no desemprego. (Economistas previram isso.) sujeito + VTD + objeto direto Economistas previram que o desemprego aumentaria. oração principal + oração subordinada substantiva objetiva direta Economistas previram aumentar o desemprego. oração principal + oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo Teus amigos confiam em tua vitória. (Teus amigos confiam nisso.) sujeito + VTI + objeto indireto Teus amigos confiam em que tu vencerás. oração principal + oração subordinada substantiva objetiva indireta Teus amigos confiam em venceres. oração principal + oração subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de infinitivo Você notou que a oração subordinada substantiva objetiva indireta está precedida da preposição “em”? Isso é importante. Agora veremos a completiva nominal. Perceba que não é o verbo que exige o complemento, mas o nome. Teus pais estavam certos de tua volta. (Teus pais estavam certos disso.) sujeito + VL + predicativo + complemento nominal Teus pais estavam certos de que tu voltarias. oração principal + oração subordinada substantiva completiva nominal Teus pais estavam certos de voltares. oração principal + oração subordinada substantiva completiva nominal reduzida de infinitivo Note que a oração predicativa transmite a característica do sujeito. Nossa maior preocupação era a chuva. sujeito + VL + predicativo Nossa maior preocupação era que chovesse. 13
  • 14. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br oração principal + oração subordinada substantiva predicativa Nossa maior preocupação era chover. oração principal + oração subordinada substantiva predicativa reduzida de infinitivo Todas as orações até aqui elencadas puderam ser substituídas pela palavra “ISSO”. Apenas a oração apositiva não transmite coerência com essa troca; porém, observe que a banca não cobra o nome, mas pergunta se os dois pontos marcam o início de um aposto ou se marcam o início de um esclarecimento, desenvolvimento de uma palavra anterior. Veja: Todos defendiam esta ideia: a desapropriação do prédio. sujeito + VTD + objeto direto + aposto Todos defendiam esta ideia: que o prédio fosse desapropriado. oração principal + oração subordinada substantiva apositiva Todos defendiam esta ideia: o prédio ser desapropriado. oração principal + oração subordinada substantiva apositiva reduzida de infinitivo Agora que já vimos todas as orações substantivas, vem a pergunta: Por que temos de identificar esse tipo de oração? Porque... a) excetuando o aposto, vimos que esses termos substantivos não são separados por vírgula, portanto também não podemos separar a oração subordinada substantiva de sua oração principal por vírgula; b) quando esse tipo de oração tiver a função de sujeito, objeto direto e predicativo, não deve haver uso de preposição antecedendo-os; c) a conjunção que as inicia é chamada integrante (que, se), a qual não possui valor semântico, nem função sintática; d) quando houver oração subordinada substantiva subjetiva (sujeito oracional), o verbo da oração principal sempre ficará na terceira pessoa do singular. Outra coisa importante!!! A conjunção integrante “que” geralmente expressa certeza: Diga que começou o trabalho. A conjunção integrante “se” geralmente expressa dúvida: Diga se começou o trabalho. Questão 11 (Tribunal de Contas - TO / 2009 / nível superior) Fragmento do texto: É fácil, hoje em dia, confundir as limitações crescentes impostas ao Estado-nação com a construção de um espaço de livre circulação dos indivíduos, promovido pelo movimento desembaraçado de mercadorias e capitais. Questão: O trecho “confundir as limitações crescentes impostas ao Estado- nação com a construção de um espaço de livre circulação dos indivíduos, promovido pelo movimento desembaraçado de mercadorias e capitais” exerce a função sintática de sujeito. Resposta: C 14
  • 15. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Comentário: A oração principal “É fácil, hoje em dia,” é constituída de verbo de ligação “É”, predicativo “fácil” e adjunto adverbial de tempo “hoje em dia”. Na sequência, ocorreu a oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo. Questão 12 (Tribunal de Justiça - BA / 2005 / nível superior) Fragmento do texto: Não há dúvida de que, no início do século XXI, os Estados Unidos da América chegaram mais perto do que nunca da possibilidade de constituição de um “império mundial”. Questão: O emprego da preposição “de” em “Não há dúvida de que” justifica- se pela regência da forma verbal “há”. Resposta: E Comentário: O verbo “há” é transitivo direto e seu objeto direto é o substantivo “dúvida”. Este substantivo possui transitividade e necessita do complemento nominal “de que, no início do século XXI, os Estados Unidos da América chegaram mais perto do que nunca da possibilidade de constituição de um ‘império mundial’. Assim, a preposição “de” liga-se ao substantivo “dúvida”, e não ao verbo. Questão 13 (Procurador Federal - AGU / 2002 / nível superior) Fragmento do texto: A minha firme convicção é que, se não fizermos todos os dias novos e maiores esforços para tornar o nosso solo perfeitamente livre, se não tivermos sempre presente a ideia de que a escravidão é a causa principal de todos os nossos vícios, defeitos, perigos e fraquezas nacionais, o prazo que ainda tem de duração legal − calculadas todas as influências que lhe estão precipitando o desfecho − será assinalado por sintomas crescentes de dissolução social. Questão: A substituição do trecho “A minha firme convicção é que” por A minha firme convicção é a de que estaria em desacordo com as exigências de formalidade da norma culta escrita. Resposta: E Comentário: A substituição não provoca desacordo com a norma culta, pois haveria apenas a mudança sintática de uma oração predicativa para uma completiva nominal. Ao se inserir o artigo “a” após o verbo de ligação “é”, naturalmente se subentende o substantivo “convicção” no novo termo. O artigo “a” ocupa a função sintática de predicativo, o qual passa a exigir a preposição “de”, justamente por imposição desse substantivo subentendido. Veja a estrutura: A minha firme convicção é que (...) o prazo (...) será assinalado por sintomas crescentes de dissolução social sujeito VL CI sujeito locução verbal agente da passiva oração principal oração subordinada substantiva predicativa período composto ... A minha firme convicção é a de que (...) o prazo (...) será assinalado por sintomas crescentes de dissolução social sujeito VL * CI sujeito locução verbal agente da passiva oração principal oração subordinada substantiva completiva nominal período composto * predicativo (a = a convicção) Vimos, no início da aula, os termos da oração e as orações subordinadas substantivas, que provêm da maioria destes termos. Agora veremos as orações subordinadas adjetivas. 15
  • 16. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Período composto por subordinação adjetiva As orações subordinadas adjetivas têm esse nome porque equivalem a um adjetivo. Em termos sintáticos, essas orações exercem a função que normalmente cabe a um adjetivo (a de um adjunto adnominal ou aposto explicativo). O adjunto adnominal é termo do qual ainda não falamos, mas basta nós entendermos o seguinte: todo termo da oração possui no mínimo um vocábulo, o qual chamamos de núcleo. Por vezes, esse núcleo vem antecipado ou seguido de outros vocábulos de valor adjetivo, os quais passam à função de adjunto adnominal. Perceba isso no exemplo abaixo. O objeto direto é o termo “gente mentirosa”. O núcleo é o substantivo “gente” e o adjunto adnominal é “mentirosa”, o qual serve para caracterizar o núcleo. Detesto gente mentirosa. VTD núcleo do OD Adj Adn objeto direto período simples Detesto gente que mente. oração principal Or Sub Adjetiva período composto Na primeira construção, o adjetivo “mentirosa” é adjunto adnominal, o qual caracteriza o núcleo do objeto direto “gente”. Ao se inserir um verbo nesta função adjetiva, naturalmente haverá uma oração de mesmo valor. Por isso passa a ser uma oração subordinada adjetiva. A conexão entre a oração subordinada adjetiva e a oração principal é feita pelo pronome relativo que. Esse vocábulo não pode ser confundido com a conjunção integrante “que”, vista anteriormente, a qual inicia uma oração subordinada substantiva. Portanto vamos às formas de se evitar o erro: 1. Detesto mentiras. 2. Detesto gente mentirosa. 1. Detesto que mintam. 2. Detesto gente que mente. a) O vocábulo “mentiras” é um substantivo. Quando é substituído por verbo, passa a fazer parte de uma oração subordinada substantiva. b) “mentiras” é núcleo do objeto direto do verbo “Detesto”, por isso “que mintam” é oração subordinada substantiva objetiva direta da oração principal “Detesto”. c) O vocábulo “que” é uma conjunção a) O vocábulo “mentirosa” é um adjetivo. Quando é substituído por um verbo, passa a fazer parte de uma oração adjetiva. b) “mentirosa” é adjunto adnominal e restringe o núcleo do objeto direto. c) Não há coesão em se substituir a oração “que mente” pelo vocábulo “isso”. Veja: Detesto gente isso. Por isso não é oração substantiva. O 16
