Araucária, árvore de importância socioeconômica e ambiental
1.
2. - Espécie que teve sua origem há 200 milhões de anos, quando
surgiram as árvores primitivas com sementes sem frutos, as
coníferas, ordem a que pertence a Araucaria angustifolia
(Bertol.) Kuntze.
- As espécies da família Araucariaceae encontram-se unicamente
no Hemisfério Sul, sendo que apenas duas delas ocorrem na
América do Sul: a Araucaria angustifolia e a Araucaria
araucana.
- É uma espécie florestal de importância socioeconômica e
ambiental, característica da Floresta Ombrófila Mista (Floresta
de Araucárias), que destaca-se na paisagem devido a sua rara
beleza.
4. • Forma: Árvore perenifólia, com 10 m a 35 m de altura e 50 cm a
120 cm de diâmetro à altura do peito (DAP) atingindo
excepcionalmente 50 m de altura e 250 cm ou mais de DAP;
• Tronco: Fuste em geral cilíndrico, reto, raras vezes bifurcado em
dois ou mais troncos;
• Casca: Grossa com espessura variando de 7 cm a 15 cm. Casca
externa de cor marrom-arroxeada, persistente, áspera, rugosa,
desprendendo-se em lâmina na parte superior do fuste. A casca
interna é resinosa, esbranquiçada, com tons róseos.
• Acículas (conhecida popularmente como folhas): Simples,
sésseis, alternas, espiraladas, lineares a lanceoladas, coriáceas,
verde-escuras, com de 3 cm a 6 cm de comprimento por 4 mm a
10 mm de largura.
5. • Ramificações: Árvore adulta, com
pseudo-verticilos, muito típica.
- Copa alta, estratificada e múltipla,
caliciforme ou em forma de taça
nas árvores mais velhas e cônica
nas árvores mais jovens.
- Ramos primários cilíndricos,
curvados para cima, maiores os
inferiores e menores os superiores
(REITZ; KLEIN, 1966).
- Ramos secundários agrupados no
ápice dos ramos primários.
6. • Espécie dióica;
• Flores masculinas (cones): liberam o
pólen ao vento para ser transportado
ao estróbilo feminino.
• Flores femininas (estróbilo): chamado
de pinha, possui aproximadamente de
05 a 150 pinhões, pesando de 0,61kg a
4,1kg. Encontram-se dispostas entre
uma a duas em cada ramo, sendo que
o máximo já encontrado foi de 14 em
um único ramo.
Possui de 123 a 205
sementes por quilograma.
8. • Sementes: carnosas, conhecidas como
pinhões, tendo 03 a 08cm de comprimento;
- Forma cônica-arredondada-ablonga, com
ápice terminando com um espinho achatado
e curvado;
- A amêndoa é branca-róseo-clara, rica em
reservas energéticas, principalmente amido
(54,7%) e aminoácidos; no centro, encontra-
se o embrião com os cotilédones;
• Dispersão: Geralmente é por autocoria,
principalmente barocórica, limitada à
vizinhança da árvore-mãe, (60 m a 80 m)
devido ao peso das sementes. Contudo,
também é zoocórica, por aves e roedores.
Entre os roedores destacam-se
camundongos, pacas, cutias, ouriços e
esquilos
9.
10. • No Brasil, a área original das florestas de pinheiro-do-paraná era, aproximadamente, 185.000
km2 (MACHADO; SIQUEIRA, 1980).
• Ocorre também:
- Argentina;
- Paraguai.
Região Região Km² %
%
Total
Sul Paraná 73.780 40
96Sul Santa Catarina 56.693 31
Sul Rio Grande do Sul 46.483 25
Norte São Paulo 5.340 03
04
Norte
Sul de Minas Gerais; Rio
Doce e Rio de Janeiro
01
11. • Ocorre tanto na classificação Cfa, clima
subtropical úmido sem estação seca e
com verão quente, bem como na
classificação Cfb, que é um clima
subtropical úmido sem estação seca e
com verão ameno.
• A precipitação pluviométrica média
anual varia de 1.250 mm a 2.450
mm, com distribuições mais
concentradas no verão, nas menores
latitudes, e mais concentradas no
inverno nas maiores latitudes de sua
ocorrência natural (MACHADO;
SIQUEIRA, 1980).
12. - Bastante exigente em solos bons, principalmente sob o ponto de vista físico, ou seja,
a espécie exige solos que não possuem impedimentos por compactação forte;
- Ainda, a espessura do solo, associada a outras características físicas, como uma boa
porosidade, por exemplo, possibilita a utilização de uma maior área para a
penetração das raízes, desenvolvendo-se uma raiz pivotante que pode atingir até 4 m
de profundidade;
- Vários trabalhos no País constataram que as características químicas do solo não
representam os melhores parâmetros para explicar a variação do crescimento e da
produtividade do pinheiro;
- A escolha do local adequado para o cultivo da araucária tem, portanto, influência
decisiva sobre o êxito da plantação, sendo tão importante quanto as condições de
qualidade e origem da semente, espaçamento, tratos culturais, época de desbastes,
etc.
