SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 26
Fundamentos              da   Psicanálise



                 Tema:

  O inconsciente e seu sujeito
      Coordenação Alexandre Simões

                                           ALEXANDRE
                                             SIMÕES
                                        ® Todos os direitos
                                        de autor reservados.
Anteriormente, vimos que




Inconsciente não é um termo absolutamente novo, proposto de
                  forma original por Freud.
                                                          ALEXANDRE
                                                            SIMÕES
                                                       ® Todos os direitos
                                                       de autor reservados.
Todavia, a partir de Freud, o
inconsciente recebe um lugar conceitual
    inédito, comportando também
    repercussões clínicas originais




                                  ALEXANDRE
                                    SIMÕES
                               ® Todos os direitos
                               de autor reservados.
“Sujeito”, “Sujeito do Inconsciente” não são
         designações presentes no texto de Freud


                                           São os efeitos do
                                           ‘retorno a Freud’
                                              proposto por
                                          Jacques Lacan, ao
                                             início dos anos
                                                    50.


São referências introduzidas nesse momento e desenvolvidas
diretamente por Lacan até o final dos anos 70.
                                                          ALEXANDRE
                                                            SIMÕES
                                                       ® Todos os direitos
                                                       de autor reservados.
Todavia, se não presenciamos o termo propriamente dito,
     encontramos a noção de sujeito introduzida por Freud:




Inicialmente, temos os argumentos contido n‟A interpretação dos
   sonhos, nos quais Freud, ao falar de inconsciente, refere-se a
             „pensamentos       inconscientes‟.


                                                            ALEXANDRE
                                                              SIMÕES
                                                         ® Todos os direitos
                                                         de autor reservados.
Em outros textos nos quais Freud
retorna a essa discussão, ele dá a
entender que o inconsciente é da
    ordem de uma cogitação.



                                        ALEXANDRE
                                          SIMÕES
                                     ® Todos os direitos
                                     de autor reservados.
Ao mesmo tempo, como já vimos



 Freud é bastante cuidadoso quanto ao estatuto
desses pensamentos, na medida em que sempre
deixou bem claro que o inconsciente não é uma
                 inconsciência.



                                             ALEXANDRE
                                               SIMÕES
                                          ® Todos os direitos
                                          de autor reservados.
Em outros momentos, Freud também nos indica que o
inconsciente é da ordem de uma intencionalidade


                                                ALEXANDRE
                                                  SIMÕES
                                             ® Todos os direitos
                                             de autor reservados.
Porém, essa
‘intencionalidade’
    tem algo de
      bastante
                     ela tem como
     específico:        modelo a
                       ignorância




                                ALEXANDRE
                                  SIMÕES
                             ® Todos os direitos
                             de autor reservados.
Temos, assim:



pensamentos -> intencionalidade -> ignorância




                                             ALEXANDRE
                                               SIMÕES
                                          ® Todos os direitos
                                          de autor reservados.
Um bom exemplo que Freud nos oferece
    para ilustrar essa circunstância clínica é a
                   culpabilidade:
um paciente pode não apresentar nenhuma queixa evidente sobre a
      culpa ou pode não expressar nenhuma formulação ou
       questionamento que o exponha nitidamente a isso.

Todavia, ele pode se deparar em sua vida com uma série de atos nos
quais sempre se coloca no limite de sua integridade física, sempre se
                 agride ou se fere, de algum modo.               ALEXANDRE
                                                                   SIMÕES
                                                              ® Todos os direitos
                                                              de autor reservados.
Por outro lado, há pacientes que diante do
 melhor se sentem - muitas vezes de maneira
perplexa – entristecidos, pouco entusiasmados
        com o que a vida lhes reserva.
Em um dado momento de sua
                                                 análise, uma jovem
                                           profissional, recém formada e
                                           já atuante há algum tempo na
                                           área da saúde, chegou a dizer,
                                             por conta de um sonho no
                                             qual ela, vestida de branco,
                                               tentava correr mas não
                                               conseguia sair do lugar:


 “... sempre que eu conquisto uma nova
função ou uma posição de destaque nas
instituições em que trabalho, eu arrumo
  um meio de ser posta de lado, de ser
 preterida, de perder meu lugar, e acabo
saindo do emprego, levando o meu dom
       de sempre: criar inimizades!”
Isto, quando os pacientes não se deparam com o pior assim que se
         percebem bem próximos de algumas realizações
Em situações dessa
                                                  ordem, nas quais o
                                                  valor do paciente é
                                                depreciado, Freud nos
                                                elucida que o paciente,
                                                apesar da lisura de sua
                                                   consciência, está
                                                 arrebatado por uma
                                                intensa culpabilidade.