  • 17. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br integrante e toda a oração a partir desse vocábulo pode ser substituída pelo vocábulo “isso”, para a confirmação de ser oração substantiva. (Detesto isso.) segundo passo é substituir o “que” por “o qual” e suas variações, para confirmar se é pronome relativo iniciando oração adjetiva. Veja: Detesto gente a qual mente. No período “Detesto gente que mente”, desenvolvem-se duas ideias, relacionadas à palavra “gente”: a primeira é a de que eu a detesto e a segunda a de que ela mente. Assim: Detesto gente. Gente mente. VTD + OD Suj + VI Entendendo-se que o vocábulo “gente” está se repetindo desnecessariamente, pode-se inserir no lugar desse vocábulo repetido o pronome relativo “que” ou “a qual”. “Gente” está na função de sujeito, então o pronome “que” ou “a qual” também ocupa a função de sujeito. Veja: Detesto gente.Gente mente. Detesto gente que mente. Detesto gente a qual mente. sujeito Visando ao que pode ser exigido pela banca CESPE, muitas vezes se vê questão que pede para substituir um vocábulo por outro, permanecendo o sentido e a gramaticalidade. Neste caso, se a banca pedisse para substituirmos “gente” por “pessoas”, permaneceria a semântica, mesmo um estando no singular e o outro no plural. Mas essa substituição implicaria mudança na concordância do verbo “mente”, que deveria flexionar-se no plural, haja vista que o pronome relativo “que” é sujeito e retomaria “pessoas”. Assim: Detesto pessoas que mentem. VTD + objeto direto Suj + V. intransitivo oração principal oração Sub Adjetiva Outras vezes a banca CESPE cobra simplesmente a atenção voltada ao contexto para identificar o referente. Por exemplo: 1. Conheci o dono daquela empresa de cosméticos que demitiu duzentos funcionários. 2. Conheci o dono daquela empresa de cosméticos que exportou para a Europa. 3. Conheci o dono daquela empresa de cosméticos que embelezam as mulheres. Na frase 1, o pronome relativo “que” retomou o substantivo “dono”, pois se entende que quem demite é o “dono”; na frase 2, foi retomado o substantivo “empresa”, pois é mais adequado dizer que a exportação é feita pela “empresa” e não pelo “dono”. Na frase 3, a concordância é feita no plural, porque o pronome relativo retomou “cosméticos”, que também está no plural. Isso é muito cobrado na prova. Muita atenção. 17
  • 18. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Uma forma de isso ficar mais claro é substituir o pronome “que” pelo pronome relativo “o qual” e suas variações, típica questão do CESPE. Assim, na frase 1 seria “o qual”, na 2 “a qual” e na 3 “os quais”. Questão 14 (Tribunal Regional Eleitoral - RS / 2006 / nível médio ) Fragmento do texto: O primeiro código eleitoral a viger no Brasil chamava- se Ordenações do Reino, as quais foram elaboradas em Portugal no fim da Idade Média e utilizadas até 1828. Questão: A substituição da estrutura “as quais foram elaboradas (...) e utilizadas” por o qual foi elaborado (...) e utilizado altera as relações de concordância sem provocar prejuízo para a coerência e a correção gramatical do período. Resposta: C Comentário As expressões “O primeiro código eleitoral a viger no Brasil” e “Ordenações do Reino” são sinônimas contextuais por causa do vocábulo “chamava-se”, o qual mostra que o nome desse primeiro código é Ordenações do Reino. Logo, “as quais foram elaboradas (...) e utilizadas...” concordam com “Ordenações do Reino”, mas poderiam se flexionar no singular e masculino para concordar com “O primeiro código eleitoral a viger no Brasil”. Por isso há a possibilidade da substituição: O primeiro código eleitoral a viger no Brasil chamava-se Ordenações do Reino, as quais foram elaboradas em Portugal no fim da Idade Média e utilizadas até 1828. O primeiro código eleitoral a viger no Brasil chamava-se Ordenações do Reino, o qual foi elaborado em Portugal no fim da Idade Média e utilizado até 1828. Não veremos nesta aula quais são os pronomes relativos e suas funções sintáticas. Isso será visto na aula 3, quando aprofundarmos a regência verbal e nominal. Vamos trabalhar agora a pontuação nestas orações. A pontuação e a classificação das orações adjetivas Para entendermos a pontuação referente a termos adjetivos, é necessário sabermos a diferença entre dois tipos de adjetivo. Adjetivo explicativo: é aquele que denota qualidade essencial do ser, característica inerente, ou seja, qualidade que não pode ser retirada do substantivo. Por exemplo, todo homem é mortal, todo fogo é quente, todo leite é branco, então mortal, quente e branco são adjetivos explicativos, em relação a homem, fogo e leite. Adjetivo restritivo: é o adjetivo que denota qualidade adicionada ao ser, ou seja, qualidade que pode ser retirada do substantivo. Por exemplo, nem todo homem é inteligente, nem todo fogo é alto, nem todo leite é enriquecido, então inteligente, alto e enriquecido são adjetivos restritivos, em relação a homem, fogo e leite. mortal quente branco explicativo 18
  • 19. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br homem fogo leite inteligente alto enriquecido restritivo Quando o adjetivo estiver imediatamente após o substantivo qualificado por ele, teremos o seguinte: se ele for adjetivo explicativo, deverá estar entre vírgulas e funcionará sintaticamente como aposto explicativo; se for adjetivo restritivo, não poderá estar entre vírgulas e funcionará como adjunto adnominal. Por exemplo: “O homem, mortal, age como um ser imortal.” Nessa frase, mortal é adjetivo explicativo, pois indica uma qualidade essencial do substantivo, por isso está entre vírgulas e sua função sintática é a de aposto explicativo. Já na frase “O homem inteligente lê mais.”, inteligente é adjetivo restritivo, pois se entende que nem todo homem lê muito, por isso não está entre vírgulas e sua função sintática é a de adjunto adnominal. Assim, o adjetivo pode ter o valor restritivo (especifica o sentido do termo antecedente, individualizando-o) e explicativo (realça um detalhe ou amplifica características básicas sobre o antecedente, que já se encontra suficientemente definido). Como aprofundamento disso, vejamos o adjetivo “inteligente”. 1. O homem, inteligente, dobra sua capacidade cognitiva através dos séculos. 2. O homem inteligente não joga lixo no chão. Na frase 1, esse adjetivo possui valor básico do homem: ser pensante, que raciocina. Essa é a condição básica para que ele possa ter a capacidade cognitiva e então através dos séculos ter a possibilidade de isso ser ampliado. Esse adjetivo está entre vírgulas para marcar o valor explicativo e com isso há a função sintática de aposto explicativo. Na frase 2, esse mesmo adjetivo possui valor semântico diferente, pois se sabe que nem todos os homens deixam de jogar o lixo no chão. Então esse não é um princípio só do poder de raciocínio, mas da virtude, da educação. Assim, inteligente, neste caso, é o homem educado. Como sabemos que nem todos são educados, há certamente um valor restritivo. Por isso esse vocábulo não está separado por vírgulas e cumpre a função sintática de adjunto adnominal. Portanto, se o aposto explicativo recebe um verbo, tornar-se-á uma oração subordinada adjetiva explicativa. Se o adjunto adnominal recebe um verbo, tornar-se-á oração subordinada adjetiva restritiva. O uso de vírgula continua da mesma forma que nos termos da oração ditos anteriormente. Veja: O homem, inteligente, dobra sua capacidade cognitiva através dos séculos. sujeito aposto explicativo VTD + objeto direto + adjunto adverbial de tempo período simples O homem, que é inteligente, dobra sua capacidade cognitiva através dos séculos. oração subordinada adjetiva explicativa oração principal período composto O homem inteligente não joga lixo no chão. Adj Adn + núcleo adjunto adnominal Adj Adv VTD OD Adj Adv lugar negação sujeito simples 19