13.
14. - Tolera sombra no período
juvenil, porém não tolera
sombreamento lateral quando
plantado em faixa, em capoeira alta.
Na fase adulta, é essencialmente
heliófila, segundo Imaguire (1979).
- Pode ser plantado pleno sol e em
plantio puro. A semeadura direta no
campo é o método mais adequado;
- Também pode ser plantado em
vegetação matricial arbórea (plantio
de conversão ou
transformação), como em capoeiras
adultas.
15. 1) Recomenda-se a retirada das pinhas diretamente da árvore quando estas
apresentam pintas amarronzadas;
2) Em seguida, faz-se a extração manual da pinha;
3) Aconselha-se a eliminação dos pequenos pinhões (menor de 6 cm de
comprimento);
16. • O atraso na sua germinação esta associado à restrição da entrada de água
ocasionada pelo tegumento;
• Recomenda-se:
1) Deixar os pinhões imersos em água à temperatura ambiente (24 a 48
horas) para embebição;
2) Utiliza-se para a produção de mudas os pinhões que afundarem e
rejeitam-se aqueles que flutuarem, pois estão chocos e mal formados.
17. • São classificadas fisiologicamente como recalcitrantes;
- Autores associaram a perda de viabilidade à redução do grau;
- O nível crítico de umidade das sementes de pinheiro-do-paraná varia entre
40% (TOMPSETT, 1984) e 38% (EIRA et al., 1994), abaixo do qual há perda
total de viabilidade;
- A melhor condição foi em ambiente de câmara fria (temperatura de 4 °C + 1
°C e U.R. 89% + 1%) combinado com a embalagem de polietileno de 24
micras de espessura, pois mantiveram 79% do índice de germinação inicial
das sementes. O grau de umidade inicial das sementes era de 43%.
18. • Direto no Campo: 02 a 03
pinhões/por cova;
• Recipientes ou Sementeiras:
mínimo 20cm de altura e
07cm de diâmetro, com
volume de substrato de
300ml a 500ml.
• Repicagem: usual em muitos
viveiros, sendo realizada logo
após da emissão da parte
aérea (até 15cm).
19. • Hipógea (desuniformemente por um longo período);
• Dá-se entre 20 a 110 dias após a semeadura, com até 90% de germinação;
• Tempo mínimo de permanência em viveiro: 03 à 04 meses; e 06
meses, após 15 cm a 20 cm de altura.
20. • A presença de micorrizas em
araucária foi relatada por Milanez e
Monteiro Neto (1950);
sendo, portanto, consideradas pelo
autor micorrizas endófitas do tipo
vesicular-arbuscular (VA).
• Estudos com fungos micorrízicos
inoculados em araucária mostram
efeitos positivos no desenvolvimento
de mudas de araucárias, da mesma
forma que ocorrem em outras
coníferas, como é o caso de Pinus.
21. • Estaquia:
- Tem apresentado limitações para produção em escala comercial;
- Dificuldade em rejuvenescer material vegetativo;
• Enchertia
- É considerado um método viável;
• Não têm sido empregada devido á:
- Apresentação de ramos laterais;
- Dificuldade na soldadura da união do enxerto com o porta-enxerto;
- Impossibilidade da utilização do broto apical da árvore adulta;
Foram empregando dois métodos de enxertia, conseguiu 47,5% de êxito com a
Garfagem por fenda a cavalo, enquanto que, com a Borbulhia de escudo tipo janela, os
resultados não foram satisfatórios.
22. • Os povoamentos apresentam grande
heterogeneidade, principalmente em relação a
altura e na formação de pseudo-verticilos;
- Crescimento Inicial lento;
- A partir do 3° ano, apresenta incremento anual
em altura de 01m;
- A partir do 5° ano, apresenta incremento em
diâmetro de 1,5cm a 2,0cm.
- Incremento Volumétrico Anual admissível: 10 m³
a 23 m³ por hectare, em casos excepcionais
30m³/há/ano.
23. • Em um plantio de conversão ou transformação localizado em
Colombo, PR, dependendo da procedência utilizada:
- Incremento variou: de 12 m3 a 18 m3/ha-1/ano-1;
- Os primeiros desbastes devem ser realizados, segundo o grau de
qualidade, entre 7 e 12 anos (LAMPRECHT, 1990);
- Estima-se uma rotação a partir de quinze anos para o corte final, em solos
férteis e sob espaçamentos adequados.