   Culpabilidade cujo motivo e cuja expressão lhe
                     escapam.
“Obscuro sentimento de culpa” é a expressão cunhada por Freud no
       artigo Alguns tipos de caráter encontrados no trabalho psicanalítico (1916)
                                                                            ALEXANDRE
                                                                              SIMÕES
                                                                         ® Todos os direitos
                                                                         de autor reservados.
É precisamente aí que Freud reconhece o ethos do
     inconsciente e nos propõe a mencionada
     intencionalidade associada à ignorância




                                               ALEXANDRE
                                                 SIMÕES
                                            ® Todos os direitos
                                            de autor reservados.
Ser tomado por algo do qual o próprio paciente não
 sabe muito ao certo; estar embaraçado com uma
          circunstância que lhe escapa.

                     Relembremos o que já observamos junto a
                      Freud: “... os dados da consciência têm
                                   muitas lacunas”
                      (FREUD, S. O inconsciente, p. 19 [1915; tradução de Luiz Hanns, Rio de
                                            Janeiro: Imago, 2006]);
                                                                                        ALEXANDRE
                                                                                          SIMÕES
                                                                                     ® Todos os direitos
                                                                                     de autor reservados.
Assim, podemos fazer uma primeira aproximação
    mais específica do sujeito que é atribuído ao
                    inconsciente:
o inconsciente é aquele pensar, fazer, sentir, desejar e
               falar que nos ultrapassa
Em outros termos:




   “O inconsciente é o fato de que pensamos,
fazemos, desejamos e dizemos sem saber. Mais
  ainda, o inconsciente é o fato de que estamos
    despertos quando dormimos (é o caso dos
      sonhos) e estamos dormindo quando
Quando Jacques Lacan nos propõe a
       subversão do sujeito,

devemos compreender que a experiência clínica que
 Freud nos possibilita comporta o avesso do sujeito
                      cartesiano
Sujeito cartesiano
Penso, onde sou




                     Sujeito do inconsciente
                      Penso, onde não sou
atividades mentais, tais como refletir sobre
algo ou concentrar a atenção, não
solucionam nenhum dos enigmas de uma
neurose
      (FREUD. Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise, p. 153)




                                                                                ALEXANDRE
                                                                                  SIMÕES
                                                                             ® Todos os direitos
                                                                             de autor reservados.
Lembremo-nos aqui das discussões já bem
difundidas sobre o   descentramento do
sujeito  ou, em outros termos, a „revolução
 copernicana empreendida pela psicanálise‟



                                                 ALEXANDRE
                                                   SIMÕES
                                              ® Todos os direitos
                                              de autor reservados.
Nas primeiras etapas de suas pesquisas, o homem acreditou, de início,
que o seu domicílio, a Terra, era o centro estacionário do universo, com o
sol, a lua e os planetas girando ao seu redor. Seguia, assim,
ingenuamente, os ditames das percepções dos seus sentidos, pois não
sentia o movimento da Terra e, todas as vezes que conseguia uma visão
sem obstáculos, encontrava-se no centro de um círculo que abarcava o
mundo exterior. A posição central da Terra, de mais a mais, era para ele
um sinal do papel dominante desempenhado por ela no universo e
parecia-lhe ajustar muito bem à sua propensão a considerar-se o senhor
do mundo.

A destruição dessa ilusão narcisista associa-se, em nossas mentes, com
o nome de Copérnico, no século XVI. (...) Quando essa descoberta atingiu
um reconhecimento geral, o amor-próprio da humanidade sofreu o seu
primeiro golpe, o golpe cosmológico.

                         (FREUD. Uma dificuldade no caminho da psicanálise, p. 336)



                                                                               ALEXANDRE
                                                                                 SIMÕES
                                                                            ® Todos os direitos
                                                                            de autor reservados.
“Na sequência, dentre outras coisas, Freud nos propõe
considerar a psicanálise como um golpe semelhante ao
estabelecido inicialmente por Copérnico. Um golpe, segundo ele,
sobre o narcisismo dos homens, cuja consequência final seria a
disjunção entre o ser e o pensamento (o saber). Assim, ele chega
às seguintes proposições:
O que está em sua mente não coincide com aquilo de que você
está consciente; o que acontece realmente e aquilo que você
sabe, são duas coisas distintas. [...]
... O eu não é o senhor da sua própria casa...”