  • 20. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br período simples O homem que é inteligente não joga lixo no chão. oração subordinada adjetiva restritiva oração principal período composto Portanto, dependendo do uso da vírgula numa oração adjetiva, haverá mudança de sentido. Em determinados momentos, a vírgula poderá ser inserida ou retirada, isso fará com que a oração mude o sentido, mas não quer dizer que haverá incoerência com os argumentos do texto. Exemplo: Angélica, encontrei seu irmão que mora em Paris. Angélica, encontrei seu irmão, que mora em Paris. Uma forma prática de se enxergar melhor a restrição é subentendendo a expressão somente aquele que. Assim, no primeiro período, observa-se que somente o irmão de Angélica o qual mora em Paris foi encontrado por mim, os outros irmãos dela não foram citados no contexto. Portanto, sem vírgulas, entende-se que ela tem mais de um irmão. Já no segundo período, entende-se que a característica básica de irmão de Angélica é ser morador de Paris, pois ele é o único irmão. Veja outros: O curso possui oitocentos alunos que farão a prova da OAB. O curso possui oitocentos alunos, que farão a prova da OAB. No primeiro período, entende-se que somente oitocentos alunos do curso farão a prova da OAB, os outros não. Então o curso possui mais de oitocentos alunos. No segundo período, percebe-se que todo o efetivo discente do curso fará a prova da OAB. E sua totalidade é de oitocentos alunos. Escolha a joia de que goste. Escolha a joia, de que gosta. No primeiro período, alguém foi convidado a escolher uma joia ainda não apreciada, conhecida pela felizarda. Aquela da qual gostar poderá ser escolhida. Ao passo que, no segundo período, a pessoa presenteada já conhecia a joia e já gostava dela, por isso passou a haver a característica explicativa. Outro ponto importante. Se o aposto explicativo pode ser separado por vírgulas, travessões e parênteses; o mesmo vai ocorrer com a oração subordinada adjetiva explicativa. Questão 15 (Polícia Federal / 2004 / nível médio) Fragmento do texto: Do final de setembro aos primeiros dias de outubro, ficou muito claro que estamos assistindo a algo absolutamente novo e fantástico: o surgimento de uma entidade governante anglo-saxã. Questão: Preservam-se as relações semânticas do texto e sua correção gramatical ao se substituir o sinal de dois-pontos por vírgula seguida do termo 20
  • 21. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br que é. Resposta: C Comentário: Os dois-pontos iniciam um aposto explicativo, o qual pode ser também iniciado por vírgula. Ao se inserir a expressão “que é”, a banca queria a percepção do candidato quanto à possibilidade de transformação de aposto explicativo em oração subordinada adjetiva explicativa. Por isso a afirmativa está correta. Questão 16 (INCA / 2010 / nível médio ) Fragmento do texto: Nos anos 90 do século passado, o país derrotou a inflação – que corroía salários, causava instabilidade política e irracionalidade econômica. Questão: A substituição do travessão por vírgula, em “derrotou a inflação – que corroía salários”, prejudica a correção gramatical do período. Resposta: E Comentário: Há uma estrutura de duas orações subordinadas adjetivas explicativas coordenadas entre si. Como esta estrutura está no final do período, há apenas um travessão, o qual pode ser substituído por vírgula. O erro na questão é dizer que haverá prejuízo com esta substituição. Lembre-se: a estrutura explicativa pode ser separada por vírgulas, travessões e parênteses. Questão 17 (INCA / 2010 / nível médio) Fragmento do texto: Sua metodologia é simples – por meio de conversas frequentes com a família, o voluntário receita cuidados básicos para evitar que a criança morra por falta de conhecimento, como os hábitos de higiene, a administração do soro caseiro e a adoção da farinha de multimistura na alimentação, que se tornou uma solução simples e emblemática contra a desnutrição. Questão: O trecho “que se tornou uma solução simples e emblemática contra a desnutrição” está precedido por vírgula porque se trata de um trecho com função restritiva. Resposta: E Comentário: O erro está na palavra restritiva, pois a vírgula sinaliza que há oração subordinada adjetiva explicativa. Questão 18 (Agente educacional - ES / 2010 / nível médio) Fragmento do texto: Para o Brasil, a influência mais direta deu-se por meio das exportações de commodities, que cresceram a ponto de a China ter-se tornado, em 2009, o maior mercado para as empresas brasileiras. Questão: O emprego de vírgula logo após “commodities” justifica-se por isolar oração explicativa subsequente. Resposta: C Comentário: Nota-se que há pronome relativo, pois se pode substituir “que” por as quais. Assim se confirma que há oração subordinada adjetiva. Pelo uso 21
  • 22. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br da vírgula antes do “que”, sabe-se que é explicativa. Questão 19 (Agente educacional - ES / 2010 / nível médio) Fragmento do texto: O Brasil deve investir em pesquisa e desenvolvimento, para alcançar níveis mais altos de produtividade e de competitividade e desenvolver produtos inovadores que ampliem ou criem mercados com rapidez. Questão: O trecho “que ampliem ou criem mercados com rapidez” tem natureza restritiva. Resposta: C Comentário: Nota-se que há pronome relativo, pois se pode substituir “que” por os quais. Assim se confirma que há oração subordinada adjetiva. Por não haver vírgula antes do “que”, sabe-se que é restritiva. Questão 20 (Tribunal de Justiça - BA / 2005 / nível superior) Fragmento do texto: Nesse contexto, as previsões, liberais ou marxistas, do fim dos estados ou das economias nacionais, ou mesmo da formação de algum tipo de federação cosmopolita e pacífica, são utopias, com toda a dignidade das utopias que partem de argumentos éticos e expectativas generosas, mas são ideias ou projetos que não têm nenhum apoio objetivo na análise da lógica e da história passada do sistema mundial. Questão: A inserção de uma vírgula logo após a expressão “dignidade das utopias” mantém as mesmas relações sintáticas e a informação original do período. Resposta: E Comentário: Primeiro se deve ter certeza de que há oração adjetiva. Para isso, basta substituir o “que” por “as quais” e se verifica que permanece a coerência. Assim, a inserção ou retirada de vírgula obrigatoriamente muda o sentido da oração subordinada adjetiva, então isso mudaria a informação original do período no texto, além de mudar também a relação sintática, pois, com a vírgula, deixaria de ser oração subordinada adjetiva restritiva para ser oração subordinada adjetiva explicativa. Questão 21 (Cia de Saneamento Básico - ES / 2006 / nível superior) Fragmento do texto: Considerando as recentes técnicas, os meios e os problemas que envolvem os crimes de informática e a ação de perícia criminal sobre evidências de delitos dessa natureza, vimos sugerir a adoção de protocolos para coleta, manipulação, exame e preparação do laudo pericial, visando à integridade da prova e sua aceitação perante a justiça. Questão: A oração “que envolvem os crimes de informática (...) natureza” atribui sentido restritivo aos substantivos “técnicas”, “meios” e “problemas”. Resposta: C Comentário: Esta afirmativa engloba pelo menos dois conhecimentos: que palavra(s) é(são) retomada(s) pelo pronome relativo e como diferenciar restrição de explicação. Primeiro, há de se observar a função sintática do pronome relativo “que”. Ele está na função de sujeito e, por retomar nomes no plural, leva o 22
