Lacan discute como Freud e ele mesmo concebem o inconsciente. Enquanto para Freud o inconsciente é estruturado como uma linguagem e se manifesta através de falhas e fissuras, para outros é visto como um lugar imaginário. Lacan defende que a escuta analítica deve se centrar nessa dimensão do inconsciente freudiano, considerando a fala e o modo como revela o "Um da fenda".
1. A prática psicanalítica com Lacan
Coordenação Alexandre Simões
Tema de hoje:
O inconsciente em Freud e em Lacan
(referência Seminário 11 – O inconsciente freudiano e o nosso, pp. 23- 32)
2. Na lição inicial do Seminário 11, Lacan, recorrendo ao conceito de praxis, vai propor que “... a praxis delimita um campo” (p. 15)
4. Para tal, ele explicita que o objeto mencionado anteriormente...
lembremo-nos disto nestes 2 próximos slides:
5. Lacan e a Verdade
“... A verdade do sujeito, mesmo quando ele está em posição de mestre, não está nele mesmo, mas, como a análise o demonstra, num objeto, velado por natureza...” (p. 13)
6. Quanto à concepção do que vem a ser a prática analítica, faz uma grande diferença:
a verdade do sujeito como aquilo que lhe é intrínseco
a verdade do sujeito como aquilo que se localiza em sua relação com o objeto (e, ademais: objeto que não é claro)
7. O objeto velado por natureza é o objeto a.
E Lacan nos adverte: ele tem diversas formas
(cf. p. 24)
8. A menção inicial a este objeto é que possibilitará a Lacan falar não em um campo genérico, em se tratando da Psicanálise como praxis, mas em algo bem específico:
o campo freudiano
9. Lacan argumenta que os analistas deixaram de valorizar aquilo que estava no âmago da experiência freudiana: a fala
“... foi preciso todo o meu esforço para revalorizar aos olhos deles [dos analistas] esse instrumento, a fala - para lhe devolver sua dignidade, e fazer com que ela não seja sempre, para eles, essas palavras desvalorizadas de antemão que os forçavam a fixar os olhos em outra parte, para lhes encontrar um fiador.” (p. 24)
10. A fala, deve ser revalorizada no campo analítico sob um fundo:
“o inconsciente é estruturado como uma linguagem” (p. 25)
11. Este é o nível da estrutura:
“O importante, para nós, é que vemos aqui o nível em que - antes de qualquer formação do sujeito, de um sujeito que pensa, que se situa aí - isso conta, é contado, e no contado já está o contador. Só depois é que o sujeito tem que se reconhecer ali, reconhecer-se ali como contador.” (p. 26)
12. Localizar o sujeito (e a experiência analítica) não exatamente a partir de uma estrutura fechada, porém, a partir de uma falha
hiância
“... o inconsciente freudiano, é nesse ponto que eu tento fazer vocês visarem por aproximação que ele se situa nesse ponto em que, entre a causa e o que ela afeta, há sempre claudicação.” (p. 27)
13. Quais são as consequências práticas (por exemplo, para a condução de uma análise) ao se considerar seriamente que o ponto central de nossa experiência se refere a uma
falha?
14. “O inconsciente, primeiro, se manifesta para nós como algo que fica em espera na área, eu diria algo de não-nascido”
(p. 28)
buraco
hiância
fenda
15. Em meio a esta circunstância, Lacan é preciso:
na prática analítica, o que está em operação não é o inconsciente em geral, porém, o
INCONSCIENTE FREUDIANO (Unbewusste):
“O inconsciente freudiano nada tem a ver com as formas ditas do inconsciente que o precederam, mesmo as que o acompanhavam, mesmo as que o cercam ainda. (...) O inconsciente de Freud não é de modo algum o inconsciente romântico da criação imaginante. Não é o lugar das divindades da noite. (...) No sonho, no ato falho, no chiste - o que é que chama a atenção primeiro? É o modo de tropeço pelo qual eles aparecem.” (p. 29)
18. “Vocês concordarão comigo em que o um que é introduzido pela experiência do inconsciente é o um da fenda, do traço, da ruptura” (p.30)
E isto repercute diretamente sobre a escuta do analista, o manejo da transferência, a direção do tratamento.
O Um da fenda, do não-todo ( -> Unbewusste)
19. Prosseguiremos com
O sujeito do inconsciente
(referência Seminário 11 – Do sujeito da certeza, pp. 33- 44)
Até lá!
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