24. • Entre as espécies de insetos que ocorrem na
Araucaria, os danos mais severos são causados por:
- Cydia araucariae (Lepidoptera) – ataca suas sementes, reduzindo sua
viabilidade em até 64%;
- Dyrphia araucariae (Lepidoptera: Saturniidae) – consomem grande parte
das acículas, porém, não atacam os brotos apicais;
- Elasmopalpus lignosellus (Lepidoptera: Pyralidae) – lesionam o colo das
plantas jovens;
- Gulgurodes sartinaria (Lepidoptera: Geometridae) & Eupithecia sp.
(Lepidoptera: Geometridae) - causam desfolhamento das plantas, deixando
uma espessa camada de acículas no solo.
25. • Pode ser atacada por patógenos, principalmente fungos, desde
a fase de viveiro até nos plantios adultos.
• Principais doenças:
- Tombamento de mudas;
- Podridão da haste por Colletotrichum;
- Armilariose;
- Podridão de raízes por Rosellinia;
- Podridão de raízes por Sphaeropsis;
- Prodridão de raízes por Phellinus;
- Podridão do colo e morte de árvores por Phytophthora;
- Etc...
26.
27. - Madeira moderadamente densa (0,50 a 0,61 m/cm³);
- Coloração branca-amarelada uniforme com pouca diferenciação
entre cerne e alburno;
- Cheiro pouco intenso e agradável de resina e gosto pouco
acentuado;
- Anéis de crescimento anuais;
- Baixa resistência ao apodrecimento e ao ataque de cupins de
madeira seca;
- Fácil trabalhabilidade e colagem, aceitando bem acabamentos
superficiais.
28. • O rendimento de um pinheiro de porte grande, adulto, apresenta a seguinte
produção:
- Toco que permanece no chão: 3,5%;
- Serragem residual na indústria: 4,4%;
- Casca: 14,2%;
- Ponta do fuste: 15%;
- Galhos: 25,2%;
- Aparas e costaneiras: 14,2%
- Tabuado, área nobre da madeira: 23,6% (THOMÉ, 1995).
29. • A madeira da Araucaria angustifolia pode ser
utilizada para diversos fins, como por exemplo:
- Madeira serrada e roliça: tábuas, ripas, caibros, palitos de
fósforo, lápis, compensado, postes, cabo de vassoura,
marcenaria entre outros;
- Energia: os nós de pinho e a casca de indivíduos adultos são um
excelente combustível;
- Celulose e papel: papel de excelente qualidade;
30. • A madeira da Araucaria angustifolia pode ser utilizada também
para alimentação:
- Alimentação animal: Gralha-amarela (Cyanocorax chrysops), Gralha-azul
(Cyanocorax caeruleus), Serelepe (Sciurus aestuans) dentre outros;
- Alimentação humana
31. • A madeira da Araucaria angustifolia pode ser utilizada também
para outros fins:
- Artesanato
- Medicina
- Paisagismo;
- Reflorestamentos;
- E etc...
Reflorestamento
Artesanato
Artesanato
Paisagismo
32. EMBRAPA FLORESTAS – Sistemas de Produção, 7 – 2° Edição, Versão eletrônica – nov./2010.
REITZ, R.; KLEIN, R. M. Araucariáceas. Itajai: Herbário Barbosa Rodrigues, 1966. 62 p. (Flora
ilustrada catarinense)
EIRA, M. T. S.; SALOMÃO, A. N.; CUNHA, R. da; CARRARA, D. K.; MELLO, C. M. C. Efeito do
teor de água sobre a germinação de sementes de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. -
Araucariaceae. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, DF, v. 16, n. 1, p. 71-75, 1994.
LAMPRECHT, H. Silvicultura nos trópicos: ecossistemas florestais e respectivas espécies
arbóreas: possibilidades e métodos de aproveitamento sustentado. Eschborn: GTZ, 1990.
343 p.
MACHADO, S. A.; SIQUEIRA, J. D. P. Distribuição natural da Araucaria angustifolia. In: IUFRO
MEETING ON FORESTRY PROBLEMS OF THE GENUS ARAUCARIA, 1979, Curitiba. Forestry
problems of the genus Araucaria. Curitiba: FUPEF, 1980. p. 4-9.
TOMPSETT, P. B. Desiccation studies in relation to the storage of araucaria seed. Annals of
Applied Biology, Cambridge, v. 105, n. 3, p. 581-586, 1984.
IMAGUIRE, N. Condições ambientais para a Araucaria angustifolia Bert. O. Ktze. Dusenia,
Curitiba, v. 11, n. 3, p. 121-127, 1979.