  • 23. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br verbo “envolvem” para o plural. Como recurso de coesão, deve-se agora saber se esse vocábulo realmente retoma os substantivos “técnicas”, “meios” e “problemas”, os quais estariam implícitos no sujeito “que”. Assim, poderíamos entender: “as recentes técnicas, os meios e os problemas (...) envolvem os crimes de informática e a ação de perícia criminal sobre evidências de delitos dessa natureza”. Há de se observar, então, que não é apenas o último substantivo que está sendo caracterizado pela oração adjetiva (como muitos candidatos entenderam, à época desta prova, e entraram com recursos, os quais foram indeferidos). Por fim, esta caracterização é restritiva, porque a oração adjetiva não está separada por vírgula. Por tudo isso, a afirmativa está correta. Questão 22 (Tribunal Regional Eleitoral - MA / 2006 / nível superior) Texto: Para que a democracia seja efetiva, é necessário que as pessoas se sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se manifeste por meio de um conjunto de organizações e instituições extramercado. Uma cultura política atuante precisa de grupos comunitários, bibliotecas, escolas públicas, associações de moradores, cooperativas, locais para reuniões públicas, associações voluntárias e sindicatos que propiciem formas de comunicação, encontro e interação entre os concidadãos. A democracia neoliberal, com sua ideia de mercado “über alles”, nunca leva em conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz consumidores. Em vez de comunidades, produz shopping centers. O que sobra é uma sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e socialmente impotentes. Em suma, o neoliberalismo é o inimigo primeiro e imediato da verdadeira democracia participativa, não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o planeta, e assim continuará no futuro previsível. Questão: A forma verbal subjuntiva “propiciem” poderia ser substituída, sem prejuízo da coerência do texto e da correção gramatical, pela forma indicativa propiciam, desde que fosse empregada a vírgula antes do conector “que”. Resposta: C Comentário: A oração adjetiva “que propiciem formas de comunicação” não vem antecipada de vírgula por ser uma característica restritiva do substantivo “sindicatos” (somente aqueles sindicatos que propiciem formas de comunicação). Porém, ao lermos o conjunto do texto, percebemos que o autor tem uma visão categórica contra o neoliberalismo; assim não seria de se estranhar que ele considerasse que todas as organizações citadas no texto propiciam “formas de comunicação”. Portanto a troca dos tempos verbais faria permanecer a coerência. Mas isso implicaria erro gramatical, se não houvesse a inserção da vírgula; pois no texto original a oração é adjetiva restritiva (deixa-se subentendido que nem todas as organizações citadas no texto propiciam formas de comunicação). Com a substituição do tempo e modo verbais, a característica de propiciar formas de comunicação passa a ser básica destas organizações, isto é, na visão do autor todas elas transmitem formas de comunicação, encontro e interação entre os concidadãos. Isso exige a inserção da vírgula para tornar essa oração adjetiva explicativa. Perceba que 23
  • 24. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br o verbo deixa de transmitir uma hipótese (presente do subjuntivo) para transmitir uma certeza (presente do indicativo). Observe, também, que na questão afirma-se que a troca e a inserção da vírgula preservariam a coerência e a correção gramatical. Isso está correto. Ficaria errado só se fosse afirmado que preservaria o sentido, pois a semântica mudou (de valor restritivo para explicativo). As orações reduzidas e desenvolvidas Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo conjugado em modo e tempo verbal, as orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio). Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo. Questão 23 (Tribunal Regional Eleitoral - RS / 2006 / nível médio ) Fragmento do texto: O primeiro código eleitoral a viger no Brasil chamava- se Ordenações do Reino, as quais foram elaboradas em Portugal no fim da Idade Média e utilizadas até 1828. Questão: Para que o período mantenha-se gramaticalmente correto; ao se substituir a forma verbal “viger” por vigorar, é necessário substituir também a preposição que a antecede. Resposta: E Comentário: A oração “a viger no Brasil” é subordinada adjetiva reduzida de infinitivo e por isso recebe a preposição “a”. Note que se poderia substituir essa oração reduzida pela desenvolvida “que vigeu no Brasil”, sem alteração semântica. Tanto o verbo “viger” quanto vigorar admitem a preposição “a” para que possa dar origem a essa estrutura reduzida. Por não ser necessária a substituição da preposição, a questão está errada. Ei, dê uma parada agora, tome um cafezinho! Daqui a pouco continuaremos... Bom, agora que já voltamos, vamos lá! Recapitulando... 24
  • 25. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Até agora, vimos os termos básicos da oração e entendemos que não se pode separá-los por vírgula. Vimos também que o sujeito, OD e predicativo não são antecipados por preposição. Além disso, estudamos o vocativo e o aposto tendo em vista a sua pontuação. Em seguida, vimos que o termo adjetivo pode ter dois valores semânticos (restrição e explicação). Quando esses termos recebem verbo, naturalmente viram orações adjetivas. Agora falta falarmos dos termos adverbiais, principalmente no que diz respeito ao sentido e à pontuação. Veja: A estrutura adverbial Vimos no início da aula que o verbo intransitivo não exige complemento verbal, mas pode necessitar de adjunto adverbial para transmitir uma circunstância. Veja: Adoeci. Fui à praia. verbo intransitivo adjunto adverbial de lugar predicado verbal Na realidade, há dois tipos de verbos intransitivos. O primeiro diz respeito àquele que não exige nenhum termo que complemente seu sentido, como “Adoeci.”; “Juvenal morreu.”; “Um vendaval ocorreu.”. Esses verbos não necessitam de termo que os complete. Esse tipo de intransitividade mostra que o verbo por si só já transmite o sentido necessário; podendo o autor acrescentar termos acessórios para transmitir mais clareza ou ser mais pontual no sentido, por exemplo: “Adoeci por causa do mal tempo.”; “Juvenal morreu anteontem.” e “Um vendaval ocorreu aqui.”. Por outro lado, existe a intransitividade que necessita de um termo que produza sentido. Se alguém diz que vai, tem que dizer que vai a algum lugar. Se alguém diz que voltou, tem que continuar a fala mostrando de onde voltou. Por isso muita gente confunde esse tipo de intransitividade com a transitividade indireta; mas há uma diferença muito grande, pois o termo que completa o sentido deste tipo de intransitividade transmite normalmente circunstâncias de lugar ou modo. Veja: Vou a São Paulo. Vim de Manaus. Estou bem. O objeto indireto apenas completa o sentido do verbo, ele não transmite valores circunstanciais de lugar ou de modo, sentidos que são demonstrados nos vocábulos “a São Paulo”, “de Manaus” e “bem”. Quando se quer saber se há circunstância de lugar ou modo, faz-se a pergunta “Onde?”, “Como?”, respectivamente. Assim, é importante notarmos os valores dos adjuntos adverbiais, que são demonstrados em sua maioria no uso das preposições, as quais serão enfatizadas a seguir. Didaticamente, podemos dividir o adjunto adverbial em dois tipos: Adjunto adverbial solto: O problema ocorreu naquela tarde de sábado. 25