                             (ALEXANDRE SIMÕES. O litoral d’aporia, p. 191)




                                                                       ALEXANDRE
                                                                         SIMÕES
                                                                    ® Todos os direitos
                                                                    de autor reservados.
Prosseguiremos com o tema:
A clínica das neuroses na contemporaneidade




                  Até lá!
           Acesso a este conteúdo:
         www.alexandresimoes.com.br


                                             ALEXANDRE
                                               SIMÕES
                                          ® Todos os direitos
                                          de autor reservados.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Freud e a Psicanálise
Freud e a PsicanáliseFreud e a Psicanálise
Freud e a PsicanálisePaulo Gomes
 
Aula sobre Psicanalise/Freud - FPE
Aula sobre Psicanalise/Freud - FPEAula sobre Psicanalise/Freud - FPE
Aula sobre Psicanalise/Freud - FPERodrigo Castro
 
Aula INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE
Aula  INTRODUÇÃO À PSICANÁLISEAula  INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE
Aula INTRODUÇÃO À PSICANÁLISELudmila Moura
 
Psicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mental
Psicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mentalPsicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mental
Psicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mentalAlexandre Simoes
 
A TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUD
A TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUDA TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUD
A TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUDDandara Cunha
 
Teoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
Teoria e Pratica - Abordagem PsicanaliticaTeoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
Teoria e Pratica - Abordagem PsicanaliticaDeisiane Cazaroto
 
As sete escolas da psicanálise
As sete escolas da psicanáliseAs sete escolas da psicanálise
As sete escolas da psicanálisePatricia Ruiz
 
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013Alexandre Simoes
 
Psicologia: Diferentes Abordagens
Psicologia: Diferentes AbordagensPsicologia: Diferentes Abordagens
Psicologia: Diferentes AbordagensBruno Carrasco
 
Psicanálise e a interpretação dos sonhos
Psicanálise e a interpretação dos sonhosPsicanálise e a interpretação dos sonhos
Psicanálise e a interpretação dos sonhosIsabel Vitória
 
Lucas Nápoli - A Doença Psicossomática Não Existe
Lucas Nápoli - A Doença Psicossomática Não ExisteLucas Nápoli - A Doença Psicossomática Não Existe
Lucas Nápoli - A Doença Psicossomática Não ExisteLucas Nápoli
 
Freud e-a-psicanlise-1204326364108510-2 (1)
Freud e-a-psicanlise-1204326364108510-2 (1)Freud e-a-psicanlise-1204326364108510-2 (1)
Freud e-a-psicanlise-1204326364108510-2 (1)andrea cristina
 
Diferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologiaDiferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologiaRita Cristiane Pavan
 
Desenvolvimento psicossexual segundo freud
Desenvolvimento psicossexual segundo freudDesenvolvimento psicossexual segundo freud
Desenvolvimento psicossexual segundo freudUNESC
 

Mais procurados (20)

Freud e a Psicanálise
Freud e a PsicanáliseFreud e a Psicanálise
Freud e a Psicanálise
 
Psicologia geral fabiola
Psicologia geral fabiolaPsicologia geral fabiola
Psicologia geral fabiola
 
Aula sobre Psicanalise/Freud - FPE
Aula sobre Psicanalise/Freud - FPEAula sobre Psicanalise/Freud - FPE
Aula sobre Psicanalise/Freud - FPE
 
Aula INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE
Aula  INTRODUÇÃO À PSICANÁLISEAula  INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE
Aula INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE
 
Psicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mental
Psicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mentalPsicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mental
Psicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mental
 
A TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUD
A TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUDA TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUD
A TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUD
 
Teoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
Teoria e Pratica - Abordagem PsicanaliticaTeoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
Teoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
 
A PSICANÁLISE, POR SIGMUND FREUD
A PSICANÁLISE, POR SIGMUND FREUDA PSICANÁLISE, POR SIGMUND FREUD
A PSICANÁLISE, POR SIGMUND FREUD
 
As sete escolas da psicanálise
As sete escolas da psicanáliseAs sete escolas da psicanálise
As sete escolas da psicanálise
 
O Inconciente
O InconcienteO Inconciente
O Inconciente
 
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013
 
Psicologia: Diferentes Abordagens
Psicologia: Diferentes AbordagensPsicologia: Diferentes Abordagens
Psicologia: Diferentes Abordagens
 
Psicanálise e a interpretação dos sonhos
Psicanálise e a interpretação dos sonhosPsicanálise e a interpretação dos sonhos
Psicanálise e a interpretação dos sonhos
 
Lucas Nápoli - A Doença Psicossomática Não Existe
Lucas Nápoli - A Doença Psicossomática Não ExisteLucas Nápoli - A Doença Psicossomática Não Existe
Lucas Nápoli - A Doença Psicossomática Não Existe
 
Freud e-a-psicanlise-1204326364108510-2 (1)
Freud e-a-psicanlise-1204326364108510-2 (1)Freud e-a-psicanlise-1204326364108510-2 (1)
Freud e-a-psicanlise-1204326364108510-2 (1)
 
Diferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologiaDiferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologia
 
Desenvolvimento psicossexual segundo freud
Desenvolvimento psicossexual segundo freudDesenvolvimento psicossexual segundo freud
Desenvolvimento psicossexual segundo freud
 
slides da história da psicologia
slides da história da psicologiaslides da história da psicologia
slides da história da psicologia
 
Introdução À Psicanálise
Introdução À PsicanáliseIntrodução À Psicanálise
Introdução À Psicanálise
 
8 fundamentos da psicanálise
8 fundamentos da psicanálise8 fundamentos da psicanálise
8 fundamentos da psicanálise
 

Mais de Alexandre Simoes

2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalistaAlexandre Simoes
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...Alexandre Simoes
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhosAlexandre Simoes
 
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejosAlexandre Simoes
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejoAlexandre Simoes
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnósticoAlexandre Simoes
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...Alexandre Simoes
 
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...Alexandre Simoes
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...Alexandre Simoes
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...Alexandre Simoes
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...Alexandre Simoes
 
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...Alexandre Simoes
 
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXICLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXIAlexandre Simoes
 
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICAREPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICAAlexandre Simoes
 

Mais de Alexandre Simoes (20)

2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
 
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...
 
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
 
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...
 
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXICLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
 
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICAREPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
 