  • 26. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Adjunto adverbial preso: Eu estou bem. Eu estou em São Paulo. Eu vim de São Paulo. Caro aluno, esta divisão dos adjuntos adverbiais é apenas didática, não é cobrada em prova dessa forma, mas entendermos isso é importante para a pontuação. Veja que não é comum vermos vírgula separando adjuntos adverbiais presos, como as três últimas frases. Já com o adjunto adverbial solto, é natural podermos inserir a vírgula. Veja: O problema ocorreu, naquela tarde de sábado. Assim, o adjunto adverbial é o termo que modifica o verbo, o adjetivo ou o advérbio, atribuindo-lhes uma circunstância qualquer. Abaixo listei para você o nome da palavra (morfologia) e a função que esta palavra desempenha na oração (sintaxe). morfologia artigo + substantivo verbo advérbio de intensidade Os atletas correram muito. sintaxe adj adn + núcleo verbo intransitivo adjunto adverbial de intensidade sujeito predicado verbal período simples morfologia pronome + substantivo verbo + advérbio de intensidade adjetivo Seu projeto é muito interessante. sintaxe adj adn + núcleo VL + adj adverbial de intensidade Predicativo do sujeito sujeito predicado nominal período simples morfologia artigo + substantivo verbo + advérbio de intensidade advérbio O time jogou muito mal. sintaxe adj adn + núcleo VI + adj adverbial de intensidade adjunto adverbial de modo sujeito predicado verbal período simples Observações: a) O adjunto adverbial pode ser representado por um advérbio, uma locução adverbial ou um pronome relativo (que será visto na aula 3). Deixei o embrulho aqui. (advérbio) À noite conversaremos. (locução adverbial) A empresa onde trabalhei faliu. (pronome relativo) b) Pode ocorrer elipse da preposição antes de adjuntos adverbiais de tempo e modo: 26
  • 27. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Aquela noite, ela não veio. (Naquela noite) Domingo ela estará aqui. (No domingo) Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (De ouvidos atentos) Principais valores das locuções adverbiais, a depender da preposição e das locuções prepositivas nocionais: 1. assunto: de: falar de futebol. sobre: conversar sobre política; falar sobre futebol. quanto a: Não nos expressamos quanto à fatalidade do acidente. 2. causa: a: morrer à fome; acordar aos gritos das crianças; voltar a pedido dos amigos. ante: Ante os protestos, recuou da decisão. (Perceba que não há preposição “a” após “ante”. Diz-se ante a, ante o, e não *ante à, *ante ao.) com: assustar-se com o trovão; ficar pobre com a inflação. de: morrer de fome; tremer de medo; chorar de saudade. devido a: Encontrou seu futuro, devido a muito esforço. diante de: Diante de tais ofertas, não pude deixar de comprar. em consequência de: Em consequência de seu estudo eficaz, passou em primeiro lugar. em face de: O que o salvou, em face do perigo, foi sua habitual calma. (em virtude de) face a: Face a tantos perigos, resolveu voltar. graças a: Graças ao estudo, passou no concurso. por: encontrar alguém por uma coincidência; foi preso por vadiagem Esta preposição também pode ser entendida como em favor de: morrer pela pátria; lutar pela liberdade; falar pelo réu. Não deixa de possuir valor causal. 3. companhia: com: ir ao cinema com alguém; regressar com amigos. 4. concessão (contraste, oposição) apesar de: Foi à praia apesar do temporal. Obs.: Ocorre quando há uma oposição em relação ao verbo. Não se vai, normalmente, à praia em dia de temporal. com: Com mais de 80 anos, ainda tem planos para o futuro. malgrado: Malgrado a chuva, fomos ao passeio. 5. condição: Sem: Sem o empréstimo, não construiremos a casa. 6. conformidade: a: puxar ao pai; escrever ao modo clássico; sair à mãe. conforme: Agiu conforme a situação. por: tocar pela partitura; copiar pelo original. 27
  • 28. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 7. lugar: a: (destino - em correlação com a preposição de): de Santos a Guarujá; daqui a Salvador. Obs.: Usa-se indiferentemente à/na página. Ex.: A notícia está à/na página 28 do jornal. Usa-se ainda a páginas, mas não as páginas ou às páginas. Ex.: A notícia está a páginas 28 do jornal. ante: A verdade está ante nossos olhos; até: indica o limite, o término de movimento, e, acompanhando substantivo com artigo (definido ou indefinido), pode vir ou não seguida da preposição a: Caminharam até a entrada do estacionamento. ou Caminharam até à entrada do estacionamento. de: (relação de origem): vir de Madri. desde: dormir desde lá até cá. em: (estático): ficar em casa; o jantar está na mesa. Observação: O uso da preposição “em” com verbos ou expressões de movimento caracteriza coloquialidade (o que deve ser evitado na norma culta): chegar em casa, ir no supermercado, voltar na escola, levar as crianças na praia, dar um pulo na farmácia, etc. O correto é: chegar a casa; ir ao supermercado; voltar à escola; levar as crianças à praia; ir à farmácia. defronte: Ela mora defronte à igreja. em frente a: Em frente à escola estava ele. entre: Os Pireneus estão entre a França e a Espanha; ficar entre os aprovados. para: ir para Madri; apontar o dedo para o céu. perante: (posição em frente); perante o juiz, negou o crime. (Não use perante a: perante a Deus, perante ao juiz, etc.) por: ir por Bauru, morar por aqui. sob: (posição inferior): ficar sob o viaduto. sobre: (posição superior): o avião caiu sobre uma lavoura de arroz; flutuar sobre as ondas; (direção): ir sobre o adversário. trás: no português atual, a preposição trás não é usada isoladamente; atua, sempre, como parte de outras expressões: nas locuções adverbiais “para trás” e “por trás” (ficar para trás, chegar por trás) e na locução prepositiva “por trás de” (ficar por trás do muro). 8. meio: de: Iremos de navio. em: pagar em cheque; indenizar em ações. por: ler pelo rascunho; ir por terra; levar pela mão; contar pelos dedos; enviar pelo Correio; mandar um recado por alguém. 9. modo: a: bife à milanesa; jogar à Telê Santana. 28
  • 29. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br com: andar com cuidado; tratar com carinho. de: olhar alguém de frente, ficar de pé. em: ir em turma, em bando, em pessoa; escrever em francês. por: proceder à chamada de alunos por ordem alfabética; saber por alto o que aconteceu. sem: indica a relação de ausência ou desacompanhamento: estar sem dinheiro; sob: sair sob pretexto não convincente. 10. tempo: com: (simultaneidade): o povo canta, com os soldados, o Hino Nacional; com o tempo os frutos amadurecem. de: dormir de dia, estudar de tarde, perambular de noite; de pequenino é que se torce o pepino. desde: desde ontem estou assim. em: fazer a viagem em quatro horas; o fogo destruiu o edifício em minutos, no ano 2000. entre: ela virá entre dez e onze horas. para: ter água para dois dias apenas; para o ano irei a Salvador; lá para o final de dezembro viajaremos. por: estarei lá pelo Natal; viver por muitos anos; brincar só pela manhã. sob: houve muito progresso no Brasil sob D. Pedro II. Muitas vezes, numa locução, a preposição “a” pode ser trocada por outra, sem que isso acarrete prejuízo de construção ou de significado. Eis alguns exemplos: à/com exceção de, a/em meu ver, a/com muito custo, em frente a/de, rente a/com, à/na falta de, a/em favor de, em torno a/de, junto a/com/de. Questão 24 (Polícia Federal / 2004 / nível médio) Fragmento do texto: Por que ilusão de modernidade? (...) porque a modernidade, ao invés de aumentar a riqueza bruta dessas nações, induziu enormes transferências para fora com o movimento de capitais externos que sugavam a renda regional. Questão: No período em que ocorre, o conectivo “ao invés de” estabelece relações semânticas de concessão e de restrição, e pode ser substituído por apesar de, sem prejuízo para a coerência e a correção gramatical do texto. Resposta: E Comentário: Note a substituição pedida na questão e compare: 1. ...a modernidade, ao invés de aumentar a riqueza bruta dessas nações, induziu enormes transferências para fora com o movimento de capitais externos que sugavam a renda regional. 2. ...a modernidade, apesar de aumentar a riqueza bruta dessas nações, induziu enormes transferências para fora com o movimento de capitais externos que sugavam a renda regional. No texto original, a locução prepositiva “ao invés de” traduz a ideia de 29
  • 30. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br que a modernidade não aumentou a riqueza bruta, apenas induziu a enormes transferências. Já, com a substituição, “apesar de” traduz a ideia de que a modernidade aumentou a riqueza (o que seria um contraste) e também induziu enormes transferências. Assim, haveria mudança de sentido, incoerência e por isso incorreção gramatical. Questão 25 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível superior) Fragmento do texto: Seja como for, todas as “realidades” e as “fantasias” só podem tomar forma por meio da escrita, na qual exterioridade e interioridade, mundo e ego, experiência e fantasia aparecem compostos pela mesma matéria verbal... Questão: Pode-se substituir a expressão sublinhada pela palavra apresentada entre parênteses e isso não provocaria erro gramatical ou alteração no sentido do texto: “todas as ‘realidades’ e as ‘fantasias’ só podem tomar forma por meio da escrita” (perante) Resposta: E Comentário: A locução prepositiva “por meio da” inicia adjunto adverbial de meio; já perante transmite valor de posicionamento (lugar). Não se pode substituir um pelo outro. Questão 26 (Oficial de Chancelaria - MRE / 2008 / nível superior) Questão: Julgue a frase a seguir quanto à correção gramatical: “Foi feita, finalmente, uma faxina no escritório a nível de material de consumo.” Resposta: E Comentário: A expressão “a nível de” é viciosa. O substantivo “nível” não possui o valor de “relativo a”, “a respeito de”, como vulgarmente é utilizado (Falei a nível de problema social). Seus valores basicamente são: Elevação relativa de uma linha ou de um plano horizontal: O nível das águas subiu. Padrão, qualidade, gabarito: bairro residencial de alto nível. Altura relativa numa escala de valores: nível econômico; nível de disciplina. No contexto, o ideal é retirar essa expressão viciosa, fazendo os ajustes a depender do sentido: “Foi feita, finalmente, uma faxina no escritório com material de consumo.” “Foi feita, finalmente, uma faxina de material de consumo no escritório.” Questão 27 (INCA / 2010 / nível superior ) Fragmento do texto: A realidade atual vem exigindo dos pesquisadores envolvidos com a temática da saúde maiores esforços para compreender as mudanças recentes... Questão: A organização das ideias no texto mostra que “realidade atual” constitui a circunstância de tempo em que a “temática da saúde” está sendo considerada; por isso, mantêm-se as relações entre os argumentos e a correção gramatical ao se iniciar o texto com Na realidade atual. Resposta: E Comentário: De acordo com a observação da letra (B), vista anteriormente, algumas vezes há omissão da preposição em um adjunto adverbial de tempo. 30
  • 31. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Mas a expressão “A realidade atual” é sujeito na oração em que está inserida, por esse motivo não transmite circunstância de tempo (pois isso é papel do adjunto adverbial), nem pode ser antecedida de preposição. Questão 28 (Tribunal de Justiça – SE / 2006 / nível superior) Fragmento do texto: O Instituto de Registro Imobiliário do Brasil (IRIB), seção de São Paulo, em parceria com o Colégio Notarial do Brasil, também seção de São Paulo, e com o apoio da Corregedoria-Geral da Justiça de São Paulo, congrega esforços para promover e realizar seminários de direito notarial e registral no estado, visando o aperfeiçoamento técnico de notários e registradores e a reciclagem de prepostos e profissionais que atuam na área. Questão: As expressões “em parceria” e “com o apoio” exercem a função sintática de adjunto adverbial de companhia e, por isso, podem ser substituídas, sem prejuízo do sentido, por juntamente. Resposta: E Comentário: As expressões “em parceria” e “com o apoio” não exercem sozinhas a função sintática de adjunto adverbial de companhia. As expressões pospostas fazem parte desses termos ( em parceria com o Colégio Notarial do Brasil; com o apoio da Corregedoria-Geral da Justiça de São Paulo). O segundo desses dois termos, apesar de não transmitir o valor de companhia explicitamente, tendo em vista o substantivo “apoio” (circunstância de modo), pode, implicitamente, transmitir esta ideia. Até aqui já vimos que a questão está errada. Ratifica-se o erro, porque o vocábulo “juntamente” não substitui adequadamente a expressão “com o apoio”, pois necessitaria da mudança da preposição “de” para “com”: juntamente com. Questão 29 (Cia de Saneamento Básico - ES / 2006 / nível superior) Fragmento do texto: Sem o trabalho dos peritos, a investigação policial fica restrita à coleta de depoimentos e ao concurso de informantes, o que limita suas possibilidades e torna perigosamente decisivos os interrogatórios dos suspeitos. No tempo de hackers, de criminosos organizados com armamentos poderosos e equipamentos sofisticados, é indispensável dotar a polícia do apoio científico e técnico mais avançado possível. O princípio estruturante de um departamento de perícia competente é a descentralização com integração sistêmica. Sua construção, por prudência, economia e realismo, deverá obedecer a um plano modular, de modo que novos laboratórios se incorporem, sucessivamente, de acordo com o desenvolvimento do processo de implantação e com os resultados do impacto da demanda sobre os serviços oferecidos pelas universidades conveniadas. Questão: O conectivo “de acordo com” introduz argumento que está em conformidade com as ideias expressas no parágrafo anterior. Resposta: E Comentário: Note que a locução prepositiva “de acordo com” inicia adjunto adverbial de conformidade em relação ao verbo de sua oração “...de modo que novos laboratórios se incorporem sucessivamente...”. Para que pudesse introduzir argumento que está em conformidade com o parágrafo anterior, 31
  • 32. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br deveria iniciar o segundo parágrafo da seguinte forma: De acordo com isso, o princípio estruturante... Assim, o pronome demonstrativo “isso” retomaria o parágrafo anterior e o argumento ficaria em conformidade realmente com o parágrafo anterior. Questão 30 (Polícia Federal / 2004 / nível médio) Fragmento do texto: Primeiro, a modernidade não agregou ao mundo do bem-estar a população pobre; ao contrário, em países que não conheciam graves desigualdades, como a Argentina e o Uruguai, a desigualdade floresceu, aproximando-os de Brasil e Venezuela. Questão: A preposição “em” (em países que) é de uso opcional, motivo por que a sua retirada não prejudica a coerência e a correção gramatical do texto. Resposta: E Comentário: A preposição “em” é obrigatória. Veja toda a estrutura: ...em países que não conheciam graves desigualdades, como a Argentina e o Uruguai, a desigualdade floresceu... Os termos intercalados são oração subordinada adjetiva restritiva (por isso não está separada por vírgula) e termo exemplificativo (dupla vírgula obrigatória). Sobra, portanto, a oração principal: “em países a desigualdade floresceu”, em que “em países” é adjunto adverbial de lugar, e a preposição “em” é obrigatória. Vimos os valores semânticos dos adjuntos adverbiais, agora veremos a pontuação. Pontuação interna com adjunto adverbial “solto” É marcante nos adjuntos adverbiais a sua mobilidade posicional, pois este termo pode movimentar-se para o início, para o meio ou para o fim da oração. Essa mobilidade é percebida nos termos soltos, os quais não são exigidos pelo verbo, mas apenas ampliam o contexto com a circunstância. Isso é notado principalmente nos advérbios de lugar, tempo e modo; nos advérbios que modificam toda a oração (e não somente um termo); e nas locuções adverbiais: O custo de vida é bem alto em Brasília. Em Brasília, o custo de vida é bem alto. O custo de vida, em Brasília, é bem alto. O custo de vida é bem alto, em Brasília. Prefeitos de várias cidades foram a Brasília. A Brasília prefeitos de várias cidades foram. Prefeitos de várias cidades a Brasília foram. Esta locução adverbial de lugar não é exigida pelo verbo, por isso se considera um termo solto, o qual pode receber vírgula. Compare com a seguinte. Esta locução adverbial de lugar é exigida pelo verbo, por isso não se considera termo solto, ela pode se mover na oração, mas não recebe vírgula. Os advérbios referem-se a toda a oração. 32
  • 33. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Naturalmente, você já percebeu o problema. Sim, eu sei. Quando a locução adverbial solta for de grande extensão e estiver antecipada da oração ou no meio dela, a vírgula será obrigatória. Se estiver no final, a vírgula será facultativa. Antes da última rodada, o time já se dizia campeão. O time, antes da última rodada, já se dizia campeão. O time já se dizia, antes da última rodada, campeão. O time já se dizia campeão, antes da última rodada. O time já se dizia campeão antes da última rodada. Questão 31 (INCA / 2010 / nível médio) Questão: O emprego de vírgula após “anos”, em “Nos próximos anos, a questão da melhoria da qualidade do ensino deve ser uma obrigação dos governantes”, justifica-se por isolar termo adverbial, com noção de tempo, deslocado do final para o começo do período. Resposta: C Comentário: Note que “Nos próximos anos” é adjunto adverbial de tempo e está antecipado em sua oração; por isso ocorre vírgula. Questão 32 (Agente educacional - ES / 2010 / nível médio) Fragmento do texto: O Cinema Novo, a partir de 1954, inspirou-se no Neorrealismo da Itália e na Nouvelle Vague da França. Questão: O emprego de vírgula logo após “Novo” justifica-se por isolar aposto explicativo. Resposta: E Comentário: Não há aposto explicativo, é o adjunto adverbial de tempo “a partir de 1954”, o qual se encontra intercalado, que impõe o uso de vírgulas. Questão 33 (Agente de Polícia Civil - ES / 2009 / nível médio) Fragmento do texto: Se nos dedicarmos a ensinar aos mais novos, em família e na escola, que, para conviver, é preciso ter consideração com o outro, relevar e fazer concessões, eles aprenderão melhor a controlar seus impulsos em favor do equilíbrio da vida em grupo. Questão: A expressão “em família e na escola”, juntamente com as vírgulas que a intercalam, poderia ser transposta, sem prejuízo da correção gramatical e sem alteração do sentido original, para as seguintes posições dentro do período: ou imediatamente após a palavra “dedicarmos”, ou imediatamente após a palavra “ensinar”. Resposta: C Comentário: A locução adverbial “em família e na escola” acrescenta à estrutura verbal dedicarmos a ensinar a circunstância de lugar, por isso esta locução pode se posicionar imediatamente depois do primeiro verbo e 33
  • 34. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br imediatamente depois do segundo, sem modificar o sentido original. Isso ratifica o que vimos sobre a locução adverbial solta. Questão 34 (Tribunal Regional Eleitoral - MA / 2006 / nível superior) Questão: Julgue a frase seguinte quanto à pontuação: Promotores representantes da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão (AMPEM), vão propor à Controladoria-Geral da União (CGU) a realização de convênio no projeto Contas na Mão. Nascido há cinco anos, o projeto tem como objetivo, formar comitês de cidadania para fiscalizar contas públicas em estados e municípios. Resposta: E Comentário: A vírgula antes de “vão propor” está errada porque se encontra entre sujeito e predicado. A expressão “como objetivo” ou fica entre vírgulas, ou não poderá haver nenhuma vírgula (por ser adjunto adverbial de pequena extensão). Questão 35 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível médio) Fragmento do texto: Em outra frente, a Campanha Global de Ação contra a Pobreza — uma aliança internacional de sindicatos, grupos comunitários, religiosos e organizações que trabalham pelo fim das desigualdades — anuncia a mobilização anual do movimento Levante-se e Faça a Sua Parte, uma ação mundial no dia Internacional pela Erradicação da Pobreza. Questão: O emprego de vírgula logo após “frente” justifica-se por isolar adjunto adverbial anteposto. Resposta: C Comentário: O adjunto adverbial “Em outra frente” encontra-se antecipado, por isso está separado por vírgula. Questão 36 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível médio) Fragmento do texto: No momento em que as Nações Unidas promovem reunião de alto nível para revitalizar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e a nação mais poderosa do mundo busca o caminho para enfrentar a bancarrota de meia dúzia de empresas com US$ 900 bilhões, milhares de organizações não-governamentais estão lançando a campanha Em Meu Nome, que é destinada a mobilizar a cidadania contra a pobreza. Questão: Sem prejuízo para a correção gramatical e para o sentido original do texto, o termo “com US$ 900 bilhões” poderia ocupar, entre vírgulas, a posição imediatamente após a preposição “para”(linha 3). Resposta: C Comentário: Apenas houve o deslocamento do adjunto adverbial de meio (ou quantidade) “com US$ 900 bilhões”, o qual se encontra no final da oração e passa a ficar intercalado após a preposição que inicia sua oração. Veja: ...para enfrentar a bancarrota de meia dúzia de empresas com US$ 900 bilhões... ...para, com US$ 900 bilhões, enfrentar a bancarrota de meia dúzia de empresas... Já vimos as orações subordinadas substantivas e as adjetivas. Vimos que elas partiram de um termo da oração. Da mesma forma, quando o adjunto adverbial recebe um verbo, transforma-se em oração subordinada adverbial. 34
  • 35. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Período composto por subordinação adverbial O candidato passou no concurso, devido ao seu esforço no estudo. VTI objeto indireto adjunto adverbial de causa sujeito predicado verbal período simples O candidato passou no concurso, porque se esforçou no estudo. sujeito VTI objeto indireto VTI + objeto indireto predicado verbal predicado verbal oração principal oração subordinada adverbial causal período composto Tanto o adjunto adverbial quanto a oração adverbial podem deslocar-se para o início ou para o meio da estrutura principal. E, com isso, a vírgula será empregada conforme foi visto nos adjuntos adverbiais de grande extensão. Assim, via de regra, a oração subordinada adverbial, quando posposta à oração principal, será iniciada por vírgula facultativamente. Mas, se for antecipada ou intercalada, receberá vírgula ou vírgulas obrigatoriamente. Observe: Devido ao seu esforço no estudo, o candidato passou no concurso adjunto adverbial de causa VTI objeto indireto sujeito predicado verbal período simples Porque se esforçou no estudo, o candidato passou no concurso VTI + objeto indireto sujeito VTI objeto indireto predicado verbal predicado verbal oração subordinada adverbial causal oração principal período composto O candidato, devido ao seu esforço no estudo, passou no concurso. adjunto adverbial de causa VTI objeto indireto sujeito predicado verbal período simples O candidato, porque se esforçou no estudo, passou no concurso VTI + objeto indireto VTI objeto indireto sujeito predicado verbal predicado verbal vírgula facultativa vírgula facultativa vírgula obrigatória vírgula obrigatória vírgulas obrigatórias vírgulas obrigatórias 35
  • 36. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br oração subordinada adverbial causal oração principal período composto Assim como foi visto nas orações substantivas e adjetivas, as orações podem ser reduzidas. Isso ocorre porque a conjunção é excluída e o verbo deixa de ser conjugado em modo e tempo verbal e passa a uma das formas nominais: infinitivo, gerúndio, particípio. Por se esforçar muito nos estudos, o candidato passou no concurso. oração subordinada adverbial causal reduzida de infinitivo + oração principal Questão 37 (INCA / 2010 / nível superior ) Fragmento do texto: Ao estabelecer a obrigatoriedade na realização dos exames pré-admissional, periódico e demissional do trabalhador, criou recursos médico-periciais voltados à identificação do nexo da causalidade entre os danos sofridos e a ocupação desempenhada. Questão: A vírgula logo depois de “trabalhador” é opcional e sua retirada preservaria a correção gramatical do texto, pois os três termos da enumeração que ela tem função de marcar já estão separados pela conjunção “e”: “exames pré-admissional, periódico e demissional do trabalhador”. Resposta: E Comentário: A vírgula após “trabalhador” é obrigatória, por haver a antecipação da oração subordinada adverbial causal (ou temporal) reduzida de infinitivo “Ao estabelecer a obrigatoriedade na realização dos exames pré- admissional, periódico e demissional do trabalhador”. Os três termos enumerados não interferem no motivo desta vírgula. Questão 38 (Médico perito INSS / 2009 / nível superior) Questão: Julgue a frase quanto à correção gramatical: O povo por estar insatisfeito com o “bota-abaixo” e influenciado pela imprensa se revoltou contra a vacina. Resposta: E Comentário: Há orações subordinadas adverbiais causais reduzidas de infinitivo e estão coordenadas entre si com a conjunção “e”. Como essas orações estão intercaladas à oração principal “O povo se revoltou contra a vacina”, deve haver vírgula após o substantivo “povo” e depois de “imprensa.” Questão 39 (Tribunal Regional Eleitoral - MA / 2006 / nível superior) Fragmento do texto: Para que a democracia seja efetiva, é necessário que as pessoas se sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se manifeste por meio de um conjunto de organizações e instituições extramercado. Questão: Caso a oração adverbial que inicia o texto estivesse imediatamente após a expressão “é necessário”, não haveria necessidade de emprego da vírgula, visto que estaria restabelecida a ordem direta do período. Resposta: E Comentário: Se a oração adverbial final “Para que a democracia seja efetiva” fosse colocada após a oração “é necessário”, precisaria ficar entre vírgulas, pois estaria entre uma oração principal e uma oração subordinada 36
  • 37. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br substantiva. Veja: “É necessário, para que a democracia seja efetiva, que as pessoas se sintam ligadas aos concidadãos...” Vários são os valores circunstanciais das orações subordinadas adverbais. Eles basicamente se dividem em 9. Causais: exprimem causa, motivo, razão. Esta oração faz parte da estrutura causa-consequência, em que a origem ocorre temporalmente antes. E a consequência, por ser o resultado, ocorre depois. As principais conjunções causais são: porque, pois, que, como (quando a oração adverbial estiver antecipada), já que, visto que, desde que, uma vez que, porquanto, na medida em que, que, etc: A mulher gritou porque teve medo. Como fazia frio, fechou as janelas. Já que me pediram, vou continuar. Uma vez que desfruta de bons pensamentos, realiza boas atitudes. Observações: I - A conjunção se também pode transmitir valor de causa a orações que funcionam como base ou ponto de partida de um raciocínio, em construções como: Se o estudo é o princípio do concurseiro, é imprescindível a organização de seu material de estudo. II - Vimos na aula anterior que as conjunções porque, porquanto e pois podem ser coordenativas explicativas. Nesta, percebemos que elas também podem ser causais. A banca CESPE não pergunta qual é a diferença entre elas, apenas pede a troca das conjunções. Questão 40 (Tribunal Regional Eleitoral - RS / 2005 / nível médio) Fragmento do texto: As eleições para a assembleia constituinte realizaram- se após a Proclamação da Independência e, em 25 de março de 1824, D. Pedro I outorgou ao povo brasileiro sua primeira Constituição política. Questão: Após a data “25 de março de 1824” subentende-se uma relação sintática representada pela conjunção porque. Resposta: E Comentário: “As eleições para a assembleia constituinte realizaram-se após a Proclamação da Independência e, em 25 de março de 1824, D. Pedro I outorgou ao povo brasileiro sua primeira Constituição política.” A relação entre as orações desse período é de coordenação aditiva (observe a conjunção “e” em destaque). Ao se subentender, ou explicitar a conjunção porque após “25 de março de 1824”, já haveria erro pois a vírgula que se encontra após “1824” ficaria após a conjunção porque. Além disso, ela iniciaria, dentro da oração coordenada sindética aditiva, uma relação subordinativa adverbial causal, mas faltaria a oração principal, vício chamado de truncamento sintático. Veja como ficaria: “As eleições para a assembleia constituinte realizaram-se após a 37
  • 38. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Proclamação da Independência e, em 25 de março de 1824 porque, D. Pedro I outorgou ao povo brasileiro sua primeira Constituição política...” Não há, portanto, possibilidade de se subentender a conjunção porque após 1824. Questão 41 (Caixa Econômica Federal / 2010 / nível médio ) Fragmento do texto: Entre os integrantes dos BRICs, o Brasil é o que tem, de longe, o maior mercado de azeite: o consumo deverá atingir 50.000 toneladas em 2010. Como o país tem forte influência espanhola, italiana e portuguesa (os mais importantes produtores mundiais), o hábito de usar o óleo em pizzas e saladas é mais comum do que nos outros do grupo — e as empresas do ramo praticamente não mudam suas táticas de venda no mercado brasileiro. Questão: A conjunção “Como” introduz oração que expressa um fato que está em conformidade com a ideia apresentada no período que a antecede. Resposta: E Comentário: Esse vocábulo transmite valor de causa em relação à oração que a sucede. Veja: Já que (Porque, Uma vez que) o país tem forte influência espanhola, italiana e portuguesa (os mais importantes produtores mundiais), o hábito de usar o óleo em pizzas e saladas é mais comum do que nos outros do grupo... Consecutivas: Na relação causa-consequência, o processo verbal da consequência ocorre após o da causa, e suas conjunções exprimem um efeito, um resultado e aparecem de duas formas: I - conjunção que precedida de tal, tão, tanto, tamanho: Fazia tanto frio que meus dedos congelavam. Tal foi seu entusiasmo que todos o seguiram. Nesta estrutura, os intensificadores tal, tamanho, tão, tanto podem ficar subentendidos. Bebia que caía pelas ruas. (bebia tanto...) II – locuções conjuntivas de maneira que, de jeito que, de ordem que, de sorte que, de modo que, etc: Ontem estive doente, de sorte que não pude ir ao trabalho. “As notícias de casa eram boas, de maneira que pude prolongar minha viagem.” (Domingos Paschoal Cegalla) III – locução conjuntiva sem que, e a conjunção que, seguida de negação. Lúcia não pode ver uma roupa bonita na vitrine sem que a queira comprar. Lúcia não pode ver uma roupa bonita na vitrine, que não a queira comprar. Perceba que, na primeira estrutura, a preposição sem tem valor de negação; na segunda, sua ausência é substituída pelo advérbio de negação “não”. 38
  • 39. PORTUGUÊS PARA O TSE PROFESSOR: DÉCIO TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br Questão 42 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível superior) Fragmento do texto: O ministro do Trabalho classificou a decisão do COPOM de subir os juros de “precipitada”. “É um erro imaginar que há inflação no Brasil. Questão: Julgue a interpretação correta em relação ao valor semântico do vocábulo destacado: “É um erro imaginar que há inflação no Brasil” (consequência) Resposta: E Comentário: A conjunção “que” não possui valor semântico, é apenas relacional, chamada de conjunção integrante, pois inicia oração subordinada substantiva. O que a banca queria era que o candidato confundisse esse “que” com o da oração subordinada adverbial consecutiva. Para ser consecutiva, deve haver a intensificação na oração principal com os vocábulos “tão”, “tamanho”, “tanto”. Veja os exemplos: É um erro imaginar que há inflação no Brasil. (que = conjunção integrante) oração principal + OSSSRI + oração subordinada substantiva objetiva direta (imaginar isso) OSSSRI = oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo A inflação é tão grande que causou revoluções políticas internas. oração principal + oração subordinada adverbial consecutiva (que = conjunção subordinativa adverbial consecutiva) Questão 43 (Tribunal Regional do Trabalho - RJ / 2008 / nível superior) Questão: Pode-se substituir a palavra sublinhada pela palavra apresentada entre parênteses e isso não provocaria erro gramatical ou alteração no sentido do texto: “Hoje, somos bombardeados por uma quantidade de imagens tal, que não conseguimos mais distinguir a experiência direta daquilo que vimos há poucos segundos na televisão” (porque) Resposta: E Comentário: A conjunção “que” combina com o intensificador “tal” da oração principal para transmitir valor de consequência (e não de causa). Condicionais: Nesta relação de condição, hipótese, é muito cobrada a correlação de modo e tempo verbal. Veja: verbo no futuro do subjuntivo verbo no futuro do presente do indicativo Se o candidato estudar bastante, passará no concurso. condição no futuro resultado provável no futuro oração subordinada adverbial condicional oração principal verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo verbo no futuro do pretérito do indicativo Se o candidato estudasse bastante, passaria no concurso. condição no passado resultado improvável no futuro oração subordinada adverbial condicional oração principal verbo no presente do subjuntivo verbo no futuro do presente do indicativo 39