Fundamentos da Psicanálise

  • 1. Fundamentos da Psicanálise Tema: O inconsciente e seu sujeito Coordenação Alexandre Simões ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 2. Anteriormente, vimos que Inconsciente não é um termo absolutamente novo, proposto de forma original por Freud. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 3. Todavia, a partir de Freud, o inconsciente recebe um lugar conceitual inédito, comportando também repercussões clínicas originais ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 4. “Sujeito”, “Sujeito do Inconsciente” não são designações presentes no texto de Freud São os efeitos do ‘retorno a Freud’ proposto por Jacques Lacan, ao início dos anos 50. São referências introduzidas nesse momento e desenvolvidas diretamente por Lacan até o final dos anos 70. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 5. Todavia, se não presenciamos o termo propriamente dito, encontramos a noção de sujeito introduzida por Freud: Inicialmente, temos os argumentos contido n‟A interpretação dos sonhos, nos quais Freud, ao falar de inconsciente, refere-se a „pensamentos inconscientes‟. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 6. Em outros textos nos quais Freud retorna a essa discussão, ele dá a entender que o inconsciente é da ordem de uma cogitação. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 7. Ao mesmo tempo, como já vimos Freud é bastante cuidadoso quanto ao estatuto desses pensamentos, na medida em que sempre deixou bem claro que o inconsciente não é uma inconsciência. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 8. Em outros momentos, Freud também nos indica que o inconsciente é da ordem de uma intencionalidade ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 9. Porém, essa ‘intencionalidade’ tem algo de bastante ela tem como específico: modelo a ignorância ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 10. Temos, assim: pensamentos -> intencionalidade -> ignorância ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 11. Um bom exemplo que Freud nos oferece para ilustrar essa circunstância clínica é a culpabilidade: um paciente pode não apresentar nenhuma queixa evidente sobre a culpa ou pode não expressar nenhuma formulação ou questionamento que o exponha nitidamente a isso. Todavia, ele pode se deparar em sua vida com uma série de atos nos quais sempre se coloca no limite de sua integridade física, sempre se agride ou se fere, de algum modo. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 12. Por outro lado, há pacientes que diante do melhor se sentem - muitas vezes de maneira perplexa – entristecidos, pouco entusiasmados com o que a vida lhes reserva.
  • 13. Em um dado momento de sua análise, uma jovem profissional, recém formada e já atuante há algum tempo na área da saúde, chegou a dizer, por conta de um sonho no qual ela, vestida de branco, tentava correr mas não conseguia sair do lugar: “... sempre que eu conquisto uma nova função ou uma posição de destaque nas instituições em que trabalho, eu arrumo um meio de ser posta de lado, de ser preterida, de perder meu lugar, e acabo saindo do emprego, levando o meu dom de sempre: criar inimizades!”
  • 14. Isto, quando os pacientes não se deparam com o pior assim que se percebem bem próximos de algumas realizações
  • 15. Em situações dessa ordem, nas quais o valor do paciente é depreciado, Freud nos elucida que o paciente, apesar da lisura de sua consciência, está arrebatado por uma intensa culpabilidade. Culpabilidade cujo motivo e cuja expressão lhe escapam. “Obscuro sentimento de culpa” é a expressão cunhada por Freud no artigo Alguns tipos de caráter encontrados no trabalho psicanalítico (1916) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 16. É precisamente aí que Freud reconhece o ethos do inconsciente e nos propõe a mencionada intencionalidade associada à ignorância ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 17. Ser tomado por algo do qual o próprio paciente não sabe muito ao certo; estar embaraçado com uma circunstância que lhe escapa. Relembremos o que já observamos junto a Freud: “... os dados da consciência têm muitas lacunas” (FREUD, S. O inconsciente, p. 19 [1915; tradução de Luiz Hanns, Rio de Janeiro: Imago, 2006]); ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 18. Assim, podemos fazer uma primeira aproximação mais específica do sujeito que é atribuído ao inconsciente: o inconsciente é aquele pensar, fazer, sentir, desejar e falar que nos ultrapassa
  • 19. Em outros termos: “O inconsciente é o fato de que pensamos, fazemos, desejamos e dizemos sem saber. Mais ainda, o inconsciente é o fato de que estamos despertos quando dormimos (é o caso dos sonhos) e estamos dormindo quando
  • 20. Quando Jacques Lacan nos propõe a subversão do sujeito, devemos compreender que a experiência clínica que Freud nos possibilita comporta o avesso do sujeito cartesiano
  • 21. Sujeito cartesiano Penso, onde sou Sujeito do inconsciente Penso, onde não sou
  • 22. atividades mentais, tais como refletir sobre algo ou concentrar a atenção, não solucionam nenhum dos enigmas de uma neurose (FREUD. Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise, p. 153) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 23. Lembremo-nos aqui das discussões já bem difundidas sobre o descentramento do sujeito ou, em outros termos, a „revolução copernicana empreendida pela psicanálise‟ ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 24. Nas primeiras etapas de suas pesquisas, o homem acreditou, de início, que o seu domicílio, a Terra, era o centro estacionário do universo, com o sol, a lua e os planetas girando ao seu redor. Seguia, assim, ingenuamente, os ditames das percepções dos seus sentidos, pois não sentia o movimento da Terra e, todas as vezes que conseguia uma visão sem obstáculos, encontrava-se no centro de um círculo que abarcava o mundo exterior. A posição central da Terra, de mais a mais, era para ele um sinal do papel dominante desempenhado por ela no universo e parecia-lhe ajustar muito bem à sua propensão a considerar-se o senhor do mundo. A destruição dessa ilusão narcisista associa-se, em nossas mentes, com o nome de Copérnico, no século XVI. (...) Quando essa descoberta atingiu um reconhecimento geral, o amor-próprio da humanidade sofreu o seu primeiro golpe, o golpe cosmológico. (FREUD. Uma dificuldade no caminho da psicanálise, p. 336) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 25. “Na sequência, dentre outras coisas, Freud nos propõe considerar a psicanálise como um golpe semelhante ao estabelecido inicialmente por Copérnico. Um golpe, segundo ele, sobre o narcisismo dos homens, cuja consequência final seria a disjunção entre o ser e o pensamento (o saber). Assim, ele chega às seguintes proposições: O que está em sua mente não coincide com aquilo de que você está consciente; o que acontece realmente e aquilo que você sabe, são duas coisas distintas. [...] ... O eu não é o senhor da sua própria casa...” (ALEXANDRE SIMÕES. O litoral d’aporia, p. 191) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 26. Prosseguiremos com o tema: A clínica das neuroses na contemporaneidade Até lá! Acesso a este conteúdo: www.alexandresimoes.com.br